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Acidentes de trabalho

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Academic year: 2021

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MARIANA VIEIRA APÓSTOLO

ACIDENTES DE TRABALHO: OS SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR GERENTES VAREJISTAS DO RAMO SUPERMERCADISTA.

Palhoça 2008

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MARIANA VIEIRA APÓSTOLO

ACIDENTES DE TRABALHO: OS SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR GERENTES VAREJISTAS DO RAMO SUPERMERCADISTA.

Orientadora: Prof Msc. Michelle Regina da Natividade.

Palhoça 2008

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Psicologia, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito para obtenção do título de Psicólogo.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a minha avó Osmarina por seu carinho e seu amor dedicados a mim e pela oportunidade de realizar o meu sonho, que é estar concluindo a faculdade e em breve ser Psicóloga.

Aos meus pais por tanto amor e incentivo, para trilhar este caminho tão tempestuoso e por me ensinarem a nunca desistir dos meus sonhos. Te agradeço mãe por toda a sua dedicação e seu colinho sempre disponível para os meus momentos de angústia. Te agradeço pai por suas sábias palavras, sempre ditas nos momentos oportunos.

Ao meu noivo Leandro, companheiro desde o início desta caminhada, por me auxiliar e me compreender nesses últimos meses loucos. Obrigada por seu amor, carinho, dedicação e ser este companheiro indescritível que acabo não conseguindo colocar em palavras tudo o que eu sinto.

A minha amiga Flávia, que sempre me incentivou e me fez rir em todos os momentos. E mesmo me cobrando para ser mais presente, soube compreender a minha ausência.

Aos meus queridos amigos Raquel Mottin e Filipe Stahelin, por todo esse companheirismo e que assim nos tornamos inseparáveis nesses anos de faculdade, nos momentos de descontração, por partilharmos quase sempre da mesma idéia. E tenho a certeza de que continuaremos sempre juntos e inseparáveis.

As colegas de Orientação Ana Paula Pessenda, Caroline Assink e Raquel Mottin, nos momentos de tensão ser transformados em uma grande descontração.

A professora Michelle Regina da Natividade sempre com muita paciência e dedicação, e que muitas vezes acalmou as aflições de suas alunas com sua amizade.

As professoras membros da banca examinadora Fabiane Silveira Martins e Maria Esther Baibich, pela contribuição acadêmica, o que oportunizou o desenvolvimento da minha pesquisa. A professora Marilda que aceitou o convite de participar da banca examinadora, e que trouxe muitas discussões e orientações.

A Aline, minha chefa e amiga, por toda a flexibilidade de horários que me proporcionou durante todo este ano. E pela confiança depositada em mim, o que me trouxe muito crescimento e desenvolvimento profissional.

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi compreender os sentidos que gerentes varejistas do ramo supermercadista atribuem aos acidentes de trabalho. Para responder este objetivo é necessário compreender os acidentes de trabalho para os gerentes; caracterizar os acidentes de trabalho que ocorrem nesses supermercados; analisar as providências desenvolvidas quando ocorre um acidente; avaliar as conseqüências dos acidentes de trabalho e identificar os recursos utilizados para a prevenção dos acidentes de trabalho. Esta pesquisa torna-se relevante, na medida em que não são encontrados estudos relacionados aos sentidos atribuídos por gerentes aos acidentes de trabalho. Para que os objetivos desta pesquisa fossem alcançados foram entrevistados cinco gerentes de lojas de supermercados. A pesquisa é classificada como exploratória, de natureza qualitativa e tem como delineamento o estudo de caso, e utiliza para a coleta de dados a entrevista semi-estruturada. Os dados coletados foram primeiramente transcritos e realizado a análise de conteúdo. A partir disto, os dados foram divididos por eixos temáticos, para então ser realizado o processo de análise. Ao fim deste processo constatou-se que o sentido de acidente de trabalho mais recorrente na fala dos entrevistados, foi o de descuido, ou seja, o acidente de trabalho sendo considerado como um ato inseguro. Mas também alguns entrevistados consideram que os acidentes de trabalho são desencadeados por falhas da empresas, por não ter condições adequadas de trabalho, o que coloca em risco a saúde do trabalhador. Os tipos de acidentes de trabalho e o perfil dos trabalhadores acidentados recorrentes nas falas dos entrevistados estão relacionados prioritariamente aos cortes no açougue. Mas o tempo do afastamento, a freqüência com que ocorrem, a faixa etária desses trabalhadores dependerá de caso para caso, não sendo possível determinar com precisão estas ocorrências. Mas para que sejam diminuídas estas ocorrências são desenvolvidas muitas providências tanto pela empresa quanto pelos gerentes, enquanto responsáveis pelo local de trabalho. Dentre elas vale ressaltar a assistência médica ao trabalhador acidentado e a manutenção no local onde ocorreu o acidente de trabalho. As conseqüências dos acidentes de trabalho para empresa estão diretamente relacionadas com os gastos e as despesas financeiras pelas novas contratações, e para o trabalhador acidentado são as conseqüências físicas. Desta maneira, são considerados acidentes de trabalho pela maioria dos entrevistados somente aqueles que causam ao trabalhador uma conseqüência física, ou seja, uma incapacidade permanente. Atribuindo aos acidentes que ocasionam uma incapacidade temporária, como ocorrências do dia-dia, e em algumas situações acabam por não considerar como acidentes de trabalho. Diante de todos estes aspectos, são desenvolvidas ações que visam à prevenção dos acidentes e a promoção a saúde do trabalhador como as ações propostas pela CIPA e pelo SESMT, além dos acompanhamentos realizados por funcionários que tem mais experiência com o trabalhador que está em período de experiência. Com base na análise dos dados coletados e vinculações com as discussões teóricas, considera-se que para reduzir os números de acidentes de trabalho, é necessário trabalhar com a conscientização da importância da prevenção, tanto com os trabalhadores como também os gerentes.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 6 1.1PROBLEMÁTICA ... 6 1.2 OBJETIVOS ... 9 1.2.1 OBJETIVO GERAL ... 9 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 9 1.3 JUSTIFICATIVA ... 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 14 2.1 O TRABALHO ... 14 2.1.2 Transformações do Trabalho ... 15 2.2 ACIDENTES DE TRABALHO ... 17

2.3 ATUAÇÕES EM SAÚDE DO TRABALHADOR ... 21

2.3.1 Responsabilidades dos Gerentes ... 24

3 MÉTODO ... 29

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 29

3.2 POPULAÇÃO E PARTICIPANTES DA PESQUISA ... 30

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ... 31

3.4 PROCEDIMENTOS ... 31

3.4.1 De seleção dos participantes e das organizações ... 31

3.4.2 Estudo piloto ... 32

3.4.3 De contato com os participantes ... 33

3.4.4 De coleta e registro dos dados ... 33

3.4.5 Análise dos dados ... 33

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ... 35

4.1 CONCEPÇÃO DOS GERENTES SOBRE OS ACIDENTES DE TRABALHO ... 35

4.1.1 Conceituação dos acidentes de trabalho ... 35

4.1.2 Motivos que levam a ocorrer os acidentes de trabalho ... 39

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO QUE OCORREM NESSES SUPERMERCADOS ... 43

4.2.1 Tipos de acidentes de trabalho... 43

4.2.2 Frequencia que ocorrem os acidentes de trabalho ... 49

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4.2.4 Perfil do trabalhador acidentado ... 52

4.3 PROVIDÊNCIAS DESENVOLVIDAS QUANDO OCORRE OS ACIDENTES DE TRBALHO ... 59

4.3.1 Providências desenvolvidas pelos gerentes ... 59

4.3.2 Providências desenvolvidas pelas empresas ... 64

4.4 CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO... 68

4.4.1 Consequências dos acidentes de trabalho para a empresa ... 68

4.4.2 Consequências dos acidentes de trabalho para o trabalhador ... 71

4.5 AÇÕES DE PREVENÇÕES DE ACIDENTES DE TRABALHO ... 75

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 79

REFERÊNCIAS ... 83

APÊNDICES ... 91

APÊNDICE A - Roteiro de Entrevista ... 92

APÊNDICE B - Tabela de Relação entre os objetivos específicos e perguntas do roteiro de entrevista ...93

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com a grade curricular do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina -UNISUL, a partir da oitava fase, os alunos optam por cursar um dos Núcleos Orientados em Psicologia, sendo: Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano ou o Núcleo Orientado Psicologia e Saúde. Nestes Núcleos Orientados, ocorrem os estágios curriculares obrigatórios, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e aprofundamento teórico.

Ao optar pelo Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano, deve ser realizada pelo acadêmico a escolha de um dos três projetos propostos, sendo estes: Projeto de Identidade Profissional; Projeto Gestão de Pessoas e Projeto Saúde do Trabalhador.

Esta pesquisa está vinculada ao Projeto Saúde do Trabalhador que tem como objetivo a promoção de saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, no seu ambiente de trabalho.

A pesquisa tem como objetivo compreender os sentidos dos acidentes de trabalho para gerentes de lojas supermercadistas e está estruturado em cinco capítulos. O primeiro é formado pela introdução, a problemática, a pergunta de pesquisa, os objetivos e a justificativa. No segundo, encontram-se a fundamentação teórica, apresentando o trabalho e as transformações do trabalho, acidentes de trabalho e atuações em saúde do trabalhador e responsabilidade dos gerentes. No terceiro capítulo, é realizada uma descrição da metodologia que foi utilizado no processo de investigação. No quarto capítulo encontra-se a apresentação e a análise dos dados coletados. E por fim, no capítulo cinco encontram-se as considerações finais desta pesquisa.

1.1 PROBLEMÁTICA

Quando as pessoas pensam sobre os seus próprios valores, de maneira geral pensa-se de uma maneira positiva. Afinal, os valores são objetivos que buscamos atingir. Os valores quando adequados que cada pessoa tem influência no comportamento de maneira positiva, pois possibilitam direção e sentido ao trabalho que é realizado. Os valores claros nas empresas são de extrema importância, porque evitam o adoecimento do trabalhador. Quando o trabalho é realizado em harmonia com os valores e com as capacidades do trabalhador, este se

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encontra mais comprometido e menos propício ao adoecimento (MASLACH e LEITER, 1999).

Mas quando os valores não são claros e ocorrem as divergências entre as expectativas e necessidades do trabalhador e as cobranças e exigências vivenciadas no ambiente de trabalho, ocasionam um distanciamento entre as partes, trazendo dificuldades dentro das empresas. Para o trabalhador acarreta em sofrimento e prejuízos, através da sobrecarga ocasionando uma exaustão e minando a eficiência, a saúde e o bem – estar; o excesso de trabalho em conseqüência das poucas contratações; as remunerações insuficientes mesmo quando há mais trabalho; e o individualismo pela perda da segurança na empresa. E para a empresa, alta rotatividade, absenteísmo, a ausência do trabalhador, uma nova recontratação, entre outros aspectos (MASLACH e LEITER, 1999).

No ambiente de trabalho, com prazos a serem cumpridos, várias tarefas a serem realizadas ao mesmo tempo, a maioria dos trabalhadores nas empresas em que trabalham encontram-se sob pressão. Segundo Schmidt (2006), no ambiente do trabalho é quase impossível não existir pressão. Há muitas maneiras dessas pressões serem realizadas, deste modo temos: a pressão da produtividade, que está relacionada com as metas, o prazo; pressão hierárquica, que se estabelece entre chefias e subordinados; pressão em realizar tarefas que o trabalhador não considera interessante; pressão pela falta de qualificação, quando há a existência de desvio de função e também a pressão normativa que está relacionada, com o cumprimento de padrões de qualidade. A pressão no ambiente de trabalho não é característica de um tipo de empresa, ela está presente em todas, nos diferentes ramos de atividades. Segundo o mesmo autor, a pressão é um dos fatores que põe em risco a saúde física e mental dos trabalhadores, e é um dos aspectos que influenciam os acidentes de trabalho.

Os Acidentes de Trabalho são caracterizados segundo Brasil (2004), conforme a Lei 8.213/ 1991 art. 19, Schmidt (2006) e Mendes (2002), como uma ocorrência em função do trabalho exercido a serviço da empresa. E desta forma, provoca um lesão corporal ou uma perturbação funcional, que pode ser de caráter permanente ou temporário, podendo ocasionar a morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho. As empresas e os seus gerentes para desempenhar suas funções de empregadores, necessitam ter a compreensão acerca do fenômeno acidente de trabalho, para que possam trabalhar com a prevenção, compreendendo que o seu trabalhador pode sofrer essas lesões, doenças e mutilações.

Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2003) ocorrem cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e aproximadamente 2 milhões de mortes por ano pelo mundo. No ano de 2006 foram registrados no Brasil cerca 503 mil acidentes do trabalho. Já

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em Santa Catarina no ano de 2003, foram registrados 25.882 acidentes e 141 mortes, sendo que no ano de 2007 houve um aumento no número de mortes, foram registrados 167. Os acidentes típicos totalizam 80,9% e os acidentes de trajeto 13,1%; as doenças do trabalho representam 6,0%1. (BRASIL, 2006).

Os acidentes de trabalho podem trazer dois tipos de conseqüências ao trabalhador acidentado, a primeira delas está relacionada com as incapacidades temporárias com menos e com mais de 15 dias correspondendo a 440.124 casos, e a segunda são as incapacidades permanentes correspondendo a 8.383 casos (BRASIL, 2006). Quando o trabalhador sofre um acidente de trabalho, a empresa é responsável pelo pagamento do segurado nos primeiro 15 dias consecutivos ao do afastamento; passando este período o trabalhador é encaminhado à perícia médica da Previdência Social, onde tem o direito de receber o auxílio-doença (BRASIL, 2004). Segundo Pastore (2002), as empresas poderiam realizar um maior investimento para ter um ambiente seguro e confortável de trabalho. De acordo com o mesmo autor, pelos custos após os 15 dias do afastamento ser de responsabilidade da Previdência Social, esse é um motivo pelo baixo investimento por parte das empresas em sistemas de prevenção, e falta de equipamentos de proteção.

Segundo Vilela et al (2004), a compreensão dos acidentes de trabalho no Brasil e no mundo, são decorrentes de falhas dos trabalhadores sendo estas por ações ou omissões, denominados de atos inseguros, culpabilizando o indivíduo. A idéia de ato inseguro em muitos casos torna-se um modelo adequado para o empregador, tornando-o impune pelo acidente ocorrido. A partir disso, ele é isento de qualquer problema que ocorre, sendo a falha caracterizada como responsabilidade do trabalhador, seja esta por distração, negligência, imprudência ou uma irresponsabilidade.

Mas também se deve levar em consideração que muitas empresas oferecem o material e treinamento de procedimentos seguros, mas os trabalhadores não utilizam, pois alegam sentir calor, incômodo com o seu equipamento de proteção. Quando ocorre um acidente de trabalho por falta desses equipamentos de proteção que o trabalhador está deixando de usar, a empresa assume a responsabilidade do acidente, já que a lei protege o trabalhador. E é ela quem tem responsabilidade em conscientizar sobre o uso, quem deve fiscalizar e cobrar seu uso, podendo até demitir o trabalhador por justa causa caso ele não utilize os equipamentos de proteção.

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Segundo Santana et al. (2006), são necessárias medidas de prevenção de acidentes de trabalho, para não se perderem mais vidas e pessoas não fiquem incapazes de trabalhar. Para isto, dentro das empresas devem existir as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA), a qual tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças do trabalho; promoção e preservação a saúde do trabalhador. A CIPA passou a existir após um decreto da Presidência da República no ano de 1944, por uma recomendação da OIT. Nessas comissões são discutidas e solucionadas questões de segurança e saúde no trabalho. Ela deve ser composta por representantes das empresas e dos trabalhadores (BRASIL, 2005).

Atualmente com o crescente número de comércio de varejo, mais especificamente no ramo de supermercados, comércio este que representa 85% do abastecimento interno de alimentos e de produtos de higiene de limpeza, por este ramo de atividade predominar o número de vendas e com a presença de novas tecnologias, os gerentes precisam estar atentos a saúde do trabalhador (BRASIL, 2006). Evitando a sobrecarga de trabalho dos trabalhadores com mais contratações; redução de jornadas de trabalho, porque estes têm apenas uma folga na semana e trabalham aos finais de semana e feriados; e fiscalizando se há o uso correto do equipamento de trabalho. Além disso, os trabalhadores dos supermercados possuem salários baixos, é um setor carente de mão de obra qualificada e requer do trabalhador o contato direto e imediato com o público, todos esses fatores são desencadeantes para a ocorrência dos acidentes de trabalho.

A partir da discussão sobre saúde do trabalhador, acidentes de trabalho, suas causas e conseqüências surgem os questionamentos que dão origem ao problema de pesquisa: Quais

os sentidos que gerentes varejistas do ramo supermercadista atribuem para os acidentes de trabalho?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Compreender os sentidos que gerentes varejistas do ramo supermercadista atribuem para os acidentes de trabalho.

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 Verificar a concepção dos gerentes de loja sobre os acidentes de trabalho.  Caracterizar os acidentes de trabalho que acontecem nas lojas em que esses

gerentes trabalham.

 Analisar as providências desenvolvidas nas empresas diante dos acidentes de trabalho.

 Avaliar as conseqüências dos acidentes de trabalho para a empresa e para o trabalhador.

 Identificar os recursos utilizados para a prevenção de acidentes de trabalho.

1.3 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos no Brasil vêm sendo realizadas pesquisas relacionadas aos acidentes de trabalho, apresentando estatísticas dessas fatalidades, como também os fatores desencadeantes (SANTANA et al, 2005). Ao fazer a revisão de literatura em base de dados como scielo, bireme, bvspsi, localizou-se artigos relacionados a política de saúde do trabalhador (GOMEZ e MACHADO,1994; GOMEZ e COSTA,1997); acidentes de trabalho (ALVES e OSÓRIO, 2005); satisfação e sofrimento no trabalho (MARTINEZ e PARAGUAY, 2003); intervenção do psicólogo (AZEVEDO e CRUZ, 2006) entre outros autores que abordam essas temáticas.

Também foi realizada uma revisão nos trabalhos de conclusão do curso de Psicologia da UNISUL, e foram localizados dois trabalhos vinculados ao tema desta pesquisa: um referente a acidentes de trabalho (FRANK, 2008) e o outro relacionado a proposta de intervenção terapêutica com operadores de caixa de um supermercado (QUADROS, 2006).

No entanto não foram localizados nestas revisões bibliográficas vinculação entre os temas acidentes de trabalho, os sentidos para os gerentes. Então por isso a importância de realização desta pesquisa, por ser um tema que ainda não teve pesquisas publicadas.

Nos sites da Previdência Social e Ministério do Trabalho e Emprego é possível ter acesso às estatísticas atualizadas dos números de acidentes que são registrados anualmente. Apesar da letalidade dos acidentes de trabalho registrados no Brasil, quando estes são comparados a países como: Indonésia, Marrocos, Coréia do Sul, Turquia e Venezuela, a estatística brasileira é baixa. Países considerados de primeiro mundo apresentam índices maiores que o Brasil, como os EUA e Alemanha; no que diz respeito à taxa de incidência a Alemanha está em primeiro lugar (MACHADO e GÓMEZ, 1994). Mas estes resultados ainda

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assim necessitam de um desenvolvimento, já que há muito a ser investido na saúde do trabalhador, como políticas de saúde pública, condições de trabalhos que não sejam precárias (SANTANA et al, 2005). Além disso, estas estatísticas estão representando aos trabalhadores formais, tendo em vista eu há muitos trabalhadores informais no Brasil.

Os acidentes de trabalho anualmente causam um prejuízo aos cofres públicos em média de R$ 32 bilhões de reais (BRASIL, 2007). Em relação a relevância social, os valores desses gastos poderiam ser investidos em outras áreas como a saúde pública e a educação. Mas para que esses números diminuam é necessário um investimento das empresas e um compromisso de cobrança por parte dos gerentes, já que estes também são prejudicados quando um de seus trabalhadores sofre um acidente de trabalho, por ter uma interrupção da produção, treinamento para a substituição do trabalhador acidentado, despesas administrativas entre outros danos. Também, é necessário que as empresas que não se comprometem, possam então assumir os danos causados a saúde do trabalhador, por disponibilizarem condições de trabalho inadequado para o desempenho da atividade diária (OLIVEIRA e VASCONCELLOS, 1992). As empresas devem oferecer condições de trabalhos adequadas como: ambiente limpo; proteção ao utilizar máquinas e ferramentas; manutenção do ambiente e das máquinas, fatores esses que podem diminuir os riscos de ocorrerem acidentes de trabalho.

Entretanto, os acidentes de trabalho ocasionam ao trabalhador sofrimento que pode estar relacionado à dor física, que vai variar de um trabalhador para outro de acordo com a lesão ocorrida. Como também as implicações psicológicas, como o medo e a insegurança de voltar a trabalhar futuramente por considerar que não conseguirá mais executar a tarefa já que houve um prejuízo anteriormente; o sentimento de incapacidade por estar afastado; o medo de ser substituído na tarefa que antes desempenhava; e também um prejuízo nas suas redes de relações, já que estará longe dos amigos da empresa que convive todos os dias. Ocorrem também na vida do acidentado danos para a sua família, já que a renda diminui; há uma mobilização da família para quem irá cuidar do acidentado, modificando a rotina dos familiares. Já os trabalhadores que não tem a quem recorrer, acabam adaptando-se sozinhos a essas novas modificações, e isso, às vezes podem prejudicar mais ainda o estado em que se encontram, por terem que se esforçar (CAMARGO et al, 2004).

Desta maneira, os trabalhadores dos supermercados sofrem riscos constantes, em relação a ocorrência de acidentes de trabalho, devido ao exercício repetitivo que exige rapidez e agilidade; por constantes trocas de ar quente e frio para trabalhadores da câmara fria; atividades com facas e outros objetos cortantes; entre outros aspectos que envolvem as

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atividades diárias deste comércio. Além disso, esses trabalhadores possuem jornada de trabalho estendida, já que os mesmos trabalham aos finais de semana e feriados. Estes fatores dão subsídios para o desencadeamento de um desgaste físico e mental, facilitando a ocorrência de acidentes de trabalho (QUADROS, 2006).

Desta forma, é necessária a conscientização por parte dos gerentes, porque estes de acordo com Block (1991) têm o controle direto do local dos quais gerenciam. Desta maneira ao gerenciar um supermercado, são os responsáveis de oferecer proteção e prevenção aos trabalhadores, e ocorrendo isto, nenhum dos lados fica em desvantagens, ou seja, a empresa sem o seu trabalhador e o trabalhador executando sua atividade com saúde e segurança. Para que as empresas possam valorizar o que as move, ou seja, os seus trabalhadores. Obtendo um local seguro e saudável de trabalho, é possível para os trabalhadores sentirem-se motivados com o seu trabalho, e assim rendem mais e com mais satisfação em exercer a função. Além disso, ficam mais atentos, dispostos e comprometidos com o trabalho. O trabalho das empresas deve ser em compreender as especificidades das áreas de trabalho, levantar as possibilidades de acidentes, evitando no futuro outras fatalidades, criando estratégias de combate aos acidentes de trabalho.

Para a Psicologia, segundo Azevedo e Cruz (2006), não é possível pensar o trabalho deslocado da ação humana, já que seu objeto de estudo está relacionado com os fenômenos psicológicos presentes nas atividades de trabalho. Para Coelho (2005), o psicólogo inserido em uma empresa pode oferecer uma série de contribuições para a redução dos acidentes, já que sua tarefa está voltada para a humanização do trabalho, a valorização do trabalhador, colaborando na aplicação do conhecimento científico no que diz respeito a prevenção de acidentes de trabalho. Como conseqüência, as prevenções reduzem gastos para a empresa no que se refere as indenizações, há o aumento da produtividade, e o mais importante, ao serem realizadas mudanças no ambiente físico, social, os trabalhadores tem a satisfação elevada, preservando a qualidade de vida no trabalho. Por isso a importância da realização dessa pesquisa, compreendendo os sentidos dos acidentes de trabalho para os gerentes é possível estabelecer uma relação de humanização entre os gerentes e os trabalhadores, e a partir desta conscientização, sensibilizar sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho.

A prevenção de acidentes, de acordo Coelho (2005), é um trabalho multidisciplinar que deve ser realizado em conjunto nas empresas, o psicólogo promovendo ações de qualidade de vida; o médico do trabalho realizando consultas e exames periódicos; o técnico de segurança do trabalho avaliando as condições e estruturas da empresa; os gerentes exigindo da empresa o investimento nessas ações. Abordar sobre Segurança no Trabalho é relacionar a

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integridade física, mental e emocional do ser humano, não somente no que diz respeito aos acidentes de trabalho, mas questões como: relação homem-máquina, riscos físicos, químicos e biológicos, assim como estratégias de prevenção.

Para ter segurança no trabalho, de acordo com Oliveira (2003), é importante dentro das empresas existir um programa de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), e para que este ocorra com sucesso, são necessários três elementos para sustentar as ações do programa, os quais são: os aspectos culturais, como a questão é tratada dentro da empresa por todos os profissionais; os conteúdos técnicos, que são as ferramentas utilizadas para identificar e controlar os riscos, e por fim os aspectos ligados aos resultados. Dentre esses elementos, de acordo com mesmo autor, o mais significativo são os aspectos culturais, pois estes que vão viabilizar ou inibir o sucesso do programa. Isto significa que se não houver uma equipe integrada, compromissada e envolvida nas ações, os resultados serão limitados. A equipe formada pelos gerentes é a que mais determina esses resultados, porque a correção dos riscos do trabalho vai depender da autorização da mesma (OLIVEIRA, 2003).

Deste modo, compreende-se que os gerentes são os responsáveis para viabilizar as transformações dentro das empresas, depende da autorização e consentimento deles para que essas ações voltadas a saúde do trabalhador sejam colocadas em prática (OLIVEIRA, 2003). Os gerentes sendo responsáveis pela loja nos quais trabalham, tendo o poder de decisão, é também quem fará o contato direto com a administração da empresa, trazendo as dificuldades e as prioridades encontradas no dia-a-dia dos trabalhadores. Sendo este omisso em algum aspecto, como representante e responsável da loja, o mesmo que responderá caso ocorram alguma situação de ordem negativa, como por exemplo, acidentes de trabalho.

Portanto, o presente trabalho trará subsídios para novas possibilidades de atuação em saúde do trabalhador, por intermédio das informações sobre as condições de trabalho e o investimento em condições seguras e adequadas de ambiente de trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O TRABALHO

O trabalho no seu sentido genérico pode ser compreendido, com a finalidade de ser realizado para satisfazer às necessidades do homem, como a fome, a sede entre outras. O trabalho realiza-se através da interação entre os homens ou entre os homens e a natureza. O trabalho e a sua significação estarão de acordo com as condições sócio-históricas em que cada pessoa vive. Os tipos de trabalhos desenvolvidos vão variar de acordo com o acesso que cada cultura tem a tecnologia, aos recursos naturais e ao domínio do saber fazer (BORGES e YAMAMOTO, 2004).

De acordo com Aranha (2000), o homem se faz pelo trabalho, ou seja, ao mesmo tempo em que produz coisas, torna-se humano, constrói a própria subjetividade. A partir disso é possível dizer que o homem transforma a natureza pelo trabalho, aprendendo e repassando com as gerações, inovando e atualizando as técnicas que são utilizadas. O trabalho torna-se condição de humanização e liberdade à medida que ocorrem mudanças no jeito de ser, de pensar e agir de cada homem e de cada tradição. É pelo trabalho que o homem consegue realizar seus projetos e desejos no mundo, ao mesmo tempo em que se torna humano.

Ao contrário dos animais, o homem tem antes uma idéia do que irá realizar, e a partir do momento que começa a colocar em prática, tem o poder de tomar decisões sobre mudanças de projetos do que está sendo realizado. Assim como Aranha (2000), Stein (1990) compactua da mesma definição sobre o trabalho, acrescentando que os animais realizam suas atividades por instinto, já os homens têm a consciência e a intencionalidade no que fazem. É o que distingue o trabalho humano do trabalho realizado por animais, embora o que movimenta os dois é a busca de suprir suas necessidades.

O trabalho, de acordo com Borsoi (2007), pode ser um fator desencadeador, determinante ou constituinte, para o sofrimento que muitas vezes o trabalhador é acometido. Muitas vezes é um limitador, quando ocasiona o impedimento de trabalhar.

A organização do trabalho passou por transformações no decorrer da história, a seguir serão vistas algumas transformações e a situação do trabalhador diante destas.

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2.1.2 Transformações do Trabalho

Na história da humanidade, nas civilizações da antiguidade como a egípcia, a grega e a romana, segundo Costa (2003), as informações relativas à saúde/doença e o trabalho apesar de serem poucas, já eram encontrados registros sobre esses ocorridos. Essas poucas informações justificam-se pelo fato dos trabalhos que envolviam riscos na antiguidade serem desempenhados por escravos. Mas de acordo com o mesmo autor, há inúmeros escritos que registram o quanto era comum as deformações físicas e outras seqüelas, que provinham de abusos praticados pelos empregadores.

De acordo com Aranha (2000), o trabalho passa por modificações no decorrer do desenvolvimento das civilizações. Até a idade média possuir riquezas significava ter posses de terra. A partir dos séculos XVI e XVII as atividades mercantis e manufatureiras tiveram um grande desenvolvimento, e possuir riquezas a partir de então estava relacionado a ter a posse do capital.

Com essas transformações, ocorre o desenvolvimento da ciência e da técnica para a ampliação das indústrias. A Revolução Industrial foi o marco na organização e na forma de desenvolver os trabalhos, pela inovação tecnológica onde a máquina foi substituindo as tarefas antes desempenhadas por homens. A economia capitalista tem o seu auge na revolução Industrial. Segundo Aranha (2000), o trabalho passa a assumir além de um valor de uso, com o capitalismo passa a ter um valor de troca. Se antes tudo que o homem produzia era necessário para a existência humana, o produto do trabalho era chamado de valor de uso. A partir de então, a lógica do mercado passa a ser outra, após a existência de um salário o homem passa a vender sua força de trabalho, assumindo um valor de troca, sendo assim o trabalho também se transforma em mercadoria.

Dentre os impactos sociais ocorridos durante a Revolução Industrial, são de grande relevância os que atingiram a saúde dos trabalhadores. Segundo Hunter (1974 apud MENDES 1996), as condições de trabalho a que estavam expostos esses trabalhadores eram penosas, perigosas, de longas jornadas; os ambientes eram agressivos ao conforto e a saúde, o que contribuiu para que rapidamente fossem desencadeados problemas à saúde dos trabalhadores. Problemas estes como os acidentes graves, mutilantes e fatais e também intoxicações, dentre outras complicações para saúde. As máquinas que existiam nesse período, de acordo com Costa (2003), não ofereciam segurança, por isso os trabalhadores eram tão expostos aos riscos.

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Segundo Borges e Yamamoto (2004), é nesse contexto da Revolução Industrial que é desenvolvido a Administração Científica por Taylor, que propõe a substituição do trabalho por métodos tradicionais que tem origem na experiência, por métodos científicos. De acordo com Bastos e Zanelli (2004), tem como objetivo o estabelecimento entre princípios para orientar as práticas organizacionais e o aumento da produtividade. Taylor propõe então a adoção do método de tempos e movimentos, que tem como objetivo substituir movimentos lentos e desnecessários, por movimentos que sejam mais rápidos. Marochi (2002) complementa essa idéia proposta por Borges e Yamamoto (2004), dizendo que o ritmo dado ao trabalhador variava de acordo com a demanda da produção e do ritmo na esteira.

Com a mesma intenção do aumento da produção, Henry Ford insere a esteira na linha de montagem, que de acordo com Aranha (2000), é o processo de padronização. Esta produção em série, na linha de montagem na fábrica de automóveis, trouxe o parcelamento das atividades, reduzindo os movimentos de cada trabalhador a gestos mínimos, o que aumenta a produção, mas o processo do trabalho torna-se fragmentado. Este processo de trabalho torna-se fragmentado e o trabalhador perde a noção do todo e torna-se um especialista, conhecendo uma parte da produção, apenas a parte que era responsável.

A produção fordista estava no auge no período compreendido entre a Segunda Guerra Mundial até 1973, de acordo Marochi (2002), quando ocorreu a crise do petróleo, e também desencadeou uma crise no sistema produtivo mundial, trazendo modificações em algumas bases econômicas e colocando o Japão em destaque, como potência capitalista mundial.

O Japão estando em destaque com o seu modo de produção foram realizados estudos e análises sobre o que estava sendo desenvolvido nas fábricas, denominando de modelo de alto desempenho, produção enxuta, chamado de toyotismo. A produção toyotista é desenvolvida com outro objetivo, o trabalhador nesse momento deixa de ser reconhecido por sua força física, sendo necessária uma qualificação e experiência (HARVEY 1993 apud MAROCHI, 2002). O trabalhador sendo mais qualificado para desempenhar seu trabalho, na idéia de que é necessário um conhecimento apropriado para a atividade que está realizando, ele precisa sempre estar se especializando no conhecimento que tem. E não há mais a divisão de tarefas, todos conhecem o processo desde o momento que inicia até quando é finalizado, por isso é chamado de trabalhador polivalente.

Segundo Dias (2002), os acontecimentos que transformaram a maneira como o processo de trabalho se estruturaram, foram viabilizadas pelos avanços tecnológicos e por novas formas de organizar e gerir o trabalho. O que possibilitou mudanças na vida e relações das pessoas, e por conseqüência no viver e adoecer dos trabalhadores.

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Há muitas contradições existentes no mundo do trabalho. Atualmente, segundo Machado (2000), os trabalhos informais e formais adquiriram novas dimensões e significações; ocasionando o surgimento do trabalho terceirizado acompanhado de uma precarização e baixa qualificação do trabalho; a ameaça do desemprego para homens e mulheres por excesso de força de trabalho fora do mercado. Enquanto isso crianças são acometidas ao trabalho infantil.

Com todas essas inconsistências presentes na vida dos trabalhadores, há também muitos riscos. Estes riscos rondam o trabalhador em qualquer atividade e sempre esteve presente nas atividades de trabalho, mas com a industrialização houve um agravamento. O trabalho na maneira como vem se desenvolvendo, tem causado danos à saúde dos trabalhadores. Desta forma, no próximo capítulo serão apresentadas as principais conseqüências ocorridas com os trabalhadores, quando há ausência de condições adequadas para a execução de seu trabalho.

2.2 ACIDENTES DE TRABALHO

Os acidentes de trabalho são ocorrências registradas diariamente, em vários ramos de atividade profissionais. De acordo com Azevedo e Cruz (2006), a probabilidade de ocorrer um dano físico ou psíquico para o trabalhador, está presente em qualquer situação de trabalho, em diferentes graus e níveis, de acordo com a empresa e a natureza da atividade realizada. Os riscos para o trabalhador sofrer um acidente de trabalho vão estar sempre presentes, o que muda são os diferentes tipos de trabalho e o ramo de atividade da empresa.

De acordo com Vilela et al (2004), acidentes de trabalho correspondem a um evento simples, originado em situações da rotina de trabalho. São considerados acidentes de trabalho de acordo com a Lei 8.213/ 1991 art. 19:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (Brasil, 1991)

Com base no conceito descrito acima, a Previdência Social (Brasil, 2006), classifica os acidentes de trabalho em: os acidentes de trajeto ocorrido no trajeto entre a residência e o

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local de trabalho do segurado e vice-versa; os acidentes típicos são decorrentes da característica da atividade profissional exercida pelo trabalhador; acidentes devidos à doença do trabalho são ocasionados por qualquer tipo de doença profissional característico a determinado ramo de atividade; e a doença adquirida ou desencadeada pelo desempenho em condições especiais em que o trabalho é realizado. Não são consideradas doenças do trabalho: a que não produz incapacidade laborativa; doenças degenerativas; a doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região onde ela se desenvolva.

Para que o acidente ou a doença seja considerado como acidente de trabalho é necessário passar pela Perícia Médica do INSS, que fará o reconhecimento técnico do nexo causal entre o acidente e a lesão; a doença e o trabalho; e a causa da morte e o acidente. O médico-perito é que irá determinar se o trabalhador poderá retornar para o trabalho ou se será necessário emitir um parecer sobre o afastamento.

Estudos nacionais e internacionais, segundo as instituições SESI e SEBRAE (2008), relatam que a maioria dos acidentes e doenças decorrentes do trabalho ocorrem, por: ausência de planejamento e gestão gerencial compromissada com o assunto; descumprimento da legislação; desconhecimento dos riscos existentes no local de trabalho; a falta de orientação, ordem de serviço ou treinamento adequado; ausência de arrumação e limpeza; inexistência de avisos, sinalização sonora ou visual sobre os riscos; práticas de improviso e pressa; uso de máquinas e equipamentos ultrapassados ou que apresentam defeitos; uso de ferramentas inadequadas; iluminação deficiente ou inexistente; utilização de escadas, rampas e acessos sem proteção coletiva adequada; falta de ventilação ou exaustão de ar contaminado; existência de radiação prejudicial à saúde; utilização de instalações elétricas precárias ou defeituosas; presença de ruídos, vibrações, calor ou frio excessivo; e umidade excessiva.

Mas além da falta de segurança, precárias condições de trabalho, às vezes as empresas também não disponibilizam os equipamentos de proteção individual (EPI), não conscientizam sobre a importância de utilizá-los propiciando a ocorrência dos acidentes de trabalho e/ou ocasionando o adoecimento do trabalhador2. Contudo os acidentes de trabalho também podem ocorrer, de acordo com Vilela et al (2004), em decorrência de falhas humanas por ações ou omissões, em função de um desrespeito à norma de segurança, os chamados “atos inseguros”. Originados em aspectos psicológicos dos trabalhadores, os comportamentos avaliados como frutos de escolhas conscientes por parte dos mesmos, ensejando responsabilidade do indivíduo.

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Sendo o acidente originado em um ato inseguro ou uma negligência da empresa, os acidentes de trabalho na maioria das vezes trazem para a vida do trabalhador alguma alteração física seja esta de caráter temporário, como também de caráter permanente. As incapacidades temporárias compreendem os trabalhadores que ficaram temporariamente incapacitados para o desempenho de sua atividade profissional. Durante os primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento é de responsabilidade da empresa pagar ao trabalhador segurado o seu salário integral. Após esse período o mesmo será encaminhado à perícia médica da Previdência Social para a solicitação do auxílio-doença acidentário. E as incapacidades permanentes podem ser total e parcial: a parcial mesmo após o tratamento que o trabalhador foi submetido apresenta uma seqüela definitiva, porém não há um impedimento para o trabalhador; e a total são as lesões que impedem o trabalhador de voltar a sua atividade e é necessário que ele se aposente por invalidez (BRASIL, 2004).

Além das ocorrências na integridade física, os acidentes de trabalho têm um grande impacto na saúde mental dos trabalhadores, pois também trazem implicações psicológicas que estarão repercutindo nas relações interpessoais, familiares, social e laboral do trabalhador. Acarretando um comprometimento em sonhos, projetos de vida que fazem parte da realização pessoal deste trabalhador (CAMARGO et al, 2004).

Os acidentes de trabalho não só envolvem os aspectos subjetivos que são vivenciados pelo trabalhador, mas há também os reflexos nas suas relações afetivas e sociais. É um fato que demanda suporte e apoio das estruturas públicas de saúde; da comunidade; do empregador; é preciso uma reorganização da vida familiar, que na maioria das vezes não está preparada para as novas necessidades do trabalhador acidentado. Além disso, a família no seu papel de cuidadora e responsável pelo seu familiar acidentado devem também estar atenta às informações a respeito da notificação do acidente, como a Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) e também a questões relacionadas ao retorno ao trabalho, verificando se a empresa fez todas as partes legais que envolvem este processo. É também de grande importância o apoio da família para encorajar o trabalhador a retornar ao trabalho, e também que o impacto do acidente não o impossibilite de retornar sua vida normalmente (CAMARGO et al 2004).

É importante ressaltar que os acidentes de trabalhos registrados correspondem ao número de acidentes cuja Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), foi cadastrada no INSS. Não são contados o reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão do acidente de trabalho ou doença de trabalho, que já foram comunicados ao INSS anteriormente

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(Brasil, 2004). Além disso, não há registros dos acidentes de trabalho com os trabalhadores informais.

Durante o ano de 2006, foram registrados cerca de 503,9 mil acidentes do trabalho. Em relação ao ano anterior, teve um aumento de 0,8%. As pessoas do sexo masculino representam 79% e as pessoas do sexo feminino 20,1% nos acidente típicos; 67,1% e 32,9% respectivamente nos acidentes de trajeto; 53,8 e 46,2% nas doenças do trabalho. No que diz respeito aos acidentes típicos e os de trajeto, a faixa etária desses trabalhadores acidentados com maior incidência, é constituída por pessoas de 20 a 29 anos, com 39,1% e 40,9% do total. Nas doenças do trabalho a maior incidência está na faixa de 30 a 39 anos, com 31,7% do total (BRASIL, 2006). Através desses dados é possível chegar próximo de um perfil de acidentados diariamente: a maioria dos acidentes de trabalho ocorre com homens jovens. É preciso estar mais alerta para a saúde do trabalhador e as condições de trabalho que estão sendo oferecidas, já que pessoas jovens em início de sua carreira de trabalho estão sendo afastadas em um período de plena atividade de trabalho.

Em relação aos setores que possuem os maiores índices de acidentes de trabalho o setor agrícola participa com 6,9% do total de acidentes registrados; as indústrias com 47,4% e o setor de serviços com 45,7%. Nos acidentes típicos, os subsetores com maior participação foram os que comercializam produtos alimentares e bebidas, com 10,6% ; e saúde e serviços sociais com 8,3% do total. Em relação aos acidentes de trajeto, os maiores índices vêm do comércio varejista com 12,4% e dos serviços prestados a empresas com 11,9% do total. E nas doenças do trabalho, foram os subsetores intermediários financeiros, com participação de 10% e o comércio varejista com 8,6% (BRASIL, 2006).

As partes do corpo que sofreram mais prejuízos, nos acidentes típicos foram os dedos com 29,3%, as mãos (exceto punho ou dedos) com 9,2% e os pés com 7,4% do total. Nos acidentes de trajeto as partes do corpo mais atingidas foram: os pés com 8,7%, os joelhos com 8,4% e as pernas com 6,4% do total. Nas doenças do trabalho, as partes do corpo mais incidentes foram: os ombros, o dorso (inclusive músculos dorsais, coluna e medula espinhal) e o ouvido (externo, médio, interno, audição e equilíbrio), com 15,8%, 12% e 11%, respectivamente (BRASIL, 2006). Com a análise da Previdência Social sobre esses dados dos acidentes, é possível dizer que é resultante de trabalhos repetitivos, decorrentes da ausência de alongamentos e a falta de uso de EPI.

Sob todos os aspectos que foram debatidos anteriormente e analisados os acidentes e doenças desencadeadas pelo trabalho, apresentam inúmeros fatores negativos para as empresas, para o trabalhador acidentado e para a sociedade. Com esses dados apresentados

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acima, é visto que ainda são poucas as preocupações e as responsabilidades das empresas em relação aos seus trabalhadores. É necessário mais investimento, para que esses números fiquem fazendo parte do passado e deixem de aumentar ano após ano. Mas há também empresas que investem em ações de qualidade de vida no trabalho, e que desta maneira priorizam a saúde e a segurança do trabalhador.

A seguir, serão apresentados o que pode ser viabilizado em relação à saúde do trabalhador. Além da atuação de outros profissionais envolvidos nessa prática, temos também a intervenção do psicólogo, e junto todos esses profissionais podem desenvolver programas que visem promoção à saúde do trabalhador.

2.3 ATUAÇÕES EM SAÚDE DO TRABALHADOR

O corpo humano precisa estar em um equilíbrio físico, mental, psíquico e emocional, pois todos esses fatores contribuem para o bem-estar total do indivíduo. E para isto, de acordo com Vieira (2005), é necessário que haja a promoção da saúde e do bem estar, por meio de uma alimentação e sono adequados. O bem-estar e qualidade de vida de um indivíduo dependem da sua qualidade de vida no trabalho. Isto porque, de acordo com o mesmo autor, o trabalho assume papel central na vida das pessoas. Por isso é tão importante que o mesmo seja realizado em condições que ajudem a promover a saúde, o equilíbrio físico e psicoemocional.

A Saúde do Trabalhador, de acordo com Guimarães et al (2005), é um campo específico de atuação da área da saúde pública, que busca atuar através de métodos que tem como finalidade a promoção e proteção à saúde de pessoas envolvidas no exercício do trabalho. Além da atuação de psicólogos em questões relacionadas com a saúde do trabalhador, há também outros profissionais envolvidos, já que esta é uma área multidisciplinar.

Para que ações de atenção e vigilância a saúde dos trabalhadores sejam desenvolvidas, de acordo com Brasil (2008), é importante identificar, controlar e eliminar os riscos existentes nos locais de trabalho. Além disso, de acordo com Dias (2002), as ações podem ser resumidas deste modo: assistência aos trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho, doenças profissionais ou doenças relacionadas ao trabalho, compreendendo as ações relacionadas com o diagnóstico e recuperação da saúde, que envolvem o tratamento e a reabilitação; ações de promoção e proteção da saúde, incluindo a vigilância da saúde dos trabalhadores e condições

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de ambientes de trabalho; capacitação e treinamento de recursos humanos; e a informação e educação dos gerentes, trabalhadores e outros setores envolvidos ou interessados na temática. Já por Cortez (2001), essas atenções são descritas, como: a assistência e prevenção dada a Saúde do Trabalhador, pode ser entendida como um processo, um conjunto de técnicas prevencionistas, tendo como premissa, conhecer para prevenir, visando à melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores; para a prevenção, a proteção e promoção a saúde são necessárias informações corretas sobre os acidentes e doenças do trabalho e dos riscos que envolvem essa atividade; e a reabilitação como reintegração de trabalhadores afastados por acidentes de trabalho.

Nenhuma dessas ações é novidade para os serviços de saúde. De acordo com Dias (2002), o aspecto inovador é a tentativa de implementá-los de forma integrada, a partir de um referencial teórico e instrumentos de abordagem das relações trabalho-saúde-doença, buscando integrar as dimensões individuais, coletivas, técnicas e políticas envolvidas. Essa abordagem integrada, de acordo com o mesmo autor, é obrigatória, se a sua finalidade é a resolução ou o encaminhamento do problema do trabalhador.

Mas para que essas ações sejam colocadas em prática é de grande importância, que sejam reconhecidos os aspectos relacionados à organização do trabalho. De acordo com Brasil (2008), os fatores relacionados ao tempo, ritmo, turnos, pressão, entre outros que são aspectos da empresa e merecem atenção, porque prejudicam o trabalhador, ocasionando efeitos sobre a sua saúde mental, podendo ocasionar e interferir na qualidade de vida familiar e social do trabalhador.

Desta forma os psicólogos que estão inseridos nessas equipes multidisciplinares e que realizam as ações de vigilância, podem auxiliar na obtenção de informações que estão diretamente relacionadas a forma como o trabalho está organizado, e além disso as conseqüências para a saúde dos trabalhadores brasileiros. Sendo assim, além de identificar problemas de saúde e outras questões relacionadas ao trabalho, podem também contribuir com a produção de conhecimentos especializados (BRASIL, 2008).

Conforme Bastos e Zanelli (2004), o psicólogo atualmente ainda é visto pela maioria das empresas com a possibilidade de desempenhar somente a atividade de recrutamento e seleção. Para que as empresas deixem de ver esse modo restrito da atuação do psicólogo, cabe ao profissional expor mais as contribuições que pode oferecer dentro das empresas, como no campo de saúde do trabalhador divulgando o que ainda não é conhecido sobre esta área tão importante. E também cabe as empresas dar mais espaço para que o profissional possa mostrar o que tem a contribuir.

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Para Azevedo e Cruz (2006), nas empresas os psicólogos são contratados para intervir no momento em que surgem situações de difícil intervenção, quando há a ocorrência de situações que saem do controle dos gerentes. Essas situações são entendidas como conseqüências negativas resultantes do processo de trabalho, e estão relacionadas com problemas referentes à queda da produtividade, insatisfação, desmotivação, aumento da freqüência ou da acuidade de acidentes de trabalho, entre outros fatores.

De acordo com Bastos e Zanelli (2004), o campo que mais cresce para a atuação do psicólogo nesses últimos tempos está relacionado com a saúde ocupacional e a ergonomia. Mas de acordo com os mesmos autores, ainda há pouca atuação dos psicólogos em questões voltadas aos acidentes de trabalho, bem-estar e na assistência psicossocial dos trabalhadores. Apesar desse campo em expansão, são poucos os psicólogos que estão dentro da empresa envolvidos com questões voltadas às condições de trabalho e a saúde do trabalhador, de acordo com Bastos e Zanelli (2004). Cabe ao psicólogo buscar esse conhecimento, por meio de cursos ter um olhar mais amplo dentro da empresa, especializando-se e atualizando-se, para que possa fazer o diferencial e expandir a sua atuação diante da visão dos gerentes. E também é necessário que as empresas ofereçam mais oportunidades para que assim o psicólogo possa mostrar o que pode oferecer, em sua atuação. E desta maneira, a psicologia mostrar suas possibilidades de atuação e as empresas possibilitem esta atuação.

A saúde do trabalhador, de acordo com Jacques (2007), como campo de inserção da psicologia, tem uma variedade de possibilidades de atuação. Um importante desafio que se apresenta ao psicólogo como possibilidade de atuação dentro das empresas, de acordo com Brasil (2008), é o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos mentais e os aspectos organizacionais do trabalho. É a atuação do psicólogo estar voltada para como se estabelece a forma de trabalho dentro das empresas, o contexto na qual as relações se estabelecem, possibilitando assim de acordo com Jacques (2007), um diagnóstico da situação do trabalhador.

O parecer atual de investigação diagnóstica na área de saúde do trabalhador, segundo Jacques (2007), se constituiu como tentativas de compreender as relações entre as condições de vida e de trabalho. A humanização do trabalho possibilita a mudança nos processos de trabalho, nas condições dos ambientes e na participação dos trabalhadores, enquanto responsáveis pela sua saúde e vida, contribuindo com o conhecimento para o avanço da compreensão do impacto do trabalho sobre os aspectos saúde-doença.

Segundo Azevedo e Cruz (2006), quando não há mudanças no processo de trabalho acarretam em conseqüências na saúde do trabalhador. Estas conseqüências podem estar

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relacionadas com as cargas de trabalho, ou seja, com a exigência física e mental que a atividade de trabalho demanda do trabalhador. Avaliação das cargas de trabalho, para a verificação do esforço necessário para responder às exigências do trabalho, com base nas capacidades biopsicológicas dos trabalhadores, para os mesmos autores, é de grande valia para intervenção do psicólogo, pois o processo de saúde tem repercussões no desempenho e na produção.

Diante dessas ações e atenções voltadas a saúde do trabalhador que devem fazer parte da rotina de todas as empresas, é necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar, mas para isso é necessário o conhecimento e as devidas providências tomadas pelos gerentes, para que assim o trabalhador não adoeça e tenha saúde no exercício de sua atividade profissional. De acordo com Azevedo e Cruz (2006), a maioria dos adoecimentos psíquicos dos trabalhadores está relacionada com o trabalho, ocorrendo em grande escala o adoecimento do trabalhador.

A seguir será debatido o papel dos gerentes e responsabilidades, em relação à saúde do trabalhador.

2.3.1 Responsabilidades dos Gerentes

De acordo com SESI e SEBRAE (2008), as empresas são fortemente atingidas pelas conseqüências dos acidentes de trabalho, apesar de nem sempre os seus gerentes perceberem este fato. São atingidas pela ausência de seu trabalhador, pelo gasto com novas contratações entre outras conseqüências ocasionadas pelos acidentes de trabalho.

Pessoas que ocupam posições gerenciais intermediárias, de acordo com Silva e Zanelli (2008), sentem-se comprimidas entre as exigências da administração da empresa e as reivindicações dos trabalhadores, pois grande parte das empresas visa apenas o rendimento econômico. No Brasil, o envolvimento de cargos de gerência com as questões de segurança e saúde no trabalho, segundo Oliveira (2003), em muitas empresas acontece somente quando há a ocorrência de acidentes graves, que além dos danos materiais é a imagem da empresa que está sendo atingida. Sendo assim, os acidentes de trabalho trazem prejuízos também para a imagem da empresa.

Mas há gerentes que são responsáveis e conscientes de seu papel de administrador e viabilizador de oportunidades de emprego e preocupam-se com os valores humanos, de

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acordo Silva e Zanelli (2008), assumindo a responsabilidade de proporcionar a saúde e o bem-estar de todos. Para que o trabalhador tenha qualidade de vida no seu trabalho, é de grande importância que tenha condições seguras e salutres de trabalho; remuneração justa e adequada; oportunidade de se desenvolver como profissional; oportunidade de crescimento e desenvolvimento; não sofrer preconceitos e discriminação, por sua idade, raça ou sexo; possa confiar nos relacionamentos entre colegas de trabalho; tenha um equilíbrio entre trabalho e outras instâncias da vida; e relevância social da vida no trabalho.

Porém, existindo a ausência desses fatores descritos acima, há maiores possibilidades para que ocorram os acidentes de trabalho. Sendo assim, de acordo com Almeida (2003), há muitos gastos com os acidentes, dentre eles tem a reparação do equipamento envolvido no acidente, a apuração das causas, o transporte e a assistência médica ao trabalhador acidentado nos primeiros 15 dias do afastamento. Além disso, é preciso que seja feita uma nova contratação e o treinamento de um trabalhador que irá substituir o acidentado.

De acordo com Almeida (2003), para que um ambiente de trabalho seja seguro um elemento importante é a satisfação do trabalhador, a qual possui grande influência na produtividade. Ter o nome em um noticiário por envolvimento em acidentes de trabalho é o que atrai atenção das empresas, para o desenvolvimento de ações para a saúde dos seus trabalhadores, de acordo com o mesmo autor. Desta forma, essas ocorrências, podem sensibilizar os gerentes e fazer com que eles propiciem relações de trabalhos mais humanizadas. Mas deve ser levada em consideração que muitas empresas hoje, já desenvolvem projetos voltados a saúde do trabalhador, deixando de colocar a vida do trabalhador em risco.

A incorporação de práticas de saúde e segurança no trabalho, de acordo com SESI e SEBRAE (2008), contribui para a proteção contra os riscos presentes nos ambientes de trabalho, prevenindo e reduzindo acidentes e doenças do trabalho, possibilitando a diminuição dos custos para a organização. Um ambiente de trabalho adequado e seguro proporcionam o aumento da produtividade, da confiança e auto-estima e alicerça o comprometimento de todos com o trabalho.

Com a Medida Provisória 3163 proposta pelo Governo Federal (Brasil, 2006), o trabalhador vítima de um acidente de trabalho ou de uma doença ocupacional relacionado com o trabalho, terá seu nexo ocupacional automaticamente estabelecido. A empresa que não concordar terá que comprovar que o acidente ou doença não foi desencadeado no ambiente de

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trabalho; antes era o trabalhador quem deveria comprovar. Essa medida facilita a vida do trabalhador quando tem que fazer a retirada do benefício na Previdência Social. E desta maneira, os gerentes precisam estar mais atentos com as condições de trabalho que são inadequadas e que podem proporcionar a ocorrência dos acidentes de trabalho.

Essas novas regras dessa medida vão penalizar as empresas que não oferecem condições de trabalho seguras. A Previdência Social passará a cobrar o seguro de acidentes de trabalho de acordo com o número de acidentes e doenças ocupacionais da empresa. Isto representa que as empresas que apresentarem mais acidente de trabalho e doenças ocupacionais, terão que pagar mais seguro. Para isso, os trabalhadores devem exigir a emissão da CAT para qualquer tipo de acidente, os que necessitam ou não o afastamento do trabalhador.

A emissão da CAT deve acontecer após a execução das medidas de primeiros socorros e assistência ao acidentado. De acordo com SESI e SEBRAE (2008), toda empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de falecimento do trabalhador, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário da contribuição. Ocorre com freqüência é que algumas empresas acabam emitindo a CAT, apenas quando ocorrem acidentes que ocasionam lesões consideradas graves, os acidentes ocorridos que não são considerados graves, não são realizadas as comunicações, e por isso hoje não se tem preciso o número de acidentes ocorridos. E também algumas vezes exercem pressão sobre o trabalhador, para que o mesmo não emita a CAT, quando a ocorrência do acidente de trabalho tem menor gravidade para a integridade física do trabalhador.

As empresas devem cumprir as normas relativas à segurança e medicina do trabalho. De acordo com SESI (2008), as normas regulamentadoras aprovadas pela Portaria no 3.214, de 8 de junho de 1978 devem ser cumpridas obrigatoriamente pelas empresas privadas e públicas que possuam trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho-CLT. Essas normas regulamentadoras estão interligadas, segundo SESI e SEBRAE (2008), demonstrando que na prática prevencionista nada adianta atender uma norma sem levar em consideração o que dispõe a outra. Existem 33 normas regulamentadoras 4 que dizem respeito à segurança do trabalhador dentre elas temos: NR 5 (BRASIL, 2005) que trata da CIPA, que toda empresa com mais de 20 trabalhadores, tem obrigatoriedade de manter e constituir esta comissão; NR 6 (BRASIL, 2005) que diz respeito aos Equipamentos de Proteção Individual

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(EPIs), as empresas devem fornecer aos seus trabalhadores de forma gratuita, destinados a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador; entre outras NRs que tem como intuito proteger e preservar a saúde dos trabalhadores.

Para que ocorram as prevenções contra os acidentes de trabalho, de acordo com Almeida (2003), faz parte da Constituição Federal no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores e é de responsabilidades das empresas:

1- Cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho (art.157, I, da CLT e item 1.7, “a”, da NR 1);

2- Elaborar ordens de serviços sobre segurança e medicina do trabalho com objetivo de prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho, divulgar as obrigações e proibições que os empregados devam conhecer e cumprir, dando-lhes conhecimento de que serão passíveis de punição pelo descumprimento das ordens de serviços expedidas, e adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e as condições inseguras de trabalho ( art.157, II, da CLT e NR 1, item 1.7, “b”);

3- Informar aos trabalhadores sobre os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho e os meios para prevenir e limitar os riscos e as medidas adotadas pela empresa ( NR 1, item 1.7, “c”);

4- Manter serviços especializados em segurança e medicina do trabalho, de acordo com as normas expedidas pelo Ministério do Trabalho, que estabelecerão classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza do risco de suas atividades ( art. 162 da CLT);

5- Elaborar e implementar Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com o objetivo de “promoção e preservação da saúde dos trabalhadores, com “caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos ã saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores” e incluindo a realização obrigatória de exames médicos admissional, periódicos, de retorno ao trabalho, mudança de função e demissional, compreendendo avaliação clínica (abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental) e exames complementares (NR 7, itens 7.1.1, 7.2.3, 7.4.1 e 7.4.2); 6- Fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamentos de proteção individual

adequados ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento sempre que as medidas de ordem geral forem tecnicamente inviáveis ou não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes de trabalho e/ou doenças profissionais ou do trabalho ( NR 6, item 6.2, “a”) (Almeida, 2003, p. 14-16).

É importante que as empresas cumpram o que a Constituição prevê, porque a partir disso se reduz o número de acidentes de trabalho, propiciam-se ao trabalhador mais saúde e segurança no trabalho. Mas também é de grande importância que o trabalhador também cumpra o que está descrito, ou seja, não basta à empresa fornecer o EPI, mas também é importante que o trabalhador o utilize; não basta saber os riscos que cada local oferece, se o trabalhador não adota o cuidado necessário, ou seja, não se previne.

Enfim assim é visto que a responsabilidade é de ambas as partes, dos gerentes enquanto administradores do local em que trabalham, mas também dos trabalhadores. De acordo com Lipp (2008), as empresas que investem na saúde e bem-estar do seu trabalhador,

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são as que mais crescem financeiramente. Os resultados são vistos nas empresas com a redução do número de afastamento do trabalho por motivo de acidentes e doenças; e redução do absenteísmo e rotatividade. A partir disso há uma retenção de trabalhadores saudáveis, um melhor clima dentro da empresa, melhor relação entre trabalhadores e gerentes.

Desta forma, visto o papel que as empresas representam no que diz respeito à saúde dos trabalhadores, é necessário por parte das empresas mais investimentos na área de saúde e segurança no trabalho.

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3 MÉTODO

Pesquisa é um processo racional e sistemático, que de acordo com Gil (1996), tem como objetivo produzir respostas aos problemas que são propostos. Para a realização de uma pesquisa é necessário o método, ou seja, um conjunto de normas e procedimentos a serem utilizados. Estes procedimentos são fundamentados em preceitos éticos e que foram aprovados pelo CEP. Desta maneira, serão explicitados a seguir.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa segundo Minayo (1999), este tipo de pesquisa trabalha com um universo de significados, motivações, crenças dos processos e dos fenômenos, portanto não pode ser quantificada. No processo da pesquisa qualitativa, de acordo com Triviños (1987), não há visões isoladas, parceladas, ela é desenvolvida em interação dinâmica.

Em relação ao objetivo esta pesquisa é caracterizada como exploratória, pois tem como objetivo principal o aperfeiçoamento de idéias, tornando-o mais explícito. Sua forma de planejamento é flexível, possibilitando a consideração de vários aspectos referentes ao fato estudado (SELLTIZ et al, 1967 apud GIL, 1996).

A pesquisa tem como delineamento o estudo de caso, que de acordo com Gil (1996), é caracterizado pelo estudo aprofundado e exaustivo de um ou poucos objetos, o que permite o vasto e detalhado conhecimento sobre o caso.

Nesta pesquisa, busca-se compreender os sentidos atribuídos pelos gerentes de loja aos acidentes de trabalho. De acordo com Pino (1993 apud NATIVIDADE, 2007), o termo sentido, é utilizado para designar as significações individuais. Segundo Natividade (2007) o sentido é atribuído no momento processual do indivíduo diretamente ligado ao seu contexto e as suas ações, considerando-se suas expressões cognitivas e afetivas. Sendo assim, por isso a importância de compreender os sentidos atribuídos por cada gerente de loja ao mesmo fenômeno, objeto de pesquisa deste trabalho, que são os acidentes de trabalho.

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