FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

RELATÓRIO FINAL

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA

2013/2014

CRISTIANA LOPES CRAVEIRO

Nº 2008062

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Índice

I. INTRODUÇÃO ... 3

II. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATIVIDADES CURRICULARES ... 3

A. Estágio de Pediatria (16/09/2013 a 11/10/2013) ... 3

B. Estágio de Ginecologia e Obstetrícia (14/10/2013 a 08/11/2013) ... 4

C. Estágio de Saúde Mental (11/11/2013 a 06/12/2013) ... 4

D. Estágio de Medicina Geral e Familiar (09/12/2013 a 17/01/2013) ... 5

E. Estágio de Medicina Interna (27/01/2014 a 21/03/2014) ... 6

F. Estágio de Cirurgia (24/03/2014 a 23/05/2014) ... 7

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I. INTRODUÇÃO

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é considerado um estágio

profissionalizante que engloba o exercício orientado e programado da Medicina por diversas

áreas médicas e cirúrgicas. Os seus principais objetivos são: desenvolver competências

essenciais, tais como colheita de dados, elaboração do raciocínio clínico e tomada de decisões;

promover a autonomia; e desenvolver aptidões no domínio da investigação clínica.

O presente relatório foi elaborado segundo o modelo proposto e aprovado pelo Conselho

Pedagógico e Científico da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) de Lisboa. Constitui um

elemento de discussão da Prova Pública Final e pretende fazer uma síntese de todos os

elementos considerados representativos dos estágios do 6º ano profissionalizante do ano letivo

de 2013/2014. Desta forma, o relatório está dividido em 3 secções: Introdução onde são

apresentados os objetivos do relatório e a organização do mesmo; Descrição sumária das

atividades curriculares, onde estão sinteticamente descritas as atividades desenvolvidas em

cada estágio, organizados pela ordem de frequência das disciplinas; Reflexão Crítica Final que

constitui uma análise pessoal do Ano Profissionalizante.

II. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DAS ATIVIDADES CURRICULARES

A.

O estágio de Pediatria realizou-se no Hospital Dona Estefânia sob a regência do Prof.

Doutor Luís Manuel Varandas e sob a orientação da Dr.ª Marta Conde, médica pediatra

especializada em reumatologia.

Durante o estágio acompanhei as atividades da Dra. Marta, maioritariamente as consultas

externas de reumatologia. Embora tenha assistido a algumas “primeiras consultas”, a grande

maioria consistiu no seguimento de doentes crónicos, com especial atenção, pela elevada

frequência, para doentes com a Síndrome PFAPA. Passei também semanalmente pelo Serviço

de Urgência (S.U.), pelas consultas CORDA, consultas de Imunoalergologia pediátrica e

4 a visita a doentes de pneumologia permitindo, deste modo, ter conhecimento da prática clínica

de várias valências da especialidade.

Por fim, fez também parte do estágio a presença em sessões clínicas, reuniões de serviço

e em sessões formativas de Imunoalergologia (lecionadas pela Dr.ª Paula Leiria Pinto), bem

como, a realização e apresentação de um seminário com o tema “Síndrome PFAPA” juntamente

com a minha colega de estágio.

B.

Este teve lugar no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital S. Francisco Xavier,

sob a regência da Dra. Fátima Serrão e sob orientação do Dr. Fernando Cirurgião.

Apesar do curto período de estágio, saliento o facto de nos ter sido concedida a

oportunidade de, durante as 4 semanas, acompanhar vários médicos, de forma a ficar com uma

perspetiva mais abrangente da especialidade. Assim, para além de ter acompanhado o dia-a-dia

das enfermarias de Ginecologia e Obstetrícia, pude integrar, ocasionalmente, as consultas

externas de Medicina Materno-Fetal, de Alto Risco e de Pré-operatório, além do S.U. uma vez

por semana, da Ecografia e Amniocentese e, finalmente, o Bloco Operatório.

C.

O estágio de Saúde Mental teve a duração de 4 semanas e decorreu na Unidade de

Hospital de Dia (HD) do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (HFF), sob orientação do Dr.

João Carlos Melo. Durante este período desenvolvi atividades assistenciais no Hospital de Dia e

S.U., participei em sessões de formação, nomeadamente seminários teórico-práticos realizados

na FCM, reuniões gerais de serviço e num seminário apresentado por alguns alunos da turma,

para o qual elaborei um trabalho de revisão temática sobre Perturbações da Ansiedade.

Deste estágio destaco as aulas teórico-práticas iniciais lecionadas pelo Prof. Doutor Miguel

Xavier, que contribuíram para uma revisão prática da abordagem às principais patologias em

5 Destaco, igualmente, que pelo facto de ter permanecido no HD durante as 4 semanas de

estágio, acompanhando os mesmos doentes diariamente, adquiri uma perspetiva longitudinal e

integradora da doença psiquiátrica que até agora não tinha presente.

Além disso, sublinho a importância do HD me ter permitido estar em contacto com a

cooperação multidisciplinar das intervenções reabilitativas tendo, pela primeira vez, contacto

com profissionais de terapia ocupacional (sessões de terapia em meio aquático) e psicologia.

D.

O estágio de Medicina Geral e Familiar (MGF), sob a regência da Prof. Doutora Isabel

Santos, decorreu em dois períodos distintos: duas semanas na UCSP Serpa (Extensão Vila

Verde de Ficalho), sob orientação do Dr. Edmundo Sá; e duas semanas na USF Marginal, sob

orientação do Dr. João Pedro Faria.

Em primeiro lugar, saliento a oportunidade que nos foi concedida de podermos escolher

realizar o estágio em dois ambientes opostos (rural e urbano) e ter, desta forma, contacto com

duas realidades completamente distintas. O estágio rural permitiu-me ter contacto com uma

comunidade diferente da que estava habituada nos restantes anos de curso e treinar as minhas

capacidades comunicativas, de modo a adaptar-me a ela. Para além disso, ambos os estágios

foram benéficos no sentido em que esta experiência me permitiu ainda ter uma noção mais

abrangente do doente comum dos cuidados de saúde primários e notar que, de facto, as

patologias mais prevalentes (HTA, DMNID, Dislipidémia, Patologia músculo-esquelética e

Perturbações depressivas e da ansiedade) são, de uma maneira geral, transversais às diversas

zonas geográficas.

Sublinho o facto de que pude assistir a consultas específicas médicas e de enfermagem,

nomeadamente, de avaliação e seguimento de doentes com Diabetes, Planeamento Familiar,

Acompanhamento da Grávida, Saúde Infantil, além das Consultas Abertas, específicas para

situações agudas, tendo ficado com a perceção da multidisciplinaridade que esta especialidade

6 Considero de extrema importância na minha formação médica a promoção de autonomia

que me foi concedida para execução de consultas e procedimentos médicos sozinha, facilitando

a minha integração nas condutas e rotinas e permitindo-me ganhar auto-confiança e melhorar as

minhas capacidades de comunicação com o doente, estabelecimento da relação médico-doente

e praticar os gestos técnicos do exame objetivo.

E.

Este estágio decorreu no Serviço de Medicina IV do Hospital São Francisco Xavier (HSFX),

sob regência do Prof. Doutor Fernando Nolasco e sob tutela do Dr. José Guia.

A maior parte do período de estágio foi ocupado com trabalho de enfermaria, no qual me era

atribuído diariamente um ou dois doentes com observação diária e preenchimento do diário

clinico respetivo; requisição, registo e interpretação de exames complementares de diagnóstico;

alterações na terapêutica; realização de notas de entrada, notas de alta e de óbito; e ainda

observação e realização de procedimentos práticos, nomeadamente, realização de punções

arteriais, eletrocardiogramas, punções venosas, hemoculturas e observação de paracentese,

biópsia óssea e punção lombar. Foi-me solicitada também a apresentação dos doentes durante

a visita médica e, diariamente, na discussão com os restantes membros da equipa, tendo

constituído um incentivo ao desenvolvimento da capacidade de comunicar o quadro e evolução

clínica de um doente de uma forma sistematizada.

Além disso, frequentei a consulta externa de Medicina Interna e a consulta de Diabetes de

Grávida, que me permitiram ter uma perspetiva diferente da especialidade.

A frequência do SU, com a maior parte do tempo despendido no balcão de atendimento

geral, permitiu-me tomar conhecimento da abordagem diagnóstica e terapêutica mais adequada

às queixas mais frequentes neste contexto. Tive igualmente a oportunidade de eu própria

realizar a colheita de anamnese e exame objetivo, sempre supervisionada por um médico

7

Os seminários, sessões clínicas e Journal club desempenharam um papel importante na

consolidação e aprendizagem de conhecimentos teórico-práticos relevantes para a prática

clínica, especialmente no que diz respeito à abordagem terapêutica, e também na atualização

científica, já que estes foram maioritariamente baseados nas recomendações mais recentes.

Realizei e apresentei uma sessão clínica sobre o tema “Alterações do Hemograma” e um

Journal clubdo artigo “Anemia no doente diabético”.

Deste estágio, destaco com especial importância a excelente integração dos alunos na

dinâmica do Serviço, e o interesse e disponibilidade demonstrados por parte de todos os

membros que sempre promoveram a nossa autonomia. Considero que este estágio foi

importante na medida em que compreendi a importância e necessidade de uma abordagem

multidisciplinar do doente, concretizado com os diversos contactados com outros profissionais

nomeadamente, enfermeiros, assistentes sociais, administrativos, nutricionistas, fisioterapeutas

e médicos de outras especialidades.

F.

O estágio de Cirurgia decorreu no Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX) sob a regência do

Professor Doutor Rui Maio e sob tutela da Dra. Catarina Caseiro.

Seis das oito semanas de estágio tiveram lugar no Serviço de Cirurgia Geral, onde participei

nas atividades de Enfermaria, Consulta Externa, Bloco Operatório e SU. Durante este período

tive oportunidade de realizar alguns procedimentos práticos, nomeadamente, preenchimento de

diários clínicos, elaboração de notas de alta, gasometrias, punções venosas, punção venosa

femoral, limpeza e realização de pensos e ligaduras, desinfeção e sutura de feridas. Também

fez parte do estágio a presença semanal na visita clínica, nas sessões clínicas, e sessões

teórico-práticas lecionadas no HVFX. Realizei ainda em colaboração com as minhas colegas de

estágio, uma apresentação com o tema “E tudo começou num órgão vestigial…”, sobre um caso

que acompanhámos de neoplasia do apêndice ileocecal, que foi apresentado no minicongresso

8 As restantes duas semanas, foram distribuídas pelas especialidades de Ortopedia, sob a

tutela do Dr. Nuno Coutinho, tendo participado nas Visitas Clínicas, Consulta Externa, Bloco

Operatório, Enfermaria e S.U. onde tive oportunidade de realizar uma tala gessada; e Urologia,

sob tutela do Dr. Rogério Gouveia, onde acompanhei a Consulta Externa e assisti à realização

de Exames Complementares de Diagnóstico, nomeadamente, biópsias prostáticas ecoguiadas e

cistografia ureteral.

III. REFLEXÃO CRÍTICA FINAL

Após o término do 6º ano, é altura de fazer um balanço final. A presente análise crítica

surge como forma de reflexão pessoal acerca da vivência deste ano profissionalizante em

termos de aquisição de competências médicas, estabelecimento de relações interpessoais e

também de formação enquanto pessoa.

À posteriori, considero que a grande mais-valia deste ano foi o seu carácter

profissionalizante, que deu lugar ao contacto com diversas patologias, já estudadas

anteriormente, levando o conhecimento para além dos fundamentos teóricos. A meu ver

“autonomia” é a palavra que melhor o caracteriza. Esta depende não só do interesse e da

motivação do próprio aluno, mas também da formação e das oportunidades que lhe são

oferecidas. Neste aspeto, saliento a promoção da minha integração por parte dos tutores e do

incentivo à minha participação ativa e autónoma na maioria das atividades, sublinhando

novamente os estágios de MGF e Medicina Interna em que me foi dada a oportunidade de

realizar consultas e procedimentos médicos sozinha, tendo-me conferido uma sensação

crescente de confiança no desempenho das mesmas.

Tendo em conta o presente panorama geral da Medicina e tudo o que ela envolve e o

futuro que se adivinha, considero de extrema importância o destaque que foi dado, em todos os

estágios, à gestão dos recursos disponíveis, tendo aprendido a utilizá-los de forma pensada e

eficiente.

Na abordagem e contacto com os doentes, aprendi o quão relevante é a integração entre

9 aprimorar técnicas comunicacionais, um dos pilares na boa relação médico-doente. A própria

integração na rotina dos serviços e o contacto com os diversos profissionais de saúde,

nomeadamente enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, terapeutas, assistentes sociais, e

administrativos, deram lugar ao estabelecimento de relações interpessoais e interdisciplinares,

indissociáveis da prática clínica. Aprendi ainda a gerir a partilha de informação, por vezes mais

delicada, com o doente e respetiva família.

Os vários trabalhos de revisão e síntese que efetuei e apresentei em alguns estágios

(Pediatria, MGF, Saúde Mental, Medicina, Cirurgia), e a participação nas visitas clínicas,

contribuíram para melhorar o desenvolvimento das minhas competências na comunicação oral e

transmissão de informação clínica e científica ao público e a colegas.

A necessidade de traçar objetivos no início deste ano foi essencial para manter um fio

condutor na minha prestação, sempre com o intuito de os atingir e colmatar, assim, algumas das

falhas na minha formação. Deste modo, destaco como principais objetivos: aprofundar os

conhecimentos teórico-práticos adquiridos nos anos transatos, integrando-os eficazmente na

atividade prática diária; familiarizar-me com as atividades desenvolvidas nos diversos Serviços,

alcançando uma autonomia progressiva nesse âmbito; adquirir experiência na observação

sistemática do doente e um maior à vontade na implementação e manejo de planos

terapêuticos; adquirir novas aptidões práticas e agilizar as que já conhecia; e, por fim, conciliar o

trabalho em cada um dos estágios com o estudo para o Exame de Seriação Nacional. No

cômputo geral, todos os objetivos foram cumpridos à exceção da articulação do estudo para o

Exame de Seriação Nacional com o trabalho diário em cada um dos estágios parcelares, devido

ao facto de que, em alguns estágios, a carga horária que nos foi atribuída impossibilitou a

conciliação do estudo de conteúdos não diretamente associados a cada um dos estágios.

Gostaria de ressalvar a boa organização do 6º ano, principalmente no que diz respeito à

duração e distribuição temporal dos vários estágios parcelares e, mais importante, ao facto de,

na maioria dos estágios, ter sido possível manter uma relação tutor/aluno de 1 para 1, que nem

10 entanto, gostaria de referir como aspeto negativo a pouca uniformização na carga horária e

trabalhos realizados nos diferentes hospitais e serviços, dentro da mesma unidade curricular,

discrepância essa que depois não se verifica na avaliação final.

Gostaria de salientar também a integração no plano curricular de um estágio opcional,

concedendo-nos a oportunidade de escolher entre uma especialidade com a qual não tivemos

contacto durante os anos de curso, ou, como no meu caso, ter mais um período de contacto com

uma especialidade na qual temos interesse futuro. Eu realizei 2 semanas de Psiquiatria no

Serviço de Psiquiatria do HFF, onde tive contacto com áreas da especialidade que até então não

conhecia, nomeadamente a psiquiatria de ligação e o internamento.

Por outro lado, gostaria de fazer uma pequena abordagem aos três primeiros anos de

curso. A carga teórica nestes anos foi acentuada e o contacto com a clínica foi nulo ou muito

superficial, o que resultou numa perda progressiva do entusiasmo inicial pelo curso e do

interesse pelos conteúdos programáticos. Uma melhor integração com a prática clínica permitiria

não só uma consolidação mais eficaz da matéria estudada, mas também uma maior motivação

para o estudo. Assim, guardei elevadas expectativas relativamente ao ciclo clínico, uma vez que

se antecipa o contacto com o doente, a aquisição de competências práticas até então ignoradas,

em suma, uma experiência mais próxima da prática médica real. Contudo, no essencial, todas

as expectativas foram superadas, devido à boa organização do Mestrado Integrado em Medicina

pela FCM, e o contacto com a clínica ofereceu-me um novo fôlego motivacional. Os seis anos de

curso, foram caracterizados por algumas adversidades mas também por muitas alegrias, adquiri

vivências pessoais e competências fundamentais para a minha formação como aluno de

Medicina e como pessoa, que me irão ser extremamente úteis ao longo da minha prática clínica,

independentemente da especialidade que vier a escolher.

Tudo isto graças à disponibilidade de todos aqueles que diretamente ou indiretamente

contribuíram para a minha formação, nomeadamente todos os meus tutores e os ensinamentos

por eles transmitidos. Termino assim com uma palavra de agradecimento a todos eles, que