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O pavimento é em soalho de madeira e os tectos são também de madeira. A Capela-mor é coberta com uma abóbada de aresta ricamente artesoada.

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Academic year: 2021

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VILA DO CONDE QUINHENTISTA

Igreja Matriz

Descrição

Planta composta em cruz latina com três naves, transepto e cabeceira salientes, sendo esta formada por ábside e dois absidíolos, com duas capelas no transepto. As coberturas são diferenciadas e apresentam telhados de uma, duas e quatro águas. As paredes que formam a nave central e a capela-mor, em toda a sua extensão, estão coroadas por duas ordens de merlões. Na fachada Oeste, o pórtico, cuja autoria se atribui a João de Castilho, é composto por três arcos trilobados e um grande arco conopial, ornado de folhagem, limitado por finos botaréus acogulhados e fechado por um cordame

entrançado que coincide com a ponta do arco de querena. No tímpano pode ver-se sob um grande dossel rendilhado uma escultura de pedra, figurando S. João Baptista, assente numa mísula esculpida e ladeada pelos símbolos dos Evangelistas. No espaço que se sobrepõe ao último arco vemos esculpidos vários adereços: o local onde estariam armas de D. Manuel ladeadas por duas esferas armilares e do lado oposto o escudo de Vila do Conde. A torre sineira, localizada a Norte, apresenta uma estrutura

quadrangular, quase ausente de ornamentação, com excepção para o balcão de

balaústres assente em mísulas. O portal lateral de arquivolta ogival assenta em colunas torsas de capitéis vegetalistas.

O interior é composto por três naves, sendo a central mais alta e mais larga que as laterais, e separadas por quatro arcos de volta inteira suportados por colunas oitavadas alternando faces planas e côncavas, com finos colunelos nos ângulos.

O pavimento é em soalho de madeira e os tectos são também de madeira. A Capela-mor é coberta com uma abóbada de aresta ricamente artesoada.

O absidíolo do lado do Evangelho tem uma abóbada de pedra com lanternim, sendo o do lado da Epístola coberto por uma pequena abóbada de nervuras, onde se notam alguns baixos relevos policromados.

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As duas capelas transeptais, cobertas por abóbadas artesoadas, firmadas por bocetes e abertas por arcos de volta perfeita, recamados por folha de parreira, com retábulos de talha dourada, são obra quinhentista. A Capela da direita, dedicada a Nossa Senhora da Boa Viagem (1542), é toda forrada a azulejo do século XVII. A outra capela, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, tem na parede do lado esquerdo a imagem gótica de S. João Baptista, de pedra d’ançã, que se crê ser proveniente da antiga Igreja que se

localizava no Monte do Mosteiro. A figura assenta numa mísula trabalhada e ostenta um nimbo com um dístico em caracteres góticos. A iluminação do interior faz-se por um grande janelão de volta perfeita, que se abre na frontaria, e ainda por várias frestas rasgadas nos flancos e no clerestório.

Utilização Inicial

Cultual e devocional: Igreja Matriz

Propriedade

Pública: Estatal

Época Construção

Séculos XVI; XVII; XVIII

Arquitecto | Construtor | Autor

Mestres Pedreiros: João de Rianho, Sancho Garcia, Rui Garcia de Penagós, João de Castilho, João Lopes, de Viana (início da torre sineira); André Pires, Francisco Luís (conclusão da torre sineira); Gonçalo Anes; Organeiros: Salvador Rebelo, Lourenço Rebelo, Joaquim António Claro, José António; Entalhadores: Pero de Figueiredo (caixa do órgão), Manuel Pereira da Costa Noronha (retábulo-mor), João Gomes de Carvalho; Relojoeiro: Paulo Gomes (autor do primeiro relógio).

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Cronologia

953, 26 Março - Documento da venda dos bens que Flâmula Deovota possuía na sua vila de Vila do Conde, em que é citada uma igreja dedicada a São João, que se situaria noutro local da vila; 1052 - é edificada uma nova Igreja de São João; 1496 / 1497 – início da construção da actual Igreja, dirigida por João Rianho, no Campo de São Sebastião, no local onde existia uma capela, da invocação do mesmo Santo, que foi mudada para a implantação da nova Matriz, para substituir a antiga Igreja paroquial, localizada fora do centro do burgo, no Monte Castro de São João; 1500, 26 Maio - o mestre biscainho, João Rianho, foi substituído por Sancho Garcia; 1502, 6 de Novembro - D. Manuel I, passa por Vila do Conde a caminho de Santiago de Compostela, hospedando-se em casa do rico casal Jerónimo Roes e Garcia Dias, onde ouviu uma comissão de moradores que lhe solicitou a sua intervenção e auxilio régio para o prosseguimento da construção da Igreja; 1502, 5 de Dezembro - D. Manuel I, no seu regresso da Galiza, fez expedir uma carta de Arrifana da Feira, onde determina um novo plano da obra da nova matriz, alterando a que estava a ser levantada, indicando uma nova planta (ainda que adoptado apenas parcialmente, tendo-lhe sido acrescentado capelas absidais e o transepto,

também com duas capelas), um plano de arruamentos, mandando abrir uma nova rua, a Rua Nova, hoje Rua do Lidador, e, para a obtenção do dinheiro necessário para a

continuação das obras, definia um novo imposto a pagar pelo povo (que se prolongou para além da construção da Igreja, servindo depois para obras de restauro e acrescentos) e um donativo régio de trinta mil réis, decretando ainda a expropriação por utilidade pública dos terrenos necessários à sua edificação; 1506 - conclusão da construção da cabeceira, erguida a expensas do Mosteiro de Santa Clara; 1507 - colaborava na construção da Igreja, Gonçalo Anes, Mestre de Vila Real; 1509 - a construção da igreja era dirigida pelo biscainho Rui Garcia de Penagós, que integrara o grupo inicial; 1511, antes de - conclusão da abóbada da ábside; 1511 - passa a dirigir a obra João de Castilho, a quem foi entregue a responsabilidade de terminar a construção da igreja; 1514 / 1515 - conclusão do essencial da obra de construção; 1518 - a igreja é aberta ao culto; a torre sineira não estava ainda terminada; 1518 / 1519 - o Arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa, a pedido do povo e das freiras de Santa Clara, instituiu uma Colegiada Menor para a Igreja, composta por Prior, presidente, quatro beneficiados, chamados raçoeiros, ficando a Madre Abadessa de Santa Clara com a obrigação do altar-mor e da nomeação do sacristão, e tudo o mais era de fábrica própria e da Câmara; 1524 - Breve de Clemente VII, confirmando a Colegiada; 1542 - construção da capela do transepto, do lado da Epístola, pelos mareantes de Vila do Conde, dedicada a Nossa Senhora da Boa Viagem, ou dos Navegantes, ou do Corpo Santo; Segundo quartel do século XVI - construção da capela do transepto, do lado do Evangelho, dedicada a São Miguel, O Anjo,

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com Salvador Rebelo para a execução do órgão, que teria que ser semelhante ao de Vilar de Frades, com menos dois registos; feitura da caixa por Pero de Figueiredo; século XVII - construção da torre; revestimento azulejar da capela-mor e da capela do transepto do lado da Epístola; 1606, 30 Novembro - escritura do contrato efectuado entre a Câmara e Lourenço Rebelo, filho de Salvador Rebelo, em que este se comprometia a ir todos os anos a Vila do Conde, durante os meses de Junho a Julho, afinar os orgãos; 1725 - execução do púlpito pelo entalhador de Vila Nova de Famalicão, João Gomes Carvalho; 1734 / 1735 - execução dos retábulos laterais por João Gomes de Carvalho; 1737 - colocação do sino grande; 1740 - execução do retábulo-mor pelo entalhador do Porto, Manuel Pereira da Costa Noronha; 1832 - extinção da Colegiada; 1860, 7 Dezembro - um raio atinge um dos sinos da torre, entrando pela igreja, durante a missa, não causando danos nem feridos; Finais do século XIX - por morte da última freira do Convento de Santa Clara, por intervenção do Monsenhor José Augusto Ferreira, são trazidas várias peças, nomeadamente, uma custódia de prata, ouro e pedras preciosas, um cálice de prata dourada, do século XVIII, um pálio, um paramento verde, um branco, um roxo e um preto e uma imagem do Senhor Morto; 1908 - execução do órgão do coro por

Joaquim António Claro, com oficina em Braga; 1905/1907 - data de execução dos vitrais em Bordéus/ Paris; 1911, 7 Agosto - data do arrolamento da imaginária, lavrado nos termos da Lei da Separação; 1949, 20 Setembro - segundo a DGEMN a igreja carecia de obras de restauro, compreendendo a demolição de anexos, reconstrução total de

telhados, demolição de altares, pavimentação da igreja e lajeado de cantaria, tratamento das cantarias das paredes incluindo o restauro de frestas e janelas, a execução e

assentamento de vitrais com rede de protecção, restauro do coro, arranjo da torre sineira e do adro, reparação geral dos altares, construção de portas e caixilharias e pinturas gerais; 1951 - estragos nos telhados em consequência de temporal; 1953 - alienação de objectos de culto da igreja pela paróquia, compreendendo os castiçais de talha dourada que se encontravam no trono do retábulo-mor, o resto do cadeiral do coro, dois anjos do retábulo-mor e de imagens incluindo a de Santa Ana; 1957 - um temporal provoca o desmantelamento em alguns pontos do telhado da nave, provocando a entrada de águas pluviais; 1961, Dezembro - a igreja encontrava-se em precário estado de conservação, nomeadamente a nível dos telhados, pondo em risco os tectos, altares, soalhos e restantes madeiramentos, e da instalação eléctrica; 1962, Fevereiro -

telegrama da CMVC dirigido à DGEMN, solicitando providencias urgentes para o resguardo do cemitério medieval do adro da igreja; 1963, 7 Novembro - carta do Priorado de São João Baptista de Vila do Conde, informando a DGEMN, de que não vê inconveniente na demolição da sacristia localizada no lado Oeste da fachada Sul da igreja; a sacristia é privativa da Confraria das Almas; 1974, Novembro - a composição do portal principal encontra-se em adiantado estado de alteração morfológica, devido à

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exposição solar, variações térmicas e pluviométricas e a salinidade do mar; 1980, 22 Novembro - inauguração do órgão do coro, após o restauro, tendo sido adjudicado a Serafim Jerónimo de Braga e executado por José António de São Sebastian em Espanha.

Tipologia

Arquitectura religiosa, gótica, manuelina, renascentista. Igreja tardo-gótica de planta em cruz latina com 3 naves de diferente altura e cabeceira tripla, com portal axial

manuelino, muito semelhante ao da Igreja de Azuaga na Estremadura espanhola. Torre sineira renascentista.

Materiais

Estrutura de granito aparente; granito nos tectos das capelas da cabeceira, do transepto e em pavimentos; madeira na estrutura dos telhados e no tecto da nave, no coro, nos vãos de porta e janelas, pavimento interior, nos retábulos e no púlpito; azulejo no revestimento de uma capela transeptal, no roda-pé da capela-mor, e de uma capela lateral e na sacristia; telha cerâmica nas coberturas; cartão asfáltico como sub-telha; zinco em rufos e caleiros; chumbo no remate das empenas; bronze em pingadeiras; ferro em caixilharias; chumbo e vidro de vitral em caixilharias de janelas e de frestas.

Créditos:

www.monumentos.pt

VIEIRA, José Augusto, O Minho Pitoresco, tomo II, Lisboa, 1887.

MONTEIRO, Manuel, A Matriz de Vila do Conde. Inícios de uma Restauração, in Jornal

O Primeiro de Janeiro, Porto, 13 de Novembro de 1904.

FERREIRA, Monsenhor J. Augusto, Vila do Conde. Notas Históricas, Boletim O

Arqueólogo Português, vol. XI, Lisboa, 1906.

FERREIRA, Monsenhor J. Augusto, Vila do Conde e seu Alfoz. Origens e Monumentos, Porto, 1923.

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FERREIRA, Monsenhor J. Augusto, A Matriz de Vila do Conde, Ilustração Moderna, ano I, nº 7, Porto, 1926.

CORREIA, Virgílio, A Arte: Ciclo Manuelino, in Historis de Portugal, dirigida por Damião Peres, vol. IV, Barcelos, 1932.

CHICO, Mário Tavares, Arquitectura em Portugal na época de D. Manuel e nos

princípios do reinado de D. João III in História da Arte em Portugal, iniciada por Aarão Lacerda, vol. II, Porto, 1948.

FREITAS, Eugénio de Andrea da Cunha e, Artistas de Braga na Matriz de Vila do Conde (sec.XVI), Bracara Augusta, vol. V, nºs 1 a 3, Braga, 1954.

FREITAS, Eugénio de Andrea da Cunha e, Os mestres biscainhos na Matriz de Vila do

Conde, Lisboa, 1961.

FREITAS, Eugénio de Andrea da Cunha, João de Castilho e a sua obra no Alem Douro,

Colóquio, nº 15, Lisboa, 1961.

SANTOS, Reynaldo dos, O Portal da Igreja Matriz de Vila do Conde, Vila do Conde, nº 3, Vila do Conde, 1961.

NEVES, Joaquim Pacheco, O Pórtico da Matriz, Vila do Conde, nº 5, Barcelos, 1964. ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, pp. 573 - 574.

BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de Talha Dourada, Ensamblagem e Pintura na

Cidade e na Diocese do Porto, Documentação I, Séculos XV a XVII, Porto, 1984.

VALENÇA, Padre Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. I e II, Braga, 1990; GIL, Júlio, As Mais Belas Igrejas de Portugal, Lisboa, 1992, pp. 66 - 67.

COSTA, Marisa, A Construção da Igreja Matriz de Vila do Conde, Vila do Conde, Boletim

Cultural da Câmara Municipal de Vila do Conde, Nova Série, nº 13, Junho 1994, pp. 32

- 54.

STATUA, Atelier de Escultura Conservação e Restauro, Estudo sobre o estado de

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PILOTO, Adelina, SANTOS, A. Monteiros dos, Igreja Matriz de Vila do Conde, Meio milénio de história, in O Tripeiro, 7ª Série, Ano XXII, N.º1, Janeiro 2003.

NEVES, Joaquim Pacheco, Vila do Conde, Vila do Conde, 1991.

Referências

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