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CARACTERIZAÇÃO DOS DANOS FITOPATOLÓGICOS EM PÓS-COLHEITA DE PINHÃO 1

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃO DOS DANOS FITOPATOLÓGICOS EM PÓS-COLHEITA DE PINHÃO1

Gabriel Almeida da Silva2; Isis Maria Fernandes de Candia3; Êmili Borges Carlos4; Eduardo Seibert5; Jéssica Schmidt-Bellini6

INTRODUÇÃO

As doenças pós-colheita podem iniciar no campo, durante o desenvolvimento do fruto, ou surgirem depois, com a maturação fisiológica (Cappellini e Ceponis, 1984).

Em relação às infecções, as pré-colheita podem ocorrer via epiderme, com a penetração direta do patógeno através da cutícula intacta, ou através de aberturas naturais na superfície do fruto, como as lenticelas. Já as infecções quiescentes podem iniciar em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, com a inibição do desenvolvimento do patógeno através de condições fisiológicas impostas pelo hospedeiro, até que o estádio de maturação da fruta tenha sido alcançado (Jeffries et al., 1990).

A colonização de frutos por fungos pode determinar perdas quantitativas, principalmente quando ocorre o rápido ataque dos patógenos aos tecidos sadios, ou perdas qualitativas, que são decorrentes de efeitos deteriorativos como descolorações, manchas e produção de odores desagradáveis (Chitarra e Chitarra, 1990; Benato, 2002). Adicionalmente, a detecção de micotoxinas em frutas colonizadas por fungos tem despertado preocupação (Drusch e Ragab, 2003), pois essas substâncias constituem ameaça potencial à saúde, sendo tóxicas para animais e causadoras de mutagênese e carcinogênese em células humanas.

Considerando os hospedeiros vegetais, este trabalho vem sendo realizado com pinhões desde a safra 2010. A Araucaria angustifolia, planta

1

Agência de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq 2Aluno do Instituto Federal Catarinense - Campus Sombrio. Curso de Agronomia. E-mail: almeida_g13@hotmail.com

3

Aluna do Instituto Federal Catarinense - Campus Sombrio. Curso técnico em Agropecuária. E-mail: jessica@ifc-sombrio.edu.br

4

Aluna do Instituto Federal Catarinense - Campus Sombrio. Curso de Agronomia. E-mail: emiliborges@hotmail.com

5

Professor do Instituto Federal Catarinense - Campus Sombrio. E-mail: eduardo@ifc-sombrio.edu.br 6

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gymnosperma perene, produz sementes conhecidas popularmente como pinhões, que apresentam um valioso teor nutritivo, por sua polpa ser formada basicamente de amido e também, muito rica em vitaminas do complexo B, cálcio, fósforo e proteínas. Não só a planta em si pode sofrer a ação de patógenos, como também suas sementes. O problema não limita-se à depreciação do valor comercial, chegando até mesmo a perda total do produto, o que faz com que ocorra a necessidade de avaliação da incidência de fungos e/ou outros tipos de patógenos, auxiliando na busca por formas de manejo que diminuam a incidência dos mesmos principalmente na pós-colheita, quando o produto alcança o consumidor.

Diante do exposto, este trabalho visa compreender os eventos envolvidos no desenvolvimento de doenças fúngicas pós-colheita em pinhão (Araucaria

Angustifolia), para minimizar os danos ocasionados por podridões, e tem como

objetivos: i. identificar os fungos que ocorrem em pinhões e quantificar a incidência das doenças causadas por eles, ii. estudar diferentes etapas do processo de patogênese, iii. medir a eficiência do controle físico no desenvolvimento dos patógenos e das doenças.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Identificação dos fungos que ocorrem em pinhões armazenados e quantificação da incidência das doenças causadas

Todas as coletas foram realizadas no município de Bom Jesus, RS. Amostras de 60 cones de pinheiro (Araucaria angustifolia), entre seis e dez gramas foram avaliados aos 30, 60, 120, 180 e 240 dias após o armazenamento (DAA) em diferentes tratamentos: no próprio fruto (pinha); em rede plástica; em bolsas plásticas; congelados a -15ºC; congelados sem água a -15ºC; a vácuo, com casca; a vácuo, sem casca.

A amostragem foi realizada em maio, sendo analisado 45 sementes em cada tratamento, com um total de 420. As sementes coletadas foram lavadas com água e sabão, postas a secar por 30 min e, em seguida, incubadas sobre a base de placas de Petri contendo algodão hidrófilo umedecido com água destilada esterilizada, sendo o conjunto envolto com saco plástico, constituindo a câmara úmida. Decorrido o tempo de 24 h, a câmara úmida foi removida e as sementes mantidas em condições de temperatura ambiente (28 + 2 ºC) por cinco dias. Após

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esse período, avaliou-se a incidência de fungos, caracterizados pela medição das áreas afetadas.

Os fungos encontrados foram isolados em laboratório, constindo na desinfestação superficial de fragmentos de tecidos lesionados com solução de NaClO: água destilada esterilizada na proporção de 1:3 (v:v) por um minuto e lavagem por duas vezes em água destilada esterilizada, seguida do plaqueamento dos fragmentos em meio Ágar-agar (A.A.) e incubadas por oito dias, à temperatura de 25 ± 2 ºC. Para a identificação dos fungos adotou-se critérios estabelecidos internacionalmente (Rossman et al., 1994), com base nas observações micromorfológicas das culturas.

Estudo das diferentes etapas do processo de patogênese

Avaliou-se: i. o tipo de infecção (aberturas naturais, passagem forçada ou saprófitas), ii. se a infecção ocorre somente na parte externa da casca, na parte intermediária ou na mais interna e/ou no endocarpo e, medido o tamanho do micélio (cm).

Medição da eficiência do controle físico no desenvolvimento dos patógenos e das doenças

Todos os tratamentos foram comparados entre si, buscando identificar aquele que melhor controlou os fungos e adicionalmente, não provocaram alteração na aparência do produto.

Análises estatísticas

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo cada repetição constituída por uma amostra de 45 sementes. Submeteu-se os dados de incidência dos fungos presentes, à análise de variância, seguida por separação de médias pelo teste de Tukey (5%).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O fungo presente em todas as amostras e tratamentos permaneceu sendo

Penicillium, resultado este recorrente nos estudos desde a safra de 2010. No ano de

2012, também foram encontrados Monilinia e Moniliella, fungos estes não encontrados nas demais safras.

Penicillium é um fungo fitopatogênico, que na maior parte ou em todo o

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importância secundária na patologia de plantas, embora deva-se ter especial atenção a ele na pós-colheita, já que este é um agente potencialmente produtor de toxinas, o que leva à contaminação das sementes para consumo, além de a campo, reduzir a viabilidade das sementes (Possobon, 2002).

Em relação ao processo de patogênese, da mesma forma que em anos anterores, em nenhuma das amostras em qualquer dos tratamentos o fungo foi capaz de penetrar a casca, seja por aberturas naturais, seja forçando sua entrada, localizando-se somente na superfície e, desta forma, comportando-se como saprófita. Devido ao insucesso do fungo no processo de colonização do hospedeiro, o estudo da patogênese ficou limitado somente à parte externa da casca do pinhão, uma vez que a colonização interna ao menos do mesocarpo, embora fosse esperada, não tenha ocorrido em nenhum dos tratamentos. Estes dados são recorrentes dos estudos anteriores e novamente testes posteriores de manutenção fúngica sobre a casca dos pinhões sob temperatura ambiente e expostos ao ar, tiveram como resultado o ressecamento do micélio e morte dos fungos.

Já em relação aos métodos de armazenamento, os pinhões que apresentaram maior incidência de fungo foram os tratamentos Pinha, seguido pelos em rede, em Vácuo com casca (VC) e em Atmosfera Modificada (AM); em Congelado com Água (CCA) e Congelado Sem Água (CSA) não houve desenvolvimento microbiano.

Na Pinha o desenvolvimento pode ter sido maior devido à manutenção da umidade na estrutura intacta, fornecendo condições para a proliferação fúngica. Embora o tratamento em rede plástica também tenha apresentado Penicillium e estatisticamente não seja diferente da pinha, ao longo do tempo de estudo, os fungos nesta continuam a se desenvolver, enquanto os na rede passam a sofrer ressecamento juntamente com a casca.

Os tecidos externos da casca do pinhão, bem como sua forte sutura constituem-se em uma barreira intransponível para os fungos, que somente consegue colonizá-lo externamente e ainda assim, quando as condições de ambiente lhes são favoráveis.

Os resultados obtidos com as diferentes formas de embalagens em frio, permitem induzir que a temperatura reduzida compromete o desenvolvimento de microorganismos associados aos pinhões, especialmente quando congelados.

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Considerando-se que a produção de micotoxinas pode ocorrer nas diversas fases do desenvolvimento, maturação, colheita, transporte, processamento e armazenamento dos produtos vegetais, percebe-se a vital importância da pós-colheita no processamento e acondicionamento adequados dos vegetais e suas partes a serem consumidos, estando relacionada diretamente não só à economia, mas principalmente a saúde pública.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados deste estudo em anos consecutivos, vem reforçando a já conhecida efetividade dos diferentes métodos de armazenamento em frio, não só na longevidade do produto para consumo, como também contra o desenvolvimento de patógenos.

REFERÊNCIAS

BENATO, E. A.; CIA, P.; SOUZA, N L. Manejo de doenças de frutas pós-colheita. Revisão Anual de Patologia de Plantas, Passo Fundo, v.9, p.403-440, 2001. BENATO, E.A. Controle de doenças pós-colheita em frutos tropicais. Summa Phytopathologica 25:90-93. 1999.

CAPPELLINI, R. A.; CEPONIS, M. J.; KOSLOW, G. Nature and extent of losses in consumer grade samples of blueberries in greater New York. HortScience,

Alexandria, v.17, p.55-56, 1982.

CHITARRA, M.I.F. & CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças – fisiologia e manuseio. Lavras. ESAL/FAEPE. 1990.

DRUSCH, S.; RAGAB, W. Mycotoxins in fruits, fruit juices, and dried fruits. Journal Food Protection, Ames, v.66, p.1514-1527, 2003.

JARVIS, W. R. Latent infection in pre- and postharvest environment. HortScience, Alexandria, v.29, p.749-751, 1994.

JEFFRIES, P., DODD, J.C., JEGER, M.J. & PLUMBLEY, R.A. The biology and control of Colletotrichum species on tropical fruit crops. Plant Pathology 39:343-366. 1990.

MEDEIROS, A.C.S.; MENDES, M.A.S.; FERREIRA, M.A.S.V.; ARAGÃO, F.J.L. Avaliação quali-quantitativa de fungos associados a sementes de aroeira (Astronium

urundeuva). Revista Brasileira de Sementes, v.14, n.1, pp. 51-55. 1992.

ROSSMAN, A.Y., PALM, M.E. & SPIELMAN, L.J. A literature guide for the

identification of plant pathogenic fungi. St. Paul. APS Press. 1994.

STRAPASSON, M.; SANTOS, A.F. dos; MEDEIROS, A.C.S. Fungos associados às sementes de aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius). Bol. Pesq. Fl., Colombo, n.45, pp. 131-135. 2002.

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