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Caracterização do ceratocone : avaliação de parâmetros tomográficos e possíveis marcadores na lágrima de portadores de ceratocone e familiares

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

DANIEL DE ALMEIDA BORGES

CARACTERIZAÇÃO DO CERATOCONE: AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS TOMOGRÁFICOS E POSSÍVEIS MARCADORES NA LÁGRIMA DE PORTADORES DE

CERATOCONE E FAMILIARES

CAMPINAS

(2)

DANIEL DE ALMEIDA BORGES

CARACTERIZAÇÃO DO CERATOCONE: AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS TOMOGRÁFICOS E POSSÍVEIS MARCADORES NA LÁGRIMA DE PORTADORES DE

CERATOCONE E FAMILIARES

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Ciências, Área de Concentração Oftalmologia.

ORIENTADORA: PROFA. DRA. MÔNICA DE CÁSSIA ALVES DE PAULA COORIENTADOR: PROF. DR. CARLOS EDUARDO LEITE ARIETA

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO/TESE DEFENDIDA PELO

ALUNO DANIEL DE ALMEIDA BORGES, E ORIENTADO PELA PROFA. DRA. MÔNICA DE CÁSSIA ALVES DE PAULA.

CAMPINAS 2019

(3)

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas

Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Borges, Daniel de Almeida,

B644c BorCaracterização do ceratocone : avaliação de parâmetros tomográficos e possíveis marcadores na lágrima de portadores de ceratocone e familiares / Daniel de Almeida Borges. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

BorOrientador: Mônica de Cássia Alves de Paula. BorCoorientador: Carlos Eduardo Leite Arieta.

BorDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas.

Bor1. Ceratocone. 2. Córnea. 3. Proteômica. I. Paula, Mônica de Cássia Alves de. II. Arieta, Carlos Eduardo Leite, 1956-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Characterization of keratoconus : evaluation of tomographic parameters and tear biomarkers in keratoconus patients and relatives

Palavras-chave em inglês: Keratoconus

Cornea Proteomics

Área de concentração: Oftalmologia Titulação: Mestre em Ciências Banca examinadora:

Mônica de Cássia Alves de Paula [Orientador] Jose Paulo Cabral de Vasconcellos

Cintia Sade de Paiva

Data de defesa: 26-06-2019

Programa de Pós-Graduação: Ciências Médicas Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)

- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-2879-7950 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/4270764907683203

(4)

COMISSÃO EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

DANIEL DE ALMEIDA BORGES

ORIENTADOR: MÔNICA DE CÁSSIA ALVES DE PAULA COORIENTADOR: CARLOS EDUARDO LEITE ARIETA

MEMBROS:

1. PROFA. DRA. MÔNICA DE CÁSSIA ALVES DE PAULA

2. PROF. DR. JOSE PAULO CABRAL DE VASCONCELLOS

3. PROFA. DRA. CINTIA SADE DE PAIVA

Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da FCM.

(5)

O presente trabalho foi realizado com apoio da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo nº 2014/19138-5.

Agradecemos aos seguintes colaboradores:

Laboratório de Espectrometria de Massas e no Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que integram o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNEPEM) sob supervisão das coordenadoras Adriana Franco Paes Leme e Ana Carolina Mattos Zeri.

Laboratório de Fisiopatologia Médica, Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp sob a supervisão do prof. Dr. Mario José Abdalla Saad e colaboração dos pesquisadores Dioze Guadagnini e Heloisa Balan Assalin.

Departamento de Anatomia Patológica da Unicamp, sob a orientação do prof. Dr Konradim

Metze.

Microscopia Confocal, Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNEPEM), colaboração dos pesquisadores Matheus Castro Fonseca e Marília Meira Dias.

(6)

Resumo

Objetivos e justificativa: o ceratocone é uma doença corneana que afeta

profundamente a acuidade visual e a qualidade de vida dos pacientes acometidos. Seus

mecanismos fisiopatológicos e as influências genéticas ainda são pouco compreendidos.

Estudos recentes mostraram o envolvimento das vias inflamatórias com níveis alterados de

citocinas, aumento da atividade de proteinases e outros possíveis mediadores no filme

lacrimal e no tecido corneano. O presente estudo observacional pretende expandir o atual

conhecimento sobre o ceratocone através de uma investigação detalhada que envolve

tomografia corneana e avaliação do filme lacrimal de pacientes com ceratocone no

Ambulatório de Córnea e Doenças Externas do Hospital de Clínicas da UNICAMP, seus

familiares e um grupo controle.

Métodos: foi realizada a avaliação por tomografia corneana com imagens de

Scheimpflug utilizando o Pentacam comparando 38 pacientes com ceratocone, 29

familiares e 20 controles. Amostras de lágrima foram coletadas para caraterização do

proteoma por espectrometria de massas em um grupo de pacientes com ceratocone e um

grupo controle.

Resultados: comparando o grupo de familiares com o grupo controle, foram

encontradas diferenças significativas nos índices tomográficos de paquimetria corneana

(p=0,0233), Kmax (p=0,0189), ARTMax (p=0,05), Dt (p=0,0227), Da (p=0,0489), D

(p=0,0229) e BEleTh (p=0,0065). A análise proteômica univariada mostrou 7 proteínas

expressas diferencialmente entre o grupo de pacientes com ceratocone e o grupo controle.

A análise multivariada encontrou 8 proteínas com potencial para possíveis marcadores da

(7)

Conclusão: familiares de pacientes com ceratocone mostraram índices tomográficos

corneanos alterados em comparação com o grupo controle. A análise proteômica mostrou

proteínas expressas diferencialmente no filme lacrimal de portadores de ceratocone e

selecionou alguns potenciais biomarcadores que podem ajudar a entender a fisiopatologia

da doença.

(8)

Abstract

Purpose and objectives: Keratoconus is a corneal disease that profoundly impacts

the visual acuity and quality of life of affected patients. There is a lack of understanding of

its physiopathological mechanisms and familial associations. Recent studies have shown

the implication of inflammatory pathways with altered levels of cytokines, proteinases, and

other possible biomarkers at tear film and corneal tissue. The present observational study

intends to expand the current knowledge about keratoconus through a detailed investigation

which comprises corneal tomography and tear film evaluation of patients from the Cornea

and External Disease Ambulatory, Department of Ophthalmology, UNICAMP, their family

members and a control group.

Methods: corneal tomographic Scheimpflug images with Pentacam were obtained

from 38 keratoconus patients, 29 relatives, and 20 controls. Tear film samples were

collected for a mass spectrometric proteomic analysis from a group of keratoconus patients

and a control group.

Results: Comparing patients’ relatives and control group, we found significant

differences in tomographic indices of corneal pachymetry (p=0.0233), Kmax (p=0.0189),

ARTMax (p=0.05), Dt (p=0.0227), Da (p=0.0489), D (p=0.0229), BEleTh (p=0.0065).

Univariate proteomic analysis showed 7 differentially expressed proteins between

keratoconus subjects and the control group, and multivariate analysis found 8 proteins with

potential as biomarkers of the disease.

Conclusions: keratoconus patients’ relatives showed altered tomographic indices in

(9)

in the keratoconus tear film and selected potential biomarkers that could help understand its

physiopathology.

(10)

Sumário 1. Introdução... 11 2. Justificativa...16 3. Objetivos ... 17 4. Hipóteses... 18 5. Metodologia...19 6. Resultados... 24 7. Discussão... 46 8. Conclusão... 51 9. Referências bibliográficas... 52 10. Anexos... 56

(11)

1. Introdução

1.1. Ceratocone:

A córnea é uma das principais estruturas refrativas do olho humano, com poder

dióptrico em torno de 44D e de fundamental importância na convergência dos raios

luminosos e formação da imagem na retina. O ceratocone é uma doença da córnea que se

caracteriza por uma condição clínica onde ocorre o afilamento do estroma corneano,

seguido de protrusão tecidual. Nesses casos, a córnea assume uma forma cônica e tem o

seu poder refrativo profundamente modificado. As alterações estruturais do ceratocone

provocam miopia e astigmatismo irregular e graus variados de comprometimento da

qualidade visual(1–3).

O ceratocone, de modo geral, tem início na puberdade, com caráter progressivo até

a terceira ou a quarta décadas de vida. O acometimento é em geral bilateral, embora haja

relatos de ceratocone unilateral. A incidência é estimada entre 50 a 230 por 100.000 na

população geral e a prevalência é de 54,5 por 100.000. A grande variação na incidência

pode ser explicada por diferenças nos critérios diagnósticos e na detecção de formas

precoces da doença. O ceratocone tem incidência variável em diferentes grupos étnicos e

não tem predileção por sexo(1–4). Não existem dados sobre incidência e prevalência do

ceratocone na população brasileira(5).

Na maioria das vezes, o ceratocone é uma condição isolada, embora haja relatos de

associação com outras doenças sistêmicas e oculares, sendo as mais frequentemente

citadas a Síndrome de Down, a amaurose congênita de Leber, doenças do tecido

conjuntivo, prolapso de válvula mitral, atopia, além do ato de coçar os olhos e uso de lentes

(12)

1.2. Ceratocone e hereditariedade:

Existem fortes evidências de influência genética na patogênese do ceratocone(6,7).

Relatos de incidência de ceratocone em gêmeos monozigóticos mostraram alta

concordância com expressividade variável. Estudos prévios reportaram história familiar

positiva em 6-10% dos pacientes com ceratocone(1,4). A maioria desses estudos sugere

modo de herança autossômico dominante com expressividade variável. Várias mutações

diferentes em diversos genes já foram reportadas em casos de ceratocone familiar,

sugerindo heterogeneidade genética no ceratocone(7,8). Dentre os genes já reportados,

destacam-se o VSX1 (Visual System Homeobox 1), miR-184 (microRNA-184) e DOCK9

(Dedicator of Cytokinesis 9)(7,9). Em estudo recente, análise de segregação complexa

indicou uma forte contribuição genética na transmissão do ceratocone, com modo de

herança mais provavelmente não-mendeliano com efeito de gene maior(10).

Um estudo de prevalência de alterações subclínicas em parentes de pacientes com

ceratocone utilizando o tomógrafo Orbscan II avaliou uma amostra de 11 pacientes com

ceratocone (19 olhos), 90 familiares sem diagnóstico de ceratocone (178 olhos) e 44

controles (88 olhos)(11). Foram pesquisados 4 parâmetros corneanos relacionados a

ceratocone (ceratometria média maior que 47,2D, índice de assimetria superior-inferior

maior que 1,2D, ápice corneano posterior maior que 42µm, paquimetria mais fina menor

que 463µm). Dentre os controles, apenas um indivíduo apresentou um desses parâmetros

alterados, enquanto dentre os 178 olhos dos familiares, 45 olhos apresentaram um ou mais

parâmetros alterados. O risco relativo de um familiar possuir um parâmetro corneano

alterado para ceratocone foi de 14,67 (IC 2,07-104,07 e P<0,001) com relação aos

controles.

Kara et al. estudaram parâmetros biomecânicos da córnea utilizando o Ocular

(13)

alterações clínicas ou topográficas, e encontraram diferenças significativas nos parâmetros

de histerese corneana e fator de resistência corneana entre os dois grupos(12).

No nosso estudo, fizemos uma avaliação pormenorizada dos familiares dos

pacientes com ceratocone, com destaque para o exame de tomografia de córnea com uso

do equipamento Pentacam que tem alta sensibilidade para casos de ceratocone iniciais.

Com o diagnóstico de casos subclínicos, muitos pacientes com ceratocone que antes eram

classificados como casos esporádicos foram reclassificados como casos familiares,

facilitando o reconhecimento dos métodos de herança envolvidos e fornecendo dados para

um futuro estudo genético dessas famílias(8,11).

1.3. Potenciais Mediadores no Ceratocone:

Embora o ceratocone seja classicamente descrito como uma doença degenerativa

de caráter não-inflamatório, estudos recentes relacionaram vários mediadores inflamatórios

ao ceratocone, colocando em evidência as vias inflamatórias na fisiopatologia desta

doença. Estudos realizados com amostras de lágrima de pacientes com ceratocone

encontraram níveis alterados de mediadores inflamatórios em comparação com indivíduos

não-afetados(13,14).

Lema et al. encontraram níveis aumentados de Interleucina(IL)-6, metaloproteinase

de matriz(MMP)-9 e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) em lágrimas de pacientes com

ceratocone, e uma correlação positiva com o estágio da doença(15). Ao estudar as

lágrimas de pacientes com ceratocone assimétrico (um olho com manifestações clínicas e

o outro normal ou com ceratocone subclínico) e controles, Lema et al. encontraram níveis

aumentados de IL-6 e TNF-α em olhos com ceratocone clínico e subclínico, enquanto

MMP-9 só estava aumentada em olhos com ceratocone clínico(16). Jun et al. estudaram diversos

mediadores inflamatórios nas lágrimas de pacientes com ceratocone, e encontraram níveis

(14)

quimiocina ligante 5 (CCL5)(17). Kolozsvári et al. estudaram lágrimas de pacientes com

ceratocone e encontraram uma correlação positiva entre CCL5, MMP-13 e fator de

crescimento nervoso (NGF) e diversos índices topográficos, enquanto encontraram uma

correlação negativa entre IL-6 e KCI (keratoconus index)(18). Balasubramanian et al.

encontraram níveis aumentados de MMP-1, -3, -7 e -13, IL-4, -5, -6 e -8, TNF-α e -ß e níveis

diminuídos de imunoglobulina A (IgA) secretória e lactoferrina(19,20). Sorkhabi et al.

encontraram níveis aumentados de IL-6 e IFN-γ e níveis reduzidos de IL-10 nas lágrimas

de pacientes com ceratocone(21). Shetty et al., em um estudo em três estágios,

encontraram níveis aumentados de expressão do mRNA de MMP-9, IL-6 e TNF-α no

epitélio corneano de pacientes com ceratocone, em comparação com controles. Ao estudar

as lágrimas destes pacientes, encontraram níveis aumentados de MMP-9 nos pacientes

com ceratocone, em comparação com controles. Finalmente, após 6 meses de

administração tópica de ciclosporina-A para pacientes com ceratocone, encontraram

diminuição dos níveis de MMP-9 na lágrima destes pacientes e diminuição na curvatura

corneana evidenciada por mapas topográficos(22).

Gaskin et al. demonstraram a presença de células CD11b+, provavelmente

macrófagos, no estroma e na camada basal do epitélio, e também encontraram números

aumentados de células CD45+ no estroma, através de técnica de imunofluorescência com

microscopia confocal em tecido corneano de pacientes submetidos a transplante por

ceratocone avançado(23). No mesmo estudo, foi demonstrada alteração na deposição

tecidual de laminina, colágeno III e fibronectina em córneas com ceratocone e hidrópsia,

em comparação com córneas normais, indicando processo de remodelação tecidual no

(15)

1.4. Proteômica

A análise do proteoma de tecidos e fluidos humanos tem se tornado um dos

principais métodos utilizados na pesquisa de biomarcadores em diversas doenças(24). Pela

facilidade de acesso e coleta através de métodos minimamente invasivos, a análise da

lágrima tem se mostrado promissora no diagnóstico e monitoramento de doenças da

superfície ocular(25). Escassos estudos anteriores reportaram possíveis marcadores do

ceratocone através de análise comparativa do proteoma lacrimal. Pannebaker et al.

reportaram diversas proteínas associadas ao ceratocone: MMP-1, queratinas,

imunoglobulinas alfa e kappa, precursores da prolactina, lisozima C e lipocalina(26). Lema

et al. encontraram expressão diferenciada de lactoferrina, imunoglobulina kappa e

zinco-alfa2-glicoproteína, com concentrações diminuídas em lágrimas de pacientes com

ceratocone(27). Balasubramanian et al. reportaram aumento da expressão de catepsina B

e níveis reduzidos do receptor polimérico de imunoglobulina, da cadeia alfa do fibrinogênio

e das cistatinas S e SN(19).

Apesar desses avanços recentes, a fisiopatologia do ceratocone continua pouco

esclarecida. Atualmente, o ceratocone é considerado uma doença corneana multifatorial,

causada pela interação complexa de fatores ambientais e endógenos, levando a aumento

do estresse oxidativo, desequilíbrio entre enzimas e seus inibidores, apoptose e

(16)

2. Justificativa:

O ceratocone é uma doença ocular com grande repercussão na acuidade visual e

na qualidade de vida dos pacientes. Existem ainda lacunas importantes no entendimento

dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos no aparecimento e progressão do ceratocone

e na apresentação clínica na nossa população.

O presente estudo foi desenhado para permitir uma coleta de dados demográficos,

clínicos pessoais e familiares, investigação complementar com recursos propedêuticos

avançados, como o exame de tomografia corneana e de segmento anterior com o Oculus

Pentacam, e avaliação do proteoma lacrimal por espectrometria de massas. Na disciplina

de Oftalmologia da Unicamp, um número relevante de pacientes portadores de ceratocone

são avaliados, tratados e acompanhados rotineiramente. A compilação e análise detalhada

de dados clínicos de pacientes e familiares associada a investigação do proteoma lacrimal

e com sugestão de possíveis marcadores permitirão uma compreensão dos mecanismos

fisiopatológicos relacionados a essa doença ocular, que traz um grande impacto na visão e

(17)

3. Objetivos:

3.1. Objetivos gerais:

- Coleta de um banco de dados clínicos, fatores de risco e testes propedêuticos de

pacientes portadores de ceratocone e seus familiares, no Ambulatório de Doenças Oculares

Externas da Disciplina de Oftalmologia no Hospital de Clínicas da Unicamp, durante as

consultas de diagnóstico e acompanhamento.

- Coleta de amostras de lágrima, sangue e tecido corneano para avaliação de

possíveis marcadores em pacientes portadores de ceratocone e seus familiares.

3.2. Objetivos específicos:

- Análise de dados clínicos e avaliação propedêutica complementar de indivíduos

portadores de ceratocone, familiares e controles.

- Quantificação de possíveis marcadores na lágrima dos pacientes portadores de

(18)

4. Hipóteses:

- Presença de parâmetros tomográficos alterados na população de parentes de

pacientes com ceratocone, detectáveis através de análise corneana por tomografia por

princípio de Scheimpflug (Pentacam).

- Perfil proteômico distinto em lágrimas de portadores de ceratocone, em

comparação com controles normais, com expressão diferencial de proteínas detectáveis

(19)

5. Metodologia:

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp (CAAE:

55904316.8.0000.5404) e segue os princípios da Declaração de Helsinque.

Trata-se de um desenho transversal, observacional e não intervencionista. Para a

avaliação clínica, os sujeitos da pesquisa foram divididos em três grupos: 38 pacientes com

diagnóstico de ceratocone, 29 familiares de pacientes com ceratocone e 20 controles. Para

a avaliação proteômica das lágrimas por espectrometria de massas, foi selecionada uma

amostra de 4 pacientes com ceratocone e 6 controles. Os sujeitos da pesquisa foram

convidados no Ambulatório de Oftalmologia do Hospital de Clínicas da UNICAMP,

caracterizando uma amostra de conveniência. Foram incluídos todos os familiares que

puderam comparecer ao Ambulatório para exame clínico e coleta de material.

O diagnóstico de ceratocone foi confirmado por avaliação tomográfica da córnea por

imagens de Scheimpflug (Pentacam), demonstrando os sinais característicos de aumento

da curvatura corneana, afilamento estromal, alterações nos mapas de elevação e

astigmatismo irregular(1,30,31). A versão utilizada do software do Pentacam foi 1.20r134

(Build: 4448) de 22/06/2017.

5.1. Critérios de inclusão e exclusão:

Foram incluídos no presente estudo os pacientes com diagnóstico de ceratocone,

em acompanhamento no Ambulatório de Ceratocone do HC/UNICAMP, bem como seus

familiares por consanguinidade, desde que aceitassem os termos de consentimento livre e

esclarecido. Para o grupo controle, foram incluídos voluntários sem sinais clínicos ou

tomográficos de ceratocone e sem história familiar da doença.

Para a avaliação proteômica da lágrima, foram excluídos do presente estudo aqueles

(20)

imunomoduladoras, tópicas ou sistêmicas, bem como aqueles com quadro ocular

inflamatório ou infeccioso em atividade no momento da coleta de dados.

Para a avaliação clínica e tomográfica, foram excluídos aqueles com história prévia

de qualquer cirurgia de superfície ocular, incluindo cirurgia refrativa (PRK, LASIK, RK),

implante de anéis intraestromais, crosslinking corneano, exérese de pterígio, cirurgia de

catarata dentre outros. Foram excluídos os olhos com história de trauma prévio ou sinais

de cicatrizes corneanas traumáticas.

Os familiares de pacientes com ceratocone que tiveram diagnóstico da doença, após

exame de tomografia corneana, foram realocados para o grupo de pacientes com

ceratocone.

5.2. Coleta de dados clínicos:

Foi realizada anamnese detalhada com histórico do ceratocone (uso de óculos,

lentes de contato, transplante de córnea ou crosslinking), história de comorbidades oculares

como conjuntivite alérgica, olho seco e hábito de coçar os olhos, comorbidades sistêmicas,

uso de medicamentos oculares ou sistêmicos, história familiar de ceratocone ou outras

doenças oculares ou sistêmicas, questionário de qualidade de vida, exame de acuidade

visual e refração, exame de biomicroscopia e fundoscopia. Anexo 2 – Protocolo de

avaliação de ceratocone.

5.3. Avaliação tomográfica:

Foram realizados exames de tomografia corneana e de segmento anterior com o

(21)

5.4. Avaliação laboratorial

As amostras de lágrima foram coletadas por micropipeta após instilação de 20µL de

água destilada sobre a superfície ocular, sendo então transferidas para Eppendorfs e

congeladas a -80ºC.

Análise Proteômica - espectrometria de massas (MS):

Amostras de lágrima foram processadas para estudos de proteômica realizados no

Laboratório de Espectrometria de Massas e no Laboratório de Ressonância Magnética

Nuclear do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que integram o Centro Nacional

de Pesquisa em Energia e Materiais (CNEPEM) sob supervisão das coordenadoras Adriana

Franco Paes Leme e Ana Carolina Mattos Zeri. O projeto foi submetido pelo Portal de

Serviços do LNBio (www.lnbio.cnpem.br).

Preparo das amostras

As amostras de lágrimas foram descongeladas em gelo e um volume de 15µL foi

usado para a digestão. A seguir foram adicionados um volume de 1:1 de ureia 8M. As

amostras foram reduzidas com a adição de 5 mM - concentração final - de DTT

(DL-Dithiothreitol – Sigma-Aldrich®), durante 25 min a 56°C, e alquiladas com concentração

final de 14 mM de IAA (Iodoacetamide – SigmaAldrich®) durante 30 min, temperatura

ambiente e no escuro. Após essas etapas, foi adicionado 1mM de cloretode cálcio (Synth®)

seguido da digestão com 0,3ug de tripsina (Sequencing Grade Modified Trypsin, V5111,

Promega) por 16 horas a 37°C. Após a digestão com a tripsina, a reação da mesma foi

interrompida com a adição de 1% de ácidofórmico (Merck®), pH menor que 3. Em seguida,

as amostras foram dessalinizadas utilizando Stage Tips com membranas C18 (Octadecyl C18-bonded sílica - 3M Empore™ extraction disks) e completamente secas em evaporador (SPD 1010 SpeedVac®, Thermo)(32).

(22)

Injeção das amostras LC-MS

Uma alíquota de 2 µL para cada amostra foi analisada em espectrômetro de massas

LTQOrbitrap Velos (Thermo Fisher Scientific) acoplado ao sistema de cromatografia líquida

EASYnLC II (Proxeon) por uma interface de nanoelectrospray. Os peptídeos foram

separados, num tempo total de corrida de 80min, por um gradiente de 2 a 90% de

acetonitrila, contendo 0,1% de ácido fórmicoem uma coluna analítica PicoFrit (20 cm x ID75

μM, 5 μm de tamanho de partícula, NewObjective) em um fluxo de 300 nl/min. A voltagem

do nanoelectrospray foi ajustada para 2,2 kV e a temperatura da fonte em 275°C. Foi

utilizada a análise dependente dos dados na qual os20 íons mais intensos foram escolhidos

para fragmentação do tipo CID (dissociação induzidapor colisão). Os espectros para full

scan dos espectros de massas (m/z 300 – 1600) foramadquiridos no analisador Orbitrap

após acúmulo para um valor de AGC de 10e6. A resolução do Orbitrap foi de 60.000 e os

picos mais intensos foram fragmentados por CID com energia de colisão normalizada de

35% com o tempo de ativação de 10ms. Para a obtenção dos espectros de massas-2, os íons deveriam ter pelo menos 1000 contagens, com exclusão dinâmica de 60 s.

Pré-processamento

Após a obtenção dos dados, os mesmos foram processados usando o programa

MaxQuant versão 1.3.0.3 com o algoritmo Andrômeda, contra o banco de dados Uniprot

Human Protein Database (download em março de 2017 contendo 92.934 sequências e

36.874.315 resíduos).

Análises de bioinformática foram realizadas usando o programa Perseus versão

1.5.1.6. Foi realizada a transformação logarítmica, e aplicação de filtros para eliminar

proteínas com sequências reversas, proteínas que foram identificadas por apenas um

peptídeo modificado e filtragem das proteínas por 5 valores válidos em pelo menos um

(23)

5.5. Análise estatística:

As variáveis contínuas coletadas pelo exame de tomografia corneana tiveram sua

distribuição avaliada através de histogramas e do teste de Shapiro-Wilk. Para as variáveis

contínuas com distribuição normal, foi utilizado o teste t não pareado. Para as variáveis

contínuas com distribuição não-paramétrica, foi utilizado o teste da soma dos postos de

Wilcoxon. Os cálculos foram realizados no STATA versão 15.

Os dados da espectrometria de massas foram submetidos a transformação

logarítmica antes das análises estatísticas. As análises univariadas foram realizadas no

GraphPad Prism versão 6.00. As medidas das amostras dos pacientes com ceratocone

foram comparadas com as medidas dos controles através do teste t não pareado, sem e

com correção para múltiplas análises: FDR 5% (false discovery rate), FDR 1% ou método

de Holm-Sidak. As análises multivariadas foram realizadas na plataforma online

Metaboanalyst (https://www.metaboanalyst.ca). As 8 proteínas com maior escore

VIP-PLSDA (Variable Importance in Projection in Partial Least Scores Discriminant Analysis)

foram selecionadas para visualização no gráfico heat map, PCA (principal component

analysis) e curva ROC (receiver operating characteristic). Para a visualização gráfica no

heat map, os dados foram dimensionados automaticamente. A área sob a curva ROC e os

correspondentes intervalos de confiança de 95% foram calculados para estimar o potencial

clínico dos metabólitos selecionados como biomarcadores(33).

As proteínas com valor-p < 0,05 nas análises do teste t foram selecionadas para

prospecção de vias bioquímicas no KEGG Mapper / Search Pathway

(https://www.kegg.jp/kegg/tool/map_pathway1.html, última atualização: 10 de Junho, 2014)

(24)

6. Resultados

6.1. Avaliação tomográfica corneana

Os 3 grupos do estudo apresentaram as seguintes características clínicas:

Tabela 1. Características clínicas dos grupos avaliados por tomografia corneana.

Grupo n Idade média

(anos)

Desvio

padrão Amplitude Sexo (F / M)

Alergia ocular

Ceratocone 38 22,8 10,8 7 - 61 16 / 22 20 / 38

Familiares 29 43,5 19,6 4 - 70 19 / 10 3 / 29

Controle 20 30,1 11,4 19 - 54 16 / 4 1 / 20

A avaliação tomográfica da córnea pelo exame do Pentacam foi realizada

considerando-se os 3 grupos descritos acima. Na comparação do grupo Ceratocone com o

grupo Controle, como esperado, todas as variáveis estudadas apresentaram diferenças

com relevância estatística (p<0,0001).

Na comparação do grupo Familiar com o grupo Controle, houve diferença para as

seguintes variáveis: Kmax (ponto mais curvo no mapa axial anterior), com p=0,0189;

paquimetria no ponto mais fino, com p=0,0233; ARTMax, com p=0,0500; índice Dt, com

p=0,0227; índice Da, com p=0,0489; índice D, com p=0,0229; BEleTh (Back Elevation at

(25)

Tabela 2. Avaliação de parâmetros tomográficos de córnea em indivíduos com ceratocone, familiares e controles

Variáveis Ceratocone Familiar Controle

Valor-p* (familiar x controle) Valor-p* (ceratocone x controle) K1 (dioptria) 46,81 (45,76 – 47,86) 43,74 (43,11 – 44,37) 43,01 (42,48 – 43,54) 0,0941 <0,0001 K2 (dioptria) 50,79 (49,45 – 52,12) 44,76 (44,12 – 45,41) 43,86 (43,19 – 44,52) 0,0542 <0,0001 Kmax (dioptria) 56,24 (54,46 – 58,03) 45,36 (44,74 – 45,98) 44,27 (43,62 – 44,92) 0,0189 <0,0001 Paquimetria (µm) 458,7 (448,5 – 468,8) 524,2 (515,1 – 533,2) 540,6 (529,2 – 551,9) 0,0233 <0,0001 ARTMax 165,9 (150,5 – 181,5) 376,5 (348,7 – 404,3) 415,7 (389,1 – 442,4) 0,0500 <0,0001 PIMin 1,52 (1,35 – 1,68) 0,8 (0,74 – 0,87) 0,73 (0,67 – 0,79) 0,1126 <0,0001 PIAvg 2,07 (1,88 – 2,26) 1,08 (1,02 – 1,14) 1,01 (0,97 – 1,06) 0,1144 <0,0001 PIMax 2,99 (2,69 – 3,30) 1,43 (1,34 – 1,52) 1,31 (1,25 – 1,38) 0,0593 <0,0001 Df 11,25 (9,33 – 13,16) 0,28 (-0,05 – 0,63) 0,49 (0,06 – 0,92) 0,4527 <0,0001 Db 8,34 (6,96 – 9,72) 0,48 (0,06 – 0,91) -0,01 (-0,42 – 0,40) 0,1031 <0,0001 Dp 7,88 (6,59 – 9,16) 1,19 (0,79 – 1,58) 0,77 (0,44 – 1,10) 0,1243 <0,0001 Dt 2,74 (2,32 – 3,14) 0,43 (0,15 – 0,70) -0,05 (-0,36 – 0,26) 0,0227 <0,0001 Da 2,94 (2,80 – 3,08) 1,02 (0,76 – 1,27) 0,66 (0,41 – 0,90) 0,0489 <0,0001 D 8,63 (7,66 – 9,60) 1,64 (1,32 – 1,95) 1,15 (0,94 – 1,37) 0,0229 <0,0001 FEleTh (µm) 22,68 (19,77 – 25,59) 2,89 (2,04 – 3,74) 3,4 (2,66 – 4,13) 0,3877 <0,0001 BEleTh (µm) 49,71 (44,26 – 55,16) 11,96 (9,77 – 14,16) 7,9 (6,37 – 9,42) 0,0065 <0,0001 Astigmatismo (dioptria) 3,97 (3,29 – 4,64) 1,02 (0,71 – 1,33) 0,85 (0,59 – 1,11) 0,4225 <0,0001 Qval -0,90 (-1,03 – -0,77) -0,32 (-0,36 – -0,28) -0,37 (-0,42 – -0,31) 0,1618 <0,0001

Legenda: média (intervalo de confiança 95%). * Resultados do teste t. K: ceratometria. ARTMax: Maximum Ambrosio Relational Thickness. PI: Progression Index. D: Belin-Ambrosio deviation indices. FEleTh: Front Elevation at Thinnest point. BEleTh: Back Elevation at Thinnest point. Qval: q-value (asfericidade).

(26)

As figuras 1A-H mostram exemplos de avaliação tomográfica de córnea em

indivíduos com ceratocone e familiares com quadro subclínico da doença.

Figura 1. Tomografias de córnea de pacientes com ceratocone e familiares

(27)

Figura 1B: Filho de paciente com ceratocone. Notar córnea assimétrica, com paquimetria mais fina e aumento no mapa de elevação posterior

(28)

Figura 1C: possui familiares com ceratocone: a mãe, dois irmãos e um primo. Notar córnea

(29)

Figura 1D: mãe de dois pacientes com ceratocone. Notar córnea assimétrica no mapa axial anterior

(30)
(31)

Figura 1F: filho da paciente da figura 1D, meio-irmão da paciente da figura 1E (têm pais diferentes). Notar ceratocone superior, manifestação rara da doença.

(32)
(33)

Figura 1H: paciente com ceratocone, irmã gêmea idêntica da paciente da figura 1G. Notar quadro assimétrico de comprometimento corneano entre as irmãs.

(34)

Os seguintes heredogramas (Figuras 2A e 2B) mostram a distribuição familiar dos

casos de ceratocone incluídos no presente estudo. Os indivíduos portadores de ceratocone

estão marcados com cor sólida preta, e os indivíduos marcados com hachuras são os que

apresentaram algum parâmetro alterado no exame de tomografia corneana pelo Pentacam,

a saber: AS = assimetria corneana no mapa de curvatura axial anterior, BE: alterações nos

mapas de elevação posteriores, D: alterações no índice de Belin-Ambrosio, K: alteração no

limite superior da ceratometria, P: alteração no limite inferior da paquimetria no ponto mais

fino, considerando os índices de referência do aparelho.

(35)
(36)

6.2. Avaliação proteômica das lágrimas

A avaliação proteômica das lágrimas foi realizada considerando-se dois grupos, o

primeiro formado por 4 portadores de ceratocone e o segundo por 6 controles sem sinais

clínicos ou tomográficos da doença. A tabela 3 mostra a média das características clínicas

e tomográficas de cada grupo.

Tabela 3. Características clínicas e tomográficas das amostras avaliadas por proteômica

Variáveis Ceratocone Controle

Kmax 52,12 45,83

Paquimetria 468,5 518,2

Índice D 6,26 2,27

Idade (anos) 30,5 47,5

Sexo (F / M) 2 / 2 5 / 1

A análise quantitativa identificou um total de 208 proteínas distintas nas amostras de

lágrima do grupo Ceratocone. Após as análises estatísticas pelo teste t, foram

encontradas 7 proteínas com níveis significativamente aumentados no grupo

Ceratocone em comparação aos controles, considerando o valor-p menor que 0,05

(Tabela 4 e Figura 3). Após as correções por múltiplas comparações, essas proteínas

não mantiveram níveis de significância estatística. Não foram encontradas proteínas

(37)

Tabela 4. Análise proteômica da lágrima: proteínas expressas diferencialmente entre os grupos

Gene Proteína Valor-p FDR 5% FDR 1% FWER Ceratocone* Controle* Razão

IGHV5-10-1; IGHV5-51 Immunoglobulin heavy variable 5-10-1; Immunoglobulin heavy variable 5-51 0,0030 N N N 23,2 21,8 2,63 PRR27 Proline-rich protein 27 0,0030 N N N 25,4 22,3 10,46 IGHM Ig mu chain C region; Ig mu heavy chain disease protein 0,0045 N N N 27,8 26,0 3,73

HIST1H2BA§ Histone H2B type 1-A 0,0047 N N N 22,9 21,1 3,50

KRT13 cytoskeletal 13 Keratin, type I 0,0206 N N N 27,4 25,5 3,59

IGHV3-23# heavy variable 3-Immunoglobulin

23 0,0358 N N N 25,5 24,5 2,26 DEFA1; DEFA3 Neutrophil defensin 1; HP 1-56; Neutrophil defensin 2; Neutrophil defensin 3; HP 3-56; Neutrophil defensin 2 0,0369 N N N 27,9 25,2 7,45

* Média da transformação logarítmica do LFQ (Label-free quantification). FDR: false discovery rate. FEWR: family-wise error rate (método Holm-Sidak). N: não significativo após correção para múltiplas comparações. § histone cluster (HIST1H2BA; HIST1H2BK; HIST1H2BJ; HIST1H2BO; HIST1H2BB; H2BFS; HIST1H2BD; HIST1H2BC; HIST2H2BE; HIST2H2BF; HIST3H2BB; HIST1H2BH; HIST1H2BN; HIST1H2BM; HIST1H2BL). # immunoglobulin cluster (IGHV3-23; IGHV3-30; IGHV3-30-5)

(38)

Figura 3. Quantificação de proteínas no grupo Ceratocone versus grupo Controle

Box plot representando quantificação de proteínas em AU (unidades arbitrárias – transformação logarítmica da LFQ)

As proteínas identificadas nos estudos de proteômica de amostras de lágrima podem

representar potenciais marcadores da doença. Foi realizada uma busca em bancos de

dados específicos (UniProt/PubMed) para o descritivo de genes e vias relacionadas a cada

uma das proteínas identificas na análise univariada:

A proteína Immunoglobulin heavy variable 5 (ID A0A0C4DH38) é codificada pelo

gene IGHV5 e representa a região V do domínio variável das cadeias pesadas das

imunoglobulinas que participa do reconhecimento antigênico.

A proteína Proline-rich protein 27 (ID Q6MZM9) é codificada pelo gene PRR27 e

(39)

A proteína Immunoglobulin heavy constant mu (ID P01871) é codificada pelo gene

IGHM e representa a região constante das cadeias pesadas das imunoglobulinas.

A proteína Histone H2B (ID Q96A08) é codificada pelo gene HIST1H2B e representa

o componente fundamental do nucleossomo, estrutura que envolve e compacta o DNA em

cromatina, limitando o acesso do DNA ao maquinário celular que precisa do DNA como

modelo. Dessa forma, a histona desempenha papel central na regulação da transcrição, do

reparo, da replicação e da estabilidade do DNA.

A proteína Keratin, type I cytoskeletal 13 (ID P13646) é codificada pelo gene KRT13

e representa um dos dois tipos de queratina microfibrillar e citoesquelética, com função

estrutural no citoesqueleto celular e na queratinização.

A proteína Immunoglobulin heavy variable 3 (ID P01764) é codificada pelo gene

IGHV3 e representa a região V do domínio variável das cadeias pesadas das

imunoglobulinas que participa do reconhecimento antigênico.

A proteína Neutrophil defensin (ID P59665) é codificada pelo gene DEFA e tem

função antibacteriana, fungicida e antiviral, com mecanismo de permeabilização da

membrana plasmática microbiana.

A proteína Immunoglobulin kappa variable 1 (ID P01593), apesar de não atingir

significância estatística (p=0,053), também estava aumentada no grupo Ceratocone, sendo

codificada pelo gene IGKV1, representando a região V do domínio variável das cadeias

(40)

A análise de ontologia genética de proteínas selecionas após avaliação estatística

nas lágrimas de pacientes com ceratocone encontrou as vias biológicas descritas na tabela

5.

Tabela 5. Processos biológicos enriquecidos para proteínas expressas diferencialmente no grupo Ceratocone.

Termo Valor-p ajustado Valor-p Genes

male-specific antibacterial humoral

response (GO:0006962) 1.05E-05 1.82E-04 IGHM; DEFA1 antibacterial peptide production

(GO:0002778) 1.13E-05 1.82E-04 IGHM; DEFA1

induction of bacterial agglutination

(GO:0043152) 1.30E-05 1.82E-04 IGHM; DEFA1

antibacterial humoral response

(GO:0019731) 3.59E-04 3.77E-03 IGHM; DEFA1

CENP-A containing nucleosome

disassembly (GO:1905783) 3.60E-03 2.05E-02 HIST1H2BA DNA replication-dependent nucleosome

disassembly (GO:0034725) 3.60E-03 2.05E-02 HIST1H2BA DNA replication-independent

nucleosome disassembly (GO:0034726) 3.60E-03 2.05E-02 HIST1H2BA nucleosome disassembly (GO:0006337) 4.39E-03 2.05E-02 HIST1H2BA

innate immune response in mucosa

(GO:0002227) 4.19E-03 2.05E-02 DEFA1

G-protein coupled receptor signaling pathway involved in defense response

to Gram-negative bacterium (GO:1903554)

(41)

6.3. Potenciais biomarcadores

A análise multivariada inclui o dendrográfico heat map, o gráfico PCA e a curva ROC

que são mostrados na Figura 4. Os escores da PCA foram de 57,2% para o PC1

(componente principal 1) e 16,4% para o PC2 (componente principal 2). A área sob a curva

ROC resultante da análise multivariada e os correspondentes intervalos de confiança de

95% são mostrados na Figura 5. As seguintes proteínas foram identificadas como possíveis

biomarcadores, em ordem crescente de importância relativa: IGHV5 (Immunoglobulin

heavy variable 5), EZR (Ezrin), KRT13 (Keratin, type I cytoskeletal 13), IGHM

(Immunoglobulin heavy constant mu), MPO (Myeloperoxidase), CTSG (Cathepsin G),

PRR27 (Proline-rich protein 27), and RARRES1 (Retinoic acid receptor responder protein

1).

As proteínas IGHV5, KRT13, IGHM e PRR27 foram identificadas como possíveis

marcadores tanto na análise univariada quanto na multivariada. As proteínas descritas a

seguir foram encontradas somente na análise multivaridada.

A proteína Retinoic acid receptor responder protein 1 (ID P49788), codificada pelo

gene RARRES1, estava expressa em 5 das 6 amostras do grupo Familiares e ausente em

todas as amostras do grupo Ceratocone. Atua como inibidora da carboxipeptidase AGBL2

citoplasmática, com regulação negativa da proliferação celular.

A proteína Cathepsin G (ID P08311), codificada pelo gene CTSG, é uma protease

com especificidade semelhante a tripsina e quimiotripsina, cliva o complemento C3 e tem

atividade antibacteriana contra Gram-negativos.

A proteína Myeloperoxidade (ID P05164), codificada pelo gene MPO, participa do

sistema de defesa dos leucócitos polimorfonucleares. Tem atividade microbicida contra

uma ampla gama de microrganismos.

A proteína Ezrin (ID P15311), codificada pelo gene EZR, está provavelmente

(42)
(43)

(A) Heat map, as cores níveis relativos de expressão, com cores vermelhas para níveis aumentados e cores verdes para níveis diminuídos. (B) Gráfico PCA. (C) Curva ROC.

(44)

Figura 5. Análise da curva ROC multivariada e importância relativa dos potenciais biomarcadores para Ceratocone versus Controle.

(45)

(A) Área sob a curva ROC resultante da análise multivariada e os correspondentes intervalos de confiança de 95%. (B) Predicted Class Probabilities. (C) Potenciais biomarcadores em ordem de importância relativa.

(46)

7. Discussão

O ceratocone é uma doença ectásica da córnea que pode afetar profundamente a

acuidade visual dos seus portadores, gerando impacto na qualidade de vida e de visão. O

início da doença ocorre em fases precoces da puberdade e apresenta caráter progressivo.

Estudos recentes têm garantido muitos avanços sobre o ceratocone. O

desenvolvimento de ferramentas propedêuticas permite maior acurácia em análises

pormenorizadas da arquitetura corneana, índices e parâmetros mais confiáveis para

diagnóstico e acompanhamento da doença. Da mesma forma, o tratamento e a reabilitação

visual dos portadores de ceratocone tem evoluído com novas lentes de contato, implantes

intraestromais, novas técnicas de transplante de córnea e o crosslinking corneano para

atenuar a progressão da doença e diminuir o impacto negativo na qualidade da visão(30).

Entretanto, os mecanismos fisiopatológicos relacionados ao ceratocone ainda não estão

completamente elucidados. Padrões de hereditariedade e o papel da inflamação no

processo de desenvolvimento da doença tem sido investigados em diversas populações.

As análises tomográficas comparativas de familiares de indivíduos com ceratocone

e controles demonstraram que os principais parâmetros associados ao diagnóstico do

ceratocone (paquimetria fina, ceratometria alta, alterações no índice D de Belin-Ambrósio,

aumento na elevação posterior da córnea) encontram-se alterados nesse grupo de estudo,

sem atingir níveis patológicos. Essas alterações subclínicas em familiares de pacientes com

ceratocone podem representar uma maior susceptibilidade genética dessa população, ou

expressividade variável da doença, ou até mesmo uma ausência ou menor resposta a um

possível gatilho ambiental para o desenvolvimento da doença clínica. Vale ressaltar que a

prevalência de alergia ocular foi muito maior no grupo de pacientes com ceratocone, em

comparação aos familiares sem a doença clínica. A avaliação tomográfica das gêmeas

(47)

com importante influência ambiental na manifestação da doença, já que elas apresentavam

grau de comprometimento corneano diferente entre si.

As três primeiras variáveis estudadas (K1, K2 e Kmax) referem a pontos de curvatura

no mapa axial anterior, sendo K1 e K2 o ponto mais plano e o mais curvo respectivamente

nos 3 mm centrais e Kmax o ponto mais curvo de toda a superfície anterior. Todos esses

valores encontram-se aumentados em córneas com ceratocone, devido à protrusão

corneana característica da doença, e encontramos no presente estudo o Kmax aumentado

nos familiares, embora em grau muito menor do que na doença.

As próximas variáveis estudadas referem à espessura corneana. Para a avaliação

paquimétrica, foi utilizado o ponto mais fino da córnea medido em micrômetros (µm). Esse

valor é bastante diminuído em córneas com ceratocone, sendo a principal hipótese a

degradação enzimática por metaloproteinases ativadas na cascata inflamatória,

possivelmente relacionada a aumento do estresse oxidativo. Também encontramos esse

valor diminuído no grupo dos familiares, embora em menor grau do que na doença. Os

índices PIMin, PIAvg e PIMax referem ao índice de progressão paquimétrica mínimo, médio

e máximo. É definido como a progressão da espessura corneana do ponto mais fino até o

limbo, onde a córnea tem a maior espessura. O índice ARTMax (ART: Ambrosio Relational

Thinnest) é a divisão da paquimetria mais fina pelo índice de progressão máximo, e foi

criado com o intuito de aumentar a sensibilidade e especificidade no diagnóstico do

ceratocone(31). Não foram encontradas diferenças no grupo dos familiares para os índices

de progressão paquimétrica; já o índice ARTMax estava alterado com significância

estatística.

Em seguida, avaliamos os índices de Belin-Ambrósio, que são valores de

desvio-padrão da córnea avaliada em relação a um banco de dados de córneas normais. Ao

combinar dados paquimétricos com os mapas de elevação, aumenta-se a sensibilidade do

(48)

elevação anterior), Db (desvio da elevação posterior), Dp (desvio da progressão

paquimétrica), Dt (desvio da paquimetria mais fina), Da (desvio do ARTMax) e o índice D,

que engloba matematicamente todos os anteriores. Os índices Dt, Da e D apresentaram

diferença estatística no grupo dos familiares com relação aos controles, provavelmente

devido à paquimetria mais fina nesse grupo.

O índice FEleTh refere à elevação anterior no ponto mais fino da córnea e o BEleTh

à elevação posterior no ponto mais fino. Esses índices refletem a protrusão corneana típica

do ceratocone. O BEleTh estava alterado no grupo dos familiares em relação aos controles,

o que pode refletir um aumento na elevação posterior dessas córneas, um dos sinais do

ceratocone subclínico. No entanto, uma parte dessa alteração também pode ser explicada

pela diferença de idade entre os grupos (43,5 anos entre os familiares e 30,1 anos nos

controles), pois já foi descrito que a córnea apresenta aumento fisiológico da elevação

posterior com o passar dos anos(36).

Tanto o astigmatismo quanto o Q-value (asfericidade corneana) são parâmetros

bastante alterados em córneas com ceratocone, especialmente o astigmatismo irregular, e

são alguns dos responsáveis pela diminuição da acuidade visual nesse grupo. Não

encontramos diferenças entre os grupos familiares e controle para essas variáveis.

A proteômica tem se destacado como uma área da biotecnologia recente que permite

a investigação da expressão de proteínas e isoformas em amostras biológicas. O proteoma

representa, assim, um método direto para identificar, quantificar e estudar as modificações

pós-traducionais das proteínas e suas possíveis correlações com mecanismos fisiológicos e/ou mecanismos relacionados a doenças. Neste estudo, observamos a detecção na análise univariada de 7 proteínas com expressão significativamente diferente em amostras de ceratocone. A análise multivariada selecionou 8 proteínas com potencial para biomarcadores da doença. Uma parte dessas proteínas está relacionada a imunidade, o que pode refletir a ativação de vias inflamatórias na doença. A análise de componentes

(49)

principais (PCA) e o heat map demonstraram que a análise do proteoma é capaz de diferenciar de forma adequada os portadores de ceratocone dos controles. Tais achados deverão ser validados em estudos futuros e podem representar potenciais marcadores do ceratocone.

Experimentos de proteômica produzem uma grande quantidade de dados. Geralmente, centenas de proteínas distintas são identificadas. Existe um amplo debate na literatura sobre como lidar com toda essa informação e quais seriam as ferramentas estatísticas mais adequadas. Saccenti et al., em uma revisão sobre o uso de análises univariadas e multivariadas com dados de metabolômica, sugerem que ambos os métodos sejam utilizados, já que fornecem informações complementares(37). Essa foi a estratégia utilizada no presente trabalho para a análise estatística dos dados da proteômica da lágrima.

Embora nosso estudo de proteômica tenha um pequeno número amostral, conseguimos demonstrar através da análise multivariada que há diferenças entre o proteoma lacrimal de pacientes com ceratocone e controles.

Como perspectivas futuras, pretendemos complementar a investigação de mediadores inflamatórios no ceratocone através da localização por imunofluorescência confocal dos marcadores CD45 e CD31 em amostras de tecido corneano obtidas de pacientes que foram submetidos a transplante de córnea, comparadas com tecidos normais obtidos da rima do doador. Em paralelo, investigaremos nessas amostras as alterações ultraestruturais do tecido corneano no ceratocone através de marcações de fibronectina e laminina em lâminas preparadas para imunofluorescência confocal. As amostras já foram coletas e processadas e os experimentos estão agendados para o próximo semestre. Para estudo de investigação do papel da hereditariedade no ceratocone, amostras de sangue das famílias incluídas neste estudo foram coletadas e serão posteriormente avaliadas em parceria com o CBMEG em colaboração com a professora Dra. Mônica Melo, através de

(50)

análise de exoma e expressão gênica. Também realizaremos uma avaliação de citocinas inflamatórias em lágrimas de pacientes com ceratocone, seus familiares e um grupo controle através de ensaio Multiplex. Uma nova avaliação proteômica por espectrometria de massas também está agendada para o próximo semestre de 2019, com maior número de amostras.

(51)

8. Conclusão

O estudo permitiu a análise de dados clínicos, avaliação propedêutica complementar

da córnea e caracterização do proteoma lacrimal de pacientes portadores de ceratocone

no Ambulatório de Doenças Oculares Externas da Disciplina de Oftalmologia no Hospital

de Clínicas da Unicamp, durante as consultas de diagnóstico e acompanhamento.

• Foram avaliados dados clínicos, fatores de risco e testes propedêuticos de pacientes portadores de ceratocone e seus familiares, sendo demostrados

parâmetros tomográficos alterados nos familiares sem doença clínica.

• Foram coletadas amostras de lágrima de pacientes portadores de ceratocone e controles para avaliação de possíveis marcadores através de estudos de

proteômica, que evidenciaram proteínas com expressão significativamente

(52)

9. Referências bibliográficas

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10. Anexos:

10.1. Anexo 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Caracterização do ceratocone, investigação da influência da hereditariedade e do papel de mediadores pró-inflamatórios

Dr. Daniel de Almeida Borges Prof. Dr. Carlos Eduardo Leite Arieta

Profa. Dra. Mônica Alves de Paula Número do CAAE: 55904316.8.0000.5404


Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo se você não aceitar participar ou retirar sua autorização em qualquer momento.

Justificativa e objetivos:

O ceratocone é uma doença corneana que leva a diminuição da visão, podendo causar grande impacto na qualidade de vida dos pacientes afetados. É umas das principais causas de transplante de córnea em todo o mundo. Os mecanismos que levam ao desenvolvimento do ceratocone ainda não são conhecidos, mas estudos recentes sugerem que as vias de inflamação estão envolvidas em sua progressão. Também é sabido que existe uma influência genética na apresentação do ceratocone.

O trabalho tem como objetivo avaliar as características do ceratocone em portadores da doença e seus familiares, dosagem de mediadores na lágrima e avaliação da córnea em pacientes que forem submetidos a transplante de córnea para reabilitação visual durante o seu seguimento. 


Procedimentos:

Participando do estudo você está sendo convidado a: responder questionário com perguntas sobre alterações nos olhos, exame ocular completo, exames complementares de topografia, tomografia e microscopia especular de córnea e coleta de uma amostra de lágrima para dosagem de mediadores de inflamação (exame de laboratório). Caso você tenha indicação de cirurgia de transplante de córnea durante o acompanhamento e vigência desta pesquisa, será solicitado seu consentimento para a coleta de amostra da córnea para avaliação de mediadores pelo método de imunofluorescência (exame de laboratório). A amostra será constituída da parte da córnea que é retirada durante a cirurgia de transplante de córnea e substituída por um tecido de doador e em nada interferirá no tratamento cirúrgico proposto.

Você será orientado sobre o estudo e submetido a coleta de dados epidemiológicos e de história clínica, e em seguida serão procedidos os exames clínicos e complementares e por fim a coleta de lágrimas conforme descrito abaixo:

1 - Exame ocular: avaliação da superfície ocular à biomicroscopia, quantificando características das pálpebras, do filme lacrimal, córnea e conjuntiva. A biomicroscopia é um exame da parte da frente dos olhos, com um aparelho composto por luzes e lentes, utilizado rotineiramente no exame oftalmológico. Medida da acuidade visual e exame de refração para quantificação da capacidade visual e grau dos óculos.

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2 - Topografia de córnea: exame complementar da rotina de investigação de doenças da córnea. As imagens são captadas rapidamente pelo aparelho, sem contato com os olhos e sem necessidade de instilação de colírios e depois são avaliadas com auxílio de programas específicos.

3 - Tomografia de córnea: imagens captadas rapidamente sem contato e sem necessidade de instilação prévia de colírios e analisadas com softwares específicos. O exame permite avaliação de mapas topográficos anteriores e posteriores e diversos comparativos de curvaturas e espessura da córnea.

4 - Microscopia especular de córnea: imagens captadas rapidamente sem contato e sem necessidade de instilação prévia de colírios e analisadas com softwares específicos para avaliação do endotélio corneano.

5 - Coleta de lágrimas: as lágrimas serão coletadas através de pipeta plástica estéril do bordo palpebral inferior, evitando-se tocar a superfície ocular, e serão armazenadas em tubo específico e congeladas para posterior avaliação em nível laboratorial.

6 - Coleta de amostras de córnea: serão coletadas amostras de córnea dos pacientes portadores de ceratocone que forem submetidos a cirurgia após orientação e consentimento. Tais amostras serão avaliadas através de exames laboratoriais para a quantificação de possíveis marcadores da doença. 
 Você será avaliado no Ambulatório de Córnea e Doenças Externas do Hospital de Clínicas da Unicamp e acompanhado por cerca de 2 horas para cumprir os exames desse estudo. Na ocasião, será solicitado a responder ao questionário, e será realizado exame oftalmológico, exames complementares e coleta de lágrimas como já descritos anteriormente. Todo e qualquer esclarecimento prévio à execução das avaliações ou durante o curso da pesquisa sobre a metodologia do estudo será prontamente comunicado pelos pesquisadores envolvidos.

Desconfortos e riscos:

Você não deve participar deste estudo se estiver em uso de medicações antiinflamatórias, imunossupressoras ou imunomoduladoras, tópicas ou sistêmicas, bem como aqueles com quadro ocular inflamatório ou infeccioso em atividade no momento da coleta de dados.

Possíveis transtornos, desconfortos e riscos: os exames clínicos e complementares fazem parte da rotina habitual de investigação e acompanhamento do ceratocone no ambulatório, são indolores e não interferem na visão. Os exames de topografia e tomografia de córnea podem causar fotofobia leve durante sua realização. A coleta de lágrimas pode causar pequeno desconforto, que será atenuado com colírio anestésico se necessário. A coleta de amostras de córnea será feita mediante o consentimento daqueles pacientes que tenham indicação de transplante de córnea durante seu tratamento com finalidade de reabilitação visual. A amostra será obtida do tecido retirado durante o procedimento e substituído pela córnea doada e não interferirá na cirurgia nem no seu resultado.

Benefícios:

O paciente será beneficiado na medida em que os dados do estudo ampliem o conhecimento sobre a apresentação clínica e evolução de sua doença. Todos os exames complementares realizados serão anexados ao prontuário para uso em seu seguimento clínico. 


Acompanhamento e assistência:

Todos os pacientes participantes da presente pesquisa continuarão seu acompanhamento regular no Ambulatório de Córnea da Disciplina de Oftalmologia do HC/UNICAMP.

Será disponibilizado tratamento médico em caso de danos diretamente causados pela pesquisa, ou seja, avaliação e tratamento de eventual desconforto relacionado a coleta de lágrimas. 


Referências

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