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Proposta de uma certificação para a construção civil que vise a garantia de qualidade, segurança e durabilidade

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARIA HEMÍLIA BORGES SACHETTI

MATHEUS AMORIM DE SOUZA

PROPOSTA DE UMA CERTIFICAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL QUE VISE A GARANTIA DE QUALIDADE, SEGURANÇA E DURABILIDADE

Tubarão 2019

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MARIA HEMÍLIA BORGES SACHETTI MATHEUS AMORIM DE SOUZA

PROPOSTA DE UMA CERTIFICAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL QUE VISE A GARANTIA DE QUALIDADE, SEGURANÇA E DURABILIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro(a) Civil.

Orientador: Prof. Ms.Rennan Medeiros

Tubarão 2019

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A Deus e aos nossos pais, Fabrício Sacheti e Patrícia Borges Sacheti; Evaldo de Souza e Patrícia Carla Amorim de Souza, a nossa eterna gratidão por acreditarem na nossa tão longa e sonhada trajetória acadêmica. Muito obrigado por todo amor e dedicação ofertados. A vitória é de todos nós.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus que sempre abençoa, capacita e ilumina o nosso caminho. Aos nossos pais, Fabrício Sacheti e Patrícia Borges Sacheti; Evaldo de Souza e Patrícia Carla Amorim de Souza que acreditaram em nossos sonhos e objetivos e fizeram o seu melhor para que pudéssemos concretizar e alcançá-los. Também aos nossos irmãos, Letícia Borges Sachetti e Evaldo de Souza Junior, que estiveram lado a lado em nossa caminhada, nos estimulando a seguirmos nossos sonhos e, também, por colocarem uma responsabilidade muito grande em nós mesmos, para que pudéssemos servir de referência fraternal.

Aos amigos e familiares que estiverem presentes nestes momentos.

Ao nosso orientador e amigo, Professor Rennan Medeiros, que nos apresentou o caminho, cobrou-nos o melhor, fazendo com que a evolução durante o trabalho fosse excepcional, ensinando a moldar as rotinas por prioridades e executando muito mais que uma orientação do Trabalho de Conclusão de Curso, mas um enriquecedor de nossas vidas.

A todos demais professores da Unisul, pela oportunidade e por dividirem um pouco do seu conhecimento conosco nesses longos anos, tendo a paciência e a vontade total de repassar sua prática e sapiência.

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“Acreditar é a força que nos permite subir os maiores degraus na escada da vida.” (Autor Desconhecido)

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RESUMO

No cenário atual da construção civil brasileiro é comum observar diversas manifestações patológicas, como: trincas, manchas, formação de bolor ou mofo e o aparecimento de fissuras e trincas em unidades habitacionais com pouco tempo de uso e, até mesmo, o desabamento. Esses acontecimentos deveriam ser extintos, visto que, por ser um produto acabado, deveriam ser feitas fiscalizações, laudos através do órgão competente incumbido para fiscalizar os mesmos no Brasil. A grande vantagem desse controle, na construção civil, seria adotar como prioridade a qualidade dos materiais utilizados, mão de obra e técnicas e, assim, o consumidor, no ato da compra do imóvel, teria a plena segurança da qualidade do produto, sem se preocupar que o seu bem, muitas das vezes, o mais caro adquirido ao longo de sua vida tenha a qualidade mínima para que o mesmo não apresente futuramente os vícios que podem prejudicar, influenciar a sua segurança, provocar perdas materiais ou até mesmo de entes queridos que possam ser futuras vítimas de fatalidades em potencial. Baseado nisso, este trabalho busca identificar e delimitar o órgão competente com aptidões e embasamento jurídico, que possa estar fazendo a inspeção das obras, causando maior disputa entre concorrentes, o que acaba favorecendo o consumidor final, pois faz a compra com a garantia e segurança. Sugeriu-se o INMETRO como o responsável por fiscalizar e controlar a qualidade das edificações, uma vez que este é o órgão fiscalizador dos produtos acabados. Além disso, uma amostra de construtoras no município de Tubarão-SC foi questionada, a fim de entender melhor o cenário e aplicar uma metodologia para identificação da qualidade geral das construções, baseado nos sistemas de garantia da qualidade que estas possuem.

Palavras-chave: Controle de qualidade; Qualidade das construções; INMETRO; Manifestações patológicas.

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ABSTRACT

In the current scenario of brazilian civil construction, it is common to observe several pathological manifestations,, such as cracks, stains, mold or mildew in short-lived housing units, and even the collapse of buildings. These events must be extinguished, since, being a finished product, inspections must be made, reports made through the competent body delimited to oversee them in Brazil. The big advantage of this civil construction control would take as a priority the quality of the materials used, manpower and techniques, and thus the consumer, in the act of buying without worrying about the quality, since the reports prove the provenance normally, the most expensive product, purchased over a lifetime, is of minimal quality, so that they do not have future addictions that could impair, influence their safety, or even be subject to the risk of collapse of buildings that could affect integrity physical. Based on this, this work seeks to identify and delimit the competent body with skills and based on legal issues, so that it can perform an inspection of the works, causing greater dispute between companies, favoring the final consumer, who makes a purchase with security and safety. INMETRO was suggested as responsible for supervising and controlling the quality of buildings, since this is the supervisory body of finished products. In addition, a sample of construction companies in the city of Tubarão-SC was questioned in order to better understand the scenario and apply a methodology for identifying the overall quality of buildings, based on their quality assurance systems.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1–Índice de conformidade dos materiais ou componentes analisados pelos PSQs ... 23 Figura 2–Proposta de ficha de avaliação para obtenção da Licença de Utilização do INMETRO ... 38 Figura 3–Exemplo de preenchimento do laudo de exigências para obtenção da Licença de Utilização do INMETRO... 39 Figura 4–Proposta da Licença de Utilização do INMETRO ... 40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Desabamentos memoráveis no Brasil ... 20 Tabela 2– Dificuldades da implantação de sistemas de garantia da qualidade ... 34

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1– Informações das empresas e seus sistemas de garantia da qualidade ... 32 Quadro 2– Informações sobre outras ações de sistemas de qualidade ... 33

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CBM – Corpo de Bombeiros Militar

CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito

INMETRO –Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia NBR – Norma Brasileira

PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PSQs – Programas Setoriais da Qualidade

SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil

SiMaC – Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos

SINAT – Sistema Nacional de Avaliações Técnicas

SiQ – Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 15 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ... 16 1.2 JUSTIFICATIVA ... 17 1.3 OBJETIVOS ... 18 1.3.1 Objetivo geral ... 18 1.3.2 Objetivos específicos ... 18 2 REVISÃO DE LITERATURA ... 20

2.1 HISTÓRICO DO CENÁRIO DA GARANTIA DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL ... 20

2.1.1 Sistemas que contemplam a edificação... 24

2.1.1.1 Fundações ... 24 2.1.1.2 Estruturas ... 25 2.1.1.3 Vedação vertical ... 25 2.1.1.4 Instalações Prediais ... 26 2.1.1.5 Revestimentos... 26 2.1.1.6 Impermeabilização ... 27

2.2 CONSIDERAÇÕES ENTRE O ATUAL CENÁRIO INTERNACIONAL E BRASILEIRO SOBRE A GARANTIA DA QUALIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 27

2.3 DEFINIÇÃO DA MEDIÇÃO DE DESEMPENHO ... 28

3 METODOLOGIA ... 30

3.1 A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA CIENTÍFICA ... 30

3.2 PESQUISA REALIZADA ... 30

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 30

3.4 DESCRIÇÃO DO PROCESSO ... 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 32

4.1 DIFICULDADES DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GARANTIA DA QUALIDADE ... 32

4.1.1 Informações da empresa e seus sistemas de qualidade ... 32

4.1.2 Informações sobre outras ações de sistemas de qualidade ... 33

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4.2 DETERMINAÇÃO DO ÓRGÃO RESPONSÁVEL PELA GARANTIA DA

QUALIDADE ... 35 4.3 PROPOSTA DE MÉTODO DE FISCALIZAÇÃO PARA GARANTIA DA

QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 37 5 CONCLUSÃO ... 41 REFERÊNCIAS ... 43 APÊNDICE A – FORMULÁRIO SOBRE “DIFICULDADES DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GARANTIA DA QUALIDADE” ... 46

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1 INTRODUÇÃO

Historicamente, é possível ver o resultado de construções de edifícios que obtiveram imperícias de qualidade dos projetos, da execução e dos materiais empregados: tragédias memoráveis resultando em mortes, transtornos em grandes centros e perda de muitos investimentos de expressivos valores.

O Palace II, edifício residencial concluído em 1995, alto padrão construído na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, após desmoronamento causado por motivos de falha no dimensionamento das vigas de sustentação, foi sujeito, à época, à implosão que deveria ocorrer em cinco dias. Após quatro dias da primeira catástrofe, causando a morte de cinco pessoas, ocorreu o segundo desmoronamento. E, então, no dia seguinte, houve a implosão que foi reproduzida ao vivo pelas televisões brasileiras (HELENE, 1998).

Em Santa Catarina, o desabamento do prédio utilizado para uma agência dos Correios no município de Içara, que ocasionou a morte de 3 pessoas, no ano de 2005 certamente é mais um dos marcos para as tragédias da construção civil, já que o laudo pericial descreve que houve indícios de erros na concepção e na execução. Dentre eventuais notícias, a mais recente lembrada, dá-se sobre o desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, no dia 1º de maio do ano de 2018. O fato aconteceu após um incêndio que se alastrou pelo prédio, favorecido pelo fosso do elevador na propagação das chamas e também pela falta de manutenção. Esses fatores em conjunto fizeram com que a estrutura entrasse em colapso mais rapidamente pela elevação da temperatura (HELENE, 2018; DALLEDONE, 2018).

A falha na construção civil perdura até hoje, pois a não obrigatoriedade de uma garantia da qualidade na construção dos edifícios faz com que não haja uma preocupação por parte de algumas construtoras em apresentar um desempenho mínimo em suas obras, pois independentemente do resultado obtido, a construção poderá ser entregue ao contratante.

Todo esse descaso por parte de algumas construtoras acarreta em perdas e tragédias irreversíveis. É necessária uma fiscalização rígida para evolução, melhoramento dos sistemas construtivos, laudos de habilitações para profissionais, construtoras, aumentando, desse modo, uma competitividade do mercado para que haja uma seleção e, assim, a valorização de profissionais e empresas realmente interessados em um bom funcionamento da edificação após conclusão da construção e não apenas o foco no lucro com os empreendimentos.

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1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Sabe-se que diante da construção de edificações, todas as etapas da obra são de suma importância para se ter o melhor resultado no produto acabado, de maneira que a execução com qualidade se torna peça fundamental para se alcançar esse objetivo.

As edificações podem ser comparadas a um corpo humano, onde os sistemas da edificação se assemelham aos órgãos do organismo. Para que o corpo seja saudável, com todos os sistemas desempenhando sua função, é importante que todos os órgãos estejam em pleno funcionamento, tendo desempenho satisfatório. Com isso, os sistemas de uma construção necessitam também de ter uma boa performance, onde se incluem:

 Estrutura: sondagem para conhecimento do solo; fundação adequada ao tipo de solo; impermeabilização da infraestrutura; controle de qualidade dos materiais; mapeamento da distribuição do concreto; controle tecnológico do concreto; atender ao tempo de cura; execução correta do cimbramento.

 Instalações hidrossanitárias: utilização do material correto para cada fluído e temperatura; atender as exigências mínimas e máximas de pressão; utilização do diâmetro correto; execução dos tubos e conexões de maneira correta, sem vazamentos; sistema de tratamento sanitário de acordo com as normas.

 Instalações elétricas: obedecer às especificações quanto ao diâmetro dos condutores e cabos; executar as emendas e derivações, assegurando contato elétrico perfeito e permanente; realizar aterramento atendendo o valor mínimo de resistência.

 Vedação: garantir que o ambiente interno seja estanque; assegurar conforto em termos acústicos; realizar encunhamento; executar vergas e contra-vergas; controle de qualidade dos materiais.

 Cobertura: executar impermeabilização adequada; utilizar inclinação apropriada para o tipo de telha; garantir resistência e durabilidade.

Contudo, o que nos garante que um edifício tenha seguido todos os passos necessários para se chegar à boa qualidade? Diferentemente da maioria dos ramos, a construção civil, através de seus órgãos fiscalizadores, ainda hoje não exige certificação alguma que garanta a qualidade das unidades habitacionais. Apesar da responsabilidade do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) de fiscalizar o exercício legal da profissão e as prefeituras supervisionarem a questão da legalidade da obra (quanto aos recuos, áreas e dimensões mínimas exigidas no plano diretor e código de obras), atualmente não há um órgão que fiscalize e certifique o desempenho das edificações. Atualmente, existe o

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), que nada mais é do que ações definidas pelo Ministério das Cidades, pela Secretaria Nacional de Habitação, com principal objetivo de organizar o setor da construção civil em torno de duas propostas principais: qualidade do habitat e a modernização na produção. Esse programa busca qualificar as construtoras quanto à sua qualidade, entretanto não se faz presente uma fiscalização quanto ao resultado final da obra.

Em outras áreas, o cenário se mostra diferente. Por exemplo, quando se compra um automóvel, a vistoria veicular se apresenta como documento obrigatório para que a transferência do veículo seja bem-sucedida. Logo, somente através de uma empresa credenciada pelo Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), é possível atestar que o automóvel apresenta os requisitos mínimos de desempenho para transitar. Um exemplo ainda mais próximo da construção civil é a questão da prevenção de incêndios, de responsabilidade do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) que já é atestada no projeto, no qual analistas da instituição avaliam e o aprovam. Após projeto aprovado e a execução deste realizada, a documentação que certifica que o edifício se encontra com os sistemas e dispositivos de segurança e prevenção contra incêndios de acordo com o exigido e demonstrado no projeto, habite-se, só é concedida ao proprietário após ser realizada uma vistoria pelos profissionais do CBM, onde é inspecionado e atestado o desempenho dos mesmos.

1.2 JUSTIFICATIVA

Na atual realidade brasileira, as construções de edifícios, quando chegam ao seu estágio final, ou seja, prontas para utilização, não possuem qualquer inspeção dos órgãos fiscalizadores a fim de avaliar seu atendimento ao desempenho requerido, seja dos materiais ali aplicados, como da execução. Esse déficit relacionado à avaliação da qualidade acaba promovendo a negligência e favorecendo a continuidade dos vícios errôneos na construção.

Em contrapartida, as unidades habitacionais do programa governamental Minha Casa, Minha Vida precisam atender alguns requisitos, como:

 Equivalência entre o tipo ou qualidade de materiais empregados na obra e no memorial descritivo com as especificações técnicas aprovadas;

 A construtora responsável pela obra precisa realizar o controle tecnológico do concreto e acompanhar os resultados para que os mesmos fiquem disponíveis em canteiro.

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Apesar de os itens acima serem solicitados, sabe-se que este controle não ocorre da forma como a Caixa Econômica Federal exige, deixando o consumidor muito vulnerável por obter um imóvel financiado em 30 anos sem ao menos ter certeza da sua vida útil, já que as vistorias existentes atualmente não acontecem da mesma forma exigida pelos bancos, mas sim por meios substanciais, sem muitas certezas. Visto todos esses problemas e o que a falta de vistoria pode causar, neste trabalho viu-se a necessidade de delimitar a um órgão uma fiscalização das etapas da construção, com ensaios e laudos, tendo assim correlação direta e precisa entre projeto e execução, a fim de que as unidades habitacionais cumpram o seu papel e tenham seu desempenho estimado alcançado (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2015).

Sabendo que o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) no Brasil é responsável pelo produto acabado, pensou-se em delimitar a este essas obrigações, porém é notório que envolveria muito recurso financeiro para adequações, mais funcionários, locais de trabalho, entre outros.

Dessa forma, o trabalho busca investigar e propor a criação de uma certificação ao órgão responsável sugerido por fiscalizar todas as etapas da construção civil até seu produto acabado de maneira que este apresente um desempenho mínimo estabelecido.

1.3 OBJETIVOS

O presente item traz os objetivos geral e específicos desta pesquisa.

1.3.1 Objetivo geral

Elaborar e propor uma certificação ao órgão responsável pela fiscalização que contemple todas as etapas da edificação até seu produto acabado visando ao desempenho mínimo previsto, garantindo segurança e durabilidade à construção.

1.3.2 Objetivos específicos

Para alcançar o objetivo geral deste trabalho, é necessário o atendimento dos seguintes objetivos secundários:

 Investigar os impactos da falta de fiscalização da qualidade dos materiais e da execução na construção civil;

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 Avaliar as especificações das formas de controle de garantia da qualidade da construção civil;

 Investigar as dificuldades da implantação de sistemas de garantia da qualidade;  Sugerir o órgão responsável pela garantia da qualidade;

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo será apresentada a revisão de literatura sobre o tema abordado.

2.1 HISTÓRICO DO CENÁRIO DA GARANTIA DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

No contexto atual do mercado da construção civil brasileiro, sabe-se da importância da gestão da qualidade, já que esta fornece às empresas melhores controles nos processos, resultando em qualificação da mão de obra, redução de custos, organização para qualificar e satisfazer os clientes e, assim, de modo geral, melhorar a produtividade (LORDELO; MELHADO, 2005). A tabela 1 sintetiza os memoráveis desabamentos ocorridos no Brasil nas últimas 3 décadas.

Tabela 1– Desabamentos memoráveis no Brasil

Tragédia Ano Vítimas Fatais

Ed. Pallace II, Rio de Janeiro (RJ) 1998 5 Pessoas

Igreja Universal, Osasco (SP) 1998 22 Pessoas

Edifício do Correios, Içara (SC) 2005 3 Pessoas

Igreja Renascer, São Paulo (SP) 2009 9 Pessoas

Edifício em Obras, Salvador (BA) 2010 3 Pessoas

Edifício, Rio de Janeiro (RJ) 2010 5 Pessoas

Edifício Alto Padrão, Belém (PA) 2011 3 Pessoas

Edifício em Construção, Goiânia (GO) 2011 3 Pessoas

Edifício, Belo Horizonte (MG) 2012 1 Pessoa

Edifício do Governo, São Paulo (SP) 2012 1 Pessoa

Desmoronamento de Prédios (RJ) 2012 5 Pessoas

Edifício, São Mateus (SP) 2013 10 Pessoas

Edifício, Rio de Janeiro (RJ) 2018 7 Pessoas

Fonte: Desabamentos que chocaram o Brasil (2019).

Em 18 de dezembro de 1998, foi instituído, pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional (PBQP-H). O programa foi firmado a fim de cumprir com o que fora acordado na Conferência

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do Habitat II em 1996, com a assinatura da Carta de Istambul. Esta tem como objetivo melhorar a qualidade do habitat e a modernização produtiva (PBQP-H, 2018).

“No ano 2000 foi estabelecida a necessidade de uma ampliação do escopo do Programa, que passou a integrar o Plano Plurianual (PPA) e a partir de então englobou também as áreas de saneamento e infraestrutura urbana. Assim, o H do Programa passou de Habitação para Habitat, conceito mais amplo e que reflete melhor sua nova área de atuação.” (PBQP-H, 2018).

O PBQP-H se articula com o setor privado, sendo os recursos do Governo Federal destinados apenas para custeio, estruturação de novos projetos e divulgação. O programa estimula linhas de financiamentos já existentes de diferentes entidades, como CAIXA, BNDES, FINEP, SEBRAE, SENAI e outros. Com isso, busca-se alcançar o aumento da competitividade do setor da construção civil, bem como a melhoria na qualidade de materiais e serviços (PBQP-H, 2018).

Com o PBQP-H, foram criados muitos projetos dentro deste seguimento e o mais considerado foi o Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiQ). Enquanto esteve em vigor, fornecia ao setor uma padronização e abrangia apenas a área de execução de edificações, e por isso acabou sendo popularmente conhecido como SiQ construtoras. As únicas empresas certificadas eram as das edificações, o que limitava muito. Em 2005, o SiQ foi realinhado e passou a denominar-se de: Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil - SiAC. Neste, surgem regimentos relativos a outras obras, como: artes especiais, saneamento e obras viárias.

“O SiAC tem como objetivo avaliar a conformidade do sistema de gestão da qualidade das empresas de serviços e obras, considerando as características específicas da atuação dessas empresas no setor da construção civil, e baseando-se na série de normas ISO 9000. O sistema busca contribuir para a evolução dos patamares de qualidade do setor, envolvendo especialidades técnicas de execução de obras, serviços especializados de execução de obras, gerenciamento de obras e de empreendimentos e elaboração de projetos.” (PBQP-H, 2018).

Dentre todas as mudanças imprescindíveis introduzidas com o SiAC, destaca-se: o INMETRO é designado como entidade responsável pela definição de uma lista de serviços e materiais que deveriam ser controlados e estabelecem regras a serem cumpridas para a qualificação de superiores e técnicos com suas especialidades. Essa harmonia com o instituto faz com que os Certificados de Conformidade só fossem válidos por organismos credenciados pelo INMETRO e autorizados pela Comissão Nacional do SiAC (PBQP-H, 2018).

Há mais dois sistemas dentro do PBQP-H, que são o Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (SiMaC) e o Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SINAT). O primeiro busca manter no mercado da construção apenas a presença de produtos com a qualidade exigida e que estejam em conformidade com o que se

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é solicitado. Com isso, fomenta o aumento da tecnologia e comprometimento para com as empresas do ramo.

“A não-conformidade técnica de materiais e componentes da construção civil resulta em habitações e obras civis de baixa qualidade, afetando o cidadão, as empresas e o habitat urbano como um todo. Desperdício, baixa produtividade, poluição urbana e déficit habitacional fazem parte de um cenário, que o Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos se propõe a transformar, em parceria com o setor privado.” (PBQP-H, 2018).

Dentro do SiMaC foram desenvolvidos os Programas Setoriais da Qualidade (PSQs) que promovem ações que visam ao desenvolvimento tecnológico dos setores de produtos da construção civil, além de combater a não-conformidade com as Normas Técnicas em vigor. Os programas proporcionam um mercado mais homogêneo em relação aos aspectos técnicos, o que aumenta os padrões de produtividade e a qualidade dos produtos finais (PBQP-H, 2018).

Ainda, de acordo com o autor acima, antes de o sistema ser implantado, aproximadamente metade dos materiais e componentes que eram utilizados na construção civil habitacional se encontrava em desconformidade. Após o SiMaC entrar em funcionamento com a implementação dos PSQs, essa situação diminuiu para 20% aproximadamente, com alguns seguimentos chegando próximo dos 100% de conformidade.

O gráfico da figura 1 mostra o índice de conformidade dos materiais ou componentes utilizados na construção civil:

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Figura 1–Índice de conformidade dos materiais ou componentes analisados pelos PSQs

Fonte: PBQP-H (2018).

O terceiro sistema dentro do PBQP-H a ser comentado neste trabalho é o SINAT. “O SINAT é proposto para suprir, provisoriamente, lacunas da normalização técnica prescritiva, ou seja, para avaliar produtos não abrangidos por normas técnicas prescritivas.” (PBQP-H, 2018, p. 1).

“O Sistema Nacional de Avaliação Técnica é uma iniciativa de mobilização da comunidade técnica nacional para dar suporte à operacionalização de um conjunto de procedimentos reconhecido por toda a cadeia produtiva da construção civil, com o objetivo de avaliar novos produtos utilizados nos processos de construção.” (PBQP-H, 2018).

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A ISO 9001 e seus sistemas de controle da qualidade referenciados têm sido pauta de inúmeros estudos recentemente sobre gestão de qualidade, com opiniões distintas entre os vários autores, como Benetti e Jungles (2006), os quais afirmam que intensifica a empresa a formalizar e melhorar o funcionamento da organização já estabelecida. Já Hernandes e Jungles (2003) relatam que as vantagens abrangem uma capacitação das empresas com melhor desempenho nas suas atividades de projetos e criação na concepção, melhor prestação de serviços e seletividade na concorrência. Porém, diante desses pontos positivos, faz-se necessário um planejamento adequado para a implementação, já que com o número crescente de empresas que tentam implantar um controle da qualidade, o que fica evidenciado é que, na maior parte, são de qualidade insatisfatória e contendo diversas desconformidades que não estão acordadas com o que é proposto na norma.

2.1.1 Sistemas que contemplam a edificação

2.1.1.1 Fundações

Fundação é o elemento estrutural que possui principal função de transmitir a carga da estrutura ao solo sem que haja ruptura do terreno ou do próprio elemento de ligação e que, os recalques sejam absorvidos sem prejuízos à estrutura (VELLOSO; LOPES, 2004).

Segundo Marzionna (2005), não existe obra sem a execução de fundação e jamais é dito a um cliente que a obra não pode ser executada devido ao tipo do solo do terreno. Conforme a Associação Brasileira de Normas Brasileiras (ABNT, 2010), a NBR 6122 prevê que o requisito de segurança relacionado à ruptura é a verificação do estado-limite último, enquanto os recalques compatíveis com a estrutura correspondem à verificação do estado-limite de serviço.

As fundações são classificadas em: fundações superficiais e fundações profundas. As superficiais, conhecidas também como diretas ou rasas (sapatas, blocos de fundação, radiers, sapatas associadas e sapatas corridas), caracterizam-se pela transmissão da carga ao terreno pelas tensões distribuídas sob a base da fundação. Já as fundações profundas (estacas ou tubulões) transmitem a carga ao terreno pela base ou pela superfície lateral ou, ainda, pela junção das duas.

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2.1.1.2 Estruturas

Nas estruturas tradicionais vistas, compostas por lajes, vigas e pilares, as cargas começam nas lajes, que são transferidas às vigas e, em seguida, para os pilares que as conduzem até a fundação. A NBR 6118, que possui caráter normativo, tem como função principal, servir de base em projetos, estrutura de concreto armado. Já o procedimento que é de suma importância, vem sido descrito na NBR 14931. Esta possui um caráter de instruir os procedimentos necessários de execução para as estruturas em concreto armado.

As lajes recebem as cargas permanentes (peso próprio, revestimentos, etc.) e as variáveis (pessoas, máquinas, equipamentos, etc.) e as transmitem para as vigas de apoio. As vigas são classificadas como “elementos lineares em que a flexão é preponderante” (NBR, ABNT, 2014, p. 83) Já os pilares são elementos de eixo reto, normalmente na vertical, em que as forças normais de compressão são prevalecentes e tem a função de receber as ações atuantes e conduzir para as fundações. Juntamente com as vigas, os pilares formam os pórticos, que garantem a estabilidade global da estrutura (SCADELA; PINHEIRO, 2003).

Existem muitas regras na execução: a concretagem inicia-se após as armações estarem posicionadas e conferidas. As armações só podem ser definidas após as formas estarem bem posicionadas e escoradas. A execução muitas vezes necessita de betoneiras, gruas, adensadores. Sempre é realizado o ensaio de slump para os caminhões de concretagem que chegam à obra. A mão de obra necessária inclui: carpinteiro, ajudante, armador, pedreiro e servente (TCPO, 2010).

2.1.1.3 Vedação vertical

O capítulo quatro da NBR 15.575 (ABNT, 2013), sobre o desempenho de edificações habitacionais enfoca os sistemas de vedações verticais internas e externas das edificações habitacionais que, além da volumetria e da compartimentação dos espaços, integram-se aos outros elementos da construção e, assim, passivas de influências e também influenciando desempenho de outros elementos. Mesmo quando não possuem função estrutural, podem atuar como reforço de estruturas ou sofrer as ações decorrentes das deformações das estruturas. Por isso, é necessário uma análise conjunta do desempenho dos elementos com que interagem.

As vedações verticais possuem diversas funções, como estanqueidade à água, servindo como isolante térmica e acústica, compartimentação em casos de incêndio.

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2.1.1.4 Instalações Prediais

São muitas as instalações que requerem o funcionamento pleno de uma edificação, dentre eles: instalações hidrossanitárias, instalações elétricas, TV, telefonia, internet, gás, ar condicionado.

Para as instalações elétricas de baixa tensão, a principal normativa é a NBR 5410 (ABNT, 2004). Esta é aplicada ao uso comercial, residencial, industrial, público entre outros. Aplica-se a circuitos elétricos alimentados com frequência inferior a 400 Hz ou 1500 V em corrente contínua.

As instalações hidrossanitárias devem seguir a NBR 5626 (ABNT, 1998). Esta estabelece exigências e recomendações relativas ao projeto, execução e manutenção da instalação predial de água fria para que as instalações obtenham bom desempenho e garantia da potabilidade.

2.1.1.5 Revestimentos

A má execução dos revestimentos, segundo a NBR 7200 (ABNT, 1998), é responsável pelos fenômenos patológicos observados posteriormente. Nesta norma, visa-se ao entrosamento entre projetista e construtor, buscando melhorias no preparo e aplicação de argamassas inorgânicas, preparação da base do revestimento, e cuidados na aplicação. Esta norma se relaciona com a NBR 13749, que é de especificação e aplicam-se as definições da NBR 13529, de terminologia.

São muito comuns os casos em que a falta de qualificação e certificação da mão de obra está diretamente ligada ao assentamento. Prevenir sempre será a melhor forma de evitar as patologias. E para isto, os profissionais precisam de treinamento. É necessário o investimento em cursos de qualificação para os assentadores de revestimento cerâmico. Estas medidas contribuem significativamente para extinção dos problemas.

É imprescindível que, além da correta especificação, treinamento da mão de obra, aconteça a fiscalização objetivando a qualidade, desempenho e, assim, resultando custo final ao projeto.

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2.1.1.6 Impermeabilização

A NBR 9575 (ABNT, 2010) define as exigências e recomendações relacionadas ao projeto de impermeabilização, para que sejam atendidos os requisitos mínimos de proteção contra a passagem de fluidos, bem como os requisitos de salubridade, segurança e conforto do usuário, para garantir a estanqueidade dos elementos construtivos que a requeiram.

A NBR 15575 (ABNT, 2013) estabelece requisitos mínimos a serem atendidos pelas edificações habitacionais. Na parte 1, Requisitos Gerais, é estabelecido que a edificação seja estanque às umidades provenientes do meio externo, como a chuva, umidade do solo e do lençol freático. O texto é claro ao definir que os pisos de áreas molhadas, banheiro e áreas descobertas não podem permitir o surgimento de umidade.

Todas essas exigências tendem a ser mais um gatilho para que a impermeabilização seja muito bem projetada e assim executada. Para atender a norma não basta aplicar qualquer impermeabilizante em lojas de construção, como geralmente acontece. É preciso utilizar, de forma muito bem pensada, o produto mais adequado.

2.2 CONSIDERAÇÕES ENTRE O ATUAL CENÁRIO INTERNACIONAL E BRASILEIRO SOBRE A GARANTIA DA QUALIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Hoje, no cenário da garantia da qualidade na construção civil, alguns países se destacam por programas que apresentam para medir o desempenho de obras e organizações da construção civil, como é o caso da Inglaterra, Estados Unidos, Chile e o próprio Brasil. Isso se dá, pois, nos últimos anos, a busca por melhoria na qualidade de produtos e serviços, com ênfase na conformidade, confiabilidade e durabilidade, tem se feito presente no setor da construção civil, unindo ações de inovação, redução de prazos e custos (COSTA et al, 2005).

Iniciado no estado do Rio Grande do Sul, o SISIND-NET tem como objetivo “desenvolver e implantar um Sistema de Indicadores para Benchmarking na Indústria da Construção, com a utilização de instrumentos da Tecnologia da Informação, principalmente aqueles vinculados ao uso da internet.” (COSTA et al, 2005).

“O SISIND-NET foi inspirado em experiências internacionais de sistemas de indicadores para benchmarking na indústria da construção já em desenvolvimento na Inglaterra (Key Performance Indicators), nos Estados Unidos (Construction Industry Institute Benchmarking and Metrics) e no Chile (Sistema Nacional de Benchmarking en la Construcción).” (COSTA et al, 2005).

Nos Estados Unidos, em 1893 criou-se o Construction Industry Institute Benckmarking and Metrics com o objetivo de melhorar o posicionamento dos Estados Unidos

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no mercado internacional. O instituto iniciou-se com 28 membros fundadores e desde que surgiu, na Universidade do Texas, seguiu uma agenda de pesquisa definida (CII, 2018). Nas obras públicas, há a obrigatoriedade das cauções de garantias em todos os contratos governamentais, sem exceção, logo, é transferido para as empresas o risco da inadimplência, como o trabalho de pré-qualificação das empresas, podendo, dessa forma aplicar com maior segurança os recursos públicos.

O déficit de mão de obra qualificada na Construção Civil americana fica evidente e causa um crescimento da mecanização como forma de aumentar a produtividade e suprir a dificuldade. Outra ação cada vez mais utilizada é o aumento de peças pré-fabricadas. Porém, sabe-se que essas medidas não são alternativas reais e definitivas para a substituição de pessoas qualificadas.

“A missão da CII é inspirar os proprietários, provedores de serviços e acadêmicos a colaborar através de pesquisas para produzir melhores práticas e recursos de implementação, criando soluções inovadoras que melhorem de maneira tangível a segurança e a eficiência de capital.” (CII, 2018).

Na Inglaterra, utiliza-se outra ferramenta de controle a fim de acompanhar os resultados da operação em relação às metas. No país europeu, o Key Performance Indicators é aplicado para medir o desempenho do mercado da construção civil.

“Os KPIs são baseados em dados tratados estatisticamente e obtidos através de questionários dirigidos aos diversos participantes do setor da construção. Os inquéritos aos clientes são obtidos no final de cada operação; os inquéritos dirigidos às empresas são preenchidos com informação referente ao ano.” (COSTA et al, 2006). O Chile possui uma ferramenta nacional desenvolvida pela Sociedade de Desenvolvimento Tecnológico iniciada em 2001 e denominada Sistema Nacional de Benchmarking en la Construcción. Tem como objetivo identificar as tendências do setor.

“O sistema é constituído por quatro áreas de inserção de dados: dois questionários, um para a administração e outro para entidades que contatam diretamente com o local da obra, projetistas e diretores de obra, que se dividem pelos dois tipos de indicadores, anuais ou por operações finalizadas. As empresas pertencentes ao Clube de

Benchmarking fornecem a informação que carrega a base de dados.” (COSTA et al,

2006).

2.3 DEFINIÇÃO DA MEDIÇÃO DE DESEMPENHO

O processo de medição de desempenho é realizado através de coleta, processamento e avaliação dos dados, a fim de medir algo a ser definido. Esse processo proporciona a oportunidade de avaliar os níveis de desempenho que uma determinada organização ou objeto tem. Com essa captação de informações, é possível saber em que melhorar e investir recursos e atenção (SINK; TUTTLE, 1993).

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“O desenvolvimento tecnológico acelerado e as crescentes mudanças dos perfis de mercado obrigam as organizações que se dispõem a sobreviver a procurar e implantar constantemente novas soluções, conhecer sua posição e não parar de buscar a excelência. Diante desse quadro, os gerentes refletem: Como lidar com isso? Por onde começar? Como saber para onde estamos indo?” (SINK; TUTTLE, 1993).

Um problema a ser solucionado na medição de desempenho é que, muitas vezes, os indicadores utilizados não são integrados ou alinhados com o processo do negócio. Sua inserção nos processos gerenciais se torna dificultada, uma vez que os indicadores não trazem os objetivos estratégicos e fatores críticos da empresa (COSTA et al., 2005).

A medição de desempenho nos permite realizar um diagnóstico da atual situação do problema, uma vez que é possível controlar os padrões de desempenho deste. Com isto, é possível avaliar onde e como melhorar esta situação, implementando novas estratégias ou técnicas.

“Outro problema comum neste setor é a insuficiente análise dos indicadores de modo a utilizar as informações fornecidas para auxiliar na tomada de decisão, seja gerencial ou estratégica. Nesse sentido, é importante definir o fluxo das informações necessárias para implementar esses indicadores, desde a identificação de quem coleta, processa e analisa os dados até quem necessita dessas informações para a tomada de decisão.” (COSTA et al, 2005).

Destaca-se que a necessidade de mais recursos humanos e financeiros para que empresas se tornem aptas a serem avaliadas pelo desempenho de seus produtos impede a iniciativa de melhorias na organização desta (SINK; TUTTLE, 1993).

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3 METODOLOGIA

3.1 A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

Pesquisar cientificamente implica a construção de conhecimento a partir de uma postura inovadora, que permite aos envolvidos esquivarem-se da condição de expectadores e passarem a ser protagonistas dessa construção. É importante lembrar que, através da pesquisa, a competência interpretativa do investigador é aflorada e o mesmo passa a possuir autonomia e empoderamento para interpretar a realidade que o cerca (DEMO, 2012).

Dessa forma, fica evidenciada a relevância do estudo sistemático não apenas no processo de construção do conhecimento, mas fundamentalmente como forma de aquisição da percepção da sociedade e da ciência.

3.2 PESQUISA REALIZADA

Caracterizou-se como pesquisa qualitativa (método de abordagem) que teve como procedimento a análise bibliográfica e documental sob nível exploratório.

“Há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 70).

As pesquisas qualitativas são flexíveis de tal forma que permitem aos envolvidos efetuar modificações no percurso da pesquisa que passa pela inserção de novos autores ou mesmo pela reavaliação de objetivos específicos. Simultaneamente, são subjetivas porque estão diretamente ligadas à percepção descrita dos pesquisadores. A abordagem bibliográfica e documental tem origem em artigos científicos e livros resgatados de base de dados e que, por si só, retratam a fidedignidade das informações obtidas. Quanto ao nível, exploratório, representa a necessidade de aprofundamento dos pesquisadores e não envolvem descrição e manipulação de variáveis.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados a partir de artigos científicos e livros, físicos ou e-books, todos com ISBN e resgatados a partir de bases de dados confiáveis. Também a observação dos pesquisadores foi ente para a busca de informações por tratar-se de uma

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investigação qualitativa. Esses artigos, além de conferirem o estado da arte ao estudo, proporcionaram informações relevantes, atuais e verdadeiras para a pesquisa. Com os livros, os mesmos procedimentos. A observação, seja direta ou indireta, possibilita aos envolvidos encontrarem informações não presentes tanto em artigos científicos quanto em livros. Isso caracteriza sua importância para o estudo.

Para Marconi e Lakatos (2001, p.43), define-se por pesquisa bibliográfica o: “[...] levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto [...]”.

3.4 DESCRIÇÃO DO PROCESSO

No dia 16 de outubro de 2016, a cidade de Tubarão-SC decretou emergência após um forte vendaval, o qual causou estragos por toda a cidade, além da morte de uma criança. Na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), em torno de 10 mil alunos ficaram sem aulas por aproximadamente uma semana. Edifícios industriais, especialmente galpões metálicos, foram arrasados e destruídos pelos fortes ventos, o que levantou certa indagação por parte da Defesa Civil do município: qual garantia temos de que certa edificação tem um desempenho mínimo satisfatório? Diante deste problema, considerou-se de extrema importância a elaboração de uma certificação para as edificações que atestassem o desempenho mínimo necessário, assim como as certificações feitas pelo INMETRO para outros produtos, como carros, eletrodomésticos e tantos outros (GLOBO, 2016).

Para encontrar as dificuldades relacionadas à implantação de sistemas de garantia da qualidade, foi proposta e realizada uma pesquisa com 8 empresas construtoras da cidade de Tubarão-SC, onde a equipe de engenharia quantificou com notas as algumas dificuldades que são encontradas no trajeto de implantação e uso desses sistemas, além de algumas informações adicionais. O formulário aplicado compõe o apêndice A. Para o seu desenvolvimento utilizou-se como base os conceitos propostos por Dapexe e Paladini (2007).

A fim de investigar qual seria o órgão responsável pela fiscalização das atividades de execução de obras na indústria da construção civil no Brasil, foram analisadas legislações pertinentes, portarias do INMETRO e normas da ABNT.

Para proposta de uma estrutura de fiscalização do controle de garantia foram analisadas as propostas feitas por Costa et al. (2005) para o Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFRGS.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 DIFICULDADES DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GARANTIA DA QUALIDADE

O formulário encontrado no apêndice A foi aplicado com 8 empresas construtoras sediadas na cidade de Tubarão. As empresas são apresentadas aqui de forma anônima, elencadas pelas primeiras letras do alfabeto. Nesta pesquisa foram encontrados os seguintes resultados.

4.1.1 Informações da empresa e seus sistemas de qualidade

O quadro 1 apresenta informações das empresas que foram objeto de estudo deste trabalho e quais seus sistemas de garantia da qualidade.

Quadro 1– Informações das empresas e seus sistemas de garantia da qualidade Nome Idade Número de

funcionários

Número de obras por ano

Possui PBQP-H

Possui

ISO 9001 Possui 5S

Empresa A 10 anos 35 pessoas 2 obras Sim Sim Não

Empresa B 16 anos 18 pessoas 1 obra Sim Sim Não

Empresa C 10 anos 100 pessoas 5 obras Sim Sim Não

Empresa D 12 anos 30 pessoas 4 obras Sim Sim Sim

Empresa E 10 anos 10 pessoas 1 obra Sim Sim Não

Empresa F 13 anos 50 pessoas 8 obras Não Não Não

Empresa G 2 anos 68 pessoas 5 obras Não Não Não

Empresa H 2 anos 4 pessoas 5 obras Não Não Não

Fonte: Autores (2019).

As empresas F, G e H não possuem nenhum tipo de sistema de garantia da qualidade. Questionadas se teriam interesse em possuir, todas afirmaram que sim. Cada empresa apresentou um motivo por ainda não ter implantado um sistema de garantia da qualidade. A Empresa F alegou: “Estamos em uma fase de finalização de obras lançadas há alguns anos. Na próxima fase, onde ocorrerá lançamento de novas obras, a empresa tem como objetivo executar os novos empreendimentos com um sistema de gestão de qualidade.” Por sua vez, a Empresa G alegou estar em processo de implantação. Já a Empresa H disse: “Ainda

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não foi pensado sobre esses tipos de sistemas devido ao pouco tempo de empresa, porém é um item que vamos analisar em um futuro próximo.”

Percebe-se que a maioria das empresas com uma década ou mais de existência que foram questionadas neste trabalho já possui pelo menos um dos sistemas de garantia da qualidade. As outras três empresas, apesar de ainda não possuírem, em breve implantarão ou já estão implantando.

4.1.2 Informações sobre outras ações de sistemas de qualidade

Na pesquisa feita com as empresas também foram questionados os pontos que também, de certa forma, contribuem para asseguram a garantia da qualidade. O quadro 2 apresenta estes resultados.

Quadro 2– Informações sobre outras ações de sistemas de qualidade

Nome Controle de recebimento e armazenamento de insumos Controle de produtividade Entrega manual de uso para os compradores das unidades habitacionais Realiza checklist comprovando desempenho mínimo de todos os sistemas

Empresa A Possui Possui Sim Sim

Empresa B Possui Possui Sim Sim

Empresa C Possui Possui Sim Sim

Empresa D Possui Possui Sim Sim

Empresa E Possui Possui Sim Sim

Empresa F Possui Possui Sim Sim

Empresa G Não possui Possui Não Não

Empresa H Possui Possui Sim Sim

Fonte: Autores (2019).

Apesar de nem todas as empresas possuírem sistemas de garantia da qualidade, conforme o quadro 1, é possível perceber que quase todas (apenas a Empresa G não possui todos os itens) possuem algum tipo de ação para a gestão da qualidade. No quadro 2 nota-se que das 8 empresas, 7 possuem um controle de recebimento e armazenamento de insumos, entregam manual de uso para os compradores das unidades habitacionais e realizam checklist comprovando desempenho mínimo de todos os sistemas. Em todas as 8 empresas acontece o controle de produtividade.

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4.1.3 Dificuldades da implantação de sistemas de garantia da qualidade

Foi realizado com as empresas A, B, C, D e E – empresas que possuem algum tipo de sistema de garantia da qualidade – um levantamento das principais dificuldades da implantação e gestão dos sistemas de garantia da qualidade que possuem. Os entrevistados avaliaram de 1 a 5, sendo 1 muito fácil e 5 muito difícil, as dificuldades encontradas durante este processo. Na tabela 2 é possível visualizar o resultado obtido.

Tabela 2– Dificuldades da implantação de sistemas de garantia da qualidade

Dificuldades Média Distribuição de Notas

1 2 3 4 5

Ansiedade por resultados 3,0 20% 0% 40% 40% 0%

Baixo nível de escolaridade dos funcionários 2,2 40% 20% 20% 20% 0% Burocracia excessiva para obter os documentos 4,2 0% 20% 0% 20% 60% Falta de envolvimento dos fornecedores de materiais 3,4 0% 40% 0% 40% 20% Falta de envolvimento dos funcionários 2,4 20% 40% 20% 20% 0% Falta de envolvimento dos gerentes e líderes 2,2 20% 40% 40% 0% 0% Falta de recursos financeiros 2,6 40% 0% 40% 0% 20% Resistência cultural à mudança 4,4 0% 0% 0% 60% 40% Fonte: Autores (2019).

Com os resultados apresentados, foi possível perceber melhor onde se encontram as maiores dificuldades de implantação de sistemas de garantia da qualidade. A resistência cultura à mudança é o item do estudo que obteve a maior média, indicando que esta é uma das principais dificuldades para a implantação de sistemas de garantia da qualidade. De fato, intrinsecamente conseguimos perceber isto ainda no cenário atual da construção civil.

Logo após, encontra-se a burocracia excessiva para obter os documentos com a segunda maior média. As empresas alegaram que o número de documentos e questões burocráticas que é necessário para implantar os sistemas de garantia da qualidade é sim uma das maiores dificuldades encontradas. Na sequência da pesquisa, a falta de envolvimento dos fornecedores de materiais também foi um item com média alta, assim como a ansiedade por resultados.

Os outros itens também são dificuldades encontradas pelas empresas alvo da pesquisa, porém não com tanta intensidade se comparados aos itens supracitados. Na sequência por média, estes são: falta de recursos financeiros; falta de envolvimento dos funcionários; baixo nível de escolaridade dos funcionários; falta de envolvimento dos gerentes e líderes.

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4.2 DETERMINAÇÃO DO ÓRGÃO RESPONSÁVEL PELA GARANTIA DA QUALIDADE

O livre-arbítrio, que as construtoras possuem para utilização dos métodos construtivos, causa grande comprometimento na qualidade das construções, e acaba sendo muito desfavorecedor ao consumidor final que, na maioria das vezes, faz a compra do imóvel financiado em muitas parcelas, sem a garantia de que, futuramente e tardiamente, poderão detectar as imperícias, através de manifestações patológicas, como: trincas, fissuras, infiltrações e danos por umidade excessiva na estrutura, ou até mesmo problemas que podem se desenvolver e levar a edificação à ruína, como ocorreu no dia 15 de outubro de 2019 em Fortaleza-CE, por exemplo. É necessário que os usuários tenham total segurança do imóvel que estão adquirindo, já que, muitas vezes, é financiado em muitos anos, e geralmente é o produto acabado de maior valor adquirido durante a vida.

É de suma importância a criação de um sistema eficaz no Brasil de garantias e responsabilidades na construção civil, com a finalidade de assegurar um suporte em diversos intervenientes de uma obra (MELLO, 2015). Isto porque, em muitos casos, as unidades habitacionais com poucos anos de uso já apresentam manifestações patológicas e no momento da compra de um imóvel não há garantia algumas dos processos, técnicas, materiais e mão de obra utilizada.

Sabe-se que os vícios construtivos inadequados nas edificações são frequentes na realidade do Brasil e, Segundo Mello (2015), na construção civil, os vícios normalmente são ocultos, até as etapas finais, já finalizadas para moradia. Não ocorrem inspeções, vistorias, revisões dos sistemas por parte de qualquer órgão que poderia estar fiscalizando as construções, avaliando também a qualidade (incluindo o controle de produção, controle de recebimento de produtos), a fim de que as construtoras tenham de corrigir os erros logo após o auto de infração e aplicadas penalidades cabíveis, como: retrabalhos, aprimoramento da mão de obra, materiais utilizados, técnicas, e até pagamento de multas com valores que pudessem, realmente, pesar o orçamento quando não acatadas.

Conhecendo a necessidade de padronização e controle de qualidade, muito cauteloso, nas construtoras, para que sejam evitados os retrabalhos, desperdícios, lixos excedíveis da construção, e um gasto excessivo não previsto em orçamento, considera-se necessário medidas que visem a obtenção de qualidade. Pesquisas realizadas mostram que, em obras que apresentam falhas e manifestações patológicas, identificam-se erros não só técnicos, mas também de caráter humano, de organização e gestão das empresas. Assim, a política dos

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recursos humanos de uma empresa também afeta a qualidade da construção (FERREIRA, 2013).

Ressaltando que as unidades habitacionais (apartamentos de edifícios residenciais) são produtos acabados, já que: “Produto é um conjunto de atributos tangíveis e intangíveis que proporciona benefícios reais ou percebidos com a finalidade de satisfazer as necessidades e os desejos do consumidor” (SEMENICK; BAMOSSY, 2015, p.260); e acabado é o que já está finalizado, com todos os sistemas que envolvem uma edificação em funcionamento (CONCEITOS, 2015).

Segundo o Dicionário Financeiro (2019), o produto acabado é o resultado de um conjunto de matérias-primas transformadas ou não que as empresas vendem; mercadorias, cujo processo de fabricação foi concluído e já se encontram em condições de venda.

Por outro lado, objetivando assegurar aos consumidores de que estão realizando compras seguras, o INMETRO fiscaliza todo o Brasil em termos de qualidade, de forma que haja o acompanhamento dos produtos acabados por meio da Avaliação da Conformidade que garante ao comprador em potencial que a mercadoria possui qualidade, através de regulamentos previamente estabelecidos, a fim de que o consumidor possua garantia da sua saúde, segurança. Já que há tantos pré-requisitos a serem avaliados, o comprador é favorecido devido à disputa entre concorrentes, o que evolui em muito a qualidade do produto acabado (INMETRO, 2019).

Sendo assim, o órgão de sugestão delimitado a fiscalizar todas as etapas da construção (através de ensaios não destrutivos, e quando necessários até mesmo destrutivos) seria o INMETRO. Por recomendação e garantia de que esse novo sistema proposto de controle de qualidade seria colocado em prática, a liberação do documento habite-se só seria possível, por parte da prefeitura, se o edifício já obtivesse esta certificação aprovada pelo INMETRO. Logo, o imóvel teria a garantia de que possui vida útil de 50 anos. Os custos deste processo de fiscalização e certificação do INMETRO seria de responsabilidade do comprador da edificação ou unidade habitacional.

Caberia ao ministério público fiscalizar as prefeituras, verificando se elas estariam respeitando os laudos para expedição do habite-se. O habite-se, também como sugestão neste trabalho, deveria ter prazo de validade, por exemplo, 5 anos, quando os laudos técnicos de estabilidade da estrutura e funcionalidade dos demais sistemas, que compõem a edificação, seriam novamente avaliados.

Se fossem tomadas medidas mais cautelosas, órgão competente que fiscalize, esteja desde a fundação executando laudos, solicitando melhores materiais, técnicas até a

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parte final de acabamentos, não haveria histórico de tantos desabamentos de prédios, desapropriação de famílias, gerando lixos residuais de construção que podem ser indevidamente destinados, entre outros incômodos.

4.3 PROPOSTA DE MÉTODO DE FISCALIZAÇÃO PARA GARANTIA DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A fim de obter uma garantia da qualidade na construção civil, neste trabalho sugere-se que seja feita pelo INMETRO uma fiscalização de forma que só seja possível se obterem as documentações legais de uma unidade habitacional caso esta fiscalização ocorra e seja comprovada através de uma certificação do INMETRO, assim como ocorre com as vistorias veiculares no momento da transferência do veículo. Esta fiscalização e certificação seriam divididas em duas licenças.

Propõe-se, então, que, inicialmente, durante a obra (após o empreendimento obter o alvará de construção emitido pela prefeitura da cidade) sejam feitas vistorias por um Engenheiro Civil inspetor do INMETRO ou por alguma empresa que seja certificada pelo mesmo durante os principais processos da obra, como: execução da infra e super estrutura; execução da vedação; execução das instalações prediais; execução da impermeabilização e revestimento. O Engenheiro Civil responsável pela obra também teria o dever de repassar todas as informações que o inspetor exigisse, como: projetos, notas fiscais dos materiais e registros fotográficos de outros momentos da obra. Só assim, seria liberada a primeira licença pelo INMETRO: a Licença Prévia do INMETRO. Esta licença se tornaria item obrigatório por todas as prefeituras do Brasil no momento em que fosse solicitado o habite-se. Este só seria liberado com esta licença emitida pelo INMETRO ou empresa certificada. A empresa certificada deveria ser credenciada junto ao INMETRO e atender aos requisitos deste.

A segunda e mais importante licença seria a Licença de Utilização do INMETRO. Após o empreendimento obter todas as documentações legais, como: habite-se e matrícula individual das unidades habitacionais, seria necessária, então, esta licença para que a transferência do imóvel para o comprador pudesse ocorrer. Esta licença seria exigida tanto para o primeiro comprador (aquele que compra da construtora ou incorporadora), tanto para os compradores seguintes (aqueles que não compraram da construtora ou incorporadora, mas sim de alguém que já possuía este imóvel). A figura 2 apresenta uma proposta da ficha de avaliação para a licença de utilização.

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Figura 2–Proposta de ficha de avaliação para obtenção da Licença de Utilização do INMETRO

Fonte: Autores (2019).

Através de ensaios não destrutivos e dos conhecimentos técnicos e empíricos do inspetor, seriam avaliados itens importantes e vitais para que todos os sistemas da edificação apresentassem desempenhos mínimos. A unidade habitacional também deve atender os requisitos da Norma de Desempenho, logo se devem inspecionar os sistemas que compõem a edificação na forma que esta norma propõe. Caso a unidade habitacional não seja aprovada nessa fiscalização, o inspetor deve identificar os pontos de não conformidade que devem ser corrigidos ou reparados para que, então, seja possível alcançar o desempenho mínimo exigido, de acordo com as normas vigentes no país. Seria então apresentado um laudo de exigências que deve ser cumprido pela construtora ou proprietário. A figura 3 apresenta uma lista simples dos laudos a serem exigidos pelo inspetor do INMETRO.

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Figura 3–Exemplo de preenchimento do laudo de exigências para obtenção da Licença de Utilização do INMETRO

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Com isso, seria possível obter a Licença de Utilização do INMETRO e realizar a transferência do imóvel através de um Cartório de Registro de Imóveis. A figura 4 ilustra uma proposta de licença de utilização.

Figura 4–Proposta da Licença de Utilização do INMETRO

Fonte: Autores (2019).

Só então com a Licença de Utilização do INMETRO obtida, seria possível realizar a transferência do imóvel. Este documento traria aos que compram imóvel uma boa valorização de seu bem e uma maior segurança, pois assegura através de um órgão de referência no país que aquele produto acabado (unidade habitacional) atende o desempenho mínimo exigido pelas normas vigentes.

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5 CONCLUSÃO

As construções, no cenário brasileiro, por não estarem sendo vistoriadas, apresentam muitos vícios que podem acarretar em problemas muito graves ao consumidor que, mesmo no ato da compra, não conhecem a procedência dos materiais utilizados, mão de obra, técnicas adotadas. Sabe-se do alto valor de um imóvel sendo, na maioria das vezes, financiado em parcelas que impactam na vida do consumidor o qual faz a compra cegamente, sem ter o conhecimento da qualidade do produto acabado.

Na compra de um brinquedo, eletrodoméstico, carro, o INMETRO é responsável por toda inspeção, visto que estes são considerados produtos acabados e, por isso, são feitas muitas análises, vistorias, então, qualificações, para que possam estar atestando, evidenciando ao consumidor que esses possuem qualidade e podem estar sendo adquiridos com segurança do uso sem acarretar possíveis futuros problemas, afetando a integridade do usuário. Objetos que não possuem certificação pelo INMETRO, ou seja, não estão liberados para a comercialização, ou não foram para inspeção, muitas vezes não estão de acordo com os parâmetros e não atendem as conformidades exigidas, ou não possuem o mínimo de qualidade e, assim, o usuário pode estar vulnerável a riscos.

Os edifícios, por serem resultados de produção com associação de inúmeras matérias-primas (transformadas ou não) e mão de obra até a sua conclusão, são produtos com intuito de satisfazer a necessidade do consumidor, logo, são considerados produtos acabados. Sendo assim, foi definido que o órgão fiscalizador da construção civil deve ser o INMETRO, para que o consumidor tenha conhecimento do que está sendo comprado, visto que produtos que possuem certificação estão em conformidade, de acordo com as normas estabelecidas pela ABNT, sendo analisados todos os parâmetros de qualidade.

A solução encontrada, após estudos, embasamento jurídico, foi a inclusão de uma certificação nas construções civis. Após aplicado um formulário (Apêndice A), que foi respondido por 8 empresas de Tubarão-SC, ficou constatado que 37,5% destas empresas não possuem quaisquer controles de qualidade, e isso reflete diretamente na qualidade e garantia dos imóveis, visto que a resistência cultural à mudança é o item em estudo que distancia a empresa de obter algum processo de controle de qualidade, ou seja, os funcionários não seguem as normas estabelecidas para cada processo da construção, possuem resistências culturais, e isso gera grandes problemas associados à qualidade, como os vícios e imperícias que poderão ser evidenciados apenas após a compra do imóvel.

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Após análise de todos os pontos que dificultam a evolução do mercado da construção civil, sugeriu-se uma certificação que se baseia em: inicialmente, durante a obra (após o empreendimento obter o alvará de construção emitido pela prefeitura da cidade) sejam feitas vistorias, através de um Engenheiro Civil inspetor do INMETRO ou alguma empresa que seja capacitada e certificada para avaliar itens importantes, essenciais para que todos os sistemas apresentem o desempenho mínimo, como: execução da infra e super estrutura; execução da vedação; execução das instalações prediais; execução da impermeabilização e revestimento. Então, após análise individual de cada um desses, e outros, ocorreria a liberação da primeira licença: Licença Prévia do INMETRO. Após esta liberação, a mais importante sequencialmente: a segunda, que seria emitida após o empreendimento obter o habite-se e matrículas individuais das unidades habitacionais, só assim, seria feita a emissão da licença para que os possíveis compradores pudessem estar adquirindo o imóvel com segurança e garantia da qualidade, a Licença de Utilização do INMETRO.

A certificação seria muito positiva porque elevaria substancialmente o atendimento à qualidade as construções e mudaria o cenário brasileiro, que muitas das vezes, é lembrado pelos desabamentos, desapropriações e colapsos. Todas estas medidas, se adotadas, resultariam na padronização e uniformização, que seria vantajoso para os usuários, não apenas pela questão de qualidade, mas também pela questão econômica, porque as desculpas de algumas construtoras, devido ao grande valor agregado ao produto, são as inúmeras garantias da qualidade ao consumidor e o controle de qualidade minuciosamente seguido. A partir do momento em que há a certificação, ocorreria a padronização que, logo, extinguiria as diferenças e então o mercado ficaria mais disputado e a concorrência menos desleal entre tantas opções que há na construção civil.

Os pontos positivos dessas adequações geradas pela certificação seriam muito expressivos, em nível nacional, em virtude do aquecimento do mercado, maior disputa entre as construtoras e elevação da qualidade de modo geral, devido à procura por melhores produtos, mão de obra qualificada, cuidado maior em projetos, concepção e, assim, os bancos federais possuiriam uma maior garantia para liberação de margem para financiamentos.

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