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As especificidades dos textos de nutrição : do termo à dieta

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE LETRAS

DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E TRADUÇÃO CURSO DE LETRAS-TRADUÇÃO

AS ESPECIFICIDADES DOS TEXTOS DE NUTRIÇÃO:

DO TERMO À DIETA

FLOR DE LIZ NASCIMENTO CARVALHO

Brasília Junho 2014

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE LETRAS

DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E TRADUÇÃO CURSO DE LETRAS-TRADUÇÃO

AS ESPECIFICIDADES DOS TEXTOS DE NUTRIÇÃO:

DO TERMO À DIETA

FLOR DE LIZ NASCIMENTO CARVALHO

Monografia apresentada ao Curso de Letras-Tradução-Espanhol da Universidade de Brasília (UnB), como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Letras-Tradução.

Orientador: Luis Carlos Ramos Nogueira

Brasília Junho 2014

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AS ESPECIFICIDADES DOS TEXTOS DE NUTRIÇÃO: DO TERMO À DIETA

FLOR DE LIZ NASCIMENTO CARVALHO

Monografia apresentada ao Curso de Letras-Tradução-Espanhol da Universidade de Brasília (UnB), como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Letras-Tradução.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Projeto final de Curso apresentado à Universidade de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Letras/Tradução Espanhol.

____________________________________ Flor de Liz Nascimento Carvalho

Data da defesa: Brasília, 03 de julho de 2014.

Banca examinadora

______________________________________ Prof. Luis Carlos Ramos Nogueira

Orientador

_____________________________________ Profa. Flávia Cristina Cruz Lambert Arrais

_____________________________________ Profa. Magali Lourdes Pedro

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Agradeço em primeiro lugar a Deus.

Agradeço também a minha família e a todos os meus amigos que de alguma forma me ajudaram nessa jornada.

Um agradecimento especial ao meu amigo Marcos Wesley de Souzae à minha irmã Geni.

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RESUMO

Este trabalho refere-se à tradução de um texto técnico da área de saúde com um enfoque nutricional e tem como meta produzir, por meio da identificação e seleçao dos termos equivalentes usados em português, além da adaptação e cálculo das dietas, um trabalho que seja coerente com o contexto nutricional brasileiro. O texto de trabalho é uma publicação do governo mexicano denominado Protocolo para Orientación Nutricional enlaprevención y control de enfermedadescrónicas: sobrepeso, riesgo cardiovascular y diabetes. O embasamento teórico utilizado para fundamentar nossas escolhas e decisões teve como base a Terminologia e o Funcionalismo Alemão. Este trabalho é composto ainda por um relatório de dificuldades, uma lista bilíngue da terminologia encontrada e um glossário.

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RESUMEN

Este trabajo se refiere a la traducción de un texto científico-técnico del área de la salud y tiene un enfoque en la nutrición, la meta es producir a través de la identificación y selección de los términosequivalentes utilizados em portugués, además de la adaptación y cálculo de las dietas, un trabajo que sea coherente con el contexto nutricional brasileño. El texto que se va a traducir es una publicación del gobierno mexicano cuyo título es Protocolo para Orientación Nutricional en la prevención y control de enfermedadescrónicas: sobrepeso, riesgo cardiovascular y diabetes. La base teórica utilizada fue la Terminología y el Funcionalismo Alemán. Además está compuesto por informe de las dificultades, una lista bilingüe de la Terminología encontrada y un glosario.

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LISTA DE SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária AO/ON OrientaciónAlimentária/Orientação nutricional DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

ENSA Encuesta Nacional de Salud ESANUT Encuesta Nacional de Nutrição GEB Gasto Energético Basal

GET Gasto Energético Total

HDL Lipoproteína de Alta Densidade

IDL Lipoproteína de densidade intermediária IMC Índice de Massa Corporal

ISO Organização Internacional para Padronização Kcal Quilocaloria

LDL Lipoproteína de Baixa Densidade OMS Organização Mundial de Saúde OPAS Organização Pan americana de Saúde RCM Risco Cardiometabólico

VET Valor Energético Total

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SUMÁRIO

1. SOBRE A PESQUISA ... 1 1.1 Introdução ... 1 1.2 Justificativa ... 4 1.3 Objetivos ... 5 1.3.1 Geral ... 5 1.3.2 Específicos ... 5 1.4 Metodologia ... 5 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 7 2.1 Tipologia da Tradução ... 7 2.1.1 Texto literário ... 7 2.1.2 Texto Jurídico ... 8 2.1.3 Texto técnico-científico ... 8 2.1.3.1 Tradução saúde/Nutrição ... 13 2.2 Terminologia ... 14 2.3 Funcionalismo ... 17 3. RELATÓRIO ... 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 27 REFERÊNCIAS ... 29 ANEXOS ... 32 GLOSSÁRIO ... 33

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1. SOBRE A PESQUISA

1.1 Introdução

O desenvolvimento de novas ciências e tecnologias associado com o fenômeno da globalização acarreta a necessidade de uma comunicação especializada. A produção de textos técnico-científicos aumenta em uma escala exponencial gerando uma grande quantidade de saberes e consequente surgimento de novos conceitos que requerem novas denominações. Se antes estas informações eram restritas a um pequeno grupo de especialistas, agora com a expansão da grande rede mundial de computadores e dos meios de comunicação de massa ocorre uma difusão generalizada e elas são apropriadas também por um público leigo em crescente expansão e ávido por conhecimento. Dessa forma, esta Terceira Revolução ou Revolução-científico-informacional, como alguns autores costumam nomear esta expansão do conhecimento e da tecnologia, ao criar um grande volume de informação nos diversos idiomas, traz consigo uma demanda por tradução. Dentro desse panorama, o tradutor surge como um intermediário entre os diversos públicos leitores e os textos técnico-científicos produzidos, atuando também como disseminador de conhecimento. Esses textos apresentam vários aspectos que os diferenciam de outras tipologias textuais como a objetividade, universalidade e a presença de um vocabulário específico.

Essa linguagem técnico-científica caracteriza-se por uma terminologia própria, que, no entanto, não é homogênea visto que possui vocábulos diferentes para cada área do saber, como por exemplo, a área da saúde. Por ser extensa e diversificada, apresenta-se subdividida em muitas subáreas cada uma delas com uma terminologia específica. No âmbito das doenças, este ramo do conhecimento também sofreu influência dessa terceira revolução e isto pode ser constatado com a evolução de diversas patologias que no início do século XX quase não afetava as pessoase queatualmente já é responsável pela maioria dos casos de óbitos no mundo como é o caso das doenças crônicas não transmissíveis.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um grupo de doenças que por sua alta taxa de mortalidade vem chamando a atenção das autoridades da área de saúde em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), elas já são responsáveis pelo maior número de óbitos em todo o mundo, e estima-se que a tendência

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desses números seja de crescimento e com perspectivas de que se tornem uma epidemia (LESSA 2004). Ainda segundo a OMS, a população mais afetada vive em países de baixa e média renda o que determina graves consequências sociais, pois os custos para prevenção e tratamento são muito altos (UNIC Rio de Janeiro, 2014).

No Brasil as DCNT já são as principais responsáveis pelos óbitos ocorridos no país com um percentual de 72% de mortes provocadas por essas doenças, o que representa 540 óbitos por 100 mil habitantes (BRASIL, 2011).

Devido a essas características as DCNT necessitam de uma abordagem mais ampla, com um envolvimento de uma equipe multidisciplinar, utilização das ações básicas de saúde e um planejamento em longo prazo, cuja prevenção seja o principal eixo para o controle e redução no número de doentes. Dentro dessas ações, a orientação nutricional é um componente primordial, pois uma nutrição inadequada está associada ao surgimento da maioria dessas patologias, seja como fator desencadeante, seja como fator coadjuvante. A nutrição surge então como um importante aliado para o tratamento dessas doenças.

A nutrição é uma ciência cujo objeto de estudo é o alimento e as suas interações com o organismo. Além disso, se preocupa também com os aspectos que envolvam a tecnologia e higiene dos alimentos e a técnica dietética.

Como faz a intermediação entre o homem e o alimento, ela se preocupa com o organismo humano e o estuda em disciplinas como anatomia, patologia, citologia, bioquímica entre outras. Sendo o alimento o seu objeto de estudo, ele é avaliado quanto a seu valor nutritivo e suas interações com o organismo saudável ou não. É ciência relativamente nova, e desenvolveu-se a partir de necessidades geradas em ambiente hospitalar. Porém ela se expandiu e passou a atuar em diversas áreas como, a esportiva, em unidades de alimentação, como restaurantes e no marketing de alimentos. Na área médico-hospitalar, a Nutrição Clínica por meio da Dietoterapia cuidará dos aspectos relativos à utilização da dieta como parte do tratamento dos pacientes. O Conselho Federal de Nutrição (CONSELHO REGIONAL DE NUTRIÇÃO, 2014) considera a Dietoterapia como um ramo da ciência da Nutrição que tem como objetivo preservar, promover e recuperar a saúde por meio de métodos e técnicas específicas.

O textofonte no qual iremos trabalhar aborda o tema das doenças crônicas não transmissíveis e trata-se de um manual com orientações nutricionais sobre a prevençãodestaspatologias. Está direcionado para a população mexicana e será utilizado pela equipe de saúde nas unidades básicas de saúde daquele país. Além da tradução do texto, foi

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necessário realizar o cálculo de cinco dietas com as devidas quantidades de macro e micro nutrientes que são requeridos para cada uma delas.

Ao se trabalhar com uma dieta balanceada no âmbito da tradução de um documento direcionado para a população mexicana é importante levar em consideração que os conteúdos relacionados com a alimentação envolvem fatores socioculturais e geográficos. Entretanto envolvem também um desafio de ordem técnica, pois as dietas além de serem compostas por alimentos da realidade cultural do texto de partida precisam ser calculadas para se ajustarem às necessidades nutricionais de cada paciente. Por isso, no nosso trabalho, além dos cuidados especiais que inspiram a terminologia de um texto dessa natureza, as dietas mais do que serem adaptadas precisaram ser calculadas dentro da realidade alimentar nacional para que pudessem ser ajustadas às necessidades nutricionais e aos hábitos alimentares de cada paciente.

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1.2 Justificativa

A necessidade de transmitir informação nutricional de boa qualidade a um maior número de pessoas sejam elas profissionais da área, ou leigos interessados no assunto, pode fazer desse trabalho uma ferramenta importante de apoio para aqueles que trabalham na área da saúde epara os próprios pacientes que poderão utilizá-lo para esclarecer dúvidas a respeito de uma alimentação correta e sobre uma dieta balanceada e adequada para cada tipo de patologia.

Se por um lado a tradução de um texto com orientações nutricionaisespecíficas para cada patologia pode desenvolver um papel social, ao colaborar na prevenção de doenças, por outro também desempenha um papel didático, pois a tradução de um texto da área da saúde, com foco na área de nutrição significa enfrentar desafios muito peculiares, tais como: o reconhecimento e a seleção de termos próprios da área de nutrição e o cálculo de dietas com alimentos nacionais. De certa forma, a tradução do texto selecionado, assim como as soluções encontradas pode servir de consulta para outros profissionais da tradução, bem como para outros leigos que tenham interesse nesse assunto. Vejamos a seguir os nossos objetivos detalhadamente.

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1.3 Objetivos 1.3.1 Geral

• Produzir, por meio da identificação e seleção dos termos equivalentes usados em português, além da adaptação e cálculo das dietas sugeridas, um trabalho coerente com o contexto nutricional brasileiro.

1.3.2 Específicos

• Formar um glossário com os termos próprios da área de saúdemais precisamente no que diz respeito à nutrição;

• Planejar e calcular as dietas sugeridas para o controle das doenças crônicas não transmissíveis, adaptando-as à realidade da população brasileira;

• Expor os problemas tradutórios por meio de um relatório de dificuldades.

1.4 Metodologia

O texto de trabalho foi escolhido devido a uma afinidade com o tema, além da preocupação em informar sobre doenças que são controláveis e até mesmo evitáveis, mas que seguem afetando uma grande população. A princípio, o tema escolhido estava relacionado com a nutrição nas doenças cardiovasculares, no entanto a dificuldade em encontrar um documento com tamanho suficiente para as exigências deste trabalho nos levouà eleição de um documento mais amplo no qual outras enfermidades puderam ser contempladas.

Trata-se de uma publicação do governo mexicano e apresenta uma série de diretrizes para a prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis, no âmbito da nutrição com o título de Protocolo para Orientación Nutricional enlaprevención y control deenfermedades Crónicas: sobrepeso, riesgo cardiovascular y diabetes. Está organizado em dezessete pequenos capítulos, sendo que os dois últimos não abordam diretamente o tema das doenças (glossário de termos e referências bibliográficas) e três anexos. Por questões de metodologia, os capítulos 09, 11 e 13 (Nutriciónenel paciente con sobrepeso y obesidad

infantil, Nutriciónenel paciente conprediabetes e Nutriciónen diabetes gestacional) não foram

incluídos na tradução, isso sem grande prejuízo ao trabalho final por que são temas que de alguma forma estão contemplados ao longo do trabalho. Com a retirada dos capítulos 09, 11 e

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13 a sequência precisou ser alterada e renumerada. Esta alteração foi realizada no texto de chegada e no de partida.

O processo de tradução foi realizado utilizando como suporte os conhecimentos técnicos da aluna (Bacharel em nutrição) e algumas consultas a textos de apoioe a glossários terminológicos. A consulta a sites da internet foi utilizada quando houve a necessidade de encontrar alimentos ou preparações alimentares ricas em determinados nutrientes e que pudessem substituir com fidedignidade aqueles do texto de partida e que não pudessem ser traduzidos para o português devido às diferenças culturais.

A identificação e seleção dos vocábulos que seriam utilizados para o glossário, que está localizado nos anexos, foi realizada concomitantemente com o trabalho de tradução. O modo como ele foi estruturado estar baseado em um modelo criado por Pavel e Nolet(2002). As unidades terminológicas foram selecionadas após leitura de textos da área e a seguir foi confeccionada uma lista bilíngue em forma de tabela disponível nos anexos.

Quanto às teorias que embasaram nosso trabalho, com uma leitura criteriosa do texto base foi possível determinar, a Terminologia e o Funcionalismo como os aspectos teóricos que dariam suporte para a nossa fundamentação.

Para uma melhor organização, foi realizada uma divisão desse material em três blocos. O primeiro se refere à tipologia da tradução e apresentará um panorama das diversas tipologias textuais com um foco maior no texto técnico e, notadamente o texto da área de saúde/nutrição, que é o nosso objeto de estudo. O segundo tratará da Terminologia, no qual serão abordados os aspectos históricos e conceituais da Terminologia e seu objeto de estudo, o termo. O último bloco abordará o Funcionalismo: contexto histórico, principais teóricos e suas bases gerais.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Tipologia da Tradução

Tradicionalmente as diferentes modalidades de tradução são classificadas em duas grandes categorias: tradução literária e tradução não literária ou técnica/ especializada, sendo que esta última pode também ser denominada por texto pragmático e inclui uma grande variedade de textos, inclusive o jurídico. No entanto, se antes estas tipologias eram tão distintas e facilmente identificáveis hoje suas fronteiras não possuem muitas delimitações e os diferentes gêneros textuais apresentam-se muitas vezes de forma híbrida (CAMARGO, 1994). Vale lembrar que essa divisão tem gerado polêmicas nas quais alguns teóricos questionam fortemente a divisão entre textos literários e técnicos. O que se pode distinguir é uma maior predominância de uma determinadalinguagem, e um texto literário, por exemplo, pode conter fragmentos a partir dos quais é visível um predomínio de uma linguagem mais técnica ou de trechos onde a área jurídica se sobressai. Quando se tem uma classificação mais rígida dos textos, o que se percebe é uma tentativa de fazer uma correlação muito próxima entre tipologia textual e tipologia da tradução (AUBERT, 1994), e geralmente tenta-se fazer uma correspondência entre diferentes traduções para diferentes tipos de textos.

Independentemente desta pouca delimitação entre os diferentes tipos de textos, alguns teóricos ainda acham ser possível trabalhar com esta classificação um pouco mais rígida, pois estes textos quase sempre têm algumas características específicas que os particularizam. Vejamos a seguir cada caso.

2.1.1Texto literário

Nesta modalidade os textos apresentam uma predominância de certos aspectos e características que é mais raro de ser encontrado nos outros tipos de textos, como por exemplo, uma maior ênfase na linguagem poética, certa abundância de figuras de linguagem, uma maior liberdade criativa e um maior sentido figurado e metafórico das palavras fazendo com que o texto seja mais expressivo. Com relação à tradução deste tipo de texto, Delvizio, Barros e Aubert (2010) referem que ela deve valorizar os aspectos estéticos, nessa perspectiva uma tradução do tipo literal não é cabível e segue-se uma tendência a uma tradução mais centrada em uma equivalência estética, e, portanto, com um maior grau de liberdade para o

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tradutor. Liberdade que pode ser utilizada para realizar mudanças no campo do léxico, do estilo e da gramática (GARCIA, 1992).

2.1.2 Texto Jurídico

A priori, referem-se a todos os textos que produzem efeitos legais. Geralmente apresenta como características os períodos longos, com orações conectadas por vírgulas e redigidas na ordem direta, e com uma redação clara, objetiva e direta (VIANA, 2006). Não precisam ser necessariamente documentos, o essencial é ter algum cunho jurídico.

Para serem consideradas traduções juramentadas, elas precisam ter como produto final um texto que seja legalmente reconhecido, ou seja, que tenha fé pública. Nesse sentido, uma carta ou até um capítulo de um livro podem ser reconhecidos como de cunho jurídico.

À diferença de outros textos, para a tradução de textos jurídicos existe a necessidade de que o profissional seja um tradutor público, com prerrogativas e obrigações de um notário. No Brasil este tradutor é submetido a um concurso público.

2.1.3 Texto técnico-científico

O avanço das ciências e o desenvolvimento de novas tecnologias faz com que apareçam novos conceitos que necessitam de novas denominações e com isso surge a necessidade de uma maior atenção aos textos técnico-científicos. Aliado a estes fatores, está a globalização que trouxe um crescimento na produção e difusão destes textos tornando o mercado de tradução em crescente expansão o que por sua vez representa uma demanda maior de trabalho para o tradutor (POLCHLOPEK e AIO, 2009).

Uma definição clara de texto técnico-científico ainda não é uma unanimidade, com os diferentes teóricos defendendo diversos pontos de vista. O que se tem de comum é que estes textos apresentam uma série de características que os particularizam e uma terminologia específica.

Ele pode ser considerado como aquele texto que, devido ao seu conteúdo especializado, dentro de uma área técnica ou científica, e por utilizar uma terminologia própria, é direcionado a um determinado grupo de leitores (SILVA, 2014). Por sua vez Muñoz e Muñoz (2003) falam da importância não somente do conteúdo para definir este tipo de texto, mas também da intenção, que seria a de transmitir uma informação especializada incluída no discurso. Estes autores abordam ainda a importância de se fazer uma diferenciação entre Ciência e Tecnologia. Ciência é entendida como aquela que tem comofoco a exploração da natureza e a compreensão dos fenômenos naturais, já a Tecnologia seria

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voltada para aplicação dos conhecimentos científicos com fins práticos. Polchlopek e Aio (2009) afirmam que o termo técnico é aquele que faz referência a todos os textos que tenham um caráter de manual, documento ou artigo e que faça uso de uma terminologia que seja representativa de uma determinada área. Rodilla (2005), por sua vez acredita ser necessário fazer uma distinção entre a linguagem comum e a técnica porque existem aqueles que acreditam que a linguagem técnica é completamente independente da linguagem comum. Outros, ao contrário, acreditam que não existe diferença e que seria apenas uma variante da linguagem comum com um vocabulário um pouco diferenciado.

Independente desta discussão sobre ser linguagem comum ou não, o que esta autora defende é que não há uma linguagem científica única. O que existe, é uma área dedicada à medicina, à química, à matemática, entre outras, todas com características próprias e que podem ser agrupadas artificialmente sob o grande leque denominado de linguagem científica. Por fim, a autora conclui que o discurso técnico-científico deve ser voltado para os conhecimentos que vem da observação e do estudo da realidade (ciências) ou sobre o uso ou prática desses conhecimentos (tecnologia).

Esta diferenciação entre linguagem comum e a linguagem especializada ou técnica também é defendida por Pérez (2006) que assegura ser necessário estabelecer limites entre as duas. A autora afirma ainda que esta discussão não é nova e acredita que o ponto de vista mais aceito é aquele que define linguagem técnica como sendo uma variedade ou um registro funcional dentro da linguagem comum. O que a torna diferente, é que essa linguagem precisa ter uma temática específica e deve ser utilizada em situações precisas determinadas, geralmente, pelo emissor.

Dentre os diferentes pontos de vista sobre a definição de textos técnico-científicos o que se tem de comum em quase todos é a ideia de que estes textos devem fazer referência a temas próprios da ciência e da tecnologia, levando sempre em consideração que diferentes ciências e tecnologias apresentam cada uma sua própria terminologia. É um texto que permite a comunicação de conteúdos científicos, por meio de uma linguagem especializada na qual se caracteriza o léxico, a sintaxe e a semântica. O léxico aparece como o ponto de maior destaque da linguagem, pois ele vai gerar toda a nomenclatura científica rica em tecnicismos que caracteriza o texto técnico, além de servir como elemento diferenciador (RODILLA, 2005).

Do exposto acima, podemos inferir que é quase impossível chegar a uma definição clara sobre a linguagem técnico-científica. Contudo, há características que no geral enfatizam a precisão e a clareza dos termos que permitem identificaresses textos. Basicamente as

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características consideradas como gerais são: objetividade, universalidade, especialização (uso de tecnicismos e neologismos), verificabilidade, precisão e clareza. Polchlopek e Aio (2009) citam outras que segundo estas autoras estão dirigidas às características estilísticas do texto, como: uso do tempo verbal no presente, presemça de frases curtas e orações simples, ausência de ambiguidade, parágrafos curtos e uso de itens, poucos adjetivos, entre outras. Todas estas características facilitam o reconhecimento de um texto de cunho técnico, no entanto, mais que reconhecê-lo o importante é também poder diferenciar os diversos protagonistas e contextos a que ele se destina, pois não é somente a mensagem que importa. Nesse sentido, Rodilla (2005) afirma que existem diferentes situações de comunicação que podem ocorrer entre os diferentes protagonistas, entre os quais podemos citar o emissor, o receptor, o canal utilizado, o código no qual a mensagem está escrita e por fim, o conteúdo. Com relação ao receptor, continua a autora, existem textos que são destinados à comunicação entre especialistas, mas há também aqueles voltados para o público geral.

Ainda com relação ao público para o qual este tipo de texto é direcionado, Muñoz e Muñoz (2003) afirmam existir dois tipos de destinatários, o especialista e o não especialista. Esses destinatários seriam determinados de acordo com o grau de conhecimento que eles têm sobre o tema. No texto utilizado para o nosso trabalho não existe uma diferenciação clara entre estes dois públicos, pois o texto contém informações que são direcionadas tanto para o leitor especialista (profissionais da área de saúde) como também para o leitor não especialista (portadores de doenças crônicas não transmissíveis que procuram as unidades de saúde). Por exemplo, nos seguintes trechos: o GET é estimado a partir da soma do GEB com os fatores

de correção/consumir verduras e frutas, de preferência cruas, com casca e da estação, a

primeira frase é destinada ao especialista e a segunda ao não especialista. Este tipo de situação é recorrente ao longo de todo o texto e determinou o modo como foi orientada toda a tradução, pois sempre se trabalhou com a ideia de um texto de chegada voltado para um público misto.

No que se refere a uma classificação dos textos técnico-científicos percebe-se que não é uma tarefa simples por que eles se apresentam dentro de um amplo campo temático segundo as diversas áreas do conhecimento. Classificá-los, portanto resultaria trabalhoso e confuso justamente pela amplitude de áreas das ciências e da tecnologia que estão agrupadas neste tema, por esse motivo nos ateremos a relatar apenas três classificações que estão baseadas no campo da especialidade, no tema e nos destinatários, respectivamente. Muñoz e Muñoz (2003, p.22), em uma primeira classificação, os autores citam aquela realizada por Bédard que dividiu estes textos em três campos de especialidades:

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• Ciências humanas e sociais (filosofia, história, literatura, direito, economia, sociologia, etc.);

• Ciências exatas, fisioquímicas e naturais (matemática, biologia, geologia, medicina, química, etc.);

• Técnicas (arquitetura, engenharia).

A outra classificação citada pelos autores está baseada no tema e abrange as áreas das ciências (exatas, fisioquímicas e naturais), e das tecnologias que são todas as matérias relacionadas com a arquitetura e a engenharia. No que se refere aos destinatários, Krieger e Finatto (2004) falam em texto científico e texto de divulgação científica segundo o grau de conhecimento especializado dos receptores, onde o texto científico seria voltado para a comunicação entre especialistas, detentores de saberes científicos e o de divulgação voltado para um público mais leigo sem conhecimento especializado do tema. Basicamente, é a mesma classificação utilizada por Muñoz e Muñoz (2003).

A área da saúde/nutrição, tema do nosso trabalho, está classificada dentro da macro área das ciências e por sua vez apresenta também uma grande subdivisão interna, complexa e especializada com várias áreas de conhecimento como a Medicina, psicologia, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição,entre outras, além de apresentar uma interface com outras ciências como a Biologia e a Química, por exemplo. Todas essas ramificações e subdivisões levam ao surgimento de um léxico muito amplo, gerando uma maior procura por glossários e dicionários especializados nem sempre de fácil alcance do profissional tradutor.

Com relação ao processo de tradução dos textos técnicos existe uma concepção equivocada de que ele é fácil e rápido por que as únicas habilidades requeridas pelo tradutor seriam o conhecimento da terminologia e o domínio da língua estrangeira (POLCHLOPEK e AIO, 2009). Esse conceito de facilidade no ato de traduzir pode estar associado a uma ideia equivocada de que se pretende ter uma comunicação objetiva, sem ambiguidade e sem afetividade (CLAROS, 2006). De certa forma, essa afirmação só corresponde em parte à realidade, pois o tradutor precisa levar em consideração outros fatores como sensibilidade, criatividade e os aspectos culturais que poderão afetar a qualidade do seu trabalho. No que tange aos aspectos culturais, o tema foi bastante explorado no nosso trabalho, pois a alimentação é muito associada à cultura; o ato de comer não representa apenas ingerir nutrientes, a comida tem uma história que traz consigo toda uma gama de aspectos que vão desde os prazeres da mesa até as origens do alimento, passando pelos diversos modos de preparo e de servir determinada preparação. Quando o alimento tem um papel que vai além do ato de alimentar, como no nosso caso onde a alimentação está associada com prevenção de doenças e o alimento faz parte do tratamento e, portanto agrega outras funções, as demandas e

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responsabilidades do tradutor aumentam. Por exemplo, quando no texto de partida se substituiu a palavra truta (peixe que não é popular no Brasil) por sardinha levou-se em consideração não apenas o fato de que sardinha é mais consumida ou mais conhecida do público alvo; a substituição ocorreu também por que este peixe deve apresentar os mesmos nutrientes e em quantidades similares à truta, pois do contrário os efeitos “farmacológicos” seriam diferentes. O conceito de tradução literal está associado à ideia de uma tradução fiel, neutra, objetiva, centrada mais na forma e por tanto mais fácil. No entanto, a facilidade no ato de traduzir este tipo de texto se mostra equivocada e os percalços percorridos pelo tradutor estão muito além da mera transposição de sentidos principalmente quando mais que traduzir, é necessário calcular como foi o caso das diversas dietas do nosso texto de trabalho. Portanto, não há que se falar em tradução literal e menos ainda de uma facilidade do ato de traduzir. Montar um cardápio com alimentos conhecidos do público alvo, substituindo todos aqueles do texto de partida certamente não é uma tarefa fácil para o tradutor, ela demanda outros conhecimentos além das competências próprias de um tradutor. Atualmente, o que se percebe é que estes conceitos ou preconceitos estão mudando o que leva a uma maior valorização do trabalho daqueles que traduzem textos técnico-científicos.

Quais seriam as dificuldades na tradução de um texto técnico? O tradutor além de ter um domínio da língua, precisa ter conhecimento dos tecnicismos ou unidades terminológicas características desses textos. Garcia (1992) refere que os problemas de tradução estão situados em três categorias gerais: lexical, gramatical e estilística, e explica que os lexicais são os mais comuns e estão centrados basicamente nos falsos cognatos, nas palavras isoladas que não tem equivalente na língua de chegada, palavras compostas e nas expressões. Os problemas de tradução do nosso trabalho ocorreram na adaptação dos alimentos e preparações alimentares, próprios da população mexicana, para o público brasileiro que tem uma realidade alimentar completamente diferente daquela do texto de partida. Nessa perspectiva, diversos alimentos do texto de partida precisaram ser substituídos por alimentos habitualmente consumidos pelo público do texto de chegada como, por exemplo, tortillas, garbanzos, macarela e polvo de ajo entre outros.

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2.1.3.1Traduçãode textos da área de saúde/nutrição

Assim como a área da saúde é vasta, da mesma forma os textos com os quais o tradutor terá que trabalhar reflete esta vastidão. Eles são numerosos e todos com características próprias e muitas vezes em formatos e direcionados para leitores diferentes. Marsh (1981) cita dez tipos de textos relacionados com a área médica: anúncios (equipamentos ortopédicos, próteses, medicamentos, etc.), artigos de periódicos, artigos de revistas médicas, atestados médicos (de saúde, de óbito), relatórios médicos, livros de divulgação, livros especializados, livros texto, panfletos, receitas. O texto de trabalho é um manual com orientações e condutas nutricionais e não se encontra relacionado entre os dez tipos citados acima, o que demonstra a amplitude de textos da área de saúde. Entretanto não podemos deixar de salientar os fatores passíveis de conflito na tradução e que nos motivaram na nossa escolha desse texto: a terminologia especializada e as dietas ali contidas. No primeiro caso pela dificuldade de um paciente ou um profissional envolvido na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis não entenderem os termos e frases específicas da área. No segundo caso, pelo fato de uma dieta recomendada num país como o México nem sempre contar com os mesmos alimentos no Brasil, ou por que estes alimentos não fazem parte do hábito alimentar do brasileiro.

De acordo com Resurreció (2011), a tradução de textos da área médica apresenta três vertentes: uma altamente especializada dirigida para os profissionais da saúde, uma voltada para os pacientes e uma última centrada nos textos de divulgação. Diferente do constatado por esse autor, o texto do nosso trabalho como já citado anteriormente, não apresenta esta divisão rígida e pode ser utilizado pelos três públicos acima citados sem prejuízo na sua compreensão, apresentando uma estreita relação com o que diz Rodilla (2005) sobre a linguagem técnico-científica. A autora afirma que existe uma línguagem técnico-científica que se destina a um público especialista, mas há também situações onde a linguagem científica é direcionada a um público geral que não domina o assunto.

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2.2 Terminologia

A evolução das ciências e o aparecimento de novas tecnologias produz o fenômeno da criação de novos conceitos e um processo de desenvolvimento terminológico acarretando com isso uma necessidade de uma comunicação especializada para que se possa transmitir e difundir o conhecimento. Nesse contexto, a terminologia assume um papel relevante para a transmissão e documentação desses conhecimentos, já que ela pode se comportar como ciência ou como disciplina. Como ciência ela se firmou no inicio do século XX, como se pode constatar do breve histórico abaixo.

De acordo com Barros (2004), um marco importante para a Terminologia (quando ela se estabeleceu como disciplina científica que tinha como objeto de estudo os termos de uma área de especialidade) ocorreu na metade do século XX e teve com principal ator o engenheiro austríaco E. Wüster que estabeleceu as bases para a criação da Escola Terminológica de Viena, com os estudos sobre os termos técnico-científicos que deram origem à Teoria Geral da Terminologia, em 1931. Importantes também para a solidificação da terminologia foram os teóricos da escola russa e os teóricos do contextualismo britânico. Contudo, foi a partir dos anos noventa, com a Teoria Comunicativa da Terminologia proposta por Cabré, que houve um crescimento nos estudos desta área, além de uma mudança de paradigmas com uma valorização dos aspectos comunicativos das linguagens de especialidades (KRIEGER e FINATTO, 2004). Estas autoras acreditam em uma dupla face da Terminologia, que ora pode ser estudo, mas também pode ser aplicação, esta mesma duplicidade de significado também pode ser observada em diferentes autores.

Terminologia pode ser entendida como uma disciplina que estuda os termos utilizados nas línguas de especialidades, ou ainda como o conjunto de termos que são utilizados em um determinado domínio técnico ou científico. De acordo com DIAS (2000,p.90), A InternationalOrganizationStandardization/Organização Internacional de padronização (ISO) definiu terminologia como “qualquer atividade relacionada com a sistematização e representação de conceitos ou apresentação de termos baseados em princípios e métodos estabelecidos, e como um conjunto de termos que constituem um sistema de conceitos de uma determinada área”.

Dessa forma como disciplina ela está inserida no campo da linguística e é um campo de conhecimento de suma importância para quem trabalha com a língua como é o caso dos

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tradutores, professores e estudantes de línguas estrangeiras. Este público alvo da Terminologia deve estar atento a este avanço significativo do surgimento de novos termos que aparece no bojo desse grande crescimento na produção de textos de especialidade resultantes das novas ciências e tecnologias.

Grueso (2006, p.3), afirma que uma das definições mais amplamente aceita é aquela citada por Corpas Pastor na qual os termos

Son unidades léxicas formadas por más de dos palabras gráficas en su límite inferior, cuyo nivel superior se sitúa en el nivel de la oración compuesta. Dichas unidades se caracterizan por su alta frecuencia de uso, y de coaparición de sus elementos integrantes; por su institucionalización, entendida en términos de fijación y especialización semántica; por su idiomaticidad y variaciones potenciales; así como por el grado en el cual se dan todosestos aspectos en los distintos tipos.

É uma definição muito ampla, porém abarca todos os sentidos do que se entende por termos e chama a atenção para os elementos que realmente interessam nesse tema que é a combinação de unidades e a fixação de termos.

Cabré (1999) vê a terminologia sob quatro perspectivas diferentes. A terminologia como uma necessidade social, como prática destinada a resolver esta necessidade, como aplicação ou conjunto de recursos gerados por essa prática e por fim como campo de conhecimento. Ainda segundo esta autora, a terminologia pode ser vista, sob a perspectiva de objeto, como uma disciplina que está centrada no termo que são as unidades terminológicas. Dias (2000), afirma que a terminologia realmente é polissêmica e pode ser considerado como teoria, como prática e como produto. Traçando um paralelo com Cabré (1999), o produto seria a terminologia sob o enfoque do objeto, da disciplina onde o termo seria o elemento de trabalho do produto e exerceria a função de transmitir conhecimento especializado. Ainda de acordo com a visão de Dias (2000), sob o ponto de vista das diferentes áreas técnico-científicas, a terminologia pode ser vista como o conjunto das unidades de expressão e comunicação que permitem transferir o pensamento especializado. Equivaleria dizer que é uma transmissão do conhecimento específico de cada área da ciência ou do saber.

De acordo com Boulanger (1995) a terminologia tem um objetivo sócio profissional e a sua função é exprimir saberes temáticos, ou seja, ela está voltada para um ramo específico do conhecimento e é expressa sob a forma de termos. Estes termos, léxico especializado, portanto são seus componentes básicos.

Para Bevilacqua (2005), os termos apresentam um grau de fixação e uma frequência relevante em um conjunto de textos. São formas cristalizadas que perdem o sentido quando lidas separadamente. A constância deste termo e a sua frequência é que caracteriza estas

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unidades, por exemplo, em cálculo dietético que aparece diversas vezes no texto no qual trabalhamos pode ser considerado como uma unidade terminológica, pois, os dois vocábulos só têm sentido completo, no âmbito da nutrição, quando aparecem juntos. Separados eles têm significados diferentes e inclusive podem pertencer a outra área técnica.

A fixação dos vocábulos e a combinação são elementos primordiais da terminologia que devem ser conhecidos e apropriados por aqueles que trabalham com a produção de textos especializados, como, por exemplo, o estudo e o ensino de línguas estrangeiras e a tradução. As unidades terminológicas segundo Pérez (2006) são unidades que pertencem à linguagem natural e à gramática de uma língua, elas não pertencem a um sistema léxico distinto, apenas em determinados contextos elas apresentam um significado diferente e servem primordialmente para nomear os conceitos próprios das áreas e das atividades especializadas. Segundo Orenha (2009) as unidades terminológicas apresentam certos traços nos quais é possível o seu reconhecimento. A autora cita quatro traços característicos: aquele que abarca o nível fonético-fonológico, o que compreende o morfológico, o que engloba o nível léxico-semântico e por fim o que envolve o nível pragmático. Por outro lado, Bevilacqua (2005) afirma que existem dois tipos principais de unidades terminológicas, aquelas de cunho predominantemente sintagmática, que são combinações fixas e constituídas por duas unidades léxicas e as que incluem formulações equivalentes a frases ou orações próprias de um determinado campo do saber como, por exemplo, o médico, o jurídico, a engenharia, etc. No nosso trabalho basicamente só encontramos as do tipo sintagmáticas como: perfil epidemiológico, orientação nutricional, avaliação nutricional, adesão ao tratamento, fator de risco, estado nutricional, entre outros. Do segundo tipo encontramos: avaliar o estado nutricional do paciente, fator de risco cardiovascular importante, alto teor de gorduras saturadas. Como ter a segurança para avaliar se os últimos exemplos citados são de fato unidades terminológicas? Como identificá-los? Barros (2004) os nomeia de três formas: termo sintagmáticos, termos-sintagmas ou sintagmas terminológicos e de acordo com o grau de lexicalização, cita algumas características que podem ajudar nesta identificação como:

a) Não autonomia de um componente em relação aos outros que compõem a unidade léxico-semântico;

b) Impossibilidade de comutação de um componente sem acarretar mudança de sentido;

c) Fixação dos componentes;

d) Particularidade da estrutura interna.

Portanto identificar os termos de uma área de especialidade é uma tarefa complexa, principalmente para aqueles que não têm intimidade com o vocabulário específico, e demanda

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habilidades especiais por parte do tradutor para que ele possa viabilizar a comunicação entre comunidades linguísticas diferentes.

2.3 Funcionalismo

Os componentes culturais influenciam o produto final de qualquer trabalho de tradução e por isso tem um peso no processo de tomada de decisão por parte do tradutor. Desse modo, o tradutor deve levar em consideração todas as variáveis culturais presentes no contexto de chegada além de está a par do objetivo ou propósito de seu trabalho. Estas duas ideias é onde estão edificadas as bases teóricas do funcionalismo.

O funcionalismo tem como berço a Alemanha do início dos anos setenta e seu auge nas décadas de oitenta e noventa. Ele aparece como um contraponto às abordagens do Formalismo de Saussure e o Gerativismo de Chomsky centradas na noção de equivalência, fidelidade ao texto de partida e desconsideração aos aspectos socioculturais. Ao rechaçar a ideia de equivalência na tradução, a nova teoria traz em seu bojo outros elementos que são importantes no processo de tradução como a cultura, o objetivo e o propósito do autor, a preocupação com o leitor, entre outros. Tudo isso marca um rompimento com os paradigmas até então vigentes. Se antes a ênfase era o texto de partida com foco no produto, agora é o contexto de chegada com foco no processo que chama a atenção e a tradução, então, passa a ser vista como um ato de comunicação.

Ao considerarem a tradução como ato de comunicação os funcionalistas mudaram a visão do papel do tradutor. Nesse novo contexto, exigir-se-á dele algo além do domínio de duas línguas (ênfase na competência linguística e cultural). É preciso dominar igualmente a cultura do texto de partida e do de chegada, ser bi cultural, já que ele atuará como mediador entre dois sistemas culturais diferentes (POLCHLOPECK e AIO, 2009). De acordo com Gentzler (2009, p. 100), o que os funcionalistas esperam do tradutor não é uma tradução perfeita, eles querem que ele se esforce para encontrar as melhores estratégias para alcançar o propósito da tradução que está realizando. Nesse sentido, ainda segundo este autor,

os tradutores podem preferir serem fiéis ao espírito do texto fonte ou podem escolher uma estratégia do tipo palavra por palavra, ou ainda podem acrescentar, deletar ou mudar informações como bem julgarem, dependendo das condições culturais e das necessidades do público/consumidor.

Esta liberdade do tradutor para escolher as melhores estratégias aliada ao respeito aos aspectos culturais e a preocupação com as necessidades do público alvo foram questões norteadoras do nosso trabalho e diversas vezes nos deparamos com situações onde tivemos

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que praticamente reescrever um trecho como, por exemplo, em: “tambiénpuede incrementar

lasveces que come leguminosas¿qué tal si en lugar de desayunar tantas veceshuevos, cambia un par de veces por enfrijoladas o molletes?” que foi traduzido por você também poderia aumentar o consumo de leguminosas, o que você acha de no almoço em vez de comer muito arroz, acrescentar mais uma porção de feijão? Oferecer enfrijolada (elaborado com tortilhas

de milho, feijão e queijo) e molletes (pão de milho recheado com feijão e queijo) como opção para aumentar a ingestão de leguminosas para um leitor do texto de chegada não faz o menor sentido. Uma recomendação nutricional importante seria perdida com prejuízo para a saúde do receptor da mensagem e, neste pequeno trecho, para que ela pudesse chegar ao seu público alvo sem dano para a sua compreensão, foi necessário mudar os alimentos e o tipo de refeição; o destinatário final da mensagem não tem o hábito alimentar de comer feijão no café da manhã. Nesse trecho, como em todo o trabalho em geral, preferimos privilegiar a função da mensagem (nesse trecho específico, aumentar a ingestão de leguminosas) para que não houvesse ruído na recepção da informação. A abordagem orientada em direção da função do texto de chegada e a preocupação com o leitor final são duas das principais bandeiras defendidas pelos funcionalistas.

Os principais teóricos desse movimento foram KatherinaReiss, Hans J. Vermeer e Christiane Nord, todos relacionados com as escolas Saarbrücken e Leipzig. Foi essa tríade que mudou o modo como a tradução era visto, o enfoque agora está na função do texto, nos aspectos culturais e no leitor do texto de chegada.

KatherinaReiss é a precursora desse movimento e seu livro

MöglichkeitenundGrenzen traduzido para o inglês como TranslationCriticism – The PotencialsandLimitations(Possibilidades e Limites da Crítica de Tradução) é considerado

como o iniciador dos estudos acadêmicos de tradução na Alemanha, e nele já surgem as primeiras noções de funcionalismo (LEAL, 2014). No livro encontra-se o conceito de tipologia textual aplicado à tradução cujo texto irá determinar o modo de tradução mais adequado. Porém a obra que de fato cristalizou a abordagem funcionalista da tradução foi

GrundlegungEinerAllgemeinenTranslationtheorie (Fundamentos para uma teoria geral da

Traducão) de 1984realizado em parceria com Vermeer. Nele são lançadas as ideias que irão culminar nas mudanças de paradigmas que seriam introduzidas pela nova teoria.

Hans J. Vermeer foi aluno de Reiss e propôs a Teoria do Escopo (Skopstheorie), no qual a tradução está voltada para o texto de chegada e em bases gerais trabalha com a ideia de um propósito ou objetivo da tradução. De acordo com Gentzler (2009), Os teóricos

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funcionalistas concebem a tradução como uma ação realizada por uma pessoa que tem uma meta de comunicação específica, a que Reiss e Vermeer se referem como Skopos do texto.

Além da noção de escopo este teórico também abordou a questão cultural e sugere uma teoria cultural da tradução onde o texto traduzido deve apresentar uma estreita relação com o contexto cultural do seu público alvo, uma vez que a língua é social e histórica e não pode ser desligada da cultura. Este conceito de comunicação intercultural diminui a importância do texto de partida frente ao de chegada visto que ele agora se transforma somente em uma das várias fontes que o tradutor irá utilizar para realizar o seu trabalho.

Christiane Nord pesquisadora, professora e teórica da tradução, foi também tradutora juramentada. Esta teórica foi a responsável pela sistematização da teoria funcionalista através de um modelo de análise textual na qual estabelece um processo de tradução onde há a atuação conjunta dos textos de partida e chegada aliados com a função do texto (POLCHLOPECK, ZILPSER e COSTA, 2012). Segundo Leal (2007), este modelo foi uma retomada das teorias anteriormente defendidas Reiss e Vermeer e tinha como objetivo fazer com que elas fossem mais acessíveis e pudessem ser colocas em prática. O modelo Nord leva em consideração os fatores internos e externos ao texto que nortearão o processo tradutório. Ao valorizar os aspectos intratextuais, diferente dos outros teóricos, Nord ver uma importância no texto de partida e acredita que apenas a função textual e o encargo não são suficientes para abranger todo o processo tradutório.

Em linhas gerais, o Funcionalismo alemão é uma teoria que postula:

• Tradução como um tipo de transferência, como um ato de comunicação; • Valorização do contexto cultural;

• Valorização do texto de chegada (tradução prospectiva); • Tradução que tenha um propósito/ função;

• Tradutor como mediador cultural.

Todas as mudanças trazidas pelos funcionalistas estão centradas no processo tradutório, a tradução é vista como um processo e não mais como um produto. A valorização do tradutor é outro ponto a ser destacado, ele agora tem uma maior flexibilidade para as tomadas de decisão, além de ser considerado o intermediador entre duas culturas diferentes.

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3.RELATÓRIO

A principal dificuldade encontrada no processo de tradução do documento preparado pelo governo mexicano para ser utilizado nas unidades básicas de saúde, que vem a ser um dos objetivos do nosso trabalho, foram as adaptações para as dietas e a substituição dos alimentos que seriam utilizados pelo público do texto de chegada.

Com relação aos problemas a serem solucionados apenas no âmbito de alguns alimentos a solução encontrada foi procurar os alimentos nacionais que fossem equivalentes, em teor de nutrientes, aos do texto de partida. Por exemplo, no texto de partida,os vocábulos aceite de cártamo, trucha e macarela são citados como alimentos ricos em ácidos graxos ômega seis e ômega três, no texto de chegada eles foram substituídos por óleo de girassol (fonte de ômega seis), cavala e sardinha (fontes de ômega três). Nesse caso somente trocar um alimento por outro não seria suficiente para contemplar todas as informações contidas na mensagem, os alimentos nacionais tinham que apresentar o mesmo teor de nutrientes dos alimentos do texto fonte, não seria possível substituir aceite de cártamo por azeite de dendê por exemplo, por que este último não contém os mesmos nutrientes daquele.

No que se refere aos problemas de tradução das dietas, eles se concentraram na escolha dos alimentos e nos devidos cálculos. Nesse caso não se tratava de realizar apenas substituições tivemos que fazer cincos planos alimentares com o cálculo das seguintes dietas: duas de 1500 calorias, uma de 1400 calorias e duas de 1200 calorias. Um exemplo do que foi realizado encontra-se abaixo, onde o café da manhã da primeira dieta do texto de partida (1500 calorias) estava composto da seguinte forma:

Desayuno

1 pieza de mango Manila Sándwich

• 2 rebanadas de pan integral • 2 rebanadas de jamón de pavo • 1/3 pza de aguacate

• 1 taza de lechuga picada • ½ jitomate Saladet rebanado • ½ pepino rebanado

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• ½ taza de zanahorias

• ½ taza de jugo de naranja natural

No contexto de chegada, o café da manhã foi esquematizado como visto abaixo: Café da manhã

01 pão francês

01 colher de chá de margarina 01 fatia fina de presunto light 01 fatia fina de queijo branco

01 xícara de café com leite desnatado

O café da manhã do texto de partida é completamente diferente do hábito alimentar do usuário do texto de chegada, sendo necessária uma mudança completa. Nossa solução foi criar um novo café da manhã com os alimentos nacionais que são mais consumidos pelo público alvo. Isso levando em consideração os alimentos mais populares das regiões sudeste e centro-oeste do país. Caso esta refeição fosse direcionada para usuários do nordeste, outros alimentos mais popularesnestav região teriam que ser introduzidos, como por exemplo, a tapioca e o cuscuz. Em nutrição sempre se trabalha respeitando o hábito alimentar do paciente, fazendo as devidas correções nutricionais com foco nesse item.

É importante ressaltar que as mudanças introduzidas precisaram respeitar não apenas a quantidade de calorias, mas também as quantidades de nutrientes (carboidratos 55-60%; proteínas 10-20% e lipídios 30% do VET) que são recomendados.

Outro cálculo realizado foi o da distribuição de calorias em cada uma das refeições. Geralmente esta distribuição é realizada da seguinte forma: no café da manhã deve-se ter mais ou menos 20% das calorias diárias; lanche da manhã 5%; almoço 30-35%; lanche da tarde 10-15%; jantar 20-25% e a ceia 5%. Para alcançar estas metas, foi necessário ir além de apenas introduzir novos alimentos. As dietas foram calculadas respeitando todas as recomendações, pois de outra forma não se obteria o mesmo resultado. Aqui o trabalho do tradutor precisou ultrapassar os limites da tradução e ele atuou também como um técnico especializado para obter um resultado satisfatório.

Este processo de cálculo dietético foi realizado com todas as outras dietas que apareceram no trabalho. O cálculo foi realizado no cardápio completo uma vez que cada dieta dessas é composta por cinco a seis refeições (café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e a ceia).

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Outros problemas relacionados com alimentos que precisaram ser mudados ocorreram com alguns exemplos de aditivos alimentares do texto fonte nos quais os exemplos do texto de chegada foram apenas substituições por alimentos mais conhecidos do público alvo. Aqui a preocupação era apenas verificar se o alimento ou preparação alimentar era fonte de determinado aditivo e não houve a necessidade de realizar nenhum cálculo.

O aditivo bicabornato de sódio tem como exemplo de alimento que deve ser evitado a sopa de tomateem lata, esta preparação não é habitualmente consumida no nosso país, então ela foi substituída por biscoito recheado alimento mais popular para o público do texto fonte e que contém este aditivo.

Como exemplo de alimento a ser evitado por ter alto teor de hidróxido de sódio tínhamos frijoles enlatados, substituídos por massas para pastéis e para pizzas, alimentos mais consumidos pelos usuários do texto de chegada do que feijão em lata.

No aditivo lactato de sódio o exemplo de alimento a ser evitado era carnes crudasque foi substituído por carnes semipreparadas. A opção por carne semi preparada ocorreu por que pela legislação do texto de chegada este aditivo não pode ser utilizado em carnes cruas. Seu uso configura fraude e pode ser penalizado.

As soluções encontradas para os exemplos citados acima que à primeira vista parece que foi somente a substituição de um alimento por outro, ocorreu por meio de um trabalho de pesquisa em sites de alimentos e no site da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ainvestigação incluiu ainda a leitura de rótulos, para encontrar o alimento que fosse mais adequado tanto do ponto de vista nutricional quanto do cultural.

Os demais problemas detectados e as devidas soluções encontradas ocorreram em função da necessidade de deixar o texto de chegada mais claro e próximo do leitor por que algumas das alterações realizadas referem-se a termos que não tem nenhuma significância no contexto de chegada.

Abaixoestãoalgunsexemplos:

• Existe la necesidad de crear servicios integrales de salud como las UNEME Crónicas.

Existe a necessidade da criação de serviços integrais de atenção à saúde.

No trecho traduzido houve a omissão do termo UNEME Crónicas, por que o tradutor julgou que não seria necessário já que ele não apresenta nenhum grau de significância para o público alvo. Segundo Barbosa (2004) a omissão pode ocorrer quando o termo para o texto de chegada é repetitivo ou desnecessário.

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Outrosexemplos de omissão:

• Ofrecer información actual, veraz, homogénea y consistente. Es imprescindible

que quienes realizan actividades de orientación alimentaria sigan los mismos criterios y utilicen los mismos conceptos y terminología, para evitar confusión, generando credibilidad tanto del contenido de la orientación como de quien proviene. Para ello es indispensable apegarse a la Norma Oficial Mexicana

NOM-043-Ssa2-2005, Servicios Básicos de Salud. Promoción y Educación para la Salud en Materia Alimentaria. Criterios para Brindar Orientación.

Oferecer informação atual, verdadeira, homogenia e consistente. É imprescindível que os diferentes profissionais que realizam as atividades de orientação nutricional sigam os mesmos critérios e utilizem os mesmos conceitos e terminologias para evitar confusão e criar credibilidade tanto do conteúdo da orientação quanto na pessoa que orienta.

• Durante la aplicación del recordatorio el nutriólogo empleará replicas o modelos

de alimentos (Nasco) que ayudarán al paciente a estimar las raciones consumidas.

Durante a aplicação do recordatório o nutricionista utilizará réplicas ou modelos de alimentos para ajudar o paciente a estimar as quantidades de alimentos consumidas.

Nestes dois exemplos a omissão também ocorre porque o termo retirado é desnecessário ou não faz sentido no contexto de chegada. A Norma do primeiro exemplo não tem validade na cultura do texto de chegada e no segundo exemplo, as réplicas de alimentos da marca Nasco, não existem no país.

Exemplo de equivalência:

• Como usted acostumbra a comer fuera de su casa podría buscar un lugar de comidas corridas, pues por lo general ofrecen un guisado hecho converduras.

También puede cambiar el flan o la gelatina que dan de postre por una fruta fresca.

Como você tem o hábito de comer fora de casa poderia procurar restaurantes onde possam ser servidas comida a quilo, pois em geral eles oferecem uma variedade grande de verduras e frutas. Poderia também substituir o pudim ou a gelatina da sobremesa por uma fruta fresca.

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Neste exemplo, segundo Barbosa (2004), tem-se um caso de equivalência. Restaurantes que servem comidas a quilo é diferente de restaurantes de comidascorridas, estes normalmente servem o cliente com três pratos (entrada, normalmente sopa; um prato de massa e um com carnes, verduras e legumes), no caso do restaurante a quilo, o cliente se serve a vontade. Aqui foi colocada somente a frase que foi alterada, mas o contexto referia-se a conselhos para o paciente aumentar a ingestão de frutas e verduras, o que ele obteria facilmente em restaurantes a quilo, uma vez que não temos um estabelecimento nos moldes do citado no texto de partida.

Nos cinco exemplos a seguir o que se fez foi manter termos ou expressões que já estão cristalizadas no sistema linguístico de chegada.

• Processo de Duelo; Estágios de Perda • Shock y negación; Negaçãoouisolamento • Enojo; Revolta/raiva/ira

Estes são alguns dos estágios de perda elaborados por Kuble-Ross. São ao todo cinco estágios (nem sempre a pessoa passa por todos) geralmente aplicados a casos de morte. No entanto, originalmente eles foram criados para serem aplicados em qualquer forma de perda pessoal (NEVES, 2012). No contexto de chegada alguns destes estágios já possuem nomenclatura própria como negação ou isolamento e revolta/raiva, então o que fizemos foi manter o que já é de uso corrente.

• 10% del efecto térmico de los alimentos 10% da ação dinâmica dos alimentos

Este termo aparece diversas vezes no nosso trabalho e é bastante comum no âmbito da Nutrição Clínica, pois é essencial para calcular o gasto energético total do paciente (GET), ou seja, a quantidade total de energia que o paciente necessita em um dia.

• Consumir de 6 -8 vasos de 240 ml cada uno (1 a 2 litros) de agua al día. De

acuerdo a factores como el clima, edad y actividad física.

Beber de 8 a 10 copos de 200 ml de água (1 a 2 litros) ao dia. De acordo com fatores como clima, idade e atividade física.

A medida padrão para copo utilizada no contexto de chegada é 200 ml, assim sempre que se recomenda a ingestão de algum líquido os cálculos e também a medida caseira são

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realizados levando em consideração 200 ml. Com relação à recomendação de ingestão de água outra forma utilizada é por meio da quantidade de calorias da dieta do paciente. Por exemplo, se paciente teve uma recomendação dietética de 1600 calorias a quantidade de água recomendada será de 1600 ml. Optou-se por utilizar coposporque o texto de partida utilizou a medida caseira, sem menção ao total de calorias.

Nestes exemplos, os vocábulos ou frases já são de uso comum no contexto de chegada por isso, foram necessários apenas alguns ajustes para que a compreensão ocorresse sem problemas.

A reconstrução de períodos foi um recurso comumente utilizado, algumas vezes retiramos algumas informações e em outras acrescentamos, como pode ser visto a seguir:

• La información recabada a lo largo de la sesión será registrada en el expediente

electrónico y se exhortará al paciente a solicitar cita en recepción.

A informação obtida nesta sessão deverá ser registrada em meio eletrônico e o paciente deverá ser incentivado a agendar uma nova consulta.

• La divulgación de conocimientos puede tener un efecto persistente y un papel

preventivo fundamental, exige paciencia y la modificación de los hábitos y costumbres indeseables por la suplantación o fortalecimiento de los deseables.

A divulgação de conhecimentos pode ter um efeito persistente e um papel preventivo fundamental, por sua vez aceitar uma nova dieta exige paciência além de uma mudança dos hábitos e costumes indesejáveis, por meio da superação ou fortalecimento daqueles que são desejáveis.

• Se debe recomendar los cereales integrales y sus derivados, así como la

combinación de cereales con las leguminosas, ya que aportan un mayor valor nutritivo por la combinación de aminoácidos que se obtiene, y de esta forma se puede disminuir el consumo de carne.

O consumo de cereais integrais e seus derivados deveser recomendado, bem como sua associação com leguminosas, ela agrega um maior valor nutritivo pela combinação de aminoácidos obtidos. Podendodessa forma reduzir o consumo de carne.

• Pocos alimentos de origen animal, preferir el pescado o el pollo sin piel a las

carnes de cerdo, borrego, cabrito, res.

Reduzir a ingestão de alimentos de origem animal. Preferir o peixe ou o frango sem pele, às carnes vermelhas;

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• Termosde uso diferenciado: enfermedad e sobrepeso

No contexto de chegada enfermedad pode ser traduzidapor doença, enfermidade e patologia. Por isso durante o processo de tradução os três vocábulos foram utilizados conforme o contexto reclamasse uma ou outra palavra, porém o termo doença foi o mais utilizado porque foi o maiscitado nos textos de apoio da área de saúde consultados.

Sobrepeso refere-se a um excesso de peso, porém é diferente de obesidade, este excesso de peso é menor do que na obesidade. Uma pessoa com sobrepeso apresenta uma pequena alteração do seu peso ideal. Em alguns contextos, os dois termos aparecem como sinônimos, pois em grandes estudos populacionais quando se fala em excesso de peso está incluído tanto o sobrepeso quanto a obesidade. No nosso texto de trabalho, ele aparece nos dois sentidos.

No nosso texto apareceram algumas siglas e as soluções dadas também foram diferentes para cada caso como se pode ver abaixo:

Siglas: • OA

Em português o uso mais corrente é orientação nutricional (ON) • ENSANUT e ENSA

Manteve-se a sigla do texto de partida porque são duas pesquisas realizadas no contexto de partida então consideramos mais coerente não traduzir.

A maioria das soluções encontradas para nossos problemas de tradução tiveram como pano de fundo a cultura do texto de chegada, pois a nossa principal preocupação era fazer do texto de partida um documento completamente identificado com o nosso público alvo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desafio em se fazer uma tradução de um texto técnico da área da saúde com um enfoque nutricional, mais precisamente nas ações de prevenção, foi encontrar uma forma de produzir um documento final que pudesse ser utilizado pela comunidade em geral, que não ficasse somente no âmbito da academia. Em outras palavras queríamos produzir um texto que estivesse voltado para as necessidades da população, que fosse útil nesse contexto atual de constante crescimento das doenças crônicas não transmissíveis. Dessa forma, as dificuldades de tradução e as soluções encontradas tinham como preocupação a elaboração de um texto, no qualatravés da identificação e seleção da terminologia, tendo como base teórica os postulados da Terminologia e do Funcionalismo Alemão, que pudesse ser claro, objetivo e de acordo com as características culturais dos possíveis usuários.

Dentre os problemas a serem solucionados acreditamos que o maior foi a elaboração das dietas. Houve a necessidade de, além de elaborá-las com alimentos nacionais que fizessem parte dos hábitos alimentares dos possíveis usuários, calculá-las com objetivo de suprir as quantidades de nutrientes recomendados. Esse grande desafio a princípio produziu certa inquietação ao constatarmos a grande responsabilidade do tradutor frente a um trabalho que teria repercussões na vida das pessoas, mais precisamente na saúde delas. Ademais, a grande demanda por tempo que seria necessário para calcular todas as dietas não deixou de ser uma preocupação, já que o prazo para a realização deste trabalho se resume a apenas quatro meses. Entretanto, com a segurança de termos todos os subsídios necessários para enfrentar a tarefa, nos lançamos em um trabalho de tradução rigoroso, cientes de que o resultado seria a elaboração de cinco dietas bem calculadas e coerentes com todas as recomendações nutricionais.

Por fim a seleção da terminologia própria e a elaboração do relatório de dificuldades serviram para corroborar a nossa impressão inicial de que trabalhar com um texto técnico-cientíco não é uma tarefa fácil como muitos afirmam. Ao contrário exige muitas habilidades do tradutor. Ele precisa estar acima de tudo, bem informado e atualizado sobre o tema em que vai trabalhar. Dentre as qualidades exigidas de um bom tradutor, além do domínio de uma segunda língua, deve constar o conhecimento das teorias da tradução porque afinal traduzir não é apenas uma tarefa mecânica de decodificação de sentidos. O tradutor precisa se colocar

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na posição de um ser humano pensante e utilizar o auxílio do embasamento teórico para encontrar as melhores soluções para realizar o seu trabalho.

Nessa perspectiva, portanto, acreditamos que todas as inquietações surgidas durante a realização deste trabalho serviram, de alguma maneira, para enxergarmos com maior clareza, na prática, as muitas angústias do tradutor. Esperamos tê-las vencido com algum acerto, e mais, esperamos ainda que este trabalho não tenha sido em vão e possa vir a se constituir em um documento de algum auxílio ao inestimável trabalho realizado pelos profissionais dos serviços públicos de saúde e a outros que se interessem pelo tema.

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REFERÊNCIAS

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