• Nenhum resultado encontrado

SentençaparaRecursoAdesivo2011

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "SentençaparaRecursoAdesivo2011"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

Profª: Cibele Rodrigues

1ª Vara

Processo 450/08

Vistos.

Zelmo Denaro, ajuizou ação de indenização por danos morais e

materiais em face da empresa Veiculação Rápida S/A, alegando que foi

difamado por artigo veiculado na edição de 26 de janeiro de 2011, no jornal

publicado pela empresa ré.

O autor pleiteia à título de indenização por danos materiais o valor de

700 salários mínimos e por danos morais o valor de 800 salários mínimos, mais

as custas processuais e honorários advocatícios fixados no valor de 20% sobre

o valor das indenizações , com fundamento nos artigos 186 e 927 do CC, 49,

inc I, 50 e 54 da lei 5.250/67 CC art.5º I X da C.F.

O requerente pediu a procedência da ação, juntou os documentos e

arrolou testemunhas ouvidas às fls. 50, que confirmaram o ocorrido não existiu,

mas que era apenas estória advinda de alguma criança da escola.

A ré foi citada e apresentou contestação, arrolou testemunhas

ouvidas às fls.55, pediu a improcedência da ação, juntou documentos.

Houve réplica.

É o relatório.

Decido.

(2)

Profª: Cibele Rodrigues

Ficou fartamente comprovada, através de documentos juntados pelo

autor que, na data de 26 de janeiro de 2011, o jornal publicado pela empresa

“Veiculação Rápida S/A” foi responsável por artigo difamatório referente à

pessoa do autor aludindo o seguinte:

“Que o senhor Zelmo Denaro, proprietário e diretor da escola Bom

Ensino Meninos e Meninas, proferiu ofensas contra um aluno, perante vários

colegas, chegando a ser responsável pelo constrangimento daquele quando o

colocou de castigo ajoelhado no milho...”

Os danos materiais ocasionados pelo artigo veiculado são evidentes,

através de grande queda nos negócios do requerente, pelo dano a sua

imagem, ocasionando-lhe sérios prejuízos, eis que vários pais transferiram

seus filhos da referida escola, bem como, no início do ano ficou demonstrada a

queda das matrículas.

Os danos morais não atingem a esfera patrimonial, mas sim a esfera

emocional íntima do ser humano, humano, devendo ser reparado através de

valor pecuniário para minimizar a dor , e o autor comprovou ser sofrimento

através dos problemas de saúde advindos após a noticia veiculada no jornal.

As testemunhas do autor às fls. 51 comprovaram as afirmativas

narradas na inicial, corroborando com todas as demais provas dos autos.

A ação deve ser julgada parcialmente procedente.

A jurisprudência e a doutrina são pacíficas no seguinte sentido:

“DANO MORAL PURO. (RSTJ 34/284).

RECURSO ESPECIAL N° 8.768 - SP (Registro n° 91.0003774 - 5)

(3)

Profª: Cibele Rodrigues

Recorrente: Luiz Antônio Martins Ferreira Recorrido: Banco Nacional S/A

Advogados: Drs. Luiz Antônio Martins Ferreira e Cláudio Jacob Romano e outros

EMENTA: DANO MORAL PURO.

CARACTERIZAÇÃO.

Sobrevindo em razão de ato ilícito, perturbação nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma pessoa, configura-se o dano moral, passível de indenização.

Recurso especial conhecido e provido. ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas:

Decide a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe provimento, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

“DANO MORAL PURO. (RT 639/155).

INDENIZAÇÃO Dano moral Cabimento -Independente da comprovação dos prejuízos materiais.

Ementa oficial: Danos morais. Os danos puramente morais são indenizáveis.

Ap. 31.239 - 2ª C. - j. 14.8.90 - rel. Des. Eduardo Luz.”

Custas, como de lei.

Brasília, 18 de fevereiro de 1992 (data do julgamento).

Ministro ATHOS CARNEIRO, Presidente. Ministro BARROS MONTEIRO, Relator.”

“RESPONSABILIDADE CIVIL - VIOLAÇÃO DO DIREITO À IMAGEM - DANO MORAL - O dano moral puro não se confunde com repercussão econômica dele decorrente. O primeiro, é a dor, a vergonha, o vexame, a

(4)

Profª: Cibele Rodrigues

humilhação e o constrangimento sofrido pela vítima em razão de agressão a um bem integrante da sua personalidade; o segundo, é o prejuízo econômico, são as perdas patrimoniais experimentadas pela vítima em decorrência da agressão ao mesmo bem personalíssimo.

Carlos Alberto Bittar, em sua obra “Reparação Civil por

Danos Morais”, 2ª ed., Editora Revista dos Tribunais, preleciona:

Pág.

11.-“Tem-se por assente, neste plano, que ações ou omissões lesivas rompem o equilíbrio existente no mundo fático, onerando, física, moral ou pecuniariamente, os lesados, que, diante da respectiva injustiça, ficam, “ipso facto”, investidas de poder para defesa dos interesses violados, em níveis diverso e à luz das circunstâncias do caso concreto. É que ao direito compete preservar a integridade moral e patrimonial das pessoas, mantendo o equilíbrio no meio social e na esfera individual de cada um dos membros da coletividade, em sua busca incessante pela felicidade pessoal”.

“Por isso é que há certas condutas com as quais a ordem jurídica não se compraz, ou cujos efeitos não lhe convém, originando-se daí, por força de sua rejeição, proibições e sancionamentos aos lesantes, como mecanismos destinados a aliviar a respectiva ocorrência, ou a servir de resposta à sua concretização, sempre em razão dos fins visados pelo agrupamento social e dos valores eleitos com nucleares para sua sobrevivência”.

(5)

Profª: Cibele Rodrigues

a ordem jurídica não se compraz, ou cujos efeitos não lhe convém, originando-se daí, por força de sua rejeição, proibições e sancionamentos aos lesantes, como mecanismos destinados a aliviar a respectiva ocorrência, ou a servir de resposta à sua concretização, sempre em razão dos fins visados pelo agrupamento social e dos valores eleitos com nucleares para sua sobrevivência”.

Pág.

“Suporta o agente, na área da responsabilidade civil, efeitos vários de fatos lesivos que lhe possam ser imputáveis, subjetiva ou objetivamente, criando, desse modo, com o ônus correspondentes, tanto em seu patrimônio, com em sua pessoa, ou em ambos, conforme a hipótese”.

Pág.

“Induz, pois, a responsabilidade a demonstração de que o resultado lesivo (dano) proveio de atuação do lesante (ação ou omissão antijurídica) e como seu efeito ou conseqüência (nexo causal ou etiológico)”.

Págs.

“NECESSIDADE DE REPARAÇÃO: A TEORIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL. Havendo dano, surge a necessidade de reparação, como imposição natural da vida em sociedade e, exatamente, para a sua própria existência e o desenvolvimento normal das potencialidades de cara ente personalizado. É que investidas ilícitas ou antijurídicas no circuito de bens ou de valores alheios perturbam o fluxo tranquilo das relações sociais, exigindo, em contraponto, as reações que o Direito engendra e formula para a restauração do equilíbrio rompido”.

Pág.

(6)

Profª: Cibele Rodrigues

morais da esfera jurídica dos titulares de direito, causando-lhes sentimentos negativos; dores; desprestígio; redução ou diminuição do patrimônio, desequilíbrio em sua situação psíquica, enfim transtornos em sua integridade pessoa, moral ou patrimonial”.

“Constituem, desse modo, perdas, de ordem pecuniária ou moral, que alteram a esfera jurídica do lesado, exigindo a respectiva resposta, traduzida, no plano do direito, pela necessidade da restauração do equilíbrio afetado, ou compensação pelos traumas sofridos que na teoria em questão se busca atender. É que de bens espirituais e materiais necessitam as pessoas para a consecução de seus objetivos”.

“RESPONSABILIDADE CIVIL - Estado de necessidade - Arts. 159, 160, II, e 1.520 do CC. Aquele que causa danos a terceiro tem o dever de indenizar, mesmo que sua ação tenha sido motivada por estado de necessidade. (TRF 4ª R Ac 89.04.179203RS 1ª T -Rel. Juiz Wladimir Freitas - DJU 11.09.91) (RJ 170/146)”.

“INDENIZAÇÃO - Responsabilidade civil. Ato ilícito. Dano moral. Verba devida. Irrelevância de que esteja, ou não, associado ao dano patrimonial. Art. 5°, X, da CF. Arbitramento determinado. Art. 1.533 do CC. Recurso provido para esse fim. (TJSP - Ac 170.376-1 - 2ª C - Rel. Des. Cezar Peluso - J. 29.09.92) (RJTJESP 142/95)”.

“DANO PATRIMONIAL E DANO MORAL -Indenização. Caso de indevido registro negativo no SPC. Procedência da ação que se confirma. (TJRS - AC 590.019.196 - 5ª C. - Rel. Des. Sérgio Pilla da Silva - J. 08.05.90) (RJ 160/96)”

(7)

Profª: Cibele Rodrigues

obra premiada e pronunciada na 2ª Conferência Nacional de

Desembargadores do Brasil, na parte em que dita:

“... A indenização do dano moral não visa a satisfazer materialmente o ofendido. O seu sentido maior é punir exemplarmente o ofensor. Lhambías proclama que: “quando se trarta da reparação de danos morais, a indenização não têm caráter ressarcitório, senão punitório”. Com referência ao quantum indenizatório, deve-se considerar a posição social e cultural do ofensor, bem como do ofendido ...”

A indenização dos danos morais tem caráter punitivo. Este é

sentido ensinado pelo ilustre Dr. Carlos Alberto Bittar, Juiz do 2° Tribunal

de Alçada Civil de São Paulo, Prof. de Direito Civil da USP, em sua brilhante

obra, Reparação Civil por Danos Morais:

“Na adoção da reparação pecuniária, vem-se cristalizando orientação na jurisprudência nacional que, já de longo tempo, domina o cenário indenizatório nos direitos norte-americano e inglês. É a da fixação de valor que serve como desestímulo a novas agressões, coerente com o espírito dos referidos “punitive ou exemplary damages” da jurisprudência daqueles países.

Em consonância com essa diretriz, a indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em importância compatível com o vulto dos interesses em conflitos, refletindo-se, de modo expressivo, no partimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos

(8)

Profª: Cibele Rodrigues

efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser, quantia economicamente significativa, em razão das potencialidades do patrimônio do lesante.

Ora, em momento em que crises de valores e de perspectivas assolam a humanidade, fazendo recrudescer as diferentes formas de violência, esse posicionamento constitui sólida barreira jurídica a atitudes ou condutas incondizentes com os padrões éticos médios da sociedade. De fato, a exacerbação da sanção pecuniária é fórmula que atende às graves consequências que de atentados à moralidade individual ou social podem advir, mister se faz que imperem o respeito humano e a consideração social, como elementos necessários para a vida em comunidade.

Com essa técnica é que a jurisprudência dos países da “Common Law” tem contribuído, decisivamente, para a implementação efetiva de um sistema de vida fundado no pleno respeito aos direitos da personalidade humana, com sacrifícios pesados aos desvios que tem verificado, tanto para pessoas físicas, como para pessoas jurídicas infratoras.

Coaduna-se essa postura, ademais, com a própria índole da teoria em debate, possibilitando que realize com maior ênfase, a sua função inibidora, ou indutora de comportamento. Com efeito, o peso do ônus financeiro é, em um mundo em que cintilam interesses econômicos, a resposta pecuniária mais adequada ao lesionamento de ordem moral.”

O Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no

acórdão unânime da 1ª Câmara Cível, reg. em 17.04.91, ap. 3.700/90, de que

foi Relator o Eminente Desembargador Renato Maneschy, publicado in

ADV/COAD, Boletim de Jurisprudência Semanal, n° 51, ano 11, 1.991, pág.

(9)

Profª: Cibele Rodrigues

810, decidiu:

“... também não pode ser esquecida a função penal e altamente moralizadora da reparação para o causador do dano com diminuição imposta em seu patrimônio”.

O renomado doutrinador Hermenegildo de Barros, citado por Pontes

de Miranda, já acentuara que:

“embora o dano moral seja um sentimento de pesar íntimo da pessoa ofendida, para o qual se não encontra estimação perfeitamente adequada, não é isso razão para que se lhe recuse em absoluto uma compensação qualquer. Esse será estabelecida, como e quando possível, por meio de uma soma, que não importando uma exata reparação, todavia representará a única salvação cabível nos limites das forças humanas. O dinheiro não os extinguirá de todo; não os atenuará mesmo por sua própria natureza; mas pelas vantagens que o seu valor permutativo poderá proporcionar, compensando, indiretamente e parcialmente embora, o suplício moral que os vitimados experimentam” (in RTJ 57, pp. 789-790, voto de Ministro Thompson Flores).

É como muito bem salientou o consagrado Caio Mário da Silva

Pereira:

“O problema de sua reparação deve ser posto em termos de que a reparação do dano moral, a par do caráter punitivo imposto ao agente, tem de assumir sentido compensatório.”

A grande sabedoria de Maria Helena Diniz, por sua vez, com

propriedade fala da importância do juiz na fixação do “quantum” reparatório, ao

ensinar:

“Grande é o papel do magistrado, na reparação do dano moral, competindo, a seu prudente arbítrio,

(10)

Profª: Cibele Rodrigues

examinar cada caso, ponderando os elementos probatórios e medindo as circunstâncias, preferindo o desagravo direto ou compensação não econômica à pecuniária sempre que possível ou se não houver riscos de novos danos” (“Curso de Direito Civil Brasileiro”, p. 81).

Por outro lado, devemos sempre nos lembrar, acerca dos

critérios de fixação da indenização por dano moral, do ensinamento proferido

já há mais de 40 anos pelo eminente Professor Wilson Melo da Silva, grande

precursor do estudo da matéria em nosso país, do seguinte teor:

“Para a fixação, em dinheiro, do “quantum” da indenização, o

julgador haveria de atentar para o tipo médio do homem sensível da

classe” (“O Dano Moral e sua Reparação”, Forense, 1955, p. 423).

Diante do exposto, julgo parcialmente procedente a ação de

indenização por danos materiais e morais condenando a empresa Veiculação

Rápida S/A ao pagamento de 420 salários mínimos por danos morais e 300

salários mínimos por danos materiais causados ao autor Zelmo Denaro, mais

custas e honorários advocatícios fixados no valor de 20% sobre a soma dos

valores das indenizações, com base nos artigos 186 e 927 do CC, 49 I, 50 e

54 da lei n.5250/67 CC art.5º X da C.F.

P.R.I.

Araçatuba, 02 de setembro de 2011.

____________________________

Juiz de Direito

Referências

Documentos relacionados

Eu vim tentando mostrar que há algo porque há seres que são necessários, a saber, o espaço, o tempo e as leis naturais básicas; e, assim, não poderia haver nada. E que as

O trauma deixa de ser anterior ao sujeito, como queria Freud em sua concepção do mal estar, para ser aquilo que pode surgir como efeito do furo produzido

Entre as preocupações apontadas pela concelhia tirsense do Partido Co- munista está o estado da Estrada Na- cional 105, para a qual reclamam uma intervenção; a situação das

No Ocidente, a China recebe a maior parte das atenções; a Índia tem sido lar- gamente ignorada, sobretudo na Europa.. Aliás, a Índia é a grande omissão das

Solução. João vai à praia se, e somente se, Marcelo joga basquete.. Negação de “Ou… Ou…” é “se, e

Para iniciar uma análise deste ponto, deve-se conectá-lo a outro que lhe dá suporte, qual seja, "a crença religiosa popular, partilhada tanto por organizações seculares

Há amplo espaço para preocupação quanto às dificuldades para aprovação de reformas necessárias à contenção do déficit público, peça crucial para o sucesso

Seus filhos não apenas deveriam ouvir, mas contar e recontar o que Deus tinha feito por eles, de modo que não se esquecessem.. Haveria melhor maneira de preservar o conhecimento do