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CAROLINE GOMES DENIUR A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI):

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Macapá 2017

CAROLINE GOMES DENIUR

A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA UNIDADE

DE TERAPIA INTENSIVA (UTI):

(2)

Macapá 2017

A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA UNIDADE

DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Macapá – FAMA, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Odontologia.

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A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA UNIDADE DE

TERAPIA INTENSIVA (UTI)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Macapá – FAMA, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Odontologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

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RESUMO

O paciente está mais exposto ao risco de infecção na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Estes pacientes apresentam alterações em seu sistema imunológico, causando assim a hipossalivação (redução do fluxo salivar). Nesse contexto, observa-se a importância do cirurgião-dentista em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) evitando assim a proliferação de fungos e bactérias anaeróbicas e doenças sistêmicas, a infecção nosocomial, a candidíase, a gengivite e a periodontite. Por tamanha importância deste profissional neste setor hospitalar, buscou-se estudar este assunto para saber a influência do cirurgião-dentista na melhora do quadro clínico dos pacientes. Estudos demonstram que pacientes de UTI apresentam uma higiene bucal deficiente, com uma quantidade significativa de biofilme. Sendo assim, porque a colonização do biofilme bucal por patógenos respiratórios é uma fonte específica de infecção nosocomial. O objetivo geral deste estudo é analisar a importância do cirurgião-dentista em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Este artigo é de cunho bibliográfico, com pesquisas elencadas em sites científicos, artigos publicados, revistas e livros que tratam sobre o tema abordado.

Palavras-chave: Unidade de Terapia Intensiva; cirurgião-dentista; Infecção

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2017.

ABSTRACT

The patient is more exposed to risk of infection in the intensive care unit (ICU). These patients have changes to your immune system, causing so the xerostomia (reducing the salivary flow). In this context, it is observed the importance of the surgeon dentist in the intensive care unit (ICU) thus avoiding the proliferation of fungi and bacteria anaerobic and systemic diseases, infection nosocomial, the candidiasis, the gingivitis and to periodontitis. By such importance of this professional in this sector hospital, sought-studying this subject to know the influence of surgeon dentist in improving clinical picture of patients. Studies show that patients ICU present a oral hygiene deficient, with a significant amount of biofilm. Thus, because the colonization of biofilm oral by pathogens respiratory is a source specific infection nosocomial. The overall objective of this study is to analyze the importance of the surgeon dentist in intensive care units (ICU). This article is imprint bibliographic with research listed on sites scientific articles published, magazines and books that deal on the subject addressed.

Key-words: Intensive Care Unit;Surgeon dentist;;Infection nosocomial;Amount of biofilm.

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1. ODONTOLOGIA HOSPITALAR...09

1.1 A HUMANIZAÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

(UTI)...10 1.1.1 Consequências da má higiene bucal nos pacientes internados em UTI’s...12

2 A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)...15

2.1 A ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA (UTI)...17

3 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR...21

3.1 A VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE SOBRE A INSERÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM UTI’S...22 3.1.1 A importância do trabalho multiprofissional aos pacientes hospitalizados em uti’s...23

CONSIDERAÇÕES FINAIS...27

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INTRODUÇÃO

O paciente está mais exposto ao risco de infecção na Unidade de Terapia

Intensiva (UTI). Destaca-se que o aumento é de cinco a dez vezes por paciente de contrair infecção. Estes pacientes apresentam alterações em seu sistema imunológico, é comum em pacientes internados nessa unidade, na maioria das vezes a respiração desses pacientes é por meio mecânico, isso faz com que eles permaneçam com a boca aberta, diminuindo a produção de saliva e aumentando o fluxo de bactérias na cavidade oral, causando assim a xerostomia (redução do fluxo salivar). Nesse contexto, observa-se a importância do cirurgião-dentista em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a manutenção da saúde bucal, evitando assim a proliferação de fungos e bactérias anaeróbicas e doenças sistêmicas, o que representa risco para a saúde do paciente, como a infecção nosocomial, a candidíase, a gengivite e a periodontite.

É de suma importância que a área da Odontologia faça parte do atendimento hospitalar em pacientes internados nas Unidades de Terapias Intensivas (UTIs), para que minimizem o risco de patógenos da cavidade bucal. Por tamanha importância deste profissional neste setor hospitalar, buscou-se estudar este assunto para saber a influência do cirurgião-dentista na melhora do quadro clínico dos pacientes.

Estudos demonstram que pacientes de UTI apresentam uma higiene bucal deficiente, com uma quantidade significativa de biofilme. Sendo assim, porque a colonização do biofilme bucal por patógenos respiratórios é uma fonte específica de infecção nosocomial?

O objetivo geral deste estudo é analisar a importância do cirurgião-dentista em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os objetivos específicos são descrever as consequências da má higiene bucal nos pacientes das unidades de terapia intensiva, evidenciar a importância do cirurgião dentista na UTI, explicar a importância do trabalho multiprofissional aos pacientes hospitalizados.

Para realização desse trabalho foi realizado um estudo qualitativo, através de revisão bibliográfica sistematizada de artigos publicados no Brasil e no Exterior no período de 2003 a 2017 abordando o tema “Importância do Cirurgião Dentista em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs)”. A pesquisa foi realizada através de sites científicos com Scielo e em livros através de fichamentos para uma melhor

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compreensão e organização do assunto, sendo utilizados termos para a pesquisa como “importância do cirurgião dentista”, “Unidades de Terapia Intensiva” e “atuação do profissional odontológico em UTIs”. O levantamento foi realizado nos meses de agosto a setembro de 2017. Os critérios de inclusão foram artigos de revisão publicados em periódicos especializados ou sites científicos em língua portuguesa e inglesa, desta forma foi utilizado 30 artigos. Este trabalho de pesquisa não foi de natureza mecânica, exigindo uma imaginação criadora e iniciativa individual, através de procedimentos e disciplinas determinadas.

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1 ODONTOLOGIA HOSPITALAR

O conceito de saúde atualmente aborda uma visão holística do paciente. Cada área trata da saúde da pessoa de forma integral tendo em vista a promoção da saúde como um todo. Desse modo, é indissociável à saúde bucal da saúde sistêmica, pois, a qualidade de vida de uma pessoa é baseada em sua harmonia por estes dois aspectos de saúde.

Sendo assim, a integralização da área de Odontologia em equipes multidisciplinares torna-se imprescindível para o aumento de sua participação terciária, nível de grande desprovimento do foco odontológico. Sua atuação deve sair da prática clínica e ampliar seu campo para a prática hospitalar, desenvolvendo a promoção da saúde e prevenindo doenças, além da cirurgia bucomaxilofacial. A Odontologia Hospitalar é uma especialidade da área da saúde integrada ao hospital, mas vai muito além da cirurgia bucomaxilofacial (CAMARGO, 2005). Os cuidados orais aos pacientes são intensos com a finalidade de prevenir infecções em um ambiente complexo, como a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em resumo, a Odontologia Hospitalar visa realizar cuidados e procedimentos bucais em âmbito hospitalar.

A Filadélfia teve seu primeiro modelo de prática odontológica em hospitais em 1901. No Brasil, iniciou-se em 1945 pelo Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de São Paulo. Porém, ainda que esta área de atuação esteja inserida na Odontologia e referenciada no Código de Ética Odontológica, este campo ainda não foi totalmente explorado. As áreas solidificadas no campo hospitalar são Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, pois, há ainda muitas barreiras que impedem a atuação dos dentistas em equipes multidisciplinares.

A atenção à pacientes internados depende de uma equipe multiprofissional e pode se resumir na soma de pequenos cuidados parciais que vão se somando. Porém, a dificuldade em se estabelecer funções e delegar responsabilidades resulta em uma sobrecarga no processo de gerencia de um hospital. E o desafiante coordenar de forma adequada uma equipe tão diversificada e especializada de profissionais da saúde (BARBOSA et al, 2010, p. 1119).

Indivíduos hospitalizados possuem tendências à má higiene bucal, por muitas vezes não estarem aptos a escovação diária por causa de suas condições e essa

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ausência de atenção resulta no aumento e complexidade do biofilme dental (ARAÚJO, VINAGRE, SAMPAIO, 2009).

Por esse e outros motivos, no Brasil, o Senado Federal aprovou a Lei nº 2776/2008, de 29 de maio de 2013 que torna obrigatório a prestação de assistência odontológica à pacientes em regime de internação hospitalar, aos portadores de doenças crônicas e ainda, aos atendidos em regime domiciliar na modalidade home

care (BRASIL, 2014).

A Odontologia Hospitalar é uma especialidade que não está citada no Conselho Federal de Odontologia (CFO), porém, possui apontamento no Código de Ética Odontológica, no capítulo IX, artigo 18, que menciona da competência do “[…] cirurgião-dentista internar e assistir pacientes em hospitais públicos e privados, com ou sem caráter filantrópico, respeitada as normas técnico administrativo das instituições […]” (BRASIL, 2003).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em sua resolução RDC-7 de 2010, dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento da Unidade de Terapia de Intensiva (UTI), onde o artigo 18 afirma que “devem ser garantidos por meio de próprios ou terceirizados, serviços de […] assistência odontológica”. O artigo 23 menciona que: “as assistências farmacêuticas, psicológica […] odontológica […] devem estar integradas as demais atividades assistenciais postadas ao paciente, sendo discutidas conjuntamente pela equipe multiprofissional” (BRASIL, 2010).

O profissional especializado em Odontologia Hospitalar como Consultor da Saúde Bucal ou prestar serviços, tanto em ambulatórios ou a nível de internação, visando a colaboração, oferecendo e agregando forças à nova identidade hospitalar.

1.1 A HUMANIZAÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)

A qualidade na prestação de serviços é eficiente quando se proporciona profissionais com qualificação adequada de atendimento, minimizando a fragilidade que se percebe nos pacientes (SANTOS e CIUFFI, 2009, p. 162). Ao se construir um relacionamento sistemático com as famílias dos pacientes minimizando medos e firmando um estado de compreensão, os cirurgiões dentistas formam vínculos capazes de ampliar as possibilidades de criar e transmitir conhecimentos

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odontológicos de maneira mais descontraída e humana (MEDEIROS JUNIOR et al., 2005, p. 308).

Partindo desse ponto, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um ambiente hospitalar complexo, com pacientes em estados graves e que tenham chances de recuperação. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) caracteriza-se por ser uma área reservada com pacientes em monitorização contínua e potencialmente graves, proporcionando suporte e tratamento intensivo 24 horas, alta tecnologia, recursos materiais e humanos especializados (CHEKEGATTI; AMORIN, 2010).

Para Pina, Lapchinsk e Pupulim (2008), nesse setor hospitalar, existem diversas situações, como privação do sono, ruídos excessivos, circulação da equipe multidisciplinar, exclusão de familiares em processo de cuidado, invasão de privacidade, presença de inúmeros cabos, fios e monitores e pouca comunicação, o que torna o trabalho da equipe médica exaustiva.

Diante dessas questões e com o advento da tecnologia em crescimento, um atendimento mais humanizado para o paciente, na maioria dos casos se torna mais difícil. Porém, a limitação da inserção de rico aparato tecnológico, atuação profissional baseada em protocolos diagnósticos e terapêuticos, medicalização intensa é que se faz necessário o respeito à autonomia e dignidade dos pacientes internos. Silva, Santos e Souza (2011) acreditam que “existe a necessidade de um olhar diferenciado da equipe de saúde, no sentido de atender holisticamente esses pacientes, proporcionando dessa forma, uma atenção mais humanizada.”

O processo de humanização no atendimento hospitalar se dá pelo comprometimento integral ao paciente, como a característica de colocar-se no lugar do outro, interagindo e dialogando com o mesmo, mobilizar a equipe e desenvolver estratégias mais humanizadas (OLIVEIRA, 2012).

Evidenciando esse contexto, diversas atividades podem ser realizadas neste setor, entre elas, pintura e cartazes, jogos educativos, leitura de textos, assim com atividades técnicas, as quais, orientação de higiene bucal aos pacientes com distúrbios motores, evidenciação de biofilme dentário, aplicações tópicas de flúor, resultando em uma realização de higiene oral adequada. Isso se faz necessário para os pacientes e acompanhantes entenderem a relação entre saúde bucal e saúde geral. Desse modo, entende-se a contextualização humanizada do cirurgião dentista no atendimento à pacientes internados em UTI.

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Segundo Santos e Ciuffi (2009, p. 162) “a forma de atendimento e a demonstração de interesse dos profissionais de saúde em relação ao público com respeito às suas necessidades e expectativas são dois dos fatores mais relevantes.”

1.1.1 Consequências da má higiene bucal nos pacientes internados em UTI’s

São diversas as consequências da má higiene oral que pode surgir em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), entre elas, a candidíase. Se esta for disseminada, o quadro geral pode complicar, aumentando o período de internação e em alguns casos, levar ao óbito. Para que isso não ocorra, é de extrema importância que o cirurgião dentista na UTI faça os exames orais rotineiramente a fim de detectar o quanto antes uma possível contaminação oral, favorecendo o tratamento e o prognóstico.

Desse modo, observa-se que a inadequada higiene bucal favorece as condições de crescimento bacteriano em pacientes internados em UTI, ocasionando não só a candidíase (Figura 1), mas como outras consequências, nas quais, destaca-se a gengivite, a xerostomia, infecção nosocomial e periondotite.

Em 1965, Willis, em seus estudos sobre biofilme dental mencionou que “uma maior quantidade e diferenciação sobre o biofilme dental podem promover

Figura 1- Paciente com candidíase oral

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interações entre bactérias nativas e patógenos respiratórios, contribuindo pra o desenvolvimento de doenças como a pneumonia.”

Nesse contexto, observa-se que mesmo antes, a importância da higiene bucal era, de fato, primordial para a manutenção total do paciente, para que este não viesse a adquirir enfermidades ocasionadas pela falta de limpeza dentária. Atualmente, o cuidado com a pessoa na UTI se dá de forma integral, com o envoltório de áreas multidisciplinares da saúde.

A pneumonia pode ser classificada, quanto ao seu meio em desenvolvimento, sendo adquiridas na comunidade ou nosocomiais, que se desenvolve após a internação hospitalar, com o período superior a 48 horas. A Figura 2 mostra um caso de paciente que adquiriu pneumonia nosocomial e após 12 dias de internação seu quadro evoluiu para o óbito. “A pneumonia nosocomial pode ser desenvolver a partir da aspiração de patógenos presentes na microbiota bucal ou a partir da doença periodontal, pela difusão hematológica dos patógenos presentes na microbiota bucal” (NASCIMENTO, TRENTINI, 2004, p. 07).

Outra consequência agravante causada pela má condição de higiene bucal e pela doença periodontal, são as enfermidades cardíacas. O número de bactérias aumenta no interior do epitélio juncional, resultando na penetração das mesmas e seus subprodutos nos tecidos gengivais, ocasionando um processo inflamatório. “A

Figura 2- Paciente desenvolveu pneumonia nosocomial

evoluindo para óbito

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presença de bactérias periodontais expõe o hospedeiro a uma variedade de eventos nocivos os quais podem predispor a doenças cardiovasculares.” (OLIVEIRA et al., 2007, p. 33)

No capítulo seguinte será tratado sobre a importância de um profissional na área odontológica, especificamente um cirurgião-dentista para cuidar e prevenir doenças bucais em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

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2 A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO DENTISTA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)

Há muito tempo que a equipe de profissionais nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) está estruturada e é composta por: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e técnicos em enfermagem. Entretanto, a literatura é unânime em mostrar que a equipe não está completa, pois falta a presença do cirurgião-dentista para que ocorra de fato promoção da saúde integral de pacientes internados em UTIs.” (MORAIS, 2006, p 412.)

A obrigatoriedade de profissionais de Odontologia em hospitais públicos e privados foi estabelecida pela Comissão de Seguridade Social e Família em 2012 com os Projetos de Lei (PL) nº 2.776/2008 e PL 362/2011. Segundo o Congresso Nacional (BRASIL, 2012), “essa medida objetiva aprimorar os cuidados prestados aos pacientes, defender e apoiar a prestação de assistência integral à saúde, que na verdade consiste em um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), expresso na Constituição Federal”.

Na maioria dos casos, os pacientes internados em UTI ficam vulneráveis às infecções originadas pelos tubos de respiração e pela necessidade de se alimentar, desenvolvendo bactérias na cavidade oral que podem atingir a corrente sanguínea, se alastrando pelo corpo e atingindo órgãos vitais. Devido a isto, necessita-se de um “suporte profissional devidamente capacitado ou bem orientado para adequação ou reestabelecimento da qualidade do meio bucal destes pacientes.” (LIMA et al, 2011) Nesse contexto, Rabelo, Queiroz e Santos (2010) corroboram que é necessário a presença de um cirurgião-dentista em hospitais para o tratamento e diagnóstico das patologias orais, auxiliando no tratamento médico e prevenindo a evolução da condição sistêmica ou aparecimento de um infecção de origem hospitalar e fazer os procedimentos curativos e restauradores para que o paciente internado possa sentir maior conforto e integração clínica.

Para entender melhor como este profissional torna-se necessário para a prevenção de doenças bucais, buscou-se explicar alguns procedimentos para a descontaminação da cavidade oral. Araújo et al (2009), menciona que para pacientes conscientes utiliza-se métodos importantes mais simples como a profilaxia dentária (Figura 3) e técnicas de escovação. Kim et al (2016) comenta que “para pacientes inconscientes, faz-se necessário o uso de abridores bucais (Figura 4),

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escovas dentais infantis, limpador de língua. Em seguida, utiliza-se uma gaze mergulhada em solução de clorexidina para limpar superfícies dos dentes e da mucosa”.

Figura 3 – Profilaxia dentária em detalhes

Fonte: www.fortissima.com.br (2013)

Figura 4 – Abridores bucais

Fonte: pt.aliexpress.com (2017)

Figura 5 – Aplicação de clorexidina em cavidade dental

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Dessa forma, observa-se que há uma necessidade mais efetiva em se criar um atendimento odontológico em UTI com a inserção de um cirurgião-dentista, para que este realize os cuidados bucais e higiene oral que é necessário a este grupo de pacientes.

A presença do cirurgião-dentista faz-se necessária em ambiente hospitalar como tentativa de solucionar as dificuldades apresentadas na manutenção da saúde bucal e no tratamento de doenças bucais que afetam a saúde geral dos indivíduos hospitalizados em UTI’s. (ARAÚJO; VINAGRE; MONTORIL; SAMPAIO, 2009, p. 156)

Desse modo, as funções do cirurgião-dentista são diversificadas frente ao complexo hospitalar. Entre elas, internar e assistir pacientes em hospitais públicos e privados, com e sem caráter filantrópico, respeitadas as normas técnicas administrativas das instituições, segundo o artigo 26 do Código de Ética Odontológico do Capítulo XI. O artigo 28 estabelece infração ética, mesmo em ambiente hospitalar, executar intervenção cirúrgica fora do âmbito da Odontologia (BRASIL, 2003).

2.1 A ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)

Os pacientes que se encontram acamados por causa de afecções sistêmicas dependem de muitos cuidados, pois, estão impossibilitados de manter a higienização dental adequada, desse modo, necessitam de suporte de profissionais da saúde para esta e outras tarefas. Para total recuperação do paciente, faz-se necessário a aquisição e manutenção da saúde bucal por parte da Odontologia juntamente com a Medicina objetivando o tratamento global do mesmo.

Apesar de ser de extrema importância a presença de um profissional que entenda de cuidados bucais em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), observa-se que esta prática apresenta escassez. Devido a isso, a placa bacteriana pode influenciar nas terapêuticas médicas, agravando doenças que já se encontram instaladas na cavidade bucal do paciente, como periodontal, dentes infectados ou fraturados, lesões em mucosas, cáries, lesões pulpares, lesões por próteses, repercutindo a condição sistêmica do internado. Para estas condições serem adequadamente tratadas, faz-se necessária a presença de um cirurgião-dentista em âmbito hospitalar como suporte no diagnóstico das alterações bucais e como coadjuvante

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na terapêutica médica; seja na atuação em procedimentos emergenciais frente aos traumas, em procedimentos preventivos quanto ao agravamento da condição sistêmica ou o surgimento de uma infecção hospitalar, procedimentos curativos e restauradores na adequação do meio bucal e maior conforto ao paciente. (RABELO et al, 2010)

O acompanhamento por um cirurgião-dentista habilitado em Odontologia Hospitalar é necessária ao paciente, pois este vai diagnosticar e tratar as possíveis doenças que poderão ocorrer na UTI, como a pneumonia, que é associada ao uso de ventilação artificial neste tipo de ambiente. Rabelo et al (2010) corroboram que é de fundamental importância para a qualidade de vida dos pacientes que se faça presente a participação da Odontologia Hospitalar na equipe multidisciplinar de saúde.

Até então, o obstáculo frequentemente enfrentado pelo cirurgião-dentista para integrar equipes multidisciplinares em UTI, estava com baixa prioridade do procedi-mento odontológico diante dos numerosos problemas apresentados pelo paciente" (MORAIS et al, 2006). Porém, a literatura tem demonstrado de forma clara e precisa que a atuação do cirurgião-dentista no acompanhamento odontológico tem grande influência sobre a evolução do quadro dos pacientes da condição bucal deste, como mostra a Figura 6.

Figura 6 – Condição bucal após dois dias recebendo

acompanhamento odontológico

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Este paciente (Figura 6) teve um aumento significativo de colonização de biofilme bucal por patógenos respiratórios, porém, após o acompanhamento do cirurgião-dentista, houve diminuição na quantidade de biofilme e melhoramento das úlceras labiais e do sangramento. Infere-se que, a colonização de biofilme bucal por patógenos, é uma fonte especifica de infecção nosocomial presente em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs). Segundo Camargo (2005), diversas são as vantagens da atuação do cirurgião-dentista em UTIs, como: "atendimento com maior segurança de pacientes com risco cirúrgico; solicitação de exames específicos e mais detalhados; facilidade para o paciente com impossibilidade de frequentar o consultório odontológico; oferecimento de acompanhamento clínico e tratamento específico e relacionamento integral entre equipe, paciente e instituição".

Contudo, Morais et al (2006) mencionam que o cirurgião-dentista enfrenta vários obstáculos em equipes multidisciplinares na UTI, desse modo, a prioridade para o procedimento odontológico é baixa diante dos inúmeros problemas que o paciente possui. A conscientização por parte de familiares, paciente, enfermeiros e toda equipe envolvida sobre a importância da higienização bucal periódica precisa ser feita pela Odontologia Hospitalar que deve mostrar uma melhor condição de saúde da população e reforçar a essencialidade da multidisciplinaridade (FLORES, FERIGOLLO, 2016).

Diante disso, há fortes argumentos para que o cirurgião-dentista faça parte da equipe multidisciplinar de profissionais da área da saúde. A Resolução - RDC nº 7, de 24 de fevereiro de 2010, da Diretoria da Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no artigo 18 menciona que deve ser garantido por meios próprios ou terceirizado, que é por obrigatoriedade à beira do leito ser proporcionado os serviços de assistência odontológica (BRASIL, 2010).

Nesse contexto, "cabe ao cirurgião dentista preparar uma equipe de Odontologia Hospitalar, incluindo nos procedimentos equipamentos, materiais e ins-trumentais adequados ao atendimento e um preparo profissional especializado" (DORO et al, 2006). Nesse âmbito, a inserção do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar em equipes multidisciplinares é indispensável para que o paciente internado seja tratado de forma integral, resultando em uma melhor qualidade de vida, redução no internamento e aumento nas chances do processo de cura. No

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Capítulo 3 será evidenciada a importância do trabalho multidisciplinar da área da saúde aos pacientes hospitalizados.

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3 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Em uma UTI o objetivo comum é a recuperação do paciente em tempo hábil, num ambiente físico e psicológico adequados, onde a atitude particular de cada membro da equipe que ali trabalha está orientada para o aproveitamento das facilidades técnicas existentes, aliadas a um bom relacionamento humano. Para um trabalho em equipe deve existir, além do espírito de equipe, o respeito mútuo entre os membros da mesma, para que cada um desempenhe harmonicamente o seu papel em área de sua responsabilidade, através da união de conhecimentos, experiências e habilidades. Em qualquer situação, a formação de uma equipe multiprofissional está sempre na dependência das necessidades do paciente e baseia-se nos objetivos da unidade. (KAMADA, 1978)

Observa-se que nos anos 70, segunda a autora acima, a equipe de Unidade de Terapia Intensiva era composta por Enfermeiros, Médicos, Fisioterapeutas, Nutricionistas e Teólogos. Atualmente, a equipe aderiu mais profissionais para ajudar na recuperação dos pacientes hospitalizados, além dos profissionais mencionados, técnicos de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais e farmacêuticos entraram no grupo de saúde intensivo, devido as necessidades que as pessoas internadas em UTI’s apresentavam, principalmente quanto ao tratamento bucal destes. Devido a isto, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal, em 2 de outubro de 2013 aprovou o Projeto de Lei- PLC 34/2013 que obriga a prestação de assistência odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar, portadores de doenças crônicas e atendidos em cuidados domiciliares. Ou seja, o profissional da área odontológica passou a compor a equipe multidisciplinar na UTI, pois, pacientes sem condições mínimas de fazer a escovação necessitavam de um profissional na área de Odontologia com o objetivo de prevenir doenças como a candidíase e outras infecções oportunistas. “Esse problema propicia a colonização do biofilme bucal por microrganismos patogênicos, especialmente respiratórios”(TEREZA, 2013).

Contudo, a participação do cirurgião-dentista na equipe hospitalar, mesmo com a crescente sinalização das políticas públicas quanto à importância da sua integração nos diversos níveis de atenção à saúde, ainda ocorre de modo muito incipiente. (FIGUEIREDO et al., 2013)

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De acordo com Wayama et al. (2014) existe um fator que causa esse problema, sendo “a falta de informações, por parte dos profissionais da área da saúde, quanto à atuação do cirurgião-dentista no hospital”. Por outro lado, segundo Aranega et al. (2012) afirmam que existe uma postura temerária por muitos cirurgiões-dentistas em relação ao desafio de atuarem em hospitais, pois, a rotina e atividades em âmbito hospitalar é mais complexa do que as executadas no consultório.

3.1 A VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE SOBRE A INSERÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA EM UTI’S

O trabalho em equipe multiprofissional é uma modalidade coletiva que consiste numa interação entre as diferentes áreas profissionais (PEDUZZI, 2001). A atenção à saúde bucal é uma importante estratégia que deveria fazer parte das ações de cuidado integral dos pacientes hospitalizados. Assim, o cirurgião-dentista assume um novo papel no desafio de somar esforços, atuando de modo incisivo no ambiente hospitalar (ARAÚJO, 2009). Essa importância dos cuidados aos pacientes internados em ambiente hospitalar, segundo Freitas et al. (2010) se sustenta no fato deste apresentar, em sua cavidade bucal, bactérias gram-negativas decorridas de patologias periodontais ou do excesso de cáries, que interferem na saúde geral do paciente. Conforme estudos dos autores, infecções bucais com bacteremias transitórias podem levar a caracterizadas complicações sistêmicas.

Os pacientes são assistidos por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros. Essas especialidades se relacionam com o objetivo de somar importantes benefícios ao paciente. No entanto, a atuação do cirurgião-dentista em uma equipe disciplinar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ainda é expressiva, não sendo comum a presença destes profissionais nesse ambiente complexo. (DIAS, MONTENEGRO, 2013)

Para a manutenção da condição bucal adequada de pacientes internados em UTIs é importante a inclusão do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar com o objetivo de diminuir o quadro de agravamento da saúde do paciente, o tempo de internação e o custo do tratamento (AMARAL et al., 2013). Os estudos de Araújo et

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al. (2009) comprovam que a visão dos profissionais entrevistados em sua pesquisa, 86%, consideram importante a atuação do profissional da área de Odontologia, além de acreditarem que, sua participação na equipe multidisciplinar pode contribuir para uma melhora na condição de saúde bucal desses pacientes.

O tratamento do paciente internado, numa abordagem integral, requer a atuação de uma equipe multiprofissional e essa conduta favorece a melhora do quadro clínico do paciente. (FIGUEIREDO, 2013). A Secretaria de saúde de São Paulo (2012) afirma que a inserção da Odontologia hospitalar “se define como um conjunto de ações preventivas, diagnósticas, terapêuticas e paliativas em saúde bucal, executadas em instituições hospitalares e inseridas no contexto de atuação da equipe multidisciplinar.”

Em sua pesquisa, Araújo et al. (2009) afirmam que “nos hospitais do Brasil que possuem o controle de infecção bucal o controle do biofilme oral, de forma geral, é realizado pela equipe de enfermagem”.

O tratamento odontológico em pacientes hospitalizados se faz necessário tanto para evitar o desenvolvimento de doenças sistêmicas, como para diminuir as consequências daquelas já instaladas, resultando em um relacionamento direto entre cirurgião-dentista, paciente, equipe e instituição (BARROS, et al. 2011)

Slawki et al. (2012) demonstram a referida importância, bem como a necessidade de atuação do cirurgião-dentista em UTI. Porém, embora a atuação dos cirurgiões-dentistas seja reconhecida pelos profissionais que atuam nessa área (RABELO, 2010), a literatura moderna demonstra que esta prática ainda é muito escassa, conforme estudos de Araújo et al. (2009).

3.1.1 A importância do trabalho multiprofissional aos pacientes hospitalizados em uti’s

A UTI, por definição, é uma área de convergência multiprofissional voltada para o atendimento de pacientes com potencial ou efetivo comprometimento das funções vitais, decorrentes de falhas de um ou mais sistemas orgânicos. Portanto, é considerada o nível mais complexo e avançado dentro da hierarquia hospitalar (FALCÃO et al., 2006).

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O paciente internado na UTI necessita de cuidados especiais, dirigidos não apenas para os problemas fisiopatológicos, mas também para as questões psicossociais, ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas à doença física. Isso reflete a importância da presença de uma equipe multidisciplinar neste ambiente para a tomada de decisões conjuntas, baseadas na sólida compreensão das condições fisiológicas e psicológicas dos pacientes, buscando sempre o conforto do mesmo (ARAÚJO et al., 2009).

O autor menciona todos os fatores essenciais que habilitam os profissionais aos cuidados dos pacientes internados em UTI’s e que tais cuidados visam o conforto e a saúde geral do mesmo. A equipe multidisciplinar precisa ser coordenada por profissionais de diversas áreas, principalmente com a presença do cirurgião-dentista, pois, a literatura mostra que o comprometimento da saúde oral por infecções como cárie, gengivite e doença periodontal podem interferir nas condições sistêmicas dos pacientes contribuindo para o aumento do tempo e custo do tratamento hospitalar, além de afetar de forma direta a qualidade de vida dos pacientes (BATISTA et al., 2014).

Os pacientes hospitalizados em condições críticas de mobilidade, muitas vezes, não conseguem ou não podem fazer uma higiene bucal adequada, necessitando de uma equipe multiprofissional de saúde para essa e outras atividades. Gomes e Esteves (2012) corroboram que a aquisição e manutenção da saúde bucal garantem uma maior integração da Odontologia e da Medicina visando o tratamento universalizado, para que a recuperação do paciente seja de forma geral.

O biofilme dental se prolifera de maneira rápida por causa do acamado não possuir barreira imunológica, pois, os pacientes encontram-se imunossuprimidos, apresentando hipossalivação, dimuindo a autolimpeza natural da cavidade bucal. (WETSPHAL, LEITÃO, 2008). Amaral et al. (2013) relatam os diversos motivos da deficiência de autolimpeza bucal: redução do fluxo salivar devido ao uso de alguns medicamentos, redução da ingestão de alimentos duros e fibrosos, sangramentos espontâneos da mucosa bucal, diminuição dos movimentos da língua e das bochechas e a presença de ressecamento e fissuras labiais.

Em praticamente sua totalidade, os pacientes internados em UTI’s encontram-se inaptos a realizarem a atividade de escovação adequada e eficiente, sendo necessário um suporte profissional devidamente capacitado, preciso e bem

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orientado, proporcionando a adequação ou reestabelecimento da qualidade do meio bucal desses pacientes (LIMA, et al. 2011).

Uma equipe multidisciplinar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) necessita da atuação de um cirurgião-dentista para manter a higiene bucal, prevenir infecções bucais, manter a mucosa lubrificada e, além de prevenir e garantir o cuidado do paciente, possibilitar o conforto e qualidade de vida do mesmo (ABIDIA, 2007).

A atuação da equipe multiprofissional objetiva a diminuição de tempo de internação, diminuição do alto índice de doenças periodontais e infecções respiratórias secundárias nos pacientes internados em UTI’s. Para isto, a Associação Brasileira de Medicina Intensiva (AMIB) reuniu conhecimento entre enfermeiros e cirurgiões-dentistas com o objetivo de elaborar o procedimento operacional padrão (POP) de higiene bucal ao paciente crítico, condutas padronizadas, integradas, para minimizar os efeitos deletérios da má higienização bucal nestes pacientes (AMIB, 2014).

De acordo com Moraes & Ongaro (1998), no encontro entre o profissional de saúde e o paciente prevalece, geralmente, a representação de papéis sociais estereotipados, no qual o profissional exibe pouca ou nenhuma emoção, procurando manter a neutralidade em sua postura profissional. Nesse contexto, Caprara & Rodrigues (2004) enfatizam que o médico não é estimulado a pensar o paciente como um ser psicossocial, em especial no que se refere a algumas dificuldades, tais como a limitação em lidar com a dinâmica familiar (e suas relações) e com os medos e ansiedades acerca da doença e seus sintomas.

Após uma fase de ênfase no desenvolvimento tecnológico da Odontologia e de busca pelo conhecimento biológico para promover a saúde bucal, surge um momento da educação odontológica denominada psicossocial. Nesta fase, pressupõe-se que os profissionais da Odontologia sejam tecnicamente capazes, psicologicamente sensíveis e biologicamente orientados para analisar os fatores psicossociais presentes na relação profissional-paciente (MORAES E ONGARO, 1998) em conjunto com profissionais de outras especialidades para beneficiar a saúde completa da pessoa que se encontra em condições submissas em UTI.

É necessário ressaltar que a interação entre cirurgiões-dentistas e a equipe de saúde profissional nos hospitais trará benefícios ao paciente, sendo uma delas, diagnosticar e controlar alterações orais, bem como contribuir e orientar na

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higienização bucal, que geralmente é realizada por auxiliares de enfermagem, com o intuito de diminuição do risco de alterações sistêmicas através destes procedimentos e infecções hospitalares associadas a condições orais, reduzindo o tempo de internação. (BATISTA et all., 2014).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O capítulo 1 abordou o assunto e o conceito sobre Odontologia Hospitalar, área aliada ao hospital e que vai muito além da cirurgia bucomaxilofacial. Para que esta se solidifique no ambiente hospitalar, haja necessário uma equipe multiprofissional para dar suporte aos internados. Através das pesquisas, observou-se que a atuação do cirurgião-dentista neste grupo de profissionais ainda é um paradigma que enfrenta muitas barreiras. Haja vista a necessidade deste profissional, pois, o paciente acamado adquire doenças bucais que provém da incapacidade deste de fazer uma higiene bucal adequada por conta de seu estado físico na UTI. A Lei nº 2776/2008, de 27 de maio de 2013 obriga a presença de uma pessoa capacitada na área de Odontologia para prestar assistência à pacientes internados e portadores de doenças crônicas. A ausência deste colaborador no ambiente hospitalar causa diversas consequências de má higiene bucal como infecções nosocomiais, que são originadas através da inadequada higiene bucal favorecendo para as condições de crescimento de placas bacterianas em pacientes internados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O capítulo 2 enfatizou a importância do cirurgião-dentista na UTI, afirmando que sua presença favorece a saúde integral dos pacientes acamados em conjunto com outros profissionais que compõem a equipe, como médicos, enfermeiros, nutricionistas e fisioterapeutas. Para que haja a descontaminação da cavidade oral do paciente, métodos como profilaxia dentária e técnicas de escovação são utilizadas minimizando e prevenindo doenças bucais. Pesquisas mostraram que o acompanhamento do cirurgião-dentista habilitado é necessário ao paciente para o diagnóstico e tratamento de possíveis doenças que poderão ocorrer na UTI.

A equipe multidisciplinar precisa trabalhar harmonicamente e respeitar cada área envolvida na promoção da saúde integral do paciente. O capítulo 3 inferiu que a formação de equipe multiprofissional depende da necessidade dos pacientes e precisa estar alinhada aos objetivos da unidade. Porém, mesmo com leis e políticas públicas sinalizando a importância do cirurgião-dentista em UTI, a integração deste profissional enfrenta dificuldades como a falta de informações por parte dos próprios colegas da área da saúde que não entendem a atuação do profissional em Odontologia e sua importância para o paciente. No entanto, verificou-se que os cirurgiões-dentistas possuem um ato temerário quanto as atividades exercidas no

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consultório quanto as rotinas do hospital público. Em suma, o biolfime dental se prolifera de forma muito rápida, causando doenças nosocomiais, por conta da pessoa internada estar com sua imunodeficiência baixa, diminuindo a autolimpeza natural.

Inferiu-se que a presença deste profissional se faz necessária no âmbito hospitalar, em uma equipe multiprofissional, dando suporte aos pacientes em regime de internação intensa, evitando assim infecções nosocomiais, gengivite, a xerostomia e periondotite. No entanto, sua integração ainda é de forma lenta neste local de trabalho, por conta da falta de informações por profissionais de outras áreas da saúde, bem como o medo do cirurgião-dentista em atuar neste ambiente complexo. Desse modo, além das políticas públicas, os profissionais da área odontológica devem trabalhar mais para que ocorra a integração destes profissionais de forma completa, objetivando a saúde integral da pessoa acamada em UTI.

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