• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS"

Copied!
65
0
0

Texto

(1)

CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ARLAN JUSTINO DIAS

PERFIL ECONÔMICO E FINANCEIRO DO FUTEBOL BRASILEIRO NO PERÍODO DE 2009 A 2012

FORTALEZA 2014

(2)

ARLAN JUSTINO DIAS

PERFIL ECONÔMICO E FINANCEIRO DO FUTEBOL BRASILEIRO NO PERÍODO DE 2009 A 2012

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. José Henrique Félix Silva

FORTALEZA 2014

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

D53p Dias, Arlan Justino.

Perfil econômico e financeiro do futebol brasileiro no período de 2009 a 2012 / Arlan Justino Dias - 2014.

63 f.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Ciências Econômicas, Fortaleza, 2014.

Orientação: Prof. Me. José Henrique Félix Silva.

1.Clubes de futebol – Brasil 2.Empresas - finanças I. Título

CDD 330

(4)

ARLAN JUSTINO DIAS

PERFIL ECONÔMICO E FINANCEIRO DO FUTEBOL BRASILEIRO NO PERÍODO DE 2009 A 2012

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Economia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica.

Data da aprovação: em _____/______/______

__________________________________________

Prof. José Henrique Félix Silva Orientador

Nota

________

__________________________________________

Prof. Fábio Maia Sobral Membro

Nota

________

__________________________________________

Cândido Átila Matias Souza Membro

Nota

________

(5)

Aos meus pais, meu irmão, minha esposa e meus filhos, pela força e incentivo que me deram e pela felicidade de tê-los comigo.

(6)

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a DEUS, que me deu vida e inteligência, pelas bênçãos e graças alcançadas e por estar sempre guiando meus passos.

Aos meus pais, Antonio Rodrigues Dias e Valnice Justino Dias, por todos os ensinamentos e conselhos que ajudaram tanto na minha educação como na formação do caráter e dos princípios que regem minha vida.

Ao meu irmão Aislan Justino Dias, pela fiel amizade e torcida, incentivo, discussões e apoio em minha caminhada acadêmica.

À minha esposa Elissandra Lopes Dias, por todo amor, carinho, companheirismo e paciência que me dedicou nessa jornada. Pela força que me deu nos momentos mais difíceis e pelos estímulos dados no decorrer de minha formação acadêmica e profissional.

Aos meus filhos Iarley Lopes Dias e Irlan Lopes Dias, que se tornaram fonte de inspiração para conclusão deste curso. Pensando neles não me deixei abater, não me dei por vencido, e não desisti jamais, com o objetivo de num futuro bem próximo eles possam ter como referência de grande homem o seu pai.

Ao professor e amigo José Henrique Félix Silva, gratidão sem tamanho, por ter aceitado pedido para ser meu orientador, pela paciência, pela colaboração, pela amizade e humildade que faz de sua pessoa um grande mestre.

Agradecimentos a todos os amigos de turma: Tiganá Queiroz, José Filho, Karla Andréa, Renatha Falcão, Valéria Falcão, Renato Cavalcante, Ricardo Carvalho, Allane Matos, Klércio Moreira, Pedro Sérgio, pela convivência, respeito, troca de experiências, informações e saberes, e sobretudo, pelo carinho manifestado à minha pessoa.

Agradeço ao Professores Fábio Maia Sobral e ao Candido Átila Matias Souza, por aceitarem participar da banca examinadora desta monografia.

Amplio aos demais, que de alguma forma contribuíram e participaram da minha vida acadêmica meus mais sinceros agradecimentos.

(7)

A economia é uma virtude distributiva e consiste não em poupar mas em escolher.

(Edmund Burke)

(8)

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo traçar um perfil econômico e financeiro do futebol brasileiro no período de 2009 a 2012. Utilizou-se dados de sites especializados de auditoria esportiva, revistas, artigos e trabalhos acadêmicos sobre o tema, dentre os quais se destaca BDO Brasil e Pluri Consultoria. Os métodos de pesquisa bibliográfica e interpretativa foram predominantes. Os resultados permitiram traçar três cenários em relação ao período analisado: (a) as receitas dos clubes brasileiros vêm aumentando destacando-se como as mais importantes as cotas de TV, patrocínios, empréstimos e vendas de atletas, sócios torcedores e bilheteria; (b) as despesas com o futebol, financeiras e administrativas também cresceram; e, (c) a dívida dos clubes brasileiros em geral também cresceu e a dos principais clubes idem, passando de R$ 3,3 bilhões em 2009 para R$ 5,5 bilhões em 2012, a despeito do aumento das receitas neste mesmo período. Os resultados sugerem de forma inequívoca a ineficiência da gestão do futebol brasileiro.

Palavras-chave: Futebol, Receitas, Despesas, Clubes.

(9)

the period 2009 to 2012. We used data from specialized sites of sporting audit, magazines, articles and academic papers on the subject, among which stands out and BDO Brazil Pluri Consulting. The methods of literature and interpretive research were predominant.

The results allowed to draw three scenarios for the period analyzed: (a) revenues from Brazilian clubs have increased standing out as the most important dimensions of television, sponsorships, loans and sales of athletes, fans and grossing partners; (b) expenditure on football, financial and management also grew; and, (c) the debt of Brazilian clubs in general also grew and the major clubs ditto, from R $ 3.3 billion in 2009 to US $ 5.5 billion in 2012, despite an increase in revenues in the same period . The results suggest unequivocally the inefficiency of management of Brazilian football.

Keywords: Football, Revenues, Expenses, Football Clubs.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 Empresas com maior participação nos patrocínios dos clubes

brasileiros ... 38

(11)

Página Gráfico 1 Receita total dos 24 clubes com maiores receitas no período de 2009

a 2012 (R$ milhões) ... 32 Gráfico 2 Os dez clubes com as maiores cotas de TV no período de 2010 a 2011

(R$ milhões) ... 34 Gráfico 3 Os dez clubes com as maiores cotas de TV no período de 2011 a 2012

(R$ milhões) ... 35 Gráfico 4 Clubes com maiores receitas com patrocínios em 2010-2011 (R$

milhões) ... 36 Gráfico 5 Clubes com maiores receitas com patrocínios em 2011-2012 (R$

milhões) ... 37 Gráfico 6 Maiores contratos de patrocínio da CBF em 2012 (R$ milhões) .. 37 Gráfico 7 Os dez clubes com as maiores receitas geradas com transferências de

atletas no período de 2010-2011 (R$ milhões) ... 39 Gráfico 8 Os dez clubes com as maiores receitas geradas com transferências de

atletas no período de 2011-2012 (R$ milhões) ... 40 Gráfico 9 Médias de público do campeonato brasileiro 2009-2012 ... 41 Gráfico 10 Despesas dos 27 clubes com maiores receitas no futebol brasileiro

2009-2012 (R$ milhões) ... 43 Gráfico 11 Evolução das dívidas dos clubes brasileiros 2009 a 2012 (R$ milhões)

... 43 Gráfico 12 Despesas com futebol dos 27 clubes de maior faturamento no Brasil

2009-2012 (R$ milhões) ... 45 Gráfico 13 Participação das dívidas com empréstimos e financiamentos na receita

total dos 27 clubes de maior faturamento no Brasil 2009-2012 (%) .... 45 Gráfico 14 Relação entre dívidas trabalhistas e a receita anual dos 27 clubes de

maior faturamento no Brasil entre 2009 e 2012 (%) ... 46

Cont.

(12)

Gráfico 15 Relação entre Dívida Tributária e a Receita Anual dos 27 clubes de

maior faturamento no Brasil entre 2009 e 2012 (%) ... 47 Gráfico 16 Relação entre Dívida com compra de jogadores e a Receita Anual dos

27 clubes de maior faturamento no Brasil entre 2009 e 2012 (%) ... 47 Gráfico 17 Ligas de futebol com maiores receitas no mundo em 2012 (bilhões €)

... 50 Gráfico 18 Crescimento das principais ligas de futebol do mundo no período de

2010 a 2012 (%) ... 51 Gráfico 19 Evolução das receitas das principais ligas do futebol mundial 2010-

2012 (€ bilhões) ... 52 Gráfico 20 Participação de cada um dos clubes sobre o total do valor das marcas

2009-2012 (%) ... 57 Gráfico 21 Valor de mercado dos elencos mais valiosos do Brasil, por Estado, em

2012 (€ milhões) ... 58

(13)

Página Tabela 1 Evolução da participação das principais receitas dos clubes no

período de 2009 a 2012 ... 33 Tabela 2 Os dez clubes com maior número de sócios torcedores no Brasil .. 42 Tabela 3 Distribuição das despesas dos 27 maiores clubes brasileiros 2009

a 2012 ... 48 Tabela 4 Destinos dos recursos obtidos pelos 27 clubes com maiores

receitas no Brasil no período de 2008 a 2012 ... 49 Tabela 5 Receita total das federações estaduais em R$ mil 2012-2013 ... 53 Tabela 6 Valor de mercado dos principais campeonatos estaduais e da copa

do nordeste ... 55 Tabela 7 Evolução do valor dos maiores clubes brasileiros em R$ milhões . 56 Tabela 8 Os 20 elencos mais valiosos do Brasil em 2012 ... 57

(14)

LISTA DE SIGLAS

UEFA Union of European Football Associations

FIFA Fédération Internationale de Football Association ONU Organização das Nações Unidas

CBD Confederação Brasileira de Desportos CND Conselho Nacional de Desportos CBF Confederação Brasileira de Futebol PIB Produto Interno Bruto

CFC Conselho Federal de Contabilidade

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(15)

Página

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 08

LISTA DE GRÁFICOS 09

LISTA DE TABELAS 11

LISTA DE SIGLAS 12

1. INTRODUÇÃO 15

2. HISTÓRIA DO FUTEBOL 17

2.1 Origem do Futebol Mundial 17

2.2 Origem e Evolução da FIFA 19

2.3 Origem do Futebol no Brasil 20

2.4 Ascensão do Futebol Brasileiro no Sec. XX 21

2.4.1 O início 21

2.4.2 Profissionalização do futebol 23

2.4.3 Futebol e Política 25

2.4.4 Futebol e o Regime Militar 26

2.4.5 O futebol e o marketing 29

3. PERFIL ECONÔMICO E FINANCEIRO DO FUTEBOL BRASILEIRO

32

3.1 Receitas por origens dos clubes 32

3.1.1 Cotas de TV 33

3.1.2 Patrocínio e Publicidade 35

3.1.3 Receitas com Atletas 38

3.1.4 Bilheteria 40

3.1.5 Clube Social 42

3.2 Despesas do Futebol Brasileiro 42

3.3 Faturamento da Atividade Futebol 49

3.3.1 Principais Ligas De Futebol 49

3.3.2 Federações Estaduais 53

3.3.3 Principais Campeonatos do Brasil 54 3.3.4 Os clubes mais valiosos do Brasil 56

3.3.3 Elencos Mais Valiosos do Brasil 57

(16)

4. CONSIDERAÇOES FINAIS 59

5. REFERÊNCIAS 60

(17)

1 INTRODUÇÃO

Não se pode dizer precisamente onde surgiu o futebol, pois existem registros de esportes parecidos com o jogo como é conhecido hoje, praticados em várias civilizações antigas como China, Japão, Egito, Grécia e Roma. Na Inglaterra, o futebol ganhou regras e um maior grau de organização, com isso começou a se popularizar rapidamente. No Brasil o futebol chegou em 1894, através de Charles Miller.

O futebol é um dos esportes mais populares do mundo. Segundo dados do Atlas do Esporte no Brasil (2003), estudo mais completo até hoje, o futebol é praticado por mais de 265 milhões de pessoas no mundo. No Brasil o número de praticantes do esporte passa dos 30 milhões. Segundo AIDAR e FAULIN (2013), algumas características podem explicar o grande número de apaixonados por esse esporte, tais como: alto grau de imprevisibilidade dos resultados, simplicidade das regras, não demandar um biotipo específico para sua prática, barato de se praticar e pelo fato de a disputa de um jogo de futebol ser apaixonante.

A globalização juntamente com o alto grau de profissionalização ajudou a transformar o esporte em um grande negócio. Segundo Martins (1996), a globalização pode ser entendida como o resultado da multiplicação e da intensificação das relações que se estabelecem entre os agentes econômicos situados nos mais diferentes pontos do espaço mundial. Com isso, o futebol há muito tempo deixou de ser apenas um esporte praticado com o objetivo de diversão e saúde, mais que isso, o esporte se tornou um verdadeiro negócio, passou a ser uma indústria, uma vez que, indústria é qualquer atividade humana, que com auxílio do trabalho, converte matéria- prima em produtos que serão consumidos pelas pessoas ou por outras indústrias. De acordo com o Relatório Final do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que inclui os agentes diretos, tais como clubes e federações, e indiretos, como indústrias de equipamentos esportivos e a mídia, o futebol mundial movimentava, em média, cerca de US$ 250 bilhões anuais no ano 2000. No Brasil, dados deste mesmo relatório mostram que o futebol é uma atividade econômica com grande capacidade de gerar empregos e tem efeito multiplicador maior que vários setores tradicionais.

Ainda segundo o relatório da FGV, apesar de ser um destaque quando o assunto é o futebol jogado, o Brasil é um país apenas coadjuvante quando se trata da parte administrativa- financeira, está longe de aproveitar todo seu potencial e representa menos de 1% dos US$ 250 bilhões movimentados anualmente. Isso se deve principalmente ao fato das péssimas administrações dos clubes e federações, aos problemas estruturais da nossa economia e as

(18)

16

diferenças de renda per capita entre o Brasil e os países que investem mais no futebol como atividade econômica.

Para Gonçalves (2014), a inferioridade e o amadorismo da administração do futebol brasileiro em relação ao futebol europeu pode ser notado numa comparação relativa ao ano de 2013, em que os times brasileiros disputaram um total de 34 competições obtendo uma arrecadação total de R$ 475 milhões em 3940 jogos. Na Copa da UEFA Champions League, este mesmo valor foi alcançado com tão somente 50 jogos.

O mercado da bola, assim como todos os outros mercados econômicos é extremamente competitivo e dessa forma requer um grau elevado de seriedade, organização, dedicação, investimento e compromisso de todos aqueles que buscam sua evolução. Tais características são os requisitos mínimos para que o sucesso seja alcançado dentro e fora das quatro linhas no futebol brasileiro.

Este trabalho tem como objetivo analisar o perfil econômico-financeiro do futebol brasileiro no período de 2009 a 2012, buscando identificar os pontos mais fortes e mais fracos na administração do nosso futebol. Para isso, utiliza-se a metodologia de pesquisa bibliográfica, interpretativa, utilizando dados secundários de sites especializados em auditoria esportiva, revistas, artigos e trabalhos acadêmicos sobre o tema.

Além desta introdução, este trabalho possui mais três capítulos. O segundo capítulo traz a história do futebol e sua evolução até a forma como o conhecemos hoje. No terceiro capítulo mostra o perfil econômico-financeiro do futebol brasileiro em termos de receitas, despesas e faturamento dos principais clubes do futebol brasileiro. O quarto capítulo traz as considerações finais deste trabalho sobre o tema estudado.

(19)

2 HISTÓRIA DO FUTEBOL

2.1 Origem do Futebol Mundial

Várias são as teorias que versam sobre a origem do futebol, embora não se tenha certeza sobre os seus primórdios, historiadores descobriram vestígios de jogos com bola em várias culturas antigas. Estes jogos com bola ainda não eram o futebol, pois não havia a definição de regras como existe hoje, porém demonstram o interesse do homem por este tipo de esporte desde os tempos antigos.

Segundo Pereira (2003 apud KLEIN, 1999, p. 24):

Existem muitos registros históricos e arqueológicos que demonstram a existência de práticas com objetos esféricos, em comunidades mais ou menos evoluídas, nas suas respectivas épocas. Em culturas milenares, como a chinesa ou japonesa, estas práticas existem até os dias atuais. Mesmo em sociedades extintas, como os maias, a ocorrência de jogos com bola é um dado concreto e comprovado.

Naturalmente que alguns têm maiores semelhanças, mas, em essência, em maior ou menor grau, eles podem ser considerados como precursores do futebol.

Pode-se dizer que as primeiras manifestações do que conhecemos hoje como futebol, surgiram na China antiga, por volta de 3.000 A.C, militares chineses praticavam o Tsu-Chu, um jogo que era utilizado como treinamento militar. Após as guerras, militares chineses formavam equipes para chutar as cabeças dos soldados inimigos. Com o tempo as cabeças dos soldados inimigos foram substituídas por bolas feitas de couro revestidas com cabelo. Eram formadas duas equipes com oito jogadores cada e o objetivo era passar a bola de pé em pé sem deixar cair no chão, levando-a para dentro de duas estacas fincadas no campo. Segundo Unzelte (2002, p.11):

A bola era feita de couro cru e recheada de crina (chi). Media cerca de 22 centímetros de diâmetro, e o objetivo era introduzi-la entre as estacas de bambu. Tinha de ser conduzida com os pés, porém não se podia deixa-la tocar o chão. As bolas infladas de ar surgem na dinastia Tang, ano 618.

No Japão antigo, também foi criado um esporte com características que lembram o futebol como conhecemos hoje, o chamado Kemari, praticado por integrantes da corte do imperador em um campo de aproximadamente 200 𝑚2, com duas equipes de oito jogadores de cada lado e uma bola confeccionada com fibras de bambu.

(20)

18

Indícios de uma atividade parecida com o futebol também podem ser encontrados no Egito antigo, em registros datados de aproximadamente 1000 A.C, desenhos em pedras, em túmulos de faraós, que mostram o jogo, no qual um objeto esférico era chutado com os pés.

Até na Grécia antiga, berço dos jogos olímpicos, onde as atividades físicas não se caracterizavam pela utilização de uma bola, existe o registro de um esporte mais antigo do que as próprias olimpíadas - chamado epyskiros - praticado por volta de 800 a.C. Neste jogo, soldados gregos dividiam-se em duas equipes de nove jogadores cada e jogavam num terreno de formato retangular, o objetivo era fazer a bola ultrapassar a linha de fundo do campo inimigo.

Na cidade grega de Esparta, os jogadores, também militares, usavam uma bola feita de bexiga de boi cheia de areia ou terra. Com a dominação da Grécia por Roma, os romanos acabaram assimilando o epyskiros, transformando-o em um esporte misturado com treinamento militar chamado harpastum.

Segundo a Enciclopédia Mirador Universal (1987), dentre todos os esportes da antiguidade que tinham características parecidas com o futebol, o harpastum foi o primeiro a apresentar algo parecido com uma estruturação tática, pois existiam jogadores que protegiam a linha defensiva, chamada lócus stantium, outros que se posicionavam na linha de meio campo, área denominada medicurrens, e os jogadores ofensivos ou os atacantes do futebol moderno, atuando na zona do campo identificada como area pilae pratervolantis et superiectae.

Com a expansão do império romano para Europa, Ásia e África, o harpastum foi difundido e se popularizando por todas essas regiões, deixando de ser praticado apenas por militares. Devido a essa grande popularização o harpastum foi ganhando características próprias em algumas regiões, como por exemplo, na França, onde passou a se chamar soule e foram adicionadas duas traves verticais na linha de fundo, entre as quais a bola tinha de passar para se marcar o ponto.

Na Itália surgiu o “gioco del calccio”, onde a partir de 1580, o italiano Giovanni di Bardi, definiu regras para a sua disputa dentre elas as que impedia socos, pontapés e empurrões de ambos os lados. Até juízes passaram a acompanhar as partidas.

Estudos de pesquisadores mostram que o calccio saiu da Itália e chegou à Inglaterra por volta do século XVII. Já na Inglaterra o jogo ficou mais organizado e sistemático devido às regras mais claras e objetivas inseridas pelos ingleses, com isso o futebol começou a ser praticado por estudantes e filhos da nobreza inglesa. Aos poucos foi se popularizando. No ano de 1848, numa conferência em Cambridge, estabeleceu-se código unificado de regras para o futebol, que mais tarde, mais precisamente em 26 de outubro de 1863 com a presença de

(21)

representantes de 11 clubes e escolas que praticavam o futebol foi realizada uma histórica reunião para unificá-las oficialmente. Se tornando esta a data oficial da criação do futebol.

A 8 de dezembro de 1863, foi aprovado o código constando um total de treze itens. O futebol praticado naquela época era muito diferente do praticado nos dias de hoje. Suas regras foram se modificando até chegarem a um total de dezessete e apresentarem a característica atual. (ENCICLOPÉDIA MIRADOR UNIVERSAL, 1987).

2.2 Origem e Evolução da FIFA

Com um conjunto de regras unificadas, o futebol ficou mais organizado e popular, passando a ser praticado em outros países europeus como Alemanha, França, Portugal, Suécia, Bélgica e Suíça. Logo, se tornou necessário a criação de federações nacionais para a regulamentação do esporte, mas devido à rápida disseminação do futebol, no início do século XX, a necessidade foi além e já se mostrava necessária a criação de um órgão e um estatuto internacional que mantivesse a unidade do futebol. O holandês Carl Anton Wilhelm Hirschmann, redigiu em 8 de maio de 1902, um documento que definia a prática do esporte no mundo, juntamente com as relações entre as várias federações que estavam surgindo.

Com forte liderança da Federação Inglesa e apoio de Wilhelm Hirschmann iniciaram as negociações com todas as federações já existentes para a criação de um órgão internacional responsável pela organização do futebol mundial. Assim, em dois anos, mais precisamente em 21 de Maio de 1904, fundaram a FIFA (Fédération Internationale de Football Association).

Devido a discordância em relação a escolha do primeiro presidente da nova instituição, a Inglaterra acabou não figurando entre os países fundadores da FIFA: Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Países Baixos, Suíça e Suécia.

Durante muito tempo a FIFA foi apenas um órgão responsável por regular a prática do futebol no mundo, administrando de forma amadora seus fundos e contabilizando vários déficits financeiros. Esse quadro mudou a partir da eleição do brasileiro João Havelange ao cargo de Presidente da FIFA em 1974. A partir daí a instituição se transformou em uma grande gestora do futebol, obtendo enormes lucros com eventos como a copa do mundo, venda de produtos licenciados, patrocínios e investimentos diversos. Para Favero (2009), essa atuação da FIFA em diversas áreas confere a ela um caráter multifuncional, pois ela tem suas afiliadas espalhadas pelo mundo, participa dentro de vários tipos de negócios dentro do futebol e ainda escolhe onde investir mais ou menos. Assim, a entidade se expande tanto verticalmente como horizontalmente.

(22)

20

Hoje a FIFA possui mais países afiliados do que a própria ONU, sendo composta por mais de 209 federações nacionais e tem como objetivo, de acordo com os seus Estatutos, a melhora contínua do futebol. A FIFA conta com aproximadamente 310 colaboradores procedentes de 35 países e é formada pelo Congresso (órgão legislativo), pelo Comitê Executivo (órgão executivo), pela Secretaria Geral (órgão administrativo) e pelos comitês (que auxiliam o Comitê Executivo). Em 2010 a instituição publicou que seus lucros obtidos em 2009 chegaram a quase 196 milhões de dólares e uma reserva financeira em torno de um bilhão de dólares em ações.

2.3 Origem do Futebol no Brasil

Há diferentes versões sobre como teria sido realmente o início da prática do futebol no Brasil. Segundo alguns autores, existem indícios de que o jogo foi introduzido, já na década de 1870, por padres e alunos do Colégio São Luís em Itu, interior de São Paulo. Para muitos outros poderiam ter ocorrido muitas partidas de futebol no litoral brasileiro, tanto no Norte como no Nordeste e no Sudeste do Brasil. Seriam jogos disputados entre brasileiros e marinheiros estrangeiros que chegavam em navios de diferentes bandeiras, mas com maior frequência com os ingleses. Mas, apesar das diferentes versões, em todas elas, a participação de Charles Miller é consensual e considerada fundamental. Mais do que um apaixonado pelo esporte que chegou a praticar na Inglaterra, defendendo a equipe do Southampton, Miller foi o primeiro a investir no futebol no Brasil.

O Futebol chegou ao Brasil trazido por Charles Miller. Nascido na cidade de São Paulo no dia 24 de novembro de 1874, filho de um inglês casado com uma brasileira, Charles Miller nasceu e se criou no bairro de São Brás, até completar nove anos. Com esta idade foi para a Inglaterra continuar os estudos na Banister Court School, onde teve contatos com esportes como o rugby, críquete e, óbvio, o futebol, esporte que mais lhe chamou a atenção, e onde mostrava talento desde cedo. Atuou como atacante no time do Southampton, chegando a fazer parte da Seleção do Condado de Hampshire. Além disso, foi artilheiro de sua equipe na temporada, marcando 41 gols em 25 partidas.

Em 1894, aos vinte anos de idade, Charles Miller retornou ao Brasil, trazendo na mala bolas, chuteiras, uniformes e um conjunto de regras, mais que isso, trouxe o sonho de introduzir o futebol em terras brasileiras, atuou como jogador, tendo sido artilheiro. Incentivador deste esporte, ele também foi dirigente de clube e até árbitro na tentativa de viabilizar o futebol no Brasil. Um ano após sua volta ao país, seus esforços deram resultados, pois em 15 de abril de

(23)

1895, foi realizado o primeiro jogo de futebol em terras brasileiras, reunindo funcionários ingleses que atuavam em empresas inglesas em São Paulo. Este primeiro jogo se deu entre FUNCIONÁRIOS DA COMPANHIA DE GÁS versus CIA. FERROVIÁRIA SÃO PAULO RAILWAY. O primeiro time de futebol do Brasil, o SÃO PAULO ATHLETIC foi fundado em 13 de maio de 1888.

Nesse período o Brasil acabara de passar por momentos de grandes transformações políticas e sociais, como o fim da escravidão em 1888 e a implantação do regime republicano em 1889. Assim, a sociedade da época estava em constituição, ainda muito marcada pela segregação social e pelas tradições do período imperial. Por essa razão, a prática do futebol nas principais cidades do país manteve um elitismo inglês e era praticado por pessoas brancas.

Santos (1981, p.12) descreve bem os praticantes de futebol do início do século XX:

[...] o que Charles Miller nos trouxe, em 1894, foi um esporte universitário e burguês. Elegante e obediente a um código. Esporte de gentlemen, exatamente como são o tênis e o golfe de hoje. [...] Pelo menos nos dez anos seguintes, o futebol continuou um jogo inglês e de elite: os jogadores eram, na sua esmagadora maioria, técnicos industriais e engenheiros ingleses.

Com essas características, eram proibidos negros no esporte, apenas brancos podiam jogar futebol como profissionais, dado o fato da maioria dos primeiros clubes terem sido fundado por estrangeiros.

2.4 Ascensão do Futebol Brasileiro no Sec. XX.

2.4.1 O início

No início do Sec. XX iniciaram-se significativas e acentuadas mudanças na prática do futebol, não exatamente dentro do campo, com alterações de regras ou questões correspondentes, mas, fora dele, com a tentativa de conquistar novos adeptos para esse esporte que visivelmente crescia. Para Mario Filho (2003), o futebol se alastrava como uma praga, já que qualquer moleque podia jogar futebol e em qualquer lugar, no meio da rua, em terrenos baldios. Para tanto, bastava arrumar uma bola de meia, de couro ou de borracha e fabricar o gol com duas maletas de colégio. Tanto de São Paulo quanto no Rio, as fábricas começam a construir campos de futebol dentro das suas propriedades ou nas proximidades das suas sedes para atrair e manter operários nos seus quadros funcionais. Segundo Antunes (1994), a difusão do futebol no meio operário levou os empresários a incentivarem a organização de clubes no

(24)

22

interior das fábricas não apenas como forma de diversão e lazer, mas como uma forma de divulgarem o nome da empresa e de seus produtos ao participarem de campeonatos oficiais.

O caráter elitista do futebol aos poucos se esvanece e deixa de ser restrito aos clubes e colégios de elite, passando, progressivamente, a ser praticado por operários e trabalhadores das classes populares, a despeito do caráter ainda elitista das ligas. Com o surgimento de equipes em fábricas de subúrbio ou com o aparecimento de equipes em bairros de famílias proletárias, a prática foi se popularizando e se difundindo como um novo elemento do meio social urbano.

Em contraposição ao futebol dos clubes de elite, começava a proliferar o chamado “futebol de várzea”.

O futebol deixa os limites de São Paulo e novas equipes surgem em outras cidades como o E.C. Rio Grande (atual Riograndense), a Ponte Preta, o Campinas, o Paulistano e, em 1902, o primeiro clube do Rio do Janeiro, o Fluminense. Em 1905, aparecem também Botafogo, Bangu e América, em 1906 se celebra o primeiro campeonato carioca. Demarcam-se assim os dois grandes campeonatos e principais polos de futebol do país: a Liga Paulista e a Liga Carioca.

As competições são amadoras organizadas anualmente por uma entidade constituída pelos clubes. O futebol encontrou grande receptividade nas duas principais cidades brasileiras, onde a presença de empresas inglesas, a instalação de fábricas de pequeno porte, a formação de um operariado e o intenso fluxo de imigrantes propiciavam condições adequadas à contagiante atração exercida pelo novo esporte.

Para Pereira (2003), os primeiros clubes de futebol do Brasil são um reflexo da própria história do país, uma nação construída por diferentes povos estrangeiros. Foram os imigrantes que, no final do século XIX início do século XX, em sua maioria, fundaram os clubes no país e os que inicialmente praticaram o futebol.

Guedes (1998), destaca que um número muito grande de clubes foi criado em todo o território brasileiro no início do século XX, mas não conseguiu sobreviver devido às dificuldades financeiras de manutenção. Pois, a maioria dos europeus que havia se transferido para o Brasil era composta de homens pobres, socialmente excluídos de seus países originais.

Durante certo tempo, o futebol no Brasil manteve o mesmo elitismo inglês, sendo praticado por pessoas brancas, da alta camada social que disputavam partidas regidas por um cavalheirismo britânico, demonstrando o tamanho da influência inglesa neste esporte. O clube Vasco da Gama do Rio de Janeiro, respaldado pelos colonizadores portugueses, foi o primeiro que rompeu a regra da elite, formando uma equipe multirracial que ganhou o campeonato do Rio, em 1923. Friedenreich, um mestiço apelidado "O Tigre", foi o primeiro herói nacional do futebol no Brasil.

(25)

A rivalidade entre as ligas paulista e carioca logo apareceu, pois a liga paulista não aceitava a participação de jogadores da liga carioca na seleção nacional. Essa situação acabou favorecendo a disseminação e organização do futebol em outros estados, pois permitiu que fossem criadas várias outras ligas em diferentes estados, como por exemplo, as ligas baiana, pernambucana e mineira.

O futebol começava a se estruturar no país, mas necessitava de um grau maior de organização política para que o futebol nacional evoluísse a um nível internacional. Assim, em 1916, foi criada a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) com o objetivo de unificar as associações esportivas, formar seleções nacionais e comandar a participação de equipes brasileiras em torneios internacionais. O futebol se transformaria, a partir daí, na modalidade central do mundo esportivo brasileiro, impulsionando a estruturação político-administrativa do desporto nacional.

2.4.2 Profissionalização do futebol

A partir de 1919 com a vitória da seleção no campeonato sul-americano e a maior presença de público nos estádios brasileiros, principalmente nos estádios de Rio e São Paulo, iniciou-se o processo para a profissionalização dos jogadores de futebol, pois quanto maiores eram as multidões que aderiam ao futebol, tanto mais a popularidade e a importância de um clube dependiam do desempenho de seus jogadores. A partir daí surgem disputas entre aqueles que apoiam o profissionalismo dos atletas e aqueles que são contra. Para Soares (2001) a história do futebol envolveu mais precisamente o dilema entre profissionalistas e amadores do que um conflito entre raças e suas representações ideológicas.

A crise no futebol amador da elite iniciou-se no Rio de Janeiro na década de 1920. Já em 1923, o time do Vasco da Gama (clube da numerosa colônia portuguesa), composto por negros e brancos semianalfabetos, conquistou o campeonato carioca, o que provocou uma forte reação dos clubes de elite (Fluminense, Botafogo, Flamengo e América). Surgiram denúncias de que os atletas recebiam remunerações e, portanto, não eram efetivamente amadores.

Muitas eram as divergências em torno da questão da profissionalização do futebol. A elite e dirigentes eram contra a profissionalização, pois apesar da popularização do futebol, clubes de São Paulo e do Rio de Janeiro não aceitavam a profissionalização, alegando que jogadores e públicos pertenciam às classes elitizadas, sendo assim não haveria motivos para a profissionalização. Mas na maioria dos casos isto era um subterfúgio, para reduzir os gastos. Já a imprensa era a favor da profissionalização, pois assim haveria uma maior expansão do esporte.

(26)

24

Como consequência de toda essa polêmica sobre a profissionalização ou não, jogadores começaram a abandonar seus clubes para jogarem em países onde o futebol já era profissional, tais como Uruguai, Argentina e Itália. Alguns jogadores, inclusive, chegando a mudar de sobrenome para jogar na Itália. Quando começou o êxodo de jogadores consagrados para países onde o profissionalismo havia sido oficializado (primeiro Itália e Espanha, depois Argentina e Uruguai) começou a colocar em xeque a manutenção do modelo do futebol amador ultrapassado, a reação dos grandes clubes em favor da profissionalização tornou a mudança praticamente irresistível.

Para Caldas (1994) o futebol amador daquela época teve fim por dois motivos. Primeiro, porque a Divisão de Amadores não tinha praticamente nenhum apoio administrativo. Além disso, diante do profissionalismo tornara-se desinteressante e sem brilho. Segundo, porque todo bom jogador não pensava em jogar na Divisão Amadora, ele desejava mesmo era se profissionalizar.

Aquele modelo de futebol amador do início do século XX, onde o esporte era praticado em sua grande maioria pela elite branca e imigrantes estava em crise principalmente devido a dois fatores: o primeiro foi a transformação do futebol em espetáculo popular, concomitante com a progressiva inclusão de atletas pobres nos times (o que criou uma brecha para o profissionalismo); o segundo, a crise econômica e a transição política que marcaram o final dos anos vinte e o início dos trinta (o que dificultou a sustentação financeira e a manutenção do amadorismo). Assim, a profissionalização do futebol era uma questão de tempo.

A partir de 1930 com a chegada de Getúlio Vargas ao poder e sua proposta de criação e normalização das leis do trabalho através da criação de legislação social e trabalhista, juntamente com o apoio dos clubes e da imprensa, o futebol brasileiro inicia o seu processo de profissionalização, esse movimento iniciou-se primeiramente no Rio de Janeiro, onde os clubes do Vasco, Fluminense e Bangu defendiam a imediata profissionalização do atleta. Assim, a idéia de um futebol amador, praticado por uma elite aristocrática, própria do período de introdução do futebol no Brasil, não estava mais em voga no período Vargas.

A profissionalização foi reconhecida no Brasil em janeiro de 1933, juntamente com a fundação da Liga Carioca de Futebol. Notoriamente, eram os primeiros passos organizacionais do campo da gestão esportiva do futebol, pois no Brasil sequer havia leis trabalhistas ou regulamentações que assegurassem direitos e deveres das partes envolvidas.

A imprensa esportiva da época contribuiu bastante para a popularização e consolidação do futebol profissional e seus torneios, principalmente porque ajudou a consolidar uma linguagem futebolística e a transformar a modalidade em esporte espetáculo. Além disso, o

(27)

futebol profissional chamava mais a atenção pela forma como era praticado, pois existia mais velocidade, vontade e ginga dos atletas profissionais em relação aos atletas amadores.

Durante a década de trinta, o futebol profissional já havia consolidado um mercado consumidor, que viabilizou relações mercantis, contratuais e o pagamento de salários superiores à média das remunerações urbanas para os principais jogadores, potenciou a força de atração que o esporte exercia sobre a juventude “iletrada” e garantiu o suprimento de novos talentos.

2.4.3 Futebol e Política

Com o profissionalismo e a popularização do futebol, surgiu uma nova relação entre futebol e política com uma maior aproximação entre dirigentes esportivos e políticos locais, as autoridades governamentais passaram a se preocupar com a definição de uma política nacional para o esporte.

Em 14 de Abril de 1941, no governo do Presidente Getúlio Vargas, é criado o Conselho Nacional de Desportos (CND), cujo objetivo era estabelecer as bases de organização dos desportos em todo o país, disciplinar a prática esportiva e colaborar para o desenvolvimento desportivo do país, atuando como órgão normativo e fiscalizador, mostrando assim a clara preocupação de regulamentar os esportes, garantindo um relativo controle do Estado sobre este.

O CND tinha o poder de interferir na direção de federações estaduais e de nomear interventores para sanar problemas administrativos. Assim, o CND passou a exigir a obtenção de alvará para funcionamento de clubes, a ditar o modelo de estatuto que deveria ser acatado pelas entidades esportivas em todo o país, a padronizar ações burocráticas (contabilidade, administração, etc.) e a diferenciar formalmente o esporte amador do profissional. Para Manhães (2002), o CND deveria ser um instrumento que permitisse ao futebol nacional, unir a qualidade individual e espontaneidade dos jogadores brasileiros com a disciplina dos europeus. O CND manteve sua essência de poder centralizador até a constituição de 1988.

Alguns dos maiores e mais tradicionais estádios brasileiros foram construídos no governo Vargas, como por exemplo, o Pacaembu em São Paulo que continha um forte sentido simbólico de aproximação entre o regime autoritário e a sociedade civil, de legitimação política.

Segundo Lever (1983), a intervenção do Estado no futebol, propiciou uma melhor estruturação nas várias regiões do país (apesar de suas diferenças econômicas, sociais e políticas), para a autora, o futebol foi se estruturando segundo um mesmo padrão institucional, baseado no que ela qualifica como um “sistema democrático” de delegação de poderes.

(28)

26

Segundo Proni (1998), nas décadas de trinta e quarenta, o estado brasileiro não só providenciou uma legislação “moderna” e “apropriada” como criou condições para uma estruturação mínima do futebol profissional buscando tirar proveitos políticos (em seus três níveis de governo) da dependência que alimentou e da tutela que tratou de impor. Estruturado o futebol profissional de forma semelhante a uma “autarquia” e que adquiriu uma forte relação com a política local e nacional, relação que se manteria desde então.

O ano de 1950 é um divisor de águas para o futebol mundial e principalmente para o brasileiro, tanto por ser o momento da retomada do campeonato mundial, depois da Segunda Guerra Mundial, como por ele ser disputado no Brasil. O país vivia, nas décadas de 40 e 50, um período de crescimento em todos os setores e pôde dessa maneira fornecer uma boa estrutura para a realização do evento, principalmente com a construção do estádio Mário Filho, o Maracanã, projetado para ser o maior estádio do mundo com a capacidade para 200 mil pessoas.

No período de 1958 a 1962 com a conquista de seus dois primeiros títulos mundiais, o futebol brasileiro viveu seus momentos de maior glória dentro dos gramados, a seleção brasileira que já era respeitada por sua qualidade técnica, passou a ser considerada como uma das principais forças mundiais. Apesar do destaque internacional do futebol brasileiro dentro de campo, sua organização e estrutura fora dele mostravam-se defasadas.

2.4.4 Futebol e o Regime Militar

Em março de 1964, com forte apoio de parte da sociedade civil, os militares depuseram o Presidente João Goulart e instauraram, por meio de um golpe de Estado, um novo regime que durou 21 anos. Nesse período o futebol foi bastante utilizado pelo regime militar que governou o país de 1964 até 1985, para vender um projeto de nação.

Em relação ao futebol, o governo militar tentava seguir a mesma linha do governo Vargas, ou seja, buscava disciplinar e ordenar o funcionamento da esfera esportiva. Nesse período, mais precisamente em 1968, foi regulamentada a venda do “passe” do profissional de futebol, passando a ser exigida a concordância do jogador nos termos da transação e garantindo ao atleta 15% do valor da negociação. Em 1969, deu-se a instituição da Loteria Esportiva, destinada a gerar fundos para fins sociais e para a promoção do desporto (cabendo ao CND a distribuição dos recursos).

Na década de 1970, o futebol e governo militar viveram o seu ápice dentro e fora dos gramados, fora de campo existia uma forte centralização do poder nas mãos de presidentes militares, enfraquecimento do legislativo e judiciário, controle da imprensa e repressão, dentro

(29)

de campo uma seleção cheia de estelas como Pelé, Rivelino, Gerson, Jairzinho dentre outros, que sobre o comando do técnico Mário Jorge Lobo Zagallo levaram a seleção brasileira ao tricampeonato mundial no México. A expressão “pátria de chuteiras” refletia perfeitamente este período da mitificação do futebol brasileiro e forjou para milhões de meninos carentes e sem formação educacional e cultural, a possibilidade de ascensão social, baseada no futebol.

Na Copa do Mundo de Futebol de 1970, ocorreu a primeira transmissão dos jogos pela televisão no Brasil. Antes disso, a população acompanhava os jogos da Seleção Brasileira pelo rádio. Aos poucos, os donos das redes de televisão perceberam que o futebol poderia gerar bons resultados financeiros, com a veiculação de propagandas comerciais durante as transmissões, a exemplo do que já era feito no rádio. Com isso, o esporte torna-se artigo de compra e venda.

Ainda na década de 1970, ocorreu outro fato de suma importância para o futebol brasileiro, a criação do Campeonato Nacional de Clubes, em 1971. O campeonato brasileiro foi incorporado preservando-se o tradicional esquema de organização das federações estaduais, mantendo intactas as hierarquias regionais e suas divisões de acesso. Os dirigentes de clubes e federações, obviamente, ainda não podiam conceber uma mudança de outra ordem. O importante era criar uma fonte adicional de receitas e de dividendos políticos para fortalecer a estrutura de financiamentos dos clubes.

O crescimento de outros esportes no país e o aumento da complexidade de organizar o futebol brasileiro evidenciou a inadequação da antiga estrutura política administrativa frente aos novos desafios propostos pelo Governo Federal para o esporte nacional. Assim em 1979, a CBD foi desmembrada em cerca de 30 confederações esportivas (CBF, CBB, CBV, CBAt, etc.). A criação de confederações específicas para cada modalidade do esporte trazia uma melhor administração e modernização institucional, ampliando a organização em cada esporte nacional.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é uma associação privada que possui como principal atividade econômica a produção de eventos esportivos, foi criada para ser o órgão máximo do futebol brasileiro, sendo responsável por ditar as normas e diretrizes para o futebol do país a nível federal, estadual e municipal. É também responsável pela organização de campeonatos de alcance nacional, como o campeonato brasileiro das séries A, B, C e D, além da copa do Brasil, administrando também a seleção brasileira de futebol masculino e feminino.

As primeiras medidas da CBF, para uma melhor estruturação do futebol brasileiro foram uma melhor definição do calendário das competições nacionais e estaduais, procurando também estabelecer um padrão que servisse para disciplinar o televisionamento das partidas, uma vez que, a CBF sabia do interesse das redes de televisão em inserir o futebol em suas grades de

(30)

28

programação. A Confederação conseguiu intermediar um acordo entre emissoras, federações e clubes, e estabelecer os valores que deveriam ser distribuídos entre clubes e jogadores, em conformidade com a legislação do chamado direito de arena. Com uma política de licenciamento, a CBF procurou padronizar a utilização de suas marcas e a firmar contratos com as empresas que procuravam explorá-las comercialmente.

No Brasil e na América Latina, a década de 1980 ficou conhecida como “a década perdida”, principalmente devido à crise financeira mundial, iniciada com o anúncio pelo México da moratória da sua dívida, tal fato trouxe terríveis consequências para esses países.

Segundo Baer (1996), em 1982 o México anunciou moratória à sua dívida, fazendo com que os mercados internacionais deixassem de financiar a dívida dos países latino-americanos, o que deixou o Brasil em uma situação ainda pior. As taxas de crescimento do PIB à aceleração da inflação, passando pela produção industrial, poder de compra dos salários, nível de emprego, balanço de pagamentos e inúmeros outros indicadores, o resultado do período é medíocre. No Brasil, a desaceleração representou uma queda vertiginosa nas médias históricas de crescimento dos cinquenta anos anteriores.

A crise no início da década de 1980 juntamente com as altas taxas de inflação do período afetaram profundamente as finanças dos clubes brasileiros, dando início assim, a maior crise do futebol brasileiro desde sua profissionalização. Como resultado da crise aumentaram as despesas correntes e o custo das contratações, enquanto as arrecadações cresciam a uma taxa inferior à da inflação, a rentabilidade do campeonato nacional, embora com média razoável de público, era garantida artificialmente pelos recursos da Loteria. Os clubes das grandes capitais brasileiras se deparavam com dificuldades para manter ou recompor o elenco de jogadores, pois a desvalorização da moeda nacional tornava os passes dos jogadores que atuavam no Brasil mais barato, aumentando o êxodo de atletas para o exterior.

Para Helal (1997) a crise do futebol brasileiro é explicada pelo seu tradicional método de organização, baseado no amadorismo dos dirigentes e na política de troca de favores entre clubes e federações. Segundo o autor, este modelo é o responsável pela desorganização dos campeonatos, gerando jogos deficitários que acabam contribuindo para a emigração dos craques para o exterior.

A crise estrutural do futebol brasileiro atingiu seu ápice em 1987, quando a CBF anunciou que a entidade não tinha mais recursos para organizar o campeonato nacional, pois o dinheiro da Loteria Esportiva, que vinha perdendo apostadores para outras loterias, havia sido desviado para áreas sociais devido à crise. Ou seja, os clubes teriam de arcar com os custos da competição.

(31)

2.4.5 O futebol e o marketing

Com o agravamento da crise no futebol, a média de público nos torneios nacionais era cada vez menor e a venda de jogadores brasileiros para o exterior tinha se mantido como prática usual, isso acarretou no aumento da pressão por parte dos clubes brasileiros, assim o marketing surgia como esperança de ser uma fonte de renda para ajudar a suprir às necessidades financeiras dos clubes brasileiros. Dessa forma, o “marketing esportivo” começou a ser explorado no futebol brasileiro.

O exemplo para reestruturação e a busca de novas formas de receitas no futebol brasileiro veio do futebol inglês. Nos anos oitenta, a maioria dos tradicionais clubes ingleses estava em situação financeira precária, e poucas empresas se dispunham a investir numa atividade desacreditada. A partir dos anos noventa o futebol inglês conseguiu dar a volta por cima.

Atualmente, a Liga Inglesa é considerada uma das mais rentáveis do planeta. Tal mudança no futebol inglês, foi possível graças à atuação conjunta do governo juntamente com a visão empresarial dos novos dirigentes dos clubes.

Uma das primeiras formas de marketing esportivo surgiu com a permissão para explorar o uniforme do time para a divulgação dos patrocinadores. Além disso, a TV teve participação ativa nesse processo, através da elevação no número de programas esportivos durante sua programação, consolidando o futebol como importante veículo de propaganda. Segundo Proni (1998) as coberturas de eventos juntamente com os programas de entrevistas passaram a ser desejados não só porque serviam de vitrine para valorizar o “passe” dos atletas, mas também porque podiam ajudar a obter contratos de patrocínio.

Para Plastina (2003 apud PEREIRA, 2003, P.94), a utilização do marketing esportivo pelas organizações deve fazer parte do plano de marketing global, considerando particularmente dois aspectos nos quais o marketing esportivo pode potencializar as ações da empresa:

fortalecimento da marca e alcance de público alvo com mais eficácia.

Com a maior importância dada a profissionalização e a modernização dos departamentos que dão apoio à atividade esportiva surgia uma maior necessidade de mudanças na forma de gestão dos clubes brasileiros, assim alguns clubes começaram a utilizar como forma de gestão a administração empresarial. A partir daí surgiram parcerias dos clubes com empresas privadas nacionais e estrangeiras, uma das primeiras e mais conhecidas foi a parceria entre Palmeiras e Parmalat em 1992, que produziu resultados altamente positivos para ambos, tanto em termos financeiros, mercadológicos e, principalmente, esportivos para a equipe paulista.

(32)

30

Outra grande parceria ocorreu entre a Coca Cola e o Clube dos Treze, o acordo previa que todos os clubes participantes colocassem a marca do refrigerante no uniforme. Depois desse patrocínio da Coca Cola nas camisas dos principais clubes brasileiros, outras empresas começaram a investir neste tipo de mídia. A relação se resumia em pagar pelo espaço no uniforme.

Apesar dessas novas receitas provenientes do marketing e da parceria com empresas privadas, a nova forma de gestão dos clubes brasileiros, administrados como empresas, não fortaleceram as instituições, nem enriqueceram os clubes, pelo contrário, aceleraram o processo de crise financeira em muitos deles. Para Paulo Carneiro, presidente do Vitória, que firmou uma bem sucedida e vitoriosa parceria com o banco Excel no início da década de 1990, alguns fatos característicos levaram a isso:

 O modelo empresarial das empresas patrocinadoras não ultrapassou as marcas na camisa. Mesmo no modelo Palmeiras – Parmalat, a administração do clube continuou sendo feita amadoristicamente. A gestão profissional da Parmalat não foi transmitida, tanto que ao sair do Palmeiras, o clube voltou a viver a mesma situação anterior à parceria, inclusive no aspecto esportivo, caindo para a segunda divisão.

 Os dirigentes dos clubes continuaram amadores na gestão, com um complicador, as receitas aumentaram como consequência do marketing esportivo, mas as despesas cresceram mais ainda, resultado da má gestão.

 Dirigentes se profissionalizaram como empresários de futebol, assumindo diretamente negócios com os clubes ou por intermédio de empresários parceiros / empresas de marketing esportivo.

Apesar do momento vivido pelo futebol no Brasil, de se falar muito em transformação dos clubes em empresas, a realidade é que a grande maioria são apenas clubes, sendo a maioria deles considerados profissionais, mas na verdade estão mais para entidades amadoras, devido à baixa receita gerada anualmente. Mas apesar dos valores, maiores ou menores, o crescimento da indústria do futebol brasileiro é promissor. Por ter competência esportiva em campo e ser a única seleção pentacampeã mundial, os números brasileiros poderiam ser muito mais significativos para a indústria do futebol.

(33)

Há um bom tempo o futebol deixou de ser apenas uma atividade que envolve apenas a paixão do torcedor pelo seu clube de coração, se transformando em uma grande indústria de entretenimento onde circula bilhões de dólares por ano.

(34)

32

3 PERFIL ECONÔMICO E FINANCEIRO DO FUTEBOL BRASILEIRO.

3.1 Receitas por origens dos clubes

Segundo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), as receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade.

No Gráfico 1, pode-se visualizar o crescimento de 93,7% nas receitas dos clubes brasileiros no período de 2009 a 2012, segundo dados da BDO Brasil, empresa especializada em auditoria e consultoria.

Gráfico 1

Receita total dos 24 clubes com maiores receitas no período de 2009 a 2012 (R$ milhões)

Fonte: www.bdobrazil.com.br

No futebol profissional, os consumidores são considerados como verdadeiros consumidores, gerando receitas para os clubes. Tais receitas são provenientes principalmente de venda de camisas, direitos de transmissão, patrocínios em uniforme, licenciamento, royalties diversos, público nos estádios, etc. Até mesmo a receita com a venda de jogadores é influenciada pelo número de torcedores, dado que equipes mais populares também tendem a ser mais atraentes para os jogadores. Segundo Souza (2004) as receitas dos clubes brasileiros se originam de quatro fontes principais; a receita de bilheteria, as cotas de televisão, os

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500

2009 2010 2011 2012

(35)

patrocínios e o fornecimento de material esportivo, além do uso da marca e da remuneração por cessão de jogadores. A Tabela 1 mostra a evolução da participação das principais receitas dos clubes no período de 2009 a 2012.

Tabela 1

Evolução da participação das principais receitas dos clubes no período de 2009 a 2012

Receitas Participação Percentual

2009 2010 2011 2012

Cotas de TV 29 36 36 40

Patrocínio e Publicidade 14 18 18 14

Receitas com atletas 19 19 15 14

Outras 12 11 10 13

Clube Social 12 11 8 11

Bilheteria 14 14 13 8

Fonte: www.bdobrazil.com.br

3.1.1 Cotas de TV

A mídia é a grande responsável pela transformação do futebol em um produto de entretenimento para as massas, apesar de ser formada por vários meios de comunicação, tais como, rádio, jornal, internet, a televisão é, com certeza, o meio de comunicação que viabilizou a transformação do futebol. Para Barros (1990), há muito tempo a televisão busca uma forma de obter lucros com o futebol e a grande oportunidade para isso acontecer foi no momento de instabilidade do esporte, pois nesses momentos a televisão disponibilizava um belo suporte financeiro aos clubes, criando assim uma relação de dominância sobre estes.

Segundo Grellet (2000), existe uma relação especial entre o futebol e a mídia, quando comparada a outros esportes, para o autor esta relação foi um dos fatores que fez a mídia contribuir de forma decisiva para que o futebol se transformasse no principal esporte mundial e, consequentemente, virasse um grande negócio.

As cotas de TV são os pagamentos que as emissoras de televisão pagam aos clubes para transmitirem os jogos das competições que estes participam. Nos últimos anos, essa tem se tornado a maior fonte de receitas dos clubes brasileiros, correspondendo a 40% de suas receitas.

(36)

34

Segundo Kneipp (2012).

As cotas de TV são fundamentais. Percebe-se claramente que os clubes estão sobrevivendo com elas. Os outros fatores até cresceram, como foi o caso de negociação de atletas, que saiu de um total de R$ 269 milhões para R$ 320 milhões (crescimento de 18,9%). Porém, o crescimento das cotas de TV foi de R$ 504 milhões para R$ 770 milhões (crescimento de 52,8%).

Para Silva e Filho (2006), as receitas provenientes das cotas de televisão poderiam ser maiores, mas devido ao monopólio das transmissões dos jogos dos clubes brasileiros por parte de uma emissora dominante houve uma acentuada redução no poder de barganha dos clubes brasileiros, mesmo se unindo em grupos como é o caso do Clube dos 13 (os principais clubes do Brasil), ainda precisam de uma mentalidade de negociação em conjunto.

A importância das receitas de TV é crescente em termos percentuais, pois ela tem grande influência no crescimento, em termos absolutos, das demais receitas que compõem as fontes de recursos dos clubes. O Gráfico 2 mostra os dez clubes brasileiros que receberam as maiores cotas da televisão para transmissão dos seus jogos no período de 2010 a 2011, o gráfico 3 mostra a mesma informação no período 2011/2012.

Gráfico 2

Os dez clubes com as maiores cotas de TV no período de 2010 a 2011 (R$ milhões)

Fonte: www.bdobrazil.com.br

(37)

Gráfico 3

Os dez clubes com as maiores cotas de TV no período de 2011 a 2012 (R$ milhões)

Fonte: www.bdobrazil.com.br

3.1.2 Patrocínio e Publicidade

Contursi (2000, p. 260) define o patrocínio da seguinte forma:

Patrocínio consiste no fornecimento de qualquer tipo de recurso, realizado por uma organização ao prestar suporte direto a um evento esportivo, artístico ou de cunho social (educacional ou ambiental) com o propósito de associar o nome, marca ou produto da organização diretamente ao evento. A organização utiliza este relacionamento para atingir seus objetivos promocionais e / ou para facilitar e fundamentar seus objetivos gerais de marketing.

Para o autor alguns fatores colaboraram para o crescimento da importância da publicidade e do patrocínio como fonte de receitas e promoção para os esportes:

 O aumento do interesse do público pelas atividades esportivas e maior disponibilidade para o lazer;

 Crescente comercialização da televisão;

 O custo de transmissão de eventos esportivos, naquela época mais barato do que produzir shows ou programas;

 A segmentação da própria mídia, aumentando a demanda por programações esportivas.

(38)

36

Segundo Klein (1999), o crescimento da importância do patrocínio acompanhou a própria evolução do negócio futebol vinculado à mídia. Enquanto em 1970 a Copa foi transmitida ao custo de US$ 600 mil, na Coréia / Japão 2002, o valor ultrapassou US$ 1 bilhão.

Apesar de variações nos últimos anos e a redução das receitas provenientes do patrocínio e publicidade, estas são a segunda maior fonte de receitas nos clubes brasileiros no período analisado. Os maiores contratos de patrocínio do futebol brasileiro estão com a CBF, que sozinha representa quase um terço do mercado.

O patrocínio e a publicidade começaram a crescer no Brasil a partir do momento que grandes empresas perceberam que era mais barato e eficaz associar sua marca a um evento de interesse da mídia, levando seus concorrentes a seguirem o mesmo caminho. Segundo Plastina (2003 apud PEREIRA, 2003, P.176), para cada real investido em patrocínio outros dois reais devem ser investidos em outras ações de marketing, inclusive propaganda / publicidade. Para as fabricantes de material esportivo, o patrocínio é absolutamente essencial e o grande exemplo aconteceu com a Nike. No gráfico 4 veremos os clubes com maiores receitas com patrocínios em 2010-2011. O gráfico 5 mostra os clubes com maiores receitas com patrocínios em 2011- 2012 e o gráfico 6 os maiores contratos de patrocínio da CBF em 2012.

Gráfico 4

Clubes com maiores receitas com patrocínios em 2010-2011 (R$ milhões)

Fonte: www.bdobrazil.com.br

(39)

Gráfico 5

Clubes com maiores receitas com patrocínios em 2011-2012 (R$ milhões)

Fonte: www.bdobrazil.com.br

Gráfico 6

Maiores contratos de patrocínio da CBF em 2012 (R$ milhões)

Fonte: Somoggi (2013b)

Segundo pesquisa da GSN (2011), analisando 463 contratos de patrocínio estabelecidos entre empresas e os 301 clubes presentes nos 27 campeonatos estaduais realizados durante 2011, 54 clubes não possuem patrocinador, segundo informações do site www.ogol.com.br,

(40)

38

o que corresponde a 17,9% da amostra. BMG é a marca mais presente no universo pesquisado, são 31 equipes, o equivalente a 10,3%, seguida pela Unimed que está em 25 equipes.

Ilustraçao 1

Empresas com maior participação nos patrocínios dos clubes brasileiros

Fonte: GSN (2011)

Para Somoggi (2013b), para que os clubes brasileiros evoluam e atinjam o mesmo patamar da CBF deve haver uma série de mudanças em sua gestão de patrocínios, pois segundo o autor, os clubes ainda dependem de poucos contratos de patrocínio, muito focados na visibilidade que as propriedades oferecem, não existindo uma abordagem comercial mais agressiva junto aos patrocinadores.

.

3.1.3 Receitas com Atletas

A venda de jogadores sempre foi uma solução para os clubes brasileiros, representando um produto que depende menos da relação clube-cliente e mais da qualidade técnica do jogador e da equipe que o desenvolve. As receitas com atletas tem diminuído sua participação na arrecadação total dos clubes brasileiros. Apesar disso, estas são a segunda maior fonte de receitas dos clubes brasileiros ao lado das receitas provenientes de patrocínio e propaganda.

A diminuição da participação das receitas obtidas com atletas é um processo que vem ocorrendo há um bom tempo, com a criação da lei 9.615, a chamada lei Pelé, que afirma em seu Art.28. § 5º O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática desportiva contratante

(41)

constitui-se com o registro do contrato especial de trabalho desportivo na entidade de administração do desporto, tendo natureza acessória ao respectivo vínculo empregatício, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais: I - com o término da vigência do contrato ou o seu distrato. Dessa forma o jogador, ao término de seu contrato, ganhou o direito de negociar sua transferência para qualquer clube sem que esse novo clube tenha que pagar ao clube anterior pelos direitos federativos do atleta.

A criação da lei Pelé influenciou diretamente a geração de receitas dos clubes brasileiros, visto que as receitas provenientes das vendas dos atletas eram suas principais fontes de renda.

Uma das principais consequências da lei Pelé foi a elevação do número de transações de jogadores brasileiros para o exterior, além disso as mudanças na legislação esportiva ocasionaram um enorme corte no suprimento de recursos dos clubes de pequeno e médio porte, que sem acesso aos recursos que giram em torno do futebol negócio, como direitos de TV, patrocínio, bilheteria e muito menos licenciamento, a única fonte destes clubes sempre foi a formação e negociação de jogadores. Sem uma gestão profissional no futebol do país, os clubes brasileiros não conseguem competir com os salários oferecidos pelos de outros países.

Gráfico 7

Os dez clubes com as maiores receitas geradas com transferências de atletas no período de 2010-2011

(R$ milhões)

Fonte: www.bdobrazil.com.br

(42)

40

Gráfico 8

Os dez clubes com as maiores receitas geradas com transferências de atletas no período de 2011-2012

(R$ milhões)

Fonte: www.bdobrazil.com.br 3.1.4 Bilheteria

As receitas com bilheterias podem ser consideradas como a operação principal do mercado produtor com o mercado consumidor do futebol, ou seja, do clube com o consumidor final, o torcedor. Essa relação tem grande utilidade na medição da satisfação do público que vai ao estádio.

Nos últimos anos as receitas provenientes das bilheterias dos estádios brasileiros vem sofrendo uma grande redução, tal fato pode ser explicado por alguns fatores:

 Existência de vários jogos sem muita importância para o público, clubes reclamam de prejuízos em estádios e jogos de pouco apelo para o torcedor.

 Baixa renda do torcedor, se comparada a torcedores de países europeus

 Horários de realização das partidas que ocorrem no meio da semana, em horários pouco convencionais

 Violências nos estádios, que na maioria dos episódios são fruto de torcidas organizadas que brigam entre si, e que acabam envolvendo pessoas de bem que procuram entretenimento com as famílias

Referências

Documentos relacionados

Eles têm o objetivo básico de planejar e controlar o processo de manufatura em todos os níveis, incluindo materiais, equipamentos, pessoas, fornecedores

De acordo com Amorim (1998, p.13) “a promoção de pequenos negócios surge como uma política adequada para dar oportunidade de ganhos à crescente força de

Será calculado o percentual de participação de cada setor, tanto para o gênero masculino como para o gênero feminino, para se conhecer a relevância de cada setor, ou

Destacam-se, pelo lado da oferta de trabalho: o aumento da população economicamente ativa (PEA), o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho,

A visão cartesiana é limitada e fragmentada, negligencia as forças econômicas básicas, deixando de fora as realidades sociais e políticas. E a economia, por ser

O presente estudo teve como objetivo buscar evidências de qual é o verdadeiro efeito que o desenvolvimento financeiro exerce sobre a desigualdade de renda e

O Brasil, por se tratar de um país com abundância de recursos naturais, deveria procurar alternativas para reduzir essa dependência, que, como visto ao longo do

Ainda conforme a UNCTAD (2008), a economia criativa contribui diretamente para o crescimento das economias locais através da produção de bens e serviços criativos, geração