• Nenhum resultado encontrado

Análise da caracterização da água do Rio Meia Ponte, Cidade de Goiânia - Goiás : série histórica 2003 a 2011

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Análise da caracterização da água do Rio Meia Ponte, Cidade de Goiânia - Goiás : série histórica 2003 a 2011"

Copied!
148
0
0

Texto

(1)

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental

ANÁLISE

DA CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA DO RIO

MEIA PONTE, CIDADE DE GOIÂNIA

GOIÁS:

SÉRIE HISTÓRICA 2003 A 2011

Brasília - DF

2012

(2)

WILSON JOSÉ DE AZEVEDO

ANÁLISE DA CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA DO RIO MEIA PONTE, CIDADE DE

GOIÂNIA – GOIÁS: SÉRIE HISTÓRICA 2003 A 2011

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e

Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Gonçalves Resende

(3)

&* " *+ , - & $

.& / * 0 ( 1 ) % & ' ( " # /

)

23) 0 )4 1 5

6 75 8 / & # 9 $ )

: & 0 3) 6 ) - & # , &

) &* *+ ) ) & ; *+ ) 1) ,

9 ) ) 5 & ) <) , & $ - & # $ & ) <<) =9 )

(4)

Dissertação de autoria de Wilson José de Azevedo, intitulada “ANÁLISE DA CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA DO RIO MEIA PONTE, CIDADE DE GOIÂNIA – GOIÁS: SÉRIE HISTÓRICA 2003 A 2011”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, em 01 de junho de 2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

____________________________________ Professor Dr. Marcelo Gonçalves Resende

Orientador

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

____________________________________ Professor Dr. Edilson de Souza Bias

Examinador Externo Instituto de Geociências - UnB

____________________________________ Professor Dr. Douglas José da Silva

Examinador Interno

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

___________________________________ Professor Dr. Murilo Gomes Torres

Suplente

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

(5)
(6)

Agradeço a Energia Viva e Evolutiva que conduz esse imenso Universo, Energia esta que na falta de definição melhor, nós homens e mulheres a chamamos de DEUS, por ter-me colocado neste mundo e permitido que mesmo eu sendo pequeno, possa contribuir com uma ínfima parcela para tornar este nosso lar, que chamamos de Terra, em um lugar melhor para vivermos, nós, e as futuras gerações.

Agradeço a Dona Benedita, minha mãe, que quando criança foi proibida de aprender a ler, mas sempre reconheceu que o conhecimento é necessário para transformar o mundo, as pessoas, e para isso dedicou sua vida para que os filhos frequentassem uma escola. À senhora, minha mãe, o meu muito obrigado por eu ter chegado até aqui, pois sua visão do futuro e de mundo, mesmo sendo analfabeta, foi muito maior que a visão de muitos que cursaram uma universidade.

Agradeço em especial o Prof. Dr. Antônio José Andrade Rocha que sempre incentivou não só a mim, mas a todos os outros colegas do mestrado, sempre acreditando em nós.

Agradeço o Prof. Dr. Marcelo Gonçalves Resende pela paciência com meus erros e sempre mostrando que estes erros são necessários para o aprendizado e que eles são uma prova de que nós tentamos fazer algo melhor a cada dia.

Agradeço a Eni, primeira secretária do mestrado, sempre atenciosa com todos os mestrandos e ensinando a eles o caminho das pedras nos meandros da burocracia acadêmica.

Agradeço a todos os professores do Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental, da Universidade Católica de Brasília, mesmo aqueles que hoje não estão mais ligados ao curso, mas que me orientaram durante as aulas e mostraram que os vários caminhos levam ao mesmo lugar, e que cabe a cada um de nós fazer nossas escolhas, e estas são feitas conforme nossa própria história, foram imprescindíveis na minha formação.

Agradeço ao Prof. Dr. Mário Lisboa Theodoro que mostrou uma nova maneira de olhar o Brasil, dizendo sempre: “O Brasil na modernidade sempre repete o atraso” e citava exemplos do dia a dia que passavam desapercebidos aos meus olhos. Esse novo ângulo para perceber a sociedade brasileira muito me enriqueceu.

Agradeço ainda a Agencia Ambiental de Goiás, hoje Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, nas pessoas do Biólogo Eurivan Alves Mendonça, e do engenheiro Armando Melo que prontamente atenderam minhas solicitações e que com suas experiências em monitoramento ambiental contribuíram em muito com esse trabalho, um agradecimento especial ao Daniel Guzzo e toda a equipe do Centro de Geoprocessamento da SEMARH, que foram essenciais na elaboração do mapa georeferênciado da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte.

Meu agradecimento de forma especial ao engenheiro e médico Juarez de Paula Souza cuja amizade iníciou durante o mestrado e solidificou com o passar do tempo e com certeza irá perdurar além do curso.

Um agradecimento relevante aos meus filhos Igor Azevedo e Iara Azevedo, que pesquisaram material sobre a cidade de Goiânia na biblioteca da sua escola, material esse que muito ajudou nesse trabalho.

Aos amigos de mestrado, por terem paciência com as minhas falhas, involuntárias com certeza, e serem sempre compreensivos com minha pessoa, o meu muito obrigado.

Por fim, e não menos importante, agradeço às demais pessoas que, direta ou indiretamente, sem perceberem, contribuíram para que esse trabalho tornasse possível, são elas, as anônimas, que movimentam as engrenagens que permitem ao mundo girar.

(7)
(8)

AZEVEDO, Wilson José de. Análise da caracterização da água do rio Meia Ponte, cidade de Goiânia – Goiás: série histórica 2003 a 2011. 2012. 146 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental) – Universidade Católica de Brasília. Brasília, 2012.

O Rio Meia Ponte teve papel importante na definição do local de implantação da nova capital do estado de Goiás em 1933, devido à abundância de água. Na bacia hidrográfica desse rio, fica o principal polo de desenvolvimento do estado de Goiás, tanto assim que em 2010, segundo o IBGE, 2.684.913 habitantes ali estavam residindo, isso representa 44,82% da população do estado de Goiás. É nessa bacia também que concentra as principais atividades econômicas do estado. A cidade de Goiânia, que fica às margens do Rio Meia Ponte, é a segunda cidade do Centro Oeste em número de habitantes, foi projetada para ter uma população de 50.000 habitantes e hoje está com 1.302.001 habitantes, ou seja, 26 vezes maior que o previsto. Consequentemente, os problemas também cresceram no mesmo ritmo em que a cidade cresceu. Mesmo sendo uma cidade que está em uma área praticamente plana, as habitações irregulares foram avançando rumo às margens do rio. A cada dia que passa o rio vai sofrendo a consequência desse avanço da população, e da omissão das autoridades, e hoje, o rio Meia Ponte, praticamente virou um esgoto a céu aberto durante o período de estiagem. Antes do perímetro urbano, com algumas exceções, os valores encontrados estão dentro dos limites estabelecidos pela resolução 357/05 do CONAMA, no perímetro urbano os valores encontrados estão acima daqueles permitidos por essa resolução. Após o perímetro urbano da cidade de Goiânia, os parâmetros estudados apresentam-se dentro dos valores permitidos pelo CONAMA 357/05, com raras exceções. Isso significa que o Rio Meia Ponte ainda consegue autodepurar após o perímetro urbano. Os gráficos dos dados apresentados nesse trabalho mostram claramente que a passagem do rio Meia Ponte pelo perímetro urbano da cidade de Goiânia, produz processos de degradação na qualidade de suas águas, que também pode ser verificado pelo Índice de Qualidade da Água (IQA), que antes e após o perímetro urbano tem a qualidade da água entre razoável e boa, e no perímetro urbano esta na faixa de ruim. Os resultados de DBO5,20, após o ano de 2006 na estação seca, no perímetro urbano, estão acima dos limites estabelecidos pela resolução 357/05 do CONAMA, antes e após o perímetro urbano os valores estão abaixo do estabelecido por esta resolução, na estação das chuvas após o período 2006/2007 repete-se o padrão da estação seca. Os resultados do fosfato, nas estações secas e de chuvas, antes e após o perímetro urbano estão de conformidade com o estabelecido pela resolução 357/05 do CONAMA, e no perímetro urbano estão acima. Os coliformes termotolerantes estão superiores aos limites indicados pela resolução 357/05 do CONAMA, antes e após o perímetro urbano e no perímetro urbano nas estações seca e de chuvas, mas no perímetro urbano os resultados estão superiores aos demais trechos do rio Meia Ponte. O Indice de Qualidade da Água a partir do ano de 2003 manteve um padrão, antes a após o perímetro urbano o IQA esteve entre razoável e boa, e no perímetro urbano com raras exceções esteve na faixe de ruim, tanto para a estação seca e de chuva.

(9)

The Meia Ponte River had an important role in defining the location of implantation of the new capital of the state of Goiás in 1933, due to its abundance of water. In the watershed of this river, is the main center of development of the state of Goiás, so much that in 2011, according to IBGE, 2.684.913 inhabitant were residing there, this represents 44,82% of the population of the state of Goiás. It is also in this watershed that the main economic activities of the state are concentrated. The city of Goiânia, which is at the banks of the Meia Ponte River, is the second city of the central west in numbers of inhabitants, it was projected to have a population of 50.000 inhabitants and is today with 1.302.001, that is, 26 times bigger than predicted. Consequently, the problems also grew at the same pace as the city grew. Even though it is a city that is in a substantially flat area, the irregular dwellings kept advancing towards the margin of the river. As each day passes the river suffers a consequence of this advance of the population and from the omission of authorities, today the Meia Ponte River, practically became an open sewer during dry season. Before the urban perimeter, with a few exceptions, the values found are within the limits that were established by resolution 357/05 of CONAMA. In the urban perimeter the standards found are above those permitted by this resolution. After the urban perimeter of the city of Goiânia, the outline boundaries studied are presented within the standards permitted by the CONAMA 357/05, with rare exception. This means that the Meia Ponte River can still auto depurate after the urban perimeter. The data charts presented in this paper show clearly that the passage of the Meia Ponte River through the urban city of Goiânia, produces degradation processes in the quality of its water, which can also be verified by the Index of Water Quality (IWQ), that before and after the urban perimeter has a reasonable and good quality of water, and in the urban perimeter this level is bad, both in dry season and in rainy season. The results of DBO5,20 after 2006, in dry season and in urban perimeter, are above the limits established by resolution 357/05 of CONAMA, before and after the urban perimeter the values are below the values established by this resolution, in rainy season after 2006/ 2007 repeats the same pattern of dry season. The results of phosphate in dry and rainy season, before and after urban perimeter, are according to the resolution 357/05 of CONAMA, in urban perimeter the results are above. Before and after the urban perimeter, in dry and rainy season, the thermotolerants fecal coliforms values are above the established by the resolution, but in the urban perimeter the values are above the results found in other parts of Meia Ponte River. The Index of Water Quality after 2003 remained the standard, before and after urban perimeter the IWQ were among reasonable and good, and in urban perimeter, with rare exceptions, the results were bad, both dry and rainy season.

(10)
(11)
(12)

Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ... 119

Gráfico 42 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação seca ano a ano, Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ... 121

Gráfico 43 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação das chuvas, anualizado Antes Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ... 122

Gráfico 44 - Valores de Coliformes termotolerantes na estação das chuvas ano a ano Antes do Perímetro Urbano, no Perímetro Urbano e Pós Perímetro Urbano. ... 123

Gráfico 45 - Valores de IQA no ponto 01 anualizados. ... 125

Gráfico 46 - Valores de IQA no ponto 06 anualizados. ... 125

Gráfico 47 - Valores de IQA no ponto 09 anualizados. ... 126

Gráfico 48 - Valores de IQA no ponto 16 anualizados. ... 126

Gráfico 49 - Valores de IQA no ponto 17 anualizados. ... 127

Gráfico 50 - Valores de IQA no ponto 18 anualizados. ... 127

Gráfico 51 - Valores de IQA no ponto 19 anualizados. ... 128

Gráfico 52 - Valores de IQA no ano de 2001 ao longo do rio Meia Ponte ... 128

Gráfico 53 - Valores de IQA no ano de 2002 ao longo do rio Meia Ponte ... 129

Gráfico 54 - Valores de IQA no ano de 2003 ao longo do rio Meia Ponte ... 130

Gráfico 55 - Valores de IQA no ano de 2004 ao longo do rio Meia Ponte ... 130

Gráfico 56 - Valores de IQA no ano de 2005 ao longo do rio Meia Ponte ... 131

Gráfico 57 - Valores de IQA no ano de 2006 ao longo do rio Meia Ponte ... 131

Gráfico 58 - Valores de IQA no ano de 2007 ao longo do rio Meia Ponte ... 132

Gráfico 59 - Valores de IQA no ano de 2008 ao longo do rio Meia Ponte ... 132

Gráfico 60 - Valores de IQA no ano de 2009 ao longo do rio Meia Ponte ... 133

(13)

Imagem 1 - Pivô para irrigação no município de Inhumas... 48

Imagem 2 - Pivô para irrigação no município de Goianira – Google. Acesso 15/10/2011 ... 49

Imagem 3 - Pivô para irrigação no munícipio de Pontalina – Google. Acesso 15/10/2011 ... 49

Imagem 4 - Pivô para irrigação município de Pontalina – Google. Acesso 15/10/2011 ... 50

Imagem 5 - Visão geral da nascente vista no Google – acesso em 15/10/2011. ... 55

Imagem 6 - Visão da proteção típica das margens do Rio Meia Ponte – município de Aloândia .. 57

Imagem 7 - Vista parcial de Goiânia com imagem de 10/09/2002 ... 61

(14)

Foto 1 - Placa indicativa da nascente do rio Meia Ponte ... 52

Foto 2 - Nascente do rio Meia Ponte ... 52

Foto 3 - Nascente do rio Meia Ponte ... 53

Foto 4 - Gado e pastagem a montante da nascente do rio Meia Ponte ... 53

Foto 5 - Cerca que protege nascente do rio Meia Ponte ... 54

Foto 6 - Visão geral da nascente do rio Meia Ponte ... 54

Foto 7 - Boi pastando na área da nascente do rio Meia Ponte ... 55

(15)

Tabela 1 - Uso da terra ... 36

Tabela 2 - Estatísticas municipais: População Censitária – Total (habitantes) ... 44

Tabela 3 - Estatísticas municipais: Densidade demográfica (habitantes/km²) ... 45

Tabela 4 - Estatísticas municipais: Extensão de rede de esgoto municípios da bacia do rio Meia Ponte (m) ... 46

Tabela 5 - Estatísticas municipais: Extensão de redes de água Municípios da bacia do rio Meia Ponte (m) ... 47

Tabela 6 - Pontos de coletas da água ... 79

Tabela 7 - Parâmetros analisados ... 80

Tabela 8 - Pontos de coletas da água para determinar o IQA... 81

Tabela 9 - Parâmetros utilizados para cálculo do IQA ... 81

(16)

1 INTRODUÇÃO ... 16

2 OBJETIVOS ... 21

2.1 OBJETIVOS GERAL ... 21

2.1.1 Objetivos específicos ... 21

2.2 JUSTIFICATIVA ... 21

3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 23

3.1 RECURSOS HÍDRICOS ... 23

3.1.2 Legislação de Recursos Hídricos ... 25

4 ÁREA DE ESTUDO ... 32

4.1 A REGIÃO CENTRO-OESTE ... 33

4.1.1 Estado de Goiás ... 33

4.1.2 Bacia hidrográfica do rio Meia Ponte ... 41

4.1.3 Rio Meia Ponte ... 51

4.1.4 Cidade de Goiânia ... 57

5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO, QUÍMICA E BIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO MEIA PONTE... 62

5.1 INTRODUÇÃO QUALIDADE DA ÁGUA ... 62

5.2 PARÂMETROS FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS ... 65

5.2.1 Parâmetros físicos ... 66

5.2.2 Parâmetros químicos ... 68

5.2.3 Parâmetros biológicos ... 76

6 MATERIAL E MÉTODOS ... 78

6.1 PARÂMETROS ANALISADOS ... 78

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 82

7.1PARÂMETROS FÍSICOS ... 82

7.1.1 Turbidez ... 82

7.2 PARÂMETROS QUÍMICOS ... 86

7.2.1 Dureza ... 86

7.2.2 Demanda química de oxigênio (DQO) ... 89

7.2.3 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO) ... 93

(17)

7.2.5.1 Nitrogênio amoniacal ... 101

7.2.5.2 Nitrato ... 105

7.2.5.3 Nitrito ... 109

7.2.6 Oxigênio dissolvido (OD) ... 113

7.2.7 Potencial hidrogeniônico (pH) ... 117

7.3 PARÂMETROS BIOLÓGICOS ... 119

7.3.1 Coliformes termotolerantes ... 119

7.4 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA ... 124

8 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ... 135

(18)

1 INTRODUÇÃO

Uma questão intrigante nesse limiar de um novo milênio é a insensibilidade de parte da raça humana com os problemas que ela mesma criou, como: fome, degradação ambiental, aquecimento global, a não aceitação do outro e o individualismo exacerbado.

A esperança surge quando uma parcela dessa mesma raça ainda consegue indignar-se com essa situação, expondo um inconformismo perante as injustiças.

Segundo Santos (2007), o mundo de hoje tem situações ou condições que nos sucinta desconforto ou indignação, para isso, basta olhar até que ponto as grandes promessas da modernidade permanecem incumpridas, ou seu cumprimento resultou em efeitos perversos. A igualdade nos países capitalistas é uma ficção, pois 21% da população mundial controlam 78% da produção de bens e serviços e consomem 75% de toda a energia produzida.

Ainda segundo Santos (2007), mais pessoas morrem de fome nesse início de milênio do que em qualquer dos séculos precedentes. A distância entre países ricos e pobres e entre ricos e pobres de um mesmo país não tem cessado de aumentar. A promessa de dominação da natureza foi cumprida de modo perverso sob forma de destruição da natureza e da crise ecológica.

Num passado remoto, antes da espécie humana dominar o fogo, a sua relação com a natureza era semelhante àquela dos animais mais próximos na cadeia evolutiva. O controle do fogo fez com que esta interação assumisse características próprias cada vez mais distintas (MAY; LUSTOSA; VINHA, 2003).

Para May, Lustosa e Vinha (2003), a invenção da agricultura por volta de dez mil anos fez com que a relação humanidade e natureza mudasse de patamar frente as demais espécies animais. A imensa variedade disponível no ecossistema florestal foi substituída pelo cultivo/criação de poucas espécies, selecionadas em função do seu valor, seja como alimento ou mesmo como outra fonte de matéria prima considerada importante.

No entanto a introdução da agricultura não quer dizer que haja uma incompatibilidade entre esta e a natureza, podendo existir produção agrícola sem que o ecossistema seja totalmente destruído.

(19)

isso, este excesso de nutrientes, somados às práticas agrícolas inadequadas, faz com que o solo sem sua proteção da camada vegetal seja carreado juntamente com estes nutrientes para o leito

dos rios, produzindo impactos não só nos corpos d’água, mas em toda a cadeia dependente

dessas águas.

Os recursos físicos são resultantes dos ciclos naturais do planeta que tem duração de milhões de anos, e sua capacidade de recomposição no horizonte do tempo humano é o principal critério para definir se são recursos renováveis ou não renováveis, (MAY; LUSTOSA; VINHA, 2003).

O solo, o ar, as águas, as florestas, a fauna e a flora são considerados recursos naturais renováveis, pois sua recomposição ocorre num horizonte da vida humana. Os minérios e os combustíveis fósseis são considerados não renováveis uma vez que sua recomposição ocorre em eras geológicas, ou seja, em milhões de anos (MAY; LUSTOSA; VINHA, 2003).

No Brasil, o solo em determinadas regiões está bastante comprometido. Como exemplo pode-se citar algumas regiões do nordeste, na qual a taxa de desertificação aumenta a cada ano, enquanto nas demais regiões, como o centro-oeste, a contaminação do solo se dá por herbicidas, agrotóxicos e fertilizantes utilizados em excesso (MAY; LUSTOSA; VINHA, 2003).

A água neste contexto é um elemento estratégico, fundamental e insubstituível, responsável pelo equilíbrio da vida, dentro da qual estão inseridos os seres humanos. Água é um insumo indispensável à produção, onde o desenvolvimento econômico não se faz sem este elemento. Todas as atividades humanas dependem da água, desde a navegação, passando pelo turismo, geração de energia, atividades industriais, agricultura e pecuária, etc. (BRASIL, 2008).

Desde a antiguidade, cada sociedade manteve uma relação peculiar com a água, refletindo a diversidade de valores e de experiências acumuladas. Em diversas atividades culturais como nas artes, nas religiões, na mitologia, no folclore, nas ciências, na política, a água sempre teve uma importância substancial (BRASIL, 2008).

A água funcionou como elemento catalizador para o surgimento das primeiras civilizações no chamado Crescente Fértil, região que também é denominada às vezes de “berço

da civilização”, ali praticamente a humanidade passou da idade primitiva para a idade moderna,

da vida nômade para a vida sedentária devido as facilidades do cultivo e do pastoreio.

(20)

A água doce tem um importante papel na história da humanidade, pois assim que dominou algumas ferramentas o homem passou a intervir no ciclo das águas, construindo barragens, canais, alterando cursos d’águas, tudo isso foi e ainda é realizado em beneficio próprio. Devido à integração dos ecossistemas, algumas ações que na origem não tem por objeto a água acabam afetando o ciclo hidrológico (SILVESTRE, 2003).

Um exemplo típico dessas ações é a devastação de uma área de floresta que deixa o solo exposto à ação das chuvas, a camada superior geralmente de terra fértil é carreada para os

cursos d’água, deixando-o desprotegido e sofrendo a ação física das chuvas, dos ventos,

levando a uma degradação desse solo (SILVESTRE, 2003).

Com a evolução da humanidade e a aquisição de conhecimento ao longo dos séculos a natureza que antes tinha um caráter sagrado, perdeu esses traços e passou a ser vista como um objeto, que contém um valor monetário, ou seja, a terra, a madeira, o minério e a água, são um meio de se obter lucro (SILVESTRE, 2003).

Ainda segundo Silvestre (2003), essa apropriação da natureza já não visa produzir utilidades que atendem as necessidades humanas ou mesmo melhorar as condições do homem frente à natureza ou ainda, dar lhe uma maior sobrevivência, mas sim atender as necessidades do capital, onde a ética que prevalece é a do aumento e do acúmulo de riqueza.

No início da era industrial, para ter trabalhadores nas unidades fabris, foi necessário trazer as pessoas do campo para as cidades. Então essas cidades foram crescendo de maneira desordenada, e com isso, surgiram as periferias, conhecidas nos dias atuais como favelas.

No Brasil, segundo censo 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010b), 11.425.644 habitantes vivem em aglomerados subnormais, denominação dada pelo IBGE para favelas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas. Essa população representa 6,0% da população recenseada em 2010 e ocupam áreas não ideais para urbanização, como encostas, fundo de vales.

Essas pessoas moram em condições subumanas e sem poder político de reivindicar melhores condições de vida. Essas condições anormais de moradia muitas vezes refletem na educação e na saúde, perpetuando assim o ciclo da miséria, difícil de ser rompido.

Este crescimento populacional exerce uma enorme pressão sobre os recursos naturais, principalmente os recursos hídricos. Essa situação é mais acentuada nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, onde as prioridades das políticas públicas são outras, tais como geração de emprego, produção de excedentes para exportação.

(21)

equivocada traz consigo as mazelas que hoje conhecemos no nosso dia a dia, tanto nas pequenas cidades como nas metrópoles, como falta de saneamento básico, de saúde, de educação.

A falta de uma política que discipline o crescimento urbano traz consigo a degradação das margens dos rios, ribeirões e córregos urbanos. Isto porque a ocupação irregular tem sido uma das soluções encontradas pelas camadas mais pobres, que não têm acesso ao mercado imobiliário formal (RIBAS; MELLO, 2004).

O problema torna-se mais grave quando a tomada dessas periferias ocorre às margens de cursos de água, pois segundo Ribas e Mello (2004), essas ocupações acontecem principalmente, em áreas de fragilidade ambiental, margens de rios, encostas e topos de morros, mangues, dunas, etc.

Ainda segundo Ribas e Mello (2004), destacam-se os impactos sobre os cursos d’água, não apenas no que se refere a aspectos qualitativos – poluição pelo lançamento de esgoto e resíduos sólidos – mas também pelo aspecto quantitativo.

Em função de sua vulnerabilidade, são definidas como Áreas de Preservação Permanente (APP), pela Lei Federal nº 4.771/65, do Código Florestal. Estas áreas ao serem ocupadas fatalmente levarão a um desastre ambiental, mas remover as pessoas dessas áreas traz desgaste político, além dos altos custos financeiros e principalmente não rende dividendos políticos. Com isso, entra ano e sai ano e o problema nunca é resolvido.

Os problemas ambientais não atingem igualmente todo o espaço urbano. Há uma distribuição que revela a segregação social do uso do solo urbano: quem tem poder aquisitivo elevado dispõe de grandes áreas e de infra-estrutura que lhes permite manter a vegetação, preservar o solo e as áreas de recargas dos aquíferos, mas os espaços físicos de ocupação das classes sociais menos favorecidas são os mais atingidos, devido principalmente a ocupação de áreas em declives ou nas proximidades dos leitos de inundação dos rios, tanto pelos riscos ambientais decorrentes da moradia, como pelo desmoronamento, erosão e assoreamento (CARLOS, 1994).

(22)

Segundo Oliveira (2005), o estado nem sempre assume esse papel, de executar um planejamento adequando aos diplomas legais, direcionando as ocupações do espaço urbano de maneira sustentável. Muitas vezes esse mesmo estado fica a revelia do processo por omissão ou por conivência, e em seguida age para conter as demandas sociais em detrimento da maioria da população em beneficio de uma minoria privilegiada.

Segundo Giannetti (2006, p.43), “o máximo benefício aparente instantâneo pode trazer consigo a pena de morte. O custo de escolhas seriamente inadequadas pode acarretar danos irrecuperáveis ao indivíduo e, no limite, a extinção da espécie.” Estas escolhas, no presente, não estão sendo bem assimiladas pela sociedade, pois a questão da sobrevivência é um instinto muito forte em todas as espécies. No entanto essas escolhas não podem comprometer o futuro da espécie humana.

Para Giannetti (2006), “a tensão entre presente e futuro – agora, depois ou nunca – é uma questão de vida ou morte que permeia toda cadeia do ser”. Pelo que se vê as escolhas dos seres humanos estão sendo feitas não pela vida, mas pela morte, quando contamina os cursos

d’água, inviabilizando sua utilização para as gerações futuras.

Segundo Macedo (2001 apud CHRISTOFIDIS 2001) “indivíduos e a natureza não estão separados, mas formam um conjunto impossível de ser dissociado. Por isso é que qualquer forma de agressão ao meio ambiente, para o enfoque holístico, é uma forma de suicídio.”

Nesse contexto, é crucial analisar a qualidade da água considerando-a uma questão de saúde pública, cujos critérios devem ser observados e controlados constantemente para assegurar condições adequadas e segurança no fornecimento de água à população, por meio da eliminação ou redução de componentes que ofereçam riscos à saúde humana.

(23)

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAL

Avaliar a qualidade da água do rio Meia Ponte na cidade de Goiânia - Goiás, frente a urbanização desta cidade.

2.1.1 Objetivos específicos

 Analisar os impactos da urbanização da cidade de Goiânia – Goiás na qualidade da água do rio Meia Ponte

 Avaliar o Índice de Qualidade da Água (IQA) do rio Meia Ponte da nascente até a foz.

2.2 JUSTIFICATIVA

O Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, um volume correspondente a 11,20% do deflúvio médio mundial, equivalendo a 5.744 km³ de água por ano. Mesmo tendo um volume considerável, a distribuição regional não é uniforme, pois 45,3% desta água está na região norte, onde está apenas 6,98% da população, o nordeste com 28,91% da população tem à sua disposição somente 3,30% de água, na região sudeste onde está 42,65% da população há somente 6,00% de água disponível, ou seja, quase metade da população do país tem menos de 10,00% de água para suas atividades, enquanto a região sul tem 6,50% de água para 15,50% da população. No centro oeste está 6,41% da população com uma disponibilidade de 15,70% de água (BRASIL, 2008).

No estado de Goiás a atividade que tem maior consumo de água é a agricultura com 84%, seguida pelo abastecimento humano com 9% e pela indústria com 7% (GOIÁS, 2006a).

(24)

elevados impactos nos corpos d’água dessa bacia, comprometendo a sua utilização (GOIÁS, 2006c).

Para que os impactos da urbanização na bacia do rio Meia Ponte não venham comprometer a qualidade das águas desta bacia é necessário um planejamento através dos planos diretores das cidades que estão inseridas nela, a fim de disciplinar o uso do espaço urbano e com isso minimizar a degradação dos corpos d’água.

Para Oliveira (1991), planejamento não deve ser confundido com previsão, projeção ou mesmo solução para a ocupação do espaço urbano, e segundo Ribas e Mello (2004), a ausência de planejamento produz ocupações irregulares, e os resíduos sólidos produzidos por essa parcela da população, muitas vezes são descartados de maneira irregular em lotes baldios, no meio das vias públicas ou não são recolhidos, e esse material descartado, através da ação das chuvas ou ventos é carreado para os rios, provocando degradação tanto pelo próprio material, como pelos resíduos de produtos químicos (sabão em pó, óleo de cozinha, shampoo, detergentes, óleos minerais, etc.), contidos nas embalagens (RIBAS; MELLO, 2004).

Ainda segundo Ribas e Mello (2004), outra fonte de degradação é o esgoto lançado através de ligações clandestinas à rede de águas pluviais ou mesmo lançado diretamente nos

corpos d’água, levando à sua contaminação.

Em Goiás (2006b) diz que a retirada das matas ciliares ou de galeria, das margens do rio Meia Ponte, aumenta o potencial de degradação do solo, e este, no período de chuva, é carreado juntamente com restos de defensivos e adubos químicos para o seu leito, e com isso contaminando-o, e em casos extremos extinguindo a vida aquática e toda a cadeia que dela depende.

(25)

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 RECURSOS HÍDRICOS

A água é imprescindível em todas as atividades econômicas, seja de modo direto, como irrigação, no processo de transformação na indústria, ou de modo indireto, na geração de energia elétrica, e em último caso na refrigeração dos motores das termoelétricas.

É um produto que faz parte de todas as atividades humanas desde a recreação passando pelo consumo e manutenção da vida, produção, até chegar no paisagismo, prestando-se portanto a múltiplos usos. É um bem precioso e de valor inestimável, que deve ser obtido conservado e protegido a qualquer custo.

Desenvolvimento sustentável tem como base que o uso dos recursos renováveis sejam utilizados de forma a não limitarem seu uso por futuras gerações. Portanto, um dos maiores desafios a enfrentar, no futuro, para alcançar o desenvolvimento sustentável será minimizar os efeitos da escassez de água, sazonal ou não. Sem dúvida entre os fatores limitante de desenvolvimento a água é um insumo vital (SALATI; LEMOS; SALATI, 2006).

A poluição pode comprometer a qualidade da água para seus diversos usos, essa poluição pode ser entendida como qualquer alteração de suas características físicas, químicas e biológicas, de modo a torna-la prejudicial às formas de vida que ela normalmente abriga, que dificulte ou impeça um uso benéfico definido para ela (MOTA, 1995).

A Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) n° 357/05, em seu

art. 2° define “água doce: água com salinidade inferior a 0,5%; água salobra: água com

salinidade de 0,5% a 30%; água salina: salinidade superior a 30%.”

A água doce é utilizada para consumo humano, dessedentação de animais, na agricultura e para recreação e são exclusivamente continentais. Isso mostra enorme importância desse tipo de água, que representa apenas cerca de 2,8 % de toda a água líquida da terra. A água própria para beber não pode conter sais em grandes quantidades. Deve possuí-los, sim, em quantidades ideais, pois muitos deles são essenciais a nossa saúde, como os sais de sódio e cálcio.

Christofidis (2001, p. 55) assinala que:

(26)

quantidades e às características dos refugos produzidos pelo homem, cada vez mais complexos e de difícil depuração.

Segundo Philippi Jr., Romero e Bruna(2004), quando há abundância de água, ela pode ser tratada como bem livre, sem valor econômico. Porém há algum tempo os ambientalistas alertam para o seu desperdício, sua contaminação devido o lixo, esgoto, invasões ao redor das reservas, desmatamentos, poluentes industriais e agrícolas.

Para Philippi Jr., Romero e Bruna (2004), o uso da água, seja na sua forma mais nobre, que é o abastecimento público, seja uma de suas formas mais simples, a navegação, provoca a alteração de sua qualidade, que dependendo da intensidade, poderá prejudicar aquele mesmo uso ou outro de maior importância. Portanto, a adição de nutrientes orgânicos na água favorece o desenvolvimento de uma população de micro-organismos decompositores, que consomem rapidamente o gás oxigênio dissolvido na água alterando sua qualidade, causando sua degradação, comprometendo a vida aquática, a saúde humana e a saúde animal.

Segundo Mota (1995) quando a poluição de um determinado recurso hídrico resulta em prejuízos à saúde do homem, dizemos que há contaminação. Essa contaminação é um caso particular de poluição, e considera-se uma água contaminada quando ela recebeu micro-organismos patogênicos ou substâncias químicas ou mesmo radioativas que impeçam o seu uso pelo homem.

Ainda segundo Mota (1995) a poluição resultante de processos naturais, em geral, não causa problemas de maior importância para o homem, a não ser aqueles intensificados pelo próprio homem. Entre essas fonte naturais encontra-se a decomposição de vegetais, erosão das margens ou mesmo animais mortos, condições que em geral são absorvidas pelos processos naturais de equilíbrio da natureza.

(27)

Para produzir uma tonelada de grãos, em média, é necessário hum mil tonelada de água. Isso demonstra que só para consumo alimentar de grãos, seja direta ou indiretamente por consumo de produtos de origem animais, ocorre um alto consumo de água (CHRISTOFIDIS, 2001).

Significa, segundo Christofidis (2001), que para produzir 1,0 kg de grãos são necessários 1000 litros de água, enquanto que 1,0 kg de grãos possibilita obter 0,140 kg de carne bovina, 0,250 kg de carne suína ou 0,500 kg de carne de frango.

O Plano Nacional de Recursos Hídricos orienta e integra as práticas para melhor eficácia e oferta das águas bem como um gerenciamento eficiente dos recursos hídricos (CHRISTOFIDIS, 2001).

O enquadramento dos corpos d’água em classes visa disciplinar os diversos usos,

garantindo assim que a água tenha qualidade compatível com os usos que se pretende para cada bacia hidrográfica ou trechos de bacias, fazendo com que haja uma redução de custos e diminuição da degradação da água a ser oferecida através de ações preventivas (CHRISTOFIDIS, 2001).

3.1.2 Legislação de Recursos Hídricos

Os países em desenvolvimento em sua maioria não detêm capacidade institucional ou mesmo de pessoal para aplicar adequadamente a legislação que protege o meio ambiente, e com isso as fontes poluidoras e geradoras de cargas difusas agravam a cada dia em volume. As fontes poluidoras de cargas difusas, juntamente com as fontes pontuais que lançam produtos químicos, sintéticos, que são invisíveis e tóxicos, torna a água uma substância poluída, de difícil tratamento e altamente prejudicial ao meio ambiente (CHRISTOFIDIS, 2001).

(28)

Segundo Christofidis (2001), no Brasil a legislação que disciplina a utilização dos recursos hídricos, teve seu início efetivo na primeira década do século XX, quando em 1907 o Governo Federal apresentou ao Congresso Nacional, o Código das Águas.

O Código Civil Brasileiro, lei 3.071 de janeiro de 1916 em seu artigo 52, dizia:

A propriedade do solo abrange a do que lhe está superior e inferior em toda a altura e em toda a profundidade, úteis ao seu exercício, não podendo, todavia, o proprietário opor-se a trabalhos que sejam empreendidos a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse algum em impedi-los. (Redação dada pelo Decreto do Poder Legislativo nº 3.725, de 15.1.1919 (BRASIL, 1919).

Com a crise de 1929 os produtores de café perderam importância. Com a chegada de Getúlio Vargas no poder através da revolução de 1930, as posições defendidas por essa elite cafeicultora foram superadas, e as correntes que defendiam a modernização do Brasil através da industrialização do país ganharam forças, tanto assim que o governo do Estado Novo editou diversas normas visando modernizar a economia.

O novo Código das Águas, decreto 24.643/34, estabelece dois domínios, a saber: um para as águas públicas e outro para as águas particulares. Os mares incluindo os golfos, baias, enseadas e portos, as correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis, as fontes e reservatórios públicos são águas públicas de uso comum ou dominicais, e as águas particulares são aquelas que estão em terrenos particulares (BRASIL, 1934).

Segundo Christofidis (2001), o Código das Águas de 1934, priorizou a produção de energia elétrica, e a produção de alimentos através da irrigação, e a concessão para exploração do potencial hidroelétrico passou dos estados para a união. No preâmbulo fica claro os objetivos do decreto, “[...] permitir o poder público controlar e incentivar o aproveitamento industrial das águas; considerando que, em particular, a energia hidráulica exige medidas que facilitem e garatam o seu aproveitamento racional [...]”.

Esse decreto 24.643/34, já previa que nenhum usuário das águas pode prejudicar outro usuário, é o que está no artigo 53 que diz;

Os utentes das águas públicas de uso comum ou os proprietários marginais são obrigados a se abster de fatos que prejudiquem ou embaracem o regime e o curso das águas, e a navegação ou flutuação exceto se para tal fato forem especialmente autorizados por alguma concessão (BRASIL, 1934).

Todo o capitulo V, Título II do Livro II dessa lei deixa, sem margem de dúvida, que não poderá haver obstrução do acesso às águas, e caso isso ocorra, quem obstruiu deverá remover o obstáculo e será punido se não o fizer.

O artigo 109 diz “A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não

consomem, com prejuízo de terceiros” (BRASIL, 1934) e deixa explícito no artigo 110 que

(29)

Já no artigo 111 diz que os relevantes interesses da agricultura e da indústria poderão utilizar as águas, mas deverão devolv-las purificadas ou lançadas ao esgoto, mas os agricultores ou indústrias deverão indenizar a União, os Estados, os Municípios, as corporações ou os particulares caso lesarem estes pelo favor concedido. Isso significa que já existia nesse Código das Águas de 1934 a possibilidade de o poluidor pagar uma indenização, ou seja o princípio poluidor-pagador (BRASIL, 1934).

Segundo o decreto 24.634/34, a água subterrânea era de propriedade do dono do solo onde esta se encontrava, no entanto, limitou essa propriedade para que terceiros não fossem prejudicados pelos donos do solo onde se encontrava essa água, e mais, a administração pública podia intervir para que as obras que estivessem prejudicando o uso comum ou particular fossem suspensas (BRASIL, 1934).

O Código de Águas de 1934, veio com o intuito de dirimir os conflitos que iriam surgir em consequência da utilização das águas para gerar energia elétrica e sua utilização pela indústria. Essa lei foi uma derrota da elite cafeicultora, e uma espécie de porta de entrada do Brasil na era da industrialização, pois para que a nascente indústria brasileira se desenvolvesse era necessário energia elétrica (BRASIL, 1934).

Mesmo priorizando o setor elétrico, o Código das Águas de 1934, fez ressalvas para satisfazer as exigências acauteladoras dos interesses gerais, da alimentação e das necessidades das populações ribeirinhas, da salubridade pública, da navegação, da irrigação, da conservação da livre circulação dos peixes, do escoamento e rejeição das águas e da proteção contra inundações, (artigo 143) (BRASIL, 1934).

A legislação de que trata o gerenciamento dos recursos hídricos teve dois setores predominantes no início, que foram, o hidroelétrico e a irrigação (CHRISTOFIDIS, 2001), mas segundo Silvestre (2003), o setor elétrico mesmo com as ressalvas previstas no código 24.643/34 conduziu a política hídrica a margem dos demais usos, acumulando ao longo dos anos um grande passivo com os outros usuários.

A água vem se tornando escassa nos aspectos quantitativos e qualitativos, pois quando a degradação afeta de tal forma a qualidade e a quantidade disponível para atender os padrões exigidos, afim de que os valores admissíveis para determinados usos não excedam, significa mais investimentos para garantir esta qualidade e quantidade. Motivo então mais do que justo para que ela seja gerida como bem econômico e atribuindo-lhe um valor justo.

(30)

Como a água é um bem necessário para dar continuidade ao crescimento econômico, as Bacias Hidrográficas passam a ser áreas geográficas de preocupação de todos os agentes de interesses públicos e privados, pois elas abrangem várias cidades, propriedades agrícolas e industriais.

Todos estes agentes têm interesses muitas vezes antagônicos, o que pode levar a geração de conflitos, e estes devem ser discutidos nos Comitês de Bacias Hidrográficas, que são compostos por representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal, dos Municípios, “dos usuários das águas, das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia”, cuja atribuição é promover o debate e entendimento entre as partes envolvidas nos possíveis conflitos de interesse, conforme previsto na lei 9433/97 em seu artigo 38, inciso I.

A presença de vários atores em uma determinada bacia pode levar alguns deles a não preocupar-se com os interesses dos demais, lançando nos cursos d’água alguns produtos químicos industriais e agrícolas (agrotóxicos), esgotos sem o devido tratamento, podendo impedir ou dificultar a purificação natural da água (reciclagem). Nesse caso, existe as penalidades ao infrator previstas na 9433/97 em seu artigo 49, mas isso não áa construção de sofisticados sistemas de tratamento para permitir a retenção de compostos químicos nocivos à saúde humana, à vida aquática e à vegetação.

A Constituição Federal de 1988 implantou um novo marco legal, quanto a propriedade e os recursos minerais, no artigo 176, diz: “As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a

propriedade do produto da lavra” (ANGHER, 2011).

O novo Código Civil Brasileiro, lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, no Título III, Capítulo V, Seção V, manteve praticamente as mesmas restrições impostas pelo Código das Águas de 1934, dizendo que a água das nascentes que estão em uma propriedade ou mesmo as águas que por ela passam podem ser utilizadas, represadas, mas não podem ser desviadas, poluídas, para permitir o uso dos proprietários adjacentes, e caso venha poluir ou desviar essas águas, deve recuperar e ressarcir aos demais os danos a eles causados, como segue nos artigos abaixo (BRASIL, 2002):

Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.

(31)

inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas. Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.

A Política Nacional de Meio Ambiente foi instituída pela lei 6.938 de 31 de agosto de 1981, uma lei específica que trata do meio ambiente e não dos recursos hídricos, que só foi tratado na lei 9433 de 8 de janeiro de 1997, ou seja, 16 anos depois (CHRISTOFIDIS, 2001).

A lei 9433 de 8 de janeiro de 1997, a denominada Lei das Águas, institui a Política e o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, que significou um marco no gerenciamento dos recursos hídricos, bem como no desenvolvimento sustentável do Brasil. Esta lei institui a gestão descentralizada e participativa em todas as instâncias envolvidas na gestão da água, desde o Poder Público, usuários e comunidades, é o que preconiza os fundamentos da lei em artigo 1º, inciso VI (MUÑOZ, 2000).

Essa lei trouxe uma inovação, que foi a introdução da democracia participativa, onde só existia a democracia representativa, apresentando aos atores envolvidos na gestão dos recursos hídricos uma visão nova e mais atualizada de encarar a dicotomia desenvolvimento e meio ambiente (MUÑOZ, 2000).

A Política Nacional de Recursos Hídricos, implantada pela lei 9433/97 em seu artigo

2º, inciso I, define como principais objetivos “assegurar a atual e às futuras gerações a

necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequada aos respectivos usos” (MEDAUAR, 2000).

Segundo Muñoz (2000), a lei das águas é uma evolução de discussões ao longo de quatorze anos, iniciada no ano de 1983, com o Seminário Internacional de Gestão de Recursos Hídricos, e passando pela Conferência de Dublin de 1992, sobre Recursos Hídricos e Desenvolvimento Sustentável, que estabeleceu recomendações para implantar ações locais, nacionais e internacionais, baseadas em quatros princípios:

1) A água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para sustentação da vida, do desenvolvimento e do meio ambiente;

2) O desenvolvimento e a gestão da água deve ser baseados na participação dos usuários, dos planejadores e dos políticos, em todos os níveis;

3) As mulheres tem um papel essencial no aprovisionamento, gestão e proteção da água;

4) A água tem valor econômico em todos os seus usos compartilhados e deve ser reconhecida como um bem econômico.

(32)

respectivos usos”. Além de promover a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável (MUÑOZ, 2000).

Os recursos hídricos na Agenda 21 brasileira têm um capítulo específico que propõem diversas ações, para preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias hidrográficas: Difundir a consciência de que a água é um bem finito; Implementar a Política Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos. Promover a educação ambiental, principalmente das crianças e dos jovens nos centros urbanos, quanto às consequências do desperdício de água; assegurar a preservação dos mananciais, pelo estabelecimento de florestas protetoras; promover a modernização da infra-estrutura hídrica de uso comum; Impedir, nos centros urbano, a ocupação ilegal das margens de rios e lagoas; Combater a poluição do solo e da água e monitorar os seus efeitos sobre o meio ambiente (BRASIL, 2004a).

No entanto, a conscientização ambiental de se preservar, só pode ser traduzida em ação efetiva quando segue acompanhamento de uma população preparada para conhecer, entender e exigir seus direitos e exercer suas responsabilidades, no tocante a preservação bem como na utilização dos recursos hídricos.

O Ministério da Saúde através da Portaria 518/2004, define as condições físico-químicas, bacteriológica necessária para uma água ser considerada sem risco à saúde humana. Esta Portaria impõem parâmetros mais restritivos de qualidade da água para ser consumida pela população.

Dentre as normas específicas que regulamentam o uso e a qualidade da água, destaca-se a Resolução do CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005. Ela é responsável pela definição, quantificação e aplicação de padrões de qualidade da água visando garantir condições de uso da água pela população, bem como divulgar informações sobre sua qualidade, tais como características físicas, químicas e microbiológicas. Em geral, pode-se dizer que essa Resolução visa proteger a vida humana e preservar a vida aquática assegurando o valor mais restritivo de acordo com as classes de uso.

A utilização da água, tanto para as necessidades do homem quanto para a preservação da vida, pode ser separada em grandes grupos: abastecimento público; abastecimento industrial; diluição e transporte de efluentes; atividades agropastoris; preservação da fauna e da flora aquática; recreação; geração de energia elétrica; navegação entre outros, (CHRISTOFIDIS, 2001).

(33)
(34)

4 ÁREA DE ESTUDO

Figura 1 - Bacia Hidrográfica do rio Meia Ponte

(35)

4.1 A REGIÃO CENTRO-OESTE

A região Centro-Oeste é uma região de expansão agrícola, com uma extensão de 1.612.077km², que representa 18,90% do território nacional, com 14.058.094 de habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010), que representa 7,37% da população brasileira.

O planalto central segundo Schmitz (1993), foi ocupado por volta de 30.000 anos, Antes do Presente (A.P), quando, datado pelo processo Carbono 14 ( C14), descobriu que o homem presente nesta região desenvolveu uma indústria lítica sobre seixos de quartzo e quartzito, aparecendo utensílios de lascas com sinais de uso, mas, no entanto sem retoques, o que comprova estudos ainda inéditos e pinturas rupestres datadas de 27.000 anos A.P. Isto foi facilitado pela presença farta de frutas e animais de pequeno e médio porte que eram caçados. Esta região hoje é composta pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, e pela afirmação de Barbosa e Nascimento (1993), notamos que o cerrado nos dias atuais ainda tem características que faz com que ela, com estação seca e chuvosa bem definida e um solo característico, seja uma região onde a fixação do homem não teve grandes empecilhos.

Ainda segundo Barbosa e Nascimento (1993), com uma topografia plana, facilitou a ocupação tanto no passado como na atualidade, permitindo assim a formação de extensas áreas de pastagens no início da ocupação moderna e em seguida plantações de milho, soja, cana-de-açúcar e outras culturas.

4.1.1 Estado de Goiás

4.1.1.1 Histórico

(36)

Segundo Palacin e Moraes (2001):

Goiás era conhecido e percorrido pelas bandeiras quase que desde os primeiros dias da colonização, mas seu povoamento só se deu em decorrência do descobrimento das minas de ouro no século XVIII. Esse povoamento, como todo povoamento aurífero, foi irregular e instável.

O Estado de Goiás teve sua origem oficial com Provisão Régia de 09 de maio de 1748, que criou a capitania de Goiás, onde o marco oficial da criação da Capitania de Goiás foi com a posse de Marcos de Noronha, primeiro governador, em 08 de novembro de 1749, no Arraial

de Sant’Ana, Vila Boa. Antes o território fazia parte da capitania de São Paulo.

O estado desenvolveu rapidamente com a transferência da capital da cidade de Goiás para Goiânia, construída especialmente para ser a capital do estado, iniciando o desbravamento do mato grosso goiano, com a campanha nacional de “marcha para o oeste”, que culminou na década de 50 com a construção de Brasília. A construção da nova capital federal veio imprimir um ritmo acelerado ao desenvolvimento não só de Goiás como de toda região centro-oeste (GOIÁS, 2009)

Nas décadas de 60 a 80 o estado apresenta um desenvolvimento acelerado, tornando um dos grandes exportadores de produtos agropecuários, e destacando pelo rápido processo de industrialização. Hoje o estado está totalmente inserido na economia globalizada, e mantém relações comerciais com os principais centros consumidores tanto do Brasil como do exterior (GOIÁS, 2009).

A ocupação do estado de Goiás a partir da implantação de Goiânia e em seguida de Brasília foi desordenada, provocando uma pressão enorme sobre os recursos naturais, principalmente os recursos hídricos, pois com o aumento da população foi necessário fornecer água tratada, alimentos e retirar os esgotos domésticos, que em sua maioria eram lançados nos rios mais próximos.

A população recenseada em 2010 pelo IBGE foi de 6.003.788 habitantes, sendo o estado mais populoso do Centro-Oeste, com uma densidade demográfica de 17,24 habitantes/km². Os dados do censo de 2010 mostra que 89,25% da população estão nas áreas urbanas e 10,75% moram na área rural. É uma população equilibrada, onde as mulheres representa 50,34% contra 49,66% da população masculina (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010a).

(37)

conversão de terras se reflete em pressões sobre os demais recursos ambientais, inclusive os hídricos. As relações entre uso do solo e as águas estão claramente demonstradas, sendo que a conversão de áreas florestadas, principalmente para o uso agrícola ou urbano, tem sido associada à diminuição da sua qualidade (ANTUNES, 2004).

4.1.1.2 Economia

No início da colonização do estado de Goiás, sua economia era baseada na mineração do ouro, sendo proibido o plantio de cana de açúcar, conforme documento datado de 13 de junho de 1732 (PALACIN; MORAES, 2001).

Para Palacin e Moraes (2001), a coroa portuguesa não tinha interesse em outras atividades que pudessem desviar os esforços da mineração do ouro. Os outros bens, como alimentos, tecidos, açúcar, sal e ferramentas, poderiam ser importados da Bahia, Rio de Janeiro ou São Paulo.

A economia do Estado de Goiás só desenvolveu produção agrícola e pecuária, após o declínio da mineração do ouro. Na agricultura destaca-se a produção de arroz, café, algodão herbáceo, feijão, milho, soja, sorgo, trigo, cana-de-açúcar e tomate. A criação pecuária inclui 18,6 milhões de bovinos, 1,9 milhão de suínos, 49,5 mil bubalinos, além de equinos, asininos, ovinos e aves. O Estado de Goiás produz também água mineral, amianto, calcário, fosfato, níquel, ouro, cianita, manganês, nióbio e vermiculita (GOIÁS, 2009).

No aspecto econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) em 2006 foi de R$ 57,091 bilhões, significando uma participação de 2,41% no PIB do Brasil, ocupando assim a 9ª posição no ranking nacional. Com isso o PIB “per capita” foi de R$ 9.962,00 em 2006, com crescimento real de 1,13% em relação ao ano anterior. A formação do PIB goiano em 2006 deu-se da seguinte forma: 10,26% proveniente da agropecuária, 26,54% da indústria e 63,20% de serviços (GOIÁS, 2009).

(38)

Na agricultura Goiás destaca como o quarto maior produtor de grãos, com uma participação de 8,95% da produção do Brasil em 2008. O destaque é a soja com uma área plantada de 2,18 milhões de hectares, bem superior ao segundo produto, o milho, com 905 mil hectares. A soja produzida em Goiás representou 11,02% da produção nacional de 59,92 milhões de toneladas e 22,71% da produção do Centro-Oeste de 29,079 milhões de toneladas (GOIÁS, 2009).

No ano de 1970 existia em Goiás 5692 tratores, pulando para 42688 tratores em 2006, esse incremento fez com que a mão de obra utilizada na produção caísse de 547.647 em 1970 para 402.441 em 2006, uma clara evidência da mecanização da produção (GOIÁS, 2009).

Com estes dados referentes à produção de grãos verifica-se que a agricultura tem um papel preponderante na economia do estado e consequentemente é uma atividade que produz uma pressão enorme quando diz respeito aos impactos produzidos no meio ambiente. Considerando que a área irrigada representa 7,52% da área total de produção, onde o principal insumo é a água que é utilizada intensamente às vezes sem controle, produzindo assim uma pressão maior sobre os recursos hídricos.

Tabela 1 - Uso da terra

Utilização da terra 1970 2006

Lavouras 1.636.165 ha 3.590.579 ha

Pastagens 23.785.182 ha 15.524.699 ha

Matas e florestas 4.935.660 ha 5.239.876 ha

A área de lavoura visto na tabela 1 aumentou 45,57% entre 1970 e 2006, um incremento significativo, mesmo considerando que na área de pastagem houve uma diminuição de 34,73%, o aumento da área de matas e florestas foi de 6,16%, no entanto a metodologia empregada considera como mata e floresta as áreas florestais também utilizadas para lavouras e pastoreio de animais.

A agropecuária goiana tem participação significativa na economia do estado, é o 4º produtor de bovinos com um rebanho, representando 10,25% do rebanho nacional, num total de 20,47 milhões de cabeças de gado. É o segundo em número de cabeças de gado leiteiro, 10,82%, com um total 2,286 milhões animais (GOIÁS, 2009).

(39)

representa 20,97% do total de área dos estabelecimentos agropecuários de Goiás, percentual bem abaixo do nacional e regional, que representam cerca de 28% do total, (GOIÁS, 2009).

4.1.1.3 Aspectos físicos

O estado de Goiás esta localizado na região Centro-Oeste, se estende entre os paralelos 13º00’ e 19º00’S e os meridianos 46º00’ e 53º00’W sendo o 7º maior em extensão territorial do Brasil com uma área de 340.086,698 km², tem uma altitude máxima de 1691m e mínima de 182m, às margens do rio Araguaia (GOIÁS, 2009).

Goiás limita-se ao norte com o Estado de Tocantins; ao sul com o Estado de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul; a leste com o Estado da Bahia e Minas Gerais; e a oeste com o Estado de Mato Grosso, possui 246 municípios e envolve quase todo o Distrito Federal, exceto seu extremo sudoeste (GOIÁS, 2009).

Segundo Nascimento (1992), Goiás caracteriza-se como um divisor de águas, por ser uma área de dispersão dos cursos d’água que vão compor as grandes bacias hidrográficas do Brasil, (a bacia do norte vincula-se à Bacia Amazônica e a do sul, à Bacia do Paraná).

Suas terras são drenadas por rios de grande e médio portes, tais como: Tocantins, Araguaia (Região Hidrográfica Tocantins/Araguaia) e Paranaíba (Região Hidrográfica do Paraná), este um dos formadores do rio Paraná, na região meridional. Destacam-se ainda no Estado, os rios Aporé, Corumbá, São Marcos, Claro e Maranhão (GOIÁS, 2009).

(40)

4.1.1.4 Solo

No estado de Goiás, o uso e ocupação irregular ou inadequada do solo vêm provocando alterações em suas características naturais, acarretando sérios problemas, como a deterioração ambiental e uma elevada diminuição das áreas de recarga natural dos aquíferos (GOIÁS, 2006b).

Os solos são importantes elementos ambientais, que compõem o substrato que controla a maior parte dos ecossistemas terrestres, são primordiais na agricultura, geotécnica, hidrogeologia, cartografia geológica, geologia ambiental, entre outros (GOIÁS, 2006b).

Os latossolos vermelhos predominam no sudoeste de Goiás, ocupando uma área de 30% do território total do estado. Este tipo de solo apresenta uma baixa fertilidade, implicando numa correção através de adubos e calcário agrícola. Entretanto o relevo com baixa declividade e a grande espessura desse solo favorece a mecanização da agricultura. Outros 15% da área é ocupada por latossolo vermelho amarelo, áreas onde predomina pastagens plantadas, o restantes da área do estado, 55%, é formado por Cambissolo, Argissolo, Nitossolo, Neossolo, Quartzarênico, Neossolo Litólico, Plintossolo e Gleissolo (GOIÁS, 2006b).

Segundo Nascimento (1992), na Bacia Sedimentar do Paraná desenvolve solos do tipo Latossolo Vermelho escuro e Latossolo vermelho amarelos. Nas áreas correspondentes às depressões do rio Araguaia e Tocantins desenvolvem-se Latossolos vermelhos amarelos distróficos e grandes extensões com cobertura detrítico lateríticas.

4.1.1.5 Geomorfologia

(41)

A planície do Bananal, constituída essencialmente de depósitos aluvionares e coluvionares areno-argilosos, inconsolidados, datados como Quartenários, apresentam um padrão de drenagem anastomosado (NASCIMENTO, 1992).

O entalhamento dos talvegues por epigenia segundo Nascimento (1992), favoreceu a evolução das vertentes, ficando restos de paleoplanos, testificandos aplanamentos terceários. Como consequência desses fenômenos, surgiram os grandes divisores hidrográficos regionais, formados pelo maciço goiano e planaltos sedimentares da Bacia do Paraná, responsáveis pela separação da drenagem em direção às bacias do Tocantins e Platina. Outro divisor é a Serra Geral de Goiás, que divide as águas da bacia do São Francisco das do Tocantins.

A compartimentação geomorfológica para o estado de Goiás compreende o Planalto Central Goiano, subdividido em quatro unidades denominadas como Planalto Dissecado, Planalto Rebaixado de Goiânia, Depressões e Morrarias do Rio dos Bois e Planícies Aluviais (GOIÂNIA, 2008).

As áreas do Planalto Dissecado são caracterizadas por topos tabulares, em formato de morros ou formando cristas, com altitudes variando de 720m a 1.100m, desenvolvido sobre granulitos do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu, que dão origem a latossolos vermelhos escuros e claros (GOIÂNIA, 2008).

O Planalto Rebaixado de Goiânia é formado por extensos interflúvios aplainados, chapadas de topo tabular e ondulações suaves, com áreas dissecadas e relevos residuais, com altitudes que vão de 720m a 900m, com as formas residuais oscilando entre 900m e 1040m, como na Serra da Areia. Micaxistos e quartzitos do Grupo Araxá são litologias predominantes que desenvolve Latossolos vermelhos a amarelados, localmente com presença de laterítica (GOIÂNIA, 2008).

(42)

4.1.1.6 Vegetação

A vegetação tipo savana (cerrado) é a segunda maior formação vegetal brasileira, superada apenas pela Floresta Amazônica. É uma savana tropical na qual a vegetação herbácea coexiste com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos (GOIÁS, 2006b).

Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que vão desde o cerradão (com árvores altas, densidade maior e composição distinta), passando pelo cerrado mais comum no Brasil central (com árvores baixas e esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo limpo (com progressiva redução da densidade arbórea). Ao longo dos rios há fisionomias florestais, conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares. Essa heterogeneidade abrange muitas comunidades de mamíferos e de invertebrados, além de uma importante diversidade de microorganismos, tais como fungos associados às plantas da região (GOIÁS, 2006b).

4.1.1.7 Clima

O conhecimento dos elementos climáticos possibilita a adoção de medidas para mitigar os riscos advindos das alterações climáticas extremas, como enchentes ou secas, melhorando assim as condições da qualidade ambiental, tendo em vista que a relação homem e meio ambiente passa a ser feita de maneira racional (GOIÁS, 2006b).

A precipitação média anual no estado de Goiás está em torno de 1532 mm. No entanto a precipitação no período de chuva (outubro a abril) oscila entre a mínima de 1100 mm, e a máxima de 2100 mm, com valores médios entre 1300 e 1500 mm. No período seco (maio a setembro) a precipitação média oscila entre 150 a 200 mm, sendo que este período caracteriza-se por precipitação que não ultrapassam 100 mm na maior parte do estado (GOIÁS, 2006b).

Nimer (1972 apud NASCIMENTO 1992) refere:

(43)

A temperatura do ar exerce um papel importante nos fatores que condicionam o meio ambiente. No estado de Goiás as temperaturas máximas ocorrem no noroeste, região do município São Miguel do Araguaia, nos meses de agosto e setembro, alcançando valores médios máximos de 34º C. Já as temperaturas mínimas acontecem nos meses de junho e julho, com valores médios mínimos de 12º C, e ocorrem no sudeste, região de Brasília, Catalão e sudoeste do estado, região de Jataí e Mineiros (GOIÁS, 2006b).

4.1.2 Bacia hidrográfica do rio Meia Ponte

A bacia hidrográfica é uma região de captação natural das águas que precipitam e fazem convergir os escoamentos para um ponto de saída, seu exutório. É composta basicamente por um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem que formam cursos de água que confluem até resultar em um único leito exutório (SILVEIRA, 2001 apud RODRIGUES JUNIOR, 2008).

As bacias hidrográficas apresentam características diferentes em ambientes agrários ou de floresta para os ambientes urbanos. Segundo Botelho e Silva (2004 apud FRANCO, 2009), nas áreas florestadas e rurais o ciclo hidrológico não apresenta diferenças significativas, pois não há uma grande redução na entrada de água no solo, enquanto que nos ambientes urbanos devido a grandes áreas impermeabilizadas ocorre uma geração de fluxos superficiais e pouca ou nenhuma infiltração de água no solo. Isto porque a infiltração tem a função de fazer com que a água permaneça na bacia hidrográfica por maior tempo, permitindo que o ciclo hidrológico se complete. As alterações na paisagem, com a retirada de florestas, impede que a água sirva de suprimento para as plantas, abasteça o lençol freático, recarregue os aquíferos e abasteça os cursos d`água durante a estação chuvosa e também na estação de seca.

A bacia do rio Meia Ponte esta inserida dentro da bacia do rio Paraná, que é a mais industrializada e urbanizada do país, onde vive um terço da população brasileira (OIKOS PESQUISAS APLICADAS LTDA, 2009). Está localizada na região centro sul do Estado de Goiás, entre os meridianos 48º 46’ 48” e 49º 44’ 51” de longitude oeste e entre os paralelos 16º

06’ 38” e 32º 32’ 15” de latitude sul. Ao norte localiza-se a bacia hidrográfica do rio das Almas,

Referências

Documentos relacionados

É possível atualmente, visualizar transmissões no Facebook Live em HD, pelo que a qualidade da transmissão é elevada e para a grande maioria das pessoas,

No seio destas transformações, elegemos como alvo analítico o trabalho e os/as trabalhadores/as dos centros comerciais, debruçando-nos sobre o caso concreto da

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

A proposta também revela que os docentes do programa são muito ativos em diversas outras atividades, incluindo organização de eventos, atividades na graduação e programas de

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

FIGURA 1: Valores médios da porcentagem de germinação de sementes de Hymenaea stigonocarpa submetidas a diferentes tratamentos pré-germinativos.. contrapartida, Souza et

Portanto, mesmo percebendo a presença da música em diferentes situações no ambiente de educação infantil, percebe-se que as atividades relacionadas ao fazer musical ainda são