• Nenhum resultado encontrado

SISTEMA DE ABASTECIMENTO DO EMPREENDIMENTO SANTIAGO GOLF RESORT, CABO VERDE. UMA SOLUÇÃO DE ENGENHARIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "SISTEMA DE ABASTECIMENTO DO EMPREENDIMENTO SANTIAGO GOLF RESORT, CABO VERDE. UMA SOLUÇÃO DE ENGENHARIA"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

5º Congresso Luso-Moçambicano de Engenharia 2º Congresso de Engenharia de Moçambique Maputo, 2-4 Setembro 2008

Artigo REF: 27A010

SISTEMA DE ABASTECIMENTO DO EMPREENDIMENTO

SANTIAGO GOLF RESORT, CABO VERDE. UMA SOLUÇÃO

DE ENGENHARIA

António Freire Diogo1(*), António Luís Oliveira2 e Tiago Cêa Franca2

1Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Depart. Engª Civil - Coimbra, Portugal 2Sacramento Campos, Projectos e Serviços S. A. - Lisboa, Portugal

(*)Email: afdiogo@dec.uc.pt

RESUMO

Este artigo sintetiza uma solução encontrada para o sistema de abastecimento de água potável ao empreendimento Santiago Golf Resort, localizado na região Sudoeste do município da Praia, em Cabo Verde. A área a servir, com cerca de 600 hectares, para além de extensa e com altitudes que vão desde valores próximos do nível do mar, até cerca de 115 metros, inclui diversas zonas relativamente acidentadas, o que induz a consideração de vários andares de pressão e dificulta a concepção do sistema de abastecimento. Para quatro patamares altimétricos de distribuição identificados, considerou-se viável a construção de três reservatórios principais, ligados entre si por intermédio de um sistema de adutoras com bombagens sucessivas, estando previsto um quarto reservatório, para equilíbrio de pressões num dos patamares.

ÁREA A SERVIR

O empreendimento turístico Santiago Golf Resort (SGR), também designado por Estrela Golf

Resort (WATG, 2007), ou Estrela Santiago (www.estrelasantiago.com), a servir pelo sistema

de abastecimento de água potável em estudo, localiza-se na Zona de Desenvolvimento Turístico Integral (ZDTI) da região Sudoeste do município da Praia, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde. A ZDTI Sul da Praia é definida pelo Decreto Regulamentar nº 09/98, de 31 de Dezembro, da República de Cabo Verde, e a ocupação prevista deverá estar em conformidade com o Decreto-Lei Nº 2/93 de 1 de Fevereiro que declara as Zonas Turísticas Especiais. A localização e limites do empreendimento que abrange uma área de cerca de 600 hectares encontram-se representados na Figura 1. A SGR está totalmente limitada a Sul pela linha de costa e a Este pela estrada que dá acesso à Central Dessalinizadora do Palmarejo. Esta central é actualmente a principal origem do serviço de abastecimento público à capital do País. As cotas topográficas da área a abastecer com água potável variam desde valores ligeiramente superiores ao nível médio das águas do mar, na zona costeira a Poente da Ribeira de S. Martinho Grande, até ao máximo de 115 m, atingido na povoação da Caiada. A topografia é, em geral, descendente na direcção da linha de costa e existem diversos vales relativamente cavados, correspondentes às diversas ribeiras que atravessam o empreendimento.

A ocupação urbanística prevista, de acordo com WATG, 2005 e 2007, inclui seis zonas residenciais turísticas, delimitadas na Figura 1 e referenciadas de 1 a 6, duas zonas principais de hotéis (7 e 8), e várias áreas comerciais e de serviços. Deverão ainda ser requalificadas as povoações de São Martinho Grande e da Caiada, havendo, eventualmente, a possibilidade de

(2)

população residente da última vir a ser realojada na primeira. A população total máxima, no ano horizonte de projecto, em pleno funcionamento do empreendimento, tendo por base a evolução verificada nos dois cenários urbanísticos da WATG, de 2005 e 2007, situar-se-á, em números redondos, em valores da ordem de duas dezenas de milhar de habitantes (seria de 16640 habitantes, com WATG, 2005, prevendo um acréscimo de 15% para as zonas residenciais turísticas, Sacramento Campos, 2007). Na adjacência Nascente da SGR, até zona próxima da ribeira do Palmarejo Grande, localiza-se uma área urbanizável, designada por Zona K, prevista predominantemente para apartamentos, com uma população estimada em cerca de 10000 habitantes. Atendendo às enormes carências, particularmente em volumes disponíveis, admite-se que esta área venha a ser servida por um novo sistema de abastecimento a conceber em fase posterior.

Figura 1 – Limites das urbanizações, segundo WATG, 2005 e 2007, e povoações a servir na área da Santiago Golf Resort.

CAPACIDADE REQUERIDA

As capitações consideradas para os diferentes consumos urbanos na área de intervenção da SGR e a sua evolução ao longo da vida útil da obra foram fixadas com base em informações locais e em situações observadas em casos similares. O caudal médio diário estimado para a situação de pleno funcionamento do empreendimento, no horizonte de projecto das obras de construção civil, obtido com base em capitações que variam desde 50 l/empregado/dia, em áreas comerciais, 150 l/hab/dia, para as populações locais, 220 l/hab/dia, para as zonas

residenciais turísticas e 540 l/cama/dia, para os hotéis, é da ordem de 3500m3/dia (Sacramento

Campos, 2007) e representa um valor extremamente elevado face à escassez de recursos hídricos na Ilha de Santiago, em geral, e naquela zona costeira, em particular. Segundo Silva & Sabino, 2007, a orla costeira Sul da ilha de Santiago pode-se classificar como de árida. O abastecimento público de água potável da cidade da Praia, apesar da existência de algumas captações de origem subterrânea na Ilha, tem vindo a ser garantido predominantemente com o

(3)

recurso à dessalinização, por osmose inversa, de água captada em furos nas imediações do mar (Electra 2005). O actual tratamento é efectuado na Central Dessalinizadora do Palmarejo, situada junto à costa, na proximidade da fronteira Nascente da SGR. A Central é gerida pela

Electra, S.A.R.L., tem uma capacidade de produção um pouco superior a 5000 m3/dia que se

prevê venha a ser duplicada, a curto prazo, com a instalação de novas unidades de dessalinização por osmose inversa. Segundo os relatórios do exercício da Electra, em 2004 existiria uma capacidade garantida de 5000 m3/dia, por osmose inversa, e de 1200 m3/dia, por uma unidade de compressão mecânica de vapor, embora a produção desta última fosse substancialmente inferior.

Face às condicionantes locais, admite-se que o abastecimento da SGR possa vir a ser efectuado com água dessalinizada a partir desta Central, ou, eventualmente, a partir de uma central dessalinizadora própria do empreendimento, a construir em espaço que se admite relativamente próximo da central existente.

Os caudais de dimensionamento dos diversos órgãos do sistema, assim como as principais disposições utilizadas de modo a assegurar o seu bom funcionamento, foram determinados com base na legislação cabo-verdiana e portuguesa em vigor, nomeadamente o Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (MOPTC, 1995).

ANÁLISE EFECTUADA

A área a servir, para além de extensa e com uma amplitude de cotas de ordem de grandeza de mais de uma centena de metros, inclui diversas zonas relativamente acidentadas, o que induz à partida a consideração de vários andares de pressão e dificulta a concepção do sistema de abastecimento.

Em trabalhos anteriores, relativos à generalidade das infra-estruturas da 1ª Fase da Quinta da Achada (Zona 3) que, à excepção de um pequeno número de moradias em banda localizadas a Sul, se desenvolve aproximadamente entre as cotas de 55 e 85 m na Achada da Isabel Lopes, foram genericamente definidos, a partir, praticamente apenas, das características orográficas da totalidade da área de intervenção da SGR, para enquadramento do correspondente abastecimento na mesma, três patamares de distribuição e foi dimensionado um reservatório, tendo sido deixado em aberto, quer a forma de o alimentar, quer a concepção geral do abastecimento da SGR e dos subsistemas de abastecimento dos patamares (Estudocivil, 2000 e 2001).

Tendo por base estes e outros estudos posteriores (Sacramento Campos, 2005 e 2006), os planos urbanísticos entretanto desenvolvidos e um conjunto significativo de informações obtidas ou disponibilizadas, em particular, pela entidade responsável pela exploração dos sistemas, foram identificados os volumes requeridos, as possíveis fontes de abastecimento, o traçado geral das infra-estruturas existentes e foram analisadas diversas soluções para o abastecimento da SGR (Diogo, 2007a). As questões básicas estudadas foram a identificação, definição e forma de abastecer os patamares de distribuição da totalidade da área a servir, bem como a interligação dos correspondentes subsistemas com a origem da água, de modo a manter os custos de investimento e de exploração em níveis tão baixos quanto possível, satisfazendo os requisitos indispensáveis a um desempenho de qualidade. A identificação e estabelecimento dos patamares altimétricos de distribuição, em particular, foi ponderada com base numa análise detalhada das características topográficas da área de implantação do empreendimento e da distribuição espacial e tipologia de ocupação do solo prevista nos planos de urbanização da WATG, tendo em atenção as pressões mínimas a garantir nos

(4)

diversos dispositivos de utilização das edificações e as pressões máximas a satisfazer em qualquer ponto de utilização.

Na concepção do sistema, assumiram um papel determinante a selecção do número de reservatórios, a sua capacidade e cotas necessárias, a localização dos reservatórios relativamente à origem da água de abastecimento e à proximidade dos locais de consumo, a concepção dos sistemas elevatórios requeridos e o melhor traçado para as condutas adutoras e principais condutas distribuidoras.

Igualmente relevante, no sentido do melhor enquadramento possível dos sistemas, com vantagens mútuas, seria efectuar um levantamento, tão rigoroso quanto possível, do cadastro da situação efectivamente existente relativamente ao sistema de abastecimento da cidade da Praia, pelo menos, na parte mais directamente relacionada com o abastecimento da SGR. Embora muito provavelmente seja de prever a existência eminente de dificuldades de diversa índole, particularmente em termos de capacidades requeridas, não se conhece em rigor a sua gravidade e extensão.

SOLUÇÃO ADOPTADA

Identificados e estabelecidos os quatro patamares altimétricos de distribuição representados na Figura 2 e atendendo ao escasso serviço de abastecimento requerido no patamar abaixo da cota de 25 m, para além dos hotéis na orla costeira, considerou-se viável a construção de três

reservatórios principais, R1, R2 e R3, com um volume total estimado em cerca de 5000 m3,

ligados entre si por intermédio de um sistema de adutoras com bombagens sucessivas (Sacramento Campos, 2007, Diogo, 2007b).

A localização do primeiro reservatório de regularização/distribuição, R1, resulta de um duplo compromisso entre a localização da origem da água e o aproveitamento possível de infra-estruturas existentes, por um lado, e a interligação com os restantes reservatórios, a aproximação ao centro de gravidade dos locais de consumo, e as cotas necessárias, por outro. O número, localização e cotas de soleira dos reservatórios teve em conta, para além das infra-estruturas existentes, a proximidade do centro de gravidade dos respectivos locais de consumo, os valores de pressão a garantir nas zonas a abastecer e a cobertura da maior população possível pelos reservatórios localizados a cotas inferiores, tentando, deste modo, evitar gastos de energia desnecessários, limitar, tanto quanto possível, o recurso a dispositivos redutores de pressão, bem como restringir a proliferação do número de reservatórios e de bombagens requeridas. A distribuição no andar de pressão abaixo da cota 25 m, que ocorre a Poente da Achada da Isabel Lopes, no entanto, deverá ser efectuada após passagem por uma câmara de perda de carga (CPC). A povoação de S. Martinho Grande, por outro lado, será abastecida graviticamente por R2 e à sua entrada está prevista a instalação de uma válvula redutora de pressão (VRP).

A área que se localiza abaixo da cota de 55m, a ser servida graviticamente pelo primeiro reservatório, R1, resulta relativamente extensa, os consumos dispersos e, com um possível crescimento significativo das urbanizações da parte baixa do Golfe e da parte Poente da SGR, está ainda prevista a introdução de um pequeno reservatório de equilíbrio, R4, na zona alta da Costa da Achada, de modo a aproximar a alimentação do local de consumo do patamar altimétrico entre as cotas 25 e 55 m, naquela região, e permitir um melhor equilíbrio de pressões (Diogo, 2007a e 2007b).

(5)

Figura 2 – Esquema geral do traçado do sistema de abastecimento do empreendimento Santiago Golf Resort.

Existem diversas possibilidades para a alimentação do primeiro reservatório do sistema, dependendo, em primeiro lugar, da capacidade efectiva de produção, actual e futura, da central dessalinizadora explorada pela Electra S.A.R.L. face à totalidade dos consumos, bem como da possibilidade de cedência, total, parcial, ou em partilha, neste último caso entendida apenas numa fase inicial de arranque das urbanizações, do sistema adutor elevatório existente que alimenta o reservatório localizado em Monte Babosa e que abastece a cidade da Praia. Segundo informação da entidade gestora, a actual conduta elevatória apresentará sérios problemas, em princípio, apenas na parte final do traçado. Após um levantamento detalhado da situação realmente existente, poderá muito facilmente ser encontrada uma solução de maior ou menor compromisso que possa ser favorável a todas as partes.

Em alternativa, em função das diversas condicionantes que forem encontradas ou entendidas, existe a possibilidade de construção, conjunta ou isoladamente, para substituição das infra-estruturas existentes, em localizações próximas e com traçados semelhantes até R1, respectivamente de uma nova estação de bombagem, uma nova conduta elevatória, ou mesmo uma central dessalinizadora própria do empreendimento que poderá ser utilizada, não só no abastecimento de água potável, como também para a irrigação das áreas verdes da SGR consideradas prioritárias, particularmente em situações de emergência.

REFERÊNCIAS

Diogo, A. F., Análise dos estudos existentes dos sistemas de abastecimento de água, drenagem de águas residuais comunitárias e reutilização de águas residuais tratadas para rega do empreendimento Santiago Golf Resort, Cabo Verde, Projecto Hidráulica Recursos Hídricos e Ambiente – Santiago Resort, DEC – FCTUC, IPN, Coimbra 2007a.

(6)

Diogo, A. F., Relatório de progresso dos projectos dos sistemas de abastecimento de água, drenagem de águas residuais e reutilização de águas residuais comunitárias tratadas para rega do empreendimento Santiago Golf Resort, Cabo Verde, Projecto Hidráulica Recursos Hídricos e Ambiente – Santiago Resort, DEC – FCTUC, IPN, Coimbra 2007b.

Electra, Empresa de Electricidade e Água, S.A.R.L., Relatório e Contas, Exercício de 2004, S. Vicente, Cabo Verde 2005.

Estudocivil, Estudos, Projectos e Obras de Engenharia Civil, Lda., Santiago Golf-Resort, Cabo Verde, Loteamento da Quinta da Achada -1ª Fase. Infra-estruturas Gerais, Anteprojecto, Lisboa 2000.

Estudocivil, Estudos, Projectos e Obras de Engenharia Civil, Lda., Santiago Golf-Resort, Cabo Verde, Loteamento da Quinta da Achada -1ª Fase. Infra-estruturas Gerais, Projecto de Execução, Volume 3, Rede de abastecimento de água e rede de rega e incêndio, Lisboa 2001. MOPTC, Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais, Decreto Regulamentar n.º 23/95, de 23 de Agosto, Diário da República – I Série-B, N.º 194 (1995), 5284-5319.

República de Cabo Verde, Boletim Oficial, I Série, Número 2, Decreto-Lei Nº 2/93 de 1 de Fevereiro.

República de Cabo Verde, Boletim Oficial, I Série, Número 48, Suplemento, Decreto Regulamentar nº 09/98, de 31 de Dezembro.

Sacramento Campos, Santiago Golf Resort, Cabo Verde, Infra-estruturas Externas e Comuns, Estudo Prévio e Pré-dimensionamento, Lisboa 2005.

Sacramento Campos, Santiago Golf Resort, Cabo Verde, Sistema de Abastecimento de Água Potável ao Resort, Lisboa 2006.

Sacramento Campos – Projectos e Serviços, S.A. & Santiago Golf Resort, S.A., Ante-projecto de Infra-estruturas gerais de abastecimento de água potável ao empreendimento Santiago Golf Resort, Lisboa 2007.

Silva, E.P. & Sabino, A.A., Estudo hidrológico das bacias hidrográficas das ribeiras de S. Martinho Pequeno, S. Martinho Grande, Calheta de S. Martinho e Ribão Seca, Praia 2007. Wimberly Allison Tong & Goo (WATG), Santiago Golf Resort. Final Concept, London, England 2005.

Wimberly Allison Tong & Goo (WATG), Masterplan Zoning, Estrela Golf Resort, Estrela

Referências

Documentos relacionados

• Desenvolver~ c:a_paci~ade de leitura em língua inglesa, para textos de estrutura vocabular e smtat1ca stmples (capacidade de compreender o conteúdo referencial , de

Quando os IBCs forem usados para o transporte de líquidos com ponto de fulgor igual ou inferior à 60°C (determinado em ensaio de vaso fechado) ou de pós sujeitos à explosão de

A outra parte é da responsabilidade da Águas do Douro e Paiva, empresa responsável pela concessão do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água à Área

Levantamento e Cadastro de Infra-estruturas associadas aos Sistemas de Abastecimento de Água e de Tratamento e Drenagem de Águas Residuais e Pluviais. Controlo

2. O serviço de abastecimento público de água e de saneamento de águas residuais urbanas através de redes fixas considera-se disponível, para efeitos do

1. A prestação dos serviços públicos de abastecimento de água e saneamento de águas residuais é objeto de contrato de fornecimento celebrado entre a CM e os utilizadores que

Professor Adjunto na área de Imunologia de Doenças infecciosas e Biologia Molecular no Programa de Pós- Graduação em Patologia Experimental, Departamento de

O mesmo é dizer que tal hipótese não nasceu da observação de dados científicos, algo que se pode demostrar historicamente pelo facto de ser mais antiga do que