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Imagem 5 - Visão geral da nascente vista no Google – acesso em 15/10/2011.

O Rio Meia Ponte é um importante recurso natural do Estado de Goiás, mas segundo a Goiás (1990), ele está comprometido desde a nascente até a foz, sendo que o ápice da

poluição ocorre no município de Goiânia. Isso porque, com o passar do tempo, este rio tem recebido uma grande carga poluidora que vem comprometendo as condições do uso de suas águas. O extrativismo mineral associado à agropecuária intensa provocou o desmatamento de matas ciliares e áreas de várzeas, ocasionando processos erosivos severos que comprometem a quantidade e a qualidade de água na bacia.

Em um ambiente antropizado é necessário pesquisar as fontes de contaminação tanto antrópica como natural do Rio Meia Ponte, isto porque a região metropolitana de Goiânia, densamente povoada, aliada a falta de conservação e proteção acarreta a degradação ambiental do rio. A ausência de um sistema de esgotamento sanitário em muitos municípios da bacia faz com que o esgoto “in natura” seja lançado no rio, com isso alterando a qualidade da água, principalmente no período de seca Maia et al (2004 apud BRANDELERO, 2008)

Conforme O Popular (2008), a poluição das águas do Rio Meia Ponte se agrava a um grau elevadíssimo no trecho em que banha Goiânia, mas o rio sofre desde a sua nascente, no município de Itauçu, até a sua foz, quando deságua no Paranaíba.

Nos últimos anos, o rio Meia Ponte está com a sua vida comprometida pela poluição em toda a extensão de seus 471 quilômetros. Em diferentes pontos do perímetro urbano de Goiânia, foi observada uma grande quantidade de lixo em seu leito e margens, falta de mata ciliar em vários trechos, e a existência de efluentes domésticos e industriais, lançados diretamente em seu leito que só aumentam os problemas (UFG, 2003).

Na ocupação do espaço físico do rio Meia Ponte, podem-se distinguir duas fontes poluidoras: a urbana e a rural. A primeira é representada pelas atividades industriais e pelos efluentes domésticos sem tratamento, e a segunda engloba atividades de pecuária (suinocultura, piscicultura, bovinocultura e agroindústrias) e de extração mineral (UFG, 2003).

Existem hoje medidas que visa à recuperação do rio Meia Ponte. Trata-se do projeto “Meia Ponte – Rio por inteiro” e está sendo executado pela Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), juntamente com outros órgãos para a recuperação do Rio Meia Ponte. O projeto faz parte do Programa Nacional de Meio Ambiente II e está orçado em R$ 2 milhões, apenas no perímetro urbano de Goiânia.

Dentre as ações destaca-se a reativação dos viveiros da bacia hidrográfica do rio, a recomposição de cobertura vegetal em mais de 80 nascentes e a instalação de um comitê de bacia hidrográfica, com a aprovação de uma diretoria provisória. Segundo a SEMARH, a recuperação do rio Meia Ponte é um investimento a longo prazo, que, por base em outros estudos, deve levar de 20 a 30 anos para ser concluído (PROJETO..., 2002).

Imagem 6 - Visão da proteção típica das margens do Rio Meia Ponte – município de Aloândia

Fonte: Google Earth

4.1.4 Cidade de Goiânia

Goiânia, capital do estado de Goiás, é a segunda maior aglomeração urbana da Região Centro-Oeste do Brasil. O seu crescimento intensificou a partir da década de 1950 e é visto como decorrente do acelerado processo de êxodo rural, do avanço da fronteira agropecuária e do uso agrícola. De acordo com modernos modelos urbanísticos da época de sua criação, em 1934 a cidade foi projetada para 50.000 habitantes (MONTEIRO, 1979), atualmente tem uma população de 1.301.892 habitantes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010a).

Diante do exacerbado crescimento populacional, Goiânia vem apresentando problemas de escassez de água em períodos de seca, de modo que a bacia hidrográfica da região metropolitana sofre grande variação de disponibilidade hídrica. Tudo isso faz de Goiânia um dos maiores poluidores do rio Meia Ponte e, ao mesmo tempo, sua maior beneficiada, pois todo seu abastecimento é oriundo desta bacia, sendo 52% do João Leite e 48% diretamente do Rio Meia Ponte (GOIÁS, 2006c).

A cidade de Goiânia foi projetada para ser a capital do estado de Goiás, e tem 1.302.001 habitantes segundo censo do IBGE em 2010, é a segunda cidade da região Centro- oeste, e a principal cidade dentro da bacia hidrográfica do Rio Meia Ponte.

Goiânia foi fundada em 1933 por Pedro Ludovico Teixeira que foi interventor federal em Goiás durante o governo Getúlio Vargas, que iniciou em 1930 (GOMIDES, 2003).

Para justificar a construção da nova capital foram utilizados argumentos econômicos de que a capital de Goiás estava afastada das regiões mais desenvolvidas do estado. Seu crescimento também era dificultado pela topografia onde estava localizada, confinada em um vale estreito do Rio Vermelho, e os argumentos sanitários, entre os quais a falta de esgotos sanitário, e o fornecimento de água era feito por duas fontes construídas em 1770 (MONTEIRO, 1979).

No entanto o principal motivo que determinou a mudança da capital, foi o político, como nos informa Gomides (2003), pois com a tomada do poder central em 1930 por Getúlio Vargas, em Goiás quem assumiu como interventor foi Pedro Ludovico Teixeira, rompendo com um ciclo vicioso que dominava o estado desde 1912, através da família Caiado, que era oposição às novas forças que chegavam ao poder.

Para quebrar o poder dessa velha oligarquia que Pedro Ludovico Teixeira resolveu mudar a capital, criando assim um novo espaço político, e com isso o representante em Goiás do novo governo central, não só rompia com as velhas tradições, já que representava o novo, como ia de encontro ao pensamento de Getúlio Vargas de criar uma nova frente de desenvolvimento no interior do país, iniciando uma nova marcha para o oeste, só que dessa vez no Brasil, e assim nasceu Goiânia (GOMIDES, 2003).

MONTEIRO (1979), no seu livro “Como Nasceu Goiânia” trás um relato detalhado de como ocorreu à transferência da capital de Goiás para Goiânia.

A idéia da nova capital para o estado de Goiás vem de 1830, do Marechal de Campo Miguel Lino Moraes, que foi o segundo governador da província no Império, a esse respeito Americano do Brasil na sua “Sumula da História de Goiás” diz:

A primeira animosidade contra o depois Marechal de Campo Miguel Lino Moraes [...] quando em 1830 enumerou os problemas vitais da província, concluiu que a mudança da capital para o norte [...] região mais povoada e de comércio franco, era medida a ser tomada com urgência (MONTEIRO, 1979).

A Constituição estadual de 1891 previa em seu artigo 5º, título I (BRASIL, 1891 apud MONTEIRO, 1979):

A cidade de Goiás continuaria a ser capital do estado, enquanto outra cousa deliberar o congresso.

Com a revolução de 1930, quando Getúlio Vargas chegou ao poder, e em Goiás, Pedro Ludovico Teixeira assumiu como interventor e enviou um relatório, em 1933, que explicava a Getúlio Vargas os motivos para a mudança da capital, e nesse relatório ele anexa outro relatório feito em 1891 de Rodolfo Gustavo da Paixão, sobre as condições da capital que diz:

A capital de Goiás é, sem duvida uma daquelas cidades cujo estado sanitário, dia a dia é peor, reclama as mais prontas e enérgicas providências [...] O Rio Vermelho [...] a água viscosa desse ribeirão, despejo e lavadouro da população, não é e nem pode ser convenientemente distribuída às casa [...].

e continua,

Desprovida de um bom sistema de esgotos, capaz de evitar o uso prejudicialíssimo das latrinas perfurada no terreno, onde os materiais fecais sem escoamento entra em uma rápida decomposição e exala deletérios miasmos e absorvidos pelo sub-solo, bastante permeável, comunicam-se com os poços de serventia[...].

Hoje decorridos 42 anos, a capital de Goiáz ainda corresponde fielmente a descrição acima dizia Pedro Ludovico Teixeira em seu relatório a Getúlio Vargas [...] (MONTEIRO, 1979).

Com relação ao fornecimento de água potável o relatório faz a seguinte observação:

O problema de abastecimento de água permanece insolúvel, tal como em 1890, tal como sempre, toda água potável consumida pela população da capital, é transportada na cabeça, em potes, e fornecida pelas duas únicas e pobres fontes existentes, que são as mesmas mandadas construír, há 160 anos [...] (MONTEIRO, 1979).

Com isso justificava a mudança da capital para um novo local que tivesse as condições de salubridade e que houvesse água em quantidade suficiente para atender as necessidades da população. Após a concordância do governo Federal, um novo local foi escolhido para implantação da nova capital do estado, e o relatório para justificar o local escolhido segundo Monteiro (1979) diz o seguinte:

Campinas, situada numa extensa e vasta planura na altitude de 750m, circundada pelos rios “Meia Ponte” e “Anicuns” e o ribeirão “Cascavel” oferece todos os requisitos topográficos indispensáveis para construção de uma linda cidade moderna e salubérrima [...].

Este mesmo relatório trás a seguinte descrição:

[...] 1º - Rio “Meia Ponte”, situado a nordeste, a sete quilômetros de distancia, com uma descarga horária de 15.120.000 litros [...] nesse rio ainda existe a corredeira “Jaó” com uma diferença de nível de 8 metros capaz de fornecer uma força hidráulica de 450 cavalos vapor [...].

Assim o local da nova capital foi escolhido, praticamente em função do clima, da topografia, e principalmente pelos diversos cursos d’água existentes na região, sendo o principal o rio Meia Ponte, que contribuiu, portanto, de maneira decisiva para a transferência da capital do estado da cidade de Goiás para Goiânia, junto ao município de Campinas (MONTEIRO, 1979).

Ainda segundo Monteiro (1979), com o decreto nº 3937 de 26 de outubro de 1933, que autoriza a aquisição de terras para nova capital, o arquiteto Atílio Correia Lima escreve para Pedro Ludovico Teixeira sugerindo que todas as terras onde estão as bacias dos córregos Bota Fogo, Areião, Capim Puba até as margens do rio Meia Ponte, ficassem dentro do perímetro urbano da nova capital.

Esta providência, segundo Atílio Correia Lima, mantinha o estado na posse das nascentes desses córregos, evitando que o particular lançasse nos seus leitos os rejeitos tanto industrial como doméstico, além do estado poder ter um controle sobre a bacia de infiltração, e com isso garantir que os mananciais fornecessem água para a nova cidade, evitando a contaminação e haveria economia no tratamento da água a ser servida à população. O que foi integralmente aceito pelo interventor (MONTEIRO, 1979).

O que observa-se são as margens dos cursos d’água serem devastadas para dar lugar a pastagem ou mesmo a agricultura, as nascentes praticamente contaminadas, e se estiverem dentro do perímetro urbano são invadidas, se não quando aterradas para darem lugar às construções de novas moradias, num total desrespeito a conservação. Os órgão que deveriam cuidar da fiscalização são ocupados por políticos ou profissionais sem nenhum comprometimento com a preservação do meio ambiente, existindo claro, exceções, mas essas são insuficientes para dar conta de todas as tarefas necessárias (MONTEIRO, 1979).

Monteiro (1979), trás ainda uma transcrição do contrato do escritório de Atílio Correia Lima para a construção da nova capital, que faz referência ao fornecimento de água e esgotamento sanitário que diz “prevendo um consumo diário de 300 L/dia habitante, o córrego Bota Fogo com vazão de 16 litros por segundo no período de seca, poderá suprir a população inicial.

Do que foi visto acima, compreendemos que a cidade foi construída em função dos cursos de água da região e principalmente do rio Meia Ponte. Isso mostra que a cidade não só no início, mas mesmo hoje, é totalmente dependente do rio. No entanto, como observamos no dia a dia da cidade, este rio que é como uma artéria que ajuda a lhe dar vida, está sendo paulatinamente destruído, principalmente na área urbana da cidade.

As imagens 07 e 08 mostram vistas parciais da cidade de Goiânia tendo o mesmo ponto de referência, mas em datas diferentes. A imagem 07 dá uma visão da região próxima ao autódromo de Goiânia com foto de 10 de setembro de 2002 e a imagem 08 com foto de 15 de maio de 2011. Verifica-se a expansão da urbanização ocorrida nesse lapso de tempo, tendo em destaque o rio Meia Ponte.

Imagem 7 - Vista parcial de Goiânia com imagem de 10/09/2002

Fonte: Google Earth

Imagem 8 - Vista parcial de Goiânia com imagem de 15/05/2011

Fonte: Google Earth

rio Meia Ponte

5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO, QUÍMICA E BIOLÓGICA DA ÁGUA DO RIO MEIA PONTE

5.1 INTRODUÇÃO QUALIDADE DA ÁGUA

Antes de definir os critérios necessários para aferir a qualidade da água, é preciso conceituar o que vem a ser qualidade. Na percepção de Batalha e Parlatorre (1998, p. 6), “qualidade é algo que dá identidade a um ser”.

O dicionário Aurélio (QUALIDADE, 2004) traz alguns significados sobre o termo qualidade, tais como: (1) propriedade, atributo ou condições das coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e de lhes determinar a natureza; (2) numa escala de valores, qualidade que permite avaliar e, consequentemente, aprovar, aceitar e recusar qualquer coisa; (3) condição, posição, função.

Para o Brasil (2006, p. 19):

A qualidade da água tem sido comprometida desde o manancial, pelo lançamento de efluentes e resíduos, o que exige investimento nas estações de tratamento e alterações na dosagem de produtos para se garantir a qualidade da água na saída das estações. No entanto, tem-se verificado que a qualidade da água decai no sistema de distribuição devido a intermitência do serviço, pela baixa cobertura da população com sistema público de esgotamento sanitário, pela obsolescência da rede de distribuição e mesmo uma manutenção deficiente, entre outros. Nos domicílios, os níveis de contaminação elevam-se pela precariedade das instalações hidráulico- sanitárias, e falta de manutenção dos reservatórios e pelo manuseio inadequado da água.

Pelo exposto acima, a preservação da bacia hidrográfica para ter uma água de boa qualidade e com isso diminuir os custos de tratamento é tão importante quanto a manutenção das redes de distribuição bem como dos reservatórios domiciliares. Isto porque, os custo de preservação de uma bacia hidrográfica e os custo para tratar a água bruta podem tornar inútil se após a estação de tratamento não tiver uma manutenção adequada para manter essa água em boas condições de uso.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987), os padrões de qualidade são constituídos por um conjunto de parâmetros e respectivos limites, como concentrações de poluentes, em relação aos quais os resultados dos exames de uma amostra de água são comparados, aquilatando-se a qualidade da água para um determinado fim. Os padrões são estabelecidos com base em critérios científicos que avaliam o risco para uma dada vítima e o dano causado pela exposição a uma dose conhecida de um determinado poluente.

A qualidade da água pode ser definida segundo a presença de substâncias inorgânicas em diferentes concentrações e especificações ou segundo a composição e estrutura da biota aquática presente no corpo da água (BATALHA; PARLATORRE, 1998).

Para Batalha e Parlatorre (1998, p. 29):

A água no seu estado de pureza total não existe; deve-se imaginá-la como uma substância que se manifesta sob a forma de numerosas dispersões aquosas, de composição muito variável, que lhe conferem, em consequência, características que nem sempre são aquelas que representam a condição desejada.

Para cada uso da água é exigido um limite máximo de impureza que essa água pode conter. Esse limite, quando determinado por organismos oficiais, é chamado de padrão de qualidade (MOTA, 1995).

Ainda segundo Mota (1995), as exigências de uma água destinado ao consumo humano são diferentes das exigências de uma água pra irrigação ou recreação, que por sua vez é diferente das exigidas para uma água que se destina apenas ao uso estético ou transporte de despejos domésticos ou industriais.

Segundo Von Sperling (1996) a qualidade de uma água é função de seus usos previstos, e nos casos em que a água tem múltiplos usos, a qualidade dessa água tem de atender todos os usos previstos.

De acordo com Branco (2001 apud RODRÍGUEZ, 2001), a expressão “qualidade da água” não é referente a um grau de pureza absoluto ou próximo disso, mas refere-se a um padrão tão próximo quanto possível do “natural”, ou tal como se encontra nas nascentes, antes do contato com o homem. Além disso existe um grau de pureza desejável, que irá depender de qual uso se destina, se abastecimento, irrigação, pesca, lazer, etc.

A qualidade da água é resultante da atuação do homem e de fenômenos naturais, e de modo geral esta qualidade é determinada em função do uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica e deve aos fatores: Condições naturais, pois mesmo em uma bacia preservada, a qualidade das águas subterrâneas é afetada pelo escoamento superficial e infiltração no solo devido a precipitação atmosférica; Interferência do homem, seja ela concentrada como nos despejos de lixo doméstico ou industrial, ou de forma dispersa como na aplicação de defensivos agrícolas no solo, contribui para introduzir compostos na água. Portanto a forma como o homem ocupa o solo tem uma implicação direta na qualidade da água (VON SPERLING, 1996).

O CONAMA, através da portaria nº 357 diz: “classe de qualidade: conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários ao atendimento dos usos preponderantes atuais e futuros” (BRASIL, 2005, art. 2º, inciso ix).

Segundo Tucci e Cordeiro Netto (2001) a qualidade da água:

[...] depende das condições geológicas e geomorfológicas e de cobertura vegetal da bacia de drenagem, do comportamento dos ecossistemas terrestres e de águas doces e das ações do homem. As ações do homem que mais podem influenciar a qualidade da água são: lançamento de cargas nos sistemas hídricos, alteração do uso do solo rural e urbano e modificação no sistema fluvial.

Os rios que atravessam as cidades brasileiras em sua maioria estão deteriorados e esse é o maior problema ambiental do Brasil, esta deterioração ocorre porque a grande maioria das cidades não possui tratamento de esgoto doméstico e coleta de lixo, jogando in natura o esgoto nos rios (TUCCI; CORDEIRO NETTO, 2001).

Algumas cidades possuem rede de esgoto, mas não existe tratamento desse esgoto, agravando ainda mais a situação, pois concentra em uma pequena seção do rio uma enorme carga de esgoto. Quando existe rede de esgoto com estação de tratamento deste, esta estação muitas vezes não coleta todo o volume, pois existe um volume considerável de ligações clandestinas ao sistema de drenagem pluvial (TUCCI; CORDEIRO NETTO, 2001).

O esgoto industrial é processado em sua maioria, pois o controle deste tipo de efluente é feito por agências de regulação, que dispõem de instrumentos legais para pressionarem as empresas a adotarem sistemas de tratamento de seus efluentes. No entanto estas mesmas agências não atuam quando o descumprimento das leis ambientais é feito por empresas controladas pelo estado (TUCCI; CORDEIRO NETTO, 2001).

A água além de dissolver as substâncias, ela transporta as partículas dissolvidas, que mudam continuamente de posição ao longo desse transporte e com isso estabelece um caráter fortemente dinâmico a questão da qualidade da água (BRASIL, 2006).

A junção da capacidade de dissolução mais a de transporte, leva ao fato de que a qualidade da água é uma resultante de processos que acontecem dentro do corpo hídrico bem como na sua bacia de drenagem, pois na bacia hidrográfica é onde ocorre a maioria dos fenômenos que irão, em uma última escala, conferir à água suas características de qualidade, (BRASIL, 2006).

Para obter uma qualidade satisfatória da água é necessária uma gestão eficiente das águas de uma bacia, e a gestão das águas no Brasil segundo Christofidis (2001), passou fases distintas, inicialmente um modelo burocrático, no fim do século XIX e início do século XX, onde a administração pública cumpria os dispositivos legais, e devido à complexidade e abrangência dos problemas foi gerado uma enorme quantidade de leis, decretos, etc. Era uma visão fragmentada, com desempenho restrito ao cumprimento das normas legais e dificuldade de adaptar às mudanças internas e externas bem como centralização do poder decisório.

Na segunda fase o papel do estado como empreendedor tem como base a criação, nos Estados Unidos, da Tennessee Valley Authority como primeira entidade de bacia hidrográfica que se caracteriza pelo uso de instrumentos econômicos financeiros pelo poder público para promover o desenvolvimento.

E o último modelo de gestão, ainda segundo Christofidis (2001), é o modelo sistêmico de integração participativa com três mecanismos, a saber: planejamento estratégico por bacia hidrográfica; a tomada de decisão por deliberação e negociação, e a adoção de instrumentos

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