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Histórias de vida alicerçadas em formas de expressão criativa

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO

DOURO

HISTÓRIAS DE VIDA ALICERÇADAS EM FORMAS

DE EXPRESSÃO CRIATIVA

Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação - especialização em

Animação Sociocultural.

Maria Adelaide Batista Oliveira da Silva

Orientadora: Professora Doutora Maria José dos Santos Cunha

(2)

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO

DOURO

HISTÓRIAS DE VIDA ALICERÇADAS EM FORMAS

DE EXPRESSÃO CRIATIVA

Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação - especialização em

Animação Sociocultural.

Maria Adelaide Batista Oliveira da Silva

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I

Dissertação para a obtenção de grau de Mestre em

Ciências da Educação – especialização em

Animação Sociocultural, ao abrigo do artigo 16.º

do Decreto – Lei n.º 74/2006, de 24 de Março,

com alterações introduzidas pelos Decretos – Leis

n.ºs 107/2008, de 25 de Junho, e 230/2009, de 14

de Setembro.

(4)

II

AGRADECIMENTOS

Um processo de investigação nunca é conseguido apenas por um indivíduo, existe todo um conjunto de ligações que proporciona a sua realização.

Marcando este o fim de mais uma etapa da minha vida académica, só me resta agradecer a todos aqueles que tornaram o mesmo possível.

O meu especial obrigado à minha orientadora, Professora Doutora Maria José dos Santos Cunha, por ter aceitado embarcar comigo nesta aventura, e por toda a ajuda, atenção, disponibilidade, paciência e profissionalismo com que abraçou este projeto.

A toda a minha família e amigos pelo apoio, incentivo, e ânimos que me foram proporcionando ao longo não só desta fase final do mestrado, mas também de todo o meu percurso académico. Agradeço ainda às minhas colegas de curso por todos os momentos de encorajamento.

Não posso também deixar de agradecer à direção do Quinta d’avós – Hotel Sénior, por nos recebido e acolhido tao calorosamente.

(5)

III

RESUMO

Neste trabalho abordamos um dos muitos problemas com que se depara a população idosa quando institucionalizada, o de se adaptar à instituição e com isso sentir-se bem física e emocionalmente. Porém, há que ter em conta que o envelhecimento apresenta caraterísticas diferentes em cada pessoa, aspeto que pode estar relacionado, para além de muitos outros motivos, com o meio, o local de residência e até com as histórias de vida e vivências de cada um. O espaço eleito para levar a cabo o presente estudo foi o “Quinta d’avós - Hotel Sénior”, um hotel de

acolhimento da 3ª idade, localizado na aldeia de Eivados, concelho de Mirandela. O trabalho de investigação desenvolvido, que se intitulou “Histórias de vida alicerçadas em formas de expressão criativa”, procurou dar respostas à nossa questão inicial a de sabermos “Em que medida a Animação Sociocultural pode contribuir para

uma melhoria do bem-estar físico e emocional de um idoso institucionalizado, com história de vida, alicerçada em formas de expressão criativa?” Para nos orientar neste

caminho recorremos a uma metodologia qualitativa, o Estudo de Caso. O nosso principal objetivo era contribuir para a melhoria do bem-estar físico e emocional dos idosos institucionalizados com história de vida, alicerçada em formas de expressão criativa. A entrevista, observação, e o questionário, foram os instrumentos de recolha de dados que utilizámos, estes, possibilitaram-nos ainda conclusões que acabaram por confirmar as nossas hipóteses, ou seja as nossas respostas prováveis à questão inicial.

(6)

IV

ABSTRACT

In this essay, we approach one of many problems faced by the eledery population when it is institucionalized,to adapt to the institution, and thus feel phisically and emotionally well. However, it must borne in mind that aging presents different characteristics in people,aspect that may be related, in addition to many other reasons, with the environment, the place of residence and even with the life stories. This study was realized in “Quinta d’avós – Hotel Senior”, a refuge hotel for the old people, situade in Eivados – Mirandela.

The research work developed, entitled, “Life stories based on creative expressions”. Sought to answer our initial question of, "To what extent can Socio-Cultural Animation contribute to an improvement in physical and emotional well-being of an institutionalized elderly person, with a life history, based on creative expression? " To guide us on this path, we use a qualitative methodology, the case study. Our main objective was to contribute to the improvement of the physical and emotional well-being of the institutionalized elderly with a life history, based on forms of creative expression. The interview, the observation, and the questionnaire, were the instruments of data collection that we used, which enabled us to reach conclusions that confirmed our hypotheses, that is, our probable answers to the initial question.

(7)

V

ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO……….……….….1

CAPÍTULO I - PROBLEMÁTICA E FUNDAMENTAÇÃO 1.1. Definição do problema e tema da investigação………..……3

1.2. Questão de partida……….…….…3

1.3. Hipóteses……….………..….….4

1.4. Objetivos de investigação………..….5

1.4.1. Objetivo Geral………...5

1.4.2. Objetivos específicos……….…6

CAPÍTULO II - ENQUADRAMENTO TEÓRICO 2.1. Animação Sociocultural definições e conceitos………7

2.2. Conceitos de envelhecimento; Envelhecimento demográfico em Portugal...9

2.3. O papel na Animação Sociocultural na 3ª idade em contexto de institucionalização………...11

2.4. Histórias de vida definições e conceitos………..………14

2.5. Formas de expressão criativa………...…16

CAPÍTULO III - CONTEXTO DE PESQUISA 3.1. Eleição do espaço e meio de pesquisa……….18

3.2. Caraterização da instituição de acolhimento………...18

3.3. Caraterização da população e amostra………19

CAPÍTULO IV - METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO 4.1. Metodologia adotada………...……….21

4.2. Técnicas de pesquisa e recolha de dados utilizadas………23

4.2.1. Entrevista………24

4.2.2. Questionário………25

(8)

VI

4.3. Diagnóstico das necessidades………28

4.3.1. Apresentação e análise dos dados conseguidos com a entrevista diagnóstica aos utentes………..29

4.4. Calendarização das atividades desenvolvidas………33

CAPÍTULO V - IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO 5.1. Descrição das atividades coletivas desenvolvidas com os utentes da instituição………..35

CAPÍTULO VI - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 6.1. Apresentação das grelhas de observação das atividades coletivas.……....40

6.2. Apresentação dos dados obtidos através do questionário aos utentes……52

6.3. Discussão e análise dos dados obtidos………...59

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS………..61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……….63

WEBGRAFIA………...66

APÊNDICE I –GUIÃO DA ENTREVISTA AOS UTENTES……….….67

APÊNDICE II –GUIÃO DO QUESTIONÁRIO AOS UTENTES………...69

(9)

VII

INDÍCE DE FIGURAS

Figura 1 - Foto do exterior do Quinta d'avós - Hotel Sénior………19

INDÍCE DE TABELAS

Tabela 1- Quadro de Calendarização das atividades colectivas realizadas no Quinta d'avós - Hotel Sénior………...34

Tabela 2- Grelha de observação da 1ª atividade colectiva……….40

Tabela 3- Grelha de observação da 2ª atividade colectiva……….41

Tabela 4- Grelha de observação da 3ª atividade colectiva……….42

Tabela 5- Grelha de observação da 4ª atividade colectiva……….43

Tabela 6- Grelha de observação da 5ª atividade colectiva……….44

Tabela 7- Grelha de observação da 6ª atividade colectiva……….45

Tabela 8- Grelha de observação da 7ª atividade colectiva……….46

Tabela 9- Grelha de observação da 8ª atividade colectiva……….47

Tabela 10- Grelha de observação da 9ª atividade colectiva………...48

Tabela 11- Grelha de observação da 10ª atividade colectiva……….49

Tabela 12- Grelha de observação da 11ª atividade colectiva……….50

(10)

VIII

INDÍCE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Opinião dos utentes sobre as atividades desenvolvidas………...52

Gráfico 2 - Cooperação das atividades………...53

Gráfico 3 - Contributo das atividades para a melhoria do bem-estar físico e emocional dos utentes………...53

Gráfico 4 - Interesse dos utentes em dar continuidade aos encontros grupais………...54

Gráfico 5 - Importância das expressões criativas na vida de um idoso

institucionalizado………….55

Gráfico 6 - As expressões criativas como tema eleito para ser aplicado nas

atividades………...…..55

Gráfico 7 - Espaço de participação possibilitado nas atividades………56

Gráfico 8 - Melhoria de qualidade de vida proporcionada pelas atividades realizadas..56 Gráfico 9 - Interesse dos elementos em repetir as atividades realizadas………57

Gráfico 10 - Importância que as atividades baseadas nas expressões criativas, podem ter para outros idosos institucionalizados……….58

Gráfico 11 - Contributo das atividades baseadas nas expressões criativas para uma melhor integração dos idosos institucionalizados………...58

(11)

IX

LISTA DE SIGLAS

ASC – Animação Sociocultural

INE – Instituto Nacional de Estatística

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

(12)

1

INTRODUÇÃO

As alterações demográficas e o aumento da esperança média de vida, que se tem vindo a registar nos últimos anos, contribuíram para que o grupo etário com maior crescimento seja, atualmente, o das pessoas idosas. Consequentemente, existindo uma população maioritariamente idosa, surge um maior aparecimento de instituições que se emancipam no sentido de alojar estes indivíduos.

A procura por locais de alojamento sénior, levada a cabo por muitas famílias, tem aumentado consecutivamente. Sabemos de ante mão que as listas de espera para um idoso dar entrada numa instituição são incrivelmente extensas. As famílias podem, na sua grande maioria, institucionalizar o idoso com a melhor das intenções. Contudo, a mudança do seu habitat de longos anos, para um meio absolutamente novo e estranho, pode levar a graves consequências, nomeadamente quando se trata de idosos com histórias de vida ligadas a diferentes expressões criativas, como o canto, a música, a dramaturgia e tantas outras formas de expressão criativas das quais se veem afastados aquando da institucionalização, todas essas áreas que durante anos, os motivaram e lhes deram força para enfrentarem as dificuldades que surgiam no dia-a-dia. Foi por termos conhecimento destas situações que despertou em nós a vontade de perceber se o recurso a atividades de Animação, que possibilitem a criação de atmosferas ricas em partilha, podem de alguma forma auxiliar estes idosos institucionalizados, ao suscitarmos neles alterações positivas no seu estado emocional, que levem a que se sintam mais integrados e não apenas mais um no meio de tantos outros. Com esta finalidade, decidimos levar por diante, uma investigação que denominamos: “Histórias de vida

alicerçadas em formas de expressão criativas” de modo a tentar dar resposta à questão

que então se nos colocou, a de sabermos: “Em que medida a Animação Sociocultural

pode contribuir para uma melhor adaptação e melhoria do bem-estar físico e emocional de um idoso institucionalizado, com história de vida, alicerçada em formas de expressão criativa?”A metodologia a que se recorreu para levar por diante o trabalho

foi o estudo de caso e a recolha de dados foi conseguida através de uma entrevista e de um questionário, passados aos elementos constitutivos da amostra.

No que concerne à estrutura do presente trabalho de investigação, o mesmo encontra-se dividido em seis capítulos, sendo que o primeiro aborda a “Problemática e Fundamentação” e nele se procede à definição do problema e tema da investigação, à formulação da questão de partida, das hipóteses e dos objetivos de investigação. No

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2 segundo capítulo tratamos do “Enquadramento Teórico” e nele se abordam temas relacionados com Animação Sociocultural definições e conceitos, Conceitos de envelhecimento, Envelhecimento demográfico em Portugal, O papel na Animação Sociocultural na 3ª idade em contexto de institucionalização, Histórias de vida definições e conceitos e Formas de expressão criativa. No terceiro capítulo atracamos o “Contexto de Pesquisa”. O quarto capítulo refere-se à “Metodologia de Investigação”. No quinto capítulo apresentamos a “Implementação do Plano” da presente investigação, e no sexto e último capítulo procede-se à “Apresentação e Análise dos Resultados”, ao que se segue a Conclusão, Considerações Finais e as respetivas Referências Bibliográficas.

(14)

3

CAPÍTULO I - PROBLEMÁTICA E FUNDAMENTAÇÃO

1.1. Definição do problema e tema da investigação

Propomo-nos neste item definir o problema que deu lugar à investigação em que nos implicamos. Na perspetival de Fortin (2003: 62), “formular um problema de

investigação é definir o fenómeno em estudo através de uma progressão lógica de elementos, de relações, de argumentos e de factos”. Fazendo jus às palavras da autora,

aquando da definição da problemática em estudo, devemos apoiar-nos em vários elementos e não apenas numa mera escolha do problema. No caso presente, a problemática surgiu com o facto de termos lidado com pessoas idosas institucionalizadas, que por terem tido histórias de vida alicerçadas em formas de expressão criativa, ao se sentirem longe das suas vivências tinham mais dificuldade na adaptação. Foi, portanto, a possibilidade de podermos de alguma forma contribuir para uma possível transformação do seu estado emocional, no sentido de melhorar a sua qualidade de vida, que nos levou a embrincar neste trabalho de investigação.

1.2. Questão de partida

Posteriormente à definição do problema e do tema, todos os processos de investigação são continuados com a elaboração da sua questão de partida, ou inicial. Após a consciencialização de uma ou várias problemáticas que o investigador queira perquirir, é tempo de formular uma questão que albergue a capacidade de procurar responder a estes parâmetros da investigação.

Citando Cunha (2009b: 43), a questão de partida,

(…) é o primeiro fio condutor da investigação, uma vez que ajuda o investigador a progredir no seu trabalho, guia-o nas operações a realizar e evita que corra o risco de se perder por caminhos sinuosos que apenas serviriam para o confundir, desgastar e aumentar o grau de complexidade do trabalho que se propôs levar a cabo.

(15)

4 Neste sentido, ao longo da investigação, procurámos obter respostas para a questão de partida que então formulamos: “Em que medida a Animação Sociocultural

pode contribuir para uma melhoria do bem-estar físico e emocional de um idoso institucionalizado, com história de vida, alicerçada em formas de expressão criativa?”.

1.3. Hipóteses

As hipóteses de um processo de investigação são por nós entendidas como as suposições formuladas em torno do tema que podem ser ou não reais, sabendo-se a sua veracidade no final de toda a investigação. As mesmas podem auxiliar ainda na confirmação do alcance dos objetivos pretendidos, e reponderem também, em parte, ao problema investigado.

Na opinião de Jolivert (1979: 85), algumas das funções das hipóteses passam por,

dirigir o trabalho do cientista, considerando-se em princípio de invenção e progresso, à medida que auxilia de facto a imaginar os meios a aplicar e os métodos a utilizar, no prosseguimento da pesquisa e na tentativa de se chegar à certeza.

Segundo o autor podemos aferir qua as hipóteses têm por função auxiliar o investigador.

Já uma observação mais recente, cotejada por Quivy e Campenhoudt (2013: 139) refere que, “raramente uma única hipótese responde à pergunta de partida. Daí a

utilidade de conjugar várias hipóteses articuladas entre si constituindo o chamado modelo de análise.” O autor assume que uma investigação ganha mais com a

implementação de várias hipóteses, uma vez que estas permitem um maior leque de receção e aferição de informações. Desta forma, percebemos que em geral, as hipóteses têm como função auxiliar o investigador numa maior recolha de informes, possibilitando consequentemente um maior número de respostas. Nestes contextos referimos as hipóteses que irão orientar objetivamente esta investigação:

 A Animação Sociocultural contribui para uma melhoria do bem-estar físico e emocional de um idoso institucionalizado, com história de vida, alicerçada em formas de expressão criativa?

(16)

5  Dialogar com idosos, institucionalizados, satisfaz uma das suas principais

necessidades?

 A Animação através de formas de expressão criativa pode despertar nos idosos institucionalizados um maior interesse para participarem em novas atividades?

1.4. Objetivos de investigação

Os objetivos são um dos constituintes fulcrais de um processo de investigação. Estes dizem respeito àquilo que se pretende atingir ao longo e no final de todo o percurso. São o elemento descritivo daquilo que se procura alcançar com a investigação posta em prática, e o seu incumprimento pode revelar por vezes uma má formação investigativa, ou vice-versa, tendo em conta que a má estipulação dos objetivos pretendidos pode também arruinar uma investigação.

Na opinião de Fortin (2003: 100), “o objetivo de um estudo indica o porquê da

investigação. É um enunciado declarativo que precisa a orientação da investigação segundo o nível dos conhecimentos estabelecidos no domínio em questão”. Um estudo

de investigação pode apresentar apenas um ou vários objetivos estipulados pelos investigadores. Sendo que um objetivo geral pode responder a tudo o que é pretendido, no entanto se descora a hipótese de serem também estipulados objetivos específicos.

Com o nosso projeto de investigação pretendemos alcançar os seguintes objetivos:

1.4.1. Objetivo geral

 Contribuir para a melhoria do bem-estar físico e emocional dos idosos institucionalizados com história de vida, alicerçada em formas de expressão criativa.

(17)

6

1.4.2. Objetivos específicos

 Promover a partilha de histórias de vida de idosos institucionalizados;

 Perceber o impacto que as expressões criativas, têm na 3ª idade;

 Aferir se a prática de animação contribui para o bem-estar dos idosos,

 Propiciar o diálogo entre todos;

(18)

7

CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Animação Sociocultural definições e conceitos

A palavra animação, deriva do latim animatiõne, que significa ato ou efeito de animar; entusiasmo; vivacidade.1 A palavra sociocultural, surge da junção da palavra socio, que deriva do latim socîo + cultural, que deriva do latim cultura+al, cujo significado, diz respeito simultaneamente um determinado grupo social e ao nível cultural dos indivíduos que o constituem.2 Tendo em conta a dupla etimologia do conceito, Ventosa (1993) assume que a Animação Sociocultural, “infunde vida, no

primeiro caso e incita acção num segundo termo”.3

Num contexto histórico, a ASC, surge nos países francófonos da década de 60, sendo também aqui que nasce a designação da Animação Sociocultural.

A ASC é um meio de intervenção relativamente recente que só se começa a afirmar em Portugal a partir dos anos 70, após a revolução do 25 de Abril. No entanto, em Portugal, segundo Lopes (2008: 95), “os seus antecedentes remontam aos tempos longínquos da

1ª república (1910/1926), prolongando-se pela ditadura militar e pelo Estado Novo (1926/1974).”

Na perspetiva de Peres (2005: 79),

Com a integração de Portugal na então Comunidade Europeia (1986), surgem várias acções de curta duração para a formação de animadores. Simultaneamente, ocorrem diversos encontros de animadores socioculturais, a nível nacional, com a preocupação de criar o estatuto de animador sociocultural.

A partir daqui, a Animação continuou a sua evolução permitindo a formação de Animadores Socioculturais. No entanto, ainda muito tem que ser feito no sentido de permissões e vontades de intervenção por parte dos animadores.

Nas palavras de Lopes (2008: 95), a Animação Sociocultural é definida pela UNESCO (1977) como “um conjunto de práticas sociais que visam estimular a

1 Costa, Almeida, Melo, & Sampaio A. (1994). Dicionário da língua portuguesa. (7ª ed.). Porto: Porto Editora. 2 Idem.

3Cit por CUNHA, M. J. (2009a). Animação Sociocultural na terceira idade. Recurso educativo de intervenção. Chaves:

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8

iniciativa e a participação das populações no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sócio-política em que estão integradas.”

A ASC tem, segundo Pereira et al (2011: 150), por finalidade “melhorar a

qualidade de vida dos cidadãos, implicando-os no desenvolvimento sociocultural das comunidades de que fazem parte de forma ativa, responsável e participativa”.

É aqui revelado que a intervenção da Animação Sociocultural está inclinada para a transformação social e, segundo os autores, a mesma começa a partir de cada elemento de cada comunidade. Essa comunidade depende da sua ação e reação participativa para uma melhoria significativa na sua qualidade de vida. Aliás, na perspetiva de Cunha (2009a: 29) a animação sociocultural, “mais que uma praxis tecnológica, é uma prática

social.” É atingível, de que mais do que uma estratégia envolvida num leque de

métodos, fundamentos teóricos e técnicas atribuídas pelas ciências sociais, a ASC é, acima de tudo, a sua implementação prática de transformação nas comunidades.

Martin (1988: 82) afirma que, “A animação é também animar, dar sentido,

mover, motivar, dinamizar, acompanhar, comunicar e ajudar a crescer”. Neste sentido

a ASC, é também responsável pela invasão positiva do estado de espírito dos indivíduos que a vivenciam, deve ainda ter a capacidade de incentivar e apoiar aqueles com quem intervém.

No entender de Ander-Egg (2010: 6),

(…) explicar o significado de animação sociocultural é uma tarefa incompleta e praticamente impossível, porque definir aquilo que está associado ao movimento da vida e da história dos comportamentos sociais é realmente complicado. (…) só há animação sociocultural, quando se promovem e se mobilizam recursos humanos, mediante um processo participativo.

Todas as definições de animação sociocultural supracitadas são apenas uma pequena amostra das inúmeras definições que existem para a mesma. Tendo por base o que foi redigido por Ander-Egg, não vai haver nunca uma definição exata para a ASC, pois é uma estratégia das ciências sociais que está em constante relacionamento com as alterações sociais, sofrendo também ela, por vezes, alterações relativamente ao seu conceito para poder assim acompanhar as mesmas.

Na fase final da citação, o autor assume que só há animação sociocultural se mobilizarmos os indivíduos para um processo participativo. De que serve animar um grupo de pessoas sem que estas sejam ativas nas ações que irão decorrer? De que serve

(20)

9 aplicar a estratégia da animação sociocultural se não for promovida a participação dos indivíduos? De que serve tudo isto se não apelarmos a que estes se possibilitem para a sua própria transformação? Independentemente de esta ser imensa ou modestamente pequena.

Todos estes conceitos servem para provar a diversidade, pluralidade e o poder que a animação sociocultural tem, quando devidamente introduzida na sociedade. Uma força de apelo à colaboração do ser, orientada sem opressões, promovendo a sua emancipação enquanto indivíduo, bem como o melhoramento da sua qualidade de vida.

2.2. Conceitos de envelhecimento; Envelhecimento demográfico em

Portugal

A despedida dos tempos de juventude e da vitalidade é um ato inerente a todos os indivíduos. O envelhecimento é um processo inevitável ao qual todos os seres humanos estão sujeitos. Referindo Cunha (2009a: 92),

Com o passar dos anos, o corpo e a mente ficam mais frágeis. Os reflexos da idade a nível fisiológico são por demais evidentes, na aparência, os cabelos brancos e as rugas, salvo raras exceções, são os sinais que confirmam exteriormente o estatuto do idoso. Ao nível interno ocorrem também mudanças: órgãos e sistemas funcionam a outro ritmo e ficam mais vulneráveis. Os músculos e as articulações ressentem-se e com isso os movimentos ficam mais lentos, inseguros e menos flexíveis.

Ao que foi dito, Cancela (2007: 1) acrescenta que o envelhecimento é “um

processo de degradação progressiva e diferencial, que afeta todos os seres vivos e o seu termo natural é a morte do organismo.” De facto, com o avançar da idade, os

organismos sentem e sofrem alterações que não podem de forma alguma ser impedidas de emergir, tratando-se assim de um processo natural que se principia desde o nascimento. Por sua vez Neri (2001: 13) assume a envelhecimento como um processo,

(…) dinâmico e progressivo no qual há modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade (…) este processo centrasse sobretudo na reta final da sua vida.

(21)

10 Face ao exposto, o envelhecimento é aqui definido como um processo de transformações, quer físicas, quer psicológicas dos indivíduos, centradas sobretudo na fase final da sua presença no mundo.

Para nós, o envelhecimento é um processo que ocorre desde o nosso nascimento, no entanto, a maioria dos sintomas de envelhecimento apenas demonstram o seu manifesto aquando da velhice. Percebemos assim, que de uma forma geral, se possa confundir o envelhecimento com o estado de velhice.

De acordo com Morais (1994), a velhice é definida como “o estado ou condição

de velho, sinónimo de idoso, de idade avançada, período do ciclo de vida humana que sucede à idade madura, venerável, digno de respeito, apresentando-se como uma dimensão biológica e uma dimensão cultural”.4 Por sua vez, Cunha (2009a: 91) afirma

que “envelhecer começa logo na altura em que somos gerados, já a velhice e os seus

sinais e sintomas físicos e mentais só se manifestam, de forma clara a partir de uma determinada idade”. Envelhecer é assim um processo contínuo e prolongado, já a

velhice é um estado de transformações físicas e psicológicas que ocorrem momentaneamente.

Regressando novamente ao conteúdo do envelhecimento, de acordo com Lidz (1983: 61), existem três fases de envelhecimento: a primeira destas fases diz respeito

“ao idoso sem grandes alterações psicossomáticas significativas, embora reformado o indivíduo é autossuficiente”, a segunda refere-se à senescência, “onde se verificam algumas alterações significativas ao nível orgânico e psicológico, já existe aqui alguma dependência” e uma última fase referente à senilidade, “o idoso torna-se totalmente dependente devido ao decréscimo das capacidades intelectuais e/ou perturbações do foro psico-emocional, mental como ou sem patologia neuronal subjacente”.

Em Portugal, o envelhecimento é uma realidade que se pode constatar no nosso quotidiano, à longitude de tudo aquilo que nos prova que o envelhecimento tem vindo a aumentar, basta pensarmos nos nossos familiares e amigos, e vermos qual a faixa etária dominante entre eles. Segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística) (2014: 4), “em

2011, o índice de envelhecimento da população era de 128, o que significa que por cada 100 jovens existiam 128 idosos” no ano de 2013, “o índice de envelhecimento foi de 136 idosos por cada 100 jovens” Ao longo dos anos o número de idosos em relação

4 Cit por SILVA, J. F. (2006). Quando a vida chegar ao fim. Expectativas do idoso hospitalizado e família. Loures:

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11 aos jovens tem vindo a aumentar consecutivamente. Novamente de acordo com o INE (2017: 4-6),

A população com 65 ou mais anos de idade residente em Portugal poderá passar de 2,1 para 2,8 milhões de pessoas, entre 2015 e 2080, no cenário central (…) Em Portugal, face aos resultados obtidos no cenário central, o índice de envelhecimento poderá mais do que duplicar entre 2015 e 2080, passando de 147 para 317 idosos por cada 100 jovens.

É notório que o envelhecimento demográfico em Portugal tem tendência para aumentar sucessivamente, o que justifica a importância de se estudarem medidas e práticas para melhor se compreender e auxiliar esta dimensão. Está nas mãos dos mais jovens apoiar e suportar a condição de um país que tende, infelizmente, a tornar-se num ‘país idoso’.

2.3. O papel na animação sociocultural na 3ª idade em contexto de

institucionalização

O desígnio do papel da animação sociocultural na terceira idade, pode ser visto tanto para os idosos que vivem ainda em comunidade, como para os idosos que se encontram institucionalizados. Na visiva de Rocha (2009: 49),

(…) é urgente criar projectos educativos adequados às especificidades das pessoas idosas de forma a desenvolverem as suas aptidões, capacidades e competências por meio da educação e, nomeadamente por meio de formas de expressão e de comunicação que sejam suscetíveis de alargar o seu potencial humano, favorecendo, simultaneamente, uma maior coesão social.

Neste sentido, a animação sociocultural é uma estratégia absolutamente aplicável e imprescindível na medida em que pode proporcionar ao idoso a continuação do seu desenvolvimento enquanto ser ativo e intelectual. Dentro do mesmo sentido, Munhoz (2007: 263) refere que a ASC é:

(…) uma ferramenta propícia e de suma utilidade para a intervenção positiva neste sector da população. Isto justifica-se pelo facto de que a sua finalidade não é mera ação-investigação, mas que esta seja encaminhada para gerar uma transformação da realidade. O que em definitivo suporá a melhoria da qualidade de vida destes indivíduos.

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12 É evidente a necessidade que existe de possibilitarmos aos nossos idosos pequenas transformações no seu dia-a-dia. Desta forma, a imensidão das características que a Animação Sociocultural abrange fazem dela uma forte aliada para a melhoria da sua qualidade de vida. Não admira, portanto, que Jacob (2007: 34) afirme que “a

animação sociocultural na terceira idade surge como resposta à diminuição ou ausência das atividades sociais e das relações sociais estabelecidas pelos idosos”.

É percetível que a ASC surge como uma fonte potencializadora da devolução de momentos sociais que o idoso vivenciou outrora, aonde era um elemento ativo, dinâmico e participativo. Pretende ainda proporcionar uma vida mais harmoniosa, menos monótona e mais atrativa para o idoso. Nesta fase da vida, os indivíduos têm tendência a distanciar-se e a isolarem-se de tudo aquilo que os rodeia, a ASC intercede aqui com o intuito de contrariar esse isolamento, visando ajudar a transformar a vida do idoso, nem que seja a ocupar uns meros minutos do seu dia. Munhoz (2007: 266) adita ainda,

A Animação de idosos tem uma função cultural, psicossocial, socioeducativa, entre outras, proporcionando um envelhecimento mais digno e com maior valor. Ajudando na colmatação de problemas de saúde e na promoção da sensação de bem-estar físico e psicológico.

Estas visões podem ser refletidas tanto na Animação na terceira idade relativamente à comunidade, como aos idosos institucionalizados. Relacionado com a institucionalização Lopes (2008: 332-333) afirma,

Os lares e os centros de dia tal como funcionam, maioritariamente em Portugal, parecem interpretar o ‘merecido descanso’ da terceira idade, como se este se reduzisse a uma situação humana de seres mumificados e acamados (…) Para inverter esta situação, é necessário promover programas de Animação Sociocultural que respondam a partir dos domínios: Social, sendo que (…) a terceira idade não se pode situar à margem da sociedade; Cultural, potenciando a memória viva dos idosos e que se pode refletir em atividades (…) e educativo, no sentido de estimular a criação e a respectiva participação.

A realidade é que mesmo que aconteça de forma despropositada, muitas das vezes a institucionalização cria, em alguns casos, uma paragem repentina de certas atividades diárias que os idosos praticavam até então. Mas continuando esta linha de reflecção sobre idosos institucionalizados, Jacob (2007: 43) acresce,

(24)

13 Cada vez mais velhos (…) cada vez mais incapacitados (…) cada vez mais

cansados, renitentes á mudança e á entrada e participação em grupos de grandes dimensões, demonstram falta de confiança nas suas capacidades, isolados e introspetivos, agressivos (…) não se sentem á vontade no grupo.

A mudança do nosso espaço habitacional para um lugar que nos é completamente estranho, pode ser algo inexplicavelmente chocante e doloroso, com repercussões muito negativas e degradantes para o indivíduo. Desta forma, se sempre aplicada na prática, a Animação Sociocultural seria uma enorme mais-valia, na medida em que a ASC tem capacidade para ajudar a estabelecer um bom nível de qualidade de vida, tanto para utentes como para funcionários. No entanto quando se trabalha com idosos, no dizer de Fernandes (2008: 38),

(…) devem-se ter em conta alguns aspetos, nomeadamente, a compreensão do grau de autonomia do idoso e sempre que possível, ajudá-lo a considerar o seu estado, não como factor limitativo, mas sim como potencializador da realização de tarefas, de que outro modo não concretizaria.

Analisando e tendo sempre presente que envelhecer é um processo que degrada o organismo do ser, o animador deve elaborar sem exceção uma avaliação, quer física, quer psicológica, do idoso, incluindo-o nesse processo, para que possa perceber conjuntamente quais as suas capacidades e as suas limitações sempre de uma forma positiva.

Por outro lado, ao se desenvolverem atividades de animação sociocultural com idosos, é necessário, respeitar um conjunto imenso de fatores. A este assunto se refere Cunha (2009a: 48) quando afirma a necessidade de,

(…) criar neles uma vontade para participarem nas atividades, favorecendo com isso o seu dinamismo; ajudá-los a vencer os medos, através da criação de um clima de confiança; ajudá-los a renovar a sua valorização e intervir atempadamente em casos de conflito, facto natural que, com frequência, constitui a exteriorização de um problema.

É necessário, durante todo o processo de relação com os idosos, ter em conta as suas limitações, necessidades e interesses. Caso a mesma seja implementada de forma coletiva, deve ter sempre em conta as condições de cada um dos indivíduos para garantir e possibilitar a sua realização pessoal.

(25)

14 Durante todo o processo de relação com os idosos, necessário se torna também ter em conta as suas limitações, necessidades e interesses, e caso esse processo seja implementado de forma coletiva, devem-se ter sempre em conta as condições de cada um dos indivíduos para garantir e possibilitar a sua realização pessoal.

Segundo o que nos foi possível ler, essencialmente, a animação sociocultural na terceira idade torna o envelhecimento mais saudável e ativo, na medida em que ajuda o idoso a encarar e reconhecer este processo como um processo natural que, apesar de não permitir realizar tudo aquilo que se fazia antes, ainda permite viver coisas boas e serem capazes de fazer muitas coisas, que por vezes já não se pensavam realizáveis.

2.4. Histórias de vida definições e conceitos

Todos nós, ou pelo menos a grande maioria, sonhamos com uma vida que venha a ser um marco na história da humanidade. No entanto, nem todos realizamos conquistas que sejam suficientemente relevantes para serem reconhecidas de tal forma. Apesar de tudo isto, todos nós possuímos algo comum que passa pelas histórias vividas, ao longo de toda uma vida. No dizer de Denzin (1970: 224),

A história de vida apresenta as experiências e as definições vividas por uma pessoa, grupo ou organização, indicando como esta pessoa, grupo ou organização interpreta a sua experiência. (…) As histórias de vida podem ser construídas tanto sobre o conjunto das experiências vividas por uma pessoa como também enfatizando um conjunto determinado de experiências.

As histórias de vida são então entendidas como retratos individuais ou coletivos, que são interpretados de diferentes formas, uma vez que as experiências são vivenciadas de diferentes modos. Os tipos de histórias de vida são diversificados, podendo ser relatos de vários momentos vividos, ou apenas um momento da vida do individuo que se destaca face aos outros, ou ainda uma história dentro da história de vida de outra pessoa. Nas palavras de Rubinstein (1988: 132),

A história de vida oferece-nos uma visão geral sobre a vida de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas, que estão numa certa situação social, cultural e histórica. São construções de identidade, nas quais as pessoas nos contam quem são e como têm vivido as suas vidas.

(26)

15 As histórias de vida permitem-nos, assim, tomar conhecimento de uma forma generalizada sobre a vida de um ou vários indivíduos. São relatos, que tendo em conta a situação em que os sujeitos se encontravam quando os mesmos tiveram lugar, nos demonstram como influenciaram a sua emancipação e crescimento ao longo da vida.

Na visão de Bertaux (1980: 202), as “histórias de vida, por mais particulares

que sejam, são sempre relatos de práticas sociais: das formas com que o indivíduo se insere e atua no mundo e no grupo do qual faz parte.”

Por muito que se trate de um relato individual, uma história de vida é sempre residida num contexto coletivo, há sempre cruzamentos com outras pessoas que, direta ou indiretamente causam influência nos comportamentos e atitudes que o indivíduo vai ter no seu meio.

Indo além dos conceitos e definições de histórias de vida, Alasuutari (1995: 172) refere que, “as informações que compõe a história de vida podem ser analisadas de

diferentes maneiras e para finalidades distintas, sendo possível analisar apenas uma parte da história ou um de seus temas.” Contudo, atualmente, e no que se refere aos

idosos, segundo a opinião de Correa e Justo (2010: 249-256),

(…) estes sentem falta de ouvidos que lhe deem atenção, pois com frequência desejam compartilhar histórias, mas não há quem se disponha a ouvi-los, outros há que ou porque não estão inseridos no contexto em que vivem, ou porque as suas vidas foram tão traumatizantes, que se negam a fazê-lo.

No âmbito deste estudo é nossa intenção contribuir para que os idosos institucionalizados, que tiveram histórias de vida alicerçadas em expressões criativas, que se destacam face a outros momentos da história das suas vidas, possam desfrutar de momentos de animação que os ajudem a inserir melhor neste contexto e a abrirem-se aos outros. Para o conseguirmos, pretendemos estabelecer com eles momentos de interação e confiança sem descurar os aspetos éticos, para que cada um se possa sentir à vontade e encontrar o ponto de partida para a construção de mais um capítulo da sua história de vida. Daqui é nosso objetivo que, mais tarde, o idoso possa partilhar estes momentos com outros, descrevendo-os como agradáveis vivências. Aliás, ao falar, explicitar e contar histórias há a reestruturação da subjetividade e a construção de nova identidade, uma vez que a história oral possui componentes terapêuticos que possibilitam a rememoração de experiências e tem, no dizer de Correa e Justo (2010: 249-256) como essência, “permitir um novo sentido e perceção da história contada

(27)

16

pelo idoso e contar a própria história implica sentimento de pertença e de inclusão na sociedade”.

A absorção das informações relatadas é explorada tendo em conta os propósitos da sua procura. Por muitos enredos que possam surgir numa história, há sempre uma possibilidade de filtragem e de foco sobre os assuntos que dizem mais interesse ao ouvinte.

2.5. Formas de Expressão Criativa

Sendo o ser humano um portador de imensos sentimentos, é inevitável a sua necessidade de se exprimir e expressar. Segundo refere Leite e Malpique (1986: 54), “a

expressão é a forma que, desde muito cedo o ser encontra para, através dela libertar as suas energias”. Energia, pensamentos e emoções compreendem a expressão como a

exteriorização de sensações.

A expressividade do ser pode apresentar-se em vários tipos de expressão. Enquanto indivíduos que somos, com capacidade imaginativa, temos necessidade de nos expressarmos criativamente, podendo este tipo de expressão ser apresentada de diversas formas, tanto através de desenhos, pinturas, como gestos, palavras, canções, músicas e muito mais. Neste sentido de diversidades, surgiram ao longo dos tempos, formas de expressão criativa como a expressão plástica, expressão dramática, expressão musical, etc.

No caso do presente estudo, as formas de expressão criativa a que nos referimos tanto podem estar ligadas ao canto, como à música, à expressão dramática, ou a muitas outras. Zampronha (2002: 14), define a música como,

Expressão de sentimentos, ideias, valores, cultura, ideologia; Comunicação do indivíduo com ele mesmo e com o meio que o circunda; Gratificação psíquica, emocional e artística; Mobilização física, motora, afectiva, intelectual; Auto-realização criando – ou seja, compondo, improvisando -, recriando, interpretando, tocando, lendo (…)”.

Percebemos através do autor que a música é um agente detentor de várias potências. Contudo, uma vez que procuramos também dar sentido a outras formas de expressão criativa, passamos a referir a expressão dramática nas palavras de Jacob (2007: 51) quando retrata a expressão dramática com idosos capaz de,

(28)

17  Reproduzir situações diárias como o trabalho, os jogos, o lazer, a família, o

lar, a vida no campo ou no mar, etc;

 Reproduzir comportamentos e/ou sons de outros ou de animais;

 Pegar num objeto (ex: chapéu, jornal) e mostrar várias utilizações para o mesmo.

Fazendo jus às palavras dos autores, reforçamos a importância que estas noções atribuem às formas de expressão criativa, e ao facto de as mesmas se possibilitarem a fazer parte integrante de atividades desenvolvidas com idosos. Como se estimava para o presente caso.

CAPÍTULO III – CONTEXTO DE PESQUISA

(29)

18 O espaço onde decorreu o nosso estudo de investigação foi o Quinta d’avós -

Hotel Sénior, um hotel de acolhimento da 3ª idade, localizado na aldeia de Eivados, concelho de Mirandela. A escolha do mesmo passou pela pertinência de querermos trabalhar com idosos institucionalizados. No que diz respeito ao espaço/meio de investigação, de acordo com Fortin (2003: 132), “o investigador define o espaço e o

meio onde o estudo será conduzido e justifica a sua escolha” A nossa escolha recaiu

neste espaço tendo em conta a sua localização geográfica, uma vez que se encontra numa zona um pouco isolada, o que despertou em nós um interesse de fazer chegar algo de diferente àquela instituição.

3.2. Caraterização da instituição de acolhimento

Situado na aldeia dos Eivados, concelho de Mirandela, o Quinta d’avós – Hotel

Sénior abriu portas no ano de 2009 para dar resposta ao crescente envelhecimento que se faz notar na nossa sociedade. Atualmente, presta serviços a cerca de 26 utentes, estando em curso a extensão das infraestruturas para aumentar a sua capacidade de alojamento.

Para além de um vasto espaço exterior, são também proporcionadas, para uso livre dos utentes, áreas como duas salas de convívio; uma sala de refeição; um gabinete médico-, uma sala de fisioterapia e uma área reservada aos serviços de estética.

As belíssimas paisagens que comtemplam este hotel sénior fazem jus à qualidade do tratamento prestado pela equipa da instituição aos seus idosos. O hotel dispõe de uma equipa multidisciplinar que, para além de usufruir de qualidades técnicas e académicas, possui caraterísticas pessoais imprescindíveis no contacto e relacionamento com os mais velhos. Continuamente procura estabelecer um elo de ligação entre a filosofia de empresa e a aptidão humana dos seus colaboradores diretos e indiretos, com o objetivo de alcançar desempenhos de excelência a todos os níveis.5

Quer para alojamento temporário, quer para alojamento permanente, a instituição presta aos utentes os seguintes serviços: Apoio psicossocial; Acompanhamento médico; Cuidados de enfermagem; Fisioterapia; Atividades socioculturais e recreativas; Passeios e visitas culturais; Serviço de cafetaria; Cabeleireiro e Pedologista. Com estes serviços, e no seu todo, o hotel pretende distinguir-se pela excelência e qualidade, garantindo, na

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19 provação de cuidados básicos e outros, a dignidade e o respeito pelo utente, conhecendo-lhe o direito à plena cidadania, à independência e à privacidade de forma a proporcionar-lhe condições de conforto e qualidade vida.6

Figura 1- Foto do exterior do Quinta d'avós - Hotel Sénior

3.3. Caraterização da população e amostra

A realização de uma investigação só se possibilita com o estudo de um determinado grupo, conjunto, ou subconjunto, de indivíduos que partilhem um fator comum entre si. Na perspetiva de Fortin (2003: 343) a população é um, “conjunto de

todos os sujeitos ou outros elementos de um grupo bem definido, tendo em comum uma ou várias características semelhantes e sobre o qual assenta a investigação”.

Subentendemos que a amostra diz respeito a uma parcela da população, o que é confirmado por Fortin, quando afirma que a amostra, “é um subconjunto de uma

população ou de um grupo de sujeitos que fazem parte de uma mesma população”

(2003: 202). Tendo em conta os objetivos que pretendemos atingir no nosso estudo, bem como o tipo metodológico do mesmo, elegemos uma amostra constituída por sete indivíduos, dois do sexo masculino, e cinco do sexo feminino, residentes no Quinta

(31)

20 d’avós – Hotel Sénior, que quando abordados referiram ter lidado no decurso das suas vidas com formas de expressão criativa, como o canto, a música, expressão dramática, entre outras.

CAPÍTULO IV – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

(32)

21 São várias as definições que podem ser dadas ao conceito de metodologia, iremos, no entanto, referir apenas algumas delas. Definida por Vilelas a metodologia,

“corresponde a um conjunto de conhecimentos que contribuem para a obtenção do conhecimento” (2009: 17). Desta forma, assumimos que indo ao encontro da opinião do

autor, a metodologia é o percurso que se faz até se recolher e atingir conhecimento por intermédio da investigação.

Segundo Sousa e Batista (2011: 43) a metodologia consiste, “na seleção da

estratégia de investigação, esta tem inerente um conjunto de métodos (…) que são selecionados de acordo com o objetivo da investigação”. Esta conceção das autoras

assemelha-se à que foi referida anteriormente mas, em vez de um “conjunto de conhecimentos”, assume um “conjunto de métodos” que vão possibilitar o processo de investigação, tendo em conta os objetivos do mesmo.

Aludido por Fortin (2003: 22), “O investigador que utiliza o método de

investigação qualitativa (…) observa, descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenómeno tal como se apresentam, sem procurar controlá-los.”

De acordo com Vilelas (2009: 105) nos processos de investigação qualitativa, “A

interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicas (…).”

Relativamente a este método de investigação, Bogdan e Biklen (1994: 47-51) identificam cinco características no mesmo,

 Os investigadores que utilizam metodologias qualitativas interessam-se mais pelo processo em si do que propriamente pelos resultados;

 O investigador interessa-se, acima de tudo, por tentar compreender o significado que os participantes atribuem às suas experiências;

 Os dados que o investigador recolhe são essencialmente de caráter descritivo;

 A fonte direta dos dados é o ambiente natural e o investigador é o principal agente na recolha desses mesmos dados;

 A análise dos dados é feita de forma indutiva.

Apoiadas nos autores supraditos, entendemos que a escolha do método de investigação qualitativa se enquadrava de forma absoluta no nosso estudo de investigação, uma vez, que passa acima de tudo, por ser um estudo claro com um processo de desenvolvimento gratificante, em que a observação feita ao longo do mesmo apresente os resultados obtidos tal e qual como o são, sem criar contornos, subjetividades e questões em redor dos mesmos. Tomada a decisão sobre o método de

(33)

22 investigação nomeado para o nosso estudo, passamos então para a determinação do tipo de investigação metodológico a ser utilizado no mesmo.

Os tipos de investigação metodológicos que podem ser utilizados neste género de processos são infindos e podem ainda sofrer alterações mediante a área em que é realizada a investigação. Tendo em conta tudo isto, o tipo de investigação por nós elegido relacionou-se com o Estudo de Caso.

Nas palavras de Cunha (2009b: 72-73),

O estudo de caso é uma metodologia que visa essencialmente a compreensão do comportamento de um sujeito, de um dado acontecimento, de um grupo de sujeitos ou de uma instituição (…) Um caso pode ser uma pessoa, uma organização, um programa de ensino, um acontecimento particular (…) É um modelo oposto ao estudo de massas, concentra-se sobre o estudo de um determinado caso e possibilita estudar um determinado aspecto de um problema, num curto espaço de tempo.

Indo de encontro á descrição da autora, esta abordagem metodológica emergiu para o presente processo de investigação no sentido de nos auxiliar a compreender melhor o problema para aqui definido, possibilitando-nos assim efetuar uma melhor abordagem do mesmo e garantir uma maior validade e fiabilidade dos dados obtidos.

No mesmo contexto, Pérez (2011: 104) descreve quatro caraterísticas que englobam o estudo de caso,

 Particularista, investigação centralizada numa situação singular e única;  Descritivo, descrição rica e densa do fenómeno em estudo;

 Heurístico, compreensão dos factos melhor e mais complementada, alargando a experiência do observador;

 Indutivo, uma vez que, ao manejar múltiplas fontes de dados, o investigador pode chegar a formular hipóteses e conceitos generalizáveis dentro do contexto em que se desenvolve a ação.

Todas estas caraterísticas atribuídas ao estudo de caso tornam-no num tipo metodológico aliciante para ser posto em prática no nosso processo de investigação. Não deixando de referir também que estas caraterísticas são indiretamente herdadas da investigação qualitativa. O estudo de caso segue-se internamente numa lógica que orienta as sucessivas etapas de recolha, análise e interpretação da informação dos métodos qualitativos, emancipando sempre que tipo de investigação metodológica pretende acima de tudo o estudo intensivo de um ou poucos casos.

(34)

23 No caso da pesquisa por nós levada a cabo, o estudo de caso ostenta maioritariamente uma componente descritiva, uma vez que pretendíamos tornar claras e explicativas as práticas inclusivas realizadas com os sujeitos que participaram na investigação, o que nos levou a enveredar por um caminho onde a observação fosse quase inerente e essencial para a descrição de todos os detalhes.

4.2. Técnicas

de pesquisa e recolha de dados utilizadas

O sucesso de qualquer processo de investigação está, em parte dependente da recolha de dados e informações que irão responder ao seu problema. A obtenção de dados é assim fulcral para o bom desenvolvimento da investigação. Para a coleta dos mesmos ser possível, existem inúmeras técnicas de recolha de dados que podem ser selecionados consoante o tipo de investigação determinado. Neste item, iremos então referir alguns conceitos do que é entendido como técnicas de pesquisa e recolha de dados, bem como apresentar as técnicas de que nos servimos na presente investigação.

Segundo a explicação de Moresi a técnica de recolha de dados é, “o conjunto de

processos e instrumentos elaborados para garantir o registo das informações, o controle e a análise de dados”, (2003: 64). No nosso entender, as técnicas de recolha de

dados, são todas as técnicas possíveis num processo de investigação, que nos possibilitam acoitar os dados obtidos aquando da mesma.

Os dados, na perspetiva de Fortin,“podem ser colhidos de diversas formas junto

dos sujeitos. Cabe ao investigador determinar o tipo de instrumentos de medida que melhor convém ao objetivo de estudo, às questões de investigação colocadas ou hipóteses formuladas” (2003: 240).O investigador tem ao seu dispor um leque imenso para eleger as técnicas de recolha que pretende levar para o terreno, devendo estas ser eleitas tendo, claramente, em conta tudo o que se pretende alcançar com a investigação.

Estamos de acordo com Cunha (2009b: 97), quando refere que,

Este tipo de técnicas diz respeito à parte prática da colecta de dados que pode ser conseguida através de documentação indirecta, livros, revistas, jornais e outros documentos e de documentação direta, quando se recorre à observação, ao questionário e à entrevista.

(35)

24 No que ao presente estudo diz respeito, foi levada a cabo a investigação através de documentação direta, sendo eleitas como técnicas de pesquisa e recolha de dados a entrevista, observação e o questionário.

4.2.1. Entrevista

A entrevista, que Haguette entende como “um processo de interacção social entre

duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado” (2007: 86), foi eleita como técnica de

recolha de dados para o presente estudo, tendo em consideração muitas das suas caraterísticas, bem como o facto de a mesma conseguir obter resultados a que um questionário não chega. No caso concreto da nossa amostra, a entrevista revelou-se uma mais-valia, como auxiliar do diagnóstico de necessidades, porém, nem tudo são pontos vantajosos. Tendo em conta o estádio de vida dos entrevistados, a veracidade das informações pode estar muito além da realidade, mas isso é algo incontornável pelo investigador, e que se poderia verificar também numa outra técnica como é o caso do questionário. Por sua vez, considerando que a entrevista não é um processo que recorre ao anonimato, poderá haver alguma hesitação por parte do entrevistado levando à alteração da reprodução da realidade de forma propositada, algo que no caso dos questionários não seria tão aplicável.

O papel do entrevistador é então imprescindível no que concerne ao respeitar a área de conforto do entrevistado, não abusando nunca da sua persuasão sobre o indivíduo nem levar situações de exploração ao extremo por interesse pessoal, independentemente de as mesmas se poderem relacionar com a investigação.

Após definirmos os objetivos pretendidos para a função da entrevista no nosso estudo de investigação, passámos à predileção do tipo de entrevista a ser levado a avante. Na área das ciências sociais existe uma imensa variedade dos tipos de entrevista, damos como exemplo: tipo de entrevista estruturada; semi-estruturada; não estruturada; clínica; profissional; entre outras. Considerando o que pretendíamos alcançar com este procedimento, o nosso género de eleição foi a entrevista semi-estruturada, uma vez que, de acordo com Haguette(2007: 102),

(…) as entrevistas semi-estruturadas, combinam perguntas fechadas e abertas (…) o pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal. O entrevistador deve ficar atento para dirigir, no momento que

(36)

25

achar oportuno, a discussão para o assunto que o interessa fazendo perguntas adicionais para elucidar questões que não ficaram claras ou ajudar a recompor o contexto da entrevista.

No caso do nosso estudo, pré-definimos um curto guião, não definitivo, que nos auxiliou no decorrer da entrevista, mas que possibilitava a abertura à formulação de novas perguntas e ao debate de novas ideias sobre o assunto em questão com o entrevistado, não descorando o retorno ao tema de interesse.

4.2.2 Questionário

Cada um dos procedimentos de colheita de dados, por nós eleito, tem a sua importância, mas de entre todos o questionário foi o que recolheu o maior número de resultados a serem analisados.

Moresi (2003: 65) ilustra o questionário como, “um instrumento de coleta de

dados, constituído por uma série ordenada de perguntas pré-elaboradas, sistemática e sequentemente dispostas em itens que constituem o tema.” Um método capaz de uma

colheita cheia e sustentada, nos mais variados recursos que o indivíduo sustém, previamente definida, havendo sempre um tema assente para clarificar o que pretende obter com o mesmo.

Na ótica de Marconi e Lakatos (2003: 201) o questionário é um,

instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do investigador. (…) Junto com o questionário deve-se apresentar uma nota ou uma carta explicando a natureza da pesquisa, a sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável (2003: 201).

O questionário visa a coleta de dados na forma grafada, com uma estrutura de questões previamente definida, tendo em conta os objetivos a que o mesmo pretende responder. Deve apresentar sempre uma notificação clara e sucinta sobre as suas intenções de pesquisa perante a amostra a que é dirigido. A data de entrega do mesmo deve também ser tida em consideração mediante a planificação que os investigadores estipularam para a sua recolha de dados.

(37)

26

Hoje em dia, verificamos uma possibilidade imensa de fazer chegar os questionários à sua amostra correspondente, quer seja por correio, via eletrónica, ou presencialmente, havendo diversos recursos aos quais se pode recorrer. No nosso estudo de investigação, os questionários foram entregues presencialmente, indo de encontro aos conceitos do nosso tipo de investigação, possibilitando assim o esclarecimento de possíveis dúvidas que surgissem aos investigados. No entanto, o processo de resposta ao nosso questionário realizou-se longe da presença dos investigadores, para que se pudessem assim emancipar algumas das suas vantagens.

Citando novamente Marconi e Lakatos (2003: 201) tal como qualquer outra técnica de recolha de dados, “o questionário também apresenta uma série de vantagens

e desvantagens.” Vamos referir apenas aquelas que mais se adequam ao nosso estudo

de investigação. Algumas das vantagens classificadas por Marconi e Lakatos (2003: 202),

 Obtém respostas mais rápidas e mais precisas.

 Há maior liberdade nas respostas, em razão do anonimato.

 Há mais segurança, pelo facto de as respostas não serem identificadas.  Há menos risco de distorção, pela não influência do pesquisador.  Há mais tempo para responder e em hora mais favorável.

Talvez as vantagens dos questionários variem consoante o tema, a área, e até mesmo, quem sabe com o tipo de questionários utilizados na investigação. Tal como qualquer outro procedimento de recolha de dados, existem vários tipos de estruturas que podem constituir um questionário. Este tipo de estrutura pode também variar e ser mais ou menos posta em prática tendo em conta a metodologia, os objetivos, e a área em que se insere a investigação.

Nas palavras de Sousa e Batista relativamente à área das ciências humanas e sociais, existem três tipos de questionários:

Questionário de tipo aberto: é aquele que utiliza questões de reposta aberta. Este tipo de questões dá mais liberdade na escolha das respostas, no entanto a sua análise torna-se por vezes difícil. (…) Questionário do tipo fechado: tem na sua construção questões de resposta fechada. Este tipo de questionário facilita o tratamento e análise das informações. (…) Questionário de tipo misto: apresentam questões de resposta aberta e fechada (2011: 91).

O tipo de questionário que auxiliou a recolha de dados do nosso estudo foi o do tipo misto. O mesmo apresentou uma estrutura com respostas abertas e fechadas, aonde

(38)

27 foi permitido ao investigado justificar a sua opinião. Esta escolha esteve relacionada com o nosso método de investigação, investigação qualitativa, uma vez que pretendemos obter respostas diretas, claras, objetivas, e acima de tudo 100% representativas da opinião dos investigados.

4.2.3. Observação

Não podíamos eleger todos os procedimentos de recolha de dados que se podiam inserir no método aplicado ao nosso estudo de investigação, mas considerando os objetivos do mesmo, nomeamos um último procedimento capaz de complementar as possíveis imperfeições das primeiras técnicas definidas.

Na visão de Marconi e Lakatos (2003: 190),

A observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade, não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar. (…) A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência.

A observação veio complementar as outras técnicas de recolha de dados utilizadas na nossa investigação. Podemos considera-la um método discreto na medida em que permite recolher dados da amostra sem que os elementos que a constituem se sintam pressionados, uma vez que podem nem sequer saber que estão a ser “observados” e consequentemente analisados ao longo da atividade.

O ato de observar é algo natural e inerente ao quotidiano do ser humano, sendo inconscientemente posto em prática por todos nós, o que nos permite considera-lo como um ato nato. A observação, na ótica de Selltiz et al (1965: 233), passa a tornar-se científica à medida que,

 Convém a um formulado plano de pesquisa;  É planejada sistematicamente;

 É registrada metodicamente e está relacionada a proposições mais gerais, em vez de ser apresentada como uma série de curiosidades interessantes;  Está sujeita a verificações e controles sobre a validade de segurança.

Imagem

Figura 1- Foto do exterior do Quinta d'avós - Hotel Sénior
Tabela 1- Quadro de Calendarização das atividades colectivas realizadas no Quinta d'avós - Hotel Sénior
Tabela 2- Grelha de observação da 1ª atividade colectiva
Tabela 3- Grelha de observação da 2ª atividade colectiva
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Referências

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