MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE
André Gaspar Garrido de Oliveira Guerreiro | 2014436 6º ano / turma 3
2019/2020
Universidade Nova de Lisboa
Nova Medical School | Faculdade de Ciências Médicas
Regente: Professor Doutor Rui Maio
Índice
1. Introdução……….………1
2. Objetivos………..……….1
3. Atividades desenvolvidas……….2
a) Cirurgia Geral – Hospital CUF Infante Santo (HCIS)………..….…2
b) Medicina Interna – Hospital das Forças Armadas (HFAR)………...2
c) Saúde Mental – Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL)………….…………..3
d) Medicina Geral e Familiar – UCSP Beja………..………….4
e) Pediatria……….5
f) Ginecologia Obstetrícia……….………5
4. Elementos valorativos……….…..6
5. Reflexão crítica……….……6
6. Anexos………..9
Anexo 1 – Certificado de participação: “Trauma Evaluation And Management”………..….9
Anexo 2 – Artigo “Pseudotumor inflamatório do baço” para publicação na revista científica CUF……….10
Anexo 3 – Cirurgias observadas e distribuição por género………16
Anexo 4 – Temas assistidos durante o estágio de MI no HFAR ………....17
Anexo 5 – Lista de temas dos seminários teórico-práticos e certificado de presença: “Utilização racional dos meios complementares de diagnóstico”………..17
Anexo 6 – Tabela de doentes observados durante o estágio de MI………....19
Anexo 7 – Tabela e gráfico representativo dos doentes observados durante o estágio de Saúde Mental………....20
Anexo 8 – Doentes selecionados para “Diário de Exercício Orientado”………...21
Anexo 9 – Certificado de participação: “Workshop Comunicação em Público”………...22
Anexo 10 – Certificado de participação: “Curso de Eletrocardiografia”………...23
Anexo 11 – Certificado de participação: “Workshop de farmacologia de urgência”………...24
Anexo 12 – Certificado de participação: “Emergency day”………..25
Anexo 13 – Certificado de participação: “Euro-musculus Course”………...26
Anexo 14 –Certificado de participação: iMed 9.0………....27
Anexo 15 – Voluntariedade dos estudantes do 6º ano âmbito da pandemia por Covid-19……….28
Anexo 16 – Declaração de participação e co-autoria: “Projeto de Notificação e Seguimento da COVID-19 no Hospital CUF Sintra”………..29
Lista de abreviaturas
EP
Estágio profissionalizante
UC
Unidade curricular
MIM
Mestrado Integrado em Medicina
MCDT
Método complementar de diagnóstico e terapêutica
HCIS
Hospital CUF Infante Santo
HFAR
Hospital das Forças Armadas
CHPL
Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa
HSJ
Hospital de São José
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1. Introdução
O presente relatório é redigido com a grande finalidade de descrever e posteriormente analisar
não só as atividades desenvolvidas no âmbito do EP, UC integrada no 6º ano do MIM da Nova
Medical School | Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade de Lisboa, assim como outras
atividades realizadas ao longo de todo o percurso académico que possam ser relevantes ao nível da
valorização individual. O 6º ano do MIM, constitui o último e mais integrador ponto da formação
médica pré-graduada, assumindo um papel de extrema importância para o aluno que terá, num futuro
próximo, de utilizar da forma mais adequada todo o conhecimento científico, assim como as suas
competências profissionais e sociais. O EP integra o conjunto de estágios parcelares em Medicina
Interna, Cirurgia Geral, Medicina Geral e Familiar, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia e Saúde
Mental.
O 2º semestre do ano letivo 2019/2020 surge com uma inesperada pandemia que, infelizmente,
resulta no confinamento obrigatório, comunicado pelos órgãos da faculdade a dia 09 de Março e
oficialmente pelos órgãos do estado a dia 13 do mesmo mês, pelo que não me foi possível a realização
dos estágios de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia de forma presencial. Esta alteração, obrigou a
um esforço adicional e louvável por parte de todos os departamentos, de forma a não prejudicar o
percurso até então feito pelos alunos.
O relatório inicia-se com uma breve introdução com o intuito de contextualizar o mesmo,
seguido de objetivos gerais e específicos, reservando-se a restante estrutura para a síntese das
atividades desenvolvidas, com os respetivos ganhos a título formativo e pessoal. Termino o relatório
com uma discussão crítica sobre todo o ano letivo. Incluo ainda, em anexo, alguma suplementação
gráfica correspondente às diferentes atividades, assim como a referência a alguns elementos que
considero valorativos.
2. Objetivos
Visto ser um ano fulcral como futuro profissional, tracei alguns objetivos que, na minha
opinião, penso serem transversais à maioria dos alunos que pretendem explorar o seu melhor na sua
futura profissão: Aprofundar e aplicar conhecimentos, tanto na resolução de problemas clínicos
frequentes, como na sua gestão social e seguimento; Avaliar de forma adequada todos os doentes,
orientando os seus problemas através de uma anamnese cuidada, com formulação de hipóteses
coerentes, pedido de MCDTs e construindo um plano terapêutico; Estabelecer não só uma relação
médico-doente frutuosa como também uma relação com os profissionais de todas as equipas que me
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encontre inserido; e integrar-me na atividade clínica com o respetivo desenvolvimento de
competências de comunicação e trabalho com restantes profissionais.
3. Atividades Desenvolvidas
a) Cirurgia Geral – Hospital CUF Infante Santo (HCIS)
O estágio parcelar de Cirurgia Geral, com a duração de 8 semanas, decorreu desde 9 de
Setembro a 30 de Outubro, em que a 1ª semana correspondeu às sessões teórico-práticas lecionadas
no Hospital Beatriz Ângelo, onde se inseriu o curso teórico-prático TEAM (trauma evaluation and
management) (Anexo 1), sendo as restantes semanas passadas no HCIS sob tutoria do Dr. Luís
Galindo. No âmbito da Cirurgia Geral, estabeleci, entre outros, os seguintes objetivos: 1) O
desenvolvimento do raciocínio clínico em todos os seus passos e interpretação dos dados clínicos e
MCDTs; e 2) Aquisição de competências avançadas teórico-práticas e de autonomia progressiva, nos
domínios do diagnóstico e prática cirúrgica.
A maior parte do tempo foi despendido em bloco operatório e consultas de proctologia e
cirurgia geral, seguido de visitas ao internamento e raras idas ao atendimento permanente. A carga
assistencial não era fixa, indo desde apenas as horas da manhã, até outros dias em que iniciávamos
pelas 08.00 e terminávamos perto das 20.00. Pessoalmente foi um estágio “life changing”, não só
pela oportunidade que me foi dade em participar como 1º ajudante em mais de 20 cirurgias, mas
também por todo o envolvimento profissional e social. Sem dúvida, uma confirmação de uma das
áreas em que teria todo o prazer de atuar num futuro próximo. As cirurgias eram variadas, a maioria
por técnica laparoscópica, desde intervenções do trato gastrointestinal superior como do inferior.
Ainda me foi dada a oportunidade de assistir a 2 cirurgias robóticas (Da Vinci Robotic Surgery).
Durante estas atividades foi possível consolidar conhecimentos relativos aos procedimentos
pré-cirúrgicos imediatos, como a desinfeção adequada à participação como ajudante, os posicionamentos
respetivos a cada cirurgia, princípios anestésicos, técnicas e instrumentação cirúrgica. Por fim,
participei no Mini-Congresso de Cirurgia Geral, onde apresentamos um caso clínico intitulado: “A
peculiar spleen”, que deu origem a um artigo científico na revista oficial da CUF (Anexo 2). Incluo
também em anexo gráficos representativos do decorrer deste estágio (Anexo 3).
b) Medicina Interna – Hospital das Forças Armadas, Pólo Lisboa (HFAR)
O estágio parcelar de Medicina Interna, com a duração de 8 semanas, decorreu desde 4 de
Novembro a 10 de Janeiro. A minha atividade integrou-se na dinâmica de equipa liderada pela Dra.
Vera Beato, estando eu sob a tutoria da Dra. Ana Suarez. A título de completar todas as vertentes
formativas desta UC, foi-me possível estar presente em Serviço de Urgência no Hospital São José,
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um dia por semana, sob tutela da Dra. Ruth Correia. Defini, entre outros, os objetivos: 1) Adquirir
crescente autonomia no que concerne ao diagnóstico e terapêutica do doente internado e em contexto
de urgência; 2) Elaboração estruturada e coerente de diários clínicos, notas de entrada, transferência
e de alta; e 3) Organização estruturada de ideias na abordagem ao doente em contexto de urgência.
A enfermaria constituiu o principal local de contato, ficando responsável pela observação
diária entre 2 a 3 doentes, com o respetivo registo no diário clínico, interpretação, requisição e registo
de MCDTs, elaboração de lista de problemas diários com hipóteses diagnósticas e terapêutica. No
final da manhã eram discutidos os doentes observados com a Dra. Ana Suarez. Todas as
quartas-feiras, previamente às reuniões clínicas eram apresentados diversos temas, na sua grande maioria
baseados em artigos científicos, pelas várias especialidades médicas, que incluíam não só médicos
especialistas como internos da formação geral (lista de temas em anexo 4). A carga assistencial
rondava as 6 horas diárias. Complementando a prática diária à qual nos remetia o estágio, ainda tive
a oportunidade de assistir a seminários teórico-práticos orientados e organizados pelo Major Dr.
Henrique Sousa e oportunidade em participar em formações destinadas aos internos de formação
geral (lista de temas e certificado em anexo 5). Por fim, apresentamos um caso clínico com o tema
“Doença Inflamatória Intestinal – Um caso de doença de Crohn complicada”, que englobou a
apresentação do caso clínico, revisão teórica sobre o tema e ainda discussão/atualização terapêutica
respetiva. Incluo também em anexo uma tabela representativa dos doentes observados durante o
estágio (Anexo 6).
c) Saúde Mental – Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL)
O estágio parcelar de Saúde Mental, com a duração de 4 semanas, decorreu desde 20 de
Janeiro até 14 de Fevereiro. Decorreu maioritariamente na clínica 1, sob tutoria da Dra. Maria João
Avelino. Face a uma UC a que me considero particularmente menos apto a nível teórico-prático,
tracei os seguintes objetivos: 1) Identificação de sintomas das principais síndromes psiquiátricas e
perturbações da personalidade; e 2) Treino de entrevista clínica e exame de estado mental. O estágio
decorreu na clínica 1, definida como Unidade Partilhada que consiste numa estrutura de 20 camas,
para internamento de utentes em situação de doença aguda e ambos os géneros, dos 15 aos 25 anos.
Aqui, diariamente, acompanhei a minha tutora durante as entrevistas e exame de estado mental, com
breves discussões após cada uma das entrevistas. Todas as semanas pude também estar presente nas
reuniões de serviço e sessões de formação, onde para além de todos os médicos exporem os seus
doentes e respetiva evolução, também eram apresentados trabalhos científicos sobre saúde mental,
maioritariamente redigidos pelos internos da especialidade. Devido a algumas incompatibilidades
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logísticas foi-me disponibilizado apenas um período para consultas externas que decorreu numa
manhã de quinta-feira da última semana de estágio, com o acompanhamento da Dra. Rita. Estas
semanas foram essenciais para a desmistificação do doente mental, ainda que se mantenha complexo,
compreendi e integrei alguns conhecimentos a nível da psicopatologia e abordagens terapêuticas. Por
fim, foi-me ainda concedida a oportunidade de assistir semanalmente a sessões formativas para
internos do CHPL. Incluo em anexo gráficos e tabelas representativas dos doentes observados durante
o estágio (Anexo 7).
d) Medicina Geral e Familiar – UCSP Beja
O estágio parcelar de Medicina Geral e Familiar, com a duração de 4 semanas, decorreu desde
17 de Fevereiro e destinado a terminar no dia 13 de Março, no entanto interrompido a dia 9 de Março
pelo confinamento proposto pelos órgãos da faculdade. Felizmente, dentro de todo o panorama que
se instalou devido a esta situação atípica, foi possível realizar o estágio praticamente na sua totalidade,
ficando por fazer 2 dias de atividade assistencial. Considerando o médico de família uma figura
central para o doente, procurei cumprir os seguintes objetivos: 1) Estabelecer relações médico-doente
mais próximas e de confiança; 2) Avaliar e gerir padrões de sintomas mais comuns, tanto agudos
como crónicos; e 3) Conhecer e identificar os cuidados, personalizados a cada faixa etária.
Ao realizar o meu estágio em Beja, sob tutoria da Dra. Margarida Brito, tive a oportunidade
de estar envolvido em diferentes tipos de consulta, desde saúde infantil, planeamento familiar, saúde
materna, saúde do adulto, diabetes mellitus, hipertensão arterial até consultas aberta/urgência. Além
disso, apesar de não com muita frequência, a equipa ainda se disponibilizou a levar-me a alguns
domicílios e a explicar-me todos os procedimentos das várias consultas de enfermagem que eram
realizadas no nosso edifício. Sempre com aconselhamento e orientação, desde a segunda semana de
estágio foi-me proporcionada a oportunidade de conduzir consultas de forma autónoma durante as
quais realizava uma anamnese orientada (após análise de processo clínico), com exame objetivo,
registo de MCDTs, terminando com a elaboração de um plano terapêutico que era sempre sujeito a
discussão e aprovação por parte da Dra. Margarida Brito. Sendo uma das especialidades transversal
a todas as áreas médicas, e considerando que durante o meu percurso académico o contacto com a
mesma tenha sido reduzido, este estágio proporcionou-me, sem dúvida, um espaço enorme de
aprofundamento intelectual e profissional, que certamente carregarei comigo para o futuro. Por fim,
fiz uma apresentação oral sobre um indicador - “Bilhete de Identidade dos Indicadores dos Cuidados
de Saúde Primários – 274 (Proporção de utentes com diabetes tipo 2 e indicação para insulinoterapia,
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a fazer terapêutica adequada)”. Incluo em anexo uma amostra representativa dos doentes observados
durante o decorrer do estágio (Anexo 8).
e) Pediatria – Via Online
A UC de Pediatria, decorreu desde cerca do final de Março até ao inicio de Maio, via online,
visto que os alunos teriam sido sujeitos a confinamento obrigatório devido ao novo SARS-CoV-2, o
que motivou a uma grande adaptação por parte dos docentes da disciplina e dos alunos. Todo o
programa esperado para o estágio foi reformulado e a avaliação dos alunos reduzida a 1 trabalho
individual e 1 trabalho de grupo, este último que seria apresentado a todos os elementos da turma e
docentes. O trabalho individual e de grupo consistiram numa revisão de conteúdos na área da
Pediatria, ambos escolhidos pelos alunos. O meu trabalho individual foi sobre dor abdominal aguda
– “Dor abdominal aguda em Pediatria: Noções gerais, Abordagem e Gestão do Doente”, enquanto
que o trabalho de grupo foi sobre os rastreios neonatais – “Rastreios Neonatais e Programa Nacional
de Diagnóstico Precoce”. Não podia deixar de enaltecer, perante todos os condicionamentos que o
isolamento social proporcionou, a força de vontade e motivação por parte do corpo docente em
conseguir que os alunos não fossem prejudicados. Como aluno, obviamente, entristece-me não ter os
estágios, que permitem a consolidação da aprendizagem teórica de forma mais acentuada e
organizada, no entanto, e ainda que tenham sido alvo de contestação, acredito que as opções tomadas
tenham sido as melhores para todos os intervenientes.
f) Ginecologia-Obstetrícia – Via Online
A UC decorreu durante o mês de Maio até ao inicio de Junho, segundo as novas condições já
impostas que consistiam em avaliar os alunos recorrendo a dois momentos distintos. Um primeiro,
em que os alunos estariam agrupados pelos respetivos polos de ensino e responderiam a questões
enviadas pela Professora Doutora Teresinha Simões, cujas perguntas estariam relacionadas com a
matéria correspondente a apresentações online que foram disponibilizadas aos alunos via moodle.
Num segundo e último momento, os alunos organizados em grupos de 2 ou 3 elementos tiveram de
realizar uma apresentação, com recurso a gravação de áudio, sobre um tema selecionado pelos tutores
da UC. O meu trabalho de grupo incidiu sobre o novo SARS-CoV-2, focando-se nas investigações
recentes sobre o efeito do vírus na fertilidade feminina e masculina – “SARS-CoV-2 e infertilidade”.
É inevitável, como na UC supracitada, a menção aos esforços tomados face aos condicionamentos,
que tentaram sempre ir ao encontro do que seria melhor para os estudantes.
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Durante o curso, 2014 até 2020, desenvolvi algumas atividades que considero que possam ter
algum peso ao nível da minha formação tanto profissional como pessoal. Ainda que algumas delas
não estejam aqui representadas, pela impossibilidade de serem convertidas em formato de certificado,
todas contribuíram para um percurso que considero muito especial. De facto, 6 anos é um percurso
muito longo e muito trabalhoso, muitas vezes reduzidos a muito pouco tempo para outras atividades.
Pessoalmente sempre fui indivíduo para percursos de cariz atlético, o que me fez entrar na equipa de
futebol da NMS, representando a mesma desde o 3º ao 5º ano, inclusive conseguindo uma passagem
da 2ª para a 1ª divisão. Desde cedo, e desta vez sem exceção, percebi que os desportos de equipa
transmitem muitos valores do que são as dinâmicas de grupo, a forma como temos de confiar quase
cegamente nas ações de quem está connosco em campo, partilharmos tristezas, frustrações e alegrias.
Mantive em simultâneo um outro hobby que me acompanha desde cedo, a música. Membro integrante
da Estudantina Universitária de Lisboa desde 2008, uma tuna que representa os valores mais antigos
da Academia de Lisboa e associada com a Associação Académica de Lisboa. Reconhecendo os pontos
mais fracos, foi sempre opção explorar os mesmos, daí ter ingressado no meu 3º ano num Workshop
de Comunicação em Público e outro sobre os fundamentos de ECG. Viria também a assistir a um
workshop sobre Farmacologia de Urgência e mais tarde, já no último ano, a participação no evento
“Emergency Day” assim como a presença num curso sobre anatomia do aparelho locomotor por via
ecográfica (Anexos 9, 10, 11, 12 e 13). No 5º ano do curso fui também elemento da equipa de logística
do evento TEDxCampoSantana.
Finalmente, mas não menos importante, perante esta situação atípica da declaração de estado
de emergência, participei como voluntário no projeto de notificação e seguimento da COVID-19 no
Hospital CUF Sintra, inclusive sujeito a artigo para a revista da CUF, que incluo em anexo (Anexos
15, 16 e 17). Este projeto consistia em notificar na plataforma SINAVE (sob supervisão médica), com
acesso aos processos clínicos dos doentes, a negatividade ou positividade dos testes, contribuindo
assim para a diminuição do trabalho imposto sobre os profissionais que viam o seu trabalho
completamente alterado devido à doença inerente ao aparecimento do novo vírus.
5. Reflexão Crítica
O plano curricular do MIM está construído de forma a proporcionar ao aluno uma abordagem
mais teórico-prática do ensino, caraterizada por um contato precoce progressivo com a prática clínica.
Assim, é esperada a chegada ao final com um maior grau de independência e conhecimentos que
anseio aplicar num futuro próximo. Do ponto de vista pessoal, penso ter estado à altura da maioria
das tarefas e objetivos, longe da perfeição, no entanto a caminhar para a profissionalização. Respondi,
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sempre que possível, de forma ativa e empenhada, tendo conquistado alguma confiança e amizade
por parte dos meus tutores, cuja disponibilidade e empenho estimularam a minha motivação e
autonomia. Sem dúvida que um dos pontos-chave para o sucesso neste estágio profissionalizante é a
forma como a instituição consegue organizar os alunos e tutores de forma a que cada tutor fique no
máximo com 2 pessoas, coisa que pessoalmente nunca se sucedeu, ficando sempre sozinho com os
meus tutores.
Particularmente, no que concerne às atividades desenvolvidas, no estágio parcelar de
Cirurgia Geral tive a oportunidade de começar o ano letivo com uma das melhores experiências da
minha vida. Ainda que não estivesse habituado à dinâmica de horários mais flexíveis e com cargas
assistenciais diárias completamente diferentes, senti pela primeira vez que me estavam a ser dadas
oportunidades palpáveis, e que me tratavam de modo a sentir-me mais um “colega”. O facto de ser
um estágio mais longo permite a que o aluno tenha uma melhor integração e conheça realmente o
ambiente de trabalho e ritmo de todos os profissionais. Este estágio permitiu o contato com variadas
patologias cirúrgicas e a sua abordagem, desde o diagnóstico à terapêutica assim como um
desenvolvimento de técnicas e procedimentos cirúrgicos os quais possa vir a contactar no futuro.
Considero ter cumprido grande parte dos objetivos, com o auxílio do meu tutor Dr. Luís Galindo, o
qual aponto o meu agradecimento.
Em Medicina Interna adquiri mais confiança e fluidez na realização de trabalho de
enfermaria, em que a abordagem ao doente foi consecutivamente progredindo para mais organizada
e sistemática. Foi uma aquisição de confiança gradual com responsabilidades atribuídas a um ritmo
adequado, permitindo encaixar-me de forma mais eficaz na dinâmica de trabalho. Neste estágio foi
possível consolidar a necessidade de reconhecimento e valorização de sintomas e da importância de
todas as atitudes terapêuticas de forma a evitar terapêuticas desnecessárias com real benefício para os
doentes. Ainda que considere a minha cabeça um tanto ou quanto limitada para a quantidade de
informação que os médicos de medicina interna tenham arquivada, penso que, dentro das limitações
óbvias à falta de raciocínio clínico, tenha cumprido a grande maioria dos objetivos. Como aspeto
menos positivo apenas de ressalvar o facto de as urgências terem de ser realizadas fora do hospital, e
de forma logisticamente mais desafiante. Agradeço profundamente à Dra. Ana Suarez pelo
acompanhamento incansável no HFAR e à Dra. Ruth Correa do SU do HSJ pela prestável receção e
orientação.
Em Saúde Mental adquiri e trabalhei as minhas competências, em especial na relação com
jovens, e experienciei a uma distância muito mais próxima que aquela que os livros proporcionam, o
verdadeiro impacto das circunstâncias sociais e familiares adquirem na evolução da doença mental.
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Foi um momento de desmistificação do doente mental, que até então seria uma esfera de pouco
conhecimento da minha parte. No geral, ainda que os objetivos sejam teóricos, penso ter cumprido
com a maior parte, obviamente com alguma dificuldade, no entanto com a inabalável paciência da
Dra. Maria João Avelino do CHPL à qual agradeço. Como ponto menos positivo destaco a logística
para assistir a consultas, visto que grande parte dos médicos dão consultas na periferia, com alguma
dificuldade de acesso enquanto aluno.
Quanto ao estágio em Medicina Geral e Familiar, penso que seja um dos pontos mais
importantes deste ano, permitindo dar a conhecer uma atividade extremamente abrangente e
complexa, quer em termos de população como em termos de patologia. O facto deste estágio ter
decorrido numa cidade mais pequena permitiu o contacto com uma população distinta, com valores,
ideias e crenças diferentes, o que motivou a uma adaptação mais desafiante. No entanto, foi
imprescindível para aprimorar a capacidade de comunicação com pacientes e familiares, bem como
para a familiarização com as principais patologias da nossa sociedade, a forma como são geridas e
encaminhadas. Considero que este estágio tenha tido um balanço extremamente positivo, sentindo
que cumpri a maioria dos objetivos. Não podia deixar de agradecer à Dra. Margarida Brito pela
receção e orientação.
Por fim, insiro Pediatria e Ginecologia – Obstetrícia no mesmo contexto, visto que foram
duas unidades curriculares a ser realizadas via online, face à atual situação de pandemia. Infelizmente,
como supracitado, não foram possíveis a realização destes estágios presencialmente, que,
incontornavelmente, trariam mais valias para a formação tanto académica como profissional. Ainda
assim, graças à organização curricular do MIM, foi possível ter contacto com estas especialidades
nos anos anteriores, o que me faz ficar mais confiante por já ter passado por algumas situações
práticas. Face aos condicionamentos os regentes e tutores de cada disciplina moveram-se no sentido
de apoiar os alunos, e reformularam o programa da melhor forma possível visto o curto espaço de
tempo e o ambiente de incerteza para a tomada de decisões. Ainda assim este método de ensino
permitiu-me aprofundar as técnicas de investigação, que nunca são demais tendo em conta a evolução
que a Medicina sofre constantemente.
De modo geral, penso que atingi de forma razoável todos os objetivos que foram sendo
propostos e estou convicto que encerro esta UC após uma evolução incomparável a título pessoal e
profissional. Deixo o meu eterno agradecimento à NMS, todos os tutores, professores, colegas,
amigos e familiares que me acompanharam nesta jornada, pois não são só os conhecimentos teóricos
e práticos que nos valorizam, mas sim todo um conjunto de pequenos detalhes que nos tornarão,
acima de tudo, seres humanos melhores.
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6. Anexos
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Anexo 2 – Artigo realizado pelos alunos para publicação na revista científica CUF
Pseudotumor Inflamatório do Baço
Splenic Inflammatory Pseudotumor
Caso Clínico
Pedro Silva
1, Elisa Caia
2, André Guerreiro
1RESUMO
O pseudotumor inflamatório do baço é uma lesão tumoral, extremamente rara e de
etiologia desconhecida. Apresenta-se como massa solitária, redonda e bem delimitada,
é
maioritariamente assintomático, tendo como manifestações comuns dor ou
desconforto no
hipocôndrio
esquerdo,
febre
e
esplenomegalia.
É
detetado
maioritariamente como achado imagiológico ou em doentes com sintomas inespecíficos
e
dadas as suas características imagiológicas e clínicas pouco especificas é
frequentemente
confundido com outros tumores esplénicos, sendo o seu diagnóstico
realizado apenas após
esplenectomia. Apresenta-se o caso de uma mulher de 66 anos
com trombocitopenia e
uma massa periesplénica, detetados em exames de rotina, é
submetida a laparoscopia
exploratória, que revela uma lesão em contiguidade com o
polo inferior do baço
diagnosticada como pseudotumor inflamatório, após
esplenectomia. Achamos pertinente
apresentar este caso dadas as manifestações
peculiares deste tumor, bem como a limitada
literatura neste tema.
PALAVRAS CHAVE: Pseudotumor Inflamatório; Tumor Esplénico; Esplenectomia; Lesão
Esplénica Benigna
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ABSTRACT
The inflammatory pseudotumor of the spleen is an extremely rare tumor of unknow etiology. It appears as a round solitary mass, with defined margins. It’s usually asymptomatic but it could cause pain or discomfort on the left hypochondrium, fever and splenomegaly. It's usually detected through incidental imagological studies or in patients with unspecific symptoms. As its clinical and imagological characteristics are unspecified, it is often confused with other splenic tumors and its diagnosis is only made after splenectomy. In this paper, we present the case of a 66-year-old woman with thrombocytopenia and a perisplenic mass, found in routine exams. The patient underwent exploratory laparoscopy, which showed a lesion in continuity with the lower pole of the spleen. After splenectomy, the lesion has been identified as an inflammatory pseudotumor. Considering the peculiar manifestations of this entity and the lack of literature about it, we're here reporting this clinical case.
INTRODUÇÃO:
O Pseudotumor Inflamatório (PTI) é uma lesão tumoral, caracterizada por inflamação não específica associada a proliferação mesenquimatosa, a sua localização mais comum é o pulmão, no entanto existem casos reportados de PTI na orbita, trato respiratório, sistema digestivo, bexiga, coração, tecidos moles, nódulos linfáticos, fígado e baço1.
O PTI do baço é extremamente raro, foi inicialmente descrito em 1984, segundo as mais recentes revisões de literatura estima-se que existam 114 casos descritos em literatura médica, sendo que a maioria destes casos ocorre em adultos de idade avançada, existindo apenas 4 casos descritos em crianças, a sua incidência dentro dos tumores esplénicos primários é de 0,007%2-4. Este apresenta-se como uma massa solitária, redonda e bem delimitada, é maioritariamente assintomática, apresenta-sendo que quando apresenta manifestações clínicas, as mais comuns são dor ou desconforto no hipocôndrio esquerdo, febre, esplenomegalia e anemia, no entanto existem casos descritos com perda de peso, trombocitose e leucocitose, as alterações bioquímicas mais descritas em literatura são o aumento da velocidade de sedimentação eritrocitária e gamopatia policlonal, existem casos descritos de hipercalcemia e de aumento da proteína c reativa1-3,5. Estas lesões são quase exclusivamente detetadas em exames de imagem incidentalmente ou em doentes com sintomas inespecíficos e o seu diagnóstico apenas é realizado após esplenectomia, através de histologia, apresentam um vasto diagnóstico diferencial, já que apresentam imagiologia e sintomatologia pouco específicas, dentro do qual se enquadram lesões benignas como hemangioma, linfangioma, hamartoma, hiperplasia linfoide reativa, malformação vascular, enfarte esplénico, abcesso e processo granulomatoso infecioso e malignas como metástase, linfoma, angiossarcoma e
12 plasmocitoma, já que a distinção do PTI de lesões neoplásicas através de meios imagiológicos ou clínicos é equivoca, estas lesões têm indicação para realização de esplenectomia de modo a permitir o seu diagnóstico histológico, excluindo malignidade2,6.
Apresenta-se caso clínico de uma mulher de 66 anos, com Trombocitopenia e uma massa periesplénica detetada em ecografia de rotina de dimensões 67 x 50 cm.
CASO CLÍNICO:
Apresenta-se o caso de uma mulher de 66 anos que recorre à consulta de Hematologia, após referenciação da Medicina do Trabalho por Trombocitopenia (90 000 µL) associada a imagem de ecografia abdominal que denota imagem nodular de 67 x 50 mm com estrutura solida, ecograficamente semelhante ao Baço (Fig. 1) em exames de rotina. Na consulta de hematologia repete análises com Trombocitopenia (77 000 µL) e realiza uma TAC Abdominal que denota imagem nodular de lesão ocupando espaço de estrutura sólida, bem delimitada, que mede 73 x 60 x 63 mm de diâmetro, com captação de contrate iodado que heterogénea, desvia anteriormente o cólon e contacta com o contorno anterior esplénico que não invade (Fig. 2). A doente nega qualquer sintoma e não apresenta alterações ao exame objetivo, sendo referenciada para consulta de Cirurgia Geral e o seu caso discutido na reunião multidisciplinar.
Apresenta como antecedentes pessoais relevantes Fundoplicatura de Nissen complicada de sépsis pós-operatória, com 1 mês de internamento à 19 anos e hernioplastia via aberta, por hérnia da linha branca à 17 anos, refere-se ainda a presença de análises e exames de imagens da Medicina Geral e Familiar, à 6 anos, com presença de Trombocitopenia (124 000 µL) e de uma imagem sólida de arranjo nodular finamente heterogénea, que se projeta ao nível do polo inferior do baço com 42 x 38 mm máximos diâmetros sectórias, em ecografia abdominal (Fig. 3), refere não ter procurado acompanhamento médico, após os exames, por ausência de sintomatologia.
Na reunião multidisciplinar após discussão do caso é decidida a realização de uma laparoscopia exploratória (Fig. 4), que ocorre sem complicações, sendo realizada esplenectomia total, já que o tumor se encontrava em contiguidade com o polo inferior do baço (Fig. 5), a peça é enviada para anatomia patológica, onde é realizada histologia, que revela fibroblastos e células inflamatórias que incluem linfócitos, plasmócitos, macrófagos e eventuais eosinófilos (Fig. 6), com diagnóstico de PTI. Em consulta pós-cirúrgica, 2 semanas após a cirurgia a doente apresentava-se bem, sem
trombocitopenia (275 000 µL). Fig. 1 – Ecografia 2019
13 Fig. 2 – TAC 2019
Fig. 3 – Ecografia 2013 Fig. 4 – Cirurgia
Fig. 5 – Peça Operatória Fig. 6 – Anatomia Patológica
DISCUSSÃO:
O conhecimento sobre a etiologia e patogénese do PTI é altamente limitado, as hipóteses colocadas pela literatura são infeciosa (EBV, HIV e Micobactéria), anomalia vascular, desarranjo imunológico e processo neoplásico, no entanto as principais teorias postuladas consistem em processo inflamatório e reativo primário e neoplasia de baixo grau associada a processo inflamatório secundário1,7,8. Existe uma relação estrita entre infeção com EBV e PTI, com deteção EBV em 41.2% de PTI estudados e novos estudos apontam uma relação entre infeção com herpes vírus 8 e PTI e relacionam o seu aparecimento à rutura de Hemangiomas1,2,8.
Os PTI são histologicamente altamente heterogéneos, compostos por fibroblastos, células epitelioides e colagénio associados a um infiltrado de células inflamatórias polimorfo, relacionadas com resposta inflamatória aguda e crónica composto maioritariamente por linfócitos, plasmócitos, macrófagos e eosinófilos2. Para realização do diagnóstico para além da histologia é necessário imunohistoquímica, já que existe um neoplasia maligna de características semelhantes ao PTI, o sarcoma folicular de células dendríticas PTI-like, que apresenta características histológicas semelhantes às do PTI, com predileção feminina e localização quase exclusiva no fígado e baço2,3. O diagnóstico clínico é altamente limitado, devido à alta heterogeneidade de manifestações clínicas apresentadas pelos doentes, maioritariamente coincidentes com aquelas apresentadas por outros tumores esplénicos, por outro lado o seu diagnóstico imagiológico apresenta um desafio igualmente complexo, já que as várias modalidades imagiológicas utilizadas, ecografia, TAC, Ressonância Magnética e PET não demonstraram qualquer característica diagnóstica, a baixa incidência desta lesão, bem como a limitada literatura existente, limitam a possibilidade de maior definição imagiológica deste tipo de lesões1,3,9,10. A realização de citologia aspirativa ou biópsia percutânea, não se apresentam como modalidade diagnóstica viável devido à sua baixa especificidade, alto risco hemorrágico e risco de seeding tumoral, já que estas lesões apresentam características semelhantes àquelas presentes em tumores esplénicos malignos9,10.
14 A esplenectomia total apresenta-se como curativa, sem recidiva em qualquer caso descrito na literatura, esta foi a modalidade de tratamento escolhida em todos os casos descritos, a possível utilização de outros métodos terapêuticos, nomeadamente esplenectomia parcial, é altamente limitada pela muito baixa acuidade do meios complementares de diagnóstico, que impossibilitam a sua diferenciação de neoplasias malignas, levando à realização de esplenectomia total4,5.
CONCLUSÕES:
O PTI do baço é uma lesão extremamente rara, capaz de mimetizar muitas outras patologias do baço, a compreensão da sua patogénese, características clínicas e imagiológicas é extremamente limitada, impossibilitando o seu diagnóstico pré- cirúrgico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2. Georgia M, Rady K, Prince HM. Inflammatory Pseudotumor of the Spleen. Hematol Rep. 2015;7(2):5905. Published 2015 Jun 8. doi:10.4081/hr.2015.5905.
3. Yarmohammadi H, Nakamoto D, Faulhaber PF, Miedler J, Azar N. Inflammatory pseudotumor of the spleen: review of clinical presentation and diagnostic methods. J Radiol Case Rep. 2011;5(9):16–22. doi:10.3941/jrcr.v5i9.758.
4. Ma ZH, Tian XF, Ma J, Zhao YF. Inflammatory pseudotumor of the spleen: A case report and review of published cases. Oncol Lett. 2013;5(6):1955–1957. doi:10.3892/ol.2013.1286
5. Rajabi P, Noorollahi H, Hani M, Bagheri M. Inflammatory pseudotumor of spleen. Adv Biomed Res. 2014;3:29. Published 2014 Jan 9. doi:10.4103/2277-9175.124679.
6. Ugalde P, García Bernardo C, Granero P, et al. Inflammatory pseudotumor of spleen: a case report. Int J Surg Case Rep. 2015;7C:145–148. doi:10.1016/j.ijscr.2015.01.014
7. Prieto-Nieto MI, Pérez-Robledo JP, Díaz-San Andrés B, Nistal M, Rodríguez-Montes JA. Inflammatory pseudotumour of the spleen associated with splenic tuberculosis. World J Gastrointest Surg. 2014;6(12):248–252. doi:10.4240/wjgs.v6.i12.248
15 8. Chris Van Baeten and Jo Van Dorpe (2017) Splenic Epstein-Barr Virus–Associated Inflammatory Pseudotumor. Archives of Pathology & Laboratory Medicine: May 2017, Vol. 141, No. 5, pp. 722-727. doi.org/10.5858/arpa.2016-0283-RS
9. Kawaguchi T, Mochizuki K, Kizu T, et al. Inflammatory pseudotumor of the liver and spleen diagnosed by percutaneous needle biopsy. World J Gastroenterol. 2012;18(1):90–95. doi:10.3748/wjg.v18.i1.90
10. Li X, Shi Z, You R, Li Y, Cao D, Lin R(1), Huang X(2). Inflammatory Pseudotumor-Like Follicular Dendritic Cell Sarcoma of the Spleen: Computed Tomography Imaging Characteristics in 5 Patients. 1. J Comput Assist Tomogr. 2018 May/Jun;42(3):399-404. doi: 10.1097/RCT.0000000000000700.
16
Anexo 3 – Cirurgias observadas e distribuição por género;
13 1 5 9 3 3 3 1 7 4 1 3 CVL Oclusão intestinal
Hemorroidectomia Herniplastia via laparoscópica Fissurectomia Fistulectomia
Bypass g+astrico via laparoscópica Gastrectomia sub-total via laparoscópica Excisão de lipomas/quistos Sleeve gástrico via laparoscópica Apendicectomia via laparoscópica Hemicolectomia esquerda/direita
55% 45%
17
Anexo 4 – Temas assistidos durante o estágio de MI no HFAR
Título
Especialidade
Autor
“Red and Orange Flags for secondary
headaches in clinical practice”
Neurologia
TEN Dra. Mariana Correia
Uso racional de componentes sanguíneos
Imuno-hemoterapia Dr. António Robalo Nunes
TRALI e TACO, o tico e o teco da
Medicina Transfusional
Hematologia
Dr. António Robalo Nunes
“Roxadustat treatment for anemia in
patiens undergoing long-term dialysis”
Nefrologia
MAJ Dr. Henrique Sousa
“Contact precautions in a single-bed or
multiple-bed rooms for patients with
extended
spectrum
beta-lactamase-producing Enterobacteriaceae in Dutch
hospitals”
Infeciologia
“Global trends in anaphylaxis: clinical
and epidemiological implications”
Medicina Interna
Anexo 5 – Lista de temas dos seminários teórico-práticos e certificado de presença:
“Utilização racional dos meios complementares de diagnóstico”
Data
Título/Tema
14.11 Síndrome coronário agudo; Principais arritmias; Urgências cardiovasculares; Urgências
em ginecologia e obstetrícia e Urgências Pediátricas
15.11 Urgências nefrológicas; Urgências urológicas; Urgências gastroenterológicas; Urgências
ORL; Urgências em oftalmologia
20.11 Reconhecer a ameaça da resistência antibiótica e das infeções associadas aos cuidados de
saúde; Entender os princípios gerais de microbiologia e resistência antibiótica; Proceder a
uma adequada higienização das mãos, identificando os momentos em que esta deve ser
realizada; Conhecer as boas práticas de diagnóstico e prescrição das principais infeções e
a importância dos programas de apoio à prescrição de antimicrobianos
21.11 Conhecer os principais Testes Complementares de Diangóstico e a sua aplicação em
diversas áreas: Área imagiológica; Área laboratorial; Electrocardiograma
18
Anexo 5 (Continuação)
19
Anexo 6 – Tabela de doentes observados durante o estágio de MI
Idade
Sexo
Tipologia
Diagnóstico/Problema principal
49
♀
Internamento
TVP MI direito
88
♂
Internamento
Síncope
54
♀
Internamento
Síndrome febril indeterminada
68
♂
Internamento
IC descompensada
84
♀
Internamento
ITU
94
♂
Internamento
Tranqueobronquite aguda
89
♂
Internamento
Pneumonia
90
♀
Internamento
Pneumonia
63
♂
Internamento
Status pós laminectomia L3-L4
86
♂
Internamento
IC descompensada
83
♂
Internamento
Emagrecimento e recusa alimentar
77
♀
Internamento
IC descompensada
44
♀
S. Urgência
Síndrome gripal
60
♂
S. Urgência
DRGE
72
♀
S. Urgência
ITU
21
♂
S. Urgência
Gastroenterite aguda
30
♀
S. Urgência
Enxaqueca
50
♀
S. Urgência
Lombalgia crónica agudizada
33
♀
S. Urgência
ITU
88
♀
S. Urgência
IC descompensada
40
♀
S. Urgência
Osteocondrite
70
♂
S. Urgência
Síndrome gripal
20
Anexo 7 – Tabela e gráfico representativo dos doentes observados durante o estágio de Saúde
Mental
Idade
Sexo
Tipologia
Diagnóstico/Problema principal
20
♂
Consulta externa PHDA/POC
23
♂
Consulta externa Perturbação de ansiedade
66
♂
Consulta externa Comportamentos auto-lesivos
37
♀
Consulta externa Perturbação esquizoafetiva
69
♀
Consulta externa Doença bipolar
25
♀
Internamento
Doença bipolar
19
♂
Internamento
Doença bipolar
21
♂
Internamento
Doença bipolar
20
♂
Internamento
Esquizofrenia
21
♀
Internamento
Doença bipolar
25
♀
Internamento
Psicose SOE
24
♀
Internamento
Psicose SOE
21
♂
Internamento
Défice cognitivo/Caso social
19
♂
Internamento
Ideação suicida
25
♂
Internamento
Psicose SOE
25
♂
Internamento
Psicose SOE
19
♀
Internamento
Personalidade borderline
19
♀
Internamento
Tentativa de suicídio
1 1 1 1 5 1 4 1 2 1 1
PHDA Perturbação de ansiedade Comportamentos auto-lesivos Perturbação esquizoafetiva Doença bipolar Esquizofrenia
Psicose SOE Défice cognitivo Ideação suicida/tentativa de suicidio Personalidade borderline
21
Anexo 8 – Doentes selecionados para “Diário de Exercício Orientado”
Idade
Sexo
Tipologia
Diagnóstico/Problema principal
28
♀
Planeamento
familiar
Colocação de DIU
48
♀
Consulta aberta
Hemorragia vaginal
49
♂
Renovação carta
de condução
43
♂
Saúde adulto
MCDT – Polissonografia
40
♀
Saúde materna
Gravidez de alto risco
40
♂
Consulta aberta
Dor testicular
19
♀
Consulta aberta
Otite média aguda
67
♀
Consulta aberta
DPOC
45
♀
Consulta aberta
Palpitações
52
♂
Consulta aberta
Picada de insecto
36
♀
Saúde adulto
Lombalgia
5
♀
Saúde infantil
Consulta dos 5 anos
1M 6D
♂
Saúde infantil
Consulta 1º mês
13
♀
Saúde materna
Gravidez
70
♀
Consulta
Diabetes
22
Anexo 9 – Certificado de participação: “Workshop Comunicação em Público”
23
Anexo 10 – Certificado de participação: “Curso de Eletrocardiografia”
24
Anexo 11 – Certificado de participação: “Workshop de farmacologia de urgência”
25
Anexo 12 – Certificado de participação: “Emergency day”
26
Anexo 13 – Certificado de participação: “Euro-musculus Course”
27
Anexo 14 – Certificado de participação: iMed 9.0
28
Anexo 15 – Voluntariedade dos estudantes do 6º ano âmbito da pandemia por Covid-19
29
Anexo 16 – Declaração de participação e co-autoria: “Projeto de Notificação e Seguimento da
COVID-19 no Hospital CUF Sintra”
30
Anexo 17 – Artigo “Projeto de notificação e seguimento da covid-19 no hospital CUF Sintra”
PROJETO DE NOTIFICAÇÃO E SEGUIMENTO DA COVID-19 NO HOSPITAL CUF SINTRA
PROJECT FOR THE NOTIFICATION AND FOLLOW-UP OF COVID-19 AT HOSPITAL CUF SINTRA
Artigo de Perspectiva
Autor Correspondente // Corresponding Author
MORA, P.
Autores // Authors
LIMA LAGOA, M. ; VASCONCELOS BALTAZAR, C. ; CARVALHO, D. ; PERRY DA CÂMARA, G. ; MODESTO, F. ; POHLE, C. ; FERNANDES, S.; SALVADOR, P. ; MARQUES DE SOUSA, I. ; GASPAR GUERREIRO, A. ; FAUSTINO, F. ; RAMALHO, S .
Palavras-chave: COVID-19, pandemia, SINAVE, notificação, estudantes, voluntariado, CUF
Keywords: COVID-19, pandemic, SINAVE, notification, students, volunteering, CUF
Resumo // Abstract
Com início em dezembro de 2019, na província chinesa de Wuhan, a infecção pelo novo coronavírus originou uma pandemia que levou à declaração de uma Emergência de Saúde Pública Internacional pela Organização Mundial de Saúde a 30 de janeiro de 2020. Em Portugal, os primeiros casos datam a 3 de março de 2020 e ao fim de dois meses, contavam-se mais de 24.600 casos positivos dos cerca de 247.000 casos suspeitos. Face à gravidade da situação, foi declarado o Estado de Emergência Nacional a 18 de março, prorrogado a 2 e 17 de abril de 2020.
Consequentemente, e de acordo com o comunicado oficial da NOVA Medical School em conformidade com o parecer da Universidade NOVA de Lisboa e Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, todas as atividades letivas presenciais foram suspensas. Sensibilizados para o problema, os finalistas do curso de Mestrado Integrado em Medicina prontificaram-se a ajudar no combate à pandemia. Estabeleceu-se assim uma parceria com a Unidade de Saúde José de Mello Saúde/CUF, que se disponibilizou para apoiar esta iniciativa integrando os alunos no Hospital CUF Sintra, um dos seus espaços COVID-free, em tarefas de índole burocrática sob orientação e tutoria da Dr.ª Patrícia Mora.
O projeto iniciou-se a 31 de março de 2020, ficando os alunos responsáveis por colaborar na realização de notificações na plataforma do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, uma ferramenta que tem sido fundamental na recolha de dados representativos para elaboração de estratégias nacionais de resposta, e posterior atualização da base de dados interna. Este projeto permitiu diminuir significativamente a carga burocrática dos profissionais de saúde com ganhos valorizáveis na disponibilidade destes para o atendimento e prestação de cuidados diferenciados e seguimento dos clientes com ou sem a infeção pelo novo coronavírus.
First discovered in the chinese province of Wuhan, in early December 2019, the infection by the new coronavirus led to a pandemic prompting the declaration of an International Public Health Emergency by the World Health Organization on the 30th of January 2020. In Portugal, the first cases date from the 3rd of March 2020 with more than 24,600 positive cases of the
247,000 suspected cases within only two months. Given the seriousness of the situation, a Nacional State of Emergency was declared on the 18th of March and extended on April 2nd and 17th 2020.
Consequently, and according to the official statement issued by NOVA Medical School in accordance with the previous statement from the NOVA University of Lisbon and the Council of Portuguese Medical Schools regarding the containment measures to be implemented, all clinical practise activities were suspended. In light of this reality, the senior year finalists revealed motivation in playing an active role during the outbreak, showing availability to collaborate with the local authorities and health professionals. A partnership was hence established with the José de Mello Saúde / CUF Health Unit, that supported
31
this initiative by integrating students at the CUF Sintra Hospital (one of its COVID-free units) in administrative tasks under guidance and tutoring of Patrícia Mora, MD.
The project started on the 31st of March 2020, with the students collaborating in case notifications on the platform of the National Epidemiological Surveillance System, an instrument that has been essential in collecting representative data for the elaboration of national response strategies, and later updating the internal database. This project contributed to significantly reduce the administrative burden of health professionals with appreciable gains in the availability of doctors and nurses for the assistance and provision of differentiated care and follow-up of clients with or without infection with the new coronavirus.
1. Introdução // Introduction
1.1. Contexto Epidemiológico // Epidemiological Context
A doença pelo novo coronavírus (COVID-19) é causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), isolado pela primeira vez em janeiro de 2020.1 Os primeiros casos, reportados em dezembro de 2019, ocorreram num grupo de pessoas com o diagnóstico de pneumonia de etiologia viral, que tinham frequentado o mercado de marisco de Huanan da cidade chinesa de Wuhan.2 Verificando-se a propagação a nível global desta doença, que atingiu rapidamente níveis de pandemia, foi declarada uma Emergência de Saúde Pública Internacional pela Organização Mundial de Saúde a 30 de janeiro de 2020.3
Em Portugal, os primeiros casos de COVID-19 foram identificados a 3 de março de 2020.4 Em cerca de 2 meses, de um total de mais de 247.000 casos suspeitos, foram identificados pelo menos 24.600 casos positivos, dos quais 14.638 casos eram mulheres (59%) e 10.054 casos eram homens (41%), contabilizando-se 989 mortes à data de 30 de Abril. Relativamente à apresentação clínica, os casos confirmados apresentavam como sintomas tosse (50%), febre (36%), mialgias (25%), cefaleia (23%), fraqueza generalizada (19%) e dificuldade respiratória (15%).5
A declaração do Estado de Emergência Nacional realizada a 18 de março de 2020 e sua prorrogação a 2 e 17 de abril de 2020, determinou o dever geral de recolhimento domiciliário a todos os cidadãos e limitações à circulação.6 Adicionalmente, a Direção Geral da Saúde promoveu o ensino de medidas de higiene, de etiqueta respiratória e distanciamento físico à população geral, de forma a prevenir a transmissão da doença no contexto da fase de mitigação.
The coronavirus disease (COVID-19) is an infection caused by the coronavirus of severe acute respiratory syndrome 2 (SARS-CoV-2), first isolated in January 2020.1 The first reported cases, in December 2019, were described in a group of individuals
diagnosed with pneumonia of viral etiology and reported a relation to a shellfish marked in Huahan in the chinese province of Wuhan.2 From there, the disease spread globally and was hence declared a Public Health Emergency by the World Health
Organization on the 30th of January 2020.3
In Portugal, the first cases of COVID-19 were identified on the 3rd of March 2020.4 Within 2 months, from around 247,000
suspected cases, more than 24,600 cases were positive, from which 14,638 were women (59%) and 10,054 were men (41%), with a death toll of 989 until the 30th of April. The clinical presentation of confirmed cases was cough (50%), fever (36%),
myalgia (25%), headache (23%), fatigue (19%) and breathing difficulty (15%).5
The State of National Emergency was officially declared in Portugal on the 18th of March 2020, and renewed on the 2nd and
17th of April 2020. It issued a generalized obligation to stay indoors, restricting circulation.6 Additionally, the General Directorate
for Health promoted specific recommendations including hand hygiene, respiratory etiquette and social distancing to be adopted by the general population for infection prevention particularly important during the mitigation phase.
1.2. Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica //National System for Epidemiologic Surveillance
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), implementado em 2009 e gerido pela Direção Geral de Saúde, é um sistema informático de vigilância em saúde pública, que envolve várias instituições do setor público, privado e social com funcionamento em rede. Esta plataforma permite identificar situações de risco, bem como recolher e processar dados
32 relativos a doenças transmissíveis de declaração obrigatória e outros riscos em saúde pública, integrando vigilância clínica e laboratorial.7
Quanto ao combate à pandemia causada pela COVID-19, o SINAVE tem tido um papel de extrema importância, com uma afluência de dados, sem precedentes, num curto espaço de tempo. Nesta plataforma, através do preenchimento de um questionário, é não só possível notificar os casos suspeitos da doença, como também acrescentar informações quanto aos sintomas acompanhantes e a sua gravidade de apresentação, comorbilidades do utente, profissão, viagens recentes e contactos com outras pessoas infetadas, o que possibilita seguir a linha de contágio. Isto tem permitido conhecer, em tempo real, a evolução do número de casos da doença, capacitando as autoridades de saúde em relação à tomada de decisões relativas ao tipo de medidas de prevenção e controlo a ser implementadas, de forma a limitar a disseminação da doença e a ocorrência de casos adicionais.7
The National System for Epidemiologic Surveillance (SINAVE), implemented in 2009 and managed by the General Directorate for Health is a surveillance system in public health used to notify communicable diseases by various institutions from the public, private and social sectors. This platform allows for the identification of high-risk situations as well as collection and processing of data on communicable diseases and other situations representing a risk for public health, integrating clinical information and laboratory results.7
Given the present action against the pandemic caused by the COVID-19, the SINAVE has been shown to have a crucial role given the unprecedented high influx of data in such a short interval of time. On this platform, by answering to a questionnaire, doctors are able to notify suspected cases of the disease adding important information concerning concomitant symptoms, severity of presentation, client comorbidities, professional occupation, recent travelling and potential contacts with those diagnosed with COVID-19, allowing to trace the line of transmission.This allows real time acknowledging of the evolution of the number of cases, enabling health authorities to reach data based decisions regarding the type of preventive and control measures to be implemented, in order to limit the spread of the disease and additional cases.7
1.3. Contribuição dos Estudantes da Nova Medical School // Contribution from Nova Medical School students
Face à pandemia do COVID-19 e, de acordo com o comunicado oficial emitido pela NOVA Medical School em conformidade com o anterior comunicado da Universidade NOVA de Lisboa e do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas referente às medidas de contenção a ser implementadas, todas as atividades letivas presenciais foram suspensas. Perante esta realidade, os estudantes, nomeadamente alguns finalistas do Mestrado Integrado em Medicina, revelaram-se motivados a desempenhar um papel ativo durante a evolução do surto, disponibilizando-se para colaborar, na medida das suas capacidades, com as autoridades locais e profissionais de saúde.
Desta forma, os órgãos competentes da faculdade, em consonância com a Associação de Estudantes, criaram um programa de acessibilidade dos alunos a Unidades de Saúde dispostas a recebê-los em regime de voluntariado, com o intuito de aliviar a sobrecarga das equipas de profissionais.
A Unidade de Saúde da José de Mello Saúde/CUF prontificou-se a colaborar com os estudantes, disponibilizando-se a integrar os alunos num dos seus espaços COVID-free, nomeadamente o Hospital CUF Sintra, encerrado ao atendimento público. Neste contexto, foram averiguadas as necessidades a ser supridas e as tarefas que seriam executadas pelos alunos assim como as questões relativas à segurança dos intervenientes. Concluiu-se que a maior contribuição seria no sentido de auxiliar na notificação de casos que, uma vez asseguradas as condições de segurança para o envolvimento dos alunos, teve início a 31 de março de 2020, no horário entre as 8h00 e as 18h00, no Hospital CUF Sintra, sob a orientação da Dr.ª Patrícia Mora, coordenadora de Medicina Geral e Familiar do Hospital. A equipa formada compreendeu 19 alunos voluntários, 13 médicos e 4 enfermeiros.
Uma vez que se trata de uma doença de declaração obrigatória, para cada suspeita de caso, é requerido ao médico o preenchimento dos devidos dados na plataforma SINAVE. O papel dos alunos centrou-se na colaboração com o trabalho de notificação, sendo-lhes permitida a familiarização com as especificações do programa. Em estreita colaboração com a equipa
33 médica os alunos auxiliaram no preenchimento da grelha de notificação, salvaguardando a estrita confidencialidade dos pacientes. De notar que o teste do COVID-19 era realizado aos utentes no Hospital CUF Infante Santo, com posterior verificação e notificação do resultado pela equipa no Hospital CUF Sintra. O seguimento dos casos negativos em ambulatório é realizado pela equipa de enfermagem e o acompanhamento de casos inconclusivos ou positivos encontra-se sob a responsabilidade da equipa médica do Hospital CUF Sintra.
Given the COVID-19 pandemic and, according to the official statement issued by NOVA Medical School in accordance with the previous statement from the NOVA University of Lisbon and the Council of Portuguese Medical Schools regarding the containment measures to be implemented, all curricular activities were suspended. In light of this reality, the students, namely some seniors from the last year of the course were motivated to play an active role during the evolution of the outbreak, showing availability to collaborate, to the extent of their abilities, with the local authorities and health professionals.
Thus, the competent bodies of the faculty, working in parallel with the Students’ Association, created a program for accessibility of students to Health Units willing to receive them on a voluntary basis, in order to collaborate with their professionals’ teams. The José de Mello Saúde / CUF Health Unit acted on valuing this desire for collaboration, and offered to support this initiative with the integration of students in one of its COVID-free spaces (closed to the public access during the month of April), namely the CUF Sintra Hospital. In this context, the needs to be met and the tasks that would be performed were investigated as well as issues related to exposure and safety. It was concluded that the greatest contribution would be on assisting in case notification. On March 31st 2020, once security conditions for students' involvement were warranted, the project was launched, with a working schedule between 8:00am and 6:00pm, at CUF Sintra Hospital, under guidance of Patrícia Mora, MD, coordinator of General Practice and Family Medicine at the Hospital. The team comprised 19 volunteer students, 13 doctors and 6 nurses.
Since it is an infectious disease of compulsory notification, for each suspect case the doctor is required to fill in the appropriate data on the SINAVE platform. In strict cooperation of the medical team, and after becoming familiarized with the SINAVE platform, the students assisted on the notification of the cases, assuring the confidentiality of the data. The testing for COVID-19 was carried out at CUF Infante Santo Hospital, while verification and notification of the result was done by the formed team at CUF Sintra Hospital. The monitoring of negative cases was carried out by the nursing team and that of the inconclusive and positive cases was assigned to doctors at CUF Sintra Hospital.
2. Objetivos // Objectives
Os alunos de 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina assumiram tarefas de índole burocrática e auxiliaram a comunicação com as entidades de saúde reguladoras. O objetivo principal deste artigo é descrever as funções desempenhadas pelos alunos de 6º ano no auxílio do trabalho médico qualificado, não só pela proximidade à conclusão do curso e pelos conhecimentos já adquiridos nesta fase, mas também pela incessante vontade em iniciar o seu percurso profissional. O presente artigo tem como objetivos específicos: i) descrever a comunicação de resultados na sequência da realização do teste COVID-19 no Hospital CUF Infante Santo; ii) descrever o procedimento de contacto e seguimento dos utentes após realização do teste COVID-19 no Hospital CUF Infante Santo e iii) monitorizar o número de utentes testados no Hospital CUF Infante Santo. Por fim, pretende-se avaliar a eficácia e eficiência do projecto, de forma a quantificar a sua contribuição, nomeando as dificuldades principalmente do foro técnico no preenchimento da notificação com o propósito de aperfeiçoar a resposta face à nova vaga da pandemia.
The students from the final year of medical school took on certain bureaucratic tasks and helped in improving the communication with regulatory health entities. The main objective of this article is to describe the advantage of these students in assisting qualified medical work, due to their proximity to the conclusion of their medical education with inherent knowledge acquired at this phase and also because of their desire to start their professional career.