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Foto 8 Esgoto sendo lançado no rio Meia Ponte na GO 010 Saída Bonfinópolis

4.1 A REGIÃO CENTRO-OESTE

4.1.1 Estado de Goiás

4.1.1.1 Histórico

O nome Goiás tem sua origem na tribo indígena “guaias”, do termo tupi gwa ya que quer dizer indivíduo igual, gente semelhante, da mesma raça, que por corruptela se tornou Goiás.

Segundo Palacin e Moraes (2001):

Goiás era conhecido e percorrido pelas bandeiras quase que desde os primeiros dias da colonização, mas seu povoamento só se deu em decorrência do descobrimento das minas de ouro no século XVIII. Esse povoamento, como todo povoamento aurífero, foi irregular e instável.

O Estado de Goiás teve sua origem oficial com Provisão Régia de 09 de maio de 1748, que criou a capitania de Goiás, onde o marco oficial da criação da Capitania de Goiás foi com a posse de Marcos de Noronha, primeiro governador, em 08 de novembro de 1749, no Arraial de Sant’Ana, Vila Boa. Antes o território fazia parte da capitania de São Paulo.

O estado desenvolveu rapidamente com a transferência da capital da cidade de Goiás para Goiânia, construída especialmente para ser a capital do estado, iniciando o desbravamento do mato grosso goiano, com a campanha nacional de “marcha para o oeste”, que culminou na década de 50 com a construção de Brasília. A construção da nova capital federal veio imprimir um ritmo acelerado ao desenvolvimento não só de Goiás como de toda região centro-oeste (GOIÁS, 2009)

Nas décadas de 60 a 80 o estado apresenta um desenvolvimento acelerado, tornando um dos grandes exportadores de produtos agropecuários, e destacando pelo rápido processo de industrialização. Hoje o estado está totalmente inserido na economia globalizada, e mantém relações comerciais com os principais centros consumidores tanto do Brasil como do exterior (GOIÁS, 2009).

A ocupação do estado de Goiás a partir da implantação de Goiânia e em seguida de Brasília foi desordenada, provocando uma pressão enorme sobre os recursos naturais, principalmente os recursos hídricos, pois com o aumento da população foi necessário fornecer água tratada, alimentos e retirar os esgotos domésticos, que em sua maioria eram lançados nos rios mais próximos.

A população recenseada em 2010 pelo IBGE foi de 6.003.788 habitantes, sendo o estado mais populoso do Centro-Oeste, com uma densidade demográfica de 17,24 habitantes/km². Os dados do censo de 2010 mostra que 89,25% da população estão nas áreas urbanas e 10,75% moram na área rural. É uma população equilibrada, onde as mulheres representa 50,34% contra 49,66% da população masculina (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010a).

Nas últimas décadas, Goiás experimentou intensa expansão de suas fronteiras agropecuárias. Entre 1980 e 2004, o Estado foi desmatado a uma taxa média efetiva de 1,14% ao ano. Com isso, as formações florestais nativas foram reduzidas a cerca de 11.590.000 hectares, ou 34% do Estado, concentrados principalmente no Nordeste goiano. Esse ritmo de

conversão de terras se reflete em pressões sobre os demais recursos ambientais, inclusive os hídricos. As relações entre uso do solo e as águas estão claramente demonstradas, sendo que a conversão de áreas florestadas, principalmente para o uso agrícola ou urbano, tem sido associada à diminuição da sua qualidade (ANTUNES, 2004).

4.1.1.2 Economia

No início da colonização do estado de Goiás, sua economia era baseada na mineração do ouro, sendo proibido o plantio de cana de açúcar, conforme documento datado de 13 de junho de 1732 (PALACIN; MORAES, 2001).

Para Palacin e Moraes (2001), a coroa portuguesa não tinha interesse em outras atividades que pudessem desviar os esforços da mineração do ouro. Os outros bens, como alimentos, tecidos, açúcar, sal e ferramentas, poderiam ser importados da Bahia, Rio de Janeiro ou São Paulo.

A economia do Estado de Goiás só desenvolveu produção agrícola e pecuária, após o declínio da mineração do ouro. Na agricultura destaca-se a produção de arroz, café, algodão herbáceo, feijão, milho, soja, sorgo, trigo, cana-de-açúcar e tomate. A criação pecuária inclui 18,6 milhões de bovinos, 1,9 milhão de suínos, 49,5 mil bubalinos, além de equinos, asininos, ovinos e aves. O Estado de Goiás produz também água mineral, amianto, calcário, fosfato, níquel, ouro, cianita, manganês, nióbio e vermiculita (GOIÁS, 2009).

No aspecto econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) em 2006 foi de R$ 57,091 bilhões, significando uma participação de 2,41% no PIB do Brasil, ocupando assim a 9ª posição no ranking nacional. Com isso o PIB “per capita” foi de R$ 9.962,00 em 2006, com crescimento real de 1,13% em relação ao ano anterior. A formação do PIB goiano em 2006 deu-se da seguinte forma: 10,26% proveniente da agropecuária, 26,54% da indústria e 63,20% de serviços (GOIÁS, 2009).

O setor extrativista tem relevância para o estado, principalmente o setor de mineração. Goiás possui depósitos de grande importância econômica, dentre eles o calcário agrícola, fosfato, cobre, níquel, vermiculita, ouro, esmeralda, nióbio e cobalto. A extração do níquel representa 57,27% da produção nacional, sendo o principal produtor. A produção de ouro, 29,63% e cobre, 23,39%, coloca o estado de Goiás em 2º lugar no ranking nacional (GOIÁS, 2009).

Na agricultura Goiás destaca como o quarto maior produtor de grãos, com uma participação de 8,95% da produção do Brasil em 2008. O destaque é a soja com uma área plantada de 2,18 milhões de hectares, bem superior ao segundo produto, o milho, com 905 mil hectares. A soja produzida em Goiás representou 11,02% da produção nacional de 59,92 milhões de toneladas e 22,71% da produção do Centro-Oeste de 29,079 milhões de toneladas (GOIÁS, 2009).

No ano de 1970 existia em Goiás 5692 tratores, pulando para 42688 tratores em 2006, esse incremento fez com que a mão de obra utilizada na produção caísse de 547.647 em 1970 para 402.441 em 2006, uma clara evidência da mecanização da produção (GOIÁS, 2009).

Com estes dados referentes à produção de grãos verifica-se que a agricultura tem um papel preponderante na economia do estado e consequentemente é uma atividade que produz uma pressão enorme quando diz respeito aos impactos produzidos no meio ambiente. Considerando que a área irrigada representa 7,52% da área total de produção, onde o principal insumo é a água que é utilizada intensamente às vezes sem controle, produzindo assim uma pressão maior sobre os recursos hídricos.

Tabela 1 - Uso da terra

Utilização da terra 1970 2006

Lavouras 1.636.165 ha 3.590.579 ha

Pastagens 23.785.182 ha 15.524.699 ha

Matas e florestas 4.935.660 ha 5.239.876 ha

A área de lavoura visto na tabela 1 aumentou 45,57% entre 1970 e 2006, um incremento significativo, mesmo considerando que na área de pastagem houve uma diminuição de 34,73%, o aumento da área de matas e florestas foi de 6,16%, no entanto a metodologia empregada considera como mata e floresta as áreas florestais também utilizadas para lavouras e pastoreio de animais.

A agropecuária goiana tem participação significativa na economia do estado, é o 4º produtor de bovinos com um rebanho, representando 10,25% do rebanho nacional, num total de 20,47 milhões de cabeças de gado. É o segundo em número de cabeças de gado leiteiro, 10,82%, com um total 2,286 milhões animais (GOIÁS, 2009).

A estrutura fundiária é representada por mais de 45% de pastagem e 17,89% de cultura, mostrando a importância da agropecuária na economia do estado. Em 2006, segundo o Censo Agropecuário, possuia 117.623 estabelecimentos com uma área de 15,525 milhões de hectares de pastagens, que representavam 9,01% do total nacional. A área coberta por floresta e matas

representa 20,97% do total de área dos estabelecimentos agropecuários de Goiás, percentual bem abaixo do nacional e regional, que representam cerca de 28% do total, (GOIÁS, 2009).

4.1.1.3 Aspectos físicos

O estado de Goiás esta localizado na região Centro-Oeste, se estende entre os paralelos 13º00’ e 19º00’S e os meridianos 46º00’ e 53º00’W sendo o 7º maior em extensão territorial do Brasil com uma área de 340.086,698 km², tem uma altitude máxima de 1691m e mínima de 182m, às margens do rio Araguaia (GOIÁS, 2009).

Goiás limita-se ao norte com o Estado de Tocantins; ao sul com o Estado de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul; a leste com o Estado da Bahia e Minas Gerais; e a oeste com o Estado de Mato Grosso, possui 246 municípios e envolve quase todo o Distrito Federal, exceto seu extremo sudoeste (GOIÁS, 2009).

Segundo Nascimento (1992), Goiás caracteriza-se como um divisor de águas, por ser uma área de dispersão dos cursos d’água que vão compor as grandes bacias hidrográficas do Brasil, (a bacia do norte vincula-se à Bacia Amazônica e a do sul, à Bacia do Paraná).

Suas terras são drenadas por rios de grande e médio portes, tais como: Tocantins, Araguaia (Região Hidrográfica Tocantins/Araguaia) e Paranaíba (Região Hidrográfica do Paraná), este um dos formadores do rio Paraná, na região meridional. Destacam-se ainda no Estado, os rios Aporé, Corumbá, São Marcos, Claro e Maranhão (GOIÁS, 2009).

Segundo Siqueira (1996 apud BRANDELERO, 2008) em decorrência da morfologia da região Centro-Oeste, a hidrografia do estado de Goiás é cortada pelos denominados rios de planalto que se caracterizam por terem nos seus percursos pequenas quedas d’águas e apresentar longos trechos de escoamento tranquilo, interrompido por degraus em seções de salto. A maior parte desses rios apresentam regime tropical austral ocorrendo um retardamento das vazões máximas em relação às precipitações.

4.1.1.4 Solo

No estado de Goiás, o uso e ocupação irregular ou inadequada do solo vêm provocando alterações em suas características naturais, acarretando sérios problemas, como a deterioração ambiental e uma elevada diminuição das áreas de recarga natural dos aquíferos (GOIÁS, 2006b).

Os solos são importantes elementos ambientais, que compõem o substrato que controla a maior parte dos ecossistemas terrestres, são primordiais na agricultura, geotécnica, hidrogeologia, cartografia geológica, geologia ambiental, entre outros (GOIÁS, 2006b).

Os latossolos vermelhos predominam no sudoeste de Goiás, ocupando uma área de 30% do território total do estado. Este tipo de solo apresenta uma baixa fertilidade, implicando numa correção através de adubos e calcário agrícola. Entretanto o relevo com baixa declividade e a grande espessura desse solo favorece a mecanização da agricultura. Outros 15% da área é ocupada por latossolo vermelho amarelo, áreas onde predomina pastagens plantadas, o restantes da área do estado, 55%, é formado por Cambissolo, Argissolo, Nitossolo, Neossolo, Quartzarênico, Neossolo Litólico, Plintossolo e Gleissolo (GOIÁS, 2006b).

Segundo Nascimento (1992), na Bacia Sedimentar do Paraná desenvolve solos do tipo Latossolo Vermelho escuro e Latossolo vermelho amarelos. Nas áreas correspondentes às depressões do rio Araguaia e Tocantins desenvolvem-se Latossolos vermelhos amarelos distróficos e grandes extensões com cobertura detrítico lateríticas.

4.1.1.5 Geomorfologia

A densidade hidrográfica encontra-se vinculada aos domínios litológicos. Nas áreas constituídas pelas rochas pré-cambrianas do Complexo Basal Goiano (granitos, gnaisses) e do Grupo Araxá (micaxistos, quartzitos), evidencia uma densidade hidrográfica elevada, o que reflete a maior coesão minerálica, responsável pelo maior escoamento superficial. Nas áreas de rochas sedimentares paleomesozóicas da Bacia Sedimentar do Paraná, a porosidade permite maior percolação das águas, e consequentemente, redução da densidade hidrográfica, (NASCIMENTO, 1992).

A planície do Bananal, constituída essencialmente de depósitos aluvionares e coluvionares areno-argilosos, inconsolidados, datados como Quartenários, apresentam um padrão de drenagem anastomosado (NASCIMENTO, 1992).

O entalhamento dos talvegues por epigenia segundo Nascimento (1992), favoreceu a evolução das vertentes, ficando restos de paleoplanos, testificandos aplanamentos terceários. Como consequência desses fenômenos, surgiram os grandes divisores hidrográficos regionais, formados pelo maciço goiano e planaltos sedimentares da Bacia do Paraná, responsáveis pela separação da drenagem em direção às bacias do Tocantins e Platina. Outro divisor é a Serra Geral de Goiás, que divide as águas da bacia do São Francisco das do Tocantins.

A compartimentação geomorfológica para o estado de Goiás compreende o Planalto Central Goiano, subdividido em quatro unidades denominadas como Planalto Dissecado, Planalto Rebaixado de Goiânia, Depressões e Morrarias do Rio dos Bois e Planícies Aluviais (GOIÂNIA, 2008).

As áreas do Planalto Dissecado são caracterizadas por topos tabulares, em formato de morros ou formando cristas, com altitudes variando de 720m a 1.100m, desenvolvido sobre granulitos do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu, que dão origem a latossolos vermelhos escuros e claros (GOIÂNIA, 2008).

O Planalto Rebaixado de Goiânia é formado por extensos interflúvios aplainados, chapadas de topo tabular e ondulações suaves, com áreas dissecadas e relevos residuais, com altitudes que vão de 720m a 900m, com as formas residuais oscilando entre 900m e 1040m, como na Serra da Areia. Micaxistos e quartzitos do Grupo Araxá são litologias predominantes que desenvolve Latossolos vermelhos a amarelados, localmente com presença de laterítica (GOIÂNIA, 2008).

Já as Depressões e Morrarias do Rio dos Bois apresenta Interflúvios aplainados de topo tabular a suavemente convexo e/ou rampeados, tendo uma altitude de 560m a 860m, com um substrato rochoso formado por granulitos do Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu e Micaxistos do Grupo Araxá, que formam Latossolos vermelhos claros e escuros e coberturas detrito-laterítica (GOIÂNIA, 2008). Finalmente as Planícies Aluviais tem topografia plana, com pelo menos dois níveis de terraço, um formado por várzeas e outro mais elevado, apresentando altitudes entre 560m a 760m, formado por depósitos aluviais quartenários constituídos por siltes, argila, areia e cascalho.

4.1.1.6 Vegetação

A vegetação tipo savana (cerrado) é a segunda maior formação vegetal brasileira, superada apenas pela Floresta Amazônica. É uma savana tropical na qual a vegetação herbácea coexiste com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos (GOIÁS, 2006b).

Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que vão desde o cerradão (com árvores altas, densidade maior e composição distinta), passando pelo cerrado mais comum no Brasil central (com árvores baixas e esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo limpo (com progressiva redução da densidade arbórea). Ao longo dos rios há fisionomias florestais, conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares. Essa heterogeneidade abrange muitas comunidades de mamíferos e de invertebrados, além de uma importante diversidade de microorganismos, tais como fungos associados às plantas da região (GOIÁS, 2006b).

4.1.1.7 Clima

O conhecimento dos elementos climáticos possibilita a adoção de medidas para mitigar os riscos advindos das alterações climáticas extremas, como enchentes ou secas, melhorando assim as condições da qualidade ambiental, tendo em vista que a relação homem e meio ambiente passa a ser feita de maneira racional (GOIÁS, 2006b).

A precipitação média anual no estado de Goiás está em torno de 1532 mm. No entanto a precipitação no período de chuva (outubro a abril) oscila entre a mínima de 1100 mm, e a máxima de 2100 mm, com valores médios entre 1300 e 1500 mm. No período seco (maio a setembro) a precipitação média oscila entre 150 a 200 mm, sendo que este período caracteriza- se por precipitação que não ultrapassam 100 mm na maior parte do estado (GOIÁS, 2006b).

Nimer (1972 apud NASCIMENTO 1992) refere:

O clima, em grande parte do estado de Goiás pode ser classificado como quente e subúmido com quatro a cinco meses seco. Com características monçônicas marcantes, 80% das chuvas caem de novembro a março, enquanto que de maio a setembro, a umidade relativa do ar permanece abaixo de 70%. A sudoeste e a noroeste do estado, verificam-se algumas peculiaridades. A noroeste ocorre estreita faixa onde o clima pode ser classificado como quente e úmido, a sudoeste como subquente úmido.

A temperatura do ar exerce um papel importante nos fatores que condicionam o meio ambiente. No estado de Goiás as temperaturas máximas ocorrem no noroeste, região do município São Miguel do Araguaia, nos meses de agosto e setembro, alcançando valores médios máximos de 34º C. Já as temperaturas mínimas acontecem nos meses de junho e julho, com valores médios mínimos de 12º C, e ocorrem no sudeste, região de Brasília, Catalão e sudoeste do estado, região de Jataí e Mineiros (GOIÁS, 2006b).

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