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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC /2015-3

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 005.979/2015-3

1 GRUPO I – CLASSE I – Segunda Câmara

TC 005.979/2015-3 [Apenso: TC 032.479/2014-0]

Natureza: Embargos de Declaração em Recurso de Reconsideração TCE

Órgão/Entidade/Unidade: Município de Quixadá/CE

Responsáveis: José Ilário Gonçalves Marques (CPF 161.388.803- 15) e Rômulo Nepomuceno Bezerra Carneiro (CPF 340.288.033- 49), ex-prefeitos de Quixadá/CE nos períodos, respectivamente, de 2001-2008 e 2009-2012

Embargante: José Ilário Gonçalves Marques (CPF 161.388.803- 15)

Representação legal: Allan Gardan Fernandes de Sousa (25977/OAB-CE), Gabriella Rollemberg (OAB/DF 25.157) e outros, representando José Ilário Gonçalves Marques; Antonio Carlos Fernandes Pinheiro (22941/OAB-CE) e outros, representando Rômulo Nepomuceno Bezerra Carneiro.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS

ESPECIAL. MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA. CONVÊNIO PARA APOIO A CRIAÇÃO DE PEIXES. OBJETO NÃO EXECUTADO. OBJETIVO SOCIAL NÃO ALCANÇADO. FATORES DETERMINANTES PARA O INSUCESSO PREVISÍVEIS PELOS

RESPONSÁVEIS. DÉBITO

CORRESPONDENTE AOS VALORES

TRANSFERIDOS PELO CONVENENTE NA GESTÃO DE CADA PREFEITO. MULTAS.

RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO.

ARQUIVAMENTO INCABÍVEL. FASE DE CITAÇÃO REALIZADA. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. RESPONSABILIDADE DO PREFEITO RECORRENTE DECORRE DO

DEVER DE SUPERVISÃO E AOS

PAGAMENTOS REALIZADOS EM SUA GESTÃO. RECURSOS FEDERAIS OBJETO DE TOMADA DE CONTAS ESPECIAL COM PROCESSAMENTO NO TCU NÃO SE CONFUNDEM COM RECURSOS DE OUTRA ORIGEM GERIDOS PELO PREFEITO. NÃO

PROVIMENTO. EMBARGOS

DECLARATÓRIOS. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE CRIAÇÃO DE TILÁPIAS INVIABILIZADA POR AUSÊNCIA DA AUTORIZAÇÃO DO USO DAS ÁGUAS DOS AÇUDES. RESPONSABILIDADE. CONDUTA OMISSIVA DO EX-PREFEITO. SIGNATÁRIO DO CONVÊNIO E GARANTIDOR DA CORRETA APLICAÇÃO DOS RECURSOS

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FEDERAIS. AQUISIÇÃO DE MATERIAIS SEM O CONSEQUENTE BENEFÍCIO À COMUNIDADE LOCAL. DANO AO ERÁRIO.

CONHECIMENTO. COMPROVAÇÃO DA DEVOLUÇÃO AOS COFRES PÚBLICOS DE PARTE DOS RECURSOS QUE FORA INCLUÍDA NO DÉBITO. REDUÇÃO DO VALOR DO DÉBITO E DA MULTA

APLICADOS AO EMBARGANTE.

PROVIMENTO PARCIAL COM EFEITOS INFRINGENTES.

RELATÓRIO

Adoto como Relatório, nos termos do art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei 8.443/92 a instrução de peça eletrônica de peça 97, lavrada no âmbito da Secretaria de Recursos (Serur), a qual foi endossada pelo Diretor da Subunidade, por delegação de competência do titular da unidade instrutiva (peça 98):

“INTRODUÇÃO

Trata-se de embargos de declaração (peças 89 a 92) interpostos por José Ilário Gonçalves Marques, ex-prefeito de Quixadá-CE (2001-2008), contra o Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara (peça 79), de relatoria do Ministro Raimundo Carreiro, transcrito na íntegra abaixo:

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial interposto por José Ilário Gonçalves Marques contra os termos do Acórdão 9548/2018- TCU-2ª Câmara, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer do recurso, com fundamento nos artigos 32, I e 33, da Lei 8.443/1992, e artigo 285, do RI/TCU, para, no mérito, negar-lhe provimento;

9.2. dar conhecimento desta decisão ao Sr. José Ilário Gonçalves Marques e ao Município de Quixadá/CE.

HISTÓRICO

2. Esta tomada de contas especial foi instaurada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, em desfavor de José Ilário Gonçalves Marques, ex-prefeito municipal de Quixadá/CE (gestão 2001-2004 e 2005-2008), e de Rômulo Nepomuceno Bezerra Carneiro, também ex-prefeito (gestão 2009-2012), em razão da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos repassados pelo referido ministério à prefeitura por meio do Convênio 151/2005, Siafi 543.327, que previa desenvolver unidades demonstrativas de criação de tilápias em gaiolas (peça 1, p. 27-37).

3. Havia a previsão do emprego de R$ 329.450,00, dos quais R$ 217.450,00 ficaram sob responsabilidade da União e R$ 112.000,00 a cargo do convenente (peça 1, p. 29-31). O convenente repassou recursos ao município da seguinte forma (peça 2, p. 57): R$ 31.000,00 (7/2/2006), R$ 16.000,00 (11/7/2007) e R$ 170.450,00 (13/5/2009).

4. O Ministério da Pesca e Aquicultura impugnou a integralidade dos recursos repassados, pelo não atingimento dos objetivos propostos no convênio, a teor do Relatório de TCE 02/2014 (peça 2, p. 57-61).

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3 5. No âmbito do TCU, o órgão concedente foi diligenciado para que apresentasse aos autos todos os documentos da prestação de contas (peças 5-6). Ao analisar o material remetido (peças 7-18), a Secex-CE (peça 19, p. 3-7) ratificou a conclusão do ministério, razão pela qual foram realizadas as citações solidárias dos ex-prefeitos José Ilário Marques e Rômulo N. B. Carneiro (peças 20-23).

6. A Secex-CE (peças 31-33 e 38-40) concluiu que as alegações de defesa dos responsáveis (peças 29, 34 e 35) foram insuficientes para elidir a irregularidade a eles atribuídas e, propôs, em pareceres convergentes, julgar as contas irregulares, condenar os responsáveis ao ressarcimento do débito e aplicar-lhes a multa prevista no art. 57 da Lei Orgânica do TCU.

7. O Ministério Público/TCU (peça 45), o Relator original (peça 47) e a Segunda Câmara (peça 46), em essência, acolheram o exame da unidade técnica, nos termos do Acórdão 9.548/2018.

8. O ex-prefeito José Marques interpôs recurso de reconsideração (peça 61), cujo mérito resultou na negativa de provimento, por meio do Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara, de relatoria do Ministro Raimundo Carreiro (peça 79). Tal decisão fundamentou-se nos seguintes apontamentos (peça 80): (a) não cabe arquivamento do processo, em razão do cumprimento da fase de citação; (b) não houve a prescrição da pretensão punitiva do TCU; (c) o recorrente foi responsabilizado pelo débito decorrente dos pagamentos indevidos realizados em sua gestão; e (d) o débito apurado nos autos tem origem nos recursos federais repassados.

9. Passa-se ao exame dos embargos de declaração de peças 89 a 92.

EXAME DE ADMISSIBILIDADE

10. O Ministro Raimundo Carreiro determinou o exame do recurso (peça 94), cuja análise de admissibilidade foi realizada às peças 95 e 96 com a proposta de conhecimento e suspensão dos efeitos do subitem 9.1 do Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara.

EXAME DE MÉRITO

11. Constitui objeto desta análise definir se há obscuridade, omissão ou contradição no Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara.

Argumentos

12. José Ilário Gonçalves Marques alega que o acórdão recorrido se pautou em informações insuficientes, imprecisas e contraditórias, que resultou na manutenção de sua condenação nestes autos.

Para tanto, o recorrente afirma que:

12.1. Sua conduta se restringiu à assinatura do termo do convênio, ao uso dos recursos municipais no pagamento ao Instituto Sertão Central e à prestação parcial de contas (aprovada).

Noutras palavras, o embargante afirma que não realizou nenhuma despesa com recursos federais (peça 89, p. 8, 11, 15).

12.2. Afastou-se do cargo de prefeito municipal no período de 20/09/2006 a 28/02/2007 em razão dos sérios danos físicos sofridos em um acidente aéreo. Na sua ausência, o prefeito interino Francisco Cristiano Maciel de Góes ordenou a realização de licitação (Pregão 053/2006), a contratação e o pagamento à empresa Roberto L. G. e Teixeira Ltda. pelo fornecimento das cem gaiolas e de dois aparelhos limnológicos. Apesar disso, o exame da Serur (peça 75, p. 5) apontou a improbabilidade de o ex-prefeito não ter participado de algum modo das tratativas que levaram à contratação da referida empresa (peça 89, p. 7, 9-11, 15).

12.3. A responsabilidade pelo pagamento realizado à contratada é do prefeito interino Francisco Góes, agente público que ordenou a referida despesa, nos termos do art. 209, §5º, I do RITCU (peça 89, p. 10).

12.4. A nota fiscal nº 250, de 20/12/2006, comprova a aquisição das gaiolas e dos equipamentos, ordenada pelo prefeito interino e sem a antecipação de pagamento (peça 89, p. 11-12).

12.5. A responsabilidade pelos atos do secretário de agricultura Erenir Lima Tavares (subordinado) é do prefeito interino, fundamentada na culpa in vigilando e na culpa in elegendo (peça 89, p. 10-11).

12.6. No retorno ao cargo de prefeito (28/2/2007), o embargante deu seguimento à execução de despesas (somente com recursos municipais), pois tinha convicção da obtenção das outorgas

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necessárias à consecução do objeto do convênio (peça 89, p. 8, 11).

12.7. O embargante não adotou providências tendentes a reaver recurso, porque entendia que as medidas para a fiel execução do objeto do convênio haviam sido tomadas, o que foi corroborado com a aprovação de sua prestação de contas parcial (peça 89, p. 11).

12.8. Não havia qualquer objeção à contratação de assistência técnica para o oferecimento de cursos aos futuros produtores de tilápias. Ademais, os pagamentos foram realizados com recursos municipais da contrapartida (peça 89, p. 11).

12.9. O TCU não tem competência para avaliar os recursos municipais (contrapartida) usados no pagamento do Instituto Sertão Central (março de 2007 a dezembro de 2008), a teor do item 29 do voto condutor do acórdão recorrido (peça 89, p. 8, 11-12).

12.10. O embargante adotou todas as medidas cabíveis para obtenção das licenças ambientais, no período que esteve à frente do convênio (peça 89, p. 13).

12.11. O Juízo Federal rejeitou a denúncia do Ministério Público Federal de malversação de recursos públicos do Convênio 151/2005, no âmbito da ação civil de improbidade administrativa nº 0000125-67.2013.4.05.8105 e deu provimento ao agravo de instrumento por ausência de indícios da participação do ex-prefeito nas irregularidades apontadas no convênio, no âmbito do processo nº 0000331-15.2014.4.05.0000 (peça 89, p. 13-14 e peças 90-92).

12.12. Os cursos a cargo do Instituto Sertão Central foram ministrados e, na medida do possível, a Cocepat prestou os serviços de assistência técnica, segundo o Juízo Federal (peça 89, p. 15).

12.13. A implantação do projeto não obteve sucesso em decorrência da ação indevida do órgão responsável pela concessão das outorgas do uso das águas dos açudes e da ocorrência da maior seca da história na região, o que gerou o declínio dos níveis de água, tornando inviável a atividade pesqueira pretendida (peça 89, p. 6, 14).

Análise

13. O quadro-resumo abaixo apresenta os principais documentos dos autos:

Descrição Data Localização

Plano de Trabalho 31/12/2005 Peça 1, p. 39-52

Termo do Convênio 151/2005 31/12/2005 Peça 1, p. 27-37

1ª ordem bancária (R$ 31.000,00) 09/02/2006 Peça 8, p. 69

1º termo aditivo: indicação do programa e natureza de despesa 01/06/2006 Peça 1, p. 60-62 2º termo aditivo: prorrogação de prazo 31/01/2007 Peça 1, p. 66-68

2ª ordem bancária (R$ 16.000,00) 13/07/2007 Peça 12, p. 6

Prestação de contas parcial apresentada pelo ex-prefeito José I. Marques 18/07/2007 Peça 8, p. 3-133 Parecer 52/2007: análise da prestação de contas parcial 21/09/2007 Peça 1, p. 74-78 Documentos complementares apresentados por José I. Marques 31/10/2007 Peça 8, p. 151-183

Peças 9/10, p. 1-44 3º termo aditivo: alteração do cronograma de desembolso 23/11/2007 Peça 1, p. 92-94 Parecer 63/2007: análise dos documentos apresentados por José Marques 11/12/2007 Peça 1, p. 96-100 4º termo aditivo: prorrogação de prazo 31/01/2008 Peça 1, p. 108-110 Manifestação do ex-prefeito José I. Marques sobre o parecer 63/2007 31/05/2008 Peça 10, p. 60-103

Peças 11/12, p. 1-112 Parecer 20/2008: análise de justificativas da prefeitura ao parecer 63/2007 05/09/2008 Peça 1, p. 112-116 Cópia de cheques apresentados pelo ex-prefeito José I. Marques 22/09/2008 Peça 12, p. 134/39

Parecer 25/2008: análise financeira 28/10/2008 Peça 1, p. 122-140

Manifestação do ex-prefeito José Marques sobre o parecer 25/2008 20/11/2008 Peça 12, p. 162/202 e Peça 13, p. 2-110 Parecer 03/2009: análise dos documentos complementares apresentados 30/01/2009 Peça 1, p. 158-164 5º termo aditivo: prorrogação de prazo 31/01/2009 Peça 1, p. 154-156

3ª ordem bancária (R$ 170.450,00) 13/05/2009 Peça 2, p. 57

6º termo aditivo: prorrogação de prazo 31/07/2009 Peça 1, p. 178-180 7º termo aditivo: prorrogação de prazo 29/01/2010 Peça 1, p. 186-188 8º termo aditivo: prorrogação de prazo 30/07/2010 Peça 1, p. 194-196

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5 9º termo aditivo: prorrogação de prazo 31/01/2011 Peça 1, p. 202-204 Prestação de contas final do ex-prefeito Rômulo Carneiro 28/06/2011 Peça 14, p. 3-174

Peça 15, p. 1-139 Comprovante de recolhimento do saldo de R$ 42.893,91 (GRU) 29/06/2011 Peça 1, p. 214

Parecer técnico 47/2012 14/03/2012 Peça 1, p. 229-235

Parecer 31/2012: análise da prestação de contas final 16/03/2012 Peça 1, p. 220-225 Manifestação do município de Quixadá-CE 25/04/2012 Peça 15, p. 197-223

Peça 16, p. 1-127

Parecer técnico 101/2012 21/08/2012 Peça 1, p. 253-255

Parecer 003/2014 10/01/2014 Peça 2, p. 3-10

Relatório de tomada de contas especial nº 02/2014 14/03/2014 Peça 2, p. 57-61 Relatório da Controladoria-Geral da União 03/02/2015 Peça 2, p. 73-79

Exame técnico da Secex-CE 01/06/2015 Peças 3 e 4

Diligência junto ao Ministério da Pesca e Aquicultura 23/06/2015 Peças 5 e 6 Resposta do Ministério da Pesca e Aquicultura 20/07/2015 Peça 7 a 18

Exame técnico da Secex-CE 10/12/2015 Peça 19

Citação de José Marques 28/12/2015 Peças 21 e 22

Citação de Rômulo Carneiro 24/12/2015 Peças 20 e 23

Alegações de defesa de Rômulo Carneiro 15/01/2016 Peça 29

Exame técnico da Secex-CE 02/02/2016 Peças 31 a 33

Alegações de defesa de José Marques 16/02/2016 Peças 34 e 35

Parecer do Ministério Público de Contas 15/06/2016 Peça 36

Exame técnico da Secex-CE 12/07/2016 Peças 38 a 40

Parecer do Ministério Público de Contas 26/10/2017 Peça 45

Relatório, voto e parte dispositiva do Acórdão 9.548/2018-2ª Câmara 04/10/2018 Peças 46 a 48 Recurso de reconsideração de José Marques 23/11/2018 Peças 61 e 62

Exame técnico da Serur 10/04/2019 Peças 75 e 76

Relatório, voto e parte dispositiva do Acórdão 3.888/2019-2ª Câmara 24/06/2019 Peças 79 a 81 Embargos de declaração de José Marques 07/10/2019 Peças 89 a 92

14. O plano de trabalho previu a realização das seguintes etapas (peça 1, p. 48):

Etapas Valor (R$)

Aquisição de 100 gaiolas 25.000,00

Aquisição de 2 aparelhos limnológicos 6.000,00

Aquisição de 80.000 alevinos 17.600,00

Aquisição de 94.500 kg de ração 122.850,00

Processo de liberação das áreas para implantação das unidades nos açudes 16.000,00 Capacitação em associativismo, criação e processamento de tilápias 30.000,00

Assistência técnica 112.000,00

Total 329.450,00

15. O ex-prefeito José Ilário Marques (2001-2004 e 2005-2008) fora citado, em solidariedade com seu sucessor, Rômulo Nepomuceno Bezerra Carneiro (peça 21), em virtude da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos federais transferidos à Prefeitura de Quixadá/CE, em face da não execução do objeto e do não atingimento dos objetivos estabelecidos no Convênio 151/2005.

16. O Acórdão 9.548/2018-TCU-2ª Câmara deixou assente que (peças 45 a 47):

16.1. As atividades de piscicultura não foram implementadas (finalidade social não atingida) pela ausência de licenciamento ambiental e da autorização de outorga de água para uso em aquicultura, embora tenha-se comprovado a aquisição de equipamentos e a execução de estruturas de suporte ao empreendimento.

16.2. É do ex-prefeito José Ilário Marques a responsabilidade pelo débito de R$ 31.000,00 (7/2/2006) e de R$ 16.000,00 (11/7/2007), valores geridos em seu mandato, que, inclusive, foram incluídos na sua prestação de contas parcial (peça 1, p. 72 e peça 10, p. 60).

17. Em sede recursal, o Tribunal apontou que (itens 16, 18, 21, 24, 25, 26, 27 e 29 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara às peças 79 e 80, p. 3-4):

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17.1. O objetivo de gerar emprego e renda com a produção e comercialização de peixes não foi alcançado, dado a ausência de licença ambiental e de autorização do uso da água, necessários à implementação do projeto.

17.2. A responsabilidade do ex-prefeito José Ilário Marques não pode ser transferida para seu subordinado direto, em razão dos entraves à obtenção das licenças ambientais terem constituído impedimento à realização de quaisquer despesas no âmbito do convênio.

17.3. O ex-prefeito José Ilário Marques, ciente da não implantação do projeto, jamais poderia ter autorizado ou concordado com os pagamentos realizados.

17.4. O ex-prefeito José Ilário Marques não adotou qualquer medida corretiva para reaver os recursos gastos durante sua licença médica, bem assim, depois de reassumir o cargo, continuou a realizar despesas sem que objeto do convênio fosse cumprido.

17.5. O pagamento de R$ 33.000,00, com posterior devolução de R$ 2.000,00, pela entrega das cem gaiolas e dos dois aparelhos limnológicos, caracterizou o pagamento adiantado, em afronta aos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964.

17.6. Os pagamentos efetuados ao Instituto Sertão Central por serviços de assistência técnica, não integralmente prestados pela inexistência das unidades criadouras, são suficientes para a responsabilização do ex-prefeito José Ilário Marques.

17.7. É de competência do TCU o julgamento dos processos que envolvam recursos federais.

18. Passa-se ao exame da responsabilidade do ex-prefeito José Ilário Marques e do inadimplemento do objeto do Convênio 151/2005, causado pela ausência da outorga do direito ao uso de água para aquicultura.

19. O período previsto para o convenente obter a licença ambiental e a autorização do uso da água foi do início da vigência do convênio (31/12/2005) até julho de 2006, segundo o cronograma do plano de trabalho, formulado pelo ex-prefeito José Ilário Marques (peça 1, p. 37, 46).

20. Em 20/10/2006, a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (Seap/PR) informou ao município a necessidade de a Seap/PR, Agência Nacional das Águas (Ana), Marinha do Brasil e Secretaria de Patrimônio da União autorizarem o uso dos recursos hídricos da União (peça 34, p. 31).

21. Em 8/10/2007, a Marinha do Brasil solicitou ao município uma reunião para agendar uma inspeção in loco, com vistas à emissão do parecer da Capitania dos Portos para outorga do uso de águas nos açudes (peça 34, p. 33).

22. As primeiras providências adotadas na gestão de José Ilário Marques, com o objetivo de obter a autorização para o uso das águas, deram-se com a emissão da nota de empenho de 23/10/2007 (R$ 2.304,00) e o pagamento das taxas da Marinha (peça 11, p. 73-83 e peça 34, p. 35-41).

23. Em 22/4/2008, a Seap/PR informou ao ente municipal que os espelhos d'água dos açudes Guanabara e Califórnia II são de domínio do Estado do Ceará e, por isso, os pedidos de outorga do uso da água para piscicultura nessas localidades deviam ser encaminhados a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (peça 34, p. 43-46).

24. Em 8/8, 28/8 e 1/9/2008, a Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará informou ao ex- prefeito José Ilário Marques que era da associação comunitária local, e não do município de Quixadá- CE, a legitimidade para formular o pedido de outorga do uso de água dos Açudes Jerusalém, Boa Vista, Floresta, Guanabara, Lagoa do Mato e Maria Preta (peça 34, p. 48-52).

25. Nota-se que, entre o início do convênio (dezembro de 2005) e a emissão do empenho para o pagamento de taxas da Marinha (outubro de 2007), passaram-se mais de 22 (vinte e dois) meses sem que José Ilário Marques tivesse adotado qualquer medida relacionada à liberação do uso das águas.

26. Afastado do cargo de prefeito municipal por motivo de saúde no período entre 20/09/2006 e 28/02/2007 (peça 34, p. 100-104), o ex-prefeito não apresentou justificativa por não ter adotado as providências ao seu alcance na tentativa de obter a autorização do uso das águas no período anterior (janeiro a setembro de 2006) e posterior (março a outubro de 2007) ao seu afastamento.

27. Portanto, remanesce a responsabilidade do ex-prefeito José Ilário Marques pela ausência da autorização do uso da água, que inviabilizou a implementação do projeto de criação de tilápias em

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7 gaiolas no município de Quixadá-CE e que, por isso, resultou em dano ao erário.

28. O recorrente alega (peça 89, p. 9) contradição entre o teor do item 11 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara (peça 80, p. 2) e a sua responsabilização nos autos.

29. Inexiste a contradição alegada porquanto o item 11 fez mera descrição do argumento recursal apresentado por José Ilario Marques à peça 62, sem qualquer juízo de sua responsabilidade.

30. Não há elementos de prova capazes de atribuir à Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará a responsabilidade pelo insucesso na implantação do projeto, bem como inexistem evidências nos autos de que a inviabilidade do projeto decorreu da ocorrência de seca histórica na região (declínio dos níveis de água dos açudes).

31. Oportuno registrar que na gestão sucessora do município (2009-2012) a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos do Ceará chegou a liberar provisoriamente (por seis meses) o uso das águas para piscicultura em quatro açudes: Jerusalém, Guanabara, Floresta e Boa Vista, conforme as outorgas nº 49, 51, 52 e 53, de 21/10/2011 (peça 34, p. 26-29) e o Parecer Técnico 47/2012 (peça 1, p. 233, 249).

32. A responsabilidade subjetiva do ex-prefeito José Ilário Marques caracterizou-se pelo nexo de causalidade estabelecido entre sua conduta omissiva (culposa) e o dano ao erário decorrente da não implantação das unidades de criação de tilápias.

33. A responsabilização do ex-prefeito pelo débito adveio da condição de signatário do convênio (peça 1, p. 37), que o fez garantidor da correta aplicação dos recursos federais. Assim, cabe esclarecer ao recorrente que mesmo que não tenha praticado pessoalmente atos referentes à execução dos recursos, deveria ter adotado as providências para que esta ocorresse dentro dos parâmetros ajustados e se atingisse o objetivo do convênio. Nesse sentido são os Acórdãos 2.059/2015-TCU- Plenário e 2.360/2015-TCU-Plenário, rel. Min. Benjamin Zymler, e 8.784/2017-TCU-1ª Câmara, rel.

Min. Bruno Dantas.

34. Desse modo, não há como transferir a responsabilidade do ex-prefeito José Ilário Marques ao prefeito interino Francisco Cristiano Maciel de Góes, responsável pelo pagamento da aquisição das gaiolas e dos aparelhos limnológicos (peça 8, p. 171, 173, peça 12, p. 34, 136-139 e peça 34, p. 100- 104).

35. Por idênticas razões, não há como atribuir ao prefeito interino a culpa in vigilando e a culpa in elegendo pelos atos praticados pelo secretário de agricultura Erenir Lima Tavares.

36. Com relação à análise contida no item 11.4 da peça 75, p. 5, é oportuno deixar claro ao recorrente que a possibilidade de o ex-prefeito ter participado das tratativas que levaram à contratação da empresa Roberto L. G. e Teixeira Ltda. não deu suporte à sua responsabilização nestes autos. A responsabilidade do embargante foi devidamente fundamentada nos itens 17 a 19 do voto condutor do Acórdão 9.548/2018-TCU-2ª Câmara (peça 47, p. 2) e no item 26 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara (peça 80, p. 4).

37. A passividade do ex-prefeito José Ilário Marques, acerca das providências necessárias à autorização do uso das águas, impediu que as aquisições efetuadas por seu substituto trouxessem benefícios efetivos à população local, o que fez remanescer o débito relacionado a tais despesas no valor de R$ 31.000,00.

38. Quando a parcela executada do convênio (no caso, aquisição de material) não for suficiente para o atingimento, ainda que parcial, dos objetivos do ajuste, sem quaisquer benefícios à sociedade, a possibilidade de aproveitamento do que já foi executado em eventual retomada das obras, por se tratar de mera hipótese, não de benefício efetivo, não enseja o correspondente abatimento no valor do débito apurado (v.g. Acórdão 12.170/2019-TCU-1ª Câmara, rel. Min. Marcos Bemquerer, 11.571/2018-TCU- 1ª Câmara, rel. Min. Benjamin Zymler, e 358/2017-TCU-1ª Câmara, rel. Min. Benjamin Zymler).

39. As tabelas abaixo informam as principais operações financeiras realizadas na conta específica e nas contas investimento do convênio, que facilitarão o entendimento do exame a seguir realizado.

Tabela 1 - Conta Corrente nº 20978 – conta específica do Convênio 151/2005

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 005.979/2015-3

Data Crédito Débito Descrição da operação Extrato bancário

09/02/2006 31.000 31.000 1º repasse federal e aplicação (tradicional)* Peça 12, p. 76 27/12/2006 33.000 33.000 resgate (tradicional) e pagamento ch 850001 Peça 12, p. 34 13/07/2007 16.000 16.000 2º repasse federal e aplicação (tradicional) Peça 12, p. 6 12/11/2007 2.304 2.304 resgate (tradicional) e pagamento ch 850002 Peça 11, p. 155, 157 13/02/2008 8.000 8.000 transferência (c)* e aplicação (tradicional) Peça 12, p. 102 06/03/2008

2.181

1.672 509

transferência (c) aplicação (tradicional) pagamento cheque 850004

Peça 11, p. 129, 131 07/03/2008 9.672 9.672 resgate (tradicional) e pagamento ch 850003 Peça 11, p. 129, 131 25/03/2008 576 576 resgate (tradicional) e pagamento ch 850005 Peça 11, p. 129, 131 15/04/2008

8.000 2.181

9.672 509

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850007 pagamento cheque 850008

Peça 12, p. 106

15/05/2008 509 509 resgate (tradicional) e pagamento ch 850010 Peça 12, p. 110 16/05/2008

8.000 2.181

9.672 509

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850009 aplicação (tradicional)

Peça 12, p. 110

27/05/2008 2.000 2.000 depósito e aplicação (tradicional) Peça 11, p. 39 Peça 12, p. 110 13/06/2008

8.000 2.181

9.672 509

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850011 aplicação (supremo)*

Peça 12, p. 200

16/06/2008 509 509 resgate (supremo) e pagamento ch 850012 Peça 12, p. 200 16/07/2008

8.000 2.181

9.672 509

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850013 pagamento cheque 850015

Peça 12, p. 190

13/08/2008

8.000 2.181

509 9.672

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850017 aplicação (supremo)

Peça 12, p. 184

14/08/2008 9.672 9.672 resgate (supremo) e pagamento ch 850016 Peça 12, p. 184 17/09/2008

2.181 8.000

9.672 509

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850018 aplicação (supremo)

Peça 12, p. 178

18/09/2008 509 509 resgate (supremo) e pagamento ch 850019 Peça 12, p. 178 17/11/2008

8.000 2.181

9.672 509

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850020 pagamento cheque 850021

Peça 14, p. 147

17/11/2008

8.000 2.181

9.672 509

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850022 pagamento cheque 850023

Peça 14, p. 147

24/12/2008

8.000 2.181

10.181

transferência (c) transferência (c) aplicação (supremo)

Peça 14, p. 145

(9)

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 005.979/2015-3

9 26/12/2008

10.181

9.672 509

resgate (supremo) pagamento cheque 850024 pagamento cheque 850025

Peça 14, p. 145

10/02/2009

8.000 2.181

9.672 509

transferência (c) transferência (c)

pagamento cheque 850026 pagamento cheque 850027

Peça 14, p. 143

15/05/2009 170.450 170.450 3º repasse e aplicação (supremo) Peça 14, p. 141 21/05/2009 120.200 120.200 pagamento ch 850028 e resgate (supremo) Peça 14, p. 141 25/02/2010

29.977

28.478 1.498

pagamento cheque 850029 pagamento cheque 850030

resgate (supremo) Peça 14, p. 139

*(c): transferência de recurso municipal da contrapartida

(tradicional): conta investimento BB Curto Prazo Administrativo Tradicional (supremo): conta investimento BB Renda Fixa Curto Prazo Supremo Setor Público

Tabela 2 - Conta Investimento BB Curto Prazo Administrativo Tradicional

Data Crédito Débito Saldo Operação Extrato bancário

09/02/2006 31.000 31.000 aplicação do 1º repasse Peça 12, p. 78

27/12/2006 33.000 198 resgate Peça 12, p. 36

13/07/2007 16.000 16.243 aplicação do 2º repasse Peça 12, p. 8

12/11/2007 2.304 14.184 resgate Peça 11, p. 157

13/02/2008 8.000 22.357 aplicação Peça 11, p. 145

06/03/2008 1.672 24.029 aplicação Peça 11, p. 131

07/03/2008 9.672 14.357 resgate Peça 11, p. 131

25/03/2008 576 13.840 resgate Peça 11, p. 131

15/05/2008 509 13.386 resgate Peça 12, p. 110

16/05/2008 509 13.895 aplicação Peça 11, p. 121

27/05/2008 2.000 15.895 aplicação Peça 11, p. 121

24/06/2011 18.878 saldo remanescente Peça 15, p. 73

29/06/2011 18.891 devolução ao concedente Peça 1, p. 214

Tabela 3 - Conta Investimento BB Renda Fixa Curto Prazo Supremo Setor Público

Data Crédito Débito Saldo Operação Extrato bancário

13/06/2008 509 aplicação Peça 12, p. 202

16/06/2008 509 resgate Peça 12, p. 202

13/08/2008 9.672 aplicação Peça 12, p. 202

14/08/2008 9.672 resgate Peça 12, p. 202

17/09/2008 509 aplicação Peça 14, p. 157

18/09/2008 509 resgate Peça 14, p. 157

24/12/2008 10.181 aplicação Peça 15, p. 77

26/12/2008 10.181 resgate Peça 15, p. 77

15/05/2009 170.450 aplicação do 3º repasse Peça 15, p. 87

21/05/2009 120.200 50.478 resgate Peça 15, p. 87

25/02/2010 29.977 22.167 resgate Peça 15, p. 105

24/06/2011 24.002 saldo remanescente Peça 15, p. 139

29/06/2011 24.002 devolução ao concedente Peça 1, p. 214

40. O primeiro repasse federal de R$ 31.000,00 foi aplicado na conta investimento BB Curto Prazo Administrativo Tradicional em 9/2/2006 (peça 12, p. 78).

41. Pode se dizer que tal montante foi integralmente utilizado na aquisição das gaiolas e dos aparelhos limnológicos, conforme resgate de R$ 33.0000,00 efetuado em 27/12/2006 (peça 12, p. 36), nota fiscal nº 250 (peça 8, p. 171), cheque 850001 (peça 12, 136-139), extrato da conta específica (peça 12, p. 34), recibo (peça 8, p. 173) e relação de pagamentos (peça 8, p. 159), combinado com a

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 005.979/2015-3

aplicação de R$ 2.000,00 realizada em 27/5/2008 (peça 11, p. 121), em razão da devolução desse valor pela contratada, como informam o comprovante de depósito bancário, a nota fiscal nº 328, o extrato bancário e o recibo de peça 11, p. 33-39, 119.

42. Do segundo repasse federal de R$ 16.000,00 (peça 12, p. 6) aplicado em 13/7/2007 na conta investimento BB Curto Prazo Administrativo Tradicional (peça 12, p. 8), foram resgatados R$ 2.304,00 (12/11/2007) e R$ 576,00 (25/3/2008) para o pagamento de taxas da Marinha (peça 11, p. 75-83, 129, 131, 141, 155, 157) e o restante permaneceu na referida conta investimento (peça 11, p. 121, 131, 135,153-159, 163, 145, 149, peça 12, p. 4, 8, 12, 180, 186, 192, 196, 202, e peça 15, p. 3- 73) até o seu recolhimento aos cofres da União (29/6/2011), junto com o saldo de R$ 24.002,78 da conta investimento BB Renda Fixa Curto Prazo Supremo Setor Publico (peça 15, p. 139), que totalizou R$ 42.893,91(peça 1, p. 214).

43. A maior parte do segundo repasse, junto com os rendimentos auferidos na conta investimento BB Curto Prazo Administrativo Tradicional, fora devolvida aos cofres da União e, desse modo, entende-se necessária a redução do valor do débito imputado ao ex-gestor no acórdão condenatório de 16.000,00 (11/7/2007) para R$ 2.304,00 (12/11/2007) e R$ 576,00 (25/3/2008).

44. Registra-se que os valores de R$ 9.672,73 (R$ 8.000,00 + R$ 1.672,73) e de R$ 509,09, aplicados e resgatados da conta investimento BB Curto Prazo Administrativo Tradicional, constantes à tabela abaixo, referem-se exclusivamente a recursos municipais da contrapartida que foram utilizados no pagamento do Instituto Sertão Central e no recolhimento do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN), conforme demonstram o plano de trabalho (peça 1, p. 48), o valor da parcela mensal definido no ajuste (peça 10, p. 78), a relação de pagamentos (peça 10, p. 66), as notas de pagamento (peça 11, p. 43, 57), a nota fiscal nº 52299, de 6/3/2008 (peça 13, p. 100), os cheques 850003 e 850010, de R$ 9.672,73 e R$ 509,09, respectivamente (peça 11, p. 69 e peça 10, p. 66) e o extrato da conta específica (peça 11, p. 129 e peça 12, p. 102, 1160) e da conta investimento (peça 11, p. 121, 131, 145):

Conta Investimento BB Curto Prazo Administrativo Tradicional

Data Crédito Débito Operação Extrato bancário

13/02/2008 06/03/2008 07/03/2008

8.000 1.672

9.672

aplicação de recurso municipal aplicação de recurso municipal

resgate para pagamento do cheque 850003

Peça 11, p. 129, 131, 145 e Peça 12, p. 102

15/05/2008 16/05/2008 509

509 resgate para pagamento do cheque 850010 aplicação na conta investimento

Peça 12, p. 110 Peça 11, p. 121

45. O pagamento pelos serviços de assistência técnica, com recursos da contrapartida municipal, foi ajustado entre o município de Quixadá-CE e o Instituto Sertão Central (cláusulas sexta e sétima da peça 11, p. 99) e definido pelo plano de trabalho (peça 1, p. 46 e 48). Ficou estabelecido que o desembolso dos R$ 112.000,00 se daria por meio de onze parcelas mensais de R$ 10.181,82.

46. Os valores de R$ 8.000,00 e R$ 2.181,82 (que somam R$ 10.181,82) transferidos para a conta específica nº 20978 em 13/2, 6/3, 15/4, 16/5, 13/6, 16/7, 13/8, 17/9, 17/11, 24/12/2008 e 10/2/2009; aliados às aplicações e resgates de R$ 9.672,73 e R$ 509,09 (que somam R$ 10.181,82) realizados com as contas investimentos em 13/2, 6/3, 7/3, 15/5, 16/5, 13/6, 16/6, 13/8, 14/8, 17/9, 18/9, 24/12 e 26/12/2008; aos pagamentos realizados com os cheques 850003, 850004, 850007, 850008, 850009, 850010, 850011, 850012, 850013, 850015, 850016, 850017, 850018, 850019, 850020, 850021, 850022, 850023, 850024, 850025, 850026 e 850027 em 6/3, 7/3, 15/4, 15/5, 16/5, 13/6, 16/6, 16/7, 13/8, 14/8, 17/9, 18/9, 17/11, 26/12/2008 e 10/2/2009 (vide tabelas do item 37 desta instrução);

às notas fiscais nº 52299, 52645, 53065, 53467, 53928, 54403, 54781, 55488, 55985, 56532 e 57362 (peça 13, p. 100-106, peça 16, p. 115-127); aos extratos bancários (referência nas tabelas) e à relação de pagamentos (peça 8, p. 7 e peça 10, p. 66), evidenciam a realização de 11 (onze) transferências mensais à conta específica, a título de contrapartida municipal, no montante de R$ 10.181,82, bem como apontam o pagamento dos serviços descritos nas 11 (onze) notas fiscais de mesmo valor, totalizando R$ 112.000,00.

47. Registra-se, portanto, que tais elementos de prova demonstram que o pagamento dos

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11 serviços de assistência técnica ao Instituto Sertão Central foi realizado exclusivamente com recursos da contrapartida municipal, como alega o embargante.

48. Assim, de forma diversa ao disposto no item 24 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019- TCU-2ª Câmara (peça 80), entende-se que apenas os pagamentos indevidos dos serviços de assistência técnica, efetuados exclusivamente com recursos municipais, são insuficientes para responsabilizar o ex-prefeito José Ilário Marques perante esta Corte de Contas. Todavia, isto não altera o fundamento que levou o Tribunal a responsabilizá-lo nestes autos, a teor dos itens 17 a 19 do voto condutor do Acórdão 9.548/2018-TCU-2ª Câmara (peça 47, p. 2) e item 26 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara (peça 80, p. 4).

49. Não é correta a afirmação do embargante de que o TCU não tem competência para avaliar os recursos municipais (contrapartida) usados no pagamento do Instituto Sertão Central.

50. O exame da prestação de contas de um convênio pelo TCU abrange, além da verificação da correta utilização dos valores federais repassados, a avaliação da aplicação da contrapartida pactuada.

Não havendo a comprovação desta, passa a ser exigível a devolução dos recursos federais que, indevidamente, substituíram a contrapartida não aplicada, restaurando-se a relação concedente- convenente firmada no termo de convênio (v.g. Acórdãos 1.156/2013-TCU-Plenário, rel. Min.

Benjamin Zymler, 593/2019-TCU-2ª Câmara, rel. Min. Raimundo Carreiro e 5.142/2019-TCU-1ª Câmara, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues).

51. Quanto à prestação dos serviços de assistência técnica, observa-se que não foram integralmente prestados pelo fato de que as unidades criadouras de tilápias sequer terem sido implementadas. Além disso, o relatório do Instituto Sertão Central (peça 34, p. 59-60) não reportou as atividades desenvolvidas nos meses de junho a dezembro de 2008 e fevereiro de 2009. Não se apresentou também o relatório semanal de atividades dos meses de abril, setembro, outubro, novembro, dezembro de 2008 e fevereiro de 2009 (peça 34, p. 66-74, 77-86), bem como não se exibiu as 100 (cem) fichas cadastrais de pessoal (peça 34, p. 75, 76), previstas no plano de trabalho (peça 1, p.

46).

52. A empresa Roberto L. Gomes e Teixeira Ltda. fora contratada pelo município (peça 9, p. 22, 24, 56, 64, 72-78) para o fornecimento das 100 (cem) gaiolas, 2 (dois) aparelhos limnológicos, 80.0000 alevinos e 94.500 quilogramas de ração pelo montante de R$ 151.200,00, conforme previsão do plano de trabalho (peça 1, p. 48).

53. Os elementos comprobatórios da aquisição das gaiolas e dos aparelhos limnológicos constituem-se do ateste da nota fiscal nº 250 (peça 8, p. 171), do cheque 850001 (peça 12, 136-139), do extrato bancário (peça 12, p. 34), do recibo (peça 8, p. 173) e da relação de pagamentos (peça 8, p. 159).

54. A descrição na nota fiscal nº 250 de “rendimento" para compra posterior de ração (peça 8, p. 171), o cheque de R$ 33.000,00 (peça 12, p. 136-139), o extrato bancário (peça 12, p. 34) e o recibo (peça 8, p. 173) demonstram a realização do pagamento antecipado de R$ 2.000,00, em afronta aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964. Tal irregularidade foi retificada com a posterior devolução de R$ 2.000,00 pela contratada, conforme comprovante de depósito bancário, nota fiscal nº 328, extrato bancário e recibo (peça 11, p. 33-39, 119), fato que foi relatado no Parecer Financeiro 25/2008 (peça 1, p. 124-126).

55. A falta do ateste de recebimento dos 80.000 alevinos e dos 94.500 quilogramas de ração, descritos na nota fiscal nº 342 (18/5/2009) de R$ 120.200,00 (peça 14, p. 91), aliada ao termo de compromisso de fiel depositário (peça 11, p. 61-63), indicam que as referidas mercadorias não foram entregues ao município pela contratada.

56. A Cooperativa Cearense de Prestação de Serviços e Assistência Técnica Ltda. (Cocepat) fora contratada pelo município pelo montante de R$ 29.977,00 (peça 14, p. 111-117) para a capacitação de 100 (cem) jovens na produção e processamento das tilápias e em cooperativismo, conforme a previsão do plano de trabalho (peça 1, p. 48).

57. A falta do ateste da realização dos cursos descritos na nota fiscal nº 2376 (23/2/2010) de

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R$ 29.977,00 (peça 14, p. 107), associada à ausência de outros elementos de prova como lista de presença de capacitados e treinados, conteúdo programático, lista dos instrutores, locais e data de realização, impedem a verificação da efetiva capacitação de pessoal.

58. Rememora-se que eventual comprovação da prestação dos serviços de assistência técnica (Instituto Sertão Central), do recebimento dos alevinos e da ração pela prefeitura (a cargo da empresa Roberto L. Gomes e Teixeira Ltda.), assim como da capacitação de pessoal (Cocepat), não altera a constatação de que inexistiu o efetivo benefício à população local, visto que as unidades criadouras sequer foram implementadas.

59. A responsabilidade pelo pagamento da aquisição dos alevinos e da ração (R$ 120.200,00), assim como da capacitação de pessoal (R$ 29.977,00), é do prefeito sucessor Rômulo N. B. Carneiro, que recebeu a terceira parcela de repasse federal no montante de R$ 170.450,00 (15/5/2009) e a quem coube a sua gestão (peça 1, p. 168 e peça 14, p. 141).

60. A verificação, nesta fase recursal, de débito a maior do prefeito sucessor (R$ 120.200,00 + R$ 29.977,00 = R$ 150.177,00), considerada a redução do valor devolvido que era favorável ao sucessor (R$ 42.893,91 - R$ 18.890,22 = R$ 24.002,78, conforme itens 40 e 41 desta instrução), obsta sua responsabilização por tal quantia em obediência ao princípio do non reformatio in pejus.

61. A alegação do embargante de que a prestação de contas parcial, por ele elaborada, fora aprovada pelo concedente no Parecer 003/2009 não afasta o entendimento assentado pelo Tribunal.

Primeiro, porque tal exame foi superado no Parecer 003/2014 (peça 2, p. 3-10) e no Relatório de TCE 02/2014 (peça 2, p. 57-61). Segundo, porque a análise do TCU não se vincula aos pareceres do concedente (v.g. Acórdãos 2.245/2014-TCU-Plenário, rel. Min. José Jorge, e 2.283/2011-TCU-2ª Câmara, rel. Min. Aroldo Cedraz).

62. As decisões judiciais no âmbito da ação civil de improbidade administrativa nº 0000125- 67.2013.4.05.8105, de natureza civil, não vinculam o juízo de valor formado na seara administrativa do TCU, em razão da independência entre as instâncias, que permite que uma mesma conduta seja valorada de forma diversa, em ações de natureza penal, civil e administrativa (v.g. Acórdãos 344/2015- TCU-Plenário, rel. Min. Walton Alencar Rodrigues, 382/2012-TCU-2ª Câmara, rel. Min. Aroldo Cedraz e 3.051/2019-TCU-Plenário, rel. Min. Raimundo Carreiro).

63. Do exposto, propõe-se o conhecimento dos embargos declaratórios, para, no mérito, dar- lhes provimento parcial e, em caráter excepcional, conceder-lhes efeitos infringentes para reduzir o valor do débito indicado no subitem 9.1.1 do Acórdão 9.548/2018–TCU–2ª Câmara para R$ 2.304,00 (12/11/2007) e R$ 576,00 (25/3/2008) e o valor da multa aplicada a José Ilário Gonçalves Marques no subitem 9.2 da mencionada decisão.

64. A proposta da concessão de efeitos infringentes aos embargos declaratórios visa corrigir premissa equivocada com base em erro de fato (cálculo do valor do débito), sobre a qual se fundou o acórdão embargado e cujo erro foi decisivo para o resultado do julgamento (v.g. Acórdãos 8.975/2018- TCU-1ª Câmara, rel. Min. Vital do Rêgo, 5.252/2018-TCU-1ª Câmara, rel. Min. Bruno Dantas, 1.121/2018-TCU-2ª Câmara, rel. Min. Augusto Nardes, e 61/2015-TCU-Plenário, rel. Min. Augusto Sherman).

CONCLUSÃO

65. A responsabilização do ex-prefeito José Ilário Marques adveio da condição de signatário do convênio, que o fez garantidor da correta aplicação dos recursos federais. Assim, cabe esclarecer ao recorrente que mesmo que não tenha praticado pessoalmente atos referentes à execução dos recursos, deveria ter adotado as providências para que esta ocorresse dentro dos parâmetros ajustados e se atingisse o objetivo do convênio.

66. A ausência da autorização do uso da água, que inviabilizou a implementação do projeto de criação de tilápias, é de responsabilidade do ex-prefeito José Ilário Marques, cuja conduta omissiva resultou em dano ao erário.

67. As primeiras providências (23/10/2007) adotadas na gestão de José Ilário Marques com vistas a obter a referida autorização ocorreram após 22 (vinte e dois) meses do início do convênio

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13 (31/12/2005).

68. O ex-prefeito não apresentou justificativa por não ter adotado as referidas providências no período anterior (janeiro a setembro de 2006) e posterior (março a outubro de 2007) ao seu afastamento, ocorrido entre 20/09/2006 e 28/02/2007.

69. A passividade do ex-prefeito José Ilário Marques, acerca das providências necessárias à autorização do uso das águas, impediu que as aquisições efetuadas por seu substituto trouxessem benefícios efetivos à população local, o que fez remanescer o débito relacionado a tais despesas no valor de R$ 31.000,00.

70. Inexiste a contradição entre o teor do item 11 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019- TCU-2ª Câmara (peça 80, p. 2) e a responsabilização do embargante nos autos, porquanto o referido item fez mera descrição do argumento recursal apresentado por José Ilario Marques à peça 62, sem qualquer juízo de sua responsabilidade.

71. Com relação à análise contida no item 11.4 da peça 75, p. 5, é oportuno deixar claro ao recorrente que a possibilidade de o ex-prefeito ter participado das tratativas que levaram à contratação da empresa Roberto L. G. e Teixeira Ltda. não deu suporte à sua responsabilização nestes autos. A responsabilidade do embargante foi devidamente fundamentada nos itens 17 a 19 do voto condutor do Acórdão 9.548/2018-TCU-2ª Câmara (peça 47, p. 2) e no item 26 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara (peça 80, p. 4).

72. O exame da prestação de contas de um convênio pelo TCU abrange, além da verificação da correta utilização dos valores federais repassados, a avaliação da aplicação da contrapartida pactuada.

73. Eventual comprovação de prestação dos serviços ou da aquisição de material não altera a constatação de que inexistiu o efetivo benefício à população local, visto que as unidades criadouras sequer foram implementadas.

74. Do segundo repasse federal de R$ 16.000,00 aplicado em 13/7/2007 na conta investimento BB Curto Prazo Administrativo Tradicional, foram resgatados R$ 2.304,00 (12/11/2007) e R$ 576,00 (25/3/2008) para o pagamento de taxas da Marinha e o restante permaneceu na referida conta investimento até o seu recolhimento aos cofres da União (29/6/2011), junto com o saldo de R$ 24.002,78 da conta investimento BB Renda Fixa Curto Prazo Supremo Setor Publico, que totalizou R$ 42.893,91. A comprovação da devolução parcial do segundo repasse permite a redução do valor do débito imputado ao ex-gestor no acórdão condenatório de 16.000,00 para R$ 2.304,00 e R$ 576,00.

75. Os valores de R$ 8.000,00 e R$ 2.181,82 (R$ 10.181,82) transferidos para a conta específica nº 20978, aliados às aplicações e resgates de R$ 9.672,73 e R$ 509,09 (R$ 10.181,82) realizados com as contas investimentos; aos pagamentos realizados com os cheques 850003, 850004, 850007 a 850013, 850015 a 850027; às notas fiscais nº 52299, 52645, 53065, 53467, 53928, 54403, 54781, 55488, 55985, 56532 e 57362; aos extratos bancários e à relação de pagamentos, evidenciam a realização de 11 (onze) transferências mensais à conta específica, a título de contrapartida municipal, no montante de R$ 10.181,82, bem como apontam o pagamento dos serviços descritos nas 11 (onze) notas fiscais de mesmo valor, totalizando R$ 112.000,00.

76. Importa registrar que tais elementos de prova demonstram que o pagamento dos serviços de assistência técnica ao Instituto Sertão Central foi realizado exclusivamente com recursos da contrapartida municipal.

77. De forma diversa ao disposto no item 24 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara (peça 80), entende-se que apenas os pagamentos indevidos dos serviços de assistência técnica, efetuados exclusivamente com recursos municipais, são insuficientes para responsabilizar o ex-prefeito José Ilário Marques perante esta Corte de Contas. Todavia, isto não altera o fundamento que levou o Tribunal a responsabilizá-lo nestes autos, a teor dos itens 17 a 19 do voto condutor do Acórdão 9.548/2018-TCU-2ª Câmara (peça 47, p. 2) e item 26 do voto condutor do Acórdão 3.888/2019-TCU- 2ª Câmara (peça 80, p. 4).

78. A descrição na nota fiscal nº 250 de “rendimento" para compra posterior de ração, o cheque de R$ 33.000,00, o extrato bancário e o recibo demonstram a realização do pagamento

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antecipado de R$ 2.000,00, em afronta aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964. Tal irregularidade foi retificada com a posterior devolução de R$ 2.000,00 pela contratada, conforme comprovante de depósito bancário, nota fiscal nº 328, extrato bancário e recibo.

79. As decisões judiciais no âmbito da ação civil de improbidade administrativa nº 0000125- 67.2013.4.05.8105, de natureza civil, não vinculam o juízo de valor formado na seara administrativa do TCU, em razão da independência entre as instâncias, que permite que uma mesma conduta seja valorada de forma diversa, em ações de natureza penal, civil e administrativa.

80. Do exposto, propõe-se o conhecimento dos embargos declaratórios, para, no mérito, dar- lhes provimento parcial e, em caráter excepcional, conceder-lhes efeitos infringentes para reduzir o valor do débito indicado no subitem 9.1.1 do Acórdão 9.548/2018–TCU–2ª Câmara para R$ 2.304,00 (12/11/2007) e R$ 576,00 (25/3/2008) e o valor da multa aplicada a José Ilário Gonçalves Marques no subitem 9.2 da mencionada decisão.

81. A proposta da concessão de efeitos infringentes aos embargos declaratórios visa corrigir premissa equivocada com base em erro de fato (cálculo do valor do débito), sobre a qual se fundou o acórdão embargado e cujo erro foi decisivo para o resultado do julgamento.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

82. Ante o exposto, submete-se à consideração superior a análise dos embargos de declaração opostos por José Ilário Gonçalves Marques contra o Acórdão 3.888/2019-TCU-2ª Câmara, propondo-se, com fundamento no artigo 34, da Lei 8.443/1992:

a) conhecê-los e, no mérito, dar-lhes provimento parcial e, em caráter excepcional, conceder-lhes efeitos infringentes para reduzir o valor do débito indicado no subitem 9.1.1 do Acórdão 9.548/2018–TCU–2ª Câmara para R$ 2.304,00 (12/11/2007) e R$ 576,00 (25/3/2008) e o valor da multa aplicada a José Ilário Gonçalves Marques no subitem 9.2 da mencionada decisão;

b) dar ciência às partes, à Procuradoria da República no Estado do Ceará, aos órgãos/entidades interessados, bem como aos demais cientificados do acórdão recorrido.”

É o Relatório.

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1 VOTO

Inicialmente, registro que atuo nos presentes autos por força do art. 152 do Regimento Interno do TCU (RI/TCU).

2. Antes de adentrar a matéria, ratifico a minha posição em despacho no sentido de conhecer dos presentes embargos declaratórios por estarem preenchidos os requisitos de admissibilidade aplicáveis à espécie.

3. Trata-se, pois, de Embargos de Declaração em Recurso de Reconsideração em TCE opostos por José Ilário Gonçalves Marques, atual prefeito municipal de Quixadá/CE, tendo exercido mandato igualmente no período de 2001-2008, contra os termos do Acórdão 3888-TCU-2.ª Câmara prolatado em sede de recurso de reconsideração, conhecido e não provido.

4. Os valores inicialmente apurados dos débitos do ora embargante foram R$ 31.000,00, em 7/2/2006, e R$ 16.000,00, em 11/7/2006.

5. No julgamento da TCE, restou comprovada a inexecução integral objeto do Convênio 151/2005, celebrado entre o Ministério da Pesca e Aquicultura e aquela municipalidade, que era desenvolver, de forma sustentável e integrada, unidades demonstrativas de criação de tilápias em tanques/gaiolas, com vigência de 31/12/2005 a 30/4/2011.

6. Conforme o Relatório de TCE 02/2014, as unidades demonstrativas de criação das tilápias em tanques/gaiolas não foram implantadas, em vista da ausência de licenças ambientais definitivas para o seu funcionamento.

7. Naquele recurso de reconsideração, o Sr. José Ilário Gonçalves Marques, ex-prefeito municipal de Quixadá/CE, questionou se: a) o processo deveria ser arquivado; b) teria ocorrido a prescrição do débito e da multa no caso vertente; c) haveria responsabilidade do recorrente no dano apurado; d) o dano apurado poderia ser considerado de baixa materialidade.

8. Em linhas gerais, restou assente nos autos que:

“a) não cabe arquivar o processo, pois já foi cumprida a fase de citação, nos termos do artigo 19, da IN-TCU 71/2012;

b) não houve a prescrição para a sanção de multa, nos termos do Acórdão 1.441/2016-TCU- Plenário, tampouco para a imputação de débito, restando pendente, inclusive, o julgamento de repercussão geral no STF de tema a esse respeito;

c) houve responsabilidade do recorrente no dano apurado, ante os diversos pagamentos inquinados realizados em sua gestão;

d) o débito apurado na TCE tem origem em recursos provenientes do erário federal, e não se confunde com a totalidade dos recursos geridos por um prefeito municipal, cuja avaliação não compete ao TCU.”

9. Embora essas questões tenham sido devidamente deslindadas por ocasião do exame do recurso de reconsideração, o qual tem o acórdão ora combatido, entendo pertinente esclarecer que em relação à alínea “b” supra, esposo o entendimento exarado pelo relator, Ministro Benjamin Zymler, no voto

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condutor do Acórdão 5236/2020 – 1a Câmara, tendo em vista o julgamento do RE 636.886/AL – Tema 899:

“12. Enfatizo que estou aplicando a jurisprudência atual desta Corte de Contas sobre a matéria, consolidada na Súmula 282, para a prescrição do débito apurado e, no que tange à eventual aplicação de sanções, no incidente de uniformização de jurisprudência apreciado pelo Acórdão 1.441/2016- Plenário, que adotou o prazo geral de prescrição indicado no art. 205 do Código Civil. Não desconheço que recentemente o Supremo Tribunal Federal, no âmbito do RE 636886/AL, fixou o seguinte enunciado para o Tema 899: “É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas”. Não obstante essa respeitável decisão, ainda pairam diversas dúvidas sobre a matéria, pois é possível a conclusão de que a deliberação não tratou da prescrição do processo de controle externo levado a cabo perante o Tribunal de Contas da União, mas sim da prescrição intercorrente ocorrida durante a fase de execução do acórdão condenatório do Tribunal.

11. A decisão do STF versou sobre recurso extraordinário interposto pela União contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 5a Região que negou provimento a embargos de declaração opostos contra acórdão de sua lavra, assim ementado:

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PROCESSO PARALISADO POR MAIS DE CINCO ANOS. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.

OCORRÊNCIA. 1. Para fins práticos, deve-se observar quando a Fazenda Pública foi intimada a providenciar o andamento do feito. Passados cinco anos sem diligências concretas, ocorre a prescrição intercorrente. Caso haja suspensão na forma do art. 40, da Lei n. 6.830/80, ocorre a extinção se o feito permanecer paralisado por mais de seis anos. 2. Na hipótese dos autos, houve o arquivamento sem baixa do processo em 12.08.1999 e até a data da sentença extintiva do feito em 05.06.2006, a Fazenda Nacional não apresentou nenhuma medida concreta quanto à localização do devedor ou de seus bens. Revela-se, portanto, inequívoca a ocorrência da prescrição intercorrente.”

14. No caso, a Fazenda Pública deixou a ação paralisada por mais de seis anos, o que ensejou a declaração de prescrição intercorrente no aludido caso concreto. Como se vê da leitura da ementa, a questão controversa em discussão naquela deliberação era unicamente a prescrição intercorrente ocorrida durante a fase de execução do acórdão condenatório do Tribunal.

15. Com base nessa possível interpretação, a matéria decidida no aludido feito não teria nenhuma repercussão de ordem prática e jurídica na presente tomada de contas especial, cujo título executivo extrajudicial ainda não se formou. Caso a AGU, na execução de eventual decisão condenatória proferida neste feito, deixe de adotar as medidas pertinentes dentro do prazo de cinco anos, aí sim haverá a aplicação da tese emanada no RE 636886, com o reconhecimento da prescrição intercorrente da ação de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas (a ação de execução fiscal), pela hipotética inação da Fazenda Pública.

16. Ainda que se interprete que a decisão do STF seja também aplicável à tramitação do processo de controle externo no âmbito do TCU, exsurgem outras diversas questões fundamentais para que esta Corte de Contas estabeleça novo tratamento acerca da prescrição do débito e da pretensão punitiva, em particular qual seria o dies a quo (data de ocorrência do fato irregular ou data do seu conhecimento pelo TCU) e as hipóteses de interrupção da prescrição.

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3 17. Diante de todas as dúvidas ainda existentes sobre a decisão do STF no âmbito do RE 636886, opto por aplicar ao caso em exame a jurisprudência do TCU então existente, que se fundamenta no art. 37, § 5o, da Constituição Federal, no que tange ao ressarcimento do prejuízo, e no art. 205 da Lei 10.406/2002 (Código Civil), no que se refere à pretensão punitiva.”

10. Reitero fundamentar minha decisão, de acordo com a jurisprudência do TCU, na Súmula 282 desta Corte de Contas para a imprescritibilidade do débito apurado e, em relação à aplicação de eventuais sanções, no Acórdão 1.441/2016-TCU-Plenário que adotou o prazo decenal previsto no art.

205 do Código Civil.

11. Anoto, ainda, que os fatos geradores do débito ocorreram em 7/2/2006 e 11/7/2007 e os atos que ordenaram as citações dos responsáveis foram oficializados em 22/12/2015, o que representa, respectivamente, 9 anos e 10 meses e 8 anos e 1 mês da ocorrência desses fatos, prazo menor do que o previsto no art. 205 do Código Civil. Assim não correram as alegadas prescrições.

12. Ressalto, por fim, que caso este Tribunal venha, no futuro, alterar o seu entendimento, a matéria poderá ser revista e eventualmente desconstituídos os débitos se for o caso.

13. Feitos esses esclarecimentos, passo ao exame da matéria posta nos embargos declaratórios.

***

14. O embargante argumenta que o acórdão guerreado se sustenta em informações insuficientes, imprecisas e contraditórias, o que teria acarretado a manutenção de sua condenação no presente processo.

15. A fim de arrimar a sua tese afirma, em suma, que:

a) não realizou despesas no âmbito do ajuste com recursos federais, limitando-se à assinatura do termo do convênio, ao uso dos recursos municipais no pagamento ao Instituto Sertão Central e à prestação parcial de contas, a qual foi aprovada;

b) ficou afastado do cargo de prefeito municipal, no período de 20/9/2006 a 28/2/2007, em razão dos graves problemas físicos sofridos decorrentes de acidente aéreo, oportunidade em que o prefeito interino, Francisco Cristiano Maciel de Góes, determinou a realização de licitação, a contratação e o pagamento à empresa Roberto L. G. e Teixeira Ltda. pelo fornecimento de cem gaiolas e de dois aparelhos limnológicos;

c) a responsabilidade pelos atos do secretário de agricultura Erenir Lima Tavares é do prefeito interino, fundamentada na culpa in vigilando e na culpa in elegendo;

d) tendo reassumido o cargo de prefeito, em 28/2/2007, o embargante continuou a execução de despesas, somente com recursos municipais, pois tinha convicção da obtenção das outorgas necessárias à consecução do objeto do convênio, tendo em vista ter tomado todas as providências para tanto;

e) o embargante confiava na obtenção das outorgas necessárias, motivo pelo qual não

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