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PARECER Nº Junta Comercial. Cargo em comissão. Indicação para participação em curso de especialização.

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PARECER Nº13.388

Junta Comercial. Cargo em comissão. Indicação para participação em curso de especialização.

Trata o presente de consulta da Junta Comercial do Estado, relativamente à legalidade da autorização concedida à então Vice-Presidente daquele órgão, MARISA GOLIN DA CUNHA, detentora de cargo em comissão, que foi autorizada a frequentar curso de Mestrado Profissional em Engenharia da Produção – Área de Concentração em Qualidade e Desenvolvimento de Processos, na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, durante o exercício de 1998, às 6ª feiras, no horário das 14h00 às 16h00 e das 16h15min às 18h30min, e aos sábados, pela manhã, das 8h00 às 10h00 e das 10h30min às 12h00, às expensas do Estado.

Na manifestação da Coordenação Executiva do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade – PGQP, da Junta Comercial (fl. 16) é asseverado que tanto o conteúdo do curso é adequado e pertinente, assim como a condição da servidora, Secretária Executiva da Qualidade da Junta Comercial, tendo o titular da Junta se manifestado favoravelmente.

Com a mudança de governo, ocorrida no início de 1999, a referida servidora foi exonerada.

Há informação da Assessoria Jurídica da Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais – SEDAI, concluindo que a circunstância da então servidora ser detentora tão somente de cargo em comissão não coíbe sua participação em tais cursos, já que não haveria qualquer restrição legal, concluindo que a Lei 10.098/94 não faz distinção entre o titular de cargo efetivo e o em comissão, para esses fins.

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

Irresignada com o ocorrido, a Secretária-Geral da Junta Comercial solicita o envio do expediente a esta Procuradoria-Geral do Estado, para análise, parecer e providências cabíveis. Com a concordância do Diretor-Geral da Junta Comercial, vem o expediente a este Órgão Consultivo, sem o devido encaminhamento do titular da SEDAI.

É o breve relatório.

Não obstante as ponderações da Assessoria Jurídica da SEDAI, das mesmas discordo.

É certo que a Lei Complementar nº 10.098/94 – Estatuto e Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado do Rio Grande do Sul, em seu artigo 2º dispõe que “Para os efeitos desta lei, servidor público é a pessoa

legalmente investida em cargo público”, destinando-se, portanto, tanto ao servidor

efetivo, como àquele comissionado. Concluir-se, contudo, que todas as disposições contidas no Estatuto se aplicam indiscriminadamente a todos os servidores seria extrapolar não só a própria vontade do legislador, como implicaria desvirtuamento da própria conceituação do cargo em comissão.

CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, in Regime Constitucional dos Servidores da Administração Direta e Indireta, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1990, bem define o cargo em comissão como sendo “aquele predisposto, ou vocacionado, a ser preenchido por um ocupante transitório, da confiança da

autoridade que o nomeou e que nele permanecerá enquanto dela gozar. Por isso, diz que tais cargos são de livre provimento. Isto significa que a autoridade com poderes para preenchê-los pode nomear pessoa de sua escolha. Não há, pois, concurso para provimento de cargo em comissão. Assim, como é de livre nomeação, também é livre a exoneração, isto é, quem tem poder para preencher o cargo, também o possui para, à sua vontade, desligar dele o ocupante. (...) A própria natureza dos serviços que se espera de quem trabalha em um gabinete exige absoluta confiança da autoridade superior. Os ocupantes de cargo em comissão são exoneráveis “ad nutum”.”

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MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, por sua vez, em seus Comentários à Constituição Brasileira de 1988, São Paulo, Saraiva, 1990, diz constituírem-se “cargos em comissão todos aqueles cujo preenchimento deve depender da confiança do

nomeante para o bom andamento da administração. São por isso, ditos também cargos de confiança. Tais cargos são aqueles pelos quais se transmitem diretrizes políticas, para a execução administrativa. Cumpre a seus titulares levar adiante essas linhas de ação, precisá-las em instruções se for o caso e fiscalizar a sua fiel execução. Conforme é de bom senso, essas funções não serão bem exercidas por quem não estiver convencido do seu acerto, não partilhar da mesma visão política. (...) Por isso, todo cargo em comissão é de livre nomeação e exoneração, prescindindo, obviamente, de concurso para o seu preenchimento.

(grifei)

Conceitos esses, lastreados em dispositivos constitucionais (Constituição Federal art. 37, V e Constituição Estadual art. 32).

O cargo de Vice-Presidente da Junta Comercial, nos termos do § 1º, do art. 5º, da Lei 5431/67, que adaptou a Junta Comercial do Estado às disposições da Lei Federal nº 4726/65, criou e extinguiu Cargos em Comissão e Funções Gratificadas, criou cargos no Serviço de Administração Econômica e Financeira do Quadro Geral dos Funcionários Públicos, é cargo em comissão, escolhido pelo Chefe do Poder Executivo, pelo que, demissível ad nutum.

Ao Presidente da Junta Comercial, nos termos do artigo 15 da referida Lei 5431/67 compete a direção e representação do órgão e ao

Vice-Presidente auxiliar e substituir o Vice-Presidente em suas faltas ou impedimentos e, em caso de vaga, até o término do mandato deste. Incumbindo, ainda, ao

Vice-Presidente efetuar a correição permanente dos serviços e do pessoal administrativo. Em razão da transitoriedade e precariedade de que se reveste o cargo em comissão, é este incompatível com a participação em cursos de especialização ou capacitação técnica profissional de longa duração, como é o caso que aqui se apresenta.

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Com efeito, a qualificação do serviço público passa necessariamente pela qualificação do servidor efetivo. Os governantes, os governos são passageiros, o serviço público é permanente, e deve ser aprimorado, a fim de que cumpra o seu papel de bem servir à comunidade. E isso, obviamente, só se fará possível com a qualificação do servidor efetivo, sustentáculo do próprio Estado.

Como bem salientado pela Procuradora do Estado ELAINE DE ALBUQUERQUE PETRY, no Parecer 8664/91, “É inconciliável com a natureza do

cargo em comissão, pois, o afastamento do seu titular para a frequência a cursos; não o autoriza a lei, nem o substrato da posição ocupada (confiança).”

A justificativa para a participação da servidora no curso foi no sentido de que a Junta Comercial restaria beneficiada, com a modernização administrativa que daí adviria. Sem dúvida alguma, este objetivo somente seria alcançado se o curso tivesse sido realizado por servidor efetivo que, com o transcorrer de sua vida funcional, acabaria por devolver ao Estado, com o seu trabalho, todo o investimento nele realizado. Por óbvio, a mesma conclusão não se pode tirar quando o indicado é exclusivamente detentor de cargo em comissão, demissível “ad nutum”.

Em acréscimo ao que já foi dito, cabe salientar que, não fosse a servidora provida apenas em cargo em comissão, restaria analisar a questão à luz do disposto no artigo 124 da LC 10.098/94, que assim dispõe:

“Art. 124 - O servidor somente será indicado para participar de cursos de especialização ou capacitação técnica profissional no Estado, no País ou no exterior, com ônus para o Estado, quando houver correlação direta e imediata entre o conteúdo programático de tais cursos e as atribuições do cargo ou função exercidos.” (grifei)

Exige a lei, de tal sorte, a correlação direta e imediata entre o conteúdo programático dos cursos e as atribuições do cargo ou função exercidos.

O curso realizado pela então Vice-Presidente da Junta Comercial – Mestrado Profissional em Engenharia da Produção – Área de Concentração em Qualidade e Desenvolvimento de Produto e Processo (fls.5,9 e 10), “trabalha apoiada

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em métodos quantitativos e analíticos orientados à obtenção da qualidade em produtos e em processos. São estudadas, por exemplo, técnicas de monitoração da qualidade (como o Controle Estatístico de

- Sistemas de transporte coletivo - Alternativas tecnológicas

- Qualidade e produtividade

- Meio-ambiente

- Metodologia de Pesquisa.”

Não vislumbro, assim, a correlação direta e imediata entre o conteúdo programático do curso e as atribuições do cargo de Vice-Presidente da Junta Comercial, especificadas acima, titulado pela então servidora, como determinado pela lei, pelo que, ainda que superado o óbice anterior, não se afiguraria viável a indicação, por não atender ao preceito legal.

Finalizando, cumpre alertar, que tudo o que até aqui foi exposto não colide, em absoluto, com as conclusões do Parecer 10.049/94, da lavra do Procurador do Estado MAURÍCIO DE AZEVEDO MORAES.

Quando da lavratura do referido Parecer, examinava-se caso concreto, no qual o servidor requeria autorização para afastar-se do país, por um período de sete (7) dias, sem ônus, salvo a percepção dos vencimentos, com a finalidade de participar como representante do Rio Grande do Sul e do Brasil, de seminário preparatório a Copa do Mundo de Futebol/94, detendo ele o cargo de diretor administrativo adjunto da Secretaria da Saúde. Abstraindo-se que o conteúdo programático do curso não mantinha qualquer correlação com as atribuições do cargo ocupado pelo servidor, exigência do artigo 125 da Lei 10.098/94, restaria a questão do prazo do seminário (curta duração) e a circunstância de ser realizado sem ônus para o Estado, salvo a percepção dos vencimentos. São circunstâncias, à toda evidência, que bem se diferenciam do caso ora em exame: o curso realizado pela servidora, além de não apresentar correlação direta e imediata com as atribuições do cargo por ela titulado, conforme exigido pelo artigo 124 da LC 10.098/94, era de longa duração – um(a) ano - , além de ter sido realizado às expensas do Estado.

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Concluindo, entendo inviável ao detentor de cargo em comissão, pela natureza do próprio cargo, a participação em cursos de especialização de longa duração custeados pelo Estado, além de, no caso em exame, a indicação não ter atendido ao disposto na lei. A autorização, assim, não se revestiu da legalidade inerente a todo o ato administrativo, devendo ser apuradas as responsabilidades, inclusive para fins de devolução das quantias expendidas pelo erário.

É o parecer.

Porto Alegre, 24 de maio de 2001.

HELENA MARIA SILVA COELHO, PROCURADORA DO ESTADO.

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Processo nº 000255-16.02/97.6

Acolho as Conclusões do PARECER nº 13.388 , da Procuradoria de Pessoal, de autoria da Procuradora do Estado Doutora HELENA MARIA SILVA COELHO.

Restitua-se o expediente ao Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais.

Em 28 de agosto de 2002.

Paulo Peretti Torelly,

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