Cultura da Cebola em Condições Tropicais
e Subtropicais
Prof. Dr. Paulo César Tavares de Melo
USP-ESALQ
Valor nutricêutico da cebola*
Água (%) 91 Energia (Kcal) 34 Proteína (g) 1,2 Gordura (g) 0,3 Carboidratos (g) 7,3 Fibra (g) 0,4 Vitamina A (IU) 0,0 Tiamina (mg) 0,06 Riboflavina (mg) 0,01 Niacina (mg) 0,1 Vitamina C (mg) 8,4 Vitamina B6 (mg) 0,16 Cálcio (mg) 25 Fósforo (mg) 29 Ferro (mg) 0,4 Sódio (mg) 2 Potássio (mg) 155*O valor nutracêutico da cebola está associado a compostos de enxofre
(sulfóxido de cisteína) e à alicina; tem efeitos benéficos na prevenção de
arteriosclerose, doenças cardíacas, acúmulo de colesterol, formação de coágulos sanguíneos e ação
Compostos benéficos à saúde
• Reputação não muito favorável sendo considerada uma hortaliça indigesta, pungente, causa mal hálito e faz
chorar tudo isso é verdade e ocorre devido a 3 tipos diferentes de compostos que são benéficos à saúde:
– Tiosulfanatos: responsáveis pela pungência, sabor e aroma contribuem para prevenir a formação de plaquetas nas
artérias coronarianas (é aspirina do reino vegetal)
– Frutanos: carboidratos solúveis em maior percentagem tipo de fibra que pode ser um forte aliado na prevenção de câncer de cólon
– Flavonóides: quercetina tem comprovada ação
USA 12 kg/ano/habitante
Argentina 8,3 kg/ano/habitante
BRASIL 6,5 kg/ano/habitante
Alemanha 6,0 kg/ano/habitante
China 3,7 kg/ano/habitante
Consumo per capita de cebola
no Brasil vs. países selecionados
0,0 % 0,0 % 24,15 % 20,36 % 55,47 % Total: 1.362.558 t SC 33,3 % BA 15,0 % SP 13,1 % RS 12,6 % PR 9,5 % PE 9,1 % MG 7,2 %
Brasil: Principais Estados Produtores
de Cebola em 2008/09
*No IBGE não consta dados estatísticos para a produção de cebola no Centro-Oeste; a ANACE estimou oferta de 64.025 t na safra 2008/09; Fonte: Agrianual – Previsão feita em agosto de 2009.
Estado* Safra (t/ha) 1990 1995 2000 2005 2009 SP 17,6 22,2 25,7 28,2 28,6 SC 10,8 10,3 18,8 20,4 21,6 RS 7,6 7,8 10,9 14,0 15,9 BA 13,4 13,6 16,5 21,3 23,6 PE 12,5 14,0 15,9 17,6 20,9 PR 8,0 8,9 11,5 13,6 17,8 MG 7,8 12,7 26,8 30,0 48,5
*No IBGE não consta dados estatísticos sobre a produção de cebola no estado de Goiás, cujo rendimento é superior a 60 t/ha.
Brasil: Evolução da produtividade média de cebola nos
principais Estados em cinco diferentes quinquênios nos anos 1990 e 2000
60 36,6 27,8 23 18,5 11,2 17 0 10 20 30 40 50 60 Pr odut iv id ade mé di a ( t/ ha ) GO MG SP BA SC RS BRASIL
Brasil: produtividade média na década de 2000 nos principais Estados produtores de cebola
Brasil: escalonamento da oferta de
cebola no MERCOSUL
XXIII SEMINÁRIO NACIONAL DE CEBOLA – ITUPORANGA - SC 07/04/11
ESCALONAMENTO MENSAL - OFERTA DE CEBOLA NO MERCOSUL - 2010 ( EM TONELADAS )
SC RS PR SP MG GO BA/PE BRASIL ARGENTINA URUGUAI MERCOSUL
JAN 55.000 64.119 54.652 722 155 0 3.459 178.107 0 1.348 179.455 FEV 60.000 32.060 16.602 370 217 0 3.832 113.081 2.000 1.335 116.416 MAR 60.000 10.687 18.192 476 100 0 4.788 94.243 30.000 1.567 125.810 ABR 55.000 10.687 24.096 570 155 0 9.116 99.624 50.000 1.604 151.228 MAI 10.000 0 12.048 8.470 7.407 3.600 17.141 58.666 50.000 1.627 110.293 JUN 0 0 0 12.860 15.464 25.270 23.050 76.644 20.000 1.408 98.052 JUL 0 0 0 19.730 25.849 32.940 34.828 113.347 10.000 1.627 124.974 AGO 0 0 0 56.603 28.061 30.000 31.359 146.023 5.000 1.167 152.190 SET 0 0 0 58.196 5.711 16.170 21.600 101.677 0 1.125 102.802 OUT 10.000 0 3.038 23.223 2.981 0 21.551 60.793 0 1.565 62.358 NOV 45.000 32.060 6.075 12.445 2.358 0 16.280 114.218 0 1.677 115.895 DEZ 60.000 64.119 34.934 10.105 110 0 7.549 176.817 0 1.472 178.289 TOTAL 355.000 213.732 169.637 203.770 88.568 107.980 194.553 1.333.240 167.000 17.522 1.517.762
Cultura Produção (t) Área (mil ha) Safra (R$) Tomate 3.868.000 61.000 4.215.744.000 Batata 3.677.000 145.000 4.469.649.000 Melancia 1.995.000 89.000 1.775.733.000 Cebola 1.367.000 65.000 1.380.737.000 Cenoura 784.000 26.000 815.610.000 Batata-Doce 548.000 46.000 553.922.000 Melão 340.000 16.000 422.175.000 Alho 92.000 10.000 320.999.000
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal, 2009
Brasil: Produção, área e valor da safra
das principais hortaliças, 2008
Brasil: comércio internacional de cebola,
2000 a 2010
Áreas de produção
• Tradicionais pequenos/médios
produtores: Sul, Sudeste e Nordeste
• Novas fronteiras produção em
grandes extensões/fazendas-empresas:
- São Gotardo - MG
- Cristalina – GO
Taxonomia, origem e
domesticação da cebola
• A cebola, Allium cepa L., pertence à família Alliaceae da
qual fazem parte outras hortaliças importantes como o alho, a cebolinha e o alho-porró;
• O centro de origem da cebola é a Ásia Central;
• A sua domesticação remonta há mais de 5.000 anos era consumida pelos Hindus, Egípcios, Gregos e
Romanos da antiguidade;
• No Brasil o cultivo teve início com a chegada de
imigrantes açorianos ao litoral do Rio Grande do Sul, no final do século XIX;
• É uma espécie diplóide (2n=2x=16) conhecida apenas como planta cultivada.
Recursos genéticos de
A. cepa
L.
(diversidade genética)
Biologia floral da cebola
• As flores da cebola são hermafroditas e encontram-se agrupadas em umbelas simples globosas no extremo dos escapos ou hastes florais;
• O número de flores por umbela varia de 500 a 2000;
• O número de escapos florais que cada bulbo forma varia de 1 a 20, dependendo da variedade e das condições climáticas;
• A flor, isoladamente, é constituída de seis estames dispostos em dois grupos de três cada, sendo um externo e outro interno, e pelo pistilo;
• É uma planta tipicamente de polinização cruzada (alógama)
dicogamia protândrica;
• A polinização é realizada, principalmente, por abelhas ainda que seja freqüente também a intervenção de moscas e vespas
• O fruto da cebola é uma cápsula com três lóbulos, em que cada um deles contém uma ou duas sementes de cor preta.
Biologia floral da cebola
(B) Flor no estádio em que as anteras estão liberando pólen, mas com estigma não receptivo; (C) Flor no estádio pós-deiscência das anteras, mostrando estilo alongado e o estigma receptivo.
Formatos de bulbos de cebola
1. Globo achatado
2. Globo
3. Globo alongado
4. Periforme
5. ”Sweet Spanish”
6. Achatado
7. Chato alongado
8. “Granex”
9. Pião
Fases de crescimento da cebola*
1º ano: Fase vegetativa (semente-a-bulbo)
Semeio direto
A – Semente no solo após o semeio; B – Início da emergência; C – Aparecimento da 1ª
folha verdadeira; D – Senescência das folhas cotiledonares; E – Estádio de 4 folhas
verdadeiras e o “pescoço” começa a engrossar; F – Tombamento da 1ª folha; as 5ª, 6ª e 7ª folhas aparecem; G – Bulbificação inicia; a planta atinge o máximo de
desenvolvimento; H – As folhas tombam e o bulbo atinge o ponto de colheita.
ESPÉCIE COM CICLO DE VIDA BIENAL:
1°Ano: Fase vegetativa (semente a bulbo)
O processo de bulbificação é influenciado:
1. Pela interação FOTOPERÍODO x TEMPERATURA;
2. Por outros fatores.
Fisiologia do desenvolvimento e da
reprodução
1. Composição genética da cultivar
2. Ambiente do local de cultivo
• Época de cultivo • Temperaturas extremas • Profundidade de semeadura • Tamanho da muda • Densidade populacional • Adubação • Suprimento de água • Doenças e Pragas
Outros fatores que influenciam a bulbificação:
Fisiologia do desenvolvimento e da
reprodução
2°Ano: Fase Reprodutiva (bulbo a semente)
O fator responsável pela transição da fase vegetativa para a reprodutiva é TEMPERATURA, havendo necessidade de diferenciação dos meristemas em gemas florais ► induzida por faixa temperatura ótima de 9 a 13°C
(VERNALIZAÇÃO).
OBSERVAÇÕES:
• Pode ocorrer REVERSÃO das gemas florais em vegetativas
(DESVERNALIZAÇÃO), quando os bulbos são armazenados sob
temp. >28°C;
• FLORESCIMENTO PREMATURO ► emissão indesejável do pendão floral durante a fase vegetativa (variedade cultivada em época de
plantio inadequada e que foi submetida a períodos prolongados de temperaturas baixas).
Fisiologia do desenvolvimento e da
reprodução
Agrupamento das cultivares de
Agrupamento das cultivares de
cebola de acordo com o fotoperíodo
Cultivar
luz para bulbificar
Requerimento de
Dias curtos 11-12 horas
Dias intermediários 13 horas
Efeito do fotoperíodo no processo de
bulbificação da cebola
Cultivar Fotoperíodo crítico (horas de luz)
Fotoperíodo a que foi exposta
(horas de luz) Comportamento A 14-16 12 B 11-12 14 C 11-12 11-12 Alta percentagem de plantas improdutivas Formação prematura de bulbos (redução de tamanho e do potencial produtivo) Formação normal de bulbos de acordo com o padrão de maturidade da cultivar
Panorama varietal
1. Grupo Tropical
1.1 Baia Periforme Sul, Sudeste, Nordeste 1.2 Crioulas Sul
2. Grupo Grano (claras precoces)
2.1 Híbridos (Granex Ouro, Optima, Superex) Sudeste e Nordeste
2.2 TG 502 PRR, TG 502 Nordeste
3. Cebolas Roxas: Red Creole, Roxa IPA 10
Nordeste
Cebola: segmentação de
mercado de acordo com a
Cebola: características requeridas pelo
mercado consumidor brasileiro
• Formato globular
• Cor, tamanho e formato
uniformes
• Cor de pinhão/bronzeada
• Boa retenção de escamas
• Sabor suave (baixa/média
Cebola: química da pungência
• Pungência combinação de aroma e sabor;
• É altamente correlacionada com ácido pirúvico (AP) produzido por hidrólise enzimática;
• A determinação do desenvolvimento do AP (DAP) proporciona uma rápida estimativa da pungência da cebola. Por meio desse método, as cultivares de cebola podem ser classificadas pelos seguintes
valores de DAP:
Classificação da pungência Faixa de DAP
Muito pungente > 6,6 Pungente 5,4 a 6,5 Levemente pungente 4,2 a 5,3 Suave 3,0 a 4,1 Muito suave 2,0 a 3,0 Extremamente suave < 2,0
Cv. TG 502 (USA)
Cv. Valcatorce (Argentina)
Cv. Alfa Tropical-EMBRAPA Cv. IPA-11
Cv. Baia periforme
Métodos de estabelecimento da
cultura da cebola
1. Plantio de mudas (o mais comum):
sementeira transplante
2. Semeadura direta grandes áreas
3. Plantio com bulbinhos
Fase I: produção dos bulbinhos
Fase II: plantio dos bulbinhos produção
de bulbos
Sementeira (produção de mudas):
Uso de sementes: 2-3 g/m2
Tratos culturais: aplicação de
Produção de mudas de cebola em bandejas, S.J. Rio Pardo-SP.
Operação de transplantio de mudas:
40 a 50 dias após o semeio
Transplantio de mudas no local definitivo
18-22 mudas/m linear 0,40 m entre sulcos
Doenças mais limitantes
• Mal-de-sete-voltas, cachorro-quente ou
antracnose da cebola
Doenças mais limitantes
Mal-de-sete-voltas, cachorro-quente ou
antracnose da cebola
Resistência genética a
Podridão de Phytophthora
(Phytophthora nicotianae)
Doenças mais limitantes
• Queima-das-folhas
• Agente causal:
Botrytis
Doenças mais limitantes
• Raiz rosada
Doenças mais limitantes
• Mancha púrpura
• Agente causal:
Colheita e pós-colheita dos
bulbos de cebola
• Tombamento da folhagem
• Processo de cura
• Toalete
• Transporte e beneficiamento
Cura e armazenamento de bulbos na lavoura. S. J. do Rio Pardo-SP, 2003.
Novas fronteiras de produção
Chapada Diamantina - BA
Elaboração Jvieira & MLana
Colheita semi-mecanizada com
arrancadeira
Colheita semi-mecanizada
Beneficiamento, embalagem e
canais de comercialização
Custo de Produção – Safra 2010*
*Fonte: CEPEA - São Gotardo (MG) – 58 t/ha (2900 sacos de 20 kg); Custo: R$ 12,43/saco CARP = Custo Anual de Reposição do Patrimônio