Livros!
A Summer Hammond passou delicada- mente os dedos pelos vários livros na es- tante da biblioteca. Havia ali tantos livros com tantas histórias! Puxou as tranças loi- ras para trás dos ombros e sentiu uma feli- cidade enorme enquanto decidia que livro escolher. Adorava ler, e a biblioteca era um dos seus lugares preferidos. Por isso, quando a Ellie MacDonald, uma das suas melhores
amigas, tinha dito que precisava de um li- vro para o seu projeto de arte, a Summer ficou feliz por poder acompanhá-la e leva- ram também a outra melhor amiga, a Jas- mine Smith.
A Ellie estava a folhear um livro sobre como fazer marionetas. — Este livro é mesmo o ideal para o meu projeto na es- cola — disse ela em voz baixa, para que a empregada da biblioteca não as mandas- se calar. — Vou ficar aqui a tirar algumas notas.
A Jasmine sentou-se ao lado dela. — De quanto tempo precisas? — perguntou ela com um suspiro.
— Não sei bem — respondeu a Ellie.
— Porque é que não aproveitas para ler um livro enquanto esperas? — sugeriu a Summer à Jasmine.
Mas a Jasmine abanou a cabeça. — Vou só ficar aqui sentada à espera. Não gosto lá muito de ler.
A Summer sabia que a Jasmine preferia cantar, dançar e estar ativa a ler sossegada- mente. Mas tinha de haver um livro de que a amiga gostasse! Tinha de haver!
Começou a procurar nas estantes. Pronto!
Encontrou o livro perfeito. — Experimenta este! — disse ela, tirando-o da prateleira e estendendo-o à amiga.
A Jasmine leu o título: Pandora Parks: Es- trela Pop! A rapariga na capa era mesmo parecida com ela, de cabelo comprido e olhos castanhos. Segurava um microfone vestida com um macacão. A Jasmine virou o livro para ler a contracapa.
— Por acaso este livro até parece interes- sante — admitiu ela.
— Tenta lê-lo — en- corajou-a a Summer.
— Há imensos li- vros sobre a Pan- dora. Num é uma
estrela pop, nou- tro é atriz, mode- lo e tem montes de aventuras. Te- nho a certeza de que vais gostar…
A Summer sorriu ao ver que a amiga já estava a ler a primeira página. Sorriu novamente para si própria e voltou à estante. E agora, que livro poderia ela ler?
Retirou vários livros antes de optar por um sobre o salvamento de um animal. Sen- tou-se ao lado das amigas e começou a ler.
Meia hora depois, a Ellie fechou o seu caderno. — Pronto, já recolhi a informação importante para o meu projeto na escola.
Agora só preciso de ir para casa e fazer a marioneta!
Levantou-se e voltou a pôr o livro na prateleira.
A Summer espreguiçou-se e levantou-se também. A Jasmine continuava com a cabe- ça enfiada no livro Pandora Parks: Estrela Pop!
— Jasmine, vamos voltar para casa da Ellie.
A Jasmine pestanejou. — Mas agora es- tou numa parte mesmo emocionante. Não posso parar de ler!
A Summer deu uma gargalhada. — En- tão, afinal também gostas de livros!
— Deste, sem dúvida. É espetacular! — dis- se a Jasmine, entusiasmada. — Vou requisitá-lo
para poder acabar de ler em casa. A Pan- dora passa por tantas aventuras!
A Ellie respondeu. — Tal como nós!
As três amigas trocaram sorrisos. Parti- lhavam um segredo muito especial. Na feira da escola tinham encontrado uma caixa em madeira trabalhada. Era uma caixa mági- ca feita pelo rei Merry, que governava um lugar encantado chamado Reino Secreto.
Cada vez que o povo do Reino Secreto pre- cisava da ajuda das raparigas, a sua amiga fada, a Trixibelle, enviava-lhes uma mensa- gem na caixa e depois eram transportadas num remoinho para esse lugar maravilhoso.
— Onde está a Caixa Mágica? — sus- surrou a Jasmine.
— Aqui — respondeu a Ellie, pondo a mochila sobre a mesa e dando-lhe uma palmadinha.
— Quando é que receberemos nova men- sagem do Reino Secreto? — perguntou a Summer.
A Ellie abriu a mochila e retirou a Caixa Mágica. Dos lados, tinha gravadas imagens de criaturas mágicas e no tampo havia seis pedras verdes.
— Oh, quem me dera que começasse agora a brilhar! — desejou ela.
Uma luz intensa apareceu sob o tampo espelhado da caixa.
— Funcionou! — exclamou a Ellie, ma- ravilhada.
A Jasmine olhou esperançada para a caixa. — Quem me dera ter um milhão de euros!
— Chiu! — adver-
tiu a funcionária da biblioteca.
— Vamos! — disse a Ellie, pondo a caixa na mochila. Os seus olhos brilhavam de ex- citação. — O Reino Secreto precisa de nós!
É melhor irmos para outro lugar onde pos- samos olhar bem para a caixa e ver se traz uma mensagem para nós!
— Sigam-me! — De coração aos pulos, a Summer conduziu-as para fora da secção infantil, passando por outros corredores.
Nova aventura estava prestes a começar!
— Onde será que iremos desta vez? — sussurrou ela.
— E que ingrediente teremos de encon- trar? — perguntou a Jasmine.
O Reino Secreto estava em fortes apu- ros. A irmã do rei Merry, a malvada rainha Malice, tinha-lhe dado bolo amaldiçoa- do. Ele estava lentamente a transformar- -se num sapo malcheiroso. A rainha Malice planeava assumir o governo do reino quan- do a transformação chegasse ao fim. A úni- ca forma de travar a maldição da rainha era dar a beber ao rei Merry uma poção, mas para isso precisavam de seis ingredien- tes muito raros. Até agora tinham consegui- do favos de mel, pó de açúcar prateado, pó dos sonhos e um pouco de água milagrosa da Cascata dos Salpicos Transparentes. Só faltavam dois ingredientes!
Chegaram a um recanto afastado na bi- blioteca, cheio de pilhas de jornais antigos cobertos de pó. — Aqui creio que estamos a salvo — sussurrou a Summer. — Nunca ninguém vem para esta zona.
As raparigas ajoelharam-se e tiraram a Caixa Mágica da mochila da Ellie. O tam- po espelhado continuava a brilhar com uma luz prateada. As raparigas viram letras arredondadas aparecer no tampo, logo for- mando palavras que a Jasmine leu:
Ellie, Summer e Jasmine, por favor Procurem um lugar com árvores altas
Onde nascem os contos.
É para lá que devem ir!
Quando acabou de ler, faíscas espalha- ram-se pelo tampo da caixa e esta abriu como que por magia. Lá dentro havia seis compartimentos, cada um contendo um ob- jeto mágico diferente. Um deles era um lindo mapa do Reino Secreto, que agora flutuava no ar e logo se abriu à frente dos olhos das raparigas.
A Summer olhou, maravilhada, para a ilha em forma de lua crescente que apare- cia no mapa mágico.
— Vejam! Ali estão os dragões mágicos!
— sussurrou a Ellie, apontando para um vale tranquilo onde belas criaturas dor- miam sob os ramos brancos e cor-de-rosa de cerejeiras em flor.
— E o Lago dos Nenúfares! — disse a Jasmine, apontando para o lugar onde ti- nham estado na última aventura. Ninfas de pele azulada divertiam-se na água cristali- na com os seus caracóis aquáticos gigantes.
— Aonde é que iremos desta vez? — in- terrogou-se a Summer, examinando o mapa com o olhar. — Aqui diz «um lugar… onde nascem os contos…».
A Ellie franziu o sobrolho. — Talvez seja um manicómio? Lá há muitos tontos…
— Não é nada disso — disse a Summer.
— C-O-N-T-O-S é o que diz o enigma, como contos de fadas, percebes?
— Talvez seja uma biblioteca! — sugeriu a Jasmine. — Vamos ver se conseguimos en- contrar uma.
Olharam as três cuidadosamente para o mapa, mas não conseguiam ver nenhuma biblioteca.
A Ellie voltou a ler o enigma. — Espe- rem! O enigma não fala só de contos, mas também de um lugar onde existem árvores.
— E se for aqui? — disse a Summer, apontando para um bosque onde se viam árvores altas e relva verde rodeados de alegres cogumelos vermelhos e brancos.
Ela leu a legenda e susteve a respiração.
— Floresta dos Contos de Fadas! Tem de ser isto!
— Acho que tens razão! — disse a Jas- mine.
— Sem dúvida — acrescentou a Ellie, ven- do mais de perto. — Mas as árvores pare- cem estranhas.
A Summer percebeu o que ela quis dizer.
As árvores pareciam ter folhas retangulares esquisitas. — A Trixi deve saber porque são assim — sorriu ela. — Vamos chamá-la!
As raparigas pousaram as mãos sobre as pedras verdes do tampo da caixa e olharam umas para as outras.
— A solução do enigma é «Floresta dos Contos de Fadas!» — disseram em coro.