SEMINÁRIOS TEMÁTICOS DA PRÓ-‐REITORIA DE EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA DA UNESP
OS SENTIDOS DOS SERVIÇOS NA RELAÇÃO DA UNESP COM A SOCIEDADE
Tema 1 -‐ Os serviços no contexto da Extensão Universitária
1. Introdução
Este é um texto em construção. Nele se discorre sucintamente sobre a interpretação que a PROEX tem feito, a partir de referenciais teóricos, sobre o conceito de Extensão, Serviços da Extensão e Prestação de serviços. Como é próprio da Universidade, marcadamente da sua dimensão Extensão, o propósito deste texto é instigar o debate de ideias e a criação coletiva de uma concepção ampliada dos temas. O que se espera é que ao ler o texto e participar do seminário, os envolvidos se apropriem dos conceitos aqui tratados e, mais do que isso, que tragam novos elementos para ampliar a concepção que se tem hoje sobre os significados e limites dos serviços da Universidade Pública para a transformação da realidade social. Com essa discussão se espera delimitar coletivamente o campo do serviço nas ações da extensão universitária na UNESP.
2. O conceito de Extensão Universitária
Do histórico da Extensão Universitária no Brasil (Paula, 2013) é possível afirmar que este é um conceito em construção e, porque não, em disputa. Em construção consonante ao contexto político, social e histórico de sua evolução. Em disputa porque envolve diferentes concepções de mundo e maneiras de ver e interagir com a realidade, como é próprio da academia.
Hoje podemos afirmar que a Extensão Universitária está se reinventando, na medida em que tem buscado ampliar os seus horizontes de ação. A Política Nacional de Extensão aponta para isso (FORPROEX, 2012). O Fórum de Pró-‐Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, na Política Nacional de Extensão Universitária (FORPROEX, 2012) define Extensão Universitária como:
A Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, é um
processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade (FORPROEX, 2012).
As diretrizes da Extensão Universitária no Brasil são as seguintes: Interação dialógica; Interdisciplinaridade e interprofissionalidade; Indissociabilidade Ensino-‐ Pesquisa-‐Extensão; Impacto na Formação do Estudante e; Impacto e transformação social (FORPREX, 2012). Pautada em suas diretrizes a Extensão Universitária Brasileira, apresenta-‐se como uma alternativa à requalificação do papel da Universidade, que deve ir além da mera funcionalidade para atender os interesses do sistema econômico vigente, mas deve apresentar-‐se como alternativa ao capitalismo global, contribuindo ativamente com a coesão social, a democracia, redução das iniquidades sociais, proteção ambiental e defesa da diversidade cultural (SANTOS, 2004).
A Extensão Universitária consiste num processo de qualificação da academia a partir de sua interação com a sociedade com o propósito de buscar solução para os grandes problemas sociais. Assim sendo, será preciso cuidar do equilíbrio entre essas trocas, para que o processo de qualificação da academia, de fato resulte em benefício social e que a sociedade acolha a academia como parceira da sua transformação e desenvolvimento social e econômico. Nesse sentido, ações inseridas nos processos sociais, com propostas devidamente pactuadas e desenhadas a partir das demandas da sociedade e das vocações acadêmicas têm mais chance de êxito.
3. Os serviços nas ações (e como ação) da Extensão Universitária
Se tomado como referência o conceito de Kotler (2000) para serviço “Qualquer ato ou desempenho que uma pessoa possa oferecer a outra e que seja necessariamente intangível e não resulte na propriedade de nada. Sua produção pode ou não estar vinculada a um produto físico”, torna-‐se evidente a presença deste em grande parte das ações da Extensão Universitária. Até mesmo o termo “serviços à comunidade” como sinônimo de Extensão Universitária, ou a Universidade “a serviço da comunidade” mostra essa característica das atividades de extensão. Esse é o sentido
abrangente da palavra, a partir do qual se denominou a Central de Gerenciamento dos Serviços de Extensão.
Os serviços permeiam todas as ações da extensão, no entanto poderão ser oferecidos com o intuito de atender demanda especifica, como atividade de Prestação de Serviço, que existe por si só. Isso não implica em dizer que um serviço executado na universidade como Prestação de Serviço não deva ter embutido nele os princípios da extensão.
Na dimensão macro do papel da Universidade, a simples presença de um hospital universitário num determinado município gera desenvolvimento local e contribui para que a universidade cumpra o seu papel. Então, nessa dimensão macro, contabilizar o número de atendimentos no pronto socorro, consultas de pré-‐natal, exames (por exemplo) são importantes na avaliação da Extensão Universitária, mesmo que esses não tenham sido executados como processos genuínos de troca entre a academia e a comunidade. No entanto, se aplicados com rigor, os princípios da extensão, ao menos um deles se aplica em qualquer serviço executado pela academia. Façamos o exercício a seguir:
A extensão universitária é processo educativo, cultural e científico – a ação
universitária que resulta em serviço, que não promove ensino-‐aprendizado e que não valoriza e toma como referência a cultura local em estreita relação com a ciência e a inovação está fora do seu contexto.
A extensão universitária deve caminhar articulada com o ensino e a pesquisa -‐ os
cenários de ensino articulados com a prática produzem serviço. Nesses cenários se ensina pesquisando e se pesquisa ensinando.
A extensão articula as relações entre a comunidade acadêmica e a sociedade no sentido de transformação social – os serviços representam importantes canais de
inserção da comunidade acadêmica na realidade social e de forma dialógica podem produzir a almejada transformação social.
A extensão universitária como prática acadêmica deve dirigir seus interesses para as grandes questões sociais do país e aquelas demandadas pelas comunidades regionais e locais – tomada como importante razão de ser da universidade.
O serviço pode ser o resultado das ações de extensão, no entanto ele próprio pode ser a ação. É quando ele surge como prestação de serviço para atender uma demanda social.
Daí se depreende que, para a PROEX, os serviços de extensão apresentam as seguintes finalidades:
-‐ Caracterizam-‐se como inovação tecnológica;
-‐ São necessários à formação de discentes e/ou à educação continuada; -‐ São serviços altamente especializados, não disponíveis no mercado;
-‐ São serviços de baixo custo ofertados a grupos da população excluídos desse benefício.
As ações da Extensão Universitária distribuem-‐se em:
1 -‐ Programa – “conjunto articulado de projetos e outras atividades de extensão (cursos, eventos, prestação de serviços), preferencialmente integrando as ações de extensão, pesquisa e ensino. Tem caráter orgânico-‐institucional, clareza de diretrizes e orientação para um objetivo comum, sendo executado a médio e longo prazo” (FORPROEX, 2007)
2 -‐ Projeto -‐ “Ação processual e contínua de caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico, com o objetivo específico e prazo determinado, que envolve a participação efetiva e ativa da sociedade”.
3 -‐ Curso -‐ “Ação pedagógica, de caráter teórico e/ou prático, presencial ou a distância, planejada e organizada de modo sistemático, com carga horária mínima de 4 horas e critérios de avaliação definidos”.
4 – Evento -‐ “Ação que implica na prestação e/ou exibição pública, livre ou com clientela específica, do conhecimento ou produto cultural, artístico, esportivo, científico e tecnológico desenvolvido, conservado ou reconhecido pela Universidade”. 5 – Prestação de serviço -‐ “Realização de trabalho oferecido pela Instituição de Educação Superior ou contratado por terceiros (comunidade, empresa, órgão público,
etc.); a prestação de serviço se caracteriza por intangibilidade, inseparabilidade processo/produto e não resulta na posse de um bem”.
Na figura 1 buscamos representar os serviços permeando as ações de extensão e a prestação de serviços como atividade fim.
Figura 1. Os serviços nas ações de extensão universitária.
Ao se delimitar um campo para os serviços nas ações de extensão, tomando como referência um de seus conceitos clássicos e os documentos do FORPROEX, conclui-‐se que os serviços de extensão podem aparecer vinculados às ações de extensão ou representar por si só uma ação de extensão, na forma de prestação de serviços.
Fórum de Pró-‐Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus, 2012. Disponível em: http://www.renex.org.br/documentos/2012-‐07-‐13-‐Politica-‐Nacional-‐de-‐
Extensao.pdf.
SANTOS, Boaventura S. A Universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade. São Paulo: Cortez, 2004. (Coleção Questões da Nossa Época, v. 120).
Fórum de Pró-‐Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Avaliação Nacional da Extensão Universitária. Brasília: MEC/SESu (Coleção Extensão Universitária, v. 3), 2000.
Fórum de Pró-‐Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Extensão Universitária: Organização e Sistematização. Belo Horizonte: Coopmed, 2007.
Kotler, Philip – Administração de Marketing – 5ª Edição – São Paulo – Ed. Atlas -‐ 1998 Parente, Juracy – Varejo no Brasil – São Paulo: Ed. Atlas, 2000.
Paula, João Antônio de. A Extensão Universitária: história, conceito e propostas. Interfaces -‐ Revista de Extensão, v. 1, n. 1, p. 05 – 23, jul./nov. 2013.