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Academic year: 2021

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RELATÓRIO TÉCNICO FINAL

Projeto Agrisus n.

o

1654/15

Título da Pesquisa:

"SISTEMAS CONSERVACIONISTAS DE MANEJO DO SOLO

PARA AMENDOIM EM REFORMA DE CANA CRUA"

Coordenador: Denizart Bolonhezi

Instituição: Pólo Regional Centro-Leste - Agência Paulista de Tecnologia dos

Agronegócios (APTA)

Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 2419, CEP:14030-670, Ribeirão Preto/SP, Fone

(16-3637109),

celular

(997222402),

E-mail:

denizart@apta.sp.gov.br

ou

dbolonhezi@gmail.com

Local da Pesquisa

:

Setor de Agronomia do Polo Centro-Leste (antiga Estação

Experimental do IAC), Ribeirão Preto/SP

Valor Financiado pela Agrisus: R$ 25.000,00

Vigência do Projeto: 20/09/2015 até 01/09/2016

____________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO

A cultura do amendoim está concentrada no Estado de São Paulo, que representa 89% da produção (346 mil toneladas de amendoim em casca) e 87% da área cultivada (95,1 mil ha na safra 2014/15), sobretudo na reforma de canaviais (Conab, 2015) e praticada predominantemente por arrendatários, que estabelecem parcerias com as usinas e fornecedores de cana-de-açúcar. Nas últimas duas décadas, esta oleaginosa sofreu drásticas alterações no sistema de produção, caracterizadas pela substituição de cultivares eretos por rasteiro do tipo “runner”, expressiva adoção de mecanização no processo de colheita (arranquio e recolhimento), mudanças no beneficiamento e secagem, aumento das exigências no controle de aflatoxina e mais recentemente a introdução de cultivares alto oleico. Atualmente, mais de 80% dos canaviais paulistas (5.76 milhões de ha) são colhidos sem queima prévia (cana crua), e a partir de 2017 mesmo nas áreas com declividade acima de 12% o fogo não será permitido no Estado de São Paulo. Nestas condições, é desejável a adoção

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de sistemas conservacionistas de manejo do solo na reforma do canavial, pois essa reduz em 30% os custos com preparo e reduz em 10 vezes a erosão. Contudo, os produtores de amendoim ainda não se adaptaram a essa mudança, fato que dificulta o estabelecimento de parcerias de arrendamento e consequentemente migração em busca de terras para cultivo nos Estados vizinhos, refletindo em aumento no custo de produção e comprometimento da cadeia produtiva paulista. Embora já exista um mínimo de lastro técnico-científico gerado sobre a viabilidade do amendoim em manejo conservacionista, algumas questões, tais como; perdas na colheita, impacto da compactação do solo sobre o desenvolvimento das plantas, estabelecimento do estande inicial e níveis de aflatoxina, ainda necessitam ser validadas em escala comercial. Convém salientar, que recentemente foi introduzido dos USA, equipamento para preparo de solo em faixas, denominado Rip Strip, o qual pode ser uma alternativa ao agricultor descapitalizado, que não tem condições de adquirir uma semeadora moderna, mas necessita se ajustar à reforma de cana crua.

Considerando o exposto, a pesquisa tem como objetivos; quantificar e qualificar as características agronômicas de genótipos de amendoim cultivados em diferentes sistemas de manejo conservacionista na reforma de cana crua, bem como as alterações em alguns atributos do solo das principais regiões do Estado de São Paulo. Os resultados apresentados neste relatório contemplam uma etapa do projeto (PA 1654/15), contudo deve-se esclarecer que o projeto continuará nos próximos três anos como atividade do projeto de desenvolvimento tecnológico do CNPQ (Processo 311121/2015-2).

2. REFERENCIAL TEÓRICO E HIPÓTESES DA PESQUISA

Historicamente, o preparo do solo é uma prática cultural essencial, considerando as peculiaridades morfofisiológicas da planta de amendoim que desenvolve seus frutos abaixo da superfície do solo, necessitando em princípio de um solo friável, plano e livre de resíduos da cultura anterior (Schenk,1961; Godoy et al.,1982). Embora ainda sejam recomendações nos livros acadêmicos, o assunto já é estudado há mais de 30 anos nos USA, envolvendo diversas classificações de solo, bem como os quatro tipos comercias de amendoim (Runner, Virgínia, Spanish e Valência). Consequência deste investimento na geração do conhecimento, a taxa de adoção de manejo conservacionista do solo nos USA já atinge 30% (Faircloth et al., 2012).

Resultados de pesquisa conduzidas para as condições norte-americanas, verificaram aumentos na produtividade, qualidade e aumento da renda líquida (Brandenburg et a;, 1998; Hartzog e Adams, 1989; Hurt et al., 2006; Marois e Wright, 2003; Tubbs e Gallaher, 2005). Contudo, em virtude da dificuldade em controlar plantas daninhas, ou devido à compactação do

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solo, ou mesmo em virtude da maior incidência de doenças no solo, alguns resultados concluíram que ocorre diminuição significativa na produtividade (Grichar e Boswell, 1987). Cox & Sholar (1995) esclarecem que pesquisas e experiências práticas demonstraram, para as condições americanas, que o cultivo de amendoim em sistemas conservacionistas é viável, todavia com predominância de produções menores que no manejo de solo convencional. No final da década de 70, questionava-se no sistema de produção americano, sobre a real necessidade da escarificação profunda na entrelinha da cultura do amendoim. As primeiras pesquisas conduzidas no estado de Virginia (EUA), demonstraram não haver aumentos na produção de vagens com estes preparos, os quais proporcionaram aumentos na incidência de Pythium myriotylum e Rhizoctonia solani (Wright & Porter, 1982 ; Wright et al., 1986).

Por outro lado, alguns resultados demonstram não haver diferença entre manejos conservacionistas e o sistema convencional quanto à produtividade de vagens (Chapin et al., 2001; Colvin e Brecke, 1998; Grichar, 2006; Grichar e Smith, 1992; Johnson et al., 2001; Wiatrak et al., 2004). Resultados de 17 experimentos conduzidos no estado do Alabama (EUA), o sistema de preparo reduzido aumentou a produção de amendoim em 3 locais, diminui em 5 e não houve diferença em 9 locais, comparado com o convencional (Hartzog & Adams, 1989).

Embora às vezes não sejam visíveis ganhos em termos de produtividade de vagens, outros benefícios ocorrem, tais como; mudanças na população de insetos (Olson et al., 2006), supressão de espécies de plantas daninhas (Price et al., 2007) e redução na pressão de doenças (Monfort et al., 2004; Wright e Porter, 1991). Estudo realizado por Porter e Wright (1991) no estado de Virginia (EUA), concluíram que tanto a incidência (% de infecção) quanto à severidade (% de queda de folhas) de Cercospora arachidicola, foram significativamente reduzidas na semeadura sobre palhada de aveia. Estes autores explicam que a palhada reduziu a dispersão até as folhas, pelas gotas da chuva das estruturas do fungo presentes sobre a superfície do solo.

A presença da palhada nos sistemas de manejo conservacionistas do solo, contribui para diminuir a população do inseto tripes, que é vetor de virose na cultura do amendoim. Campbell et al (1985) verificaram que a infestação de tripes (Frankliniella spp.) foi menor no plantio direto sobre palhada de centeio. Através de 6 anos de pesquisa, Brandenburg et al. (1998), concluíram que a infestações de Frankliniella fusca, em campos comerciais de amendoim, foram significativamente reduzidas em sistemas de manejo conservacionistas. Este aspecto é de suma importância, considerando que nas últimas safras a ocorrência da virose “vira-cabeça” tem aumentado expressivamente no Brasil (Camelo-García et al., 2014). Vale salientar que não existem cultivares com plena resistência às viroses TSWV (Tomato Spot Wil Virus) e GRSV (Groundnut Ringspot

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Virus), embora os genótipos IAC OL-3 e IAC OL-4 apresentem tolerância semelhante ao cv. Tifguard (padrão). Portanto, a convivência com esta virose demandará a adoção de diversas medidas, dentre as quais a semeadura sobre palhada é uma das mais importantes, aliada à manutenção de bom estande de plantas (falhas aumentam a incidência da virose). A reflexão da radiação incidente sobre a palhada desorienta o deslocamento dos insetos na lavoura, diminuindo por consequência a incidência da virose.

No Brasil, as primeiras pesquisas sobre manejo conservacionista do solo para amendoim sobre cana crua foram realizadas pelo IAC em Ribeirão Preto. Estas pesquisas concluíram que; a nodulação é duas vezes maior, a umidade do solo na zona de crescimento das vagens é 18% maior, o controle de plantas daninhas é favorecido e a produtividade de vagens não é reduzida no plantio direto de amendoim (Bolonhezi et al., 2007). Outras pesquisas foram conduzidas nas universidades (Tasso Junior, 2003; Crusciol & Soratto, 2008), porém sem continuidade, fato que denota a carência de informações sobre o efeito dos princípios da agricultura conservacionista para o amendoim no Brasil. Além disso, os genótipos testados naquela ocasião não representam o perfil dos genótipos atuais.

Com relação às perdas na operação de arranquio e recolhimento, um dos maiores desafios do amendoim em plantio direto, a carência de informações é ainda maior, pois este tipo de estudo requer condução em parceria com setor produtivo. Bolonhezi et al. (2009a, 2009b) concluíram em pesquisa conduzida em parceria com a Usina Guaíra, que a produtividade de vagens foi superior no plantio direto sobre palhiço de cana crua e que as perdas (980 kg ha-1) foram significativamente menores que no sistema convencional de preparo (1800 kg ha-1). Bolonhezi et al. (2014) verificaram que as perdas no arranquio e recolhimento foram 12, 12.3 e 17 sacas por ha, respectivamente no sistemas convencional de preparo, cultivo mínimo com destruidor mecânico de soqueira e semeadura direta. Todavia, estas informações não são suficientes para concluir o impacto do palhiço remanescente sobre as operações de colheita, pois não houve variação quanto ao tipo de solo e em diferentes anos.

As pesquisas realizadas na última década para as condições norte-americanas, tem utilizado com frequência um equipamento denominado de Rip Strip® da KMC (Kelley Manufacturing Co.). Este equipamento realiza preparo em faixas entre 20 e 46 cm de largura através de quatro discos corrugados posicionados na vertical e entre 25 e 45 cm de profundidade, através de uma haste subsoladora. Siri-Prieto et al. (2009) estudaram o uso deste implemento em comparação com a semeadura direta, em integração com pecuária. Concluíram que o maior lucro foi obtido com o preparo em faixa (US$ 462), em comparação à semeadura direta sobre pastagem (US$ 41).

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Avaliando o preparo em faixas estreitas (31 cm) e largas (45 cm), Faircloth et al. (2012) concluíram não haver diferenças significativas quanto à produtividade. Todavia, Godsey et al. (2011) verificaram que a renda líquida na média de três anos foi US$ 495 na semeadura direta e US$ 140, além dos benefícios decorrentes da menor população de tripes e menor incidência de Sclerotinia spp. Pesquisa pioneira realizada na Flórida, utilizando a técnica de minirhizotron para estudar o sistema radicular e o desenvolvimento dos nódulos, Rowland et al. (2015) concluíram que a área dos nódulos no manejo conservacionista e convencional, foram respectivamente 2,6 mm2 e 1,9 mm2.

No Brasil este equipamento está iniciando os primeiros testes. A empresa KBM Dumont desenvolveu sob licença da KMC norte-americana, para as nossas condições o equipamento Rip

Strip KMC®, que realiza em uma operação as faixas de preparo (20 a 46 cm de largura), nas quais

são semeadas as linhas de amendoim em operação conjugada. Faria Junior (2015), realizou a primeira experiência comercial com Rip Strip em área de cana crua nas safra 2014/15 e verificou que a média de produtividade foi 4.850 kg ha-1 (194 sc) para a cultivar IAC 503 e 4.175 kg ha-1 (167 sc) para a variedade Granoleico. Verificou também que lucro bruto na área de cultivo convencional atingiu R$ 483,45 ha-1, enquanto na área de cultivo conservacionista o valor atingiu R$ 1.251,58 ha

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. A despeito dos benefícios agronômicos, econômicos e ambientais deste equipamento, faltam pesquisas em campo para validar esta tecnologia, conforme os critérios mínimos da experimentação agrícola.

Considerando o “Estado da Arte” do manejo conservacionista do solo para amendoim, verifica-se que existem muitas justificativas importantes, diversos resultados que requerem validação em escala comercial, novos equipamentos e inovações que necessitam ser testadas, as quais permitem estabelecer algumas hipóteses:

- Não há diferença em termos de estabelecimento de estande, produtividade e perdas no arranquio e recolhimento entre os sistemas conservacionistas (preparo em faixa e a semeadura direta sobre cana crua) e o manejo convencional;

- A infestação de tripes e incidência de virose “vira cabeça” são reduzidas em sistemas conservacionistas de manejo do solo;

- Não existe diferença significativa nos níveis de aflatoxina entre lotes de amendoim colhidos nos sistema conservacionistas em comparação com o preparo convencional;

- A compactação presente nos canaviais colhidos sem queima, não afeta significativamente o desenvolvimento do sistema radicular do amendoim.

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3. MATERIAL & MÉTODOS

Na safra 2015/16 foi instalada pesquisa participativa em área comercial nos municípios de Planalto/SP, Zacarias/SP e Pitangueiras/SP. Os locais da pesquisa variam quanto ao solo, clima, nível tecnológico e cultivar utilizada. Foram identificados dois produtores, um na região de José Bonifácio/SP (Família Valochi, 1700 ha de cana-de-açúcar, 600 ha de amendoim, área própria e arrendada, estrutura de secagem própria) e outro na região de Pitangueiras/SP (Família do Sr. Germano e Paulo Uliam, cooperado da COPLANA, típico arrendatário, 120 ha de amendoim cultivado anualmente em parceria com usinas da região). Nestas áreas foram estabelecidos os 3 tratamentos de manejo de solo utilizando delineamento experimental ou parcelas em escala comercial; preparo convencional (1 grade aradora, 2 intermediárias, 1 aração e 2 niveladoras) preparo em faixa (Rip Strip®) e semeadura direta (somente dessecação da soqueira). O número de operações e tipo de implemento utilizado no preparo convencional foi diferente entre os locais. 3.1. Ensaio na Usina Pitangueiras

Neste ensaio o produtor arrendou canavial da Usina Pitangueiras e foi possível instalar os tratamentos de manejo do solo utilizando delineamento experimental em blocos ao acaso, além de uma área comercial para validação. Nesse caso, a área foi liberada pela Usina no início do mês de novembro/2015 e a instalação dos preparos e semeadura foi realizada somente na segunda quinzena. O solo da gleba em questão foi classificado como LATOSSOLO Vermelho, típico, eutrófico e textura argilosa e os resultados das análises da textura e das características da fertilidade, encontram-se nos Quadros 01 e 02.

Quadro 01. Resultados da análise textural do LATOSSOLO Vermelho, em Pitangueiras/SP. Coleta efetuada antes da instalação da pesquisa.

Areia total Areia Grossa Areia Fina Argila Silte

0-20 324 132 192 550 126

20-40 315 137 179 588 96

40-60 297 136 161 602 101

Quadro 02. Resultados da análise química do LATOSSOLO Vermelho, em Pitangueiras/SP. Coleta efetuada antes da instalação da pesquisa.

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Convém informar que o canavial apresentava histórico de 04 cortes mecanizados e recolhimento do palhiço antes da reforma, o que conferiu maior facilidade nas operações de preparo do solo, mas menor acúmulo de resíduo (14 t ha-1 de palhiço). Todavia, esse procedimento não foi realizado neste ano na gleba destinada a esse projeto. Em virtude da análise de solo, o agricultor não forneceu fertilizantes por ocasião da semeadura. Os tratamentos de manejo de solo testados foram; preparo convencional, preparo em faixa (Rip Strip) e semeadura direta. Em Pitangueiras/SP, o produtor apresenta perfil de pequeno arrendatário e normalmente utiliza seis operações de preparo de solo (01 gradagem aradora, 01 aração com aiveca, 02 gradagens intermediárias e 01 enxada rotativa), conforme ilustrado na Figura 03. As operações de preparo iniciaram-se no dia 25/11/2015 e finalizaram com o tratamento Rip Strip que foi efetuado em 27/11/205. A semeadura nos tratamentos convencional e Rip Strip foi realizada em 28/11/2015 e foi utilizada a mesma semeadora utilizada pelo produtor. No sistema Rip Strip, houve necessidade de utilizar trator equipado com piloto automático, permitindo a coincidência da linha de semeadura com a faixa preparada. Detalhes da operação de preparo reduzido com Rip Strip, podem ser vistos na Figura 4.

Figura 3. Operações de preparo convencional utilizado pelo produtor em Pitangueiras/SP. 1 x Gradagem Aradora + 2 Gradagens intermediáras 1 x Aração com Aivecas 1 x Enxada Rotativa 1 ou 2 Gradagens Niveladoras

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Figura 4. Operações de preparo em faixa utilizado Pitangueiras/SP.

Para o tratamento semeadura direta utilizou-se semeadora JUMIL modelo 7090, equipada com os requisitos mínimos necessários para semear sobre palhiço (haste escarificadora na distribuição do adubo, disco corta-palha de 26” e linhas defasadas para permitir fluxo de palhada e evitar embuchamento). Devido não possuir semeadora com os requisitos mínimos para semear sobre palhada de cana crua, houve a necessidade convidar a empresa JUMIL no sentido de emprestar a semeadora (Figura 5).

Figura 5. Semeadoras pneumáticas utilizadas em sistema direto, marca JUMIL modelo 7090 Guerra GII (esquerda) e a utilizada pelo produtor em sistema convencional no ensaio de Pitangueiras/SP.

Família Uliam – Produtores Parceiros

Sistema de GPS – Piloto Automático

Rip Strip – Preparo em Faixa

Semeadora após preparo em faixa

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Em função da ocorrência de chuva, a semeadura do tratamento semeadura direta foi realizada no dia 03/12/2015. Foram utilizadas sementes da cultivar IAC-OL3, com densidade de semeadura de 20 sementes por metro e espaçamento de 0,90 m. As sementes (categoria C1, peneira 25) dessa cultivar de característica alto oleica e ciclo de 125 dias foi fornecida pela COPLANA. As glebas destinadas para a instalação estão no mapa apresentado na Figura 6, totalizando 9,08 hectares. Os tratamentos arranjados em delineamento blocos ao acaso, foram distribuídos conforme o croqui apresentado na Figura 7.

Figura 6. Mapa dos talhões de cana-de-açúcar reformados na safra 2015/16. Usina Pitangueiras/SP.

Figura 7. Croqui do experimento instalado em Pitangueiras/SP.

A colheita foi iniciada no dia 29/03/2016 através da operação de arranquio e finalizada no dia 3/04/2016 com o recolhimento, portanto com 126 e 120 dias após a semeadura, respectivamente para os tratamentos com preparo do solo (convencional e reduzido) e semeadura direta, respetivamente. Após o arranquio mecanizado, as faixas de manejo do solo em cada repetição foram recolhidas com recolhedora marca Colombo-MIAC, modelo Double Master, porém foram deixadas sem colher duas leiras para pesagem.

12 m 12 m 12 m 12 m 12 m 12 m 12 m 12 m 12 m 12 m 12 m 12 m

Rep. I Rep. II Rep. III Rep. IV

Rep. V Rep. VI Pr ep ar o e m Fa ix a R ip S tri p Se m ea du ra D ire ta C on ve nc io na l 20 0 me tro s Se m ea du ra D ire ta C on ve nc io na l Pr ep ar o e m Fa ix a R ip S tri p 20 0 me tro s Pr ep ar o e m Fa ix a R ip S trip Se m ea du ra D ire ta 20 0 me tro s Pr ep ar o e m Fa ix a R ip S trip

VALIDAÇÃO COMERCIAL COM RIP STRIP

20 0 me tro s C on ve nc io na l Se m ea du ra D ire ta Pr ep ar o e m Fa ix a R ip S trip 144 metros de frente C on ve nc io na l Se m ea du ra D ire ta 20 0 me tro s C on ve nc io na l Se m ea du ra D ire ta Pr ep ar o e m Fa ix a R ip S trip C on ve nc io na l Glebas do experimento o

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O procedimento da colheita da área amostrada foi realizado com o mesmo equipamento, do qual foram transferidas as vagens recolhidas em cada faixa com dimensão conhecida (duas leiras de aproximadamente 200 metros) para vagão graneleiro basculante (Figura 8). A produção de cada parcela foi pesada em balança de “sapata” (um dispositivo em cada pneu do graneleiro). Após pesagem foi retirada amostra para determinação da umidade, porcentagem de impurezas, rendimento de grãos e análise de aflatoxina, todas determinações realizadas nos laboratórios da cooperativa COPLANA em Jaboticabal/SP.

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3.2. Ensaio e Validação Tecnológica em Planalto/SP e Zacarias/SP

Na região de José Bonifácio/SP, foram instaladas duas áreas, sendo um ensaio e uma área de validação, localizadas respectivamente no município de Planalto/SP e Zacarias/SP. Estas iniciativas foram realizadas em parceria com o Grupo Valochi. Um ensaio foi instalado em Planalto/SP, junto à sede da Fazenda Lago Azul sobre solo classificado como LATOSSOLO Vermelho Amarelo, típico, eutrófico e textura franco-argilo arenosa (Quadro 3), em canavial reformado com histórico de 7 cortes da cv. SP 80-3250 e 17 t ha-1 de matéria seca de palhiço, no qual anualmente houve fornecimento de cama de frango, torta de filtro e vinhaça. As características de fertilidade do solo encontram-se no Quadro 4. Em virtude do histórico de fertilidade, não foi utilizado fertilizante na semeadura do amendoim.

Quadro 03. Resultados da análise textural do LATOSSOLO Vermelho Amarelo, em Planalto/SP. Coleta efetuada antes da instalação da pesquisa.

Areia total Areia Grossa Areia Fina Argila Silte

0-20 752 380 372 210 38

20-40 733 278 455 230 37

40-60 707 252 455 261 32

Quadro 04. Resultados da análise química do LATOSSOLO Vermelho Amarelo, em Planalto/SP. Coleta efetuada antes da instalação da pesquisa.

Uma área de validação tecnológica foi instalada no município de Zacarias/SP, o canavial apresentava histórico de 9 cortes (8 mecanizados + 1 manual) da cv. RB855536 e a quantidade de palhada quantificada antes da instalação foi 21 t ha-1 de matéria seca de palhiço. As características de textura e fertilidade encontram-se nos Quadro 5 e 6. Em Zacarias/SP, amendoim foi adubado com 150 kg ha-1 de 05-37-00, pois a área fica 30 km de distância da cidade e não tem acesso a

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Quadro 05. Resultados da análise textural do LATOSSOLO Amarelo, em Zacarias/SP. Coleta efetuada antes da instalação da pesquisa.

Areia total Areia Grossa Areia Fina Argila Silte

0-20 745 332 413 182 73

20-40 761 348 413 175 64

40-60 725 347 378 198 77

Quadro 06. Resultados da análise química do LATOSSOLO Amarelo, em Zacarias/SP. Coleta efetuada antes da instalação da pesquisa.

Nestas duas iniciativas foi cultivado o genótipo de amendoim IAC-503 (alto oleico, ciclo longo de 135-140 dias, resistente a doenças foliares e estresse hídrico), o qual foi semeado nos dias 26/10/2015, mas houve necessidade de nova semeadura em Planalto/SP no dia 12/11/2015. A semente utilizada pelo produtor foi produzida na propriedade na safra anterior e a densidade de semeadura utilizada foi de 18 sementes por metro e espaçamento de 0,90 m entre linhas. Os tratores utilizados tinham sistema de piloto automático, aspecto importante considerando que a utilização do

Rip Strip® demanda uso deste sistema, pois a semeadura deve coincidir com as faixas preparadas, a

fim de manter a qualidade da operação da semeadora. Em razão da praticidade, os três tratamentos de manejo foram instalados lado a lado, deixando-se aproximadamente 1,0 hectare para cada sistema. Em relação ao ensaio instalado em Pitangueiras/SP, o número de operações de preparo foram iguais, todavia a enxada rotativa foi substituída por mais uma gradagem niveladora. Utilizou-se a mesma Utilizou-semeadora, marca John Deere de Utilizou-seis linhas modelo 9213, nos três sistemas de manejo (Figura 9). É importante salientar que devido a topografia mais suave, foi possível orientar a semeadura em ângulo em relação à soqueira antiga da cana-de-açúcar, evitando dessa forma coincidir algum carrinho da semeadora sobre a linha de cultivo. Verifica-se na Figura 10 a qualidade do estande inicial

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Figura 9. Detalhes da instalação das áreas de validação em Planalto/SP e Zacarias/SP. Família Valochi – Produtor

Parceiro

Parcelões Convencional x Plantio Direto Planalto/SP – 2 ha cada

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Figura 10. Detalhes do estande inicial do Rip Strip, convencional e semeadura direta (direita).

As operações de arranquio foram realizadas nos dias 06/03/2016 e 29/03/2016, respectivamente em Zacarias/SP e Planalto/SP. Após três dias de secagem em campo (processo de cura), iniciaram-se as amostragens nas leiras para processamento em trilhadeira de parcelas e posterior recolhimento com equipamento de alto rendimento, conforme apresentado na Figura 11.

Figura 11. Leira de amendoim em Zacarias (esquerda acima) e detalhes das vagens no manejo conservacionista (superior direito), amostragem e trilhadeira, recolhedoras e faixas dos preparos.

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3.3. Amostragens e características avaliadas

Aproximadamente 15 dias após a semeadura procedeu-se a avaliação do estande inicial de plantas (Figura 12). Para tal foram contabilizadas as plantas presentes em 1 metro de linha em 30 pontos em cada sistema de manejo em Planalto/SP e Zacarias/SP, obedecendo o grid de amostragem que foi seguido posteriormente. No ensaio de Pitangueiras foram amostrados aleatoriamente 10 pontos em cada parcela. No ensaio de Pitangueiras/SP, utilizou-se VANT (veículo aéreo não tripulado) para levantamento de falhas nas linhas aos 40 dias após a semeadura. Esta avaliação não estava programada, mas foi viabilizada por intermédio de parceria estabelecida com a empresa Eficiente Soluções Florestais (Figura 12). Em posse das imagens geradas, foram montadas as ortofotos que permitiram identificar em todas as parcelas o percentual de falhas na lavoura.

Figura 12. Uso de Vant para levantamento de falhas no estande aos 40 dias após semeadura.

Dentre as avaliações previstas inicialmente, foi priorizada a coleta de plantas quinzenalmente a partir dos 30 dias após semeadura. Nessas avaliações foram coletadas todas as

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repetições do ensaio instalado em Pitangueiras/SP. As plantas foram levadas para APTA em Ribeirão Preto/SP para lavagem e retirada das estruturas reprodutivas, contagem das mesmas, separação da parte vegetativa e secagem em estufa com circulação forçada de ar quente. Essas determinações foram realizadas aos 30, 45, 60, 75, 90, 105 e 120 dias após a semeadura. Na área instalada em Zacarias/SP, deixou-se para realizar as avaliações somente na colheita. Em Planalto/SP, foi estabelecido um grid de amostragem com 30 pontos demarcados previamente (por ocasião do levantamento do estande inicial) e espaçados a cada 30 metros na linha e 16 metros entre as linhas. Inicialmente, foram coletadas plantas nos 30 pontos em cada sistema, porém em virtude do grande volume para ser transportado, reduziu-se para 9 pontos de coleta em cada amostragem, três em cada repetição dos tratamentos de manejo de solo.

É importante esclarecer que enquanto em Zacarias/SP e Planalto/SP, a dessecação foi realizada dias antes das operações de preparo e semeadura, utilizando herbicida glifosato, no ensaio instalado em Pitangueiras/SP, em razão da colheita tardia e liberação do canavial para reforma somente no final de novembro, não houve tempo hábil para efetuar a dessecação da soqueira de cana antes da semeadura. Esse procedimento foi realizado com herbicida graminicida seletivo (Haloxifop-R, p.c. Gallant) para a cultura do amendoim 30 dias após a semeadura e reaplicações aos 75 e 90 dias. Verifica-se nas fotos apresentadas na Figura 13, que em virtude do excesso de chuva, houve redução na eficiência do efeito do herbicida.

Figura 13. Vista da soqueira de cana aos 15 dias (superior esquerda), aos 30 dias (superior direita), aos 45 dias (inferior esquerda) e aos 82 dias após a semeadura em Pitangueiras/SP, nos tratamentos

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preparo convencional e Rip Strip.

A resistência à penetração foi avaliada antes da instalação dos tratamentos e após a semeadura da cultura em alguns estágios de desenvolvimento. Para tal utilizou-se penetrômetro digital marca DLG modelo PNT-2000 (Figura 14), o qual possui motor elétrico que mantem força constante, eliminando erro do operador. Em cada leitura, procedeu-se a coleta de amostras de solo em diferentes camadas (0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-40 e 40-50 cm) para determinação da umidade pelo método gravimétrico. Em Pitangueiras/SP as leituras foram realizadas em todas as repetições dos tratamentos seguindo a casualização, enquanto que em Planalto/SP, foram realizadas leituras na linha e entrelinha nos 30 pontos demarcados. O mesmo procedimento foi adotado após a colheita em Zacarias/SP, conforme um grid de amostragem de 50 pontos (10 pontos por leira de amendoim arrancado distantes 30 metros no sentido da linha e 15 metros entre leiras) em cada sistema.

Figura 14. Penetrômetro digital DLG em avaliação da resistência à penetração aos 35 e 55 dias após a semeadura do amendoim IAC-503. Planalto/SP.

Em virtude do ano chuvoso, nas três inciativas instaladas não houve constatação da ocorrência de virose TSWV. Por essa razão, não houve avaliação dessa doença. Vale também explicar que, as contagens da infestação de tripes, bem como da incidência e severidade de doenças foliares, não foram quantificadas devido à dificuldade de conciliar os levantamentos com as pulverizações realizadas por calendário pelos agricultores. Contudo, convém salientar que são informações importantes e que merecem estudos específicos para sua determinação.

O manejo fitossanitário entre os locais da pesquisa não foi o mesmo, pois os cultivares utilizados apresentam tolerância diferente às pragas e doenças foliares, além disso são regiões com microclimas contrastantes. O cultivar IAC-503 é mais tolerante a cercosporiose que o OL-3, demandou duas pulverizações a menos. Em Pitangueiras/SP foram realizadas 9 pulverizações com fungicidas, 3 com inseticidas e 4 com herbicidas (visando destruição da soqueira). Em Planalto/SP e

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Zacarias/SP, foram 7 aplicações com fungicidas, 3 com inseticidas e 1 com herbicida ao longo do ciclo.

Com relação ao estudo do sistema radicular, não foi possível utilizar a técnica de minirizotrons, conforme previsto na proposta. Existe na APTA Centro-Leste um equipamento da marca CID-BioScience, modelo CI-600 (Processo Fapesp n.o 2010/02312-1), o qual necessita de tubos de acesso para leitura das imagens. Estava previsto a compra dos tubos de acrílico, todavia por se tratar de material de consumo importado, devido o cambio desfavorável e o tempo gasto com importação, impediu a aquisição dos mesmos.

Procurou-se conciliar o uso dos já existentes com outros colegas, mas não foi possível. No sentido de responder a essa importante avaliação, procurou-se utilizar o método da trincheira (Figura 15) e da sonda. Foram abertas duas trincheiras em cada sistema de manejo em Planalto/SP, no cultivar IAC-503 aos 105 dias após a semeadura, com as dimensões de 0,90 m de largura x 0,70 m de profundidade. Após preparação foram realizadas imagens para posterior análise. Utilizou-se o método da sonda no ensaio de Pitangueira/SP, realizando-se amostragem aos 100 dias após a semeadura, através da coleta de dois pontos por parcelas, nas profundidades 0-20 e 20-40 cm em ambos os lados da linha de semeadura (15 cm e 30 cm ). As amostras foram lavadas, as impurezas retiradas, foram geradas as imagens em scanner e após secagem avaliou-se a massa seca. As imagens geradas foram processadas no software Safira para determinação do comprimento, área, volume e diâmetro médio. Os resultados destas avaliações não estão finalizados para apresentação no relatório.

Figura 15. Trincheiras para avaliação do sistema radicular do amendoim. Planalto/SP.

O procedimento na colheita das áreas de validação tecnológica baseou-se em uma grid de 70 pontos na iniciativa conduzida em Zacarias/SP e 40 pontos em Planalto/SP, para cada sistema de manejo de solo. Após arranquio foram coletadas todas as plantas arrancadas presentes em 1 metro de leira (2 metros de linha) em 10 pontos por leira a cada 20 metros. Foram amostras 7 leiras nos 3 sistemas em Zacarias/SP, pulando-se 3 leiras entre os pontos. As plantas presentes em cada ponto

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amostrado foram contadas, ensacadas, identificadas e trilhadas com trilhadeira de parcelas da MIAC, sendo o processamento final realizado na APTA em Ribeirão Preto/SP (Figura 16).

Figura 16. Procedimento de colheita e processamento das amostras de amendoim colhidas em Planalto/SP e Zacarias/SP.

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Foram quantificadas as perdas na colheita em todos os locais, seguindo metodologia descrita por Silva et al. (2013). Foram amostrados 10 pontos em cada manejo de solo após o recolhimento de toda a produção, sendo que cada ponto constou de área de 2 m2 . As vagens presentes na superfície (visíveis) e enterradas até 10 cm (invisíveis) foram recolhidas, contadas, secas e pesadas para determinação da produtividade potencial e percentual de perdas (Figura 17). Somente no ensaio de Pitangueiras/SP, as amostras de cada parcela foram submetidas às determinações do percentual de impureza e níveis de aflatoxina, análises realizadas no laboratório da COPLANA em Jaboticabal.

Figura 17. Procedimento da quantificação das perdas de vagens após a colheita do amendoim nos ensaios de Pitangueiras/SP e Planalto/SP.

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Após todas as coletas e antes do plantio do canavial, amostragens de solo para fins de fertilidade e amostragens com anéis volumétricos (indeformadas) foram realizadas no ensaio de Pitangueiras/SP e Planalto/SP. Foram coletadas 10 amostras simples para compor uma amostra composta de fertilidade, nas camadas 0-5, 5-10, 10-20, 20-40 e 40-60 cm de profundidade. As mesmas foram encaminhas para o laboratório RIBERSOLO em Ribeirão Preto/SP, para realização de análise de rotina. Os anéis volumétricos foram encaminhados para o laboratório ATHENAS em Jaboticabal/SP para determinação da densidade do solo (Ds), macroporosidade, microporosidade e porosidade total. Vale lembrar que os anéis volumétricos foram amostrados próximo da linha de cultivo do amendoim nas profundidades de 0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-40 e 40-50 cm.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva antes de proceder ANOVA , a qual foi efetuada com software estatístico AGROESTAT (UNESP Jaboticabal). As leituras de resistência mecânica do solo à penetração e produtividade de vagens no ensaio de Planalto/SP, serão analisados utilizando ferramentas da estatística multivariada para elaboração do artigo, todavia não estão apresentados neste relatório.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verifica-se nas Figuras 18 e 19 , a quantidade acumulada de chuva na área experimental da Usina Pitangueiras, localizada entre o Distrito de Luzitânia/SP e o município de Jaboticabal/SP. Para analisar qual foi a distribuição mensal de chuvas e temperatura média, utilizou-se a base de dados da UNESP-Campus de Jaboticabal, que está distante 25 km da referida área. Observa-se que a choveu na região 1155 mm, entre dezembro (semeadura) e final de março (colheita), portanto muito superior à média histórica dos últimos 30 anos. O mesmo ocorreu com a temperatura média (Figura 20).

Figura 18. Pluviosidade mensal no ano 2015 e média histórica na UNESP/Jaboticabal. Distante 25km da área experimental entre Luzitânia/SP e Pitangueiras/SP.

Figura 19. Pluviosidade mensal no ano 2015 e média histórica na UNESP/Jaboticabal. Distante 25km da área experimental entre Luzitânia/SP e Pitangueiras/SP.

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Figura 20. Variação da temperatura média mensal no ano 2016 em comparação com a média histórica. Dados da UNESP-FCAVJ, distante 25 km da área experimental.

Com relação ao experimento conduzido nos municípios de Planalto/SP e Zacarias/SP, considerou-se a média de três localidades próximas aos experimentos, as quais estão apresentadas no gráfico da Figura 21. A quantidade de chuva acumulada entre os meses de outubro e março variou de 555 mm (Nhandeara/SP) até 1183 mm (Penápolis/SP), sendo a média considerada de 777 mm. Nota-se que na segunda quinzena de janeiro verificou-se período de veranico. Em virtude da baixa altitude, próximo às margens do Rio Tietê, a temperatura média nos meses de janeiro e fevereiro atingiram valores superiores 28 oC.

Figura 21. Distribuição das chuvas, das temperaturas máximas, mínimas no período compreendido entre 01/10/2015 até 01/04/2016. Região de Planalto/SP e Zacarias/SP. Considerou-se médias de três locais na referida região (Nhandera, Monte Aprazível e Penápolis).

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0 1/ 10 / 20 15 8/ 10 / 20 15 15 /1 0/ 20 15 22 /1 0/ 20 15 29 /1 0/ 20 15 5/ 11 / 20 15 12 /1 1/ 20 15 19 /1 1/ 20 15 26 /1 1/ 20 15 3/ 12 / 20 15 10 /1 2/ 20 15 17 /1 2/ 20 15 24 /1 2/ 20 15 31 /1 2/ 20 15 7/ 1/ 20 16 14 /0 1/ 20 16 21 /0 1/ 20 16 28 /0 1/ 20 16 4/ 2/ 20 16 11 /2 / 20 16 18 /0 2/ 20 16 25 /0 2/ 20 16 3/ 3/ 20 16 10 /3 / 20 16 17 /0 3/ 20 16 24 /0 3/ 20 16 31 /0 3/ 20 16 Tem p e ratu ra (Ce lsi u s) P lu viosi d ad e (mm ) Dias Chuva (mm) Temp. Máx. Temp. Míni.

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As informações sobre as variações microclimatológicas, auxiliam a interpretar os resultados apresentados a seguir. Vale ressaltar que, por tratar-se de pesquisa em parceria com agricultores, nem sempre é possível obter dados microclimatológico no próprio local. De qualquer maneira, o ano agrícola 2015/16 foi caracterizado por excesso de chuva, fato que interfere sobremaneira nos resultados de produtividade do amendoim, considerando-se que as pulverizações para controle de doenças foliares são prejudicadas.

Com relação ao ensaio conduzido na Usina Pitangueiras, verifica-se na Tabela 1 os resultados da produtividade de biomassa seca da cultivar IAC-OL3 quantificada quinzenalmente desde 15 até 105 dias após a semeadura (DAS). Nota-se que, com exceção na amostragem realizada aos 90 DAS, em todas as amostragens houve diferença estatística significativa entre os tratamentos de manejo de solo. Na Figura 22 encontram-se as análises de regressões, que permitem visualizar o menor acúmulo de biomassa seca na parte aérea das plantas desenvolvidas nos sistemas conservacionistas, desde os 45 DAS até os 105 DAS. O menor acúmulo de biomassa seca nos manejos conservacionistas, sobretudo no plantio direto, pode ser explicado parcialmente pela competição por nutrientes, água e luz com a soqueira da cana-de-açúcar, durante fases decisivas da cultura (ver detalhes no item Material e Métodos). Verifica-se na Tabela 2, que o atraso no desenvolvimento inicial das plantas nos sistemas conservacionistas interferiu na emissão de estruturas reprodutivas, reduzindo a produção de vagens por planta, principalmente nas avaliações realizadas na fase inicial de crescimento, Contudo, na pré-colheita foram quantificadas mais vagens nos sistemas conservacionistas, recuperação que não compensou o atraso no desenvolvimento e enchimento das vagens. Nota-se na Figura 23, que o plantio direto apresentava 12,5 % menos vagens nos estádios de maturação R7+R8+R9, evidenciando menor enchimento de vagens e menor massa dos grãos. Além do atraso no desenvolvimento inicial, o menor estande inicial e final de plantas e o menor rendimento de grãos, contribuiu para redução significativa na produtividade de vagens no tratamento plantio direto (3 vezes menor que o convencional), conforme resultados da Tabela 3. A % de impurezas quantificadas na colheita foi 10% maior no plantio direto, além de uma tendência para aumento nos níveis de aflatoxina. Embora o sistema Rip Strip tenha apresentado indicadores agronômicos semelhantes ao convencional, a produtividade de vagens foi estatisticamente menor, provavelmente em decorrência da competição por nutrientes com a soqueira ao longo do desenvolvimento da cultura do amendoim.

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Figura 22. Acúmulo da biomassa seca da parte aérea em amendoim IAC-OL3, cultivado em diferentes sistemas de manejo de solo.

Tabela 01. Biomassa seca da parte aérea do cultivar de amendoim IAC-OL3, em diferentes sistemas de manejos de solo e estádios de desenvolvimento, na reforma de cana crua em Pitangueiras/SP, 2016. Média de 10 repetições para perdas e 7 para as demais. Letras diferentes comparam médias (Tukey 5%) entre sistemas de manejo em cada data de amostragem.

Manejo do Solo (M)

Biomassa Seca da Parte Aérea (kg ha-1) Dias Após a Semeadura (DAS)

15 30 45 60 75 90 105 Convencional 151.1 a 898.9 a 2443.3 a 5425.7 a 6659.7 a 6771 a 5235 ab Rip Strip 164.3 a 1093 ab 1906.9 b 4427.3 ab 5647.3 b 6353 a 5624 a Plantio Direto 88.7 b 581.9 b 934.8 c 3418.6 b 4097.1 c 5322 a 4492 b Teste F 6.99 * 9.17 ** 89.48 ** 11.1 ** 23.3 ** 1.58 ns 4.81 * d.m.s (Tukey 5%) 57,6 321.6 305.0 1136.5 1008.9 1909.3 989.9 CV% 29,9 26,3 12,1 18,0 12,9 21,5 13,6 yPC = -1.2045x2 + 219.82x - 3847.9 R² = 0.9067 yRS = -0.6439x2 + 151.27x - 2597.7 R² = 0.941 yPD = -0.3315x2 + 102.86x - 1957.5 R² = 0.8963 200 1200 2200 3200 4200 5200 6200 7200 0 15 30 45 60 75 90 105 120 B ioma ss a S eca Ra ma s ( Mg h a)

Dias Após Semeadura

Preparo Convencional Rip Strip

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Figura 23.Porcentagem de vagens nos estádios R7+ R8+ R9 da cultivar de amendoim IAC-OL3, em diferentes sistemas de manejo de solo, por ocasião da amostragem realizada aos 120 dias após a semeadura. Pitangueiras, SP, 2016.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 Preparo

Convencional Rip Strip Plantio Direto 38.1 30.8 25.6 Por ce n tagem d as Vag e n s

Maturação das Vagens aos 120 dias

% R7+ R8 + R9

Tabela 2 Número de vagens na cultivar de amendoim IAC-OL3, em diferentes sistemas de manejos de solo e estádios de desenvolvimento, na reforma de cana crua em Pitangueiras/SP, 2016. Média de 10 repetições para perdas e 7 para as demais. Letras diferentes comparam médias (Tukey 5%) entre sistemas de manejo em cada data de amostragem.

Manejo do Solo (M)

Número de Vagens por Planta Dias Após a Semeadura (DAS)

60 75 90 105 120 Convencional 3.1 a 15.6 a 19.1 a 24.4 a 10.7 b Rip Strip 4.4 ab 10.3 b 17.6 a 35.1 a 18.9 ab Plantio Direto 1.1 b 8.1 b 16.3 a 34.6 a 30.4 a Teste F 8.0 ** 8.8 ** 0.43 ns 1.33 ns 4.49 * d.m.s (Tukey 5%) 2.1 4.8 8.25 19.8 17.6 CV% 52,1 28,8 32,7 44,3 61,8

Tabela 3. Características agronômicas do cultivar de amendoim IAC-OL3, em diferentes sistemas de manejos de solo na reforma de cana crua em Pitangueiras/SP, 2016. Letras diferentes comparam médias (Tukey 5%) entre sistemas de manejo em cada data de amostragem.

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Os resultados da biomassa seca acumulada na parte aérea das plantas referente ao ensaio conduzido em Planalto/SP, encontram-se na Tabela 4. Observa-se que somente no início do desenvolvimento (30 e 45 DAS) houve diferenças estatística entre os tratamentos de manejo de solo. As plantas do tratamento plantio direto acumularam menos biomassa seca nas folhas e ramas no início de desenvolvimento da cultivar IAC-503. Deve-se salientar que o genótipo de amendoim IAC-503 apresenta maior vigor vegetativo que a IAC-OL-3, razão pela qual mesmo com menor quantidade de chuva acumulada e solo com potencial produtivo menor, a média de produtividade de biomassa seca foi superior em Planalto/SP. Conforme demonstrado na Figura 24, as plantas acumularam maior biomassa seca ao 90 DAS no Rip Strip e observou-se ao contrário de Pitangueiras/SP, uma maior retenção de folhas no final de ciclo no tratamento plantio direto (640 kg ha-1 a mais de matéria seca de folhas e ramas) em comparação com o sistema convencional. A retenção de folhas verdes no final do ciclo tem uma implicação prática importante, pois favorece o arranquio (menor desprendimento das vagens) e está relacionada com a menor incidência de doenças foliares nesta fase da cultura. Porter e Wright (1991) no estado de Virginia (EUA), concluíram que tanto a incidência (% de infecção) quanto a severidade (% de queda de folhas) de Cercospora arachidicola foram significativamente diminuídas no sistema plantio direto. Estes autores explicam que a palhada reduziu a dispersão até as folhas, pelas gotas da chuva, das estruturas do fungo presentes sobre a superfície do solo.

Manejo do Solo (M) Estande Inicial de Plantas Estande Final de Plantas Produtividade de Vagens Rendimento

de Grãos Impurezas Aflatoxina

Perdas na Colheita plantas m-1 kg ha-1 % % ppb kg ha-1 Convencional 16.3 a 16.4 a 6046 a 76.1 a 11.3 b 0.96 a 761 a Rip Strip 16.3 a 14.2 a 4514 b 75.5 a 14.2 b 0.20 a 775 a Plantio Direto 11.2 b 11.0 b 2054 c 70.2 b 20.2 a 1.78 b 543 a Teste F 9.6 ** 13.2 ** 52.7 ** 12.3 ** 8.9 ** 1.41 ns 1.14 ns d.m.s (Tukey 5%) 3.6 2.8 1046 3.5 5.7 2.52 439 CV% 17,2 13,2 17,5 3,3 26,3 180,0 55,6 Tabela 4. Biomassa seca da parte aérea do cultivar de amendoim IAC-503, em diferentes sistemas de manejos de solo e

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Figura 24. Acúmulo da biomassa seca da parte aérea em amendoim IAC-OL3, cultivado em diferentes sistemas de manejo de solo.

yPC = -2.1602x2 + 372.51x - 8364 R² = 0.9494 yRS = -2.3406x2 + 406.32x - 9589.5 R² = 0.9682 yPD = -1.9875x2 + 359.16x - 8821.7 R² = 0.9513 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 B ioma ss a S eca P ar te A ér ea (Mg h a -1)

Dias Após a Semeadura Preparo Convencional

Rip Strip Plantio Direto

estádios de desenvolvimento, na reforma de cana crua em Planalto/SP, 2016. Média de 9 repetições para perdas e 7 para as demais. Letras diferentes comparam médias (Tukey 5%) entre sistemas de manejo em cada data de amostragem.

Manejo do Solo (M)

Biomassa Seca da Parte Aérea (kg ha-1) Dias Após a Semeadura (DAS)

30 45 60 75 90 105 120 Convencional 783 a 3629 a 7286 a 7242 a 6991 a 7015 a 5411 a Rip Strip 736 a 3247 a 6958 a 7556 a 8384 a 6738 a 5667 a Plantio Direto 555 b 2379 b 5801 a 7766 a 7042 a 6632 a 5851 a Teste F 25,3** 11.6 ** 3.4 ns 0.26 ns 3.01 ns 0.15 ns 0.39 ns d.m.s (Tukey 5%) 84,8 666 1505 1851 1617 1794 1253 CV% 10,4 18,2 19,0 20,8 18,3 22,3 18,8

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As amostragens para quantificar o número de estruturas reprodutivas ao longo do ciclo estão apresentadas na Tabela 5. Observa-se que somente aos 105 DAS houve diferença estatística no número de vagens por planta, entre os tratamentos de manejo de solo, com redução de 44 % (p>0,05%) e 50% (p<0,05%) nos tratamentos Rip Strip e Plantio Direto, respectivamente. Não houve problema na dessecação da soqueira de cana-de-açúcar, bem como não houve diferença entre datas de semeadura nesta iniciativa instalada em um Latossolo Vermelho Amarelo localizado em Planalto. O estabelecimento inicial da cultura é uma das principais dúvidas quanto à viabilidade de produzir amendoim em condição de palhada, considerando que a semente do amendoim pode perder a película e abrir com facilidade, além ser recalcitrante e normalmente de tamanho grande, demandando bom conteúdo de umidade para iniciar processo de germinação e emergência. Portanto, avaliações do estande foram realizadas desde a emergência até a colheita.

Tabela 5. Número de vagens na cultivar de amendoim IAC-503, em diferentes sistemas de manejos de solo e estádios de desenvolvimento, na reforma de cana crua em Planalto/SP, 2016. Letras diferentes comparam médias (Tukey 5%) entre sistemas de manejo em cada data de amostragem.

Manejo do Solo (M)

Número de Vagens por Planta Dias Após a Semeadura (DAS)

75 90 105 120 Convencional 14.7 23.7 24 a 39.7 Rip Strip 12.3 19.2 16 ab 37.1 Plantio Direto 14.8 19.8 12 b 30.3 Teste F 0.38 ns 1.34 ns 4.1 * 2.7 ns d.m.s (Tukey 5%) 8.1 7.4 10.6 10.5 CV% 49,0 30,1 51,3 24,9

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Na Figura 25, nota-se que o estande inicial no plantio direto não foi significativamente menor em relação aos sistemas convencional e preparo em faixa (Rip Strip). Esta avaliação quando realizada na colheita, evidencia que somente no preparo em faixa não ocorreu diminuição no estande. Verifica-se na Figura 26, que as amostragens expressaram produtividades menores que o valor obtido pela colheita em área total (0,7943 ha no preparo convencional, 1.505 ha no Rip Strip e 0.8754 ha no plantio direto), com exceção do plantio direto. Nota-se que a produtividade de vagens medida pelas amostragens no plantio direto foi 19 e 35% maior, em comparação com os preparos convencional e Rip Strip, respectivamente. Contudo ao colher-se a área total, as falhas contribuíram para reduzir entre 39 e 42 sacas por alqueire na semeadura direta em comparação com o preparo convencional e Rip Strip, que praticamente não diferiram entre si. Depreende-se disso, que se forem corrigidas as falhas através de semeadora adequada, qualidade de sementes e boa condição de umidade, poder-se-ia obter bons resultados em condição de palhada. Estes resultados concordam com trabalhos conduzidos em outros países, nos quais também testaram o Rip Strip (Faircloth et al., 2012; Godsey et al., 2011) e para nossas condições em pesquisas que compararam somente plantio direto e convencional (Tasso Junior, 2003; Bolonhezi et al., 2007; Crusciol e Soratto, 2008). A possibilidade de perdas na operação de arranquio é outra importante dúvida que dificulta a adoção dos manejos conservacionistas. Quanto a isto, verifica-se na Figura 26, que nos tratamentos plantio direto e Rip Strip, as perdas quantificadas após o arranquio e recolhimento foram em média 6% menores que as medidas no tratamento com preparo convencional. Mesma tendência é verificada para a área de validação conduzida nas condições de Latossolo Amarelo localizado em Zacarias/SP, conforme apresentado nas Figuras 28 e 29. Esta informação confirma mais uma vez que ao contrário do que se espera, a grande quantidade de palhiço da cana auxilia a manter umidade e facilita a operação de arranquio. Bolonhezi et al. (2009a, 2009b) concluíram em pesquisa conduzida em parceria com a Usina Guaíra, que a produtividade de vagens foi superior no plantio direto sobre palhiço de cana crua e que as perdas (980 kg ha-1) foram significativamente menores que no sistema convencional de preparo (1800 kg ha-1). Por outro lado, Bolonhezi et al. (2014) verificaram que as perdas no arranquio e recolhimento foram 12, 12.3 e 17 sacas por ha, respectivamente no sistemas convencional de preparo, cultivo mínimo com destruidor mecânico de soqueira e semeadura direta.

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Figura 25. Estande inicial e final de plantas do genótipo de amendoim IAC-503, cultivado em diferentes sistemas de manejo de solo na reforma de cana crua, para as condições edafoclimáticas de Planalto/SP. M

Figura 26. Produtividade de vagens (kg ha-1) do genótipo de amendoim IAC-503, cultivado em diferentes sistemas de manejo de solo na reforma de cana crua, para as condições edafoclimáticas de Planalto/SP. Amostragens referem-se a médias de 48 pontos. Área total no plantio direto, Rip Strip e convencional, respectivamente 0.79, 1.51 e 0.88 hectares. 12 12.5 13 13.5 14 14.5 15

Convencional Rip Strip Plantio Direto

14.5 14.9 13.7 13.5 15.0 13.0 Pl ant as por me tr o Sistemas de Manejo

IAC-503

Estande Inicial Estande Final 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Convencional Rip Strip Plantio Direto

4881 4848 4445 3834 A 3089 A 4750 A P rodu ti vid ad e d e V age n s (k g h a) Sistemas de Manejo

IAC-503

Área Total

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Figura 27. Perdas na colheita do amendoim, expressas em sacas de 25 kg por hectare. Médias de 10 pontos de amostragem em cada faixa de manejo de solo. Planalto/SP, safra 2015/16

Figura 28. Produtividade de vagens (kg ha-1) do genótipo de amendoim IAC-503, cultivado em diferentes sistemas de manejo de solo na reforma de cana crua, para as condições edafoclimáticas de Zacarias/SP. Amostragens referem-se a média de 70 pontos de amostragem em 1 hectare de área em cada sistema.

0 10 20 30 40 50 60 70

Convencional Rip Strip Plantio Direto

66.3 (14,1%) 37.6 (8,1%) 35.3 (8.2%) P er d as n o A rr an q u io (sc /a lq )

IAC-503

0 100 200 300 400 500 600 700

Convencional Rip Strip Plantio Direto

6973 6033 5196 P rodu ti vid ad e d e V age n s (k g h a)

(33)

Figura 29. Perdas na colheita do amendoim, expressas em sacas de 25 kg por hectare. Médias de 10 pontos de amostragem em cada faixa de manejo de solo, para as condições edafoclimáticas de Zacarias/SP, safra 2015/16.

É importante mencionar que nas áreas de validação não existe controle local dos tratamentos, dificultando a utilização das ferramentas estatísticas convencionais de análise da variância. Todavia, o acompanhamento criterioso de áreas comerciais, permite extrair conclusões, que não são possíveis de obtenção em experimentos clássicos e instalados com parcelas pequenas, tais como as perdas no processo de colheita. Embora não apresentados na totalidade neste relatório, procurou-se aplicar outras recursos da estatística nestes dados coletados nas áreas comerciais, a fim de aprimorar as conclusões. Na Figura 30 está apresentada a variabilidade espacial das produtividades de vagens na validação comercial de Planalto/SP. A variabilidade da produtividade apresentada na forma de um mapa auxilia a interpretar o desempenho dos sistemas de manejo de solo estudados. Como as áreas eram contíguas e com dimensões semelhantes, é possível identificar zonas de altas produtividades no sistema plantio direto, porém considerando a colheita na área total verifica-se melhor resultado para o tratamento com solo preparado. Uma das explicações para a diferença entre as amostragens e os pontos poder-se-ia explicar através das diferenças no estande final de plantas, contudo não são argumentos suficientes. Portanto, outros meios devem ser utilizados para explicar estas diferenças entre a amostragem e os dados brutos colhidos em lavouras

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Convencional Rip Strip Plantio Direto

70 (10.4%) 42 (7.2%) 33 (6.6%) P er d as (S c/ al q )

(34)

Figura 30. Variabilidade da produtividade de vagens do genótipo de amendoim IAC-503. Grid de amostragem de 48 pontos em cada manejo de solo (12 pontos em 4 leiras espaçado a cada 50 metros), para as condições edafoclimáticas de Planalto/SP, safra 2015/16.

Convencional

Plantio Direto

Rip Strip

Faixas da Produtividade de Vagens (kg ha

-1

)

(35)

A variabilidade da produtividade apresentada na forma de um mapa auxilia a interpretar o desempenho dos sistemas de manejo de solo estudados. Como as áreas eram contíguas e com dimensões semelhantes, é possível identificar zonas de altas produtividades no sistema plantio direto, porém considerando a colheita na área total verifica-se melhor resultado para o tratamento com solo preparado. Uma das explicações para a diferença entre as amostragens e os pontos poder-se-ia explicar através das diferenças no estande final de plantas, contudo não são argumentos suficientes. Portanto, outros meios devem ser utilizados para explicar estas diferenças entre a amostragem e os dados brutos colhidos em lavouras comerciais.

No experimento conduzido em Pitangueiras/SP, utilizou-se a moderna tecnologia dos VANTS (Veículo Aéreo Não Tripulado) para identificar as falhas no estande inicial. A aplicação desta técnica encontra-se na Figura 31, na qual pôde-se avaliar toda a área experimental através da montagem das fotos. Pelo sensor utilizado (NIR-Near Infrared Reflectance), as faixas claras representam os tratamentos de manejo de solo que mantiveram os resíduos da cana crua sobre a superfície do solo.

Figura 31. A) Ortofoto Processada em banda NIR e B) Ortofoto com demarcações de pontos e linhas correspondentes as áreas amostradas para cada uma das repetições.

(36)

Após quantificação minuciosa das falhas visíveis em cada faixa considerada, o valor total foi somado para cada repetição dos três tratamentos de manejo de solo e expressos em termos de porcentagem do comprimento amostrado. Verifica-se na Tabela 6 que as falhas quantificadas aos 45 DAS na cultivar IAC-OL3 foi 10 e 100 vezes maior nos tratamentos Rip Strip e Plantio Direto, respectivamente, em comparação com o tratamento preparo convencional. Esses resultados ajudam a explicar as menores produtividades de vagens nos sistemas conservacionistas de manejo de solo do amendoim no experimento em questão. Essa ferramenta será útil em futuros trabalhos com o objetivo de avaliar tratamentos em escala comercial.

Deve-se salientar que a utilização de GPS nos tratores é uma tecnologia cada vez mais utilizada pelos produtores de amendoim. A principal aplicação do uso das ferramentas da agricultura de precisão na cultura do amendoim, refere-se à redução de perdas no processo de colheita. De acordo com Ortiz et al. (2013), são estimadas perdas de 186 kg ha-1 de vagens para cada 0,20 mm de desvio do arrancador em relação à linha central. Na presente pesquisa, houve a necessidade de utilizar tratores com GPS, pois o uso do Rip Strip necessita de coincidir a linha da semeadora com as faixas previamente preparadas. Contudo, no arranquio não foi utilizado o mesmo traçado da semeadura, razão pela qual as perdas no Rip Strip foram semelhantes ao plantio direto. Em futuras pesquisas, sugere-se realizar as avaliações das perdas acompanhando o mesmo grid de amostragens da produtividade, bem como de outras informações de fertilidade e física do solo avaliadas, procurando-se estabelecer as correlações e conseguir explicar as causas das diferenças em produtividade de vagens.

Tabela 6. Quantificação das falhas (m) através de imagens geradas por VANT em experimento com amendoim IAC-OL3 cultivado em diferentes sistemas de manejo de solo. Pitangueiras/SP, Avaliação realizada aos 45 DAS.

Preparo Convencional Plantio Direto Rip Strip

Repetições Comprimento (m) Falhas

(m) Comprimento (m) Falhas (m) Comprimento (m) Falhas (m) 1 204,60 1,01 205,99 29,00 205,36 14,53 2 203,49 0,14 202,24 70,45 204,75 4,88 3 202,87 0,00 204,35 33,83 204,48 2,42 4 203,73 0,00 204,93 57,12 203,34 1,41 5 204,17 0,60 204,38 39,98 203,65 5,60 6 204,30 0,84 204,12 8,48 203,45 4,67 7 203,37 0,00 211,28 67,07 207,18 2,63 Total (m) 1426,52 2,59 1437,27 305,94 1432,22 36,16 % Falhas 0.18% 21.29 % 2.52 %

(37)

As explicações para as menores produtividades de vagens observadas nos sistemas de manejo conservacionistas, podem também estarem relacionadas com a maior compactação do solo decorrente dos anos de colheita mecanizada de cana crua. Com o intuito de avaliar a resistência mecânica do solo à penetração (RMSP), foram efetuadas medições com penetrômetro digital de força constante da marca DLG, modelo PNT-2000. Para as áreas de validação conduzida em Planalto/SP, a leitura realizada na entrelinha (Figura 33), em período mais úmido e aos 30 DAS, os maiores valores de RMSP foram observados no Plantio Direto (> 3,0 MPa na camada de 10 a 30 cm de profundidade). Nas leituras efetuadas na linha de semeadura (Figura 33), verifica-se uma redução da RMSP, sendo maior no plantio direto nos primeiros 30 cm e maior no Rip Strip abaixo desta camada. Provavelmente, devido a operação com o Rip Strip ter sido realizada com solo muito úmido, houve um “espelhamento” do solo ocasionado pela ponteira da haste subsoladora do equipamento. Por outro lado, no mês janeiro ocorreu período de veranico, condição que favoreceu maior perda de água no tratamento sob preparo convencional, refletindo em aumento da RMSP, sobretudo na camada de 10 até 25 cm de profundidade nas leituras realizadas na entrelinha (Figura 34). Esta maior RMSP no preparo convencional fica mais pronunciada na linha de semeadura (Figura 35), onde se verificaram valores expressivamente menores nos manejos conservacionistas, principalmente no Rip Strip, da superfície até 35 cm. A confirmação do menor conteúdo de água no solo no preparo convencional, pode ser verificado na Figura 36.

Figura 32. Resistência mecânica do solo à penetração (MPa), medidos na entrelinha da cultura do amendoim, em diferentes sistemas de manejo do solo na reforma de canaviais. Planalto/SP, 17/12/2015. Média de 10 pontos em três repetições de cada tratamento.

0 100 200 300 400 500 600 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 Pro fundi dade ( mm)

Resistência Mecânica do Solo à Penetração (MPa)

Entrelinha - 17/12/2016

Preparo Convencional Plantio Direto

(38)

Figura 33. Resistência à penetração (MPa) medidos na linha da cultura amendoim em diferentes sistemas de manejo do solo na reforma de canaviais. Planalto/SP, 17/12/2015. Média de 10 pontos em três repetições de cada tratamento.

Figura 34. Resistência à penetração (MPa) medidos na entrelinha da cultura do amendoim em diferentes sistemas de manejo do solo na reforma de canaviais. Planalto/SP, 07/01/2016. Média de 10 pontos em três repetições de cada tratamento.

0 100 200 300 400 500 600 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 Pro fundi dade ( mm)

Resistência Mecânica do Solo à Penetração (MPa)

Linha - 17/12/2016 Preparo Convencional Plantio Direto Rip Strip 0 100 200 300 400 500 600 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 Pro fundi dade d o s olo (mm)

Resistência Mecânica do Solo à Penetração (MPa)

Entrelinha - 07/01/2016

Plantio Direto

Preparo Convencional Rip Strip

(39)

Figura 35. Resistência à penetração (MPa) medidos na linha da cultura do amendoim em diferentes sistemas de manejo do solo na reforma de canaviais. Planalto/SP, 07/01/2016. Média de 10 pontos em três repetições de cada tratamento.

Figura 36. Conteúdo de água no solo em diferentes sistemas de manejo e profundidades de amostragem. Planalto,SP, 07/01/2016. 0 100 200 300 400 500 600 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 Pro fundi dade ( mm)

Resistência Mecânica do Solo à Penetração (MPa)

Linha - 07/01/2016 Plantio Direto Preparo Convencional Rip Strip 0 10 20 30 40 50 60 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 Pro fundi dade d o Solo (mm)

Umidade do Solo (g H2O g Solo)

Convencional Plantio Direto Rip Strip

(40)

Para o ensaio de Pitangueiras/SP, instalado sobre Latossolo Vermelho muito argiloso, nas avaliações realizadas na entrelinha aos 45 DAS, demonstraram menor RMSP no tratamento plantio direto, considerando o perfil entre 10 e 40 cm de profundidade (Figura 37). Todavia, na linha de semeadura, o plantio direto apresentou maiores valores de RMSP abaixo de 30 cm de profundidade (Figura 38). Nesta fase a palhada presente nos manejos conservacionistas reduzem as perdas de água e consequentemente a RMSP (Figura 39).

Figura 37. Resistência à penetração (MPa) medidos na entrelinha da cultura do amendoim em diferentes sistemas de manejo do solo na reforma de canaviais. Pitangueiras/SP, 19/01/2016. Média de 10 pontos em três repetições de cada tratamento.

Figura 38. Resistência à penetração (MPa) medidos na linha da cultura do amendoim em diferentes sistemas de manejo do solo na reforma de canaviais. Pitangueiras/SP, 19/01/2016. Média de 10 pontos em três repetições de cada tratamento.

0 100 200 300 400 500 600 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 Pro fundi dade d o Solo (mm)

Resistência Mecânica do Solo à Penetração (MPa)

Entrelinha- 19/01/2016 Preparo Convencional Rip Strip Plantio Direto 0 100 200 300 400 500 600 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 Pro fundi dade d o Solo (mm)

Resistência Mecânica do Solo à Penetração (MPa)

Linha - 19/01/2016

Preparo Convencional Rip Strip

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