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Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR ISSN X Ano de publicação: 2014 N.:12 Vol.:2 Págs.

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1. INTRODUÇÃO

Comunicação é um processo de interação no qual se compartilha mensagens, pensamentos, sentimentos e emoções. Além da linguagem escrita e falada, podemos fazer uso de mensagens através de gestos, expressões corporais, imagens, tato e outros sinais. Dentro do contexto hospitalar e, sobretudo a interação existente entre o profissional enfermeiro e o usuário que busca auxílio, a comunicação que corresponde a uma fatia enorme no processo de se fazer saúde, além disso, a comunicação eficaz auxilia os pacientes a conceituar seus problemas, diminuir suas angustias e até mesmo encontrar novos padrões de comportamento. Em suma, a comunicação é um meio imprescindível no âmbito desta profissão (STEFANELLI; CARVALHO, 2005).

No momento em que há prejuízo na comunicação, muitas vezes determinados por fatores

inerentes ao paciente, tais como a impossibilidade de falar, compreender e ouvir dificulta não só o processo de enviar e receber sinais, mas de forma relevante na ação da enfermagem como parte fundamental no restabelecimento da saúde do paciente. Segundo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2000, “o número de surdos no Brasil era de 166.400, sendo 80 mil mulheres e 86.400 homens”. Além disso, cerca de 900 mil pessoas declararam ter grande dificuldade permanente de ouvir. Tal valor mostra o grau numérico de uma população que necessita de uma atenção especializada para uma boa humanização de seus direitos, evidenciando a grande necessidade que a enfermagem tem de lidar com o individuo de forma singular, respeitando seus valores culturais, social e suas deficiências, seja elas físicas ou mentais (GROSSI JUNIOR; SANTOS, 2013).

Conhecer as necessidades que essa população portadora da surdez e muda tem, é oferecer a elas o real

Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR

http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Ano de publicação: 2014

N°.:12 Vol.:2 Págs.:37 - 43

IDENTIFICAÇÃO DAS AÇÕES E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DA EQUIPE DE

ENFERMAGEM FRENTE AO PACIENTE PORTADOR DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA

DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO

Lorrainy Silva Peres¹ , Lorena Priscila Oliveira Rocha² , Daniela Silva Reis³

RESUMO: A presente pesquisa tem com principal finalidade verificar os conflitos e desafios existentes no atendimento pela equipe de enfermagem, à pessoa com deficiência auditiva. A mesma foi realizada com 30 técnicos de enfermagem e 11 enfermeiros atuantes no Hospital Municipal Milton Pessoa Morbeck. Perante o uso da Libras, os profissionais de enfermagem, qual revela que apenas dois dos entrevistados tinham feito capacitação na área. Essas dificuldades e deficiências na assistência prestada ao paciente portador da surdez revelam e justificam a necessidade de capacitação desses profissionais para uma real assistência humanizada em seus aspectos culturais e legais, contextualizando uma sociedade mais inclusiva.

Palavras-chaves: LIBRAS, comunicação, profissional de enfermagem.

ABSTRACT: This research has major purpose verifying with the conflicts and challenges existing in service by the nursing staff, the person with hearing impairment. The same was done with 30 nursing technicians and 11 nurses working in the Municipal Hospital Milton Pessoa Morbeck. Before the use of Pounds, nursing professionals, which showed that only two of the respondents had done training in the area. These difficulties and shortcomings in the care provided to patients with deafness reveal and justify the need for training these professionals for a real human assistance in their cultural and legal aspects, contextualizing a more inclusive society.

Keywords: POUNDS, communication, professional nursing.

¹ Enfermeira pela Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR, Barra do Garças-MT. lorrainysilva2@outlook.com

² Enfermeira pela Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR, Barra do Garças-MT. loren_pris@hotmail.com

³ Enfermeira Mestre pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, Docente do Curso de Enfermagem das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR, Barra do Garças, MT. danielareis@univar.edu.br

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princípio do SUS a integralidade, equidade e

universalidade, conhecendo desta maneira os reais fatores que deverão desencadear a saúde do cliente. Um exemplo pode ser dado para facilitar a compreensão, imaginem que uma criança esteja ansiosa e agitada, esses sinais são característicos de uma gama de patologias, no entanto o seu estado é simplesmente porque sua mãe não se encontra no local, talvez o contrário também exista, onde a agitação e ansiedade referem, por exemplo, a algia em região abdominal, lançando desta maneira dificuldades no entendimento devido à distância dos saberes e entendimento do profissional que precisa tomar decisões perante o quadro apresentado nos dois exemplos acima descritos. (BRITTO; SAMARIZ, 2010).

Perante o Ministério da Educação (MEC) a surdez é conceituada como uma doença congênita ou adquirida, de perda total ou parcial da capacidade do individuo ouvir ou falar, podendo se manifestar de forma leve ou moderada que é a perda de cerca de 70 decibéis, ou surdez severa ou profunda que é a perda acima de 70 decibéis (CARDOSO; RODRIGUES; BACHION, 2006). Essas variações auditivas indicam que a pessoa pode ouvir apenas os sons mais fracos ou até mesmo não ouvir som algum, levando em consideração esses valores e que esse público também está exposto a diversos patógenos, ou seja, também adoecem e são obrigados a procurar o serviço de saúde para fins de melhora, nos deparamos com conflitos e desafios para a enfermagem, saber lidar com tais situações e dificuldades de se estabelecer uma adequada comunicação, reconhecendo esta como parte fundamental da rotina e parte integrante na tomada de decisões. Mostrando desta forma a relevância da utilização e conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) nas instituições de saúde, estabelecendo à inclusão e a humanização para com os clientes.

Mediante ao exposto este estudo teve como objetivo verificar junto aos profissionais de enfermagem, quais são os conflitos e desafios existentes no atendimento a pessoa com deficiência auditiva, quando necessitam de atendimento intra- hospitalar, levantando informações sobre o nível de conhecimento e aplicabilidade desses profissionais sobre a linguagem de sinais, reconhecida no Brasil como LIBRAS e identificando quais unidades prestam atendimento ao portador com mais frequência.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A presente pesquisa encaminhou-se na vertente da abordagem quantitativa, que teve como objetivo estabelecer ações e medidas explicita para um bom desenvolvimento do projeto, onde o pesquisador teve espaço para sua interpretação e desenvolver, conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões elaborados. Onde foi utilizado um questionário como instrumento de coleta de dados, com perguntas abertas e fechadas construídas de forma ordenada e pré-elaboradas, dispostas de forma clara para os

profissionais de enfermagem, que perante a lei nº 7.498/86, de 25 de junho de 1986, regulamentada pelo Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987, Art 2º, paragrafo único, sobre o regulamento das ações do exercício da enfermagem, que hoje é desempenhado de acordo com os graus de habilitação dos profissionais de enfermagem que estiverem inscritos no Conselho Regional de Enfermagem da região em que exercem a profissão de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem ou Auxiliar de Enfermagem (SANTOS et.al., 2013).

Realizado no período diurno e noturno, do hospital municipal Milton Pessoa Morbeck do município de Barra do Garças-MT. Hospital este, de alta complexidade que atende além de Barra do Garças mais 6 municípios consorciados são eles: Pontal do Araguaia, Ribeirãozinho, Novo São Joaquim, General Carneiro, Araguaiana e Torixoréu. Contendo 05 leitos na Unidade de Terapia Intensiva - UTI mais 82 que compreende toda a unidade, atendendo as seguintes áreas: Clinica Médica, Clinica Ortopédica, Clinica Cirúrgica, Maternidade, Pediatria, Urgência, Emergência e banco de sangue, contendo também sala de expurgo, Central de Material Esterelizado - CME, isolamentos e Centro Cirúrgico composto por três salas internas de atendimento cirúrgico especializado.

De acordo com a resolução 196\96 adaptada em 23 de outubro de 2012 que se aplicam as pesquisas envolvendo seres humanos, necessitam abranger aspectos éticos e científicos fundamentais e certamente cumprindo algumas exigências. Esta Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os referenciais da bioética, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre outros, e visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado (BRASIL, 2012, p.1) Neste sentido a abordagem dos instrumentos de coleta de dados foi contemplada em forma de questionários padronizados com perguntas claras e objetivas, abrangendo opiniões e atitudes dos entrevistados. Buscando resultados mais concretos com menos ricos de erros de interpretação, agindo de forma consentida e esclarecida dos indivíduos alvos, observando o risco e os benefícios atuais e posteriores no individual e coletivo, garantindo a segurança e os interesses dos envolvidos (TURATO, 2005).

Optou-se pela identificação dos pesquisados usando a abreviação de Clinica Médica (CM), Centro Cirúrgico (CC), Pediatria (PA), Maternidade (MA), Unidade de Terapia Intensiva (UTI), urgência e emergência e número de entrevistados, sendo que este foi atribuído de forma aleatória.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Expõem-se, a seguir, na vertente o gráfico com a caracterização segundo o tempo de atuação dos profissionais que atuam na unidade hospitalar Milton Pessoa Morbeck, o qual foram entrevistados, 47

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profissionais da equipe de enfermagem de ambos os

gêneros (masculino e feminino). Desses, 12 enfermeiros e 35 técnicos. Em amplitude maior no gênero feminino com 41 enfermeiras entrevistada, como mostrado na figura 1. De acordo com (BRITTO; SAMPERIZ 2010), a variante dos profissionais técnicos de enfermagem e o gênero feminino tem prevalência maior comparada com os enfermeiros e o gênero masculino.

Figura 1. Caracterização dos entrevistados segundo gênero e categoria profissional.

Dentre os participantes da pesquisa segundo o tempo de atuação, observa-se a variante entre 1 e 5 nos, sendo que a faixa etária de 4 a 5 anos prevaleceu com 37% dos entrevistados e a faixa etária de mais de 6 anos com 5%, como mostra a figura 2. Pode se notar que o número de enfermeiros recém-formados se sobressai, podendo revelar uma carência na experiência pratica na área (PAGLIUCA et al., 2007).

Figura 2. Caracterização dos entrevistados segundo o tempo de atuação.

A figura 3 ilustra o conhecimento, especialização ou capacitação da equipe de enfermagem na área de LIBRAS. Dos 47 entrevistados 38 responderam que não tem conhecimento sobre a LIBRAS

e 45 nunca fizeram especialização ou capacitação na área. Relata Cardoso; Rodrigues e Bachion (2006) a despeito da Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002, que regulamenta a utilização da LIBRAS, estabelecida em instituições públicas, empresas e serviços públicos de assistência a saúde, como instrumento de comunicação para com o portador de deficiência auditiva. Embora não seja obrigatório que os profissionais á utilizem, inúmeras pessoas com essa deficiência, expressão que quando a mesma é utilizada, escreve de forma simplificada e fala pausadamente o atendimento se torna mais compreendido e adequado, pois se conseguem ter um dialogo e entender o que uma ou outra esta a propagar.

De acordo com Chaveiro, Barbosa, Porto (2008) o atendimento do profissional de enfermagem com o paciente surdo vai muito além dos serviços especializados, o qual pode ser classificado como um atendimento desigual e falho, pois para os profissionais a linguagem não oral habitualmente não é ensinada, que por falta dessa capacitação tal ocasião proporciona um despreparo para lidar com o paciente portador dessa deficiência. Santo e Shiratori (2004), relata que existe um número reduzido de trabalhos abrangendo a enfermagem e o surdo, ou seja, são poucos enfermeiros inseridos nesta área, como podemos ver ilustrado na figura 3. Contudo não se exime o compromisso como enfermeiro em promover saúde, independente das diferenças de qualquer grupo ou pessoa.

Figura 3. Conhecimento, especialização ou curso na área de LIBRAS.

Quando questionado sobre a unidade de atendimento dos mesmos, a pediatria permanecem com um valor percentual de 0, denotando como nenhum atendimento realizado nessa área, demonstrado na tabela a seguir.

Tabela 1. Categorias de profissionais segundo unidades de atendimento. Centro Cirúrgico (C.C), Clinica Médica (C.M.), Maternidade (Mat.), Pediatria (Ped.), Pronto socorro (P.S.), UTI e Nenhum (N.).

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Unidade de atendimento

C. C. C. M Mat Ped P. S UTI N.

Sim 4 5 2 - 17 2 -

Não - - - 17

A cerca dos dados coletados permite-se estabelecer três categorias temáticas: As dificuldades de comunicação enfrentada pelo profissional, as estratégias utilizadas pelos mesmos e as suas opiniões sobre a necessidade de capacitação na área de LIBRAS.

Ao serem abordadas as dificuldades de comunicação, os entrevistados afirmam que, no atendimento de enfermagem para com o paciente surdo, suas maiores dificuldades foram as de compreender as necessidades e as dificuldades que o paciente enfrentava frente a patologia da doença.

“[...] Dificuldades de compreender suas necessidades”. (CC 01, 02, 03, CM 03, PS 06,);

“[...] Entender o que o paciente estaria sentindo naquele momento”.

(CM 04, PS 03, 12, 13, UTI 01); Outro aspecto destacado foi à dificuldade de troca de informação, ou seja, na comunicação entre o enfermeiro e o cliente, afirmando também que não ouve nenhum tipo de comunicação.

“[...] Dificuldade em comunicar com o mesmo para realizar os procedimentos”. (PS 14). “[...] Não teve comunicação”. (PS 10). Nos depoimentos dos sujeitos da pesquisa, descrevem que não ouve dificuldade nesse encontro enfermeiro e paciente, devido o acompanhante exercer a intermediação do dialogo ou o mesmo se expressar muito bem com os sinais e gestos propostos, conforme descrito abaixo.

“[...] Não tive muitas dificuldades porque o acompanhante intermediava a conversa”. (CM 02).

“[...] Não encontrei, pois o mesmo expressava bem com sinais e gestos”. (PS 11, 16).

“[...] Nenhuma”. (PS 17).

Essa categoria analisada tornar-se visível a importância da comunicação como um instrumento essencial para os mais variantes procedimentos realizados na área assistencial da saúde. Ao se depararem com um paciente surdo surgem-se os enigmas para estabelecer um atendimento eficaz. Quando questionado ao usuário sobre o atendimento o mesmo responde: “Profissional não me entende porque difícil, Libras difícil (S4). Ele olha pra mim vê sinais não entende” (S9).” (CARDOSO; RODRIGUES; BACHION, 2006, p. 4).O não dominar a língua de sinais (LS) forma uma barreira no intercambio com o individuo surdo. Mesmo que tentam empregar a LS no dialogo clinico, sua influência é restringida, sendo que, de todos os entrevistados apenas 2 haviam feito algum curso ou

especialização na área. Sendo assim a comunicação vai depender apenas do paciente em conseguir ler os lábios, entender alguns gestos e se fazer entender, dificultando a interação comunicativa. Nesse contexto pode ocorrer do profissional dar uma orientação ou um diagnostico, desfavorável ao que o paciente queixa, por falta de mera compreensão da linguagem falada.

Na segunda categoria, quando citado as estratégias utilizadas, argumenta-se o auxilio dos acompanhantes e familiares no momento.

“[...] Conversar com o acompanhante e familiar”. (MA 01 UTI 01, PS 08, 16).

As outras estratégias estabelecidas foram a observação e a percepção do profissional frente a leitura labial, gestos, mimicas e expressões faciais que favoreceram esse diálogo, assim expressadas abaixo.

“[...] Observação facial, labial, gestos, mimicas e ajuda de colegas”. (UTI 02, CC 01, 02, 03,04, CM 01, 03, 04, PS 01, 05, 06, 09, 10, 11,13, 14, 15).

“[...] Com alguns sinais que já conhecia e leitura labial, ele me compreendeu”. (PS 04). A dificuldade de comunicação entre surdos e profissionais é de grandes obstáculos, por tais problemas muitos desses profissionais não utilizam nenhum tipo de comunicação para com o paciente, deixando a assistência de enfermagem devidamente prejudicada.

“[...] Não ouve comunicação”. (CM 02, PS 03, 17).

“[...] Nenhuma”. (MA 02).

“[...] Nos adultos recorri à escrita e nas crianças a mãe”. (PS 07).

Outro argumento evidenciado destaca-se os relatos:

“[...] Muita paciência até descobrir o que o mesmo sentia.” (PS 12, CM 05).

A comunicação não verbal é de suma importância no acolhimento aos pacientes, permitindo um excelente cuidar em saúde. Silva (1996) define comunicação não verbal como a inclusão de todas as maneiras de comunicar-se que não envolva palavras ditas, onde se emprega três aspectos de apoio: O corpo, objetos e artifícios ligados ao meio e o condicionamento do individuo no espaço. Dado tal valor, a relação de fazer a pessoa entender umas as outras, trás experimentos eficazes, sendo possível como, por exemplo, conhecer e perceber as expressões de algia ou prazer promulgado pelo outro.

Tais afirmações revela o poder da linguagem como instrumentos aos surdos, não podendo negar o direito que os mesmos têm em usufruir dos benefícios de uma língua, sendo assim o aceitar das diferenças do surdo e as diferenças humanas, é um desafio para a sociedade inclusive para um atendimento humanizado na área da saúde para com os portadores da deficiência. Frente tal necessidade o mesmo precisa ser visto de

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forma global, respeitando suas crenças, seus valores e

diferenças.

Quando os entrevistados relatam que sua comunicação com paciente partiu do acompanhante, familiares ou que não ouve nenhum tipo de comunicação com o paciente, surgem os dogmas dos direitos individuais da saúde, com tudo esse direito apresenta não estar sendo cumprido. Demostra Chaveiro, Barbosa (2005) em depoimento as dificuldades de comunicação entre o profissional e o surdo.

“Eu já estive doente e não fui ao médico, porque tive medo de não ser compreendida, tive que esperar mais ou menos cinco dias para minha mãe chegar e ir comigo.” (S4). “Quando precisava ir ao médico pedia para minha irmã escrever o que eu estava sentindo, mostrava para o médico e ele me dava a receita. O médico não explicava nada, eu ficava com muitas duvidas, eles não entendem nossa vida. (S10) (CHAVEIRO; BARBOSA, 2005, p. 6).”

Com esta compreensão, remete o entender as dificuldades que os surdos têm ao procurar um atendimento à saúde, pois para o paciente surdo o atendimento humanizado e de igualdade é atingido apenas quando são compreendidos e entendidos em suas formas de necessidades, concretizando dessa maneira a inclusão na saúde.

Outro aspecto evidenciado são as opiniões dos entrevistados, quanto à importância da necessidade de capacitação nessa área, demostrando o porquê dessa capacitação, norteando assim seu trabalho quanto a qualidade da assistência prestada.

“[...] Para entender melhor suas

necessidades”. (UTI 02, CC 03, PS 06, 13). 12‘1‘’111q “[...] Para facilitar o atendimento para com pessoas especiais, porém a capacitação já deveria ser realizada na graduação.” (CM 04 ). “[...] Por que eles também são seres humanos

também necessitam um atendimento humanista.” (CM 03).

[...] Em nossa área lidamos com todos os públicos, então precisamos estar capacitados para lidar com eles. (PS 03)

A percepção dos entrevistados quanto a difícil comunicação e a importância da sua capacitação na área é de suma importância, para enfim fornecer uma assistência adequada, reconhecendo todos os direitos do surdo como paciente e um ser humano, que tem os mesmos direitos de qualquer outra pessoa não portadora da deficiência. Frente a isso, o Decreto Lei nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005, que regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, dispondo sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, reconhecem a LIBRAS como idioma das comunidades surdas do Brasil. Demonstrado os avanços das conquistas da população

surda frente a sociedade em si. Justificando em total relevância a importância da capacitação em LIBRAS para os profissionais que atuam na área de saúde envolvendo não só o enfermeiro, mas toda a equipe multiprofissional abrangendo o amplo aspecto dos princípios do SUS de atender todos de acordo com suas particularidades, especificidades, expectativas e necessidades. (SOUSA; PORROZZI, 2009).

Os 17 entrevistados que contrapusera que não haviam atendido em nenhuma unidade pacientes portador de deficiência auditiva, responderam sim para a necessidade que o enfermeiro tem em se capacitar a área de LIBRAS, despontando seus conhecimentos e aceitações frente suas opiniões.

[...] Para uma melhor comunicação com o paciente, para uma melhor aceitação do tratamento e interação com o paciente. (E1) [...] Para um melhor atendimento ao paciente. (E2)

[...] Precisamos muito esta nos capacitando, onde o município poderia dar uma capacitação para todos os funcionários. (E6) [...] Para um atendimento mais humanizado. (E10)

As ressalvas citadas revestem na interação enfermeiro e paciente, com uma visão holística do fazer comunicar, preocupando-se em propor um atendimento humanizado, compreendidos pela promoção, proteção e recuperação da saúde, definidos pela universalidade que de acordo com a Constituição Federal é um direito de todos e um dever do Estado.

O profissional enfermeiro é um dos cuidadores humanos que interage de forma direta com este público. Desta forma, deve-se considerar a família que convive com o portador de necessidades especiais como principal foco para o cuidado, e quando é realizada a compreensão da forma de viver deste grupo em questão, é possível identificar maneiras distintas e particularizadas para auxiliar e acompanhá-las continuadamente. (BARBOSA; CHAUD; GOMES, 2008 apud MARTINS; CORTÊS; VALENTIM, 2014, p. 229).

A integralidade que atribui à população o direito de um atendimento pleno de acordo com as necessidades de cada individua e por meio da equidade que esta idealizada em suavizar ou diminuir as diferenças sociais, proporcionando atendimento de acordo com suas especificidades, assistindo assim o paciente em sua totalidade (PONTES et al., 2009).

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No presente trabalho revelou as dificuldades de

comunicação entre o paciente e o profissional de enfermagem no cenário estudado, afirmando que tal déficit pode colocar em risco a assistência prestada, podendo interferir negativamente no diagnóstico e em seu tratamento.

Portanto, é fundamental conhecer a linguística da comunidade surda de modo a favorecer a interação entre paciente e profissional, o qual se percebe que o atendimento ao paciente com problemas de surdez é um desafio para o profissional na área da saúde, pois o recurso mais utilizado, a comunicação verbal, é inexistente entre os dois comunicantes. Diante da pesquisa concluída, o resultado demonstra, que profissionais procuram vencer essas dificuldades com inúmeras estratégias como a mímica, leitura facial e leitura labial, contudo, a totalidade na comunicação de ambos não é alcançada. Perante o exposto a capacitação dos profissionais na área de saúde para o atendimento intra-hospitalar desses pacientes é de suma importância para uma assistência adequada e humanizada, focalizada na graduação dos estudantes, oportunizando os mesmos o reconhecimento de um atendimento ao portador com surdez em seus aspectos culturais e legais, contextualizando uma sociedade mais inclusiva.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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