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APLICAÇÃO DO MODELO DINÂMICO NO SETOR TÊXTIL DE MONTES CLAROS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO FINANCEIRA

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APLICAÇÃO DO MODELO DINÂMICO NO

SETOR TÊXTIL DE MONTES CLAROS: UMA

CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO

FINANCEIRA

Wagner de Paulo Santiago

Hudson Fernandes Amaral

Fernando Batista Coutinho Filho

Ernani Mendes Botelho

Joaquim Eleutério do Couto

Marcelo Vieira Lopes

Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Núcleo de Ensino, Pesquisa e Consultoria em Finanças e Contabilidade - NUFI Av. Dr. Ruy Braga s/n – Campus Universitário Prof. Darcy Ribeiro Montes Claros–MG 39401-089 e-mail: waps@net.em.com.br

ABSTRACT: The present work has the purpose of applying the principles of the dynamic analysis of the working capital (Fleuriet model) in three companies of textile sector located in Montes Claros, an industrial city in the SUDENE area in the north of Minas Gerais, with the consequent evalution of its importance in the financial management.

KEYWORDS: working capital, Fleuriet model, financial management

Palavras-chave: capital de giro, modelo Fleuriet, gestão financeira

RESUMO: O presente trabalho tem o propósito de aplicar os princípios da análise dinâmica do capital de giro (Modelo Fleuriet) em três empresas do setor têxtil localizadas em Montes Claros, cidade polo do Norte de Minas Gerais e inserida na área mineira da SUDENE, com a conseqüente avaliação da sua importância na gestão financeira.

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1- INTRODUÇÃO

O parque industrial que se instalou na cidade de Montes Claros ao longo das três últimas décadas redundou em profundas transformações na estrutura produtiva regional, tendo o setor têxtil se destacado como referência das potencialidades da região.

Com a abertura da economia brasileira ocorrida no início dos anos 90 e conseqüente aumento da competitividade exigindo melhor qualidade e menor preço, estas empresas viram-se obrigadas a buscar modernização tecnológica.

Nesse contexto, a busca adequada das fontes de financiamentos e a correta utilização do capital de giro tornaram-se aspectos importantes para sua gestão.

O estudo ora proposto tem por escopo identificar e analisar a utilização da estrutura financeira através do modelo dinâmico, de forma a obter informações que permitam determinar as estratégias financeiras implementadas por estas empresas, possibilitando também o emprego da análise dinâmica do capital de giro nas demais empresas, principalmente micro e pequenas empresas, que compõem a economia local.

2 - MODELO DINÂMICO DE GESTÃO FINANCEIRA

A aplicação do modelo Fleuriet tem se demonstrado útil em um tipo de economia como a brasileira que atualmente apresenta um período de estabilização, características de crescimento e mudanças conjunturais. Entretanto, algumas empresas ainda não o utilizam e/ou o desconhece.

Em princípio, é importante reportarmos a abordagem dos ciclos financeiros e econômicos da empresa.

Neste referencial, FLEURIET, KEHDY, BLANC (1980) analisam estes ciclos com base na compra de matéria-prima, custos de produção incorridos, bem como sua aplicação à produção, considerando este fluxo em suas várias seções, departamentos ou centros de custos.

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No momento em que acontece a transferência das matérias-primas do estoque para o processo de produção, inicia-se a apropriação dos custos, compreendendo produto em elaboração, produto acabado (estoque) até a determinação (pela venda) dos custos dos produtos vendidos. Portanto, o ciclo físico de produção compreende: armazenagem de matérias-primas, produto em processamento e produtos acabados.

A partir deste fluxo básico de produção, insere-se a percepção do ciclo econômico e financeiro descrito pela figura 1.

FIGURA 1

Fonte: FLEURIET, KEHDY, BLANC (1980).

A Figura 1, demonstra que o ciclo econômico é caracterizado pelo prazo decorrido ente as entradas de matérias-primas (compras) e as saídas de produtos acabados (vendas), e o ciclo financeiro pelo prazo decorrido entre as saídas de caixas (pagamentos a fornecedores) e as entradas de caixa (recebimentos de clientes).

FLEURIET, KEHDY, BLANC (1980) destacam que:

Estoque de Produtos Acabados Estoque de Matérias Primas Crédito de Fornecedores COMPRAS Entrada de Caixa CICLO DE PRODUÇÃO Crédito a Clientes CICLO ECONÔMICO Saída de Caixa CICLO FINANCEIRO Contas a Receber Contas a Pagar Estoque de Produção em andamento

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• ciclo financeiro apresenta-se defasado em relação ao ciclo econômico, pois os movimentos de caixa ocorrem em datas posteriores às datas das compras de matérias-primas e vendas de produtos acabados.

• Os ciclos econômicos e financeiros relacionam-se, aproximadamente, através da expressão: ciclo financeiro = ciclo econômico + prazo médio de recebimentos das contas a receber - prazo médio de pagamentos das contas a pagar.

Entretanto, esta expressão pode ser redefinida considerando-se que o prazo médio de rotação de estoques fornece uma medida aproximada do seu ciclo econômico. Desse modo tem-se: ciclo financeiro = prazo médio de rotação de estoques + prazo médio de recebimento das contas a receber - prazo médio de pagamentos das contas a pagar. Esses vários prazos devem ser medidos em dias de vendas.

Ressalte-se que em alguns tipos de empresas, o ciclo financeiro pode ser negativo, ou seja, o pagamento aos fornecedores é posterior ao recebimento dos clientes.

2.1 - RECLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS DO ATIVO E PASSIVO

Para a compreensão e aplicação do modelo dinâmico, é necessário reorganizar as contas integrantes do balanço patrimonial e de outros relatórios contábeis.

BRASIL, FLEURIET (1979) alertam que ao se reclassificar o Balanço Patrimonial não se deve considerar o nome da conta e sim o seu conteúdo.

Para o Balanço Patrimonial a reclassificação leva em conta o aspecto temporal (curto e longo prazo) e a relação das contas com o ciclo operacional da empresa, a saber:

• Considerando o curto prazo (Ativo circulante e Passivo circulante) as contas que têm relação direta com o ciclo operacional são comumente chamadas de contas cíclicas ou operacionais e as demais contas de erráticas ou financeiras.

• Considerando o longo prazo (Ativo realizável a longo prazo, Ativo permanente, Passivo exigível a longo prazo, Resultado de exercícios futuros e Patrimônio líquido) as contas do Ativo recebem a denominação de Ativo permanente e as referentes ao Passivo de Passivo permanente. São contas de natureza estratégica.

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Quadro 1

Exemplo de reclassificação do Balanço Patrimonial segundo o modelo Fleuriet ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Passivo Circulante

Passa a ser dividido em:

Operacional Duplicatas a receber Estoques Impostos a recuperar Adiantamento à fornecedores Outras Financeiro Caixa Banco

Aplicações financ. Curtíssimo prazo Outras

Passa a ser divido em:

Operacional

Salários e encargos sociais Fornecedores Impostos a recolher Adiantamento à clientes Outras Financeiro Empréstimos bancários Duplicatas descontadas Outras

Ativo Realizável a Longo Prazo e Ativo Permanente

Passivo Exigível a Longo Prazo, Resultado de Exercícios Futuros e Patrimônio Líquido

Passam a ser denominados de:

Ativo Permanente

Empréstimos à coligadas/controladas Aplicações financeiras a longo prazo Títulos a receber a longo prazo Investimentos

Imobilizado Diferido Outras

Passam a ser denominados de:

Passivo Permanente

Empréstimos bancários a longo prazo Financiamentos a longo prazo

Capital social Reservas

Lucros acumulados Outras

2.2 - RECLASSIFICAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO

EXERCÍCIO

A Reclassificação da Demonstração do Resultado do Exercício tem por objetivo evidenciar os três níveis de lucratividade que uma empresa pode gerar, a saber:

• 1o Nível - lucro gerado pela sua eficiência operacional aqui denominado de lucro bruto operacional;

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• 2o Nível - a capacidade de autofinanciamento sendo esta resultante da distribuição ou repartição de parcela do lucro bruto operacional entre o governo e os agentes de financiamentos (banqueiros), e

• 3o Nível - do saldo remanescente distribui-se a parte devida aos acionistas restando por fim o lucro líquido que corresponde ao autofinanciamento.

Quadro 2

Exemplo de reclassificação da DRE segundo o modelo Fleuriet RECLASSIFICAÇÃO DA DREi

Receita Líquida de Vendas

- Custo dos Produtos Vendidos – afetados da depreciação - Despesas Administrativas

- Despesas de Vendas + Depreciações

= LUCRO BRUTO OPERACIONAL – 1o Nível

- Despesas Financeiras Líquidas -/+ Resultado da Correção Monetária +/- Receitas e Despesas não-operacionais - Imposto de Renda do Exercício

= CAPACIDADE DE AUTOFINANCIAMENTO – 2o Nível

- Dividendos Distribuídos no Exercício

= AUTOFINANCIAMENTO – 3o Nível

Fonte: BRASIL, BRASIL (1991)

3 - VARIÁVEIS EMPRESARIAIS

Após a reclassificação o analista deverá identificar as variáveis empresariais impostas pelo modelo FLEURIET, a saber: a Necessidade de Capital de Giro (NCG), Capital de Giro (CDG) e saldo de Tesouraria (T), de forma a propiciar a correta administração financeira da empresa.

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As organizações financiam as suas atividades econômicas através de capitais próprios e de capitais de terceiros.

Considerando, no caso brasileiro, que ambas as fontes são onerosas e escassas, as atividades das empresas são financiadas, via de regra, por fontes de recursos de longo prazo em que o custo deste capital é menos oneroso, além de contar com um período de carência no que se refere a capital de terceiros.

Já o financiamento para o giro dos negócios é constituído quase sempre por fornecedores e instituições financeiras de curto prazo.

A administração inadequada desses recursos devido, dentre outros fatores, a uma aplicação precária do capital de giro, bem como de uma má avaliação da necessidade do capital de giro, leva a empresa a sérios problemas financeiros, como por exemplo a inadimplência com os fornecedores e com os financiamentos bancários.

Nesta perspectiva se apresenta a relevância do modelo dinâmico como forma de determinar com precisão uma adequada gestão financeira.

3.1 - NECESSIDADES DE CAPITAL DE GIRO - NCG

Através do levantamento da necessidade de capital de giro define-se a principal determinante da situação financeira da empresa. O seu valor revela o nível de recursos necessários para manter o giro dos negócios, pois as contas que compõem a NCG expressam operações de curto prazo e de efeitos rápidos e que mantém relação direta com a atividade operacional.

Portanto, qualquer modificação imposta pela empresa em relação a política de compras, créditos, estocagem, dentre várias outras,produzem efeitos imediatos sobre o fluxo de caixa, e, quanto mais preciso for o levantamento das NCG mais real se apresenta a sua situação financeira.

Vários autores, dentre eles, OLINQUEVITCH, SANTI FILHO (1993) destacam que a NCG é a principal determinante da situação financeira das empresas, revelando o nível de recursos necessários para manter o giro dos negócios das empresas.

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FLEURIET, KEHDY, BLANC (1980:15) ressaltam que:

“A necessidade de capital de giro é diferente do capital de giro líquido. No sentido financeiro clássico, o capital de giro líquido definese como: CGL = ativo circulante -passivo circulante. Como o ativo e o -passivo cíclicos constituem apenas uma parte do ativo e passivo circulantes, conclui-se que a necessidade de capital de giro são, necessariamente, diferentes do capital de giro líquido definido no sentido financeiro clássico.”

Estes autores chamam a atenção para o fato de que a NCG:

• É um conceito de ordem econômico-financeira e não uma definição legal.

• É uma variável que guarda proporcionalidade ao ciclo financeiro e ao volume de vendas.

• As contas cíclicas do ativo e passivo que constituem a NCG estão relacionadas às operações da empresa.

• Se a empresa suspender parte de suas operações interrompendo uma ou mais de suas linhas de produção, ou ocorrendo estado de falência ou concordata, a NCG, que representa uma aplicação de fundos, poderá, por exemplo, ser utilizada pela empresa para pagamento a credores acionista. A partir destas informações a NCG passa a ser definida como a diferença entre o ativo cíclico e o passivo cíclico.

Para uma melhor utilização desta importante variável desdobram-se as contas cíclicas que a compõem, que são as contas relacionadas com o nível de atividades da empresa, ou seja, o faturamento. Desta maneira a relação entre a NCG e as vendas, em um determinado período, fornecerá o ciclo financeiro que expressa o número de dias de vendas que a empresa destina ao financiamento das necessidades de capital de giro.

NCG = Ativo Cíclico - Passivo Cíclico

CICLO FINANCEIRO = NCG x Números de dias do período Vendas

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Quadro 3

Exemplo de Decomposição do Ciclo Financeiro

Ciclo Financeiro: NCG – Necessidade de Cap. de Giro x 360 Vendas

Prazo Médio de Recebimentos: Duplicatas a receber x 360 Vendas

Prazo Médio dos Estoques: Estoques x 360 Vendas

Prazo Médio de Compras: Fornecedores x 360 Vendas

Prazo Médio de Recolhimento de Impostos: Impostos a Recolher x 360 Vendas

Prazo Médio das Obrigações Trabalhistas: Salários e encargos x 360 Vendas Necessidade de Capital de giro em dias de vendas. (=) Duplicatas a receber em dias de vendas. (+) Estoques em dias de vendas. (-) Fornecedores em dias de vendas. (-) Impostos a recolher em dias de vendas (-) Obrigações trabalhistas em dias de vendas.

FLEURIET, KEHDY, BLANC (1980) mostram que em uma empresa a NCG pode se apresentar em três diferentes maneiras:

• NCG positiva: ocorre quando o ativo cíclico é maior que o passivo cíclico. Neste caso, a empresa apresenta uma demanda de recursos para o giro dos negócios, o que poderá ser financiado com recursos próprios e/ou recursos de terceiros de curto e de longo prazo.

• NCG negativa: ocorre quando o ativo cíclico é menor que o passivo cíclico. Neste caso a empresa não apresenta demanda de recursos para o giro dos negócios, mas ao contrário, dispõe de fontes para financiar outras aplicações em conformidade com as políticas de sua administração.

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• NCG nula: ocorre quando o ativo cíclico é igual ao passivo cíclico. Neste caso a empresa não tem necessidade de financiamento para giro dos negócios, financiando-os apenas com contas cíclicas.

3.2 - CAPITAL DE GIRO - CDG

Através da diferença entre o Passivo permanente e o Ativo permanente, no conceito dinâmico, pode-se conhecer o valor do capital de giro que demonstra a parcela de fontes de longo prazo disponível para as aplicações.

A demonstração das origens e aplicações de recursos em conjunto com a demonstração do resultado do exercício constituem-se nos principais instrumentos do estudo do capital de giro, à medida que todos os fatores que atuam sobre o nível da referida variável se encontram nestes relatórios.

OLINQUEVITCH, SANTI FILHO (1993) mostram que o estudo dos itens de longo prazo podem evidenciar importantes fatores que afetam diretamente o capital de giro como por exemplo desvios de recursos à empresas interligadas ou recuperação financeira via parcelamento de tributos.

Com o propósito de esclarecer o conceito de capital de giro, FLEURIET, KEHDY, BLANC (1980) destacam que:

• capital de giro possui o mesmo valor que o capital de giro líquido, definindo no sentido financeiro clássico como a diferença entre o ativo e passivo circulante, sendo porém, o cálculo realizado de maneira diferente. Na definição clássica o capital de giro líquido representa uma aplicação de fundos, enquanto, na definição dinâmica, o capital de giro representa uma fonte.

• capital de giro é um conceito econômico financeiro e uma definição legal, constituindo uma fonte de fundos permanente utilizada por financiar a NCG da empresa.

• capital de giro apresenta-se razoavelmente estável ao longo do tempo. Diminui quando a empresa realiza novos investimentos em bens do ativo permanente (aumento do ativo permanente). Aumenta através do autofinanciamento, empréstimos a longo prazo e aumentos de capital em dinheiro (aumento do passivo permanente).

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• capital de giro pode ser negativo (ativo permanente maior que passivo permanente), significando que a empresa financia parte de seu ativo permanente com fundos de curto prazo. Embora esta condição aumente o risco de insolvência, a empresa poderá se desenvolver, desde que sua NCG seja, também, negativa.

A partir destas informações a CDG passa a ser definida como a diferença entre o passivo permanente e o ativo permanente.

Para FLEURIET, KEHDY, BLANC (1980), ocorrem as seguintes situações em relação ao CDG:

• CDG positiva: quando as fontes permanentes superam as aplicações permanentes, e, neste caso, há a utilização de recursos estáveis de longo prazo no financiamento da NCG com o CDG representando uma fonte de fundos permanentes para financiar as operações da empresa.

• CDG negativo: na sua ocorrência as aplicações permanentes superam as fontes permanentes, caracterizando a utilização de recursos de curto prazo no financiamento de ativos de pouca liquidez (de longo prazo). Neste caso, o CDG se transforma em aplicação de fundos, ou seja, ativos permanentes estão sendo financiados por recursos de curto prazo, o que pode acarretar problemas de insolvência.

• CDG nulo: as aplicações permanentes se igualam às fontes permanentes, indicando que os recursos de curto prazo estão financiando as flutuações da NCG

3.3 - SALDO DE TESOURARIA -T

A variável encontrada através da diferença entre as contas erráticas do ativo e passivo circulantes é a Tesouraria.

Quando as contas erráticas do ativo forem maiores do que as contas erráticas do passivo, têm-se aplicações de recursos no curto prazo; o inverso ocorrendo têm-se fontes de recursos de curto prazo financiando as atividades da empresa.

Esta variável tem a condição de melhor expressar a situação financeira de curto prazo das empresas.

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• Tesouraria positiva: quando Ativo errático > Passivo errático, indica que haverá disponibilidade mais do que suficiente para liquidar as exigibilidades do passivo errático, expressando uma situação financeira folgada.

• Tesouraria negativa: quando o Ativo errático < Passivo errático, indica que as disponibilidades do ativo errático não são suficientes para liquidar as exigibilidades do passivo errático, mostrando que a empresa está se utilizando de capital de terceiros de curto prazo para financiar suas atividades.

• Tesouraria nula: ocorre quando o Ativo errático é igual ao Passivo errático.

Com a preocupação de se tirar falsas conclusões da Tesouraria necessário se faz a análise do fluxo da tesouraria. Quando a tesouraria for positiva não se pode concluir de imediato que a empresa esteja bem, pois pode haver saldos elevados em contas obscuras.

Segundo FLEURIET, KEHDY, BLANC (1980) a Tesouraria positiva e elevada não significa necessariamente uma condição desejável para as empresas; pelo contrário, pode significar que as empresas não estejam aproveitando as oportunidades de investimentos propiciadas por sua estrutura financeira. A ocorrência desta situação revela que o Saldo de Tesouraria “engorda” por falta de uma estratégia dinâmica de investimentos.

Se a tesouraria for negativa não apresenta um problema em si, mas um alerta que a empresa apresenta risco de insolvência. A permanência neste estado negativo determina o que Fleuriet chamou de “Efeito Tesoura”, ou seja, a necessidade de capital de giro é maior que o capital de giro explicitando que a empresa está se utilizando constantemente de recursos de curto prazo para financiar suas atividades.

Com relação ao “efeito tesoura”, podem ser identificadas as seguintes condições básicas para sua ocorrência, conforme BRASIL, BRASIL (1991):

• Crescimento das vendas nominais (por inflação ou crescimento real) a taxas muito elevadas;

• Endividamento de perfil de retorno inadequado;

• Imobilização excessiva;

• Prejuízos;

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• Relação ∆NCG/VENDAS crescendo a ritmo maior do que a relação AUTOFINANCIAMENTO/VENDAS;

• Altas taxas de juros.

A partir destas informações o T passa a ser definido como a diferença entre o ativo errático e o passivo errático ou como a diferença do CDG e o NCG:

4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho realiza uma aplicação e análise descritiva das variáveis empresariais (Necessidade de capital de giro, Capital de giro e Saldo de tesouraria) segundo o modelo Fleuriet em uma amostra de três das cinco empresas que compreendem o setor têxtil de Montes Claros. Optou-se por denominar as empresas de A, B e C como forma de se preservar a identidade das mesmas.

Na composição da amostra foi feita a opção de trabalhar apenas com três empresas, uma vez que, as outras duas são controladas por uma das empresas inserida na amostra.

Para tanto, procurou-se identificar as demonstrações contábeis publicadas pelas três organizações no ano de 1999 em jornal de circulação regional. Posteriormente foi feita uma reclassificação de acordo com a metodologia que o modelo requer.

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5 - RECLASSIFICAÇÃO DOS DEMONSTRATIVOS

Quadro 4

Balanços patrimoniais reclassificados das empresas analisadas (em milhares de reais)

Empresa A Empresa B Empresa C 1997 1998 1997 1998 1997 1998 Ativo 7.545 13.398 87.665 99.910 882.088 942.915 Ativo operacional 1.620 894 10.505 16.177 175.990 232.025

Duplicatas a receber 238 154 74.806 100.744

Contas a receber da controladoraii 5.689 10.977

Estoques 947 437 3.747 4.034 85.627 108.339

Adiantamento a fornecedores 81 90 4.234 8.120

Despesas pagas antecipadamente 14 36 1.069 1.166

Outros créditos a receber 340 177 11.323 14.822

Ativo Financeiro 1 321 16 572 155.242 64.481

Disponível 1 211 16 5 155.242 64.481

Aplicações financeiras 110 567

Ativo Permanente 5.924 12.183 77.144 83.161 550.856 646.409

Empr. Dep. Comp. Eletrobrás 125 144

Depósitos judiciais 248 218 4.462 4.168 Impostos a recuperar 1.560 1.701 Sociedade controlada/coligadas 1.021 3.621 40.382 47.425 8.769 58.830 Investimentos 1 1 26.392 24.334 Imobilizado 4.358 7.550 35.202 34.035 501.770 539.529 Diferido 171 649 9.463 19.548 Passivo 7.545 13.398 87.665 99.910 882.088 942.915 Passivo operacional 404 357 4.461 6.169 40.519 55.570 Fornecedores 210 180 3.254 5.301 29.487 42.696 Salários e encargos 183 176 270 246 11.032 12.874 Impostos a recolher 11 1 937 622 Passivo financeiro 167 433 8.624 5.177 53.641 40.875 Empréstimos e financiamentos 159 426 6.604 5.013 24.426 25.801 Dividendos a pagar 2.020 164 16.108 11.225

Outras contas a pagar 8 7 13.107 3.849

Passivo Permanente 6.974 12.608 74.580 88.564 787.928 846.470

Financiamentos 105 2.138 2.973 1.811 74.215 95.232

Prog. Indução Modernização Ind. 20.192 27.066

Debêntures 1.278 1.326 2.249 5.206

Outras contas do Exigível a LP 248 238 243 226 14.706 9.971

Capital social 12.096 15.758 33.246 43.487 603.892 603.892

Reservas 2 2 35.869 36.445 74.923 113.713

Ações em tesouraria (3.404)

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Quadro 5

Reclassificação da Demonstração do Resultado do Exercício das empresas analisadas (valores em milhares de reais)

Empresa A Empresa B Empresa C 1997 1998 1997 1998 1997 1998

Receita bruta de vendas 5.989 5.004 34.567 30.733 126.388 361.103 Deduções de vendas (1.037) (759) (7.120) (6.326) (19.037) (61.650) Receita líquida de vendas 4.952 4.245 27.477 24.407 107.351 299.453 Custo dos produtos

Vendidos

(5.618) (4.177) (23.481) (20.864) (80.995) (206.605) Despesas de vendas, gerais

e Administrativas (179) (141) (144) (1.385) (17.539) (42.948) Honorários dos Administradores (9) (115) (104) (1.115) (2.680) Equivalência Patrimonial de controladas/coligadas 18.739 (2.051) Outras despesas / receitas

operacionais

(1.335) (471) 64 21 4.292 818

= Lucro (prejuízo) bruto operacional 1o nível (2.189) (544) 3.771 2.075 30.733 45.987 Receitas (despesas) Financeiras liquidas 211 (464) (659) 85 8.320 8.224 Receitas (despesas) Não operacionais 17 (217) (13) 678 (3.521) Contribuição social (236) (182) (1.616) (4.233) Imposto de renda (846) (503) (6.135) (13.229) Participação estatutária (418) = Capacidade de auto-financiamento 2o nível (1.961) (80) 2.285 1.462 31.980 32.810 Dividendos distribuídos No exercício (2.008) (15.128) = Autofinanciamento 3o nível (1.961) (80) 277 1.462 16.852 32.810

A partir do estudo dos dados expostos nos quadros 4 e 5, tornou-se possível identificar as três variáveis empresariais, o ciclo financeiro, bem como, a sua decomposição para melhor entendimento. Estes resultados estão evidenciados nos quadros 6 e 7 para posterior análise.

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Quadro 6

Mensuração da Necessidade de Capital de Giro, Capital de Giro e Saldo de Tesouraria Empresa A Empresa B Empresa C

1997 1998 1997 1998 1997 1998

Necessidade capital de giro 1.216 537 6.044 10.008 135.471 176.455

Capital de giro 1.050 425 (2.564) 5.403 237.072 200.061

Tesouraria (166) (112) (8.608) (4.605) 101.601 23.606

Quadro 7

Mensuração e decomposição do ciclo financeiro

Empresa A Empresa B Empresa C 1997 1998 1997 1998 1997 1998 Ciclo financeiro em dias de

vendas

73 39 63 117 386 176 Decomposição:

Estoque 57 32 39 47 244 108

Duplicatas a receber 14 11 213 100

Contas a receber da controladora 58 128

Adiantamento de fornecedores 5 7 12 8 Despesas antecipadas 1 3 11 14 Outros créditos 20 13 32 15 Fornecedores (13) (13) (34) (62) (84) (43) Salários e encargos (11) (13) (3) (3) Obrigações tributárias (1) (10) (7) Obrigações fiscais/sociais (31) (12)

6 - ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

Com o propósito de analisar a utilização da estrutura financeira, bem como, inferir as estratégias implementas pelas empresas objeto de estudo, elaborou-se uma análise dos aspectos relevantes propiciado pelo modelo através da utilização de tópicos explicativos que esclarecem situações que os empresários, acionistas e demais usuários interessados na informação contábil necessitam conhecer para avaliar a gestão empresarial.

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Tópico 1 - Fontes utilizadas para atender as necessidades de capital de giro Empresa A: Foram utilizados empréstimos através de instituições financeiras. Empresa B: Foram utilizados empréstimos através de instituições financeiras.

Empresa C: A empresa utiliza seu próprio capital de giro visto ser este mais que suficiente.

Tópico 2 - Excesso de capital de giro

Empresa A: Não possui excesso de capital de giro.

Empresa B: Não possui excesso de capital de giro ficando, inclusive, evidenciado no ano de 1997 a

utilização de fontes de curto prazo em aplicações de longa maturação.

Empresa C: O excesso foi destino para o disponível, fortalecendo a tesouraria da empresa.

Tópico 3 - Causa da falta de capital de giro para financiamento das atividades operacionais Empresa A: A falta ocorreu em função de financiamentos para seu ativo imobilizado, assim como,

a inexistência de autofinanciamento.

Empresa B: A falta de capital de giro, principalmente em 1997, deveu-se a empréstimos efetuados

a controladora/coligadas com a utilização, inclusive, de fontes de curto prazo em aplicações de longa maturação (Ativo Permanente).

Empresa C: Não há falta de recursos para o giro.

Tópico 4 - Estado de equilíbrio ou desequilíbrio financeiro

Empresa A: A curto prazo a empresa apresenta uma tendência a um desequilíbrio financeiro,

entretanto, a empresa poderá reverter este quadro considerando retorno satisfatório do projeto de investimento de modernização tecnológica.

Empresa B: A empresa apresenta tesouraria negativa com tendência a um desequilíbrio financeiro.

Ressalta-se, entretanto, a diminuição substancial desta tesouraria em decorrência do autofinanciamento.

(18)

Empresa C: É uma empresa sólida com equilíbrio financeiro.

Tópico 5 - Crescimento da atividade operacional

Empresa A: A empresa não possui capital de giro suficiente para acompanhar crescimento de sua

atividade operacional.

Empresa B: A empresa não possui capital de giro suficiente para acompanhar crescimento de sua

atividade operacional. É necessário a eliminação dos seus empréstimos à empresas controladoras, uma vez que a ocorrência de tal fato impede seu desenvolvimento.

Empresa C: Considerando a estrutura patrimonial da empresa, torna-se necessário aumentar seu

faturamento para atender o acompanhamento do crescimento das necessidades do negócio em função do prazo elástico do seu ciclo financeiro.

Tópico 6 - Da eficiência operacional ao autofinanciamento

Empresa A: Não apresenta eficiência operacional, sendo os principais fatores o baixo volume de

vendas e um elevado custo, evidenciando que a empresa está operando abaixo do ponto de equilíbrio. Diante desta situação a empresa não apresenta autofinanciamento.

Empresa B: Apresenta eficiência operacional, apesar de uma redução do lucro bruto operacional

em função de diminuição de vendas. A empresa possui capacidade de autofinanciamento além daquela que foi evidenciada no quadro 5, haja vista que a empresa tem isenção de Imposto de Renda que evita sua descapitalização. Verifica-se que a empresa adotou uma política inadequada de distribuição de dividendos comprometendo consideravelmente o seu capital de giro no ano de 1997.

Empresa C: A empresa possui lucratividade nos três níveis, sendo que a exemplo da empresa B,

também apresenta isenção de imposto de renda que propicia um incremento na sua capacidade de autofinanciamento fortalecendo seu capital de giro.

(19)

Tópico 7 - Análise do ciclo financeiro

Empresa A: Levando-se em conta o porte da empresa, o seu ciclo financeiro apresenta-se elevado,

a empresa melhorou seu ciclo financeiro no ano de 1998 em decorrência da política de estocagem e de recebimentos de clientes.

Empresa B: Verifica-se um aumento do ciclo financeiro no ano de 1998 tendo como agente

responsável o aumento do prazo das contas a receber da controladora. Isto se deve a uma política restrita de vendas a curto e longo prazo diretamente para sua controladora.

Empresa C: No ano de 1997 a empresa apresentava um elevado ciclo financeiro em função da sua

elevada necessidade de capital de giro. Devido ao aumento das vendas, a empresa conseguiu adequar sua política de estocagem, recebimentos e pagamentos.

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da aplicação do modelo dinâmico no setor têxtil de Montes Claros verificou-se que o mesmo atende com maior precisão as informações sobre a situação econômico-financeira das empresas.

A grande vantagem do método dinâmico reside no fato de entender que a empresa é uma entidade em constante movimento, contrário ao método clássico que visualiza a empresa em sentido estático.

A análise dos dados vista a partir deste novo enfoque torna-se de suma importância, uma vez que a economia brasileira apresenta oscilações sendo, portanto, de grande relevância o entendimento do funcionamento da empresa nos níveis estratégico, operacional e financeiro.

Um fator relevante que o método deixou evidenciado foi a importância do autofinanciamento da empresa, conforme já alertavam BRASIL, BRASIL (1991:11) quando afirmavam que o “autofinanciamento é a principal fonte de crescimento do Capital de Giro (CDG), ao ser incorporado ao Patrimônio Líquido da empresa”.

Neste sentido, a região em questão tem uma vantagem em relação a outras regiões no que diz respeito a isenção do imposto de renda. Esta isenção deve ser vista pelo empresário como uma

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grande vantagem pois, permite à empresa aumentar o autofinanciamento e, consequentemente, fortalecer o capital de giro.

Uma das desvantagens do método dinâmico reside no fato de ser pouco divulgado e, portanto, desconhecido pela maioria dos usuários da informação contábil, principalmente no que tange a região do Norte de Minas Gerais. A outra é a necessidade de se ter acesso as contas internas da empresa para uma melhor reclassificação.

Espera-se que o presente trabalho contribua para a divulgação deste método sempre com o objetivo de auxiliar o empresariado e demais usuários da informação contábil de uma forma mais ampla.

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF NETO, A., SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 1995.

BRASIL, H. V., FLEURIET, M. O planejamento financeiro das pequenas e médias empresas: um modelo integrado. Belo Horizonte: Fundação Dom Cabral, 1979.

BRASIL, H. V., BRASIL, H. G. Gestão financeira das empresas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1991.

FLEURIET, M., KEHDY, R., BLANC, G. A dinâmica financeira das empresas brasileiras – um novo método de análise, orçamento e planejamento financeiro. Belo Horizonte: Fundação Dom Cabral, 2.ed. 1980.

HOPP. J.C. e LEITE. H.P. O mito da liquidez. In: Revista de Administração de Empresas. São Paulo. FGV. V.29. n. 4. Out / dez. 1989 p. 63-69.

MARQUES, J. A. V. C., BRAGA, R. Análise dinâmica do capital de giro – o modelo Fleuriet. In: Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n.3, mai/jun. 1995 p. 49-63.

MATARAZZO, D.C. Análise financeira de balanços – Abordagem básica e gerencial. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1993. PEREIRA FILHO, A. D. O modelo dinâmico de gestão financeira de empresa: procedimentos de operacionalização.

In: Contabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte, dez. 1998 v. 9, n.4, p. 12-22.

SANTI FILHO, A, OLINQUEVITCH, J. L. Análise de balanços para controle gerencial: enfoque sobre o fluxo de caixa e previsão de rentabilidade. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1993.

9 - NOTAS

i

Os autores alertam que o analista deveria considerar contas como depreciação, correção monetária e equivalência patrimonial não pelo seu valor intrínseco, mas sim pelo benefício fiscal atribuído a estas contas.

ii

Esta conta foi classificada como do ativo operacional por se tratar de direitos desta empresa referente a vendas de seus produtos à controladora.

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