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A TÉCNICA * * CATTEAU, Rayound & GAROFF, G. O ensino da natação. São Paulo, 3 ed.: Manole, 1990 p

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A TÉCNICA

*

 

 

"A  técnica  é  a  experiência  individual,  despersonalizada,  transmitida  e  capitalizada,  uma  maneira  de  fazer  separada  das  razões  de  fazer,  o  ato  despojado de seus motivos." 

FABRE   

  As competições esportivas de mais alto nível (Jogos Olímpicos, campeonatos dos  Estados  Unidos  ou  da  Europa,  encontros  internacionais  etc.)  põem  em  evidência,  num  dado  momento,  a  excelência  dos  métodos  de  treinamento  e  o  grau  de  perfeição  alcançado  pelos  gestos dos nadadores. 

 

  Cada  nadador  tem  um  ESTILO  que  o  caracteriza,  uma  maneira  pessoal  de  se  comportar  na  água,  de  resolver  o  problema  que  lhe  é  proposto,  por  exemplo:  percorrer  nadando, o mais rapidamente possível, uma determinada distância; tal maneira foi adquirida e  depois estabilizada por um número considerável de quilômetros percorridos a nado. 

 

  Evidentemente  seria  cômodo  considerar  que  o  desempenho  tem  como  causa  única  o  estilo.  Educadores,  treinadores  pouco  prudentes,  que  copiam  o  que  está  na  moda,  deixam‐se influenciar por isso, dando a impressão de grande inconstância nas suas convicções.  Para  ter  alguma  oportunidade  de  eliminar  as  características  excepcionais  dos  fatores  do  desempenho que não estejam ligados ao gesto, é preciso levar em consideração um número  significativo  de  nadadores  do  mais  alto  nível  e,  para  cada  modalidade  de  nado,  tirar  os  elementos que permanecem constantes e comuns. (É necessário despersonalizar.) 

 

  É assim que se poderia passar do estilo ou dos estilos (que destacam aquilo que  distingue  os  nadadores)  à  TÉCNICA  que  reúne  numa  mesma  representação  tudo  o  que  os  melhores  especialistas  podem  ter  de  comum,  e  que,  para  uma  dada  época,  representa  o  conhecimento prático mais elaborado.      É verdade que a técnica está destinada a ser transmitida, enriquecida, melhorada.  Seria absurdo abandonar o indivíduo tateando e fazê‐lo reviver a experiência das gerações que  o precederam. Pelo fato de constituir uma aquisição cultural, a técnica faz parte do patrimônio  do qual cada um pode e deve se apropriar.   

  No afã de  melhor conhecer‐lhe a  essência, de enriquecê‐la, são utilizados meios  de  pesquisa  cada  vez  mais  numerosos,  mais  adequados,  mais  precisos,  tais  como:  a  cronofotografia, o estreboscópio, o cinema ou o magnetoscópio que estudam o gesto na água;  a biomecânica aplica‐se à natação.      Todos os elementos reunidos e confrontados culminam em uma certa concepção  do gesto e realizam um primeiro grau de abstração da realidade; nesse sentido a técnica é uma  construção.      Para ser transmitida, a técnica necessita de um "suporte". Nesta obra utilizamos  essencialmente o  desenho feito a partir de fotos ou de  cronofotografias, a descrição escrita.  Surgem lacunas inevitáveis e é preciso tomar consciência delas. 

 

      

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  Através  dos  desenhos  é  possível  representar  melhor  as  situações  no  espaço,  embora  este  esteja  reduzido  a  "duas  dimensões";  mas  eles  expressam  muito  mal  as  modificações em função do tempo. 

 

  A  descrição  oral  ou  escrita  aborda  geralmente  o  gesto  e  suas  diferentes  partes  segundo  uma  certa  ordem  ‐  por  exemplo:  equilíbrio  do  corpo  ‐  ação  dos  braços  ‐  ação  das  pernas ‐ respiração ‐etc. Mas essa ordem mesmo quando pretende ser lógica, nem por isso é  menos arbitrária. Por natureza, a descrição (que utiliza apenas um único "canal") é imprópria  para  relatar  simultaneamente  dois  ou  vários  fenômenos  que  acontecem  no  mesmo  instante  em pontos diferentes do espaço; se eles dizem respeito aos braços e às pernas, por exemplo,  ela deve evocá‐los sucessivamente e por essa razão introduzir uma "ordem" que não está na  coisa observada.      A descrição não nos capacita melhor para abordar as modificações em função do  tempo; é sempre difícil especificar as características do ritmo.      Notemos finalmente que a melhor descrição apenas nos fornecerá um MODELO 

INCOMPLETO  e  IMPERFEITO.  Com  efeito,  ela  nunca  permitirá  relatar  a  realidade  na  sua  TOTALIDADE e os termos mais bem escolhidos jamais traduzirão de forma absolutamente FIEL 

essa mesma realidade.   

  Não  se  deve  deduzir  daí  que  a  técnica  deva  ser  negligenciada  ou  que  o  modelo  representado  pelo  melhor  nadador  atual  seja  inacessível  e  não  possa  ser  ultrapassado.  Os  fatos, muito rapidamente, desmentiriam tais afirmações. 

 

  No  capítulo  FORMALIZAÇÃO  DA  TÉCNICA  o  leitor  encontrará  evocado  o  novo  "tratamento" que se impõe para ser utilizável pelo pedagogo ou treinador.      Atualmente, quatro modalidades de nado são praticadas em competições:    1.    O CRAWL (nado livre) em todas as provas, longas ou curtas, de nado livre.  2.   O nado BORBOLETA em todas as provas de nado borboleta.  3.   O NADO DE COSTAS em todas as provas de nado de costas.  4.   O NADO DE PEITO em todas as provas de nado de peito.   

  As  três  últimas  modalidades  de  nado  constituem  o  grupo  dos  NADOS  DE 

ESPECIALIDADE. 

 

  Nas  provas  de  nado  livre,  o  competidor  tem  o  direito  de  utilizar  qualquer  modalidade  de  nado  e  ate'  mesmo  de  mudá‐la.  Para  partir,  contudo,  ele  deve  "mergulhar"  (art.61). 

 

  Nos  nados  de  especialidade,  o  regulamento  mostra‐se  cada  vez  mais  exigente.  Assim, em nado de  costas, o nadador é obrigado a  conservar sua posição dorsal sem que  se  especifique se os membros agem simultânea ou alternativamente. O regulamento da F.IN.A.1  (Federação  Internacional  de  Natação  Amadora)  é  mais  restritivo  ainda  quando  se  trata  do  nado borboleta e principalmente de peito. 

      

1

 Esse regulamento figura no Anuário, editado  todo  ano pela Federação Francesa de Natação, 148, Av.  Gambetta, 75020, Paris. 

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  Nas provas de "quatro nados", quer individuais, quer em equipe, o termo "nado  livre" designa qualquer nado que não seja o de costas, o de peito ou o borboleta. Com efeito, a  técnica do crawl (nado livre) é praticamente a única utilizada. 

 

  Nas  provas  "em  equipe"  ou  revezamento,  a  ordem  é  a  seguinte:  costas,  peito,  borboleta, livre. 

 

  Nas provas "individuais", a ordem dos nados é determinada da seguinte maneira:  borboleta, costas, peito, livre. 

 

  A  maneira  mais  eficiente  de  realizar  estas  diferentes  modalidades  de  nado  constitui  o  que  habitualmente  chamamos  de  técnica.  Isso  supõe  uma  certa  estabilidade  das  formas de propulsão definidas, e sua validade para todos os indivíduos.   

O crawl (nado livre) 

    O crawl é atualmente a única modalidade de nado praticada nas provas de nado  livre, pois é a forma de propulsão que apresenta o melhor rendimento.      Os documentos que publicamos no começo da obra provam com evidência que o  nado  que  hoje  chamamos  crawl,  adotando  uma  terminologia  anglo‐saxônica    era  praticado  bem antes do aparecimento da nossa civilização. 

 

  O ensino de tipo analítico na Europa só poderia culminar com o empobrecimento  técnico  e  absolutamente  não  é  paradoxal  ver  que  o  ressurgimento  deste  nado  tenha  se  embrenhado  por  uma  via  complexa,  como  se  ele  tivesse  permanecido  prisioneiro  da  prática  exclusiva do nado de peito. 

 

  Nesse  quadro  historicamente  limitado,  o  crawl,  visto  através  das  competições  esportivas,  nasceu  do  aperfeiçoamento  trazido  ao  que  se  chamou  de  “double  over  arm 

stroke",  isto  é,  um  nado  que  utiliza  ações  alternadas  dos  braços  e  das  pernas;  estas  últimas 

efetuam‐se num plano oblíquo em relação à superfície da água. O "double over arm strok" já  era  considerado  um  aperfeiçoamento  do  "trudgeon"  que  utilizava  ações  simultâneas  das  pernas. 

 

  Toda  a  evolução  dos  nados  esportivos  parece  caminhar  no  mesmo  sentido,  a  saber, que os nados procuram uma colocação ótima das articulações dos membros superiores  e inferiores, de forma a pôr em jogo, numa profundidade ótima, ações de grande amplitude  que tendem a se afastar o mínimo possível do eixo de deslocamento.      O rendimento do nado pode resultar de diversos fatores:  ‐ Da utilização máxima das massas musculares que têm o melhor rendimento;  ‐ De um relaxamento muscular completo fora das fases propulsivas;  ‐ De uma respiração fisiologicamente adequada;  ‐ De uma resistência frontal reduzida;  ‐ Da procura da melhor sincronização das ações do membro inferior e superior  etc.   

  Todas  as  etapas  da  evolução  da  técnica  do  crawl  enfatizaram  alternativamente  um ou vários destes princípios, para chegar à técnica moderna que tende a utilizá‐los todos. 

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  É reconfortante assinalar que nadadores como: Gottvallès, Schollander, Wenden,  Rousseau, Spitz, que até hoje permanecem entre os melhores do mundo, são nadadores que  têm uma excelente técnica. Seus desempenhos, em boa parte, devem‐se à precisão dos gestos  que eles utilizam, de acordo com os princípios definidos mais acima.      Em igualdade de nível de treinamento, aquele que possuir a melhor técnica terá  sempre  vantagem,  razão  pela  qual,  o  fato  de  um  nadador  melhorar  sua  técnica  acarreta  sempre melhoria de seus desempenhos, concretizada por um ganho de tempo.      Um certo número de modas influenciou a técnica do crawl. Como todas as modas,  elas nasceram da imitação, pelos outros, de um estilo utilizado com êxito por este ou aquele  campeão.   

  A  mobilidade  dos  apoios,  a  dificuldade  em  determinar  experimentalmente  os  planos  nos  quais  os  membros  devem  se  deslocar  fizeram  com  que  os  treinadores  e  os  nadadores  tivessem  sempre  procurado  e  ainda  procurem  melhorar  a  eficiência  dos  gestos,  modificando‐lhes  as  formas  e  os  ritmos.  Uma  idéia  feliz  neste  domínio  pode  convir  às  disposições deste ou daquele nadador; mas daí a fazer uma regra geral há uma margem que é  justamente a que separa o estilo da técnica. 

 

  Veremos  que  as  diferenças  fundamentais  observadas  devem‐se  a  coordenações  diferentes  ou  a  localizações  diferentes  das  ações  propulsivas  dos  braços,  um  em  relação  ao  outro.   

Descrição 

O equilíbrio do corpo 

    Acreditamos que falar de equilíbrio é mais sensato do que falar de uma "posição  do corpo" em relação aos membros, considerando sempre que o equilíbrio de um ser vivo é 

uma  perpetua  “procura  de  equilíbrio”.  É  exatamente  o  que  acontece  na  natação,  onde  as  ações  dos  membros  (isoladas,  coordenadas  ou  sincronizadas)  têm  tendência  a  modificar  constantemente a linha geral do corpo e seu equilíbrio na água. 

 

  O conceito de equilíbrio abrange, com efeito, um conjunto rico e complexo onde  entram  em  jogo  fatores  físicos  ligados  às  forças  que  se  exercem  sobre  o  indivíduo  ou  que  o  indivíduo  exerce  sobre  o  meio;e  fatores  fisiológicos  que  determinam  inconscientemente  no  indivíduo  a  coordenação  e  a  sincronização  de  seus  gestos,  bem  como  a  orientação  de  seu  corpo e de seus deslocamentos. 

 

  Somos levados a considerar a influência de um certo número de fatores:   

a)  Densidade:  Ela  varia  de  maneira  notável  nos  adultos.  O  volume  torácico  e  o  grau  de 

tonicidade  ou  de  desenvolvimento  do  sistema  muscular  muitas  vezes  funcionam  em  sentido  inverso. Os nadadores que têm baixa  densidade podem  tender  a se orientar para o nado de  longas  distâncias.  O  nado  de  velocidade  exige  cada  vez  mais  um  desenvolvimento  da  força  muscular; este leva freqüentemente a um aumento da densidade. 

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  Fig. 32.: Coincidência do fim da tração com a ação re‐equilibrante de uma perna.    b) Ações motoras: Esta função está reservada aos membros e à sua articulação ao tronco. Sua  distância do eixo do corpo revelar‐se‐á perturbadora do equilíbrio na transmissão das forças.  Isto acontece também com as mãos que criam e utilizam os "apoios motores".      A técnica da ação dos braços, conforme seja melhor ou pior dominada, acarretará  desequilíbrios observáveis nos diferentes planos do espaço ou então contribuirá para atenuá‐ los.      As oscilações laterais mais evidentes parecem ligadas a uma passagem do braço  afastado (exteriormente) do plano vertical que contém o eixo de deslocamento.   

  Menos  freqüente  e  às  vezes  deliberada,  a  passagem  dos  braços  por  dentro  será  acompanhada de uma imersão considerável do ombro (Fig‐ 33). 

 

  Por causa da força utilizada e da rapidez dos trajetos, os nadadores de velocidade  parecem  não  poder  realizar  movimentos  axiais  de  braços  por  tanto  tempo  quanto  os  de  nadadores de distância. 

 

  As oscilações laterais são específicas dos nados alternados.   

  Veremos  como  e  por  que,  nas  proximidades  da  superfície,  são  evitados  os  movimentos intempestivos dos braços, os quais acarretariam oscilações verticais. 

 

Fig. 33. Veremos enfim que as variações de velocidade, assimiladas por nós a oscilações longitudinais,  são, neste nado e particularmente nos melhores nadadores, as mais reduzidas. 

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c)  Respiração:  Em  função  da  duração  aquém  da  qual  ela  não  poderia  permanecer,  a  fase 

inspiratória,  exigindo  que  a  boca  seja  mantida  na  superfície,  mostra‐se  tanto  mais  desequilibrante quanto mais rápido for o nadador. Os nadadores de velocidade encontram‐se  por isso diante de um dilema; quanto mais rápido eles nadem, mais aumenta a necessidade de  oxigênio. Porém, quanto mais elevada for a cadência dos braços, mais reduzido será o tempo  reservado à inspiração. Cada vez são mais numerosos os nadadores que prolongam o tempo  inspiratório até a metade  do retorno aéreo do braço (e às vezes além). Acontece  que  certos  desequilíbrios tornam‐se  "benéficos"  pois a melhor oxigenação compensa a pequena perda  de rendimento motor. 

 

  A  cada  fase  inspiratória,  o  ciclo  dos  braços  vê‐se  perturbado  (cf.  a  perda  de  simetria do gesto em Shane Gould, cuja estrutura rítmica inclui uma inspiração). 

 

d)  Movimento  das  pernas:  Evocar,  nos  nados,  uma  possibilidade  de  movimento  das  pernas 

independentemente  do  movimento  dos  braços  e  da  respiração,  procede  de  uma  análise  superficial.  Evidenciamos  em  nadadores  de  seis  batimentos  e  em  nadadores  de  dois  batimentos fases superponíveis posto que ligadas à função re‐equilibradora das pernas. 

 

Fig. 34. O tempo dos nadadores dominando a água parece terminado. Nesta foto o prestigioso  nadador Spitz está muito imerso. 

 

  É  revelador  constatar  a  importância  crescente  da  utilização  das  pernas,  em  alto  nível, nos nadadores de distância. 

 

e)  Visão:  Num  grau  menos  ou  mais  importante  e  a  intervalos  menos  ou  mais  próximos,  o 

nadador utiliza a visão para se orientar, quer por ocasião das fases inspiratórias (a respiração  alternada pode ser preferida), quer fora dessas fases (a marcação padronizada das piscinas é  importante). Sem referencial exterior num fundo totalmente branco e uniforme, ou de olhos  fechados, os melhores nadadores não se deslocam em linha reta. 

 

  As  informações  tácteis  devem  combinar‐se  com  o  conjunto  dos  estímulos  exteroceptivos e contribuir para a simetria da propulsão. 

 

f) Velocidade e estatura: Poderíamos enfim notar a influência da velocidade e do tamanho dos 

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  Assinalemos,  como  sincinesias  ainda  não  superadas,  o  comportamento  de  nadadores  principiantes  "dobrados"  sobre  a  água:  nádegas  muito  levantadas,  enquanto  os  abdominais se contraem ao mesmo tempo que os músculos que abaixam os braços. 

 

  Num  grau  menor,  esse  mesmo  fenômeno  pode  ocorrer  em  conexão  como  movimento das pernas. 

 

O movimento dos braços 

 

  Para  comodidade  da  descrição,  consideramos  o  mesmo  esquema  para  os  nados  que utilizam movimentos alternados dos braços:  1. Movimento de um braço;  2. Movimento de um braço em relação ao outro, isto é, a coordenação pela qual  seremos levados a estudar as diferentes tendências.   

Movimento do braço 

    Ele se caracteriza por dois momentos: 

‐ Um  movimento  de  trás  para  diante  em  relação  ao  sentido  do  nado,  de  preparação ou de condicionamento favorável à fase seguinte e que chamamos  de RECUPERAÇÃO. 

‐ Um  movimento  de  frente  para  trás  em  relação  ao  sentido  do  nado,  essencialmente  motor  e  inteiramente  subaquático.  Esse  movimento  motor  pode também subdividir‐se em duas fases:  o Uma tração;  o Um impulso.    a) Retomo      Descrição: De maneira clássica, tendo o braço terminado seu impulso ao longo da  coxa, o ombro sai da água, levando consigo o braço, o cotovelo depois o antebraço e a mão. O  antebraço está dobrado sobre o braço, a mão está descontraída.   

Fig.  35.  Certos  nadadores  têm  uma  flexão  pouco  acentuada  do  cotovelo  (descontração  com  cadência  elevada). 

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  Fig. 36. Retorno clássico — o antebraço e a mão estão descontraídos. 

 

  Depois que o cotovelo passou à posição vertical do ombro, o antebraço e a mão  continuam  seu  trajeto  para  a  frente,  precedendo  o  braço  devido  à  inércia  destes.  Depois  a  mão vem colocar‐se no prolongamento do antebraço. 

 

  Os dedos serão os primeiros a penetrar na água, mais ou menos afastados do eixo  do mesmo grau que o ombro, enquanto o cotovelo ainda está flexionado. A mão penetra na  água  a  pouca  profundidade,  seguida  do  antebraço,  do  braço,  depois  do  ombro  que  também  avança,  no  último  momento,  a  fim  de  alongar  na  mesma  medida  o  comprimento  do  trajeto  motor. Há, portanto, extensão geral oblíqua dos segmentos do membro superior. 

 

  O  movimento  segue  a  regra  básica  da  natação  que  requer  que  toda  a  fase  de  movimento que não participe diretamente da propulsão seja executada rapidamente. 

 

  O gesto é lançado e rápido, sem deixar de ser relaxado.   

  Comentário:  Esta  fase  se  reveste  de  uma  importância  muito  grande,  pelo 

relaxamento muscular que possibilita. O problema que se apresenta ao nadador de velocidade  será o de passar da contração máxima (durante a fase propulsora) ao relaxamento máximo, no  mínimo de tempo, durante a ação descrita anteriormente. 

 

  Variantes: Dependendo do nadador, a flexão do cotovelo, durante a recuperação 

para  a  frente,  é  menos  ou  mais  marcada.  Alguns  nadadores  obtêm  assim  uma  passagem  da  mão pouco afastada do eixo do corpo, enquanto para outros a passagem da mão ocorre longe  do ombro e menos ou mais obliquamente para o lado. 

 

  Nesta forma o movimento é, incontestavelmente, menos econômico (a contração  do  deltóide  é  tanto  maior  quanto  mais  o  braço  vai  roçar  a  água);  mas,  algumas  vezes  tal  movimento é exigido por um relaxamento relativamente limitado da articulação do ombro.    b) Ação motora    Descrição: A fase precedente teve como efeito colocar as articulações do ombro, do cotovelo e  da mão nas condições mais favoráveis para uma eficaz entrada na água de todos os segmentos  do membro superior.   

  Para  facilitar  a  descrição,  dividimos  arbitrariamente  a  ação  motora  em  dois  momentos, mas trata‐se na verdade de uma única ação.    A TRAÇÃO      A entrada na água por onde começa esta fase e que orienta a palma da mão para  trás, com os dedos para baixo e mais ou menos para o interior, situa‐se a uma profundidade  variável, dependendo do nadador. Julgamos que deva ser relativamente profunda e coincidir  com a mais completa extensão do ombro, do braço e do antebraço 

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  Para  que  a  mão  possa  encontrar  apoio  na  água  e  aumentá‐lo  conservando  sua  orientação perpendicular ao eixo de deslocamento, o antebraço vai flexionar‐se sobre o braço  e  penetrar  menos  ou  mais  profundamente  na  água,  conforme  se  trate  de  um  nadador  de  velocidade  (passagem  subaquática  pouco  flexionada)  ou  de  um  nadador  de  meio‐fundo  (passagem mais flexionada). 

 

  A flexão, que nunca ultrapassa 90°, é a mais marcada no momento da passagem  da mão na vertical do ombro, isto é, no final da fase de tração. Durante a tração, o cotovelo e  o ombro devem constituir pontos de apoio para a ação do antebraço e da mão. Isto quer dizer  que  deve  haver  um  atraso  da  ação  do  braço  com  relação  à  do  antebraço.  Fala‐se,  assim,  da 

"posição alta e avançada" do cotovelo em relação à mão, para favorecer o segundo momento 

da fase propulsora.   

O EMPURRE 

 

  O  empurre  é  orientado,  sem  a  menor  descontinuidade,  da  frente  para  trás,  quando  a  mão  passa,  no  plano  vertical,  dos  ombros  ela  se  encontra  no  prolongamento  do  antebraço. O ombro correspondente e o cotovelo penetram, então, profundamente na água.  Dependendo  do  nadador,  a  mão  cruza  menos  ou  mais  o  plano  vertical  onde  está  o  eixo  de  deslocamento e, em casos extremos, em alguns nadadores de velocidade, não o cruza. 

  Fig. 37. Braçadas no nado crawl. 

 

  É  a  transposição  do  plano  vertical,  passando  pelos  ombros,  que  transforma  a  tração em empurre. 

 

  Na realidade, o nadador não procura cruzar o eixo‐ com a mão; mas para que sua  ação  não  o  desequilibre,  ele  vê‐se  obrigado  a  isso,  quando  a  superfície  do  antebraço  vem  encontrar a da mão para puxar a água para trás. A rotação interna do braço, que "coloca" o  cotovelo  em  posição  alta  e  avançada,  deve  ser  compensada  por  uma  rotação  externa  do  antebraço, para que a direção da mão possa ser mantida. 

 

  Quando  toda  a  superfície  propulsora  se  desloca  de  forma  axial,  as  oscilações  laterais são reduzidas. 

 

  A extensão contínua do antebraço sobre o braço reduz progressivamente a ação  motora  do  antebraço  até  anulá‐la.  Quando  essa  extensão  está  completa,  a  mão  que  se  conservou  orientada  perpendicularmente  ao  eixo  de  deslocamento,  no  final  de  seu  trajeto  para trás chega ao nível da coxa. Sua mudança de sentido, que será imposta pela recuperação,  manifesta‐se  por  uma  batida  na  água  cuja  eficácia  motora  é  nula,  pois  resulta  de  um  relaxamento. 

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  Fig.38. 

 

  Terminado  o  empurre,  o  desprendimento  dos  braços  é  então  facilitado  pela  penetração do ombro oposto na água. 

 

  Variantes:  Via  de  regra,  é  necessário  que  o  nadador  de  velocidade  de  nada  se 

descuide quanto à eficácia do empurre e da tração. O problema para o nadador de velocidade  consiste  em  tomar  à  sua  frente  uma  grande  massa  de  água  e  impulsioná‐la  com  força  para  trás. Obviamente, esse gesto deve ser  compatível  com as possibilidades musculares e com o  nível de treinamento do nadador. 

 

  Um  empurre  incompleto  traz  sempre  como  conseqüência  desastrosa  uma  recuperação contraída e forçada, ao passo que um empurre completo é a condição essencial  para uma recuperação relaxada.    O RITMO      Ele segue a regra básica da natação que requer que a recuperação seja um tempo  fraco e a parte motora um tempo forte.    Fig. 39.   Nesta visão subaquática, é evidente a continuidade da ação propulsora dos braços (Wenden).   

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1.  Ritmo dos segmentos 

 

  A  recuperação  caracteriza‐se  basicamente  pelo  relaxamento.  A  pequena  resistência  (para  não  dizer  insignificante)  do  ar  e  a  necessidade  de  proporcionar  uma  ação  motora “contínua” fazem dele um movimento rápido, um movimento impetuoso. 

 

  A prática na água, ao contrário, só pode ser rápida progressivamente. A mudança  de  sentido  do  deslocamento  do  membro  superior  e  a  resistência  oferecida  pela  água  são  a  causa  disso.  Para  conservar  e  aumentar  o  apoio  sobre  a  massa  de  água  colocada  em  movimento  com  relação  ao  nadador,  ele  deve  aumentar  a  velocidade  de  deslocamento  de  seus segmentos e de suas "superfícies motoras". Ele só poderá conseguir isso se seus músculos  desenvolverem uma força de intensidade crescente. 

 

2.   Coordenação dos movimentos de braços 

 

  Podem‐se  observar  três  formas  principais  de  coordenação,  conforme  a  importância  relativa  atribuída  à  eficiência  do  movimento  dos  braços  com  relação  ao  das  pernas. Algumas vezes é impossível classificar um nadador em uma ou outras dessas formas de  coordenação;  digamos  então  que  as  formas  que  descrevemos  estão  voluntariamente  esquematizadas, ficando claro que cada nadador adota a coordenação correspondente às suas  possibilidades. 

 

A chamada coordenação "de retomada" 

 

Fig.  40.  Coordenação  "em  retomada".  A  descontinuidade  das  ações  motoras  está  evidente  nessa  coordenação.  O  braço  direito  espera  a  recuperação  do braço  esquerdo  para  começar  seu  trabalho de  propulsão. 

 

Fig.  41.      Coordenação  clássica  (tipo  distância).  O  braço  esquerdo  mal  começa  a  voltar  e  já  o  braço  direito entra em ação para dar impulso ao corpo.    Fig. 42. Coordenação moderna (tipo velocidade). Observa‐se aqui a superposição das ações propulsoras.  Ela só se tornou possível devido a recuperação extremamente rápida do braço e por um posicionamento  favorável dos segmentos durante seu alongamento para a frente sob a água.   

  Esta  coordenação  é  utilizada,  sobretudo  por  nadadores  que  possuem  um  batimento de pernas especialmente eficaz, mas pouca força nos braços. 

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  Os  braços  entram  em  ação  de  maneira  descontínua  e  em  um  determinado  momento ambos se encontram à frente: um no final da recuperação e o outro que se manteve  na frente durante toda a fase aérea dessa recuperação. Por isso, a ação motora de cada braço  é muito inferior à duração de um semiciclo.      O nadador dá a impressão de deslizar à superfície da água, quando os dois braços  estão na frente.   

  Obviamente,  a  forma  reduzida  da  resistência  frontal  possibilita  que  o  batimento  de pernas seja totalmente eficaz.      Toda a importância do trabalho subaquático está na fase de tração.   

Coordenação clássica 

 

  Há  aqui  menor  descontinuidade  das  ações  motoras  dos  braços:  enquanto  um  braço se posiciona, o outro executa a tração, o empurre e a recuperação. 

 

  Há  tendência  para  um  revezamento  das  ações  motoras  dos  dois  braços,  o  que  proporciona a continuidade do deslocamento.   

Coordenação moderna 

    É o que a técnica procura obter. Ela pretende chegar a uma superposição parcial  das ações motoras: enquanto um braço termina o empurre, o outro começa a tração; isto é, o  período  de  posicionamento  é  praticamente  nulo.  Toda  a  importância  é  dada  à  fase  do  empurre. A duração da recuperação deve ser a máxima. 

  Superposição parcial das ações motoras Fig.43. 

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Técnica de movimentação das pernas 

 

  No  crawl,  as  pernas  têm  um  papel  de  equilíbrio,  mantendo  o  corpo,  no  seu  conjunto, sempre estendido e "em linha reta". 

 

  Seu  efeito  diretamente  propulsor  foi  contestado,  quando  a  velocidade  que  elas  podem proporcionar, agindo sozinhas, e' inferior à atingida pelos braços agindo sozinhos.  Se incontestavelmente o nadador se desloca mais depressa quando utiliza braços e pernas, é  preciso atribuir o fato ao melhor rendimento que os braços podem ter, quando o corpo está  mais horizontal.      Se a função das pernas deve ser interpretada de maneira diferente, nem por isso  ela  é  insubstituível,  tanto  para  o  nadador  de  distância  como  para  o  nadador  de  velocidade.  Observe‐se, para finalizar, que para o treinador, essa técnica constitui um excelente meio de  preparação cardiopulmonar.    1.   Forma      A alternância do trabalho das pernas vai se manifestar por uma fase ascendente e  uma fase descendente.   

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  a) Fase ascendente:Partindo em extensão, com o pé no prolongamento da perna, 

na  sua  posição  mais  baixa,  o  membro  movido  pelas  massas  musculares  posteriores  (especialmente  glúteos  máximos  e  isquiotibiais)  vai  se  elevar,  encontrando  a  resistência  decrescente  da  massa  de  água  superposta.  Quando  essa  resistência  se  atenuar,  a  ação  dos  isquiotibiais  vai  trazer  como  conseqüência  uma  inevitável  flexão  da  perna  sobre  a  coxa,  compensada por um abaixamento do joelho. 

 

  Essa  flexão  nunca  é  proposital  nem  comandada  pelo  nadador,  mas  e'  anatomicamente lógica e dá ao movimento harmonia e flexibilidade. 

 

  No ponto mais baixo, no momento preciso em que começa a fase ascendente, a  perna  apresenta,  com  relação  à  coxa,  uma  fase  muito  curta  de  hiperextensão  em  função  da  intensidade  das  ações  musculares  e  da  "carga"  de  água,  e  naturalmente  do  grau  de  flexibilidade  da  articulação  que  terá  como  conseqüência  aumentar,  em  resposta,  a  força  desenvolvida. 

 

  b)  Fase  descendente:  Chegando  ao  ponto  mais  alto  do  seu  percurso,  um  pouco 

acima e às vezes um pouco abaixo da superfície da água, o pé vai orientar‐se deliberadamente  para dentro e oferecer, assim uma maior superfície motora. 

 

  Num  primeiro  tempo,  o  joelho  vai  se  abaixar  e  a  perna  flexionar‐se  um  pouco  mais  sobre  a  coxa.  Resulta  daí  um  estiramento  dos  extensores  da  perna  sobre  a  coxa  e  um  fenômeno  comparável,  sob  todos  os  pontos,  ao  que  havíamos  constatado  com  relação  aos  músculos antagonistas, no ponto mais baixo desse movimento alternado. 

 

  A perna flexionada vai estender‐se sobre a coxa que, por sua vez, vai manter‐se  apoiada na água e transmitir aos quadris o componente ascensional do movimento. 

 

  Durante  os  batimentos,  pode‐se  notar  que  alguns  deles  são  nitidamente  orientados  para  o  interior.  Eles  quase  sempre  acompanham  as  fases  inspiratórias  e  têm  a  função de compensar o desequilíbrio criado por essas fases. 

 

  c) Amplitude e valor motor: Parece que, em um mesmo indivíduo, o produto da 

amplitude  pela  freqüência  aproxima‐se  de  um  valor  constante.  Ora,  na  natação,  evidentemente  é  a  freqüência  que  comanda,  pois  ela  está  sempre  sincronizada  com  a  freqüência do trabalho dos braços. É por isso que não se pode fixar o grau do ângulo formado  pelos segmentos, nem a profundidade atingida pelos pe's, tanto mais que o comprimento do  segmento é um fator que não deve ser esquecido. 

 

  O  valor  motor  do  movimento  das  pernas  está  fundamentalmente  ligado  à  flexibilidade do tornozelo e também do ritmo. 

 

2.   Ritmo 

 

  Se compararmos o mecanismo motor das pernas com o movimento da cauda do  peixe,  somos  tentados  a  procurar  acelerar  o  gesto  toda  vez  que  a  superfície  motora  se  aproxima do eixo e a desacelera‐Io, quando ela se afastar do eixo. 

 

  Mas é preciso admitir que uma tal precisão na coordenação do comando nervoso  pressupõe uma longa adaptação ao elemento líquido. 

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  A maioria dos principiantes e muitos nadadores optam por transformar em tempo  forte ou o tempo ascendente ou o tempo descendente, durante os percursos apenas com as  pernas. 

 

  Parece  que,  em  certos  casos,  essa  escolha  pode  ser  conseqüência  da  presença,  ausência, e mesmo da importância dos apoios exercidos pela mão ou pelas mãos à frente do  corpo, quer  esse apoio seja executado sobre a água diretamente pela mão, no nado, ou por  intermédio de uma prancha nos exercícios de pernas. Assim, no nado completo, o tempo forte  descendente é praticamente uma constante.      d) Coordenação dos batimentos das pernas: A coordenação dos movimentos das  pernas é afetada, por essa escolha; não em sua natureza, mas na sua forma.   

  O  esquema  que  apresentamos  para  um  tempo  forte  ascendente  deve  ser  invertido de alto para baixo, no caso do tempo forte descendente. 

 

  Constata‐se uma perfeita regularidade das alternâncias de tempo, ao passo que o  cruzamento  dos  dois  segmentos  ocorre  não  no  meio  do  percurso,  mas  para  o  alto  ou  para  baixo, de acordo com a orientação do tempo forte. 

 

A respiração 

 

  A  posição  ventral,  a  necessidade  de  preservar  o  equilíbrio  geral  do  nado,  a  preocupação  de  não  oferecer  uma  resistência  frontal  importante,  a  fisiologia  respiratória,  a  cadência dos movimentos dos braços, a tática de percurso, todos esses elementos constituem  imperativos para o nadador.      Esses imperativos determinam a técnica respiratória.   

1.   A inspiração 

    A necessidade de absorver oxigênio obriga o nadador a levar as vias respiratórias  até  a  superfície.  É  conveniente  que  a  tomada  de  ar  pela  boca  quebre  o  menos  possível  a  continuidade  da  progressão  por  uma  mudança  do  equilíbrio  do  corpo.  Dependendo  do  nadador, tais alterações são menos ou mais sensíveis (ver a estrutura rítmica). 

 

  Por outro lado, é preciso que a inspiração se efetue num mínimo de tempo; daí a  necessidade de abrir bem a boca para absorver o ar. 

 

  O  nadador  vai  aproveitar  a  onda  produzida  pelo  avanço  da  cabeça  para  girá‐la,  evitando levantá‐la. 

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  A  fisiologia  nos  ensina  que  a  respiração  diafragmática  é  mais  fácil,  quando  os  músculos  peritorácicos  não  estão  contraídos;  portanto,  a  inspiração  deverá  situar‐se  no  final  da  ação  motora  de  um  braço  (fim  do  impulso)  e  no  começo  da  recuperação  desse  mesmo  braço. 

  O nadador respira no "buraco" da onda. Fig. 46. 

 

  À  medida  em  que  o  braço  volta  para  a  frente,  a  cabeça  também  vai  voltando  à  posição normal para a expiração que vai se produzir. 

 

  A intensidade das trocas respiratórias é de tal importância nas  competições  que  atualmente observamos uma generalização no prolongamento do tempo de inspiração. 

 

  Esse aumento do tempo de inspiração pode ser real ou aparente. Com efeito, se  os  braços  "giram"  mais  rápido,  em  um  mesmo  período  de  tempo,  a  inspiração  deverá  prosseguir  ate'  à  metade  da  recuperação  do  braço  para  a  frente  (analogia  com  o  nado  borboleta) e às vezes além; mas nesse caso o desequilíbrio do nado torna‐se inevitável. 

 

  No mais alto nível (Spitz), a duração da fase de inspiração e' quase a de'cima parte  da duração de um ciclo (pois o nadador não inspira necessariamente em cada ciclo). 

 

  A  inspiração  que  se  situa  depois  de  uma  expiração  forçada  e'  necessariamente  reflexa  e  não  exige  a  intervenção  da  vontade  do  nadador.  Conforme  vemos,  isso  está  em  contradição com a fisiologia respiratória do homem em terra firme, em repouso, situação em  que,  embora  a  vontade  também  não  seja  necessária,  a  inspiração  e'  ativa,  enquanto  a  expiração  e'  passiva.  A  formação  do  nadador  deverá,  portanto,  contribuir  para  inverter  esse  mecanismo inato, dando sempre ênfase à expiração completa e voluntária. 

 

Fig. 47.   Os ombros e a bacia oscilam de forma considerável. A imersão do nadador impõe uma torção  pronunciada durante a inspiração. 

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2.   A expiração 

 

  Ela    é    forçada  e  progressiva,  pois  desenvolve‐se  no  mínimo  durante  um  ciclo  completo dos dois braços sob a água. 

 

  Para  ser  completa,  a  expiração  deve  efetuar‐se  pela  boca  muito  aberta  e  não  crispada, de maneira que não haja obstáculo para a saída do ar. Ela não deve ser forte demais,  a fim de não criar desvios excessivos de pressão no interior da caixa torácica. 

 

  Além  disso,  é  necessário  anular  um  reflexo  (muitas  vezes  observado  no  principiante) de fechamento da glote, que vai impedir a passagem do ar livre embora a boca  esteja bem aberta.      Notemos que a expiração forçada determinada pelos músculos expira‐tórios, em  particular os do abdômen (grande e pequeno oblíquos, transversal e grande reto), exige que o  nadador tenha uma musculatura abdominal adequadamente desenvolvida.      Às vezes, no final da expiração bucal, o nadador faz uma leve expiração nasal a fim  de evitar o contacto desagradável das gotículas de água na mucosa nasal.   

Os ritmos respiratórios 

 

  Os  ritmos  respiratórios  adotados  vão  depender,  em  grande  parte,  da  maior  ou  menor capacidade do nadador para repor o déficit de oxigênio. 

 

  Entretanto,  em  provas  de  100  m,  em  que  o  déficit  de  oxigênio  é  considerável,  justamente devido à intensidade do trabalho muscular, certos nadadores podem produzir um  esforço  intenso,  durante  os  primeiros  10  ou  15  metros  do  percurso,  praticamente  sem  inspirar; e são capazes de renovar esse bloqueio respiratório nos últimos metros do percurso.   

  Os  ritmos  respiratórios  mais  comumente  observados  são:  ou  uma  respiração  unilateral, a cada ciclo de braço; ou uma respiração bilateral feita alternativamente à direita e  depois à esquerda, isto é, a cada três movimentos de braços.    Esta última modalidade respiratória apresenta uma dupla vantagem:  ‐ É um fator de equilíbrio do nado;  ‐ Permite observar o adversário a qualquer momento do percurso.   

  Ela  é  adotada  durante  quase  todo  o  tempo  por  nadadores  de  meio‐fundo,  mas  alguns nadadores de velocidade também a utilizam. 

 

A sincronização 

 

  A sincronização da respiração com os movimentos  propulsores dos braços e das  pernas  apresenta  o  problema  do  ritmo  para  todo  o  nado.  Este  fator  rítmico  não  deve  absolutamente  ser  negligenciado,  porque  constitui  um  dos  elementos  essenciais  do  rendimento,  do  valor  motor.  Certos  fatos  perturbam  os  treinadores.  Muitas  vezes  acontece  que os nadadores são, ao mesmo tempo, os mais rápidos no trabalho isolado dos braços e das 

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pernas,  e  que,  entretanto,  são  regularmente  vencidos,  no  nado  completo,  por  certos  elementos que eles haviam dominado. 

 

  Convém,  portanto,  dar  uma  atenção  toda  especial  à  maneira  de  unir  todas  as  ações  propulsoras,  de  separar  a  importância  que  e'  preciso  dar  à  parte  anterior  e  à  parte  posterior do corpo, de respirar com eficácia, perturbando o menos possível estas ações.  No crawl, as sincronizações mais utilizadas na freqüência do trabalho das pernas com relação  ao  dos  braços,  são  as  de  quatro  e  seis  batimentos  em  cada  ciclo  de  braço.  Embora  haja  exceções, os nadadores de distância geralmente adotam a sincronização de quatro batimentos  e os nadadores de velocidade a de seis batidas. 

 

  A escola australiana, e especialmente Shane Gould, divulgaram um nado com dois  batimentos,  cuja  eficiência  não  pôde  ser  colocada  em  dúvida.  Devemos  observar  nesse  fato  uma importância atribuída quase exclusivamente à ação dos braços? 

 

  Esse tipo de batimento não é espontâneo e deve ser “aprendido”.   

  A sincronização correta determina o melhor equilíbrio do nadador. É por isso que  utilizando‐se  os  circuitos  nervosos  dos  mecanismos  alternativos  tais  como  a  marcha  e  a  corrida, não se poderia conceber a sincronização com um número ímpar de batidas por ciclo. ..  Além disso, esse problema de freqüência é uma preocupação menor do educador. 

 

  Com  maior  freqüência  do  que  se  imagina,  a  melhor  sincronização  está  fundamentalmente  ligada  a  uma  respiração  correta;  é  a  esse  ponto  que  se  deve  dar  toda  atenção. 

 

Os diferentes estilos 

 

  Se,  em  um  passado  relativamente  recente,  podia‐se  ouvir  falar  de  diferentes  técnicas  (japonesas,  americanas  etc.),  em  nossos  dias  os  estudos  sistemáticos,  as  grandes  competições  internacionais,  as  trocas  de_  idéias  verbais  ou  escritas  trouxeram  como  conseqüência  uma  certa  unidade  de  técnica.  Entretanto,  é  evidente  que  os  nadadores  de  velocidade  não  nadam  como  os  nadadores  de  distância.  Nos  primeiros,  trabalho  mais  profundo, os antebraços menos flexionados fazem com que a mão percorra um trajeto quase  semicircular.  Nos  últimos,  a  amplitude  do  gesto  (jogo  de  ombro),  e  busca  de  economia  (trabalho axial) fazem com que a mão percorra um trajeto quase retilíneo e menos profundo, o  que produz uma acentuada flexão do antebraço sobre o braço na passagem do ombro para a  vertical e uma posição sempre avançada do cotovelo. 

 

  Entretanto,  não  se  deve  esquecer  o  aspecto  de  ofensiva  do  nado  com  dois  batimentos, que inicialmente era considerado como uma técnica exclusivamente reservada à  "distância". 

 

  Nas mulheres, a potência exigida dos braços é muito grande.   

  É  adaptando‐se  aos  princípios  gerais  que  cada  esportista  poderá  encontrar  o  estilo que melhor lhe convém. 

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      1.  Inicio da tração do braço esquerdo.  2.   Fim do empurre do braço esquerdo.  3.  Início da passagem aérea do braço esquerdo.  4.   Entrada da mão esquerda na água.  5.  Início da tração do braço direito.  6.   Fim do empurre do braço direito.  7.   Início da passagem aérea do braço direito.  8.   Entrada da mão direita na água.  9.  Ponto alto do pé esquerdo.  10.   Ponto baixo do pé esquerdo.  11.   Ponto alto do pé direito.  12.   Ponto baixo do pé direito.  13.   Início da inspiração.  14.   Fim da inspiração.  Fig. 48. Estrutura rítmica de um ciclo em crawl 

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  1.   Início da tração do braço direito.  2.   Fim do empurre do braço direito.  3.  Início da passagem aérea do braço direito.  4.   Entrada da mão direita na água.  5.   Início da tração do braço esquerdo.  6.   Fim do empurre do braço esquerdo.  7.   Início da passagem aérea do braço esquerdo.  8.  Entrada da mão esquerda na água.  9.  Ponto alto do pé direito.  10.  Ponto baixo do pé direito.  11.   Ponto alto do pé esquerdo.  12.  Ponto baixo do pé esquerdo.  Fig. 49.   Estrutura rítmica de um ciclo do nado crawl.   

Referências

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