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Perícia e laudo pericial contábil no processo de reclamatória trabalhista

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS,

ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

MARIA FERNANDA CARDOSO DE OLIVEIRA CLEBSCH

PERÍCIA E LAUDO PERICIAL CONTÁBIL NO PROCESSO DE

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

(Relatório do Trabalho de Conclusão do Curso)

(2)

MARIA FERNANDA CARDOSO DE OLIVEIRA CLEBSCH

PERÍCIA E LAUDO PERICIAL CONTÁBIL NO PROCESSO DE

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado no Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação - Curso de Ciências Contábeis da UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Profº Orientador: IRANI PAULO BASSO

(3)

“Há ao menos duas maneiras básicas de conseguir sucesso na vida.

Ou você possui um talento excepcional em alguma área de atividade e explora isso, ou você segue o caminho comum e correto de disciplina, estudo, esforço, humildade, privações e trabalho para conseguir o que deseja.

Em qualquer uma delas, não existe sonhos se realizando da noite pro dia. Nenhuma árvore nasce, cresce e oferece frutos instantaneamente. Tudo

demanda trabalho, paciência e dedicação.

E também não existe sorte. O que existe é estar no lugar certo, na hora certa - mas não por coincidência, mas por estar ativo no jogo! Não existe essa estória de marcar um gol estando no banco de reservas.

Você tem que estar em campo, chamando o jogo pra si, tomando a responsabilidade: a responsabilidade por si próprio, de quem faz a própria vida, e de quem não espera, mas faz acontecer”.

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RESUMO

A Perícia Contábil consiste em um conjunto de procedimentos, os quais têm como intuito apresentar elementos que comprovem a veracidade de fatos, mediante provas materiais (documentos/registros) e/ou imateriais (depoimentos, etc.), podendo ser realizada apenas por profissional contador devidamente registrado no CRC de seu Estado. O Perito Contador nomeado na Perícia Trabalhista tem como função apresentar em seu Laudo Pericial, além de respostas aos quesitos, transformar uma petição em numerários, de forma a calcular possíveis valores que não foram pagos corretamente ao reclamante. Nesse mesmo contexto, o presente trabalho tem como objeto de estudo oito Reclamatórias trabalhistas transitadas em julgado na Vara do Trabalho de Ijuí-RS, nas quais foram analisados os Laudos Periciais, quanto a apresentação, se os mesmos atendem as normas do CFC relacionadas à Perícia Contábil, bem como, a análise completa da atuação técnica do Perito em uma das Reclamatórias que compuseram a amostra de estudo, objetivando ampliar a compreensão da prática pericial, revisando metodologias e cálculos por ele praticados naquele Processo de Reclamatória Trabalhista. Em relação à estrutura dos Laudos Periciais, foi possível constatar que os mesmos atendem parcialmente os normativos do CFC, ou seja, alguns laudos não contêm todos os elementos ditados pelas normas do CFC, porém atendem ao objetivo principal que é de auxiliar o Magistrado na decisão da sentença. Ao refazer os cálculos apresentados pelo Perito Contador no Laudo de Liquidação de Sentença, foram constatadas divergências nos procedimentos utilizados pelo profissional; essas diferenças, consequentemente impactaram no valor final a pagar pela Reclamada.

PALAVRAS-CHAVE: Contabilidade. Perito Contador. Liquidação de Sentença. Ação Trabalhista.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Controle de horas extras conforme registro de ponto ... 56

Quadro 2 - Diferenças de horas extras em reais - 2006 ... 65

Quadro 3 - Diferenças de horas extras em reais - 2007 ... 65

Quadro 4 - Diferenças de horas extras em reais - 2008 ... 66

Quadro 5 - Diferenças de horas extras em reais - 2009 ... 66

Quadro 6 - Diferenças de horas extras em reais - 2010 ... 66

Quadro 7 - Variação do Salário Mínimo Nacional ... 68

Quadro 8 - Valor do salário de acordo com a função ... 68

Quadro 9 - Variação do Salário Normativo da Categoria Sindical ... 69

Quadro 10 - Cálculo do valor da hora extra normal (Recalculado)... 70

Quadro 11 - Cálculo do valor da hora extra noturna (Recalculado) ... 71

Quadro 12 - Exemplo do cálculo do valor da hora extra ... 73

Quadro 13 - Exemplo do cálculo dos reflexos de horas extras em repouso remunerado ... 73

Quadro 14 - Cálculo do valor dos dias de repouso remunerado (Recalculado) ... 73

Quadro 15 - Determinação da média física do período de abrangência (Recalculado) ... 76

Quadro 16 - Reflexo das diferenças de horas extras em 13º salários em reais (Recalculado) . 76 Quadro 17 - Determinação da média física do período aquisitivo de férias (Recalculado) ... 78

Quadro 18 - Reflexo das diferenças de horas extras em férias (Recalculado) ... 79

Quadro 19 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2006 ... 81

Quadro 20 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2006 (Recalculado) ... 81

Quadro 21 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2007 ... 81

Quadro 22 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2007 (Recalculado) ... 82

Quadro 23 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2008 ... 82

Quadro 24 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2008 (Recalculado) ... 82

Quadro 25 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2009 ... 83

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Quadro 26 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção

de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2009 (Recalculado) ... 83

Quadro 27 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2010 ... 84

Quadro 28 - Conversão dos valores devidos em número de Fatores de Atualização e Correção de Débitos Trabalhistas (FACDT’s) - 2010 (Recalculado) ... 84

Quadro 29 - Férias indenizadas 2009/2010 mais 1/3 constitucional ... 85

Quadro 30 - Férias indenizadas 2009/2010 mais 1/3 constitucional (Recalculado) ... 85

Quadro 31 - Cálculo do valor base para o cálculo das férias indenizadas 2009/2010 ... 85

Quadro 32 - Reflexos das parcelas no FGTS ... 86

Quadro 33 - Reflexos das parcelas no FGTS (Recalculado) ... 87

Quadro 34 - Valores atualizados das diferenças de horas extras e reflexos até 01.04.2012 .... 88

Quadro 35 - Valores atualizados das diferenças de horas extras e reflexos até 10.07.2012 (Recalculado) ... 88

Quadro 36 - Tabela de incidência de INSS ... 89

Quadro 37 - Tabela de incidência de INSS - 01.05.2005 a 31.03.2006 ... 90

Quadro 38 - Tabela de incidência de INSS - 01.04.2006 a 31.07.2006 ... 90

Quadro 39 - Tabela de incidência de INSS - 01.08.2006 a 31.03.2007 ... 91

Quadro 40 - Tabela de incidência de INSS - 01.04.2007 a 31.12.2007 ... 91

Quadro 41 - Tabela de incidência de INSS - 01.01.2008 a 29.02.2008 ... 91

Quadro 42 - Tabela de incidência de INSS - 01.03.2008 a 31.01.2009 ... 91

Quadro 43 - Tabela de incidência de INSS - 01.02.2009 a 31.12.2009 ... 91

Quadro 44 - Tabela de incidência de INSS - 01.01.2010 a 31.12.2010 ... 91

Quadro 45 - Retenções para o INSS sobre as diferenças salariais devidas ao Reclamante ... 91

Quadro 46 - Retenções para o INSS sobre as diferenças salariais devidas ao Reclamante (Recalculado) ... 92

Quadro 47 - Retenções para o INSS parte patronal dos encargos previdenciários sobre as diferenças salariais devidas ao Reclamante ... 93

Quadro 48 - Contribuição Previdenciária da Reclamada ... 93

Quadro 49 - Contribuição Previdenciária da Reclamada (Recalculado) ... 93

Quadro 50 - Juros sobre os débitos trabalhistas - 18.12.2009 a 01.04.2012 ... 94

Quadro 51 - Juros sobre os débitos trabalhistas - 18.12.2009 a 10.07.2012 (Recalculado) ... 94

Quadro 52 - Tabela progressiva mensal para o cálculo do IRRF - ano calendário 2012 ... 95

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Quadro 54 - Retenção fiscal (Recalculado) ... 96

Quadro 55 - Discriminação do valor líquido ... 96

Quadro 56 - Atualização dos honorários do Perito Contador ... 96

Quadro 57 - Atualização dos honorários do Perito Contador (Recalculado) ... 96

Quadro 58 - Resumo geral dos valores devidos atualizados até 01.04.2012... 97

Quadro 59 - Resumo geral dos valores devidos atualizados até 10.07.2012 (Recalculado) .... 97

Quadro 60 - Dados da pesquisa sobre Laudos Periciais ... 99

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. Artigo CC Código Civil

CF Constituição Federal

CFC Conselho Federal de Contabilidade CLT Consolidação das Leis do Trabalho CPC Código do Processo Civil

CRC Conselho Regional de Contabilidade CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social DSR Descanso Semanal Remunerado

FACDT Fator de Atualização e Conversão dos Débitos Trabalhistas FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

INSS Instituto Nacional do Seguro Social IRRF Imposto de Renda Retido na Fonte

NBC PP Norma Brasileira de Contabilidade Profissional do Perito NBC TP Norma Brasileira de Contabilidade Técnica do Perito PRT Processo de Reclamatória Trabalhista

STF Supremo Tribunal Federal TRT Tribunal Regional do Trabalho TST Tribunal Superior do Trabalho

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 13

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA EM ESTUDO ... 13

1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO ... 14 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ... 14 1.4 OBJETIVOS ... 15 1.4.1 Objetivo geral ... 15 1.4.2 Objetivos específicos ... 16 1.5 JUSTIFICATIVA ... 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 18 2.1 CONTABILIDADE ... 18

2.1.1 Objeto, objetivos e finalidade ... 18

2.1.2 Princípios de contabilidade ... 19

2.1.3 Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) e o Código de Ética ... 20

2.1.4 Técnicas básicas da Contabilidade ... 21

2.2 AUDITORIA – CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ... 22

2.3 PERÍCIA CONTÁBIL ... 23

2.3.1 Diferenças entre auditoria e perícia ... 24

2.3.2 Normas da perícia contábil ... 25

2.3.3 Classificação da perícia contábil ... 27

2.3.4 Nomeação do Perito Contador e indicação do Perito Assistente ... 28

2.3.5 Responsabilidades e penalidades ... 29

2.3.6 Impedimento legal, técnico-científico e suspeição ... 30

2.3.7 Fases da perícia ... 32

2.3.8 Quesitos ... 33

2.3.9 Termo de diligência ... 34

2.3.10 Procedimentos da perícia contábil ... 34

2.3.11 Laudo pericial contábil e parecer pericial contábil ... 35

2.3.12 Honorários profissionais ... 39

2.4 PROCESSO TRABALHISTA ... 40

(10)

2.4.2 Audiência ... 42 2.4.3 Conciliação ... 42 2.4.4 Contestação ... 43 2.4.5 Provas. ... 43 2.4.6 Liquidação de sentença ... 44 3 METODOLOGIA DO ESTUDO ... 46 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 46

3.1.1 Quanto à sua natureza ... 46

3.1.2 Quanto à forma de abordagem do problema ... 46

3.1.3 Quanto aos seus objetivos ... 47

3.1.4 Quanto aos seus procedimentos técnicos ... 47

3.2 PLANO DE COLETA DE DADOS ... 48

3.2.1 Instrumentos de coleta de dados ... 48

3.3 PLANO DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 48

4 ESTUDO APLICADO ... 50

4.1 PROCESSO DE RECLAMATÓRIA TRABALHISTA - O CASO ... 50

4.1.1 Caracterização das Partes e do Processo ... 52

4.1.2 As Provas Periciais na Fase de Instrução do Processo ... 54

4.1.3 Cálculo de Liquidação de Sentença ... 63

4.2 PESQUISA EMPÍRICA SOBRE LAUDOS PERICIAIS ... 98

4.2.1 Conclusões ... 100

4.2.2 Recomendações ... 101

CONCLUSÃO ... 103

REFERÊNCIAS ... 106

ANEXO A – DEMONSTRATIVO DOS VALORES DEVIDOS A PREVIDÊNCIA SOCIAL - INSS ... 114

(11)

INTRODUÇÃO

A Ciência Contábil ao longo de um período histórico veio consolidando sua importância nas diversas áreas de sua atuação. Com o passar dos tempos, as organizações foram percebendo a real necessidade e importância de obter orientação junto a um profissional contábil a fim de lhes auxiliar nas tomadas de decisões e não somente por ser uma exigência do fisco. O estudo da contabilidade proporciona ao estudante e futuro profissional atuar em diversas áreas, deixando-o habilitado para o mercado de trabalho.

Ao final do Curso de Ciências Contábeis ocorre a necessidade de elaboração de um trabalho de conclusão do curso, onde os acadêmicos devem escolher um tema (estudado no decorrer do curso) com intuito de aprofundar seus conhecimentos na área escolhida.

Nesse contexto, devido ao grande aumento na demanda de processos trabalhistas, a Perícia Contábil tornou-se uma área que está chamando cada vez mais a atenção dos Profissionais da Contabilidade, portanto, o presente trabalho terá como tema a Perícia Contábil, atividade esta, prerrogativa do Bacharel em Ciências Contábeis, devidamente registrado do CRC de seu Estado. Um profissional Perito pode atuar em diversas áreas, dentre elas, o foco do presente trabalho se voltará para o setor trabalhista, ou seja, em Processos de Reclamatórias Trabalhistas.

A Perícia consiste no exame e verificação de documentos, devendo ser feita por profissional devidamente capacitado, com intuito de esclarecer determinado fato e/ou acontecimento, devendo o Perito, após a conclusão do trabalho, emitir laudo ou parecer pericial de acordo com as normas e legislação vigentes. A verificação, conforme a NBC TP 01, é feita mediante os procedimentos de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação e/ou certificação. Em síntese, a perícia está voltada para a produção de provas em relação a determinado fato, com intuito de esclarecer as partes e/ ou auxiliar o Magistrado na decisão da sentença.

Em processos trabalhistas, quem nomeia ou verifica a necessidade de um Perito é o Juiz, o qual, mediante uma “lista de nomes”, designa um profissional de sua confiança para fazer o trabalho; é possível observar que a profissão deixa oportunidades somente para os bons profissionais, uma vez que, não demonstrando profundos conhecimentos acerca da área, este não será designado a realizar perícias. A perícia não é diferente das demais áreas de atuação que cercam a Contabilidade, dessa maneira, o profissional, além de ser profundo conhecedor de todas as áreas da Contabilidade, principalmente no que tange a auditoria e

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perícia, deve estar constantemente se atualizando mediante programas de capacitação, treinamentos, educação continuada e especialização.

O presente trabalho de conclusão do curso é composto de quatro capítulos. O primeiro capítulo corresponde à contextualização de estudo, onde será abordado o tema de estudo, juntamente com a justificativa dos motivos da realização, bem como definição da questão problema a ser respondida no decorrer dele; o segundo capítulo corresponde a fundamentação teórica, onde é abordado a parte teórica acerca da atividade e da profissão, buscando na literatura fundamentos para compreensão da temática; o capítulo três refere-se à metodologia do trabalho e ao plano de coleta de dados, onde são identificados os procedimentos e métodos para a realização do estudo e do trabalho de conclusão do curso; por fim, o quarto capítulo se refere a parte prática da perícia contábil trabalhista e a análise da estrutura de laudos periciais.

(13)

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

A Contabilidade tem como origem a necessidade de controle dos bens que com o passar dos tempos se tornou praticamente indispensável para as organizações, se constituindo em um ramo das ciências sociais que tem como objeto de estudo o patrimônio e suas variações. Tem como objetivo, através da coleta e registro dos dados, apresentar a situação econômica e financeira de uma entidade, de forma a auxiliar o gestor na tomada de decisão e gerenciamento da empresa.

Várias são as áreas em que a contabilidade se explicita, dentre elas destacam-se: ambiental, controladoria, custos, auditoria, atuarial, tributária, perícia, dentre outras, seja na iniciativa privada seja no setor público. A Perícia Contábil tem como objetivo mostrar a “realidade dos fatos” mediante elaboração de laudos e pareceres periciais, os quais têm o intuito de auxiliar as partes e o Juiz em sua decisão acerca da petição a qual é requerida em um processo.

Nesse contexto, o primeiro capítulo apresenta inicialmente a contextualização do estudo, após, a definição do tema, seguido pela caracterização da organização onde o trabalho será realizado que nesse caso refere-se ao processo trabalhista a ser estudado, bem como da problematização do tema, dos objetivos gerais e específicos e da justificativa do tema, a qual tem como intuito demonstrar a importância do estudo realizado, bem como suas contribuições.

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA EM ESTUDO

A área de estudo é da Auditoria, com aplicação prática em Perícia Contábil, a qual corresponde à verificação de fatos ligados ao patrimônio, que objetiva demonstrar a verdade em relação à determinada situação, mediante laudo pericial. Dentre as diversas modalidades de Perícias, o estudo se voltará para a esfera judicial na Justiça do Trabalho, ou seja, a Perícia Trabalhista, onde o profissional Perito atua como mediador chamado pelo Magistrado para elucidar divergências entre litigantes, geralmente entre empregados e empregadores de diversas espécies. Em geral, essas reclamações trabalhistas referem-se a salários, horas extras, registros dos empregados e outros direitos relacionados às atividades executadas (relações de trabalho).

A Perícia Contábil pode ser realizada apenas por profissional contador devidamente registrado no CRC de seu Estado. A função de um profissional Perito é atuar (auxiliar) de

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forma imparcial e direta com o Juiz em suas decisões de instrução e especialmente na fase final de uma reclamatória, transformando as decisões em numerário, devendo, portanto, depois de solicitados documentos e feitas as análises e constatações pertinentes, expressar seus cálculos em forma de laudo, o qual servirá como meio de prova em que se baseará o Juiz para resolução de determinado processo. Conforme Sá, um laudo pericial contábil não pode basear-se apenas em opiniões, suposições e testemunhos de terceiros, mas também em materialidades de natureza contábil e em fatos concretos. (SÁ 2007).

1.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO

Serão objetos de estudo, uma amostra de processos de reclamatória trabalhista transitado em julgado na Vara do Trabalho de Ijuí-RS e que contenham perícia contábil. A seleção será feita de forma aleatória na distribuição da Vara local. Alguns dados como nome das partes, entre outros, que de alguma maneira possam identificar os envolvidos, serão omitidos em razão do sigilo e ética profissional.

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

A Perícia Contábil consiste em um conjunto de procedimentos, os quais têm como intuito apresentar elementos que comprovem a veracidade dos fatos mediante provas materiais (documentos/registros) e/ou imateriais (depoimentos, etc.), a fim de subsidiar o Magistrado mediante elaboração de laudo pericial em sua decisão na fase de instrução e/ou na fase de liquidação da sentença. Nesse mesmo contexto deve atuar um Perito Contador ao ser nomeado por um Juiz para atuar em uma Perícia Trabalhista, onde deve procurar saber o máximo de informações pertinentes ao caso, a fim de não cometer erros ou equívocos e agir com ética, imparcialidade e responsabilidade, de acordo com as normas e legislação cabíveis à profissão.

A função do Perito Contador nomeado na Perícia Trabalhista, além de apresentar respostas a quesitos, é transformar dúvidas em dados físicos e/ ou monetários, de forma a calcular possíveis itens e valores não pagos corretamente ao reclamante; dessa maneira, identificando possíveis encargos pertinentes, bem como indenizações. É através desses laudos emitidos pelo Perito que o Juiz tomará sua decisão em relação à sentença. Vale ressaltar ainda que o laudo emitido pelo Perito pode não ser elemento decisivo na tomada de decisão por parte do Magistrado, podendo revelar insegurança e contradições e/ou estar em desacordo

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com a legislação; nesse caso, pode o Juiz solicitar nova perícia mediante nomeação de um novo Perito de sua confiança, conforme explica Zanna (2005, p.234-235):

[...] quando, por fim, o laudo de esclarecimentos ou o laudo complementar não satisfazer às necessidades para o julgamento do feito, seja por críticas feitas pelas partes ou por impedimentos de qualquer natureza, ou, ainda, por decisão do próprio juiz, principalmente por não alcançar a verdade real que lhe dá a convicção a respeito dos fatos que servem de fundamento para que possa protocolar uma sentença, nova perícia será determinada. Esta, sempre, será por outro profissional.

Acerca da profissão, um dos requisitos essenciais para a atuação de um Perito é a constante atualização, ou seja, deve o profissional comprovar participação em programas de educação continuada regulamentadas pelo CFC.

Em uma das reclamatórias constantes da amostra de estudo, é realizado o estudo de revisão dos cálculos periciais trabalhistas, diante a necessidade da autora em estudar tecnicamente os procedimentos adotados pelo Perito na realização dos mesmos, assim como, em relação a amostra selecionada para a pesquisa sobre a confecção do laudo pericial, ocorre a necessidade de investigação e verificação se os mesmos estão de acordo com o que estabelecem a legislação e as normas técnicas do Conselho Federal de Contabilidade; logo se questiona: Estão adequados e corretos os procedimentos dos cálculos utilizados pelo Perito Contador para transformar a sentença do Magistrado em valores e, subsidiariamente, como estão elaborados os laudos periciais diante o que estabelecem a legislação e as normas técnicas de contabilidade a eles aplicáveis?

1.4 OBJETIVOS

Os objetivos visam estabelecer o que ser quer atingir com a realização do trabalho de conclusão do curso, tanto em relação aos propósitos de sua inclusão do currículo do curso como quanto aos propósitos da acadêmica. Neste contexto, busca-se, através de uma amostra de reclamatórias trabalhistas que contenham laudos periciais, respostas de forma satisfatória aos questionamentos citados na problematização, como se explicita a seguir.

1.4.1 Objetivo geral

Analisar um dos processos que compõe a amostra, identificando a correção dos procedimentos técnicos, normativos e legais pertinentes, bem como, a tomada de todos os

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laudos periciais da amostra de reclamatórias trabalhistas para a identificação das metodologias utilizadas pelos profissionais Peritos em suas tarefas expressas nos laudos elaborados.

1.4.2 Objetivos específicos

− Pesquisar na bibliografia referente temas que envolvem o tema de estudo como Contabilidade, Auditoria, Perícia Contábil e a Legislação Trabalhista;

− Analisar por completo um processo de reclamatória trabalhista com intuito de conhecer as partes que o compõem;

− Refazer os cálculos periciais efetuados pelo Perito em seu laudo de liquidação de sentença;

− Analisar a adequação dos procedimentos técnicos utilizados pelo Perito na elaboração dos cálculos, às normas do CFC relacionadas à Perícia Contábil;

− Sugerir ajuste de procedimentos caso sejam necessários;

− Analisar comparativamente os laudos emitidos pelos Peritos nos PRTs da amostra quanto sua adequação com as normas do CFC relacionadas à Perícia Contábil;

1.5 JUSTIFICATIVA

Ao final do curso de Graduação em Ciências Contábeis se faz necessário elaborar um trabalho de conclusão do curso, onde é possível a escolha de qualquer assunto relacionado ao curso e/ ou estudado no decorrer dele. Nesse contexto, a área contemplada foi a da Auditoria, com foco na Perícia Contábil voltada para a esfera Trabalhista. Em virtude de já possuir conhecimentos na área fiscal e contábil, ocorreu a necessidade de aprimorar e ampliar os conhecimentos no que tange a parte trabalhista, tendo ainda em vista as oportunidades que o mercado de trabalho apresenta, bem como o crescimento na demanda.

Segundo a legislação, a execução da Perícia Contábil somente pode ser realizada por Perito Contador com nível superior, devidamente registrado no CRC e que seja profundo conhecedor do assunto periciado, encontra-se nesta área um ramo de atuação para profissionais da Contabilidade que desejam adquirir conhecimento, experiência, reconhecimento profissional e principalmente a confiança do Magistrado, uma vez que, quem nomeia o Perito para a Perícia Contábil Trabalhista é o Juiz.

Para o Curso de Ciências Contábeis da Unijuí, como o trabalho torna-se uma fonte de pesquisa, o estudo é de significativa importância, uma vez que poderá auxiliar futuros

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acadêmicos que pretendem fazer seu trabalho de conclusão do curso na área pericial, bem como demais alunos que tenham curiosidades em relação à área, além ainda de poder auxiliar profissionais que pretendem atuar na área da Perícia Contábil Trabalhista.

O estudo realizado tem o intuito de ampliar os conhecimentos na área da Perícia Contábil voltada para a esfera Trabalhista, uma vez que no decorrer do Curso de Ciências Contábeis consta apenas um componente curricular que trata do assunto, ou seja, tem-se apenas um semestre para estudar tudo o que diz respeito à matéria, inclusive leis e normativos aplicados e o pouco tempo disponível para o aprendizado pleno, em especial no tocante as atividades práticas da disciplina. Outro motivo do estudo é a qualificação intelectual e profissional em relação ao assunto estudado, uma vez que através do presente trabalho será possível identificar os procedimentos utilizados por um Perito para efetuar os trabalhos periciais, com ênfase para os cálculos trabalhistas, com vistas à busca de experiência para uma possível atuação profissional na área.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONTABILIDADE

De acordo com a doutrina oficial brasileira, contabilidade é uma ciência social, da mesma forma que a economia e a administração. A contabilidade tem como objeto de estudo o patrimônio (constituído de bens, direitos e obrigações) e suas variações. Esses fatos contábeis (variações patrimoniais) são coletados, analisados, registrados e interpretados com o objetivo de registro para controlar o patrimônio e fornecer informações gerenciais aos seus usuários, a fim de auxiliá-los na tomada de decisão.

Basso (2011, p.26), conceitua Contabilidade como sendo:

[...] conjunto ordenado de conhecimentos próprios, leis científicas, princípios e métodos de evidenciação próprios, é a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspectos quantitativo (monetário) e qualitativo (físico), e que, como conjunto de normas, preceitos, regras e padrões gerais, se constitui na técnica de coletar, catalogar e registrar informações de suas variações e situação, especialmente de natureza econômica e financeira e, complementarmente, controla, registra e informa situações impactantes de ordem socioambiental decorrentes de ações praticadas pela entidade no ambiente em que está inserida.

Já Gouveia (1984, p.01), descreve a contabilidade como sendo uma arte: “É a arte de registrar todas as transações de uma companhia, que possam ser expressas em termos monetários. É também a arte de informar os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira dessa companhia”.

Padoveze (2004, p.101), apresenta a Contabilidade como “[...] conjunto de teorias, conceitos e técnicas utilizadas para atingir o objetivo de controlar uma massa patrimonial”.

Diante dos conceitos apresentados, confirma-se que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio das entidades, bem como por menor que seja sua variação.

2.1.1 Objeto, objetivos e finalidade

A contabilidade é considerada uma ciência social que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades (constituído de bens, direitos e obrigações) e suas variações sob o aspecto qualitativo e quantitativo. Basso (2011, p.27), distingue os dois aspectos básicos da contabilidade:

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a)Aspecto Qualitativo – considera bens, direitos e obrigações do ponto de vista da sua natureza, como a composição individual e a natureza jurídica de cada elemento; b) Aspecto Quantitativo – considera bens, direitos e obrigações do ponto de vista monetário intrínseco, isto é, concebe os elementos patrimoniais como expressão de valor econômico, o que torna os elemento heterogêneos do patrimônio em homogêneos(unidade monetária de uso comum).

Segundo Barros (2003, p.17): “[...] na prática, a aplicação da Contabilidade na empresa tem por finalidade fornecer aos usuários informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio e suas mutações”. Nesse contexto, a finalidade da contabilidade, mediante a elaboração das demonstrações contábeis e relatórios, é fornecer informações necessárias aos gestores na tomada de decisão, bem como gerenciamento da entidade como um todo. Basso salienta que a contabilidade só tem sentido quando gera informação relevante a seus usuários. (BASSO, 2011).

Basso (2011, p.29), define ainda os principais objetivos da Contabilidade:

− controlar (física e monetariamente) os elementos patrimoniais e suas variações; − apurar os resultados decorrentes das variações ocorridas no patrimônio da

entidade;

− evidenciar a situação patrimonial, econômica e financeira da entidade, bem como suas tendências;

− atentar para o cumprimento de normas, leis e demais dispositivos emergentes da legislação aplicável aos negócios das entidades;

− fornecer informações sobre o patrimônio aos seus usuários, de acordo com suas necessidades.

Os objetivos da contabilidade revelam a importância da profissão, bem como a responsabilidade do profissional ao elaborar as demonstrações contábeis e apresentá-las a um empresário, pois este poderá usá-las para vários fins gerenciais.

2.1.2 Princípios de contabilidade

Os princípios da contabilidade foram instituídos pelo Conselho Federal de Contabilidade e representam as bases para o exercício da profissão contábil, de forma a dar sustentação e uniformidade à aplicação das rotinas contábeis. Basso (2011, p.349), comenta acerca dos princípios: “[...] representam o núcleo central da própria Contabilidade na sua condição de ciência social, sendo a ela inerentes. Os princípios constituem sempre vigas-mestras de uma ciência, revestindo-se dos atributos da universalidade e veracidade, conservando validade em qualquer circunstancia”.

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O Conselho Federal da Contabilidade (CFC), através da Resolução nº 750/93, posteriormente alterada em 2010 pela resolução CFC nº 1.282/2010, caracteriza cada um dos Princípios de Contabilidade:

Art. 4º. O Princípio da entidade reconhece o Patrimônio como objeto da

Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição;

Art. 5º. O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em

operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.

Art. 6º. O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e

apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas.

Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.

Art. 7º. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os

componentes do patrimônio devam ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional [...].

Art. 9º. O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações

e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.

Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas.

Art. 10º. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor

para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

As demonstrações contábeis, bem como as práticas e lançamentos decorrentes das transações das empresas devem atender aos princípios dispostos pelo CFC em conjunto com as Normas Brasileiras de Contabilidade, devendo o profissional agir sempre com ética em seus trabalhos.

2.1.3 Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) e o Código de Ética

A profissão de contador é extremamente “regrada”, ou seja, possui diversas normas e leis, as quais um profissional deve cumprir e obedecer, de forma a “deixar tudo dentro dos padrões legais”. Conforme citado no item 2.1.2, o CRC, como forma de padronizar instituiu os princípios de contabilidade, além deles, o profissional deve cumprir com as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), bem como o Código de Ética Profissional do Contador.

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Estabelecem as Normas Brasileiras de Contabilidade, conforme o art. 1º da resolução do CFC 751/93: “[...] regras de conduta profissional e procedimentos técnicos a serem observados quando da realização dos trabalhos [...] em consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade”. No art. 2º, a resolução ainda dispõe sobre a divisão das normas em Normas Profissionais (NBC P), que estabelecem as regras do exercício profissional e Normas Técnicas (NBC T), as quais estabelecem conceitos doutrinários, bem como regras e procedimentos aplicados a contabilidade.

O CFC, através da resolução 290/1970, posteriormente revogada pela 803/1996, instituiu o Código de Ética Profissional do Contabilista, o qual funciona como um manual, devendo ser seguido por todo profissional, estando este, sujeito a penalidades em casos de “descumprimento”. O Código de Ética estabelece deveres e proibições acerca da profissão e recentemente passou a ser denominado de Código de Ética Profissional do Contador.

2.1.4 Técnicas básicas da Contabilidade

No intuito de apresentar informações relevantes a seus usuários (se tornar útil) e se explicitar, segundo Basso (2011), a contabilidade se utiliza de quatro técnicas básicas:

a) Escrituração: consiste no registro dos fatos contábeis nos livros de escrituração contábil (Diário e Razão);

b) Demonstrativos Contábeis: trata-se dos relatos econômicos e financeiros originários da escrituração contábil com a finalidade de revelar a situação patrimonial da entidade. Entre eles estão: Balancete de Verificação, Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração dos Fluxos de Caixa, etc.

c) Auditoria: consiste no exame de documentos, livros e registros, envolvendo a escrituração e as demonstrações contábeis, com intuito de certificar a legalidade, confiabilidade e veracidade, bem como a obediência aos princípios e normas de contabilidade.

d) Análise de Balanços: através de índices, consiste na técnica do estudo e análise da situação econômica e financeira de uma entidade.

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2.2 AUDITORIA – CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

Dentre os vários ramos de atuação da contabilidade, a auditoria contábil é uma delas. A auditoria é prerrogativa do profissional bacharel em Ciências Contábeis, devidamente registrado no CRC de seu Estado. Consiste no exame de documentos, livros contábeis e registros com intuito de verificação de autenticidade das demonstrações contábeis, bem como dos procedimentos utilizados em observância aos princípios, normas e legislação aplicável. A auditoria também tem a finalidade de identificar possíveis deficiências no sistema de controle interno e financeiro da entidade, podendo assim o auditor, apresentar recomendações no intuito de melhorá-los.

Crepaldi (2002, p.23), apresenta um conceito bastante completo acerca da Auditoria:

A Auditoria compreende o exame de documentos, livros, registros, inspeções e obtenção de informações e confirmações, internas e externas, relacionados com o controle do patrimônio, objetivando mensurar a exatidão desses registros e das demonstrações contábeis deles decorrentes. Consiste em controlar áreas chaves na empresa a fim de evitar situações que propiciem fraudes, desfalques e subornos, por meio de testes regulares nos controles internos específicos de cada organização.

Conforme Wakim; Wakim (2012, p.10), “O produto final da auditoria é a emissão de um parecer (com ou sem ressalva), onde o auditor emitirá uma opinião acerca das demonstrações contábeis de determinada empresa [...]”.

A auditoria se divide em dois grandes grupos: auditoria interna e auditoria externa. Enquanto o primeiro é geralmente realizado por um funcionário da empresa e diz respeito à avaliação de procedimentos e controles internos da empresa, o segundo pode também ser chamado de auditoria independente, a qual é realizada por um profissional externo (não pertencente ao quadro de colaboradores da entidade), sendo contratado para examinar as demonstrações contábeis e os procedimentos adotados pela empresa ao elaborá-las e efetuar os registros contábeis com intuito de “atestar” autenticidade às mesmas.

Nesse contexto, Basso (2005, p.97), salienta:

Ambos profissionais, ao operarem, cada um em seu respectivo campo de atuação, trabalham sobre documentos comprobatórios, revisam as medidas de controle interno, aplicam as técnicas de verificação na forma de procedimentos de auditoria, elaboram relatórios e emitem seus pareceres sobre a fidelidade das informações contábeis examinadas, assim como sobre a adequada aplicação das técnicas e procedimentos administrativos, operacionais e de Contabilidade.

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Na Auditoria Externa, segundo Crepaldi, não existindo vínculo empregatício com a empresa auditada, suas opiniões conseguem maior grau de confiabilidade junto aos acionistas, financiadores, fornecedores e analistas (CREPALDI, 2002), ou seja, pelo fato de o profissional não ter vínculo com a empresa que o contrata (empresa auditada) o grau de credibilidade da autoria perante os interessados é maior, uma vez que o auditor ou a empresa de auditoria não sofrerá influências dos administradores, bem como dos responsáveis pela elaboração das demonstrações auditadas, dessa forma, ao deparar-se com alguma irregularidade, esta será apontada.

Na auditoria, os principais usuários do parecer elaborado pelo auditor no decorrer de seu trabalho são os proprietários das empresas auditadas, os acionistas e os investidores. (WAKIM; WAKIM, 2012).

2.3 PERÍCIA CONTÁBIL

A perícia contábil consiste na busca pela verdade dos fatos mediante exame em documentos e a coleta de informações, devendo ser feita apenas por um profissional Perito, graduado em Ciências Contábeis, devidamente registrado, o qual será nomeado por um Juiz, onde deverá esclarecer determinado fato e/ou acontecimento mediante emissão de laudo pericial ou parecer pericial contábil. Conforme a NBC TP 01, a perícia contábil é de competência exclusiva do contador em situação regular perante o CRC de seu Estado. A norma dispõe no item 02, o seguinte conceito:

A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio ou constatação de um fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.

O laudo emitido servirá como fundamentação para formar a opinião do Magistrado na sentença final. Sá salienta que a perícia contábil deve lastrear-se em elementos confiáveis para sua fundamentação no laudo e, nenhum elemento útil deve ser desprezado. (SÁ, 2007).

Hoog (2010, p.56), apresenta um conceito bastante amplo em relação à perícia, onde a descreve como sendo “[...] um serviço especializado, com bases científicas, contábeis, fiscais e societárias, à qual se exige formação de nível superior, e deslinda questões judiciais e extrajudiciais”.

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Para Sá (2007, p.13), “A perícia contábil é uma tecnologia porque é a aplicação dos conhecimentos científicos da contabilidade”.

Já para Pires (1999, apud ZANNA, 2005, p.24): “[...] a perícia se identifica como elemento expressivo de relacionamento entre as múltiplas ciências do conhecimento humano”.

Serviço, elemento expressivo de relacionamento ou tecnologia, o fato é que a perícia é uma área de atuação que está sendo valorizada, demanda profundo conhecimento acerca da matéria periciada e vem crescendo de forma considerável no mercado, despertando novos profissionais.

Acerca do objeto de estudo da perícia, Zanna (2005, p.69-70), define: “[...] é a matéria discutida nos autos, é o tema que gerou a discórdia entre as partes e deve ser relevante para a instrução e conhecimento do processo”, se formalizando com os elementos utilizados para a produção de provas. Nesse contexto, o autor ainda complementa que a tarefa pericial deve ser limitada ao que se vê e ao que se apura, não sendo de competência do Perito fazer julgamentos e sim, fornecer ao Juiz subsídios técnicos em relação ao que lhe foi questionado.

Em virtude da complexidade, bem como da variedade de conteúdos que um profissional da área da perícia pode demandar, é exigido também do Perito contábil uma permanente atualização técnica e profissional, bom entendimento da linguagem jurídica, bem como domínio da linguagem contábil, em decorrência que os laudos contábeis devem conter termos que apesar de técnicos, sejam de fácil entendimento aos usuários. (ZANNA, 2005).

2.3.1 Diferenças entre auditoria e perícia

A Auditoria e a Perícia são áreas muito próximas, podendo ser facilmente confundidas. Em ambas, o profissional deve ser profundo conhecedor das técnicas contábeis, normas e legislação, bem como estar constantemente se atualizando.

Segundo Hoog (2010, p.149), “A perícia é a ‘prova elucidativa dos fatos’, já a auditoria é mais revisão, verificação e tende a ser necessidade constante, repetindo-se de tempo em tempo [...]”. O autor ainda destaca que enquanto a auditoria utiliza-se de amostragem, a perícia trabalha somente com o universo completo.

Na perícia, o profissional deve emitir o laudo pericial com respostas aos questionamentos (quesitos), baseando-se em provas, sem expressar sua opinião; já na auditoria o documento que o auditor emite é denominado parecer de auditoria, no qual sua

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opinião deve ser expressa. Em resumo, de acordo com Hoog (2010, p.151), “[...] a perícia é a ‘prova’ e a auditoria é uma ‘opinião”.

Os usuários da perícia são os Juízes e as partes, enquanto que os usuários da auditoria compreendem os empresários, acionistas e investidores. A perícia é utilizada quanto há discordância entre as partes; já a auditoria é utilizada para verificação se as demonstrações contábeis estão sendo elaboradas de acordo com as normas e princípios de contabilidade.

2.3.2 Normas da perícia contábil

Da mesma forma que a Contabilidade deve obedecer aos princípios, normas e legislação específica, a Perícia Contábil não é diferente. A profissão do contador foi regulamentada e se fez privativa a Perícia Contábil através do Decreto Lei 9.295/46. O CFC “regrou” a profissão através de resoluções e normas, onde são previstas inclusive penalidades civis, criminal, ética e profissional em caso de infrações e/ou desrespeito as normas e aos princípios que regem a profissão. Até o ano de 2009, eram 12 as resoluções que abrangiam a profissão, a partir 1º de janeiro de 2010, todas foram revogadas, passando a vigorar apenas duas: Resolução CFC 1.243/09 e 1.244/09; em 27 de fevereiro de 2015 as duas foram substituídas pelas NBC TP 01 e NBC PP 01, sendo a primeira a nova Norma Técnica de Perícia Contábil e a segunda a nova Norma Profissional de Perícia Contábil.

2.3.2.1 Normas Técnicas

Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica Profissional de Perícia Contábil, também conhecida como NBC TP 01, instituída pelo CFC em 10 de dezembro de 2009, através da Resolução 1.243/09, revogada em 27 de fevereiro de 2015 pela NBC TP 01. A presente norma estabelece no item 1:

[...] Regras e procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da elaboração de perícia contábil, no âmbito judicial, extrajudicial, inclusive arbitral, mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do litígio por meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação, ou certificação.

A NBC TP está voltada para o exercício da profissão, ou seja, a prática, o dia a dia do profissional; estabelece os procedimentos que o profissional deve seguir para a realização de seus trabalhos periciais, normatiza a perícia contábil regulamentando as atividades do Perito Contador; estabelece ainda os itens mínimos que um laudo pericial deve conter, bem como

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apresenta três modelos de termos que um profissional pode demandar no exercício da profissão.

2.3.2.2 Normas Profissionais

Normas Brasileiras de Contabilidade Profissional de Perícia Contábil, também conhecida como NBC PP 01, instituída pelo CFC em 10 de dezembro de 2009, através da Resolução 1.244/09, revogada em 27 de fevereiro de 2015, pela NBC PP 01. Trata a presente norma da perícia contábil, estabelecendo, segundo o item 1: “[...] critérios inerentes à atuação do contador na condição de perito”.

Perito Judicial, segundo Hoog (2010, p.71-72):

[...] é o profissional, com independência e autonomia em relação às partes e o juiz, que detém, no mínimo, o nível superior, e está devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade, com inegável capacidade científica e tecnológica, devendo ser possuidor de uma pública e notória especialização ou capacidade científica necessária à revelação da verdade real sobre os atos e fatos entranhados nas riquezas das células sociais.

Segundo a NBC PP 01, item 2: “Perito é o contador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiências, da matéria periciada”.

Em relação à habilitação profissional, no item 7, a norma estabelece: “O perito deve comprovar sua habilitação como perito em contabilidade por intermédio de Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade”, essa declaração tem a finalidade de comprovar a habilitação legal, o registro profissional e a regularidade.

A NBC PP 01, dispõe acerca do sigilo, que o profissional Perito deverá sempre manter o sigilo em relação aos dados dos trabalhos que realiza, sendo permitida a revelação somente mediante solicitação de um Juiz.

As normas existem e devem ser respeitadas, em casos de descumprimento, a legislação determina, segundo a NBC PP 01, itens 23 e 24:

23. A legislação civil determina responsabilidades e penalidades para o profissional que exerce a função de perito-contador, as quais consistem em multa, indenização e inabilitação.

24. A legislação penal estabelece penas de multa, detenção e reclusão para os profissionais que exercem a atividade pericial que vierem a descumprir as normas legais.

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A resolução ainda contempla assuntos como: situações em que o profissional está impedido de aceitar a perícia; quem e, em que momento pode ser solicitado esclarecimentos em relação ao laudo emitido; quanto à necessidade de trabalho de especialista em outra área; trata ainda sobre os honorários, no que tange a sua formação e apresenta alguns modelos de ofícios que o profissional pode demandar, como: modelo de petição de honorários, modelo de escusa e de renúncia.

2.3.3 Classificação da perícia contábil

A Perícia Contábil é um trabalho de extrema importância tanto para o Perito, como para o Magistrado e as partes envolvidas, pois é o laudo emitido pelo Perito que auxiliará o Juiz na sentença. Diversas são as áreas que demandam de perícias, diante disso, Alberto (2009), as classificou quanto ao ambiente de atuação, de forma a dividi-las em quatro grandes grupos:

− Perícia judicial: é realizada dentro dos procedimentos processuais do Poder Judiciário, por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos. Essa espécie de perícia se subdivide segundo suas finalidades precípuas no processo judicial em meio de prova ou arbitramento.

− Perícia semijudicial: é realizada dentro do aparato institucional do Estado, porém fora do Poder Judiciário. Sua finalidade principal é ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usuários. Subdivide-se segundo o aparato estatal atuante: policial, parlamentar e administrativo-tributária.

− Perícia extrajudicial: acontece por vontade das partes e fora do âmbito do Estado. Subdivide-se segundo as finalidades intrínsecas para as quais foram designadas: demonstrativas, discriminativas ou comprobatórias.

− Perícia arbitral: é a perícia realizada no juízo arbitral – instância decisória criada pela vontade das partes. Atua parcialmente como se fosse judicial e extrajudicial. Subdivide-se em probante e decisória.

Dentre as quatro divisões da perícia, o foco do presente trabalho é para a Perícia Judicial voltada para a esfera trabalhista, ou seja, em Processos de Reclamatórias Trabalhistas, onde é de competência do Perito, mediante nomeação pelo Magistrado, apurar a veracidade dos fatos que estão em divergência entre as partes (geralmente entre empregados e empregadores) e apresentar de forma quantitativa os valores dos direitos sentenciados, bem

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como os cálculos feitos para chegar a esse valor final e ainda valores devidos ao FGTS, INSS e à Receita Federal, caso haja; tudo isso devendo constar em um único documento: o laudo pericial, o qual auxiliará ao Juiz em sua decisão na liquidação da sentença.

2.3.4 Nomeação do Perito Contador e indicação do Perito Assistente

Havendo divergências entre as partes e entendendo o Juiz que haja a necessidade de um profissional de contabilidade para a verificação dos fatos e apuração dos haveres (caso sejam pertinentes), este irá nomear um Perito de sua confiança para realizar a perícia. Se as partes entenderem necessários poderão também nomear Peritos, porém, estes serão assistentes, ou seja, apenas acompanharão as atividades realizadas pelo Perito Oficial. Dispõe o art. 421 do CPC:

Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do

laudo.

§ 1º Incumbe às partes, dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

I- indicar o assistente técnico; II- apresentar quesitos.

Conforme o CPC art. 145, §1º: “Os peritos serão escolhidos, entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente [...]”, ou seja, devidamente registrado no CRC de seu Estado. No § 2º: “Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre o que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos”.

O Perito Assistente é cientificado pelo Perito Oficial dos trabalhos que realizará, indicando dias e locais, para que o mesmo possa, se quiser, acompanhar e participar dos trabalhoso periciais, uma vez que, perante a parte que o contratou, tem o dever de acompanhar os procedimentos em relação ao andamento da perícia. Sá (2007, p.68), complementa: “Os assistentes não se compromissam, mas apenas são indicados e depois avaliam o laudo do perito do juízo”. Desta forma, como o compromisso do Perito Assistente é apenas com a parte que o contratou, caso desejar, poderá apenas, ao final dos trabalhos do Perito Oficial, revisar os relatórios por este produzidos, a fim de instruir a parte que o indicou.

As diferenças entre o Perito oficial e o Perito Assistente, são citadas por Wakim; Wakim (2012), dentre elas, destacam-se:

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− LAUDO: o Perito Contador emite laudo pericial, enquanto o Perito Assistente emite parecer pericial contábil;

− NOMEAÇÃO: quem nomeia o Perito Contador é o Juiz, já o Perito Assistente são as partes, caso entendam necessidade;

− CONFIANÇA: o Perito Contador é um profissional de confiança do Juiz, já o Perito Assistente é o profissional de confiança das partes;

− IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÃO: o Perito Assistente não sofre a incidência dos impedimentos e suspeição, já o Perito Contador sofre;

− HONORÁRIOS: os honorários do Perito Assistente quem pagará é a parte que o contratou, já para o Perito Contador, de acordo com o art. 33 do CPC: “[...] será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz”.

2.3.5 Responsabilidades e penalidades

A profissão do Perito, igualmente a do contador está sujeita a responsabilidades a serem assumidas e observadas, portanto, ao aceitar um trabalho como Perito, está o profissional sujeito a responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais previstas em lei.

Dispõe a NBC PP 01, itens 19 e 20:

19. O termo “responsabilidade” refere-se à obrigação do perito em respeitar os princípios da ética e do direito, atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas atividades, sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente por seus atos.

20. A responsabilidade do perito decorre da relevância que o resultado de sua atuação pode produzir para a solução da lide.

Para casos em que ocorre desobediência e/ou não observação, são previstas penalidades civis, penais e éticas de acordo com o Código de Processo Civil, o Código Penal e para casos em que ocorrem punições éticas, é de competência do CFC a determinação, estando o órgão amparado pelo Código de Ética do Contabilista.

Acerca da responsabilidade do Perito perante a utilização de trabalho de terceiros, a NBC PP 01, item 32 comenta:

O perito pode valer-se de especialistas de outras áreas para a realização do trabalho, quando parte da matéria-objeto da perícia assim o requeira. Se o perito utilizar informações de especialista, inclusive se anexar documento emitido por especialista, o perito é responsável por todas as informações contidas em seu laudo ou parecer.

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Nesse contexto, deve o profissional ter sua opinião embasada, de preferência documentada em fatos e provas, de forma a não se equivocar ao elaborar o laudo pericial e ter plena convicção dos esclarecimentos, bem como a certeza que no decorrer do trabalho realizado, sempre agiu com ética e responsabilidade, portanto não se sujeitando as penalidades que a profissão está sujeita.

2.3.6 Impedimento legal, técnico-científico e suspeição

Nomeado pelo Juiz para realização da perícia, deve o Perito analisar a matéria a ser periciada, bem como as partes que compõem o processo e proceder com as verificações se de fato o profissional está apto e possui conhecimentos suficientes para a realização do trabalho que lhe foi incumbido. Acerca do assunto, Hoog comenta que, após nomeado pelo Juiz, cabe ao Perito analisar se possui conhecimentos suficientes para a realização do trabalho; em caso positivo, este deverá aceitar a nomeação, caso contrário, deverá recusar-se por impedimento ou suspeição. (HOOG, 2010).

Acerca do impedimento e da suspeição, dispõe a NBC PP 01, itens 09, 11 e 12:

9. Impedimento e suspeição são situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas funções ou realizar atividade pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive arbitral. Os itens previstos nesta Norma explicitam os conflitos de interesse motivadores dos impedimentos e das suspeições a que está sujeito o perito nos termos da legislação vigente e do Código de Ética Profissional do Contador.

11. Quando nomeado, o perito do juízo deve dirigir petição, no prazo legal, justificando a escusa ou o motivo do impedimento ou da suspeição.

12. Quando indicado pela parte e não aceitando o encargo, o perito-assistente deve comunicar a ela sua recusa, devidamente justificada por escrito, com cópia ao juízo.

São motivos de suspeição, segundo a NBC PP 01, itens 15, 16 e 17:

15. O perito do juízo ou assistente deve declarar-se quando, após contratado, verificar a ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou independência, de forma a comprometer o resultado do seu trabalho em relação à decisão.

16. Os casos de suspeição a que está sujeito o perito do juízo são os seguintes: a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;

b) ser inimigo capital de qualquer das partes;

c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônjuges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou entidades das quais esses façam parte de seu quadro societário ou de direção;

d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus cônjuges; e) ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes;

f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da discussão;

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g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma das partes. 17. Pode ainda o perito se declarar suspeito por motivo íntimo.

São motivos de impedimento técnico-científico de acordo com o item 20 da resolução do CFC nº 1.244/09, substituída pela NBC PP 01:

O perito-contador nomeado ou escolhido deve se declarar impedido quando não puder exercer suas atividades com imparcialidade e sem qualquer interferência de terceiros, ou ocorrendo pelo menos uma das seguintes situações:

a) for parte do processo;

b) tiver atuado como perito contador contratado ou prestado depoimento como testemunha no processo;

c) tiver mantido, nos últimos dois anos, ou mantenha com alguma das partes ou seus procuradores, relação de trabalho como empregado, administrador ou colaborador assalariado;

d) tiver cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau, postulando no processo ou entidades da qual esses façam parte de seu quadro societário ou de direção;

e) tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, por seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau, no resultado do trabalho pericial;

f) exercer cargo ou função incompatível com a atividade de perito-contador, em função de impedimentos legais ou estatutários;

g) receber dádivas de interessados no processo;

h) subministrar meios para atender às despesas do litígio; e

i) receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem autorização ou conhecimento do juiz ou árbitro.

São motivos de impedimento legal, segundo o item 21, da resolução acima mencionada:

O impedimento por motivos técnico-científicos a ser declarado pelo perito decorre da autonomia, estrutura profissional e da independência que devem possuir para ter condições de desenvolver de forma isenta o seu trabalho. São motivos de impedimento técnico-científico:

a) a matéria em litígio não ser de sua especialidade;

b) a constatação de que os recursos humanos e materiais de sua estrutura profissional não permitem assumir o encargo; cumprir os prazos nos trabalhos em que o perito-contador for nomeado, contratado ou escolhido; ou em que o perito-contador assistente for indicado;

c) ter o perito-contador da parte atuado para a outra parte litigante na condição de consultor técnico ou contador responsável, direto ou indireto em atividade contábil ou em processo no qual o objeto de perícia seja semelhante àquele da discussão, sem previamente comunicar ao contratante.

Em relação ao prazo da escusa, dispõe o art. 146 do CPC, em seu parágrafo único: “A escusa será apresentada dentro de 05 (cinco) dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de reputar renunciado o direito a alegá-la”. O Perito deverá então formalizar os motivos e transcrevê-los, devendo o documento ser entregue ao Juiz que

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analisará o pedido. Caso o profissional não o faça no prazo legal, subentende-se que aceitou o trabalho.

Quando ocorrer suspeição ou impedimento, o procedimento é o mesmo, conforme o disposto no art. 423 do CPC, onde se lê: “O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito”. Salienta-se ainda, que a “denúncia” também poderá partir de uma das partes, após constatar que o Perito, por exemplo, está “recebendo dádivas de interessados no processo”. A parte então faz a “denúncia”, mediante petição ao Juiz, que o Perito está impedido de realizar o trabalho. Este (o Juiz), por sua vez, analisará a situação e procederá a sua decisão sobre o fato objeto da denúncia, mantendo o Perito Nomeado ou o substitui por outro Perito.

2.3.7 Fases da perícia

Decorrido os prazos legais para o Perito se manifestar em relação a nomeação, ao aceitar a perícia, iniciam-se os trabalhos. De acordo com Sá (2007), os trabalhos periciais se dividem em três fases:

− Preliminar: tem início antes mesmo da nomeação do Perito. Inicia quando é observada a necessidade de um Perito. O Juiz nomeia um Perito de sua confiança e as partes (se optarem) indicam Peritos assistentes. Os quesitos são formulados, devendo o profissional analisá-los e proceder em relação ao valor dos honorários. O Juiz estabelece prazos, local e horário de início da perícia.

− Operacional: de posse dos quesitos e dos prazos para a entrega do laudo, deverá o Perito ir a busca de documentos, depoimentos e fatos que possam comprovar determinada situação e/ou vínculo que está sendo contestado, procedendo com o trabalho e elaborando o laudo pericial.

− Final: corresponde a assinatura e entrega do Laudo, o levantamento dos honorários e, esclarecimentos, caso haja necessidade.

Ainda na fase preliminar, deverá o Perito analisar o processo, a fim de tomar ciência dos conhecimentos demandados. Caso entender que a comprovação de determinada situação não seja de sua competência, de forma a demandar conhecimentos em outras áreas, ou seja, por exemplo, havendo a necessidade de verificar o grau de insalubridade que o reclamante esteve exposto, o Perito deverá solicitará o trabalho de um profissional da área de segurança do trabalho. Dispõe a NBC TP 01, item 38 acerca do assunto:

(33)

Quando a perícia exigir a necessidade de utilização de trabalho de terceiros (equipe de apoio, trabalho de especialistas ou profissionais de outras áreas de conhecimento), o planejamento deve prever a orientação e a supervisão do perito, que responderá pelos trabalhos executados, exclusivamente, por sua equipe de apoio.

Tendo as partes indicado Peritos Assistentes e os quesitos estarem formulados, deverá o Perito Oficial informá-los quanto ao início dos trabalhos (hora e local) mediante termo de diligência para que os mesmo possam o acompanhar.

2.3.8 Quesitos

Os quesitos são perguntas que direcionam o foco do trabalho do Perito. Essas perguntas são formuladas pelas partes e/ou pelo Magistrado e se referem às questões que geraram dúvidas e questionamentos, devem ser respondidas no laudo pericial. Conceituam Wakim; Wakim (2012, p.52), acerca do assunto:

Os quesitos são questionamentos formulados pelos advogados, magistrados e assistentes técnicos que nortearão o trabalho do perito oficial. Esses questionamentos são sobre os assuntos que geraram dúvidas e que necessitam respostas para auxiliarem o magistrado a tomar a decisão no processo.

Ainda segundo o autor, as respostas aos quesitos devem ser feitas na ordem em que foram protocolados e de forma clara e objetiva, não deixando qualquer dúvida em relação a veracidade dos fatos e não utilizando-se de termos muito técnicos que possam dificultar o entendimento.(WAKIM; WAKIM, 2012).

Acerca das respostas aos quesitos, Hoog cita que não são aceitas somente sim ou não, deverão ser de forma circunstanciada. (HOOG, 2010).

Formulados os quesitos e entregue o laudo, poderá o Juiz e/ou as partes entender que não foi conclusivo ou surgiram novas dúvidas, tendo a necessidade de mais respostas, mais questionamentos, ou seja, os chamados quesitos suplementares, previstos no art. 425 e 426 do CPC:

Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares.

Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.

Art. 426. Compete ao juiz:

I – indeferir quesitos impertinentes;

Referências

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