• Nenhum resultado encontrado

Produção outsourcing, esquemas restringidos na transferencia de informação e aprendizado produtivo inter-firma : o caso da cadeia da computação no Mexico

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Produção outsourcing, esquemas restringidos na transferencia de informação e aprendizado produtivo inter-firma : o caso da cadeia da computação no Mexico"

Copied!
383
0
0

Texto

(1)

Produção Outsourcing, esquemas restringidos na transferência de

informação e aprendizado produtivo inter-firma: O caso da cadeia da

computação no México

Aluno Juan Andrés Godinez Enciso

Campinas, São Paulo, abril de 2005 Tese apresentada ao Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para a obtenção do título de Doutor em Economia, sob a orientação do Prof. Doutor Wilson Suzigan.

(2)

U~III)AIJE

~

I /11.l.HAMAD-,:~

1\

\"\ ~

~

v

~

TOMBO BCI PROCi(B

-

-

C? CD DE[! PREÇOJ91

(~

DATA

-.

10 <;: NVoCPD FICHACATALOGRÁFICAELABORADA PELO

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃODO INSTITUTODE ECONOMIA

Godinez Enciso, Juan Andres.

G545p Produção outsourcing, esquemas restringidos na transferencia de informação e aprendizado produtivo inter-firma : o caso da ca-deia da computação no Mexico I Juan Andres Godinez Enciso,. _ Campinas, SP : [s.n.], 2005.

Orientador. Wilson Suzigan.

Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia.

1. Computadores - Industria - Mexico. 2. Subcontratação. 3. Transferencia de tecnologia. I. Suzigan, Wilson. 11.

Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia. 111. Título.

(3)

Todo nuestro saber procede de lo que sentimos

Leonardo da Vinci

Códice Trivulzianus

(4)

Agradecimentos

Toda actividad que procura ser constructiva y reflexiva, casi sin excepción, es impulsada por iniciativas y esfuerzos individuales. Sin embargo, la gestación, el desarrollo y realización de esas motivaciones provienen de un conjunto de aportaciones, a veces minúsculas e imperceptibles, otras de mayor magnitud y claramente identificables, que surgen de ideas germinales de “otros”, del apoyo latente de amigos cercanos, de los juicios, comentarios y críticas sobre el quehacer, en este caso académico, de colegas y profesores, así como de instituciones que contribuyen al soporte de los objetivos propuestos. Un conjunto de sustentos cotidianos sin los cuales sería muy difícil la consecución de esas intenciones individuales.

El siguiente espacio simplemente expresa mi profundo agradecimiento a algunos de los actores que, desde distintos frentes, aportaron sus granos de arena para dar forma a este resultado.

El lado brasileiro:

Al Dr. Suzigan por su claridad de pensamiento, motivación y amistad. A Guida y Mariano que fueron participes en el origen de esta investigación. A mis queridos amigos Ana Rosa, Fernando, Marcelo, Dudú y Guilherme, por su cariño, comprensión y sustento logístico. Importantes referencias fueron los comentarios y observaciones de Renato y Otaviano, sin olvidar la torcida del NEIT; Paulo, Rodrigo, Celio y Marcos. A la contribución administrativa, casi siempre a la distancia, eficaz y puntual de Alberto, Cida y Pedro, mi reconocimiento. Una mención especial merece la banca dictaminadora, cuyos valiosos comentarios y criticas enriquecieron el contenido de la tesis: Dr. Renato de Castro Garcia, Dr. Marcelo Silva Pinho, Dra. Maria Carolina de Azevedo y Dr. Fernando Sarti.

(5)

El lado mexicano:

A Adriana una parte fundamental de esta historia, sustento y recipiente de los momentos agrios, que con su paciencia y amor consiguió convertirlos en lugares placenteros. A ella por siempre mi más profundo respeto, admiración y cariño.

Distinción a los colegas y amigos del Área de Relaciones Productivas la UAM-Azcapotzalco, Josefina, Leticia, Maryflor, Heliana, Edmar y Eunice, que en todo momento acreditaron en mi trabajo, les agradezco su apoyo incondicional y amistad. En particular a Beatriz por su solidaridad, estímulo y compañerismo, traducido en “jalones de orejas”, “apapachos” y agudas observaciones a mi persona y al trabajo de investigación, en una complicidad que nos une, muchas gracias Bea.

Al Dr. Barceinas por sus precisas orientaciones a la parte del trabajo econométrico y sobre todo por su función como amigo. A los “chicos” Wendy, Paola y Rodrigo, quienes están iniciando su camino académico y cuya presencia alegró momentos del trabajo, en especial a Carolina por su apoyo en las labores de “talacha”, léase gráficos, cuadros y revisión del texto final, sin olvidar el valioso respaldo secretarial de Ángeles.

También mi reconocimiento al Mtro. Sosa, al Dr. Froilan y al Mtro. Ejea quienes desde sus funciones de gestión en la UAM-Azcapotzalco sustentaron institucionalmente parte de los trabajos de campo. Finalmente me resta agradecer a la UAM y al CONACYT por su soporte financiero a lo largo de mi estadía dentro del programa de doctorado del Instituto de Economía de la UNICAMP.

A todos ellos y a quienes indirectamente tuvieron que ver en este capítulo de mi formación académica y personal, de nuevo y simplemente muito obrigado.

(6)

Sumário

Introdução 1

1. O desdobramento organizacional da firma e os novos esquemas de relação interempresarial

9 1.1 Os elementos contidos nas relações inter-firmas 13 1.2 A aproximação analítica ao fenômeno econômico das relações

inter-firmas: uma breve revisão

16 1.3 A externalização de atividades produtivas, resultado de estratégias

empresariais

24 1.3.1 A firma e sua função como unidade organizadora de atividades

produtivas intra e inter firma

25 1.3.2 Derivações analíticas do trabalho de Coase e vertentes alternativas 27 1.4 Sobre as capacidades da firma: criação, controle e coordenação 31 1.4.1 A preservação e a geração de novas capacidades produtivas da firma 33

1.4.2 A extensão out house da firma 36

1.5 Coordenação de capacitações nas opções da conduta produtiva da firma 43 1.5.1 Os caminhos da explotação e da exploração das capacidades produtivas 43 2. As caraterísticas e as tendências atuais da organização produtiva

"externalizada"

53 2.1 A organização produtiva atual: segmentação especializada-distribuição

espacial-coordenação hierarquizada

57 2.2 A estrutura organizativa no novo esquema de organização externalizada

da produção

66 2.2.1 As “arquiteturas em rede” e as cadeias de produção outsourcing 67 2.3 Os elementos que ajudam a explicar as possibilidades da

desverticalização produtiva

69 2.3.1 Os fatores tecnológicos: a modularização e a padronização produtiva 70 2.3.2 O fator da gestão e controle inter-empresarial 74 2.4 O fenômeno outsourcing: uma forma dominante da organização

produtiva contemporânea

76 2.4.1 Do mecanismo de localização off-shore ao outsourcing 79

2.4.1.1 Formação de supply base e a transferência de informação e

conhecimento produtivo

83 2.4.1.2 A transmissão de informação produtiva ao longo das cadeias produtivas 86 2.5 A formação das OEMs e ODMs na indústria eletrônica da computação 90 2.5.1 As características principais dos fornecedores de serviços de manufatura 97 2.5.2 Os movimentos na base de fornecimento da cadeia da eletrônica e da

computação

106

3. A conformação recente da indústria da computação no México, os anos noventa

121 3.1 Aspectos gerais da indústria da computação no México 124 3.1.1 O cenário de localização das atividades da eletrônica 127 3.1.2 A importância e o peso relativo recente da computação no conjunto 130

(7)

industrial mexicano

3.1.3 Principais tendências 130

3.2 Jalisco o núcleo das atividades da computação no México 142

3.2.1 Os atores principais; os “novos atores” 147

3.2.2 A relevância de alguns elementos do “ambiente econômico” no agrupamento produtivo da computação mexicana em Jalisco

151 3.3 Composição da cadeia produtiva da computação no México 156

3.3.1 Identificação da cadeia de produção 156

3.3.2 As etapas da cadeia produtiva de computadores no México 164

3.3.3 Localização das empresas por etapa 172

4. A cadeia da computação no México, circuitos limitados de transferência de informação produtiva inter-firmas

177 4.1 As principais características da cadeia da computação no México 179

4.1.1 Estrutura e caraterísticas da cadeia 182

4.1.1.1 Composição e atividades principais das firmas 182 4.1.2 As vantagens competitivas das firmas da cadeia 187 4.1.3 As vantagens dos rivais das firmas da cadeia 190

4.1.4 Condições da rivalidade 191

4.1.5 Principais problemas organizacionais das empresas 196 4.1.6 Esforços organizacionais, pesquisa e desenvolvimento (in house) das

firmas da cadeia

196

4.1.6.1 Sistemas de eficiência 197

4.1.6.2 A organização 199

4.1.6.3 A pesquisa e desenvolvimento 200

4.2 Os relacionamentos inter-firma, para frente e para atrás, na cadeia produtiva

203 4.2.1 As características downstream, para frente com clientes, na cadeia

produtiva

203

4.2.1.1 Os clientes principais 204

4.2.1.2 A troca de informação das firmas com clientes 206 4.2.1.3 O impacto produtivo do relacionamento efetivo com clientes 207 4.2.1.4 A relevância de lograr ter relações estáveis e de longo prazo com os

clientes

208 4.2.2 As características upstream, para atrás com fornecedores, na cadeia

produtiva

209

4.2.2.1 Principais fornecedores 209

4.2.2.2 A troca de informação das firmas com fornecedores 211 4.2.2.3 O impacto produtivo do relacionamento efetivo com fornecedores 217 4.2.2.4 A relevância de ter relações estáveis e de longo prazo com os

fornecedores

218 4.2.3 As características horizontais, com rivais, na cadeia produtiva 218 4.2.4 Correlação impacto sob produtos e processos do relacionamento com

fornecedores

222 4.2.5 Correlação impacto sob produtos e processos do relacionamento com

clientes

222

(8)

4.3 Os processos de “percolação” na cadeia produtiva da computação no México

229

4.3.1 Resultados das regressões do modelo 230

4.3.1.1 Características do modelo 231

4.3.1.2 Os resultados 233

4.3.1.3 As Provas Dummy 236

4.4 “Análise de classificação” (clusters) na cadeia da computação no México 239

4.4.1 Características gerais do procedimento 240

4.4.2 As virtudes e limitações do procedimento elegido (aglomeração

hierárquica)

241 4.4.3 Os esforços produtivos internos e as externalidades do entorno

econômico

243

4.4.4 A identificação dos agrupamentos 244

4.4.4.1 O procedimento 244

4.4.4.2 Os agrupamentos das Vantagens Competitivas (Ti) 245

4.4.4.3 Os agrupamentos da Conectividade (Ci) 247

4.4.4.4 Os agrupamentos da Receptividade (Ri) 250

4.4.4.5 Os agrupamentos da Aprendizagem (Li) 254

4.4.4.6 Os agrupamentos da Pesquisa e Desenvolvimento (Pi) 256 4.4.4.7 Os agrupamentos do Total de indicadores (Total) 259

Conclusões 271

Referências Bibliográficas 285

(9)

Sumário de Tabelas

Tabela 2.1 Transição de empresas (latecomer firms) nos países de recente industrialização: OEM-ODM-OBM*

98 Tabela 2.2 Estrutura por tipo de fornecedor na cadeia produtiva da computação 100 Tabela 3.1 Número de Estabelecimentos por Estado, classe 382302, 1994 e 1999 128 Tabela 3.2 Pessoal Ocupado, classe 382302, 1994 e 1999 128 Tabela 3.3 Valor da produção, classe 382302, 1994 e 1999. 129 Tabela 3.4 Pessoal ocupado na indústria informática, 1994 –2003 131 Tabela 3.5 Valor da produção dos computadores e periféricos, 1997 – 2002

(A preços de 1993)

132 Tabela 3.6 Principais produtos, componentes e partes para computador exportado por o

México (2000)

140

Tabela 3.7 Mercado mexicano de tecnologias da informação e telecomunicações 141 Tabela 3.8 Estrutura das exportações manufatureiras em Jalisco por tipo de bem 143 Tabela 3.9 Coeficientes de localização das principais atividades industriais de Jalisco,

1988 – 1993

144

Tabela 3.10 Coeficientes de localização das principais atividades industriais de Jalisco. 1993–1998

144

Tabela 3.11 Coeficientes de localização das principais atividades industriais de Jalisco por atividade, 1988–1993

145

Tabela 3.12 Coeficientes de localização das principais atividades industriais de Jalisco por atividade, 1993 - 1998

146

Tabela 3.13 Firmas CEMs líderes instaladas no México nos anos noventa 149 Tabela 3.14 Indicadores comparativos da importância das economias externas em

diferentes agrupamentos produtivos, 2003

152

Tabela 3.15 Indicadores Comparativos das condições da ação conjunta em diferentes agrupamentos produtivos, 2003

153 Tabela 3.16 Dinâmicas concorrenciais nas etapas da cadeia 163

Tabela 3.17 Empresas da etapa A 170

Tabela 3.18 Empresas da Etapa B 170

Tabela 3.19 Empresas da Etapa C 161

Tabela 3.20 Empresas por etapa e localização 172

(10)

Tabela 4.2 Empresas que foram entrevistadas 182 Tabela 4.3 Efeitos produtivos derivados do relacionamento com fornecedores 208

Tabela 4.4 Importância dos obstáculos internos 215

Tabela 4.5 Importância dos obstáculos externos. 216 Tabela 4.6 Efeitos produtivos derivados do relacionamento com fornecedores 220 Tabela 4.7 Firmas que tem impactos positivos em produtos e processos no

relacionamento com fornecedores

222

Tabela 4.8 Firmas que tem impactos positivos em produtos e processos no relacionamento com clientes

222

Tabela 4.9 Correlações 223

Tabela 4.10 Correlações Ponderadas 224

Tabela 4.11 Relação de indicadores considerados para cada uma das variáveis 245

Tabela 4.12 CLUSTER Ati 246

Tabela 4.13 CLUSTER BTi 247

Tabela 4.14 CLUSTER ACi 248

Tabela 4.15 CLUSTER BCi 249

Tabela 4.16 CLUSTER CCi 249

Tabela 4.17 CLUSTER DCi 250

Tabela 4.18 CLUSTER ARi 251

Tabela 4.19 CLUSTER BRi 253

Tabela 4.20 CLUSTER CRi 253

Tabela 4.21 CLUSTER DRi 253

Tabela 4.22 CLUSTER ALi 256

Tabela 4.23 CLUSTER BLi 256

Tabela 4.24 CLUSTER APi 258

Tabela 4.25 CLUSTER BPi 258

Tabela 4.26 CLUSTER ATOTALi 260

Tabela 4.27 CLUSTER BTOTALi 260

Tabela 4.28 CLUSTER CTOTALi 260

Tabela 4.29 CLUSTER ATOTALI Características médias das firmas da cadeia 261 Tabela 4.30 CLUSTER ATOTALi Características médias das firmas da cadeia (Continuação) 262

(11)

Sumário de Figuras e Gráficos

Figura 2.1 Esquema outsourcing global na electrônica e na computação 109 Figura 3.1 Distribuição Espacial das atividades da eletrônica no México 126 Figura 3.2 Algumas das principais firmas brand names, OEMs e ODMs da indústria

da computação instaladas no México

151

Figura 3.3 Cadeia da produção de computadores no México 166 Figura 3.4 Identificação das atividades por etapa da cadeia. Etapa A 167 Figura 3.5 Identificação das atividades por etapa da cadeia. Etapa B 168 Figura 3.6 Identificação das atividades por etapa da cadeia. Etapa C 169 Figura 3.7 Total de empresas por etapa e por localização totais por segmento 173 Gráfico 2.1 Processo de conformação de clusters industriais na eletrônica 104 Gráfico 3.1 Participação das remunerações da computação no setor e no total da

indústria, 1994 - 2003

130

Gráfico 3.2 Participação do valor da produção da computação na setor e no total da indústria, 1994 - 2003

130

Gráfico 3.3 Valor da produção na indústria da informática e das telecomunicações, 1994 – 2003. (A preços de 1993)

132

Gráfico 3.4 Remunerações totais do pessoal ocupado na indústria da informática, 1994 -2003

133

Gráfico 3.5 Investimento estrangeiro direto na indústria eletrônica no México 133 Gráfico 3.6 Participação do PIB da informática no PIB do México 134 Gráfico 3.7 Participação das exportações e importações da eletrônica com respeito às

exportações e importações totais e da indústria da transformação no México, 1980-2002

135

Gráfico 3.8 Balança comercial da electrônica no México 136 Gráfico 3.9 Participação porcentual das maquiladoras nas exportações informáticas,

2000

137

Gráfico 3.10 Estrutura porcentual do destino das exportações mexicanas de equipamento

e componentes da computação, 2000.

137

Gráfico 3.11 Estrutura porcentual das importações mexicanas de equipamento e componentes da computação, 2000

138

Gráfico 3.12 Estrutura porcentual das exportações da seção tarifaria 84, 2000 138 Gráfico 3.13 Estrutura porcentual das exportações da seção tarifaria 85, 2000 139 Gráfico 3.14 Participação porcentual do mercado mexicano das tecnologias da

informação no mercado mundial, 1994 - 2002

(12)

Gráfico 3.15 Variação porcentual do comércio da indústria da eletrônica entre Estados Unidos, México e o mundo

142

Gráfico 3.16 Exportações totais e da eletrônica em Jalisco, 1994 - 2002 147 Graficos 4.1 – 4.3 Distribuição de empresas por tamanho; Total, Etapa e Localização 184 Gráficos 4.4 – 4.6 Ano de instalação no México; Total, Etapa e Localização 185 Gráficos 4.7 – 4.9 Empresas com capital estrangeiro; Total, Etapa e Localização 185 Gráficos 4.10 – 4.12 Porcentagem de capital estrangeiro; Total, Etapa e Localização 186 Gráficos 4.13 – 4.15 Origem do capital estrangeiro; Total, Etapa e Localização 186 Gráficos 4.16 – 4.17 Atividades principias; Total e Etapa 187

Gráfico 4.18 Destino principal dos produtos 188

Gráficos 4.19 – 4.21 Vantagens productivas; Total, Etapa e Localização 188 Gráficos 4.22 – 4.24 Importância das vantagens productivas; Total, Etapa e Localização 189 Gráfico 4.25 Vantagens organizacionais por Etapa 189 Gráfico 4.26 Vantagens em habilidades por Etapa 189

Gráfico 4.27 Vantagens de mercado por Etapa 189

Gráficos 4.28 – 4.30 Vantagens produtivas dos competidores; Total, Etapa e Localização 191 Gráficos 4.31 – 4.33 Principais Vantagens dos rivais; Total, Etapa e Localização 192 Gráficos 4.34 – 4.35 Principais formas de rivalidade; Total e Etapa 192 Gráficos 4.36 – 4.38 Origem principal dos rivais; Total, Etapa e Localização 194 Gráficos 4.39 – 4.41 Porcentagem de inputs e componentes importados; Total, Etapa e

Localização

194

Gráficos 4.42 – 4.44 Origem principal dos fornecedores; Total, Etapa e Localização 195 Gráficos 4.45 – 4.47 Variação da rivalidade no periodo 1999 – 2003; Total, Etapa e

Localização.

195

Gráficos 4.48 – 4.50 Problemas principais das empresas; Total, Etapa e Localização 197

Gráfico 4.51 Problemas operacionais de escala 198

Gráfico 4.52 Problemas no tempo de entrega 198

Gráfico 4.53 Problemas inter – relação 198

Gráfico 4.54 Problemas de qualidade 198

Gráfico 4.55 Problemas de contratos. 198

(13)

Gráficos 4.57- 4.59 Sistemas de qualidade e certifição; Total, Etapa e Localização 199 Gráficos 4.60 –4.62 Atividades realizadas para a melhora dos sistemas de organização;

Total, Etapa e Localização

200

Gráficos 4.63 – 4.65 Empresas que realizan atividades de P&D; Total, Etapa e Localização

201

Gráficos 4.66 – 4.68 Tipo de P&D que realiza; Total, Etapa e Localização 202 Gráficos 4.69 – 4.71 Porcentagem da receita destinado a P&D; Total, Etapa e

Localização

202

Gráficos 4.72 – 4.74 Agentes que definem produtos ou processos para a firma; Total, Etapa e Localização

203

Gráfico 4.75 Determinação do cliente nos pedidos 204

Gráfico 4.76 Elos de transação com clientes 204

Gráficos 4.77 – 4.79 Origem principal dos clientes; Total, Etapa e Localização 205 Gráficos 4.80 – 4.82 Empresas subcontratadas por clientes; Total, Etapa e Localização 207 Gráfico 4.83 Empresas que tem alta relação com clientes 207 Gráficos 4.84 – 4.86 A Importância de manter troca de informação com clientes; Total,

Etapa e Localização

209

Gráficos 4.87 – 4.89 Aspectos que seriam favoraveis no caso de estreitar a relação com clientes; Total, Etapa e Localização

210

Gráficos 4.90 – 4.92 Firmas que tem contratos estáveis e de longo prazo com fornecedores; Total, Etapa e Localização

213

Gráficos 4.93 – 4.95 Importância de manter troca de informação com fornecedores; Total, Etapa e Localização

213

Gráficos 4.96 – 4.98 Importância de participar como fornecedor subcontratado para clientes principais

214

Gráficos 4.99 – 4.101 Principais obstáculos da firma para ser fonecedor eficiênte; Total, Etapa e Localização

214

Gráficos 4.102– 4.104 Firmas que manten troca de informação com fornecedores; Total,

Etapa e Localização

217

Gráfico 4.105 Firmas que têm uma alta relação com fornecedores 219 Gráficos 4.106 – 4.108 Importância de mantém troca de informação com fornecedores;

Total, Etapa e Localização

(14)

Gráficos 4.109 – 4.111 Aspectos que seriam favoráveis no caso de estreitar a relação com

fornecedores; Total, Etapa e Localização

221

Gráficos 4.112 – 4.114 Firmas que mantém troca de informação com rivais; Total, Etapa e

Localização

221

Gráficos 4.115 – 4.117 Desvantagens dos firmas para ser fornecedores de qualidade;

Total, Etapa e Localização

226

Gráficos 4.118 – 4.120 Importância de ter fornecedores nacionais de qualidade; Total,

Etapa e Localização

227

Gráficos 4.121 – 4.123 Esforços que a firma faria para formar una rede de fornecedores

locais; Total, Etapa e Localização

227

Gráficos 4.124 – 4.126 Vantagens esperadas no caso de ter uma rede de fornecedores

locais; Total, Etapa e Localização

228

Gráficos 4.127 – 4.129 Firmas que têm conhecimento de programas de governo para a

formação de fornecedores; Total, Etapa e Localização

228

Dendograma 1 Dendograma dos agrupamentos considerando as Vantagens Competitivas (CLT)

245

Dendograma 2 Dendograma dos agrupamentos considerando as variáveis de Conectividade (CLC)

248

Dendograma 3 Dendograma dos agrupamentos considerando as variáveis de Receptividade (CLR)

251

Dendograma 4 Dendograma dos agrupamentos considerando as variáveis de Aprendizagem (CLL)

254

Dendograma 5 Dendograma dos agrupamentos considerando as variáveis Pesquisa e Desenvolvimento (CLP)

257

Dendograma 6 Dendograma dos agrupamentos considerando o Total das variáveis (CLT)

(15)

RESUMO

Este trabalho analisa a lógica que explica a conduta de externalização das atividades produtivas da empresa moderna, fundamentalmente segmentos da manufatura, para outros agentes econômicos (fornecedores externos), e cuja expressão é observável nos chamados esquemas outsourcing de produção a escala global, comandados por firmas multinacionais. Este é um processo que deve ser entendido como a construção de novas formas de governança, que se caracterizam pelo estabelecimento de relacionamentos inter-firmas ao longo de uma cadeia de valor, e cuja dinâmica emerge do desdobramento organizacional da empresa baseado na procura de novas alternativas de explotação da base técnico-produtiva prevalecente. O objetivo da pesquisa é mostrar e verificar se estas estruturas

organizacionais, consideradas como “esquemas paradigmáticos” de organização, se constituem realmente em sistemas de transmissão de informação produtiva que, por sua vez, estimulem de maneira efetiva mecanismos de aprendizado e melhoramento organizacional das empresas com menores habilitações e localizadas nos estágios inferiores da cadeia. Nesta análise, na contramão do que se indica em diversos estudos, se

demostra que a função de aprendizado relacional, que se espera derivar-se-ia da existência desses elos inter-firmas, em termos da acessibilidade ao conhecimento que flui na cadeia para as empresas e as localidades incorporadas nessas estruturas, não esta garantida para a geração de melhoramento produtivo ou upgrading. Para alcançar este propósito se analisa o caso específico da cadeia produtiva da computação no México.

ABSTRACT

This thesis analyzes the logic behind the modern firm strategy of externalizing some manufacturing activities to other economic agents (external suppliers)acture. Such strategy is evidenced by the so-called global outsourcing production commanded for multinational firms. This is a process must be understood as the construction of new forms of

governance, characterized by the establishment of inter-firm relationships throughout a

value chain, and whose dynamics is given by an organizacional unfolding of the firm in search of new alternatives of exploitation. The objective of this thesis is to show and to

verify if such structures, considered as "paradigmatic organizations", are really transmission systems of productive information that, in turn, effectively stimulate learning and organizacional enhancement mechanisms in the lesser qualified firms of the lower tiers of the value chain. Contrary to was indicated by several studies, this thesis

demonstrates that the function relational learning of these inter-firm links has no expressive productive improvement or upgrading effects in developing countries areas. This is evidenced by the analysis of a specific case: the Mexican computer production chain.

(16)

Introdução

A tese tem como objetivo principal analisar se, efetivamente, as estruturas de organização produtivas contemporânea, genericamente identificadas como esquemas

outsourcing de produção, lideradas por grandes firmas multinacionais operando numa

escala global representam espaços reais de transmissão de informação para o aprendizado e o melhoramento produtivo das firmas que participam em certos estágios da cadeia de geração de valor. Tendo em vista esse objetivo foi realizado um estudo empírico tomando o caso da cadeia produtiva da computação no México.

Estes esquemas organizacionais, outsourcing production, têm surgido como uma

das formas dominantes na reestruturação produtiva da firma no final do século XX, uma expressão do chamado processo de globalização econômica que se caracteriza pela segmentação de etapas da cadeia de valor, distribuídas espacialmente em distintas partes do mundo, e pelo estabelecimento de novas formas de governança interempresarial. Em termos da análise econômica, este fenômeno tem trazido não só um maior interesse por aprofundar no estudo das condições que definem os “limites” da firma, a lógica de coordenação e controle alternativa à exercida através do mercado vis à vis a hierarquia da empresa, mas também buscar em compreender se as novas formas de inter-relação empresarial representam circuitos que possam favorecer a passagem de fluxos de informação que estimulem, desde “fora” da empresa, processos de aprendizado e upgrading produtivo, assim como condutas de cooperação nas redes de firmas.

Isto é, as transformações na base da organização produtiva têm colocado no centro da discussão, entre outros assuntos associados, duas questões caras à microeconomia. De um lado, a existência de formas alternativas de coordenação, neste caso a formação de esquemas interfirma na composição da cadeia de valor de produtos, cuja tendência é dominante em diversos setores produtivos, de outro, estabelecer que, além das economias externas de tipo marshalliano que poderiam derivar-se da “maior proximidade” das unidades de produção, emergem atitudes de tipo relacional (um comportamento intrínseco na empresa, relational firm –Arcangelli e Bellusi, 1998) que, se afirma, gerariam oportunidades efetivas de colaboração e aprendizado coletivo, sejam derivadas dos contínuos elos usuário-fornecedor (Von Hippel, 1988; Lundvall, 1992; Antonelli, 1996) ou

(17)

das vantagens da localidade, tanto no sentido das tradicionais economias externas que podem surgir de coletivos identificados sócio-culturalmente (Brusco, 1990; Becattini, 1989), ou das condições existentes nos clusters ou conglomerados produtivos locais (infra-estrutura, força de trabalho qualificada, fatores de tipo institucional, etc.,) que motivariam a “ação conjunta” e a “eficiência coletiva” das firmas (Schmitz, 1999; Petrobelli e Rabellotti, 2004).

As estruturas organizacionais também identificadas em forma de rede, horizontais e principalmente de tipo vertical, ou seja, ao longo de uma cadeia produtiva, aparecem, como uma das principais expressões no desdobramento organizacional atual, cuja característica é a gestão e coordenação de momentos da produção e distribuição. Este fenômeno contém três elementos distintivos: a. São estruturas de governança, controladas por firmas multinacionais, que integram a empresas independentes, geralmente como fornecedoras, em distintas etapas da cadeia de valor; b. Apresentam uma particular dimensão espacial, a localização das etapas da cadeia tem uma abrangência regional ou global, incorporando ou não localidades neste processo; c. Esta lógica de dispersão, está-se convertendo num fator importante na determinação do perfil produtivo, das áreas e firmas incorporadas à dinâmica de produção outsourcing. As evidências sobre estas formas organizacionais em cadeia as têm descrito como “estruturas organizacionais paradigmáticas” (Sturgeon, 2002).

Neste contexto se procura analisar qual é a lógica que permeia esta nova expressão, na coordenação produtiva de tipo interempresarial, mas especialmente abordar a pergunta de até que ponto estes esquemas se convertem em sistemas importantes para a transmissão de informação entre os distintos estágios da cadeia, e nesse sentido se estes se constituem em espaços que “compartem informação e aprendizado” motivando efeitos upgrading. Este é um assunto que de passagem liga-se, por sua vez, com a discussão do papel das firmas multinacionais, que são as “comandantes” principais das cadeias, como geradores de efeitos

spillovers nas localidades onde atuam (Sjöholm, 1999; Kokko, e Blomström 1998;

Harrison, 1994).1 No nosso caso desde uma perspectiva dos efeitos de transmissão ao longo de uma rede vertical.

1

Nesses trabalhos o foco da análise centra-se na discussão dos possíveis efeitos da atuação das firmas multinacionais nas localidades de operação, principalmente países em desenvolvimento, assim como os fatores que explicariam a aparição de efeitos spillovers: participação de firmas locais nos fluxos de comércio

(18)

A nossa hipótese central a demostrar é que estes esquemas outsourcing, particularmente para o caso da indústria da computação no México, não representam espaços “acessíveis” e “livres” na transmissão de informação produtiva que promova automaticamente o desenvolvimento de aprendizado (upgrade) das firmas localizadas nos estágios mais baixos da cadeia de valor, e, no mesmo sentido, que a função relacional esperada (cooperação de duas vias) entre os atores na cadeia é um mecanismo restrito. Ao mesmo tempo, procura-se mostrar que os possíveis avanços produtivos, das firmas com menores capacidades na rede de relações, são estimulados basicamente pelos próprios esforços da empresa para melhorar suas habilidades e sua posição no conjunto e, de maneira marginal ou indireta, pelo sistema de relacionamentos up-stream e down-stream.

Para fundamentar a demonstração da hipótese, a partir dos resultados das entrevistas, foram elaborados índices para a estimação de variáveis associadas aos fatores mais importantes que incidiriam no melhoramento da empresa: esforços in-house vis à vis os efeitos derivados dos relacionamentos para frente e para trás ao longo da cadeia, baseados no modelo percolation process proposto por Antonelli (1996). Paralelamente, em apoio ao exercício econométrico se aplicou um procedimento de análise multivariado (cluster) que permitiu mostrar padrões comuns, nas firmas entrevistadas da cadeia, com respeito a seus esforços de melhoramento produtivo e às características nos relacionamentos com seus fornecedores e usuários.

Nesta tese se tenta contribuir às discussões sobre o fenômeno da conformação das estruturas organizacionais outsourcing, como estratégia de expansão das firmas que coordenam a rede, que é mais próximo a uma lógica típica de cutting cost ou putting-out, e sobre até que ponto a sua existência como um sistema interempresarial permite a rápida e livre acessibilidade de informação e aprendizado produtivo das unidades produtivas participantes. Neste mesmo caminho, pretende-se apresentar elementos, partindo da evidência empírica, dos pobres efeitos na transferência de informação que estas estruturas organizacionais, cada vez mais extensas, têm nas localidades de países de menor desenvolvimento inserido nesses circuitos globais, como o México, o que é mostrado

mundial, transferência de tecnologia, mudanças na conduta e capacidade produtiva das firmas locais, redução da brecha tecnológica, formação de elos locais ou simples “efeitos demonstração”.

(19)

também em outros estudos (Petrobelli e Rabellotti, 2004; Kishimoto, 2003). É evidente que, sem derivar generalizações, as nossas conclusões refletem as condições prevalecentes no caso da cadeia da computação no México.

A composição do presente trabalho é a seguinte. No capítulo 1 se efetua uma breve revisão das principais abordagens que estudam as formas que têm adotado o desdobramento organizacional da firma, centralmente na formação desses esquemas de organização que relacionam firmas interdependentes ao longo do processo de produção e distribuição na cadeia de valor, identificadas como redes de firmas. O posicionamento conceitual fundamenta-se em estabelecer que, para entender da melhor forma essas estruturas, é indispensável sublinhar que este é um processo estratégico na conduta competitiva das firmas, na sua dinâmica pela procura de novas fontes de aprendizado e absorção de valor. O elemento básico que nos parece central é a necessidade de distinguir a lógica que conduz esse movimento para “fora” da firma entre a explotação (exploitation) das capacidades da base produtiva existente e a exploração (exploration) de novas capacidades e oportunidades de aprendizado produtivo. A prevalência de alguma das duas estratégias definira o tipo de relacionamento que a firma estabeleça com outros atores econômicos (Gelsing, 1992) e, ao mesmo tempo, as condições para a potencial transmissão de informação e colaboração inter-firmas.

No capítulo 2 o foco dirige-se a entender que as formas atuais de organização produtiva, expressadas nos esquemas outsourcing como sistema dominante em diversas atividades industriais, e que atingem a construção de elos verticais ao longo da cadeia de valor, derivam-se precisamente da lógica estratégica de explotação. Aqui se analisam as principais características desta tendência, os fatores que ajudam a explicar as condutas de

externalização de etapas da cadeia para outras firmas, a representação dos nexos

usuário-fornecedor, e sua particularidade como esquema que manifesta umas distintivas dimensões espaciais, regionais e globais. Fato que está gerando importantes efeitos na configuração produtiva mundial, e onde a apreciação comum é que a incorporação de localidades a este processo, principalmente de países em desenvolvimento como o México, poderia gerar importantes efeitos positivos de transmissão em conhecimento e aprendizado (learning by

(20)

relational) para o melhoramento competitivo dos atores locais. A referência específica se

dirige ao caso da indústria eletrônica, notoriamente o setor da computação.

Por sua parte, no capítulo 3, a atenção se orienta em mostrar as condições que têm definido a gestação, a partir dos anos noventa, da indústria moderna da computação no México, assim como suas particularidades e suas tendências, as quais têm sido marcadas pela forma de inserção que mostra nas cadeias globais desta atividade, fortemente ligada ao perfil determinado pelas firmas líderes de origem estadunidense e pelo fator geográfico da vizinhança do país com os Estados Unidos. Além desta caracterização, que permite colocar as peculiaridades das atividades relacionadas com a produção de computadores no México, o interesse, no final do capítulo, é, a partir da consulta de diversos diretórios de empresas (oficiais e privados) do setor eletrônico mexicano, estruturar a composição da cadeia produtiva na geração de computadores no país. Isto é, definir as principais etapas, produtos e componentes (ativos e passivos) que são manufaturados, montados ou, no melhor dos casos, desenhados, pelas firmas responsáveis que estão operando no território nacional.

A seguir, no capítulo 4, depois da identificação e conformação da cadeia da computação no México, o cenário central da pesquisa, a atenção vai-se concentrar na análise dos principais resultados do estudo de campo. Esta seção se constitui no bloco medular da presente tese: demostrar que os esquemas outsourcing de relacionamento interempresarial ao longo da cadeia de valor não se constituem, pelo menos para o caso da produção de computadores no México, em uma modalidade organizacional que provoque o desenvolvimento de capacidades das firmas participantes, derivadas de efeitos na transferência de informação produtiva, que poderiam originar-se dos nexos relacionais estabelecidos. Para alcançar este fim se efetuaram entrevistas e a aplicação de um questionário para uma amostra de 27 firmas, localizadas nas três etapas (produtos finais, componentes ativos e periféricos). São apresentados os resultados da informação obtida das respostas e, posteriormente, depois do processamento dos dados empíricos, os índices e as variáveis que permitiram a verificação estatística e econométrica da hipótese que guia este trabalho.

O upgrading da empresa pode originar-se de seus próprios esforços (in-house) dedicados a elevar sua eficiência a partir da sua experiência e da atenção por melhorar sua

(21)

organização através da capacitação, da incorporação de sistemas de qualidade produtiva e gerencial, ou pelo investimento em atividades de pesquisa e desenvolvimento. Do outro lado, podem existir efeitos positivos sobre as capacidades internas, procedentes de fora da firma, seja por tradicionais “economias externas” ou provenientes do relacionamento com outros agentes econômicos, principalmente usuários, fornecedores ou rivais. Neste último caso a interação poderia manifestar-se em troca de informação ou colaboração ativa entre as partes.

É precisamente perante estas duas “fontes” alternativas para o aprendizado e a elevação das capacidades produtivas da empresa, especialmente no contexto das organizações outsourcing, onde se intensificam os elos interfirma, que se estima, na situação prevalecente na cadeia produtiva da computação no México, qual das duas fontes representa a forma mais significativa para a intenção de melhoramento organizacional e competitivo das empresas participantes na rede vertical. Neste sentido se demonstra que as “fontes externas”, a partir das conexões configuradas nessas relações usuário-fornecedor, resultam marginais.

A constatação da afirmação anterior e a comprovação da nossa hipótese são sustentadas não só pelos resultados estatísticos dos questionários, mas também reforçadas a partir da aplicação do modelo percolation process2, que permite-nos medir precisamente o peso relativo e a significância de cada um deles. Assim mesmo, para completar a validez dos resultados das regressões, aplicou-se um exercício baseado num procedimento de agrupamento conhecido como análise multivariada (cluster), procurando identificar padrões de incidência nas firmas da amostra, a partir dos indicadores base das variáveis indicadas, o qual redondeou as estimações dos efeitos esperados.

Finalmente são apresentadas as conclusões mais importantes da tese e um conjunto de anexos; o primeiro apresenta as tendências que indicam o fortalecimento e a extensão do fenômeno outsourcing em nível mundial na indústria eletrônica; o segundo, o conteúdo das perguntas do questionário utilizado; o terceiro, as listagens do universo de firmas

2

A partir de uma adequação deste modelo proposto por Antonelli (1996), se definiram utilizando índices as variáveis representativas para os esforços in-house (aprendizado –Li, e pesquisa e desenvolvimento -Pi) e para os efeitos dos elos externos (conectividade –Ci e receptividade -Ri).

(22)

identificadas para a construção da cadeia da computação no México, por tipo de atividade e localização espacial, e das empresas da amostra, incluindo aquelas que rejeitaram a entrevista ou que fecharam no período do trabalho de campo; o quarto, as tabelas que sistematizam a informação recolhida dos questionários, e o quinto, é metodológico, que descreve o procedimento seguido para a adequação do modelo econométrico, o cálculo dos índices e a definição das variáveis consideradas no modelo para a medição dos fatores

in-house e os gerados de mecanismos de transmissão de informação dos elos para frente e para

(23)

Capítulo 1. O desdobramento organizacional da firma e os novos esquemas de relação interempresarial

Entre as diversas modalidades de organização produtiva que têm assumido a produção capitalista contemporânea podem ser identificadas, de maneira geral, duas principais tendências: de um lado, a formação de clusters ou a criação de agrupamentos industriais situados e definidos espacialmente em certas localidades e, de outro lado, uma dinâmica de organização que contém como principal caraterística a segmentação de etapas da cadeia da produção, tecnologicamente possíveis e espacialmente distribuídas, regional e globalmente, mas integradas organizacionalmente através de sistemas de gestão e controle, que liga na maioria das vezes unidades independentes, patrimonialmente falando.

Alguns autores (por exemplo, Ruiz e Piore, 1998; Ruiz e Dussel, 1998) consideram que esses dois comportamentos correspondem ao mesmo fenômeno geral da nova divisão internacional do trabalho, uma reconfiguração espacial da produção que conecta distintos momentos da cadeia de valor, distribuídos geograficamente e dirigidos principalmente por grandes firmas multinacionais, onde são aproveitadas certas especializações e geram-se economias de escala. Mas também é mostrado como um movimento contraditório da atual dinâmica da produção, isto é, a subtração de valor e capacidades locais para a geração de bens e serviços direcionados aos mercados de maneira global.3

Sem dúvida, o comportamento mais marcante nessa trajetória, que tem grandes repercussões sobre o modo de pensar e realizar a produção, é a segmentação das etapas da geração e distribuição de produtos que cruzam diferentes localidades e regiões no mundo. Esta re-interpretação da dinâmica de reestruturação produtiva atual, identificada como uma das manifestações do chamado processo de globalização (Dunning, 1997; Chesnais, 1996), tem relevantes efeitos: impor novas condições tecnológicas; definir novos requerimentos organizacionais; determinar novos mecanismos de concorrência; alterar os caminhos na obtenção de qualificações e conhecimento produtivo, num sentido sinérgico, e modificar continuamente o cenário geográfico da acumulação internacional (Bair e Gereffi, 2003). Neste último assunto,

3

Esse mesmo fenômeno geral de criação e apropriação de excedente que se dá globalmente, e que também vai acompanhado de processos de exclusão –de firmas, países e regiões, pode-se contrabalançar só com o fortalecimento dos atores econômicos nos seus espaços locais, que permitam reduzir gaps e promover melhoras qualitativas que

(24)

como mostra Garcia (2001) no caso do setor calçadista no Brasil, essa lógica dirigida principalmente por firmas multinacionais, operando a escala mundial, impõe-se sobre as condições existentes nos espaços locais nos que operam, estabelecendo importantes determinações a respeito das potenciais oportunidades de upgrading das localidades e dos agentes locais onde essas firmas assentam-se. Esta será uma das questões centrais em torno à qual estará dirigida a discussão nesta tese.

Num primeiro momento gostaríamos de sublinhar que, ainda que esses processos estejam manifestando-se e sejam observáveis no nível meso-econômico, este é um fenômeno caracteristicamente microeconômico e dinâmico; no nível da relação estabelecida entre a firma, sua organização interna, suas relações com outros agentes produtivos, rivais competitivos ou não, e os diversos espaços de atuação, mercados e setores, os quais tem-se estreitado mais, independentemente da localização espacial.

A manifestação deste novo tipo de estrutura segmentada da produção, global ou regional, se apresenta na forma de uma maior intensidade nos elos de inter-relação (vertical ou horizontal) entre unidades produtivas independentes, no sentido de não existir o controle de ativos físicos de parte de uma única firma, e se encontra disseminada territorialmente. Estes esquemas envolvem “associações”, para a realização das distintas etapas da criação de valor, desde sua gestação até sua realização e distribuição. As inter-relações podem estabelecer-se de maneira formal ou informal, como cadeias de produção outsourcing, alianças estratégicas, joint ventures, entre outras. Uma primeira característica que deve ser enfatizada é que, estes esquemas de reorganização produtiva têm que ser vistos essencialmente como um desdobramento de decisões estratégicas das empresas para melhorar as condições competitivas na cadeia de valor de bens e serviços (Teece, Pisano e Shuen, 1990).

Estas extensões, para fora da organização interna da firma, onde são trasladados segmentos da produção e são estabelecidos elos entre empresas (e com outros agentes não vinculados diretamente à esfera produtiva, ex., laboratórios de governo) têm como objetivo compartilhar ativos complementares ou concentrar-se em seus core activities (Prahalad e Hamel, 1990) e como será analisado representam, basicamente, novas modalidades de organizar e

reduzam as diferenças nas capacidades entre os centros de decisão e os espaços de apropriação -periferia e semiperifera (Chesnais, 1996; Furtado, 1999).

(25)

coordenar o processo produtivo. Como se verá mais à frente esta conduta das empresas contém duas lógicas: por um lado, aquela orientada à explotação4 e apropriação do valor gerado e, por outro, a dirigida à exploração contínua de novas capacidades e habilidades para a inovação, que buscam fortalecer a posição competitiva no longo prazo.

A transição para outras maneiras de organizar a cadeia de valor produtiva, que vão além da dicotomia entre a estrutura interna da empresa versus os “sinais do mercado” (o sistema de preços, como mecanismos únicos e alternativos de coordenação da produção), é resultado do comportamento dinâmico dos agentes produtivos, especificamente das empresas, por desenvolver formas de governance5 produtiva. A construção de esquemas organizacionais procura novos e alternativos caminhos para a geração e apropriação de valor, não só num sentido defensivo ou estático, mas, sobretudo, com o propósito de ampliar a fronteira de acumulação no tempo.

Neste sentido, a evolução organizacional das empresas (integração vertical, empresas

multi-form, holdings, subsidiárias, subcontratação, joint ventures, outsourcing ou a criação de

redes de firmas) tem emergido como resultado do desenvolvimento de capacidades organizativas específicas das empresas in-house e do seu relacionamento com outros agentes, usuários, fornecedores e rivais, pela procura de rendas diferenciadas e o melhoramento contínuo das condições competitivas. É necessário esclarecer que as distintas formas de governança,

4

A utilização que aqui se faz dos conceitos de explotação e exploração é a seguinte: por explotação entende-se o ato de obter proveito da utilização dos recursos materiais, tecnológicos, habilidades organizacionais e ativos físicos e humanos, que estão em uso (na trajetória produtiva dominante), e dos quais se procura esgotar ao máximo todas as suas possibilidades de aplicação econômica (criação e absorção de valor). Na lógica de explotação está latente a aparição de surtos de inovação incremental (melhoras adicionais na aplicação de alguma técnica, produto, tecnologia ou método organizacional) ou a germinação de novas trajetórias produtivas. Por sua parte exploração, é utilizada na sua acepção que diz respeito à lógica pela descoberta, percorrer e pesquisar novas fontes de recursos, ativos físicos e humanos, que possibilitem a criação de novas formas na geração de conhecimento e aprendizado produtivo que, no médio e longo prazos, possam ser suscetíveis de aplicação econômica na forma de processos tecnológicos, de organização e novos produtos. Este manejo é compatível com a análise de aprendizagem organizacional, onde a explotação são processos que geram aprendizado baseado na experiência e refinamentos na produção e a exploração como o processo onde se gera variedade na experiência, por exemplo através de experimentação (Levinthal e March; 1993: Marengo, 1993). No nosso caso os dois conceitos envolvem também dimensões estratégicas na conduta das empresas, não excludentes e ligadas, mas distintivas, e, no mesmo sentido de Holmqvist (2004), as duas lógicas contém dinâmicas intra e inter-firma.

5

O conceito de governance é utilizado por autores como Williamson (1975, 1979) e Langlois e Foss (1997), para distinguir as diversas formas de organização produtiva com base na existência de formas de coordenação que incluem o mercado, a partir de arranjos de transação. No nosso caso, o conceito é entendido como as possíveis estruturas operativas de organização, controle e coordenação da cadeia de valor, que envolvem manufatura, design, P&D, planejamento, comercialização e distribuição, que poderiam ser efetuadas integralmente por uma empresa, ou de forma fragmentada, mas integrada, com a participação de outras unidades de produção o agentes econômicos, onde existe poder de mercado exercido por firmas com vantagens organizacionais (Humphrey e Schmitz, 2002a; Gereffi e Korzeniewicz 1994).

(26)

verificadas na prática, não são necessariamente um processo linear de sucessivas mudanças organizacionais e estão determinadas por: caraterísticas técnico-produtivas, trajetórias tecnológicas, história própria das empresas (path dependent), oportunidades tecnológicas, existência de ativos complementares6 e inter-relações estabelecidas com outros agentes externos à empresa.

O objetivo deste e do próximo capítulo é dirigir a discussão em torno a uma questão que tem sido, até agora, pouco estudada na análise das formas emergentes de controlar e coordenar a produção e distribuição, particularmente ao longo de uma cadeia de valor, isto é: que a inter-relação estabelecida entre as firmas confronta unidades produtivas diferenciadas, em sua história, nas suas capacidades e oportunidades, e que é esta uma relação essencialmente assimétrica entre agentes econômicos, o que implica importantes conseqüências para o entendimento da dinâmica produtiva atual no que diz respeito a geração e apropriação de valor e das oportunidades de absorção de nova aprendizagem produtiva pelos atores participantes. Este último assunto, que tem a ver com as expectativas criadas a respeito das possibilidades de firmas com menores habilidades produtivas, de obter informação e conhecimento produtivo ao participar especificamente dessas estruturas verticais inter-empresariais, isto é, aprendizagem relacional, é o eixo central da presente tese. A proposta é verificar que o fato de uma firma estar envolvido numa estrutura inter-empresas de produção vertical, não lhe dá garantia de acesso a informação e conhecimento produtivo e, segundo, que os elos relacionais estabelecidos numa cadeia produtiva não são necessariamente uma fonte relevante para o desenvolvimento de novas capacidades ou a gestação de processos upgrading. Esta questão será analisada no Capítulo 4 deste trabalho, onde para comprovar a nossa hipótese será considerada, no estudo empírico, a cadeia produtiva da computação do México.

O argumento central, proposto neste primeiro capítulo, é o seguinte: os esquemas de organização produtiva, definidos de forma geral como redes de produção, tipicamente verticais, principalmente regionais e globais, são construções derivadas, primordialmente, do processo de busca empresarial por novas oportunidades na criação e apropriação de valor. Em outras palavras,

6

O termo “ativo complementar” foi utilizado por Teece (1987), faz referência a todos aqueles ativos físicos ou tácitos (os serviços que deles se derivam) muitos fora da empresa, e que são vitais para a ampliação das capacidades de inovação da empresa. São as próprias empresas as que devem “construir” ditos ativos, é dizer aceder aos mesmos, os quais estão localizados ao longo da cadeia de valor, desde o desenvolvimento de processos e produtos até os momentos da distribuição e comercialização.

(27)

os esquemas de relacionamento, as rotas de aprovisionamento externo de componentes e produtos finais, a relação com usuários, fornecedores e competidores (sejam estes formais ou não) e, de maneira geral, a construção das chamadas redes de firmas, não são um resultado casual e sim um produto estratégico, intrinsecamente dinâmico das empresas, que vão adotando fórmulas renovadas de organização produtiva, que vão além dos limites, conceitualmente tradicionais, entre hierarquia e mercado, e através dos quais procuram manter sua liderança, ampliar suas capacidades competitivas e obter novas fontes de rentabilidade.

Neste sentido, as evidências dessas extensões para fora da empresa, a qual “dissemina” etapas da cadeia de valor para outras empresas e em diferentes localidades geográficas, muitas vezes via subcontratações, e levando a cabo a terceirização de atividades (sejam manufatura, de serviços ou de comercialização), devem ser entendidas também como espaços institucionais, baseados na configuração de novas rotinas e práticas organizacionais que dão continuidade ao movimento da cadeia de valor com maior flexibilidade perante mudanças no contexto produtivo.

Da mesma maneira, ainda que com caraterísticas próprias, aparece um outro movimento nessa maior inter-relação empresarial: as firmas promovem elos com outros atores encaminhados ao compartilhamento de ativos tácitos (habilidades, experiência) para acrescentar as capacidades e o aprendizado inovador. Isto é, são estabelecidas relações entre firmas, orientadas a sustentar as potencialidades da inovação, ex., joint ventures em P&D, as quais às vezes sobrepõem-se às redes de geração de valor propriamente ditas, e que são substanciais para a busca contínua de novas fontes para a criação de novo conhecimento produtivo e, ao mesmo tempo, ampliam as garantias para manter e fortalecer futuras oportunidades na apropriação de valor agregado (Gelsing, 1992).7

1.1 Os elementos contidos nas relações inter-firmas

Neste trabalho considera-se que os esquemas de organização produtiva, que aproximam a relação das firmas, geralmente definidas como redes de empresas, representam:

7

Como indica este autor, a maior interação mostrada pelas firmas deve ser distinguida com base nos objetivos para os quais são estabelecidas essas conexões. Ou seja, as redes empresariais podem assumir características fundamentalmente comerciais (reformulando a cadeia de valor) ou encaminhadas a fomentar a inovação e novo aprendizado (redes de inovação). Outros autores como March (1991), também tentam distinguir formas de aprendizado que resultam de explotar a base produtiva e de explorar novas fontes.

(28)

1. Renovadas formas de organização, resultado do aprendizado organizacional das unidades produtivas, e que se traduz num comportamento estratégico que busca maior eficiência e vantagens, tanto estáticas quanto dinâmicas, para manter sua competitividade no longo prazo;

2. As redes de empresas são espaços onde se relacionam agentes diferenciados, produto de suas habilidades acumuladas, de sua capacidade de aprendizado, de seu entorno (mercados de atuação, rivais, usuários, fornecedores), ou seja, são inter-relações entre agentes heterogêneos;

3. A heterogeneidade implica, por sua vez, assimetrias entre os atores envolvidos na rede, expressadas por diferenças na disponibilidade de ativos físicos e tácitos, únicos e de difícil réplica, na capacidade de aprendizado e nas habilidades para inovar – incluindo as organizacionais, os recursos financeiros, a capacidade de negociação e a experiência nos mercados de atuação;

4. As capacidades e habilidades contidas em cada unidade produtiva, dentro da rede, determinarão sua posição em termos do tipo de atividade efetuada na fase produtiva na qual se encontra insertada, do quantum de valor que possa ser apropriado e do grau de conhecimento novo que possa ser absorvido;

5. A conectividade dessas redes, na sua lógica, está definida por códigos estandardizados que permitem dar viabilidade à coordenação ao longo da cadeia de valor, ainda que possa ser transmitida informação cujo caráter seja tipicamente tácito;8 6. As condições diferenciais existentes entre as firmas, nessas inter-relações, levam a

uma subtração e apropriação também diferenciada do valor agregado gerado;

7. A suposição de que os agentes participantes de uma estrutura em rede trocam informação de caráter qualitativo e realizam um processo de aprendizado coletivo e compartilhado, é uma afirmação no mínimo precipitada;

8

No caso específico das redes focalizadas em atividades de inovação propriamente ditas (acordos em P&D, projetos tecnológicos específicos, joint ventures), devido ao tipo de atividades a inter-relação entre os atores contém mecanismos de coordenação pouco estandardizados e, muitas das vezes, de tipo informal (Narula, 1999).

(29)

8. As redes de empresas, como esquemas alternativos de organização produtiva, são dinâmicas, mudam sua composição no tempo, e ainda que possam representar janelas de oportunidade de aprendizado produtivo, tecnológico ou organizacional, e provocar assim processos de upgrading das firmas localizadas nas etapas de menor valor agregado, também, por outro lado, pode acontecer que, nessas redes, sejam mantidas ou aprofundadas as assimetrias;

9. Ainda que essas formas de organização têm-se generalizado, de maneira regional e global, tanto em setores tradicionais quanto naqueles de alto conteúdo tecnológico, não existem evidências suficientes para afirmar que as empresas que não estejam fazendo parte de uma rede estarão excluídas de participar do processo de acumulação. O último ponto indicado acima leva à reflexão, pois existe a percepção geral de que aquelas firmas que não participam das arquiteturas em rede, principalmente em cadeias de produção global, nas indústrias onde estas configurações são dominantes, estariam cancelando no médio e longo prazos as suas possibilidades de dar “saltos” nas suas capacidades produtivas.

Perante as colocações anteriores, seria importante fazer duas observações: a primeira é a de que, a priori, esperar-se-ia que a inserção das firmas nesses espaços lhes gerasse a perspectiva de absorver alguma fração do valor criado em escala mundial e, potencialmente, de ampliar suas oportunidades de aprendizado produtivo. Isto estaria fazendo referência ao argumento de que, nestas novas formas de estruturação inter-firma, existe um fenômeno de exclusão daquelas unidades produtivas que não contêm “a qualificação” necessária ou os ativos requeridos para inserir-se na rede. Neste argumento, as localidades e as firmas hóspedes que poderiam receber e participar, respectivamente, em etapas das cadeias regionais ou globais de produção, estariam, ao não formar parte das redes, estreitando suas possibilidades de impulsionar trajetórias de desenvolvimento e aprendizagem.

Entretanto, também é indispensável sublinhar, e esta é a segunda observação, que a simples participação duma firma numa rede de produção não representa nenhuma garantia automática para o melhoramento futuro de suas capacidades organizacionais. Um ponto central é, desde a presente perspectiva, que uma estrutura organizacional em rede, ainda que seja estabelecida como um espaço onde circula informação produtiva (tácita e codificada), está

(30)

constituída por unidades heterogêneas. Assim, a lógica de integração dessas inter-relações é, em grande medida, “ligar” capacidades diferenciais, contidas nas unidades produtivas, que possam ser aproveitadas para: incrementar a eficiência produtiva (reduzir custos de produção), ter acesso a ativos estratégicos (para a operação normal ou para a inovação) e ter um melhor posicionamento competitivo regional e global.

Mas o aproveitamento ou absorção do valor gerado e do conhecimento, de cada uma das empresas ligadas a esses conjuntos de inter-relações, vai estar diretamente associado, precisamente, a suas capacidades. De certa forma, a própria organização de elos inter-empresariais se constitui numa estrutura hierarquizada de distintas empresas, as quais vão ter uma participação também diferenciada nas potenciais oportunidades de melhoramento produtivo individual.

Por outro lado, considerando que uma das lógicas na criação deste tipo de estruturas organizacionais é a integração de agentes econômicos assimétricos, a vitalidade das redes de produção depende, ao que parece, de manter essas assimetrias entre os participantes. Por isso, acreditamos que a outra leitura que se deve fazer, quase sempre esquecida ao examinar estas organizações, é que a percepção de ver as cadeias de produção como janelas de oportunidade tem que ser confrontada com este outro lado, até certo ponto antagônico, onde a continuidade das redes como formas eficientes de gerar valor e conhecimento baseia-se na existência de capacitações heterogêneas que possam ser aproveitadas e que, em conseqüência, precisam ser mantidas, de alguma maneira, no tempo.

1.2 A aproximação analítica ao fenômeno econômico das relações inter-firmas:

uma breve revisão

O crescente fenômeno observado da maior “externalização” de um variado grupo de atividades produtivas, de distribuição e de desenvolvimento tecnológico, onde na verdade nem todas elas são desenvolvidas integralmente numa única firma, é agora uma das formas organizacionais dominantes na acumulação capitalista contemporânea. Possivelmente, os dois aspectos mais visíveis destas novas configurações organizacionais relacionam-se com uma mais nítida inter-relação entre empresas (na maioria das vezes de propriedade independente), não

(31)

reduzida simplesmente a relações de compra-venda, e com a distribuição espacial dessas atividades segmentadas.

Esta, relativamente nova, característica da organização produtiva chama a atenção por duas razões substanciais: pelo tipo de reestruturação e performance promovido pelos agentes econômicos nessa reconfiguração das cadeias de valor, e pela importância do papel que se designa aos elos mais estreitos entre os agentes (a criação de espaços para sinergias potenciais) na geração e absorção de novo conhecimento aplicado.

As alterações na estrutura de produção e distribuição, como também nos mecanismos de busca e acesso por novo conhecimento, têm aproximado, numa dinâmica diferente, as relações das empresas. Ao mesmo tempo, esses dois movimentos, a reorganização da produção e a procura de capacidades, são expressões, às vezes sobrepostas, da necessidade de intensificar a criação e a extração de valor agregado, e da ampliação das fronteiras nas fontes de conhecimento produtivo.

Este fenômeno vem transcendendo os limites da empresa e a crença nos mecanismos do mercado como organizador da produção. Por outra parte, as redes de empresas estão-se mostrando como esquemas eficientes de organização produtiva, adotadas em indústrias com distinta configuração na sua base técnica (em atividades tradicionais como em outras de maior intensidade de capital fixo e conhecimento incorporado).

Um outro componente refere-se à configuração de novos esquemas, propriamente de gestão organizacional, cujo elemento distintivo é a segmentação espacial de etapas da cadeia de valor. Estas, porém, encontram-se coordenadas e sincronizadas, e têm ido além dos espaços locais, criando a possibilidade de redistribuir entre distintos atores, segmentos da produção, distribuição e comercialização, inclusive atividades relativas a pesquisa e desenvolvimento tecnológico, numa dimensão regional e global (Dunning, 1994; Chesnais, 1996; Narula e Hagedoorn, 1999).9

9

Essa distribuição espacial de partes da cadeia de valor ou de atividades que têm a ver com a formação de acordos para melhoras tecnológicas ao nível mundial, sejam projetos em P&D ou joint ventures, é uma manifestação da chamada globalização econômica, que é conduzida por firmas multinacionais (Cantwell, 1996; Dunning, 1997).

(32)

O surgimento destas novas formas de governance produtiva está sendo observado a partir de diferentes abordagens e aproximações conceituais, tanto quanto a partir de um maior levantamento empírico, que tentam dar alguma explicação, parcial ou geral, dos distintos fenômenos associados (tecnológicos, organizacionais, institucionais, aprendizado, entre outros), e com distintos graus de abrangência (micro, meso e macro industrial). Desta forma, as diferentes interpretações podem dirigir sua atenção a um ou vários assuntos específicos e nível de generalidade.

Assim, temos a análise das inter-relações entre firmas, também definidas como redes de firmas, que: baseiam o estudo no assunto de cooperação tecnológica e os tipos de acordos estabelecidos (Freeman, 1990; Hagedoorn e Schackenraad, 1993 e 1994; Hagedoorn, 1994); as que dirigem a atenção à questão de ser este um fenômeno propriamente tecnológico (Zuscovitch e Cohen, 1994); destacam as redes como resultado de processos de subcontratação (Coriat, 1995), considerando essas relações como um padrão pós-fordista da indústria (Karlsson e Westin, 1994); as que apresentam estas organizações como novas formas de competir nos mercados (Best, 1990); sublinham sua existência como novas instituições da indústria que geram grupos integrados de elos de informação (Aoki, 1986; Powell, 1991; Nohria, 1992), e as que as apresentam como estruturas que gerariam espaços de aprendizagem (Hagedoorn e Duysters, 1999) ou como sistemas que permitiriam processos de mobilidade na informação produtiva (Antonelli, 1996).

Em geral, tem sido identificada a importância das inter-relações de firmas no contexto produtivo atual, embora a ênfase e a conceptualização desse fenômeno tenha diferentes fontes. Numa perspectiva microeconômica, o tratamento feito à existência de elos inter-firmas está principalmente associado a três eixos: o neoclássico, baseado na existência de economias externas positivas provocadas pelas interconexões de firmas (Economides e Lawrence, 1994); o neo-institucional, que as define como estruturas híbridas, entre o mercado e a hierarquia, que emerge da avaliação dos custos de transação (Williamson, 1975); e, o evolucionista, focalizada nas propriedades organizacionais e o aprendizado inter-ativo (Malerba, 1996; Von Hippel, 1988).

Possivelmente a primeira abordagem seja a que faça uma explicitação do termo rede como um objeto específico da análise e com um tratamento que, principalmente, destaca propriedades nos fluxos de informação e nas estruturas que permitem esses fluxos. Nos outros dois, as redes

Referências

Documentos relacionados

EXPERIMENTANDO E DESCOBRINDO: A CONTRIBUIÇÃO DE UMA OFICINA PARA DESPERTAR ALUNOS DE NÍVEL MÉDIO PARA AS DIMENSÕES DA ÓPTICA COMO DISCIPLINA E CAMPO DE PESQUISA..

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Esta ação consistirá em duas etapas. Este grupo deverá ser composto pela gestora, pelo pedagogo e ou coordenador pedagógico e um professor por disciplina

Considerando-se que, para compor cada equipe, são necessários pelo menos dois massagistas, pelo menos um vendedor e exatamente um químico, então será possível formar.. (A) 500

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é um estágio profissionalizante (EP) que inclui os estágios parcelares de Medicina Interna, Cirurgia Geral,

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Por meio dos registros realizados no estudo de levantamento e identificação de Felinos em um remanescente de Mata atlântica, uma região de mata secundária

We propose a conformance testing theory to deal with this model and describe a test case generation process based on a combination of symbolic execution and constraint solving for