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Academic year: 2019

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ESPAÇOS DO TEMPO REAL

Tânia Seneme do Canto1

Introdução

Em 1969, na Califórnia, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos criou a 1ª rede de conexão de computadores a longa distância denominada ARPANET. Aberta aos centros de pesquisa que cooperavam com os projetos militares, esse novo meio de comunicação, que veio a se tornar a Internet, foi concebido nos anos 50 durante a Guerra Fria. Buscando precaver seu sistema de comunicação de um possível ataque soviético, a agência norte-americana responsável pelo desenvolvimento de pesquisas avançadas no setor militar investiu fortemente numa nova estratégia de troca de informações digitais baseada na comutação de pacotes.

Esse novo sistema permitiu a formação de uma rede de computadores estendida e independente de um centro e de uma única rota para a circulação da informação, tornando-se assim pouco vulnerável a uma possível ofensiva. Seguindo essa nova lógica de conexão sem hierarquias e limites, a ARPANET foi se expandido para as universidades e institutos de pesquisas de todos os cantos dos Estados Unidos, deixando de ser um meio de comunicação estrito para assuntos militares.

Algumas outras redes de computadores foram sendo criadas para atender a ansiosa comunidade de pesquisadores e estudiosos que não viam a hora de começarem a se comunicar nesses novos termos. Entretanto, todas essas novas redes estavam conectadas à ARPANET. Esta então se transformou na ARPA-INTERNET, a rede das redes, muito embora não ainda de alcance global, já que sua capacidade de transmissão e processamento de dados não era suficiente para que “todo o mundo” se interconectasse.

1 Mestranda no Programa de Pós-graduação em Geografia da UNESP de Rio Claro-SP, sob a orientação

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A INTERNET, a verdadeira rede de comunicação mundial, só foi viabilizada em 1983, quando algumas adaptações de protocolos permitiram todo tipo de transferência de dados digitais entre computadores e redes diferentes. Diante disso, segundo Castells (1999, p. 376), as condições para a comunicação horizontal global estavam postas e “o sistema de redes surgiu em grande escala como redes locais e redes regionais conectadas entre si e começou a se expandir para qualquer lugar onde houvesse linhas telefônicas e computadores munidos dos equipamentos baratos chamados modems”.

A abrangência dessa rede foi tamanha que mudanças profundas na sociedade, economia e cultura moderna foram engendradas. Quase tudo foi, e continua sendo, reconfigurado pela Internet a partir de uma imensidão de outras tecnologias dela decorrentes. A forma das pessoas se encontrarem e se expressarem, das empresas e bancos negociarem, da imprensa noticiar, dos vendedores e consumidores realizarem suas trocas e das universidades pesquisarem, definitivamente, não são mais as mesmas. Isso porque, como ensina Castells (1999), a capacidade de conectividade e velocidade desse meio de comunicação amplificou o poder da mente humana produzir tanto tecnologias de geração de conhecimentos e de processamento da informação como de comunicação de símbolos. Por isso, para o autor (1999, p. 50):

O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. [...] As novas tecnologias da informação não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos.

Desse modo, um mundo paralelo ao mundo físico, mas profundamente imbricado um no outro, foi implementado através das redes. A esse novo domínio da existência humana tem-se dado o nome de ciberespaço. Defini-lo e entender as relações que nele se constroem, no entanto, não parece fácil, já que os conceitos e categorias de que dispomos estão muito ligados à representação de um espaço que conhecemos com coordenadas fixas. Contudo, tentamos trazer nas páginas que se seguem uma discussão sobre os sentidos que o ciberespaço vem adquirindo na interpretação de diferentes teóricos, buscando assim compreender o que ele representa para a sociedade atual.

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consideramos que o ciberespaço nos apresenta uma outra forma de conceber a realidade, sem contudo implicar numa ruptura total com o mundo dito moderno.

Espaço-tempo em mutação

Para Ferrara (2008), as técnicas das telecomunicações e da informação digital banalizaram o deslocamento e engoliram a contigüidade temporal, promovendo uma experiência do aqui e agora que nos leva a ressignificar nosso modo de viver e pensar. Capazes de trazer simultaneamente para cá vários lugares e informações na velocidade da luz, passamos a viver sem medidas como distante e próximo e, antes e depois. Nesse sentido, o ciberespaço nos apresenta o mundo como um espaço global e em tempo real.

Essa espacialidade e temporalidade que a Internet estréia já havia sido ensaiada na Revolução Industrial a partir do paradigma da velocidade. Segundo a autora (2008), a diminuição das distâncias através de meios de transportes cada vez mais velozes fez desenrolar uma história contada pela fala do espaço. Num período em que o deslocamento se tornou rotina, o tempo começou a ser percebido pela diferença da paisagem entre os espaços atingidos.

A síntese perceptiva, portanto, se fazia não mais pelo tempo, mas pelo espaço que, então, escrevia a metalinguagem que marcava o fim da história comandada pelos eventos do tempo, para fazer emergir uma história comandada pelo espaço que se comunica. (Ferrara, 2008, p. 116)

Hoje, com o surgimento dos novos meios, a velocidade foi abolida, pois não supõe mais a mobilidade: “vive-se em aceleração sem sair do lugar”. Contudo, para Ferrara (2008, p. 116), a perversidade do espaço sobre o tempo é ainda mais forte, talvez até conclusiva, já que “se desloca sem parar e em velocidade digital”. Enfim, o espaço devora o tempo através de sua continuidade fluída no ciberespaço.

Nesse contexto, a autora considera que deixamos de conviver com o tempo da duração, que permitia a interpretação e a rotina, mas, em contrapartida, experimentamos em primeira mão a instantaneidade e, em decorrência dela, sentimos o que é viver sem planos e modelos. Por isso, para ela (2008, p. 116):

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inaugura-se a percepção do espaço como construtor de uma outra história que, em metalinguagem e instantânea, torna impositivas a sua percepção e a dimensão cultural dos seus efeitos.

Particularmente para Virilio (1993, p. 102) o que o surgimento dessa nova velocidade de comunicação e de transmissão nos impõe é a ausência da noção clássica de horizonte e os seus efeitos em nossas relações de vizinhança, pois apesar de nos deslocarmos incessantemente no ciberespaço, perdemos de vista as dimensões concretas do mundo exterior. Segundo ele, as ondas eletromagnéticas inventaram uma nova perspectiva de visibilidade que suplanta o espaço entre as coisas, entre as pessoas e entre os lugares para se fazer ver, ouvir, sentir e agir à distância, provocando um desequilíbrio entre a realidade sensível e a inteligível.

Em seu entender, assim como a perspectiva geométrica do Renascimento iluminou o espaço da matéria, tornando visível o horizonte aparente sobre o qual toda cena se destaca; hoje, a ótica ondulatória da velocidade-luz reflete o tempo da transmissão instantânea dos sinais digitais, criando um tipo de transparência que nos permite visualizar sob a tela do computador um novo horizonte, um horizonte trans-aparente com força para mudar a imagem que temos do mundo e os sistemas de referências por quais nos orientamos nele.

Desta forma, depois da linha do horizonte aparente, primeiro horizonte da paisagem do mundo, o horizonte ao quadrado da tela (terceiro horizonte da visibilidade) viria parasitar a lembrança do segundo horizonte, este horizonte profundo de nossa memória dos lugares, e portanto de nossa orientação no mundo, confusão entre o próximo e o distante, entre dentro e o fora, turbulência da percepção comum que viria a afetar gravemente nossas mentalidades. (Virilio, 1993, p. 108)

Na opinião do autor, esse grau de confusão mental não está muito longe de ser alcançado, pois motivados a viver nessa mais “moderna” perspectiva, estamos deixando gradativamente de percorrer trajetos para interagir alhures exclusivamente através de uma janela temporal. Assim, sem a necessidade de nos deslocar para encontrar personagens e objetos distantes, já que toda distância agora se tornou imperceptível pela lente de uma nova transparência, caminhamos rumo a uma inércia que levada ao extremo, produziria um estado de sedentarismo último. Nesse caso, discorre Virilio (1993, p. 108), “o controle do meio ambiente em tempo real prevalecerá sobre a organização do espaço real do território”.

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É claro que as redes não estão totalmente deslocalizadas, afinal, além de elas serem formadas por computadores dotados de materialidade, o controle de sua infraestrutura, forma e conteúdo ocorrem por atores sociais, seres esses que também ocupam um lugar físico no mundo. Porém, quando esses computadores se conectam, um novo espaço que transcende os lugares se forma. Esse espaço é um espaço de fluxos de informações digitais, o que significa dizer que por ele passa apenas bits, códigos binários que transportados por cargas elétricas ou pulsos de luz são reconstituídos na tela do computador como imagem, ou texto, ou som.

Ao tentar construir um sentido espacial para o ciberespaço, Santaella (2005) se refere a esse conceito como um sistema de comunicação eletrônica de extensão global que cresce exponencialmente a partir da interação dos humanos com os computadores. Nessa interação, os usuários são capazes de acessar, manipular, transformar e intercambiar os fluxos codificados de informações que povoam a rede Internet. Desse modo, Santaella entende que o ciberespaço é um espaço de princípio líquido que se abre quando nos conectamos a esse novo meio de comunicação:

Conclusão, ciberespaço é um espaço feito de circuitos informacionais navegáveis. Um mundo virtual da comunicação informática, um universo etéreo que se expande indefinidamente mais além da tela, por menor que esta seja, podendo caber até mesmo na palma de nossa mão. (Santaella, 2005, p. 8)

Contudo, a autora não ignora os dissensos produzidos nessas tentativas de apreensão, pois muitos teóricos consideram que o ciberespaço seria na verdade um sinônimo para a realidade virtual. A realidade virtual é a simulação de um ambiente físico tridimensional que nos faz sentir como que se estivéssemos realmente manipulando os objetos representados. Esse mundo paralelo criado por um sistema informático tenta produzir as mesmas sensações que temos no mundo material através da resposta dos objetos ao movimento e ponto de vista do usuário. (Santaella, 2005, p.7) Uma das raízes dessa concepção se encontra na ficção ciberpunk criada por

William Gibson, intitulada Neuromancer. Foi nessa obra de 1984 que o termo

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Aparentemente, o ciberespaço de Gibson teria muitas semelhanças com o espaço de informações líquidas de Santaella. Porém, Fragoso (2000) nos alerta que a leitura completa de Neuromancer revela algumas especificidades desse ambiente de dados que

o fazem se aproximar mais da idéia de realidade virtual do que apenas de um sistema de comunicação global. A autora entende ao longo do texto que a estrutura e visualização do ciberespaço tratada na ficção são “norteadas por correspondências bastante diretas com a arquitetura, a organização econômica, social e política e a geografia do mundo ‘real’” (Fragoso, 2000, p. 5). Para mostrar essa relação ela cita o seguinte diálogo presente na obra.

'Merda', disse o construto, 'aquelas coisas são o prédio da RCA. Você conhece o velho prédio da RCA? O programa Kuan mergulhou pelas dezenas de idênticas torres de dados, cada uma uma réplica em neon azul do arranha-céu de Manhattan.

Você já viu a resolução assim alta?

(Gibson, 1993, p. 303 apud Fragoso, 2000, p. 5).

Por isso, para Lemos (2007, p. 128), devemos conceber o Ciberespaço à luz de duas perspectivas: “como o lugar onde estamos quando entramos num ambiente simulado (realidade virtual), e como o conjunto de redes de computadores, interligados ou não, em todo planeta, a internet”. Segundo o autor, essas duas dimensões tendem a se cruzar, permitindo que, futuramente, ao se conectar a rede, o usuário experimente também a sensação de imersão num mundo em três dimensões.

Espaço Mágico e Múltiplo

No entanto, Lemos (2007) sustenta a idéia de que a importância do ciberespaço reside no processo de desestabilização que ele provoca na nossa relação com o mundo. Em seu modo de ver, àquele espaço controlado, manipulado e organizado como espaço físico vem se sobrepor uma nova camada eletrônica inventada pelos novos meios de comunicação e informação planetárias. Características dessa nova camada são a ubiqüidade, o tempo real e o processo de desmaterialização:

O Ciberespaço faz parte do processo de desmaterialização do espaço e de instantaneidade temporal contemporâneos, após dois séculos de industrialização moderna que insistiu na dominação física de energia e de matérias e na compartimentalização do tempo. (Lemos, 2007, p. 128)

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das coerções territoriais e cronológicas do mundo físico, consolidando-se assim como um não-lugar, uma u-topia onde novas formas de sociabilização são construídas. Diante

disso, o autor considera o ciberespaço um espaço imaginário, mágico, que complexifica a realidade ao encarnar um antigo sonho “de criação de um mundo paralelo, de uma memória coletiva, do imaginário, dos mitos e símbolos que perseguem o homem desde os tempos ancestrais” (Lemos, 2007, p. 128).

Wertheim (2001) constrói sua concepção de ciberespaço a partir dos mesmos fundamentos apresentados por Lemos. Para ela, tal dimensão espaço-temporal de que estamos tratando é a invenção de um domínio totalmente novo, sem precedentes na história da humanidade, pois, marcado pela imaterialidade, ele nos transporta para outra arena, que possui uma geografia completamente diferente daquela do espaço físico, mas não por isso é menos real. Nossos corpos podem não atravessar por inteiro as fronteiras desse novo território, porém, uma parte importante dele, mais precisamente aquela que nos dá o sentido da realidade, a mente, parece ter encontrado uma morada perfeita para a expressão de toda sua multiplicidade.

Nesse contexto, assim como Lemos, a autora entende que a natureza desse espaço de fluxos vai além da transmissão de pacotes de dados. Segundo ela, o que se intercambia é mais que informação, pois uma parte considerável do que se passa nele está voltada para a comunicação social e o entretenimento. Hoje, muitos ambientes virtuais de interação que possibilitam que, à distância, pessoas se reúnam em determinados grupos seja para conversarem sobre certos assuntos (comunidades virtuais) ou para participarem de jogos de interpretação de personagens (MUDs – domínios multiusuários). Em ambos os casos, os sujeitos estão livres para criar alter egos digitais e mundos imaginários.

Como uma esfera publicamente acessível de jogo psicológico, o ciberespaço é, eu sugiro, uma ferramenta social importante. Esse domínio digital fornece um lugar em que pessoas do mundo inteiro podem criar coletivamente “outros” mundos e experiências. Nesses mundos, você pode não só expressar seus próprios alter egos, como participar de uma fantasia grupal, com a riqueza de textura gerada pelo trabalho conjunto de muitas imaginações. (Wertheim, 2001 p. 173)

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explorar experiências com o outro e com o nosso próprio “eu” que não teriam a chance de se expressar facilmente num espaço de extensões calculáveis.

Nesse sentido, a autora traça, inclusive, um paralelo entre os espaços vividos na Idade Média e na atual Idade da mobilidade líquida. Segundo Wertheim, os medievos construíam sua existência num espaço físico descrito pela ciência e num outro que se situava fora do domínio material. Metaforicamente, esses espaços eram análogos, pois se espelhavam um no outro, entretanto, o domínio não físico era a morada da alma, constituindo-se assim como outra parte da realidade.

Hoje, com o surgimento do ciberespaço, Wertheim sugere que vivemos uma dualidade muito parecida, já que uma dimensão importante de nós permanece vivendo naquela realidade dominada pelo espaço físico, mas um espaço inventado para a mente passa agora a operar como um outro plano do real. Desse modo, esse novo espaço-tempo reinaugura para a sociedade uma realidade bifásica que continua a contar com um domínio material fisicalista, porém, no campo imaterial não é mais um espaço para a alma que se anuncia e, sim, para o exercício de nossos vários “eus”.

Diante disso, como quer Wertheim (2001), o ciberespaço pode ser visto como uma espécie de extensão eletrônica, onde alguns aspectos da humanidade que a um bom tempo não tem tido muito espaço para se expressar passa agora a fazer mais parte da realidade.

Espaço de Vigilância

Contudo, o ciberespaço não se coloca apenas como a construção de um lugar onde diferentes manifestações subjetivas podem ocorrer. Como espaço de informação e “transparência das aparências instantaneamente transmitidas à distância” (Virilio, 1993, p. 102), ele se torna, também, morada de diversas formas e mecanismos de vigilância muito mais eficazes e persuasivas que o controle social realizado pelas instituições de direito. Desse modo, os usuários dos sistemas informatizados e da Internet acabam tendo várias esferas de suas vidas invadidas, seja por falta de conhecimento da tecnologia, por impotência frente à onipresença de tais dispositivos ou mesmo por vontade própria de se superexpor aos olhos de todo o mundo. (Santos, 2000).

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espaços públicos, privados e até domiciliares, satélites em órbita nos localizam aonde quer que estejamos e controlam nossos percursos, e, mais invasivo ainda, pois é capaz de convergir de uma só vez todas essas tecnologias e as informações provenientes delas, o ciberespaço coloniza diferentes dimensões da existência humana e revela através de seus bancos de dados digitais nossa mais íntima individualidade para ela explorar economicamente. Sobre isso, Santos (2000, p. 35) nos alerta:

Ora, se lembrarmos que uma parcela cada vez maior da vida e das atividades do homem contemporâneo tendem a passar pelas redes, quem mais bem colocado para acessar os seus dados senão os provedores de acesso ao ciberespaço? Como observa Emilio Pucci, é preciso ter em mente que, se por um lado as redes oferecem um enorme fluxo de informações no sentido provedor-usuário, por outro, preciosíssimos fluxos partem deste último para o gestor do serviço, compostos sobretudo de dados relativos aos hábitos e à identidade dos utilizadores.

O autor vai ainda mais além quando demonstra como nossa dependência da rede e as estratégias de controle que a permeiam são uma exigência do próprio processo por qual o capitalismo passa hoje. Segundo ele, a acelerada flexibilização econômica e inovação tecnocientífica transformou uma das relações capitalistas mais tradicionais: a da propriedade. Assim, a relação de compra e venda foi substituída pela relação de fornecimento e uso, já que não faz mais sentido possuir algo quando quase tudo se torna rapidamente ultrapassado.

Nesse sentido, Santos (2000) explica que se instala na atualidade a era do acesso, ou seja, a era em que os agentes da nova economia não buscam mais transformar bens e serviços em mercadoria, mas sim cada momento da vida humana. Desse modo, as redes comerciais ampliam cada vez mais os seus serviços baseadas no controle e no monitoramento das experiências vividas pelas pessoas através de apropriadas técnicas e tecnologias capazes de “otimizar o potencial valor do tempo de vida do consumidor”.

Considerações Finais

Seguindo a proposição de Fragoso (2003) de que devemos fugir das polarizações ao tratar do ciberespaço, o presente trabalho buscou apresentar diferentes olhares e vozes sobre essa dimensão espaço-temporal que se contrapõe ao domínio físico e material que constituiu o sentido de espaço da sociedade moderna.

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pluralidade deles. Assim, espaço de controle e de fluxos informacionais, espaço do capital e das identidades múltiplas, espaço mágico e espaço trans-aparente, o ciberespaço é, em tempo real, isso tudo simultaneamente.

Diante disso, podemos dizer que a Internet e suas tecnologias promovem tanto rupturas com a cultura e pensamento moderno, quanto propagam vários de seus valores e práticas.

Referências Bibliográficas

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

FERRARA, L. D. A. Comunicação, espaço, cultura. São Paulo: Annablume, 2008.

FRAGOSO, S. Um e Muitos Ciberespaços. In: A. LEMOS e P. CUNHA, Olhares sobre a Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003, p. 212-23.

FRAGOSO, S. Espaço, Ciberespaço, Hiperespaço. Textos de Comunicação e Cultura, n. 42. Bahia: UFBa, 2000, p. 105-113.

LEMOS, A. Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2007.

SANTAELLA, L. Os espaços líquidos da cibermídia. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em

Comunicação, v. 2, abril de 2005. Disponível em: www.compos.com.br/e-compos Acessado em: 15 de março de 2009.

SANTOS, L. G. Limites e rupturas na esfera da informação. São Paulo em Perspectiva, n. 3, v. 14. São Paulo, 2000, p. 32-39.

VIRILIO, P. O espaço crítico. São Paulo: Editora 34, 1993.

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