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A Sociolinguística Cognitiva: razões e escopo de uma nova área de investigação linguística

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A Sociolinguística Cognitiva:

razões e escopo de uma nova área de investigação linguística

AUGUSTO SOARES DA SILVA

Universidade Católica Portuguesa – Braga assilva@braga.ucp.pt

Abstract

Cognitive Sociolinguistics, institutionalized in the recent collective volume published by Kristiansen & Dirven (2008), is one of the most recent and stimulating extensions of Cognitive Linguistics which intends to investigate the socio-cognitive dimensions of linguistic variation through the use of consistent empirical methods. In terms of Cognitive Linguistics development, Cognitive Sociolinguistics allows to solve thematic and methodological tensions between the cognitive and social aspects of language and also between the cognitive perspective and the use of empirical and quantitative methods, and, therefore, contributes to an integrated socio-cognitive view of language. In this study, we present the reasons that make Cognitive Sociolinguistics necessary and even inevitable, the ways and methods used to integrate the social aspects of linguistic variation into the Cognitive Linguistics agenda and the research areas of Cognitive Sociolinguistics. As an application to the Portuguese language, we provide an overview of our investigation about convergence and divergence between European and Brazilian Portuguese.

Keywords: Cognitive Linguistics, Cognitive Sociolinguistics, cultural models, empirical methods,

ideologies, language variation, lectal variation, Portuguese, social cognition, quantitative corpus analysis.

1. A emergência da Sociolinguística Cognitiva

Nos últimos anos deste novo século, alguns linguistas que trabalham no enquadramento da Linguística Cognitiva (Geeraerts & Cuyckens eds. 2007, para a visão de conjunto mais completa) têm reclamado a necessidade de se reconhecer a natureza socialmente interactiva da linguagem e o seu ambiente sócio-cultural como dimensões igualmente fundacionais da perspectiva cognitiva e, mais decisivamente, têm desenvolvido investigação com métodos empíricos avançados sobre os aspectos sociais da variação linguística. São exemplos de estudos descritiva e metodologicamente orientados para a abordagem sócio-cognitiva da variação linguística várias das contribuições reunidas em Dirven, Frank & Pütz (2003), Geeraerts (2005), a sessão temática sobre variedades lectais e a conceptualização da variação lectal no âmbito do 9º Congresso Internacional de Linguística Cognitiva (Seoul, 2005), a sessão temática sobre Sociolinguística Cognitiva durante o 10º Congresso Internacional de Linguística

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Cognitiva (Cracóvia, 2007), Bernárdez (2008b) e algumas das contribuições reunidas em Frank, Dirven, Ziemke & Bernárdez (2008). A nível mais programático, estão os estudos de Zlatev (1997, 2007) sobre corporização (“embodiment”) situada, Harder (2003) e Bernárdez (2004, 2005, 2008a) sobre cognição social, variação e tipologia, Verhagen (2005) sobre intersubjectividade, Sinha (2007) sobre a linguagem como sistema epigenético e Croft (2009) sobre interacção social.

A institucionalização da nova área da Sociolinguística Cognitiva, como extensão e linha de investigação em Linguística Cognitiva, faz-se, muito recentemente, com o volume colectivo organizado por Gitte Kristiansen e René Dirven e intitulado Cognitive

Sociolinguistics: Language Variation, Cultural Models, Social Systems (Kristiansen &

Dirven eds. 2008). O volume reúne estudos distribuídos por quatro áreas: teorização sobre variação semântica e lectal, investigação empiricamente orientada pelo método do

corpus e por técnicas quantitativas avançadas sobre variação linguística regional e

social, investigação sobre modelos cognitivos culturais subjacentes a atitudes linguísticas e políticas de língua e investigação sobre ideologias políticas e sócio-económicas. Favorecendo uma perspectiva extensa e abrangente do escopo da área emergente, os organizadores do volume consideram, porém, que os trabalhos mais prototípicos em Sociolinguística Cognitiva são os que combinam três características: (i) exploração da variação intralinguística ou interlinguística de origem social, (ii) fundamentação no enquadramento teórico da Linguística Cognitiva e (iii) implementação de métodos empíricos sólidos (Kristiansen & Dirven 2008: 5-6).

No plano do desenvolvimento da Linguística Cognitiva, paradigma com já três décadas de existência, desde os trabalhos seminais de Ronald Langacker, George Lakoff e Leonard Talmy nos inícios dos anos 80, a Sociolinguística Cognitiva vem responder a duas tensões internas: uma tensão no objecto da pesquisa, entre o apelo a todas as dimensões contextuais da linguagem, incluindo os aspectos sociais, culturais e variacionais, e a tradicional concepção individual e neurológica da cognição humana; e uma tensão no método da pesquisa, entre o interesse cada vez maior pelos métodos empíricos, patente em publicações como a de Gonzalez-Marquez et al. (2007), e um certo cepticismo pela metodologia objectivista no estudo de fenómenos subjectivamente experienciados, como são os linguísticos. Tanto para a Linguística Cognitiva como para os estudos linguísticos em geral, a Sociolinguística Cognitiva vem mostrar como intrinsecamente se relacionam as dimensões cognitiva e social da linguagem, bem como

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perspectiva cognitiva e métodos empíricos; por outras palavras, como se combinam ‘cognitivo’, ‘social’ e ‘empírico’ nos estudos da linguagem.

Apresentamos neste estudo as razões da necessidade ou mesmo inevitabilidade da Sociolinguística Cognitiva dentro do paradigma da Linguística Cognitiva, os modos e os métodos de conciliar ‘cognitivo’ e ‘social’ e, assim, fundamentar uma visão sócio-cognitiva da linguagem e os domínios de investigação da Sociolinguística Cognitiva. Como aplicação ao português, expomos as principais linhas de um programa de sociolinguística cognitiva do português europeu e brasileiro, centrado na questão da convergência ou divergência entre as duas variedades nacionais.

2. Porquê uma sociolinguística cognitiva?

A pergunta é ambígua ou, melhor, ambivalente. Por um lado, e do ponto de vista interno do desenvolvimento da Linguística Cognitiva, porque é que este paradigma precisa de uma sociolinguística cognitiva? Por outro lado, porque é que a Sociolinguística, estabelecida nos anos 70, precisa de ser cognitiva? As razões que estabeleceram a própria Linguística Cognitiva, como os princípios da não-autonomia, da não-modularidade e do experiencialismo da linguagem, servem para responder à segunda pergunta. Procuremos uma resposta para a primeira pergunta.

Na introdução ao volume colectivo que institucionaliza a Sociolinguística Cognitiva, Kristiansen & Dirven (2008: 1-4) apontam quatro razões para justificar esta nova área: (i) reunir estudos sócio-cognitivos desenvolvidos no quadro da Linguística Cognitiva mas ainda dispersos; (ii) estabelecer uma ligação recíproca e interdisciplinar entre a Sociolinguística e a Linguística Cognitiva; (iii) integrar a variação intra-linguística na descrição e teorização da Linguística Cognitiva como consequência da sua orientação baseada-no-uso; e (iv) garantir a dimensão social da recontextualização da descrição linguística operada pela Linguística Cognitiva. As duas primeiras razões são mais circunstanciais, ao passo que as duas últimas emergem da própria natureza da Linguística Cognitiva. Atentemos mais de perto nestas duas e noutras razões intrínsecas da inevitabilidade da Sociolinguística Cognitiva.

Podemos apontar quatro características essenciais da Linguística Cognitiva, como movimento plural (não se apresenta como uma única teoria específica, mas como um conjunto de diferentes teorias suficientemente compatíveis) que estuda a linguagem

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como manifestação da organização conceptual, de princípios de categorização, de mecanismos de processamento mental e de influências da experiência e do contexto. A Linguística Cognitiva é:

• um modelo orientado para o significado: sendo a função cognitiva básica da linguagem a categorização, então o significado será o fenómeno linguístico primário;

• um modelo experiencialista: o significado é enciclopédico e fundamenta-se na experiência humana em todas as suas dimensões;

• um modelo baseado no uso: o uso efectivo da língua, obviamente na interacção verbal;

• um modelo recontextualizador: reintroduzindo no estudo da linguagem as várias dimensões contextuais retiradas da gramática pelos movimentos autonomistas do século passado, quer o estruturalismo quer, sobretudo, o generativismo.

Cada uma destas características implica uma investigação socialmente orientada, como adverte Geeraerts (2005) num oportuno alerta epistemológico ao futuro da Linguística Cognitiva. Temos pois quatro razões para “ir do psicológico ao social”; quatro razões para a não só desejável como inevitável aliança entre as dimensões cognitiva e social no estudo da linguagem (Silva 2009, para mais desenvolvimento).

Um modelo orientado para o significado, e entendendo significado como

conceptualização, no sentido mais geral de qualquer experiência mental, não pode

descurar a variação sociolinguística como factor também determinante, por duas ordens de razões. Por um lado, a natureza perspectivista do significado linguístico, como meio de construir o mundo de determinada perspectiva e, assim, de perspectivas alternativas (Langacker 1987, 1991, 1999, 2008; Talmy 2000) e a sua natureza flexível e dinâmica – demonstrada em Semântica Cognitiva pela teoria do protótipo (Geeraerts 1985, 1997; Taylor 1995) e pelos modelos de rede radial (Lakoff 1987) e rede esquemática (Langacker 1987) de descrição das categorias polissémicas (Silva 2006b) – potenciam naturalmente a variabilidade. Por outro lado, a variação sociolinguística constitui uma forma específica de significado, mais precisamente, diferentes tipos de significado não-denotacional: significado emotivo (de termos pejorativos, por exemplo), significado social (de termos regionais e sociais), significado estilístico (de termos populares e

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eruditos) e significado pragmático-discursivo (único de expressões como as interjeições e os marcadores discursivos; presente em termos como senhor, você, tu e outras formas de tratamento).

Um modelo experiencialista, compendiado no princípio filosófico do realismo

experiencial ou experiencialismo e na hipótese da corporização (“embodiment”) do

pensamento e da linguagem (Lakoff & Johnson 1980, 1999), deve atender a todas as dimensões da experiência humana, construídas pela e na linguagem: não só a experiência individual (corpórea, neurofisiológica), como também a experiência colectiva, social e cultural e, com ela, as diferenças entre culturas, grupos sociais ou mesmo indivíduos.

Um modelo baseado no uso não pode evitar a variação linguística como seu objecto de investigação. A razão é simples: a variação é a consequência imediata e inevitável do uso da língua; nunca uma comunidade linguística é totalmente homogénea e qualquer língua é um diassistema social. Por outro lado, o interesse crescente pelos métodos empíricos, implicado por esta mesma razão da importância do uso linguístico, obriga o linguista a ter em conta os aspectos variacionais. Na verdade, um corpus representativo nunca será absolutamente homogéneo, incluindo sempre alguma variação lectal (isto é, relacionada com qualquer tipo de variação de uma língua: dialectos, variedades nacionais, sociolectos, registos, estilos, idiolectos). Mesmo que a análise não se centre na variação lectal, esta será sempre um factor, no sentido de que é necessário saber se a variação observável no corpus resulta ou não de factores lectais. Não há, portanto, maneira de evitar a variação linguística a partir do momento em que se assuma, séria e plenamente, um modelo baseado no uso. Como afirma Geeraerts (2001: 53), “it is impossible to take seriously the claim that Cognitive Linguistics is a usage-based approach and at the same time to neglect the social aspects of language use”.

Finalmente, um modelo recontextualizador, em resposta à descontextualização da gramática, exemplarmente efectuada pela Gramática Generativa (ver a notável interpretação de Geeraerts 2003a do desenvolvimento da linguística moderna, e também Silva 2005), não pode deixar de incorporar nenhuma das facetas do contexto: não só as bases cognitivas e experienciais dos falantes ou contexto cognitivo e o nível interaccional do uso linguístico ou contexto situacional, como também o ambiente sócio-cultural da língua ou contexto social.

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3. Como uma sociolinguística cognitiva?

Como é que um modelo cognitivo da linguagem, que naturalmente a perspectiva de um ponto de vista psicológico, e portanto como parte da organização do conhecimento na mente individual, pode não propriamente adicionar mas integrar sistematicamente os aspectos sociais das línguas? E como é que um modelo cognitivo pode dar conta da extensa variabilidade intralinguística? Estas duas perguntas pressupõem dois tipos de tensões ou mesmo algumas incompatibilidades: entre ‘cognitivo’ e ‘social’, por um lado, e entre ‘cognitivo’ e ‘empírico’, por outro.

Para responder à primeira pergunta, é preciso abandonar a concepção individual e neurológica da cognição humana; por outras palavras, é preciso reinterpretar a cognição. A hipótese da corporização do pensamento e da linguagem ou a filosofia na carne, elaborada por Lakoff & Johnson (1999) sob a forma do princípio do experiencialismo, tende a focar a vertente individual e universal da cognição humana (o corpo é um universal da experiência humana), o seu lado físico e neurofisiológico, recentemente explorado pelo grupo interdisciplinar da Teoria Neural da Linguagem, de George Lakoff e Jerome Feldman (Lakoff 2003, Feldman & Narayanan 2004). Ora para que a filosofia experiencialista não se reduza a operações neurais meramente individuais ou para que a Linguística Cognitiva não caia no perigo do “solipsismo neural” (Sinha 1999), é preciso reconhecer a natureza socialmente interactiva da linguagem e o seu ambiente cultural como elementos igualmente fundacionais da perspectiva cognitiva.

O problema está então na separação entre o individual e o colectivo, o interno e o externo, o pensamento e a acção, a cognição e a actividade – pensamento individual e

acção colectiva, será esta a equação correcta? Poderemos conceber a cognição sem a

interacção? Poderemos continuar a assumir que o pensamento individual interno tem algum tipo de preeminência sobre a actividade supraindividual externa ou sobre o pensamento dirigido para a (inter)acção? Vários filósofos, psicólogos, neurocientistas e linguistas respondem que não. Como exemplo, lembremos a inseparabilidade da cognição e da emoção, demonstrada nos estudos de Damásio (1995, 2000).

Na verdade, tem havido, nos últimos vinte ou mais anos, um alargamento significativo do âmbito da ‘cognição’: desde uma perspectiva puramente interna e autónoma, compendiada na ideia (metafórica) da cognição como cérebro, com a primeira geração das ciências cognitivas, à perspectiva da corporização da cognição ou sua integração no conjunto do corpo físico do indivíduo (Varela, Thompson & Rosch

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1991; Edelman 1992; Damásio 1995, 2000; Lakoff & Johnson 1999; Gibbs 2005) e, mais recentemente, à inclusão da situação e da interindividualidade na cognição e, assim, à noção de cognição situada ou cognição social (Zlatev 1997, 2007; Tomasello 1999; Bernárdez 2004, 2005, 2008a, b; Ziemke, Zlatev & Frank 2007 e Frank, Dirven, Ziemke & Bernárdez 2008).

Bernárdez (2004, 2005, 2008a, b) sugere que a maior parte da cognição humana depende da acção humana: pensar e fazer estão intimamente ligados, ao contrário do que a cultura ocidental faz acreditar. Argumenta que o nosso cérebro está especialmente capacitado para estabelecer conexões com os cérebros dos outros e que a nossa cognição é tão colectiva como individual, inclusivamente mais cultural que autónoma (Bernárdez 2008b: 492). É pois necessário abandonar a metáfora “a cognição é o cérebro” (sendo o cérebro necessariamente individual, esta metáfora está na base da concepção da cognição como igualmente individual), pois assim como as pernas, que obviamente estão relacionadas com a locomoção, não são a própria locomoção, assim também o cérebro não é a própria cognição.

Impõe-se complementar dois conceitos que têm feito sucesso em ciências cognitivas: o mais antigo e popular de corporização (“embodiment”) ou bases corpóreas e sensório-motoras da mente, da cognição e da linguagem e o mais recente de

situacionalidade sócio-cultural (“sociocultural situatedness”) ou modos pelos quais

mentes individuais e processos cognitivos são configurados por interacções sociais e culturais. A investigação dos últimos anos em diversas ciências cognitivas explora a complementaridade destes conceitos no contexto interdisciplinar dos estudos sobre

cognição situada. O manual “The Cambridge Handbook on Situated Cognition” (2008),

os dois volumes de “Body, Language and Mind” (Ziemke, Zlatev & Frank 2007 e Frank, Dirven, Ziemke & Bernárdez 2008) e a recente obra de Bernárdez (2008b) elaborando os conceitos de cognição sinérgica e de mente colectiva são exemplos ilustrativos desta complementarização. Estes trabalhos consolidam uma mudança de paradigma iniciada há já algum tempo. Como escrevia o filósofo Andy Clark há uma década, “talk of embodiment and situatedness has become increasingly frequent in philosophy, psychology, neuroscience, robotics, education, cognitive anthropology, linguistics, and in dynamical systems approaches to behavior and thought. There is clearly a shift in thinking but the nature and importance of the shift is surprisingly hard to pin down” (Clark 1999: 345).

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Em síntese, a cognição é situada, já que a actividade cognitiva tem sempre lugar num contexto sócio-cultural; a cognição é distribuída, pela repartição do esforço cognitivo entre dois ou mais indivíduos e entre eles e os seus instrumentos cognitivos; a cognição é sinérgica, como actividade de colaboração entre indivíduos, não só sincrónica, mas sobretudo sócio-histórica, cujos mecanismos são a imitação e os recentemente descobertos “neurónios espelho”.

Passemos à segunda pergunta, que mais directamente envolve opções metodológicas. A resposta não parece ser difícil: o único modo de tratar adequada e sistematicamente os aspectos variacionais e sociais das línguas é através de métodos empíricos sólidos. O linguista tem ao seu dispor vários métodos empíricos: pode utilizar as técnicas de experimentação da psicologia, as técnicas da análise neurofisiológica, as técnicas topográficas e de trabalho de campo da sociologia e dispõe ainda da análise de

corpus, que é o método empírico mais genuinamente linguístico. Apesar de a resposta

ser óbvia, há todavia problemas tanto a montante (na compatibilização entre cognitivo e empírico) como a jusante (na eficácia dos métodos empíricos).

A ênfase que a Linguística Cognitiva põe no significado linguístico joga com a ideia de que a introspecção é o único método de acesso directo aos fenómenos semânticos. Como os significados não se dão directamente nos dados de um corpus nem nos dados eliciados de uma experimentação, ganha (mais) força a ideia de que a introspecção é, em última instância, o método apropriado para os estudar. Continuando a ideia, uma metodologia objectivista não serve para uma teoria não-objectivista. Ora, temos aqui um equívoco, que o exemplo da Psicologia ensinaria a evitar, ao demonstrar que se pode e deve estudar objectivamente fenómenos não objectivos como são os cognitivos. Como Geeraerts (2006) faz notar, os processos cognitivos que se estudam a nível do objecto podem ser não-objectivos, mas a descrição no nível meta-teórico, essa tem que ser objectiva.1

Mas a opção pelos métodos empíricos, em particular pelo método de corpus, deve ter duas exigências específicas. Por um lado, não basta utilizar o corpus de um modo que Tummers, Heylen & Geeraerts (2005) caracterizam como investigação meramente

ilustrada por um corpus; isto é, não basta dispor de um corpus como simples repositório

1 É interessante verificar uma certa divergência dentro da Linguística Cognitiva entre o ramo europeu,

mais adepto da metodologia empírica de corpus, e o ramo norte-americano, mais inclinado para a metodologia introspectiva, qual herança da Gramática Generativa. Na verdade, algumas das principais figuras e fundadores da Linguística Cognitiva, como os norte-americanos Ronald Langacker e Leonard Talmy, aderem, se não na teoria pelo menos na prática, ao método tradicional da introspecção; e Talmy (2007) defende explicitamente este método.

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de ocorrências e depois analisar essas ocorrências de modo predominantemente intuitivo. É de facto este o procedimento da maior parte dos estudos que se dizem baseados num corpus. É preciso fazer análise estatística, desenvolver e utilizar métodos de análise quantitativa e multivariacional. Exemplos de análises de corpus com apreciável sofisticação quantitativa e estatística dentro da Linguística Cognitiva são, entre outros, os de Geeraerts, Grondelaers & Speelman (1999), Grondelaers, Speelman & Geeraerts (2002), Speelman, Grondelaers & Geeraerts (2003), Grondelaers, Geeraerts & Speelman (2007), Silva (no prelo), Gries (2003), Stefanowitsch (2003), Stefanowitsch & Gries (2003, 2005).2

Por outro lado, a análise de corpus nem é automática nem está arredada da tarefa hermenêutica. Quer isto dizer que é preciso fazer o trabalho de operacionalização das

hipóteses, isto é, formular hipóteses que sejam empiricamente testáveis, confrontar as

hipóteses com os dados empíricos, refinar gradualmente as hipóteses confrontando-as repetidamente com os dados empíricos. Assim, e contrariando um equívoco generalizado, a investigação empírica não implica abandonar a teoria em favor de uma investigação puramente descritiva, mas antes testá-la e refiná-la.

E estes dois grupos de investigação, quer o de Lovaina liderado por Dirk Geeraerts, que tem implementado corpora bastante extensos e técnicas quantitativas avançadas, quer o de Stefan Gries e Anatol Stefanowitsch, autores da chamada “collostructional analysis”, têm aplicado estes métodos na análise da variação linguística. Efectivamente, são necessárias técnicas quantitativas multivariacionais, como as análises de regressão, para analisar as correlações entre as variáveis conceptuais, estruturais e sociovariacionais dos fenómenos linguísticos, bem como entre as variáveis lexicais e gramaticais.

4. O que é a sociolinguística cognitiva?

Finalmente, a questão central de saber o que há de específico na emergente Sociolinguística Cognitiva e que contributo pode ela oferecer à investigação sociolinguística em geral. Num plano mais geral, podemos apontar três aspectos. Em primeiro lugar, a própria perspectiva cognitiva dos fenómenos variacionais;

2 Mas trabalhos como estes, bem como estudos linguísticos que utilizam métodos experimentais

avançados são ainda uma minoria. Ver o estado dar arte em Tummers, Heylen & Geeraerts (2005), Gries & Stefanowitsch (2006) e Heylen, Tummers & Geeraerts (2008), para a análise de corpus em Linguística Cognitiva, e Gonzalez-Marquez et al. (2007), para estes e outros métodos empíricos.

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concretamente, a aplicação de modelos cognitivos descritivos no estudo da variação linguística. Por exemplo, a abordagem da variação fonética pela teoria do protótipo (Kristiansen 2003, 2006), da variação diafásica em termos do conceito de Langacker (1993) de ponto de referência conceptual (Kristiansen 2008) ou a utilização de metáforas conceptuais e modelos culturais na identificação de atitudes linguísticas (Geeraerts 2003b). A Sociolinguística Cognitiva serve assim para “dar luz nova a velhos problemas”. Em segundo lugar, a exploração da cognição social, particularmente, a elucidação da interacção dialéctica entre o nível individual cognitivo e o lado social das normas colectivas. Finalmente, mas não menos importante, o desenvolvimento de métodos quantitativos baseados em corpora e de métodos de análise multivariacional da confluência de factores conceptuais, estruturais e variacionais dos fenómenos linguísticos.

A nível mais específico, podem identificar-se três principais domínios de investigação em Sociolinguística Cognitiva: (i) a variação intralinguística, (ii) a variação interlinguística e (iii) modelos cognitivos culturais e ideologias. O primeiro é o domínio central e é o de estudo mais recente no enquadramento da Linguística Cognitiva. Os restantes dois estão presentes em algumas linhas de investigação em Linguística Cognitiva desde o seu início, sendo agora reintegrados na nova área.

O objecto principal da Sociolinguística Cognitiva é obviamente a variação dentro de uma língua ou, por outras palavras, a variação lectal em todas as suas formas e dimensões. A investigação sócio-cognitiva da variação lectal procura saber como e até que ponto o uso de uma língua em diferentes regiões e em diferentes grupos sociais é determinado por diferentes conceptualizações, diferentes preferências lexicais e gramaticais e diferenças na saliência de conotações particulares. Da agenda da Sociolinguística Cognitiva fazem parte os seguintes tópicos e questões de investigação (cf. Kristiansen & Dirven eds. 2008, Silva & Kristiansen 2009):

• variação lectal, cultura e cognição: diferenças linguísticas locais e nacionais reflectem diferenças culturais? Até que ponto essas diferenças se correlacionam com diferenças cognitivas?

• variação lectal e conhecimento da linguagem: como é que a variação lectal afecta a ocorrência dos fenómenos linguísticos?

• representação cognitiva ou percepção e avaliação da variação lectal: como é que os falantes percebem variedades lectais e como é que as avaliam? Que modelos

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cognitivos e culturais utilizam para categorizar diferenças lectais e para as avaliar? Como se manifestam as atitudes de purismo e de independentismo linguísticos e que consequências têm no desenvolvimento das variedades lectais, em particular das variedades nacionais? Quais os efeitos da propaganda linguística e da globalização no desenvolvimento de variedades linguísticas? • distâncias linguísticas objectivas e subjectivas: que correlação há entre

distâncias linguísticas objectivas, distâncias percebidas e atitudes linguísticas? Até que ponto factores perceptivos e atitudinais influenciam a mudança linguística?

• medir distâncias linguísticas: como medir variação e mudança linguísticas? Como medir e parameterizar convergência e divergência diacrónica entre variedades linguísticas? Como medir a distância sincrónica entre estratos linguísticos?

• inteligibilidade mútua entre variedades lectais: até que ponto é que as distâncias linguísticas objectivas e as atitudes linguísticas influenciam a inteligibilidade? • correlações entre variáveis: até que ponto se correlacionam variáveis lexicais,

variáveis gramaticais e variáveis fonológicas na convergência/divergência, na estratificação e na subestandardização de variedades lectais?

A Sociolinguística Cognitiva ocupa-se naturalmente também da variação interlinguística. Esta tem sido estudada na perspectiva cognitiva (e cognitivo-funcionalista) de três pontos de vista: (i) diacrónico, com a extensa investigação sobre gramaticalização, mudança semântica e mudança fonológica (por ex., Hopper & Traugott 1993 e Traugott & Dasher 2002); (ii) tipológico e antropológico, incluindo os estudos referidos no parágrafo seguinte e outros trabalhos como os de M. Bowerman, S. Levinson e D. Slobin sobre diferenças interlinguísticas; e (iii) psicolinguístico, sobre a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, destacando-se o estudo de Tomasello (2003).

Finalmente, a Sociolinguística Cognitiva está também interessada em estudar as diversas relações conceptuais entre linguagem e cultura, mais especificamente, o que desde os trabalhos de antropologia cognitiva e linguística cognitiva reunidos por Holland & Quinn (1987) até estudos mais recentes como os coligidos por Dirven, Frank & Pütz (2003) se designa por modelos cognitivos culturais, isto é, representações

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individualmente idealizadas e interindividualmente partilhadas sobre realidades como o casamento, as emoções, a mente, a linguagem, o género e as raças, os astros, normas sociais e jurídicas. A investigação sobre estes e outros aspectos da variação cultural, incluindo os estudos sobre a especificidade cultural da metáfora conceptual (Lakoff 1993, Kövecses 2005), constitui o que no seio da Linguística Cognitiva também se designa como linguística cultural (cf. Palmer 1996 e a síntese de Dirven, Wolf & Polzenhagen 2007). Do ponto de vista sociolinguístico, são particularmente relevantes os estudos sobre modelos cognitivos culturais subjacentes a atitudes linguísticas em relação a línguas globais ou locais e ao uso de línguas estrangeiras e subjacentes também a políticas de língua. A tudo isto devem ainda juntar-se os estudos sobre as relações entre linguagem e ideologias, particularmente políticas e sócio-económicas, que estão na base de sistemas institucionais que governam e dominam a sociedade. Neste aspecto, a Sociolinguística Cognitiva vem dar continuidade aos estudos de Linguística Cognitiva sobre ideologias (ver a síntese de Dirven, Polzenhagen & Wolf 2007), como os de Lakoff (1996) sobre ideologias políticas e os mais recentes reunidos em Dirven, Hawkins & Sandikcioglu (2001) e Dirven, Frank & Ilie (2001).

5. Um exemplo de sociolinguística cognitiva do português

Desenvolvemos um projecto de investigação centrado na questão diacrónica de saber se o português europeu (PE) e o português brasileiro (PB) se encontram num processo de convergência ou divergência nos últimos 60 anos (Silva, 2006a, 2008a, b, no prelo). Secundariamente, o projecto pretende também responder à questão sincrónica da estratificação estilística, para saber se a distância entre registos formal e informal é idêntica nas duas variedades nacionais. A primeira fase do projecto ocupou-se da área do léxico. Pretendemos estendê-lo agora ao domínio da gramática. Entre outras questões de investigação mais específicas, estão as seguintes: (i) que parâmetros linguísticos internos influenciam a tendência convergente ou divergente global; (ii) como e até que ponto variáveis lexicais e variáveis gramaticais se correlacionam na convergência/divergência e na estratificação das duas variedades nacionais; (iii) como é que os falantes percebem e avaliam as duas variedades nacionais, que modelos cognitivos e culturais utilizam na conceptualização e avaliação das diferenças linguísticas nacionais, até que ponto factores perceptivos e atitudinais, em particular

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atitudes independentistas (cf. a questão da “língua brasileira”) e puristas (cf. o mito de que “brasileiro não sabe português”), influenciam o desenvolvimento convergente ou divergente das duas variedades nacionais; e (iv) até que ponto as diferenças linguísticas nacionais reflectem diferenças culturais e se relacionam com diferenças conceptuais.

O projecto utiliza métodos quantitativos baseados em corpus. Está em construção o corpus CONDIVport, actualmente com 4 milhões de palavras do registo formal e 15 milhões de palavras do registo informal, em grande parte disponibilizado pela Linguateca (cf. Silva 2008c). Entre outros métodos sociolectométricos, são utilizados o método onomasiológico e medidas de uniformidade baseadas em perfis onomasiológicos. A variação linguística em análise é a variação onomasiológica que envolve palavras denotacionalmente sinónimas (como avançado, atacante, dianteiro,

ponta-de-lança, isto é, sinónimos referenciais) ou construções denotacionalmente

sinónimas (construções sintácticas funcionalmente equivalentes). Esta forma de variação linguística (distinta da variação onomasiológica que envolve diferenças conceptuais, como entre atacante e jogador) é particularmente relevante do ponto de vista sociolinguístico, na medida em que os sinónimos denotacionais evidenciam diferenças regionais, sociais e estilísticas e são estas diferenças que motivam a própria existência de variedades de uma língua. As medidas de uniformidade calculam a similaridade entre conjuntos de sinónimos denotacionais (ou perfis onomasiológicos) e permitem quantificar convergência e divergência entre as duas variedades nacionais em termos de aumento ou diminuição de uniformidade. Utilizamos ainda a análise de regressão e outras técnicas estatísticas multivariacionais para medir a correlação entre variáveis lexicais e variáveis não-lexicais, entre estas variáveis dependentes e as variáveis independentes estilísticas e ainda entre as variáveis linguísticas e as variáveis perceptivas e atitudinais.

A investigação sociolexicológica já realizada, com base em termos de futebol e de vestuário, mostra que a hipótese da divergência entre PE e PB se confirma no campo lexical do vestuário, mas não no do futebol: os termos de vestuário são mais representativos do vocabulário comum e, por isso, os resultados do vestuário estarão, provavelmente, mais próximos da realidade sociolinguística; a ligeira convergência no campo do futebol terá sido um efeito da globalização e da estandardização do vocabulário do futebol. Entre outros resultados, encontrámos bastantes diferenças entre as duas variedades nacionais, nenhuma orientação específica de uma variedade em

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direcção à outra, e ainda maiores mudanças ao longo do tempo e maior distância estratificacional no PB.

Como extensão actual mais significativa, pretendemos passar das palavras de conteúdo para as palavras funcionais, designadamente preposições, e para as construções sintácticas. Os perfis preposicionais a analisar são restringidos ao mesmo contexto sintagmático, como falar de/sobre/acerca de/em ou ansioso de/para/por. Os perfis sintácticos incluem (i) construções transitivas e intransitivas e a hipótese da diminuição de transitividade no PB (p.ex. Esse trem já perdeu), (ii) construções de se e outras construções de voz e a hipótese da diminuição do marcador médio se no PB, (iii) construções de elevação e a hipótese da sua difusão no PB, (iv) construções completivas e adverbiais finitas vs. infinitivas, (v) construções causativas sintéticas/analíticas e as inovações sintéticas no PB, (vi) selecção de modo e a hipótese de que o valor-de-verdade da proposição é o factor determinante no PB, (vii) construções temporais e aspectuais, e (viii) padrões alternativos de ordem de palavras.

Uma hipótese sociolinguisticamente relevante é a de que as construções sintácticas e as palavras funcionais se comportam, em termos de variação linguística, diferentemente de outras formas. A questão fundamental tem a ver com a consciência e a atenção: é bem conhecido na investigação sobre variação linguística que as diferenças sintácticas são geralmente menos apreensíveis e evidentes do que as diferenças fonéticas ou as diferenças lexicais. Tendo em conta esta distinção atencional entre léxico (mais consciência) e gramática (menos consciência) e os resultados da nossa investigação anterior, a nossa hipótese é a de (maior) divergência: as palavras funcionais e as construções sintácticas divergirão mais do que as palavras de conteúdo.

6. Conclusão

O surgimento da Sociolinguística Cognitiva tem um significado duplo. Por um lado, e mais directamente, instaura a área de investigação das dimensões sócio-cognitivas da variação linguística através de métodos empíricos sólidos, propiciando assim um diálogo interdisciplinar entre sociolinguistas e linguistas que trabalham no enquadramento da Linguística Cognitiva. Aqueles deixarão de associar a expressão

linguística cognitiva à primeira geração de cognitivismo linguístico, isto é, à linguística

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aspectos sociais da variação linguística. Estes poderão integrar a variação social na perspectiva cognitiva e investigar as diferentes conceptualizações associadas às diferentes variedades regionais e sociais de uma língua.

Por outro lado, a Sociolinguística Cognitiva vem contribuir para, e citando a expressão de Croft (2009), uma Linguística Cognitiva social. Ela vem resolver as tensões temáticas e metodológicas, existentes no seio da Linguística Cognitiva, entre o ‘cognitivo’ e o ‘social’ e o ‘cognitivo’ e o ‘empírico’. Ela vem mostrar que as capacidades cognitivas linguísticas se constroem e existem em função da interacção social. Ela poderá, em suma, contribuir para responder ao grande desafio de saber como é que especificamente interagem os dois tipos de factores da cognição e da linguagem: os factores individuais, neurofisiológicos e universais, de um lado, e os factores interindividuais, sócio-culturais e variacionais, do outro.

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