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Alfabetização de jovens e adultos: resistência, sonhos e esperança

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

FABIANA FÁTIMA SULZBACH

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: RESISTÊNCIA, SONHOS E ESPERANÇA

Santa Rosa/RS 2017

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FABIANA FÁTIMA SULZBACH

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: RESISTÊNCIA, SONHOS E ESPERANÇA

Monografia apresentada para obtenção do título de graduada em Pedagogia na Universidade Regional Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Orientadora: Professora Dra. Hedi Maria Luft

Santa Rosa/RS 2017

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FABIANA FÁTIMA SULZBACH

ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: RESISTÊNCIA, SONHOS E ESPERANÇA

Monografia apresentada para obtenção do titulo de graduada em

Pedagogia na Universidade Regional Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Banca Examinadora:

... Profa. Dra. Hedi Maria Luft - UNIJUÍ

... Profa. Ms. Julieta Ida Dallepiane - UNIJUÍ

Nota: ...

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pelo dom da vida, pelas conquistas, dificuldades e desafios superados nestes anos como universitária, por ter sempre estado ao meu lado me guiando, iluminando e permitindo que este sonho se concretizasse.

À minha mãe Amélia Maria Kother Sulzbach, exemplo de vida para mim, inspirou-me na escrita deste trabalho de conclusão de curso. Guerreira concluiu seus estudos na EJA e mostrou a mim que nada é impossível quando existe força de vontade e desejo de aprender. Obrigada mãe, por ter estado sempre comigo me incentivando a acreditar que conseguiria atingir meus objetivos.

Ao meu pai Selvino Elpidio Sulzbach (em memória), por ter me educado e transmitido tantos valores que até hoje carrego dentro do meu coração. Pai, onde quer que esteja sei que nunca deixou de me cuidar, amar e confiar em mim.

Ao meu namorado Éderson, por respeitar este momento e com paciência, carinho e incentivo sempre esteve ao meu lado me encorajando para realização deste sonho.

Agradeço a todos os professores do curso de Pedagogia em especial a minha orientadora Hedi Maria Luft que com muita alegria me acolheu demonstrando sempre dedicação, paciência e comprometimento nas orientações.

Enfim, agradeço aos colegas, amigas e todos os familiares que não citei, mas que sempre estiveram ao meu lado me apoiando.

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Olhar o mundo com os próprios olhos e escrever a vida com a própria letra. Aprender a ler-se a si mesmo com toda a dignidade.

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RESUMO

Este estudo trata do tema “Alfabetização de Jovens e Adultos: Resistência, Sonhos e Esperança.” Tem como objetivo investigar como ocorre o processo de alfabetização de adultos buscando compreender quais as causas que levam muitas pessoas a serem analfabetas e/ou quais os motivos destas não terem concluído seus estudos quando em idade escolar, e porque, ainda existe analfabetismo no Brasil e no município de Santa Rosa/RS. A opção metodológica se caracteriza como um estudo bibliográfico e empírico. A produção de dados do campo empírico foi realizada através da observação de aulas da turma da Totalidade 1 de uma escola estadual em Santa Rosa/RS. Nestas observações foram realizadas intervenções, em forma de entrevistas, a fim de ouvir as narrativas de três adultos da idade de 40 a 65 anos de idade. Viver o processo de alfabetização para muitos alunos da Educação de Jovens e Adultos significa ampliar a visão de mundo, buscar autonomia. Neste sentido a escola não se limita apenas a uma tarefa escolar, mas está atrelada a atender as expectativas, por isso quando o sujeito se alfabetiza há possibilidades de obter uma vida melhor ou pelo menos com mais oportunidades. No entanto, na escola a alfabetização de jovens e adultos não acontece da mesma forma como na infância, não é um processo simples de ensinar a leitura e a escrita, pois a prática requer muito conhecimento teórico. O professor precisa refletir buscar novas metodologias e adequá-las à realidade de seus alunos, buscando formar sujeitos críticos, reflexivos, além disso, os alunos necessitam ser motivados para que não desistam dos desafios e das dificuldades em relação ao processo de alfabetização. Nesse sentido, buscou-se também entender porque a taxa de analfabetismo no Brasil e na cidade de Santa Rosa/RS não diminui. A superação do analfabetismo é uma meta muito relevante, porém enfrenta-se ainda exclusão social, preconceito em relação aos sujeitos analfabetos e isso faz com que estes acabem por não procurar a escola para não serem visualizados. Se o processo de alfabetização de jovens e adultos se tornar uma prática sistemática que venha a formar sujeitos críticos, autônomos, há possibilidades de reduzir os índices de analfabetismo e construir um país humanizado, justo e igualitário.

Palavras - chave: Alfabetização. Escola; Analfabetismo. Educação de Jovens e Adultos.

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ABSTRACT

This work has the theme "Literacy of Youth and Adults: Resistance, Dreams and Hope". In this study, we sought to know how the literacy process happens in the EJA modality, the reasons adults did not complete their studies when they were small and because there is still illiteracy in Brazil and in the municipality of Santa Rosa / RS. It is characterized methodologically as a bibliographical and field study. Data collection was performed during the classes of the class 1 of a fundamental school, of the state network, in Santa Rosa-RS. Lack of opportunity, social exclusion, work for survival. Living the literacy process for many students of youth and adult education means broadening the world view, it is the quest for autonomy, however the school is not only limited to a school task but is deeply tied to dreams, So when the subject becomes literate increases the chances of getting a better life or at least with more opportunities. However, in school literacy of young people and adults does not happen in the same way as in childhood, it is not a simple process of teaching reading and writing, the practice is divergent to theory. The teacher must reflect to seek new methodologies and adapt them to the reality of their students, seeking to form critical, reflexive subjects; moreover, students need to be motivated so that they do not give up the challenges and difficulties related to the literacy process. In this sense, we also sought to understand why the illiteracy rate in Brazil and in the city of Santa Rosa / RS does not decrease. It was clear that illiteracy is a valid goal, but social exclusion, prejudice against illiterate subjects is also faced and this causes these subjects to end up not looking for school. To investigate how the process of adult literacy occurs in order to understand the causes that lead many people to be illiterate is one of the objectives of this monograph. If the process of youth and adult literacy becomes a dynamic practice that will form critical, autonomous subjects, we will be reducing the illiteracy rate and building a humanized, just and equitable country.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...8

1 O ENCANTO DE ALFABETIZAR JOVENS E ADULTOS...10

1.1 O QUE É ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS ?...15

1.2 O SENTIDO E O PRAZER DE JOVENS E ADULTOS NA ESCOLA...20

1.3 DESAFIOS ENFRENTADOS POR JOVENS E ADULTOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO...25

2 ANALFABETISMO NO BRASIL, POR QUE NÃO FINDA?...28

2.1 NÃO SOU ANALFABETO PORQUE QUERO!...32

2.2 UM OLHAR SOBRE O ANALFABETISMO NO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA...33

3 EJA:ENCONTROS, HISTÓRIAS, DEBATES E DESCOBERTAS...36

3.1 TRÊS LIÇÕES QUE ANALFABETOS ME ENSINARAM...38

3.2 LIÇÕES, HISTÓRIAS, DESCOBERTAS...43

CONSIDERAÇÕES FINAIS...47

REFERÊNCIAS...49

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INTRODUÇÃO

Na atualidade, o tema educação vem sendo amplamente discutido em muitos espaços. Este é um direito garantido por Lei, por isso sabe-se do valor que ela tem na sociedade. No entanto, nem todas as pessoas que possuem este acesso garantido na sua rotina. Assim, propomos pesquisar o tema alfabetização de jovens e adultos, pois essa inquietação surgiu desde meu tempo de infância quando percebia meus pais saírem de casa para a escola buscando se alfabetizar para conquistar melhores oportunidades de trabalho.

O processo de alfabetização de jovens e adultos é um campo complexo, pois vai além do educacional e demanda questões relacionadas à desigualdade, falta de oportunidade, de interesse, preconceito, etc. Não basta apenas oferecer uma educação de qualidade, a mudança necessita acontecer economicamente, culturalmente, socialmente e politicamente, para assim haver a diminuição do índice de analfabetismo e formação de sujeitos autônomos, críticos, melhorando suas condições de vida nos aspectos pessoal, profissional e comunitário.

Nesse sentido, a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade que propõe atender um público ao qual foi negado o direito à educação durante a infância/adolescência. Por isso, surge para acolher uma população, geralmente excluída, pobre, marginalizada que não pode concluir escolarização básica em tempo regular. A EJA é uma oportunidade que os sujeitos possuem de se alfabetizar e se tornarem atuantes na sociedade. O propósito da EJA tem grande relevância, pois sabendo que ao longo da história esta modalidade passou por grandes descasos, atualmente a realidade vem mudando, pois muitas leis estão surgindo para amparar os matriculados na EJA e diminuir o índice de analfabetismo.

Os dados empíricos foram obtidos através de observações em sala de aula e entrevistas com três alunos com idade de 40 a 65 anos de escola pública, onde acontece o processo de alfabetização. As questões envolvem entender fatos da história de vida e buscam compreender o porquê da alfabetização não ter acontecido antes. Além disso, buscamos dados referente aos números de analfabetos que existem na cidade de Santa Rosa do Estado Rio Grande do Sul e no Brasil. Destacamos também as políticas públicas que estão sendo implantadas para diminuir o índice de analfabetos.

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O estudo foi organizado em três capítulos. O primeiro constitui-se numa fundamentação teórica sobre como deve acontecer à alfabetização seus efeitos e desafios no processo de alfabetização de adultos. O segundo capítulo trata dos índices de analfabetismo que existem no Brasil e no município de Santa Rosa/RS. Dessa forma, inicialmente realizamos uma análise sobre os dados estatísticos do Brasil. Estes dados são resultado de um período da história brasileira e a alfabetização tem relações referentes à condição social e econômica das pessoas analfabetas. Elucidamos, num segundo momento o porquê destes sujeitos não terem tido oportunidades de estudar quando pequenos, devido a diversos fatores, um deles é deixar de ir à escola para trabalhar. Ainda trazemos dados estatísticos relacionados ao número de analfabetos que existe no município de Santa Rosa/RS, apontando para a necessidade de programar projetos, políticas públicas para reduzir as taxas do analfabetismo.

No terceiro capítulo apresentamos as entrevistas em forma de histórias, lições e descobertas que obtivemos durante a entrevista, com os depoimento dos alunos que estão se alfabetizando, conseguindo perceber o quanto a EJA é uma oportunidade do aluno superar suas resistências de voltar a estudar, despertando sonhos e esperanças de realização pessoal e profissional.

Portanto, a pesquisa é resultado de um estudo que mostra que ainda existem jovens e adultos esquecidos, discriminados, que lutam por melhores condições de vida, afinal, desejam ser protagonistas de uma vida social digna, coerente e de reconhecimento como sujeitos da sociedade.

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1 O ENCANTO DE ALFABETIZAR JOVENS E ADULTOS

Livros, tantos livros, tantas histórias para se contar, quando abro cada um deles é como se abrisse uma porta encantada, inegavelmente, a literatura me induz a conhecer diferentes lugares – fascinantes com fadas, leões e dragões, lugares distantes, belos onde eu gostaria de ir. Mas como abrir esta porta? Basta observar cada letra juntar as sílabas, os fonemas, ler, abrir e se encantar.

Cada letra, cada palavra, cada frase que se lê, faz com que nós, seres humanos, sejamos capazes de encontrar um novo horizonte, mas para fazer estas descobertas a alfabetização é a responsável, pois a partir dela o sujeito aprende a ler, escrever, conseguindo compreender e fazer parte, de modo mais pleno, do ambiente que o cerca.

Porém, quando falamos em alfabetizar jovens e adultos, estamos nos referindo em sujeitos que possuem uma diversidade de características. A diversidade quando inserida em um contexto escolar remete a ideia de dar oportunidade a todos, garantindo o acesso à escola, bem como permanência no espaço docente com as mesmas igualdades de condições. Segundo Gurgel (2011, p. 1) “a diversidade é tentar entender a variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente”. A ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade multiplicidade, diferentes ângulos de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. Por isso educar sujeitos para a diversidade é fazer com que todos saibam conviver e respeitar as diferenças.

Na escola, com o 1método tradicional a diversidade não era valorizada, o aluno era visto como mero receptor de conhecimento, e o professor transmissor de informações, conteúdos, para Curto (2000, p. 73) a escola “foi criada para homogeneizar, transmitir modelos sociais definidos, para adaptar os alunos a um modelo social dominante”. Todos os alunos eram vistos de forma igual, não existia respeito ao ritmo de aprendizagem de cada aluno. Uma educação que padroniza não será marcada pela inclusão diálogo, construção da autonomia, mediação participação de todos e sim marcada a não dialogar com as diferenças com a pluralidade.

No entanto, contemporaneamente, a escola já avançou e muito, e hoje há a busca por atender às necessidades singulares de cada aluno, Curto (2000, p. 73) ressalta que “se exige da

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Método tradicional o professor era o dono do conhecimento, o conhecimento era transmitido, um saber fora do contexto. O aluno não podia dar suas contribuição, ideias. O conteúdo era imposto e o aluno deveria aceitá-lo, memoriza-lo não podendo criticar e nem mesmo questionar.

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escola que avance para a integração e para uma cultura da diversidade, que viva as diferenças como riqueza, e não como um obstáculo”. É um processo lento, pois ainda nos deparamos com intolerância que muitas pessoas possuem em relação à diversidade, por isso cabe às escolas desenvolverem sujeitos mais compreensivos que transcendam os limites da tolerância e construam relações sociais que se pautem no respeito ao outro.

Nessa perspectiva, quando a diversidade é respeitada, a cidadania é exercida. Fazer da escola um espaço que desenvolva atitudes de tolerância e concomitantemente haja entre os sujeitos respeito às diferenças particulares, é fazer com que o sujeito perceba que o ser humano não possui meras características físicas, mentais e/ou intelectuais e sim possui sua subjetividade, sua identidade. Identidade, segundo Ciampa (1987), é como metamorfose, em constante transformação, sendo o resultado provisório da intersecção entre a história da pessoa, seu contexto histórico e social e seus projetos. A identidade é construída, não é fixa, mas é formada e transformada, sendo o resultado de um processo de socialização.

O ser humano na diversidade aprende com o outro, porém é impossível um grupo de sujeitos realizarem uma atividade e que todos venham a ter experiências iguais, isso demonstra que cada um é único e possui características próprias. Porém quando juntos estabelecem relações culturais e sociais, um aprende com o outro e com o ambiente.

Diante dessa afirmação, quando a escola pensa em um único modelo de aluno, isso faz com que busque sujeitos com as mesmas características e isso não é possível, pois nossa sociedade e escola são multiculturais e isso faz com que se estabeleça tanto na sociedade quanto na escola uma compreensão recíproca, contra a exclusão por motivos étnicos, etária, gênero, religião, entre outros tipos de exclusões sociais. A exclusão etária é atribuída pela idade, exemplo: quando trabalhadores procuram emprego e as empresas ficam receosas de contratá-los, pois eles produzem menos do que trabalhadores mais jovens. A exclusão por gênero refere-se ao gênero feminino, masculino, exemplo: a exclusão das mulheres. Já a religiosa é caracterizada pela falta de respeito em relação às diferentes religiões de terceiros. E a exclusão cultural diz respeito a toda exclusão que é realizada em função da cor, origem que é atribuída às minorias, exemplo: exclusão de índios.

Dessa forma, no momento em que a escola pensar a diversidade desconstruindo os estereotipados e estigmas históricos que marcam os sujeitos que fogem ao padrão considerado normal ela estará valorizando cada ser humano, independente de suas características. Ver a diversidade não como um problema e sim um atributo somatório na construção das experiências, faz com que os alunos se tornem mais humanos, pois ser humano é entender que

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a diversidade leva à unidade, que a unidade leva à solidariedade, que a solidariedade leva à igualdade, que a igualdade leva à liberdade, que a liberdade leva à diversidade (BOURDOUKAN, apud Cadernos da EJA Diversidades e trabalho, 2007, p. 26 e 27).

Souza (1994) realizou pesquisas que apontam que houve um aumento significativo de alunos que historicamente tinham sido excluídos da escola e que retornaram, segundo a autora com o retorno destes alunos, os mesmos perceberam o valor que a escola possui em suas vidas, a escola para eles se torna essencial um meio para a ascensão social. Este avanço ocorreu devido a muitas iniciativas, como: a Declaração Mundial sobre Educação para todos (1990), quando declarou que: é necessário universalizar o acesso à educação e promover a equidade, melhorando sua qualidade, bem como tomar medidas para superar todos os obstáculos que impedem a participação ativa do aluno no processo educativo. Os preconceitos e estereótipos de qualquer natureza devem ser eliminados da educação, porque se não estaremos criando sujeitos com posturas discriminatórias. Além da Lei 9394/96 que também insiste na continuidade dos estudos, e cria exigências para que o processo de alfabetização supere a mera concepção de campanhas e movimentos pontuais.

Nesse contexto, percebe-se que a escola ao desenvolver uma cultura de acolhimento à diversidade, favorece a inclusão dos alunos nas atividades realizadas, ampliando as oportunidades de aprendizagem, pois segundo Araújo (1998, p.44).

a escola precisa abandonar um modelo no qual se esperam alunos homogêneos, tratando como iguais os diferentes, e incorporar uma concepção que considere a diversidade tanto no âmbito do trabalho com os conteúdos escolares quanto no das relações interpessoais.

Na EJA, independentemente da característica do sujeito, o professor ao propor uma pedagogia voltada para a valorização, respeito à diversidade, faz com que aconteça a integração participativa em sala de aula e na sociedade. É desafiante, pois dentro da sala de aula existem múltiplas identidades, e conforme Pierro (2005) até os anos de 1990 a identidade dos jovens e adultos não era construída a partir de aspectos psicológicos ou cognitivos de acordo com os períodos de vida (juventude, maturidade, velhice), Haddad, citado por Pierro, (2005, p.11) aponta que

a maior parte das pesquisas sobre o tema tendeu a homogeneizar os sujeitos de aprendizagem, abstraindo suas identidades singulares de classe, geracionais, de gênero, étnicas, culturais ou territoriais sob a condição e o rótulo genérico de “alunos”.

Isso quer dizer que, a escola naquele período utilizava processos educacionais excludentes. Muitas práticas escolares negavam e não reconheciam a realidade do aluno e

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suas manifestações culturais. Nessa perspectiva, atualmente, para manter aqueles que sociedade no passado excluiu as escolas ao utilizarem de práticas pedagógicas mais flexíveis, garantiriam a inclusão de todos e a valorização de experiências vividas e saberes construídos pelos alunos, pois segundo Arroyo (2001, p.16)

há algo de mais profundo nessa percepção dos saberes e da cultura popular. Trata-se de incorporar uma das matrizes mais perenes da formação humana, da construção e apreensão da cultura e do conhecimento: reconhecer a pluralidade de tempos, espaços e relações, onde nos constituirmos humanos, sociais, cognitivos, culturais.

Dessa forma, pensar a alfabetização na EJA é ter uma proposta pedagógica de acompanhamento integrada às vivências e perspectivas dos alunos, de maneira que todos se tornem participantes da proposta curricular, isso requer que o professor obtenha uma nova postura de olhar, isto é, colocar-se no lugar do aluno, e observar o ambiente escolar sob sua perspectiva.

Por conseguinte, o docente consegue observar sujeitos que, muitas vezes, estão desmotivados, desanimados, muitos se sentem perdidos, com dúvidas, medos. O professor quando obtém de uma escuta sensível, consegue entender seus alunos, conforme Brunel (2014, p. 33) “a escuta generosa é aquela que não se detém, somente no momento da fala, mas leva em conta o dito, o horário, a dor, o cansaço ou a alegria do outro, escutar é construir juntos um dialogo prazeroso de amor”, e, é nesta conversa aberta que o professor consegue conhecer seus alunos, seus sonhos, suas angústias e a partir disso elaborar seu planejamento atendendo esta diversidade e estabelecendo aprendizagem com significado. Ao realizar seu planejamento, o educador tem de avaliar que os alunos da EJA não são sujeitos dotados, marginalizados, rebeldes, pois se o considerar acaba segundo Pinto (1909, p.88)

deixando de encarar o adulto como um sabedor. Ignora que o desenvolvimento fundamental do homem é de natureza social fazê-lo pelo trabalho, e que o desenvolvimento não para pelo fato de o individuo permanecer analfabeto. Ignora o processo de evolução de e suas faculdades celebrais. Não reconhece o adulto iletrado como membro atuante e pensante de sua comunidade, na qual de nenhuma maneira é julgado um “atrasado” e onde, ao contrário, pode até desenvolver uma personalidade de vanguarda.

Esta concepção quando assimilado pelo professor conduz a muitos erros pedagógicos, por isso da importância dos professores conhecerem seus alunos para olhar no analfabeto adulto um sabedor sujeito pensante, que possui ideias e capacidade intelectual, nessa

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perspectiva surgem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA, art.17 (Brasil, 2000) que expressam que a escola e os professores necessitam garantir:

I – ambiente institucional com organização adequada à proposta, pedagógica; II- investigação dos problemas desta modalidade de educação, buscando oferecer soluções teoricamente fundamentadas e socialmente contextualizadas;

III – desenvolvimento de práticas educativas que correlacionem teoria e prática;

IV – utilização de métodos e técnicas que contemplem códigos e linguagens apropriados às situações especifica de aprendizagem.

Para tanto, buscar uma escola não mais conservadora, classificadora, com metas de reprovação que ao invés de escutar seus alunos os silencia que não dá espaço para que o jovem, adulto possa participar em sala de aula, dar suas contribuições, é regredir ao passado,. Necessitamos valorizar o analfabeto adulto ou jovem em todos os seus aspectos físicos, cognitivos, afetivos e psicológicos, e através de uma educação voltada para o aluno estaremos formando sujeitos autônomos e conscientes de suas realidades, pois segundo Morin (2000, p.15),

a educação do futuro não deve desprezar o saber cientifico, e o técnico, mas adicionar a ele um pouco do mágico, do mítico, enfim, do humano. Para entendermos o aluno que está a nossa sala de aula, à nossa frente, é preciso vê-lo como um todo. Por tanto a condição humana deveria ser o objeto de todo o ensino.

Quando Morin (2000, p.15) e refere a adicionar ao mágico na sala de aula quer dizer utilizar e valorizar o humano. Para entendermos o aluno que está em sala de aula, é preciso vê-lo como um todo. Considerar que ele é um ser biológico, cultural e social, está condição humana deveria ser o objeto de todo ensino Morin (2000, p15) ainda destaca que “dentro desse contexto é preciso que a Química seja percebida como algo útil e significativo e isso ocorrerá na medida que o educador mantiver uma relação recíproca dos conhecimentos científicos com o mundo atual e vivido pelos alunos”.

Por isso, segundo Freire (1974) quando se utiliza de técnicas de memorização, decoreba de conteúdos que não fazem parte da realidade do aluno o conteúdo se torna engessado, pronto, ele se referia a este modelo de educação bancaria, ou seja, este era um modelo alienador, um processo que deposita conhecimento, mas que não realiza qualquer reflexão critica, simplesmente arquiva as informações.

O saber só é construído quando o sujeito tem a capacidade de recriar, a partir das informações que aprendeu por isso Freire sugere uma educação libertadora, emancipadora

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aquela em que problematiza os conteúdos, realiza debates, diálogos. Além disso, nesse processo de alfabetização o encantamento que quer dizer segundo o mini dicionário de língua portuguesa (2007, p.285) Feitiço; enlevo; sedução; mágica. O encantamento ao ser utilizado nas aulas, desperta o desejo e encanto de obter cada vez mais conhecimentos.

Uma novela é um exemplo de encantamento, todos os dias existem pessoas que estão sentadas em frente à televisão em um determinado horário assistindo uma novela, a cada capítulo são encantados pela história que se passa, vivem cada minuto intensamente com os autores/atrizes. Cada final de capítulo fica um suspense, uma dúvida do que irá acontecer no capítulo seguinte, isso faz com que o telespectador se sinta motivado, seduzido a voltar assistir no outro dia. Na escola, não deveria ser diferente, é um grande desafio para os professores encantarem seus alunos a continuarem motivados a estudar e adquirir mais conhecimento.

Na EJA, quando os alunos estão passando pelo processo de alfabetização, o desafio é muito maior, pois muitos alunos trabalham, possuem família e muitas vezes o desanimo o cansaço, a dificuldade em aprender fazem que o aluno ao longo de seus estudos desista. No entanto, o professor ao desvendar, ensinar ao aluno que em cada aula um novo conhecimento será construído, que em cada descoberta não existe só os autores e leitores, mas a sabedoria da vida cotidiana o gosto e desejo de ir a escola é adquirido e nenhum empecilho o faz desistir. Esse é o verdadeiro professor aquele conduz seu aluno, que não doutrina, mas desperta desejo em aprender, aquele em que não impõem, mas seduz aquele em que não quer ser somente exemplo, mas companheiro de caminhada.

Portanto, refletir sobre o processo de alfabetização é percorrer um mundo de magia e encantamento o qual ainda tem muito para ser descoberto. É ter consciência de que a alfabetização não é decodificar símbolos pelo simples fato e sim dar compreensão e posicionamento do que vê, lê e vive.

1.1 O QUE É ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS?

Ler, escrever e realizar cálculos é uma das aptidões em que todos os sujeitos deveriam ter acesso ao longo de sua vida, especialmente, na idade adequada. Não é pra menos que o mundo das letras dos números está presente na maioria das atividades do cotidiano, a começar

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dentro de casa, mas como aprender a ler, escrever? Quem são os sujeitos do processo da alfabetização? Que métodos utilizar? O que é alfabetização? Como e quando alfabetizar?

São muitas as metodologias, recursos para alfabetizar, porém ao referimos à alfabetização dos adultos precisamos considerar quem é este sujeito que está buscando a escola e que não quer ser tratado como criança, pois abarca uma série de conhecimentos adquiridos ao longo da vida. O adulto é um homem crescido e saído da adolescência. Neste período, muitas pessoas já conseguem através do seu trabalho se manter independentes financeiramente. Para Mosquera (1982, p. 98) existem três fases da vida adulta são elas: “adultez jovem, adultez média à adultez velha, cada fase tem uma problemática específica, dividida em sub-problemáticas que atingem as pessoas em seus momentos decisivos ante seu próprio projeto vital e suas relações com os outros”.

O adulto quando analfabeto ao viver o processo da alfabetização estabelece hipóteses, faz interferências, conta suas angústias, suas vivências, ou seja, o processo acontece de dentro pra fora, conforme Freire (1979, p.72) “a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto”.

Diante dessas considerações, cresce a importância da alfabetização como processo intencionalmente orientado, o aluno adulto ao ser alfabetizado tem mais tendência de se tornar autor crítico do seu próprio processo de aprendizagem buscando cada vez mais ser sujeito atuante na sociedade e o professor aquele que dá condições favoráveis à construção do conhecimento. Por isso, a alfabetização é a fase em que se desenvolve o processo de formação intelectual e pessoal de cada sujeito, é nesta fase que o ser humano começa a ter mais autonomia em sua ação. É dominar o sistema alfabético da escrita e da leitura e participar mais em atividades sociais, culturais, políticas e econômicas da sociedade, segundo Tfouni (2002, p.9)

a alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução formal. A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual.

Já Cardenal (1987, p. 85, citado por Araújo 2005), tratando do significado de alfabetizar diz que quem não sabe ler, não vê. Não vê sua dignidade, não vê sua história, não vê o futuro, não vê o projeto social no qual está vivendo, não vê toda a exploração que está sofrendo, não vê a importância de se converter em uma pessoa que deve tomar uma posição ativa na história.

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A alfabetização é considerada um dos direitos de todos os cidadãos na Constituição Federal de 1988, artigo 28 garante que: “A educação como direito de todos independente da idade”; Metas e recursos orçamentários para a erradicação do analfabetismo. Nesse sentido, independente de ser criança, jovem ou adulto ambos necessitam aprender a codificar e decodificar este sistema através da escrita e da leitura, pois segundo Freire (1985, p.14), “a alfabetização não é um jogo de palavras; é a consciência reflexiva da cultura, a reconstrução crítica do mundo humano, a abertura de novos caminhos. A alfabetização, portanto, é toda a pedagogia: aprender a ler é aprender a dizer a sua palavra”.

Destarte, viver o processo da alfabetização significativamente não é dominar, memorizar técnicas, e sim é compreender o que se escreve e se lê. É valorizar que o adulto analfabeto mesmo não sabendo ler e escrever possui uma rica cultura baseada na oralidade, nessa perspectiva a alfabetização se torna acessível no momento em que esta está articulada com o trabalho e a vida do adulto, pois segundo Soares (1998, p.9)

um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social e economicamente, mas se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que outros lêem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado as escreva, se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixadas em algum lugar, esse analfabeto é, de certa forma, letrado porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais de leitura e de escrita.

Percebemos então, a necessidade de criar momentos de diálogo pedagógico, oportunidade em que o professor consegue utilizar palavras do universo vocabular dos próprios alunos, pois se simplesmente chegarmos aos alunos, exemplo, agricultores, estes inseridos em um contexto rural e depositarmos conhecimentos urbanos, estaremos assim dando um conteúdo que não faz parte da realidade do aluno e um conteúdo que nós organizamos e julgamos ser a forma ideal de alfabetizar.

Para alfabetizar jovens e adultos utilizar métodos como o do dialogo que segundo Freire (1990) seria uma das primeiras ferramentas que o professor pode utilizar, é uma maneira de juntos professor e alunos poderem em uma conversar construir uma seleção de palavras, um glossário e a partir destas palavras explorá-las, de diferentes formas. Freire (1979, p.75) dizia que “existe uma riqueza e dificuldade fonética”. Pode-se ilustrar através de um desenho o que representa aquela palavra. As palavras podem ser debatidas, analisadas,

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contextualizadas, pelos alunos. Tendo visualizado toda a palavra o aluno começa a reconhecer que dentro da palavra existem as sílabas e as famílias fonéticas, estas que compõem a palavra. Freire (1979) utiliza como exemplo a palavra tijolo, ele diz que o momento mais importante é quando se apresenta para o aluno a palavra e a partir dela se proporciona as famílias silábicas que existem dentro de cada palavra. Por exemplo, para a palavra tijolo existem três famílias a família do ta, te, ti, to, tu do já, je, ji,jo,ju e do lá,le,li,lo,lu a partir destas famílias o aluno poderá começar a formar outras palavras.

À proporção que o aluno vai iniciando suas primeiras escritas, o professor pode levar para auxiliar no processo de alfabetização textos, músicas, poesias, para instigar seus alunos a perceberem que independente de gênero textual dentro deles existem vogais, consoantes, palavras, frases, parágrafos que não estão soltas e sim estão dando uma unidade de sentido. Sobre isso, Freire (1996, p.68) afirma que “as unidades linguísticas menos amplas (letras e sílabas, fonemas e grafemas) serão, então, analisadas de modo funcional, dentro do contexto linguístico em que estão inseridas”.

Por isso, oferecer uma alfabetização aonde os adultos adquiram as habilidades de refletir, analisar, interpretar, problematizar a sua realidade e o mundo que o cerca, é perceber que o mesmo domina a linguagem e a vê como uma oportunidade de expor e interpretar o mundo, estabelecendo um diálogo reflexivo, com sequência de ideias. É utilizar a leitura interpretando o que se lê, estabelecendo ligações e comparações do texto lido com suas experiências de vida. Desse modo, é também utilizar do recurso da escrita como instrumento de comunicação que dá a liberdade e autonomia de expressar sentimentos, desejos, sonhos. Imbuída das concepções de alfabetização, existe também a alfabetização funcional que, segundo o PNE 2014-2024 meta número 9 consta elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2024 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional, ou seja, nos dois Planos Nacionais as duas metas refere-se a diminuição do analfabetismo funcional, porém o prazo para esta meta de fato se concretizar aumentou, isso quer dizer que se busca diminuir mas é um processo lento.

A alfabetização funcional refere-se ao ensino e aprendizagem referentes à leitura e escrita para que o sujeito consiga utilizar estes recursos em suas tarefas cotidianas, no âmbito profissional e social. Este processo de aprendizagem, esta ligada à capacidade do aluno não apenas decifrar números letras e sim decodificar, todavia quando falamos em analfabetismo

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funcional, estamos nos referindo a sujeitos que conhecem as letras, mas não possuem capacidade de realizar a interpretação de texto simples, conhecem os números, mas não conseguem realizar cálculos simples, muitos sujeitos apenas leem períodos curtos, palavras, frases, porém quando recebem períodos mais longos como textos ai as dificuldades aumentam e a leitura se torna um sacrifício, além disso o sujeito não consegue estabelecer uma análise reflexiva do que leu.

O analfabetismo funcional segundo Campos (2002, p.7) é “a incapacidade da pessoa compreender a palavra escrita. Ela consegue ler, mas não entende o que aquilo significa”. é produto de uma educação tecnicista, seu objetivo não era formar sujeitos críticos, emancipados e sim apenas reproduzir funções, o diálogo não existe e cabe ao aluno apenas assimilar passivamente os conteúdos transmitidos pelo professor. Por isso, antes de erradicarmos analfabetismo funcional é preciso combater o analfabetismo no Brasil, historicamente existem inúmeros movimentos que já foram criados, mas muitos durarão um período de tempo, todos foram criados buscando atender sujeitos analfabetos que se encontram em situação de risco e que são considerados excluídos, abandonados da sociedade. O Movimento de Alfabetização 2Mova que é um programa que combate o analfabetismo, oferecendo o acesso à educação de forma adaptada às necessidades e condições dos alunos jovens e adultos. Surgiu em 1989 em São Paulo durante a gestão de Paulo Freire. O Mova pode ser solicitado aonde existe grande demanda por educação básica, por isso quando é requerido as salas de aula geralmente são próximas aos alunos analfabetos.

O Mova que surgiu em São Paulo existe, pois ainda há muita desigualdade em relação aos alunos analfabetos, existe porque o governo não consegue sozinho resolver o altíssimo número de sujeitos que se encontram fora das escolas e que não sabem ler e escrever. Por essa razão o Mova é um movimento que além de alfabetizar garante o direito à escolarização básica e à melhoria da qualidade de vida de uma parcela da população brasileira.

O Brasil Alfabetizado também é um programa que está em funcionamento desde 2003. Este é voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos, é realizado em todo o Brasil, principalmente em municípios que possuem maior índice de analfabetismo. O objetivo

2 O Mova é um movimento criado por Freire, pois o mesmo queria que todos os seres humanos tivessem a oportunidade de participar efetivamente da sociedade, queria que os sujeitos colaborassem na luta pelo direito a exercer a democrática, para ele todos podem participar e decidir a vida social, segundo Freire (1988, p.7) queria “construir uma alfabetização capaz de contribuir para a constituição da cidadania. Cidadão é o individuo usando seus direitos civis e políticos cumprindo seus deveres para o Estado”.

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deste projeto promover a superação do analfabetismo entre jovens com 15 anos ou mais, adultos e idosos reconhecendo a educação como direito humano segundo o 3MEC “promover a superação do analfabetismo entre jovens com 15 anos ou mais, adultos e idosos reconhecendo a educação como direito humano”. O processo acontece de 6 a 8 meses, com 10 horas semanais, tendo avaliação dos analfabetos no início do programa e no fim. Programa Brasil Alfabetizado, segundo o Ministério da Educação é caracterizado como um “portal de entrada na cidadania”, e possui quatro grandes objetivos

O programa Brasil Alfabetizado, segundo o Ministério da Educação (2011, p.8) é caracterizado como um “portal de entrada na cidadania”, e possui quatro grandes objetivos

a)criar oportunidade de alfabetização a todos os jovens, adultos e idosos que não tiveram acesso ou permanência no ensino fundamental; b) promover com qualidade o acesso à educação de jovens, adultos e idosos e sua continuidade no processo educativo; c) mobilizar gestores estaduais e municipais para ampliar a oferta de Educação de Jovens e Adultos – EJA; d) qualificar a oferta de alfabetização para jovens, adultos e idosos por meio da implementação de políticas de formação, de distribuição de materiais didáticos e literários, de incentivo à leitura e de financiamento.

Para atingir estes objetivos o governo dispõem de financiamento para: distribuição de matérias didáticos, formação continuada para professores. A metodologia utilizada pelos professores é contextualizada, articulado as áreas do conhecimento. por isso apesar de ainda haver um alto índice de analfabetismo, o governo com pequenas ações está buscando eliminar o analfabetismo, mas é um processo lento, mas não impossível de se alcançar, podemos dizer que o próprio programa Brasil Alfabetizado já é uma iniciativa que está proporcionando a muitos analfabetos o direito e a oportunidade de mudança de vida através dos estudos.

1.2 O SENTIDO E O PRAZER DE JOVENS E ADULTOS ESTAR NA ESCOLA

A escola surgiu tendo como objetivo ensinar conteúdos e habilidades para que os que nela se matriculam possam se formar e participar da sociedade. Esta instituição faz o aluno compreender a sua própria realidade, situar-se nela, interpretá-la, além disso, a mesma necessita ser um local que se pensa, se atua se fala se ama se apaixona.

3 MEC quer dizer Ministério da Educação é um órgão criado pelo governo federal do Brasil, no decreto n.º 19, este é encarregado por assuntos relativos ao ensino, saúde pública e assistência hospitalar.

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É no ambiente escolar, um dos espaços em que acontece a socialização de experiências, assimilação dos conteúdos estabelecidos, todavia sabemos que existem pessoas que entendem que educar é somente transmitir conhecimentos, outras que é simplesmente ensinar. Uns escolhem métodos autoritários e repressivos, outros preferem métodos democráticos e participativos. Método é uma técnica, conjunto de procedimentos. Métodos de ensino faz referência a um caminho, uma técnica que se utiliza dentro das salas de aula com o intuito de alcançar objetivos e aprendizagem. O método autoritário é quando o professor é centro do processo educativo sendo ele o dominador do conhecimento realizando a transmissão ao seu aluno. O silêncio é imposto através da autoridade, e a aprendizagem acontece através da repetição de conceitos e resolução de exercícios, segundo Freire 1978 os alunos se adaptam e não realizam transformações, pois não desenvolvem sua criatividade e seu senso crítico, professor não interage com a turma, o conhecimento fica limitado às informações repassadas. Já o método democrático e participativo os alunos são o centro do processo educacional, professores são medidores, juntos professor e aluno constroem conhecimento, o dialogo acontece entre todos os envolvidos no processo, segundo Freire 1978, o aluno e o professor crescem juntos, o professor deixa de ser autoritário e prepara suas aulas, nas quais narra o conteúdo aos alunos e juntos refletem sobre ele e desenvolvem seu senso crítico.

Afinal, como superar situações de fracasso escolar que muitos alunos enfrentam, ou como motivar jovens e adultos a voltarem a estudar e obterem o sentido e o prazer de estar na escola? De acordo com Brunel ( 2014, p.122)

a experiência escolar é, antes de tudo, uma relação consigo, uma relação com o outro e uma relação com o saber, por isso é fundamental que o aluno se sinta bem neste ambiente, caso contrário acaba não indo na escola e se vai não aprende, pois o que aprende não esta gerando prazer e isso faz com que a atividade cognitiva, intelectual não se desenvolva.

Assim, o sentido principal da escola perpassa a questão de valorizar o interesse e as necessidades do aluno, o método não é garantia de permanência do aluno na escola, por isso dá importância de proporcionar aos alunos prazer e sentido em ir à escola. No entanto, depende muito dos professores em despertar nos seus alunos a percepção do significado que as atividades são proposta e que estas atividades em algum momento da vida serão ocupadas no cotidiano. O professor que interliga e relaciona as experiências escolares com os conteúdos e a realidade do aluno, estabelece significado ao que esta ensinando e aprendendo, segundo Ribeiro et al. (1997, p. 47) faz uma síntese dos objetivos gerais que estes alunos necessitam aprender na escola e utilizarem em seu dia a dia

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(1) dominar instrumentos básicos da cultura letrada, que lhes permitam melhor compreender e atuar no mundo em que vivem; (2) ter acesso a outros graus ou modalidades de ensino básico ou profissionalizante, assim como a outras oportunidades de desenvolvimento cultural; (3) incorporar-se ao mundo do trabalho com melhores condições de desempenho e participação na distribuição da riqueza produzida; (4) valorizar a democracia, desenvolvendo atitudes participativas, conhecer direitos e deveres de cidadania; (5) desempenhar de modo consciente e responsável seu papel no cuidado e na educação de crianças, no âmbito da família e da comunidade; (6) conhecer e valorizar a diversidade cultural brasileira, respeitar diferenças de gênero, geração, raça e credo, fomentando atitudes de não-discriminação; (7) aumentar a autoestima, fortalecer a confiança na sua capacidade de aprendizagem, valorizar a educação como meio de desenvolvimento pessoal e social; (8) reconhecer e valorizar os conhecimentos científicos e históricos, assim como a produção literária e artística como patrimônios culturais da humanidade; (9) exercitar sua autonomia pessoal com responsabilidade, aperfeiçoando a convivência em diferentes espaços sociais.

Dessa forma, as escolas além de serem um ambiente de construção de conhecimentos, devem instigar no aluno curiosidade, interesse, responsabilidade, por isso ao utilizarem de metodologias participativas, desafiadoras, problematizando os conteúdos, estimulando o aluno a pensar, formular hipóteses, argumentar, dar suas opiniões, sanar dúvidas e trocar informações, faz com que o aluno aprenda e perceba que a escola existe para os sujeitos aprenderem a conviverem em grupos, para aprenderem saberes, desenvolverem habilidades. É lá que cada ser humano desenvolve seus alicerces para incrementar a sua vida e para conquistar sonhos.

Na modalidade da EJA, o tempo na escola é uma oportunidade de o aluno analfabeto ressignificar a vida escolar. Se o discente no passado viveu momentos frustrantes, a escola agora na EJA necessita buscar obter momentos de aprendizagem e de busca pelo conhecimento. Agora, se há alunos que nunca tiveram a oportunidade de estudar, este é o momento para despertar o gosto e desejo de aprender para poderem se tornar autônomos de suas próprias histórias. Não se pode negar que são múltiplos os sentidos que os alunos dão à escola, pois esta instituição atende uma diversidade de alunos, por isso para garantir na EJA uma educação de qualidade e com significado e segundo parecer 11/2000 Diretrizes Nacionais da EJA – 2001 salientando quatro funções que necessitam estar presente nesta modalidade, são elas: a função reparadora, equalizadora, permanente e qualificadora.

A função reparadora refere-se ao direito que o jovem/adulto possui ao voltar a estudar. O aluno tem direito a uma escola de qualidade que forme sujeitos cidadãos que consigam se inserir no mundo do trabalho pelas suas competências, suas capacidades. Já a função equalizadora é aquela que apresenta oportunidades aos sujeitos, busca promover igualdade a

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todas as pessoas independente de idade. O conhecimento e a troca de ideias fazem o aluno desenvolver habilidades para utilizar no seu trabalho e para enriquecer sua cultura. A permanente diz respeito à busca pelo conhecimento, ou seja, o aluno necessita constantemente se atualizar e isso se da por toda a vida. E por último a função qualificadora que é promover na escola momentos em que o sujeito se perceba como ser incompleto e que necessita buscar formação e pesquisa.

Para entender o porquê de muitos adultos terem interditado à educação no tempo da infância foi desenvolvido um estudo com alunos da escola Estadual Fernando Albino com uma turma da EJA que se encontra em processo de alfabetização. Está é a única instituição de ensino que possui uma turma de alunos que estão se alfabetizando, são ao todo 22 alunos matriculados, mas somente 14 frequentam regularmente a escola. O estudo desenvolveu-se com alunos de 40 a 65 anos. Para entender estes adultos foram programados três encontros no qual através de entrevistas os alunos foram relatando suas experiências em relação à escola.

Conhecer a trajetória desses sujeitos foi importante na busca de elementos para entender qual o real motivo de não terem se alfabetizado quando pequenos e quais as dificuldades enfrentados por eles por não saberem ler e escrever.

Tentei através das entrevistas darem-lhes voz para que pudessem dizer tudo o que sentiam em relação ao analfabetismo, a revolta, indignação frente a uma sociedade que cada vez mais exclui e cobra sujeitos mais capacitados para o mercado de trabalho, porém muitos já estão alfabetizados por isso consegui obter relatos que demonstram a evolução e a conquista de sonhos já sendo realizados a parti do estudo.

Pedro (65 anos)4 é um aluno que retornou aos seus estudos, para ser mais reconhecido em seu trabalho. Segundo ele se não voltasse a estudar seus chefes iriam demiti-lo, pois as leis estão surgindo e a exigência de pessoas qualificadas está aumentando. Para ele estudar representa dois sentidos: conquistar um espaço melhor no mercado de trabalho e utilizar o que aprendeu no dia a dia, como ir ao mercado, ler rótulos, compreender o valor dos alimentos “Todo mundo pede se você completou o ensino médio, aí a gente se obriga a terminar. Desde se você vai assinar algum documento na firma, tu tem que saber assinar direito, falar direito pra ti poder fazer bonito e tentar subir de nível no emprego, o chefe precisa perceber que você esta se esforçando.”

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Pedro é nome fictício, pois assim evitamos a identificação do sujeito da pesquisa, além disso, o depoimento foi transcrito literalmente.

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Percebe-se então que na concepção destes sujeitos, o significado da escola na vida dos estudantes da EJA, está relacionado a dois aspectos: primeiro, a escola prepara o sujeito para o futuro, para o emprego; segundo, a escola realiza um processo de aquisição de saberes que propicia a inclusão do sujeito no mundo do trabalho. Mesmo que o preparar para um emprego seja ilusório, em grande parte, esta é a concepção determinante e a ideia de inclusão no mundo do trabalho também é questionável. Dar sentido e prazer aos alunos da EJA quando retomam seus estudos, é demonstrar que além de adquirir um diploma, para aprender a ler e escrever, eles precisam ser motivados a se capacitarem e buscarem conhecimentos, competências, valores e habilidades tanto para o mercado de trabalho, quanto para a sua constituição existencial. Afinal, a partir do momento que o sujeito se apropria do conhecimento ele percebe o quanto é prazeroso ser, ter e agir com autonomia nos diferentes ambientes da sociedade, pois segundo Antunes (2003, p.175)

aprender é das coisas mais bonitas, mais gostosas da vida. Acontece em qualquer tempo, em qualquer idade, em qualquer lugar. Ajudar as pessoas a descobrir esse prazer, a “degustar” o sabor dessa iguaria é ascender às mais altas esferas da atuação humana.

Entretanto, para o aluno aprender e obter sentido e prazer em estar na escola à metodologia utilizada pelo professor também pode ser garantia de permanência na escola. A educação brasileira já teve muitas influências por varias tendências pedagógicas, cujas características causam influência na metodologia do professor. Partindo desse pressuposto, a metodologia da EJA necessita ter consonância com o contexto do aluno, para não se tornar inadequada, infantilizada desmotivando jovens e adultos a continuarem seus estudos.

Outro fator determinante para o jovem, adulto da EJA é a mudança de mentalidade que muitos possuem em relação a escola, muitos a veem como um período que só serve para passar de ano, adquirir o certificado. O jovem e o adulto necessitam ver a escola como local que se adquire conhecimento e o sujeito se torna mais sábio. “estar na escola é uma fase da vida.” É preciso entender que o conhecimento é gratificante ele nos dá alternativas de mudanças de hábitos de vida. A mudança de mentalidade só é possível quando o professor aproximar seus alunos de atividades mais prazerosas para que ele se sinta motivado a vir à escola. Cada momento vivido na escola não volta mais, o aluno necessita viver intensamente o presente para poder projetar o futuro.

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1.3 DESAFIOS ENFRENTADOS POR JOVENS E ADULTOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

A educação sofreu e ainda sofre mudanças superando os erros e acertos para melhor ensinar e alfabetizar seus alunos. Desse modo, a educação de jovens e adultos traz muitos desafios tanto para professores quanto para alunos. São muitas as razões que motivam jovens e adultos a deixarem, ou nem irem a escola, dificuldade de aprender, por não gostar de estudar, doenças, reprovação, dificuldade financeira, gravidez, falta de vagas, casamento, distância de casa até a escola, problemas familiares e ter que trabalhar para ajudar no sustento da família, estes e outros fatores são determinantes para a não conclusão dos estudos.

O sujeito analfabeto que não consegue concluir seus estudos na idade adequada acaba tendo que, muitas vezes, se submeter a empregos com baixa remuneração. O mercado de trabalho exige cada vez mais pessoas qualificadas e com nível de conhecimento mais elevado, e o analfabeto como fica? Os analfabetos acabam não conseguindo emprego, e se conseguem se submetem a trabalhos pesados e mal remunerados, muitos dos seus chefes até nem incentivam a concluir seus estudos, Harper em seu livro Cuidado, Escola! afirma que a produção de excluídos da escola é tão importante, quanto a de diplomados, pois estes trabalhadores se tornam mão de obra barata.

Com o objetivo de modificar esta realidade, retornar a escola se constitui um enorme esforço por parte dos jovens/adultos, pois muitos não possuem apoio familiar, esse distanciamento entre a família e a escola, contribui para o mau desenvolvimento do aluno no ambiente escolar, principalmente em sua aprendizagem. No entanto, muitos retornam, pois a família incentiva a concluir os estudos o ambiente familiar é influência marcante no processo de alfabetização.

O aluno ao voltar para a realidade escolar, compreende conteúdos e contextos, porque aprender favorece uma superação de inúmeros contextos, todavia existe muito preconceito em relação aos que não leem e escrevem. As pessoas o veem como sujeito ignorante, sem estudo, preguiçoso, lhe falta algo para corresponder às expectativas sociais.

O jovem o adulto analfabeto não é um sujeito incapaz, uma criança crescida, este sujeito produz cultura, possui sabedoria do cotidiano. Nesse sentido o jovem adulto analfabeto não é sujeito que esta nas trevas, que está doente que possui atraso, antes de olharmos estes sujeitos com olhar preconceituoso, é necessário conhecer suas realidades, pois segundo Moll (2004, p. 11)

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quando falamos “em adultos em processo de alfabetização” no contexto social brasileiro, nos referimos a homens e mulheres marcados por experiências de infância na qual não puderam permanecer na escola pela necessidade de trabalhar, por concepções que as afastavam da escola como de que “mulher não precisa aprender” ou “saber os rudimentos da escrita já é suficiente”, ou ainda, pela seletividade construída internamente na rede escolar que produz ainda hoje itinerários descontínuos de aprendizagens formais. Referimo-nos a homens e mulheres que viveram e vivem situações limite nas quais os tempos de infância foi, via de regra, tempo de trabalho e de sustento das famílias.

Outro tipo de preconceito é o constrangimentos que muitos analfabetos sofrem por não conseguirem realizar sozinhos atividades de seu cotidiano, como pegar ônibus corretamente, ler a bula de um remédio, pagar as contas sem que seja logrado, ajudar os filhos nos temas de casa e tantos outras humilhações, constrangimentos. Muitos jovens e adultos passando por estas situações acabam interiorizar dentro de si que os mesmos são incapazes, burros, que é tarde para volta a estudar, os próprios analfabetos acabam se rotulando, segundo Pereira (2002, p. 57) destaca que

apesar de as pessoas pouco letradas possuírem muitos conhecimentos importantes e úteis, elas se sentem excluídas de muitas possibilidades de trabalho e de convívio na sociedade, o que resulta, não raro, em um sentimento de incapacidade, de baixa autoestima, de insegurança, em função de não dominarem os conhecimentos que se adquirem na escola.

Diante dessa realidade que a escola necessita agir buscando motivar estes analfabetos a retomarem seus estudos e buscarem se tornarem sujeitos comprometidos com o social e garantirem seu espaço na sociedade. O desemprego, a falta de qualificação necessitam ser superados e a escola é uma das instituições responsáveis por está transformação social.

Por isso, ao retornarem o desejo por enfrentar a exclusão e poderem participar de novas práticas sociais, exigem do analfabeto mais conhecimentos sobre leitura e escrita. A alfabetização passa a adquirir, nesse contexto, grande importância, pois possibilita aos sujeitos a sua inserção na sociedade de forma autônoma.

Não obstante, ainda existem escolas que oferecem EJA que possuem práticas pedagógicas de decoreba, muitos professores se preocupam demais com conteúdos e esquecem de relacionar o conteúdo com a realidade dos seus alunos, escolas sem materiais didáticos, com professores desmotivados pelo baixo salário e excessiva carga horária e o uso de metodologias para a EJA infantilizadas, acabam fazendo com que aumente o índice de evasão escolar.

A infantilização é o ato de um professor utilizar para os jovens/adultos atividades que condizem com o perfil de alunos da educação infantil, ensino fundamental. Mas não comente isso muitos professores possuem posturas semelhantes as das crianças para com os jovens e

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adultos, conforme Oliveira (2007) aponta em relação a isto que o currículo e a atuação dos professores realmente não consideram a idade dos educandos e suas dificuldades, não tendo uma organização própria destinada a todas as peculiaridades existentes na EJA. Ora, é necessário haver uma diferenciação da EJA para as outras modalidades, a EJA é formada por jovens, adultos e idosos, cada um com seus interesses e suas dificuldades de aprendizagem.

A LDB lei nº 9394/96 afirma que as unidades educacionais da EJA, devem construir, em suas atividades, sua identidade como expressão de uma cultura própria que considere as necessidades dos seus alunos e seja incentivadora das potencialidades dos que as procuram. Alunos da EJA por mais que não saibam ler e escrever, muitos têm contato com revistas, televisão, livros, escutam informações pela rádio, sem contar que muitos possuem experiências com suas famílias e trabalho, então o professor que trabalhar de forma infantilizada com conteúdos que não fazem parte da realidade, faz com que o mesmo se sinta desmotivado em continuar seus estudos, pois conforme Freire (1996, p. 96).

o fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos. Neste sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Quando o professor alfabetizador compreender que na EJA o fundamental é realizar a relação entre os conhecimentos prévios dos alunos e que os novos conhecimentos se reconstroem, ampliam-se a isso que dizes que quanto mais o aluno sabe, mais eles têm condições de aprender e sabendo que a sociedade está em constantes transformações, exige-se do homem que o mesmo possua conhecimento da sua realidade e o amplie para gerar conhecimentos mais complexo em relação as manifestações que são criadas no mundo, pois conforme Vasconcellos (2002, p. 89)

o professor parte do que o aluno tem de quadro de significação e vai introduzindo, pela problematização, novos elementos para análise. O conhecimento anterior do aluno, como foi apontado, não pode ser desprezado, pois o novo vai ser construído a partir do existente, a não ser que entendamos que o conhecimento vai ser transmitido e depositado na cabeça do aluno de acordo com aquilo que falamos. É necessário conhecer a representação dos alunos para poder “lutar” contra elas; caso contrário, ficam conhecimentos justapostos, e o científico, dado pela escola, tende ao esquecimento, já que não foi assimilado.

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Se o professor não valorizar o conhecimento popular, segundo Brunel (2014, p.53) “o homem viverá para produzir, construir e ter. Se tornará um sujeito frio calculista e cada vez mais pretensamente racional, se já era difícil o homem pensar em si, agora é mais ainda difícil ele pensar no próximo, o espirito de união de solidariedade vai se perdendo e uma sociedade e escola individualista competitiva vai se constituindo”.

Outros desafios que a EJA enfrenta é o número de faltas que os alunos possuem, em função do trabalho muitos alunos acabam não indo à escola devido o horário, isso é um fator determinante para o abandono escolar. O excessivo número de aluno na mesma sala, também é um desafio a ser superado, para reduzir gastos acabam colocando um número exagerado de alunos dentro de uma sala de aula, um professor sem monitora, precisa dar conta, porém o professor não consegue realizar um atendimentos individualizados com qualidade. Realizar na modalidade da EJA projetos que motivem os alunos a não desistir também pode ser considerado um desafio, cabe ao professor promover aulas dinâmicas, problematizadoras que venham a contribuir na formação do aluno, pois quando o professor consegue atrair seu aluno para suas aulas segundo Freire (1996, p.96)

consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Estes desafios podem ser superados através de politicas públicas que venham a contribuir e fiscalizar como esta modalidade está sendo realizada, gerenciada nas escolas. Quando o governo disponibilizar mais verbas para a educação. E a partir do momento que se oferecer mais formação continua aos professores, ai sim a educação melhorará, pois as escolas terão mais investimento e professores buscarão mais formação para melhorar cada vez mais a sua prática pedagógica.

2 ANALFABETISMO NO BRASIL, POR QUE NÃO FINDA?

Vivemos atualmente em um período de alto desenvolvimento da tecnologia, muitos programas já substituem o papel e a caneta, no entanto não podemos desconsiderar que houve antes um desenvolvimento cientifico e tecnológico uma civilização que criou a escrita como meio de comunicação e a leitura como ferramenta de interpretação e compreensão de mundo, o radio a televisão o computador o celular hoje já se tornaram ferramentas que já modificaram

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o tempo e o espaço, com esta tecnologia avançada muitos desempregos estão surgindo, segundo Rifkin (1994, p.17),

mais de 800 milhões de seres humanos no mundo estão desempregados, ou subempregados. E o pior é que estes números deverá crescer acentuadamente, até o final do século, a medida que milhões de ingressantes na força de trabalho sem emprego, se encontraram, e muitos desses, vitimas de uma revolução tecnológica que esta substituindo rapidamente seres humanos por máquinas em virtualmente todo setor e indústria da economia global. Após anos de previsões otimistas e alarmes falsos, as novas tecnologias de informática e de comunicação estão finalmente causando um impacto, a tanto tempo prognosticado no mercado de trabalho e na economia, lançando na comunidade mundial nas garras de uma terceira grande revolução industrial. Milhões de trabalhadores já foram definitivamente eliminados do processo econômico; funções e categorias de trabalho inteiras já foram reduzidas, reestruturadas ou desaparecem.

Nesse contexto, ficamos a imaginar como um sujeito consegue viver, trabalhar e dar conta de suas atividades do cotidiano, sem ter noções básicas de leitura e escrita? Como conseguem pegar um ônibus, ler jornais, assinar documentos? Ler e escrever são uma das condições básicas para o ser humano viver sua vida culturalmente, economicamente e politicamente.

Em contrapartida, ainda existe no Brasil um alto índice de pessoas que estão fora das escolas e não sabem ler e escrever. Segundo pesquisas do IBGE de 2015, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi estimada em 8,0% (12,9 milhões de analfabetos), permanecendo com tendência de queda. No ano de 2014, esse indicador havia sido 8,3% (13,2 milhões) e, em 2004, 11,5% (15,3 milhões). A região Nordeste continuou a apresentar a maior taxa de analfabetismo (16,2%), embora com proporção menor que a observada em 2014 (16,6%). As menores taxas também continuaram sendo nas Regiões Sul (4,1%) e Sudeste (4,3%)

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No Brasil, a taxa de analfabetismo para os homens foi de 8,3% e para as mulheres, 7,7%. Em termos regionais, as maiores diferenças ocorreram no Norte (9,9% para os homens e 8,3% para as mulheres) e no Nordeste (18,0% para os homens e 14,5% para as mulheres). Apenas nas Regiões Sudeste e Sul a taxa de analfabetismo das mulheres foi superior à dos homens (Gráfico 9). Essas duas regiões contavam com as maiores proporções de mulheres de 60 anos ou mais de idade em sua população residente, o que pode explicar esse predomínio das mulheres na proporção de analfabetos.

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