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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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ACÓRDÃO 7ª TURMA

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. Trata-se de ação consignatória dos haveres resilitórios dos empregados consignatários, ajuizada pelo devedor subsidiário, que pretende eximir-se de responsabilidade subsidiária e obter quitação geral quanto aos contratos de trabalho extintos. Como bem entendeu o MM. Juízo de origem, falece-lhe legitimação ativa, pois só existe débito subsidiário à luz de uma condenação principal, até então inexistente. A Súmula nº 331, do c. TST, portanto, não socorre a recorrente. Ademais, caso obtenha êxito, a ora recorrente irá obter vantagem não conferida pelo mero adimplemento dos haveres resilitórios, justificativa usada para legitimar a consignação, o que é inadmissível.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso Ordinário nº TRT-RO-0034100-07.2008.5.01.0047, em que são partes: IRB INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL, como Recorrente, I) MADRI SANEAMENTO AMBIENTAL LTDA., II) LUIZ GUSTAVO DE LIMA E OUTROS, III) LUCIA DOS SANTOS DE ALMEIDA, IV) LUZIMAR ALVES DOS SANTOS E OUTROS, como Recorridos.

I - R E L A T Ó R I O

Adoto, na forma regimental, o relatório produzido na Sessão de Julgamento, nos seguintes termos, verbis:

“A r. sentença foi proferida pela MM. Juíza Rita de Cássia Ligiero Armond, da 47ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que extinguiu o processo sem resolução do mérito em relação à consignatária MADRI

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SANEAMENTO AMBIENTAL LTDA., nos termos do art. 267, IV, do CPC. Extinguiu sem resolução do mérito o processo em face dos consignatários empregados, com fulcro no art. 267, VI, do CPC.

Embargos de declaração opostos, às fls. 215/218, pelas reclamantes Luzimar Alves Santos e Luciano da Silva Brum, que restaram prejudicados, nos termos da r. decisão de fls. 232.

Inconformada com a r. decisão de fls. 203/208, a recorrente pede a reforma da sentença, consoante razões de fls. 219/223.

Afirma a reclamada que a r. sentença deve ser reformada, vez que a empresa Madri Saneamento Ambiental Ltda. lhe prestou serviços, sendo vitoriosa em certame licitatório, mas que deixou de pagar seus empregados, tendo que reter a última fatura.

Sustenta que ajuizou a ação de consignação em pagamento para se eximir da responsabilidade subsidiária, como tomadora de serviços, inexistindo ilegalidade nesta situação.

Aduz que não há incompetência absoluta no que se refere ao ajuizamento da ação em face da ex-empregadora, empresa prestadora de serviços, e dos seus respectivos empregados.

Custas regularmente recolhidas (fls. 220).

Os consignatários Lívia Albuquerque de Oliveira, Lourdes Cunha da Conceição, Lucia dos Santos de Almeida, Luciana de Araújo e Silva, Luciano da Silva Brum, Luciano Nunes Paulino, Luiz Gustavo de Lima e Luzimar Alves dos Santos firmaram termo de conciliação às fls. 240/241, restando, apenas, a consignatária Luciana dos Santos Pereira.

Não foram apresentadas contrarrazões (certidão de fls. 268-v). O órgão Ministério Público do Trabalho manifestou-se às fls. 271, em promoção do ilustre procurador Marco Antônio Costa Prado, pelo regular prosseguimento do feito, em razão da intervenção no processo se vincular à hipótese de fraude tratada na primeira instância, que foi superada em virtude dos acordos homologados pelo juízo, de modo que não subsistem as razões para a intervenção no feito, porquanto presentes,

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apenas, interesses meramente patrimoniais das partes. É o relatório.”

II - F U N D A M E N T A Ç Ã O

Além do relatório, adoto as razões de conhecimento da MM. Relatora.

II.1 - CONHECIMENTO.

Conheço do recurso, por atendidos os pressupostos legais de admissibilidade.

A. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.

Alega o recorrente que a empresa Madri Saneamento Ambiental Ltda. lhe prestou serviços, vez que foi vitoriosa em certame licitatório, mas que deixou de pagar seus empregados, tendo que reter a última fatura.

Sustenta que ajuizou a ação de consignação em pagamento para se eximir da responsabilidade subsidiária, como tomadora de serviços, inexistindo ilegalidade nesta situação.

Aduz que não há incompetência absoluta no que se refere ao ajuizamento da ação em face da ex-empregadora, empresa prestadora de serviços, e dos seus respectivos empregados.

Trata-se de ação de consignação em pagamento ajuizada pelo INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL - IRB em face de MADRI SANEAMENTO AMBIENTAL LTDA. e os seus respectivos empregados LUIZ GUSTAVO DE LIMA, LÍVIA ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA, LOURDES CUNHA DA CONCEIÇÃO, LUCIA DOS SANTOS DE ALMEIDA, LUCIANA DOS SANTOS PEREIRA, LUCIANA DE ARAÚJO E SILVA, LUCIANO DA SILVA BRUM, LUCIANO NUNES PAULINO e LUZIMAR ALVES DOS SANTOS pretendendo a expedição de guia de depósito da quantia de R$ 18.115,39 para o cumprimento “da obrigação do autor e outorgada a quitação geral do contrato de prestação de serviços mantido com a 1ª ré, especificamente em relação aos contratos de trabalho de empregados dela.”

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Afirma o consignante que a primeira consignatária MADRI SANEAMENTO AMBIENTAL LTDA. não honrou com as obrigações contratuais assumidas, o que acarretou a rescisão do contrato de prestação de serviços. “Embora, com a rescisão contratual, a 1ª ré tenha dispensado alguns empregados e a maioria deles tenha pedido demissão, certo é que ela não pagou o salário correspondente ao mês de novembro e nenhuma verba rescisória, a nenhum de seus ex-empregados, como também não apresentou a comprovação dos recolhimentos relativos ao INSS e FGTS, correspondentes às folhas de pagamento dos meses de outubro e novembro.”

“Como o IRB não é o empregador e não tem legitimidade para pagar verbas rescisórias em nome do empregador, resolveu, considerando o ajuste entre as partes reter a quantia da última fatura, no valor líquido de R$ 18.115,39.”

O consignante INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL – IRB firmou, em 16.04.2007, com a primeira consignatária MADRI SANEAMENTO AMBIENTAL LTDA., contrato de prestação de serviços, tendo como objeto “prestação de serviços de apoio administrativo a serem executados nas instalações do IRB-Brasil Re na cidade do Rio de Janeiro” (fls. 18/42), que foi rescindido em 30.10.2007, em razão da contratada ter descumprido obrigações firmadas no contrato (fls. 43/46 e fls. 76).

O consignante, em 10.04.2008, efetuou a juntada da guia de depósito no valor de R$ 18.115,39 (fls. 79/80).

A primeira consignatária MADRI SANEAMENTO AMBIENTAL LTDA., em petição protocolizada em 25.08.2008, apontou os valores a título de verbas resilitórias devidos aos empregados consignatários (fls. 129/131).

Em audiência realizada em 09.10.2008 (ata de fls. 133), foi procedida à baixa na CTPS dos consignatários presentes. Foi determinada, também, a expedição de alvarás dos valores incontroversos, referentes às verbas resilitórias discriminados às fls. 130, bem como para liberação do

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FGTS.

O MM. juízo a quo determinou, em despacho exarado em 11.11.2008, a sustação da expedição dos alvarás, tendo em vista a liminar concedida no mandado de segurança nº 06529-2008-000-01-00-7 (fls. 171/179).

Em decisão proferida em 29.07.2009, o MM. juízo de primeiro grau converteu o julgamento em diligência para determinar que “a consignante seja intimada para se manifestar, no prazo de 10 dias, sobre as defesas apresentadas.”

Em 13.11.2009, foi proferida sentença para extinguir o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, IV e VI, do CPC (fls. 203/208). Em 01.03.2010, a consignante interpôs recurso ordinário (fls. 219/223).

Em 15.07.2010, o consignante INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL – IRB e os consignatários LUIZ GUSTAVO DE LIMA, LÍVIA ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA, LOURDES CUNHA DA CONCEIÇÃO, LUCIA DOS SANTOS DE ALMEIDA, LUCIANA DOS SANTOS PEREIRA, LUCIANA DE ARAÚJO E SILVA, LUCIANO DA SILVA BRUM, LUCIANO NUNES PAULINO e LUZIMAR ALVES DOS SANTOS firmaram termo de conciliação, conferindo ao consignante quitação quanto ao extinto contrato de trabalho, inclusive, quanto ao FGTS e indenização de 40%, sendo expedidos alvarás aos consignatários para levantamento dos depósitos do FGTS e alvarás pelo depósito de fls. 80 (fls. 240/249 e fls. 257/265).

O saldo da guia de depósito, no valor de R$ 1.744,43, referente à LUCIANA DOS SANTOS PEREIRA, ficou retido nos autos, em razão de ter sido a única consignatária que não realizou acordo.

Pretende o consignante INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL – IRB, na qualidade de tomador de serviços, referente ao contrato firmado com a primeira consignatária MADRI SANEAMENTO AMBIENTAL LTDA. e prestados pelos empregados consignatários, a quitação geral

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quanto às verbas trabalhistas inadimplidas pela prestadora de serviços, com base na responsabilidade subsidiária, nos termos da súmula nº 331, item IV, do egrégio TST, depositando em juízo o valor correspondente à última fatura destinada ao pagamento à consignatária MADRI SANEAMENTO AMBIENTAL LTDA.

A r. sentença extinguiu o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, incisos IV e VI, do CPC, verbis:

“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:

(...)

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

(...)

VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;”

A Ação de Consignação em Pagamento envolve, do lado ativo, o devedor ou terceiro e, do lado passivo, o credor. Logo, a legitimação ativa cabe àquele interessado na extinção da obrigação, ex vi, art. 890, do CPC, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, ao dispor que, “nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou coisa devida”.

Estabelecem os artigos 334, 335 e 336, do Código Civil/2002,

verbis:

“Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa

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devida, nos casos e forma legais. Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.”

A consignante propôs ação consignatória dos haveres resilitórios dos empregados consignatários.

Pretende eximir-se de responsabilidade subsidiária e obter quitação geral quanto aos contratos de trabalho extintos (teria feito acordo neste sentido).

Como bem entendeu o MM. Juízo de origem, falece-lhe legitimação ativa, pois só existe débito subsidiário à luz de uma condenação principal, até então inexistente. A Súmula 331, do c. TST, portanto, não socorre a recorrente.

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Ademais, caso obtenha êxito, a ora recorrente irá obter vantagem não conferida pelo mero adimplemento dos haveres resilitórios, justificativa usada para legitimar a consignação, o que é inadmissível.

Mantenho o julgado. III - D I S P O S I T I V O

ACORDAM os Desembargadores que compõem a 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso. No mérito, por maioria, negar-lhe provimento.

Rio de Janeiro, 5 de setembro de 2012.

Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha Redator Designado

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