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Fungicidas: Modo de ação e Programas de controle. Módulo II

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Fungicidas: Modo de ação e

Programas de controle

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No Módulo 2 veremos a classificação dos principais fungicidas utilizados na agricultura quanto ao modo de ação e também abordaremos o tema

formulações. Vamos começar?

Os fungicidas podem atuar em duas frentes:

i) Inibindo a germinação do esporo

(ii) Inibindo o crescimento vegetativo (micélio)

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A parede celular do micélio (estrutura vegetativa do fungo) é constituída pelas seguintes camadas: (a) -1,3 e -1,6-glucanas, (b) retículo glicoproteico, (c) proteína, (d) microfibrilas de quitina e (e) plasmalema.

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Modo de ação Segundo classificação do Fungicide Resistance Action

Committee (FRAC, 2013)

A inibição dessas frentes pode ocorrer pela ação em diferentes sítios, tais como:

A: Síntese de ácidos nucléicos F: Síntese de lipídeos e membranas B: Divisão celular e mitose G: Síntese de esteróis em membranas C: Respiração H: Biossíntese de parede celular

D: Síntese de aminoácidos I: Síntese de melanina na parede celular E: Transdução de sinais P: Defesas vegetais

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A: Síntese de ácidos nucléicos

Fungicidas classificados com modo de ação A, atuam inibindo a síntese de DNA e RNA (ácidos nucléicos), que são compostos químicos responsáveis pelo armazenamento e transmissão da informação genética.

Em fungicidas com modo de ação A um exemplo de ingrediente ativo do grupo químico das acylalanines (acylalanina) é o Metalaxyl, produto sistêmico de caráter protetor e curativo em tratamento de sementes, raízes e aplicações foliares. Após absorvidos, possuem movimentação através do xilema, permitindo proteger os meristemas (pontos de crescimento).

B: Divisão celular e mitose

Fungicidas classificados com modo de ação B, atuam na divisão celular e mitose, impedindo a multiplicação celular e, consequentemente, o crescimento e desenvolvimento do fungo.

Benzimidazoles (Benzimidazóis) e Thiophanates (Tiofanatos) são exemplos

de grupos químicos que atuam na divisão celular e mitose, através da inibição da polimerização de tubulinas (proteína que compõe os microtúbulos). A formação dos microtúbulos é distorcida, não ocorrendo a divisão do núcleo e a consequente divisão celular.

Destacam-se os seguintes ingredientes ativos pertencentes à estes grupos: • Benomyl: amplo espectro; inefetivo contra Oomicetos, Bipolaris,

Drechslera e Alternaria.

• Carbendazim: ativo sistêmico, de ação protetora e curativa; amplo espectro.

• Thiabendazole: tratamento de pós-colheita.

• Fuberidazole: tratamento pós-colheita e de sementes, manchas foliares, mofo branco, giberela em trigo, Botrytis.

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Tiofanato metílico: apresenta alta taxa de absorção foliar e, após absorvido, é

transformado em Carbendazim.

C: Respiração

Fungicidas classificados com modo de ação C atuam na respiração mitocondrial, privando o organismo do principal produto deste processo, o ATP. Dentre os fungicidas que atuam na respiração, os C2 apresentam efeito inibidor sobre a produção da enzima Succinato Desidrogenase (SDHI), atuante no Complexo II da cadeia de transporte de elétrons na mitocôndria do fungo. O Complexo II é formado por quatro proteínas, CII-1 (Flavoproteína) e CII-2

(Proteína Enxofre ferroso) ligadas a SDHI e as proteínas CII-3 e CII-4 que são

formadoras de polipeptídeos ligados as membranas.

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A proteína CII-2 é responsável pelo transporte de elétrons da cadeia

respiratória do Complexo I para o Complexo III. A proteína CII-3 é o principal local de ação das Carboxamidas. O surgimento da resistência de SDHI depende do arranjo dos aminoácidos dentro da proteína.

Alguns representantes deste grupo são conhecidos como Carboxamidas. Possuem elevada sistemicidade e grande espectro de ação em ascomicetos, basidiomicetos e deuteromicetos (mitospóricos), acrescentando consistência no residual de controle. Além disso, apresentam ação protetora e curativa, controlando inclusive patógenos resistentes a estrobilurinas.

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A nível celular, estudos no modo de ação das Carboxamidas indicam possível efeito na biossíntese de proteínas, lipídeos, DNA e RNA, além de ser observada maior transformação de glicose ou acetato em succinato e uma diminuição na transformação de citrato, malato e fumarato.

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Após a deposição dos fungicidas deste grupo sobre os tecidos da planta, são mobilizados via transporte xilemático acropetal e mesostêmico, através da sua absorção na camada cerosa (grande quantidade do ativo mantém-se absorvido nestes tecidos – pressão de vapor) e de forma translaminar acumulando-se na face oposta da folha.

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Como resultado da ação dos produtos do grupo das Carboxamidas sobre a fisiologia das plantas, foi observado longevidade foliar significativa, superior ao visualizado quando utilizado produtos do grupo das estrobilurinas, demonstrando grande avanço em termos de atividade, tanto no controle dos patógenos como sobre processos fisiológicos das plantas. Este conjunto de benefícios, mesmo que ainda a nível experimental, resulta em significativo aumento de produtividade.

Dentre as Carboxamidas existem diferenças entre os princípios ativos quanto à eficácia e mobilidade, devido à sua diferença de lipofilicidade.

Pyrazole-4-carboxamides é um grupo químico que apresenta os seguintes

ingredientes ativos: benzovindiflurpyr, bixafen, fluxapyroxad, furametpyr,

isopyrazam, penflufen, penthiopyrad e sedaxane.

Outros exemplos são os grupos químicos:

• Pyridine-carboxamides, representado pelo i.a. boscalid,

• Oxathiin-carboxamides, representado pelos i. a. carboxin e

oxycarboxin

• Pyridinyl-ethyl-benzamides, representado pelo i.a. fluopyran

• Phenyl-oxo-ethylthiophene amide, representado pelo i.a. isofetamide

Ainda no modo de ação C, os C3 bloqueiam a transferência de elétrons entre o citocromo b e o citocromo c1, no sítio Qo, interrompendo a produção de ATP, resultando na morte do fungo.

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As estrobilurinas são exemplos do grupo classificado como C3. Possuem forte ação preventiva, inibindo a germinação de esporos, ação curativa no micélio primário e ação erradicante limitada. Apresentam boa atividade mesostêmica com o aumento da umidade relativa do ar. São fungicidas com amplo espectro de ação, letais ao fungo em baixas concentrações.

Exemplos de grupos químicos C3 e respectivos ingredientes ativos:

• Methoxy-acrylates, representado pelos i.a. azoxystrobin e

picoxystrobin

• Methoxy-carbamates, representado pelo i. a. piraclostrobin

• Oximino acetates, representado pelos i.a. kresoxim-methyl e

trifloxystrobin

• Oximino-acetamides, representado pelos i.a. dimoxystrobin e

metominostrobin

• Oxazolidine-diones representado pelo i.a. famoxadone

D: Síntese de Aminoácidos

Fungicidas classificados com modo de ação D atuam na síntese de aminoácidos, que são compostos que se unem através de ligações peptídicas, formando as proteínas.

Fungicidas com modo de ação D tem atividade sistêmica, através do xilema, inibindo a penetração e crescimento micelial. Podem ser utilizados em ampla gama de culturas, podendo atuar sobre um grande espectro de patógenos. Importantes ingredientes ativos dessa classificação são o Cyprodinil,

Kasugamycin e Streptomycin, sendo que os dois últimos apresentam ação

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E: Transdução de sinais

Fungicidas classificados com modo de ação E atuam na transdução de sinais, interrompendo estes processos.

A transdução de sinal ocorre em uma cascata de eventos de fosforilação e desfosforilação de proteínas, ocorrendo ativação de enzimas mediante respostas a estímulos distintos que são percebidos pelos receptores.

Dicarboxamides, representados pelos ingredientes ativos iprodione e procymidone é um exemplo de grupo químico de fungicida com modo de ação E. Os Dicarboxamides atuam na germinação do esporo e no crescimento do

micélio primário, possuem ação de contato (iprodione) e sistêmico (procymidone).

F: Síntese de lipídeos e membranas

Fungicidas classificados com modo de ação F atuam inibindo a síntese de lipídeos e membranas, causando desorganização celular e morte do fungo. Devido a desorganização das membranas causadas pela ação destes fungicidas, prejudicam o desenvolvimento de apressórios a partir da germinação do patógeno.

O edifenfós é um exemplo de ingrediente ativo deste grupo com ação protetora e curativa, que também inibe a biossíntese de melanina e quitina, responsáveis pela integridade da membrana celular do fungo. Desta forma, possui boa ação sobre o gênero Pyricularia spp. (Brusone).

G: Síntese de esteróis em membranas

Fungicidas classificados com modo de ação G inibem a síntese de esteróis em membranas.

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Dentre os fungicidas com modo de ação G, os classificados como G1 são inibidores da demetilação. Demetilação é a produção de esteróis demetilados, por exemplo, o ergosterol, que é o responsável pela integridade da membrana do patógeno. A inibição deste produz compostos metilados (esteróis que não executam as mesmas funções específicas) levando à um desequilíbrio entre os lipídeos da membrana, atingindo níveis tóxicos para o patógeno.

O grupo químico dos Triazoles (Triazóis) é o principal representante dos fungicidas classificados como G1. Apresentam rápida penetração e translocação pelo xilema, não se acumulando na camada de cera da folha. Como ação preventiva sobre o patógeno, atuam na germinação dos esporos, tubo germinativo e apressório. Já na ação curativa, atua sobre o micélio primário (haustório).

O ergosterol é sintetizado pela ação da enzima Acetil-CoA a partir de um precursor denominado lanosterol. Os triazóis atuam nessa enzima, inibindo a produção do ergosterol.

O ergosterol está presente em fungos superiores, tais como, Ascomycotas, Basidimycotas e Mitospóricos (Deuteromicotas). Os triazóis não atuam sobre a Classe dos Oomycetos, como por exemplo patógenos do gênero Pythium,

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Um importante subgrupo químico classificado como G1 é o dos

Triazolinthiones, representado pelo ingrediente ativo protioconazole.

Também são classificados como G1 os grupos químicos dos Imidazoles (Imidazóis), Pyridines (Piridinas), Pyrimidines (Piramidinas) e Piperazines (Piperazinas).

Ainda dentre os fungicidas com modo de ação G, os classificados como G2 são inibidores de ∆8,7 isomerase e ∆14

redutase, responsáveis pela síntese de fecosterol e episterol (intermediários da síntese de ergosterol).

O principal exemplo de grupo químico pertencente ao G2 é o das Morpholines (Morfolinas), onde o ativo fenpropimorph é um importante representante. Além de interferir na síntese de esteróis, também atua na síntese de proteínas, lipídeos e carboidratos.

H: Biossíntese da parede celular

Fungicidas classificados com modo de ação H inibem a síntese da parede celular. Os fungicidas deste grupo atuam principalmente na síntese de celulose e β-glucanas, componentes principais da parede dos Oomycetos, que não possuem quitinia e ergosterol.

Os fungicidas classificados como H, possuem atividade mesostêmica, sendo protetores, curativos e antiesporulantes. Apesar de serem efetivos contra Oomycetos, não controlam de modo eficiente fungos do gênero Pythium spp. É um exemplo deste modo de ação o ingrediente ativo dimetomorfe.

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Apesar de bom efeito antiesporulante, é recomendada a aplicação preventiva para controle de Oomycetos, devido a alta taxa de progresso e consequente dificuldade de controle após a doença estabelecida.

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I: Síntese de melanina na parede celular

Fungicidas classificados com modo de ação I inibem a síntese de melanina na parede celular.

Os fungicidas classificados como I inibem a produção de melanina, que nos fungos é sintetizada a partir de compostos fenólicos e auxilia no processo de infecção do hospedeiro, acumulando-se no apressório.

Um principio ativo importante deste grupo é o tricyclazole, que impede a concentração de melanina no apressório, dificultando o processo de infecção, porém não tem ação sobre a germinação do esporo. Esse ativo é facilmente absorvido pelas folhas e raízes da planta, movimentando-se pelo xilema.

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A melanina é fundamental para interação do patógeno com o hospedeiro, visto que sua síntese na parede do apressório é importante para o desenvolvimento da hifa de infecção e posterior penetração na epiderme do hospedeiro. Exemplo de organismo com produção acentuada de melanina é o gênero Pyricularia, agente causal da Brusone.

Segundo alguns autores, quando os indivíduos do gênero Pyricularia spp. não produzem esse composto devido a alguma alteração genética, perdem a capacidade de causar a doença.

P: Defesas vegetais

Fungicidas classificados com modo de ação P não possuem efeito sobre os patógenos, mas induzem a produção de compostos de defesa.

Esses fungicidas induzem uma resposta da planta (hospedeiro) conhecida como resistência sistêmica adquirida (SAR, sigla em inglês de Systemic

Acquired Resistance). Estes indutores de SAR basicamente mimetizam sinais

químicos nas plantas que ativam os mecanismos de defesa, tais como a produção de parede celular mais espessa e proteínas antifúngicas.

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A utilidade dos indutores de SAR, no entanto, tem sido limitada até agora, uma vez que muitos patógenos são capazes de superar tais defesas.

Exemplos de ingredientes ativos: acibenzolar-S-methyl.

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A produção de compostos secundários pela planta é maximizada após a aplicação destes ativos, porém estes não se acumulam nos tecidos vegetais. Por tal motivo, são necessárias aplicações frequentes. No caso de plantas sadias, esses compostos não são sintetizados, permanecendo somente o metabolismo primário.

Atividade Multi-sítios

Fungicidas classificados com modo de ação Multi-sítios apresentam atividade em dois ou mais dos sítios apresentados anteriormente.

Os fungicidas com modo de ação Multi-sítios surgiram antes dos fungicidas sistêmicos, partindo de compostos inorgânicos até moléculas orgânicas. Eles são classificados como de contato, não penetrando na cutícula nem sendo absorvidos pelas células, tampouco translocados, podendo ser removidos pela ação da chuva. Desta forma, necessitam de aplicação que resulte em boa cobertura.

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Devido as características deste modo de ação, esses fungicidas necessitam aplicação antes da chegada do patógeno na planta (preventivo) para alcançar maior eficiência. Apesar de apresentarem ação sobre a lesão estabelecida (erradicante), a eficiência é baixa devido à alta taxa de esporulação do fungo.

São exemplos desse modo de ação os ingredientes ativos Mancozeb, Maneb e Thiram, pertencentes ao grupo químico dos Dithiocarbamates, que podem ser usados no tratamento de parte aérea, sementes ou de solo.

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O Chloronitriles é outro grupo químico com características Multi-sítios que atua sobre o Ciclo de Krebs, impedindo a produção de ATP e causando a morte do fungo. O principal representante desse grupo é o Chlorothalonil, que apresenta ação protetora e de amplo espectro.

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Os ingredientes ativos desse modo de ação costumam ser utilizados em misturas comerciais com produtos sistêmicos como estratégia para evitar o surgimento de resistência por parte do patógeno.

Estamos chegando ao final do Módulo 2. Antes disso, abordaremos o tema

formulações.

Você sabe o que são formulações e qual seu propósito?

A formulação de um fungicida é fornecida pelo fabricante e inclui, no conteúdo do recipiente, os ingredientes ativos mais os ingredientes inertes (tais como solventes, emulsificantes, molhantes, dispersantes, espessantes, entre outros). O propósito de formular um fungicida (ou demais agrotóxicos) é:

• Facilitar a aplicação: A formulação de um fungicida permite que uma pequena quantidade do produto seja misturada com um volume de calda maior (veículo água ou óleo), permitindo uma aplicação uniforme em grandes áreas. • Melhorar o desempenho do produto: De acordo com o tipo de formulação é

possível aumentar a concentração de Ingrediente Ativo (i.a.) por volume, incrementando a eficácia de controle. Porém, o aumento demasiado da concentração pode levar a problemas de fitoxicidade se trabalhado com a formulação inadequada.

• Estabilidade: A estabilidade de um fungicida está relacionada ao período em que o produto permanece dentro da embalagem, sob temperatura e luz adequadas, sem apresentar incompatibilidades físicas ou químicas.

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• Segurança: A formulação de um fungicida dilui o ingrediente ativo e seu efeito tóxico agudo. Sendo assim, o responsável pela aplicação ficará exposto a concentrações mais baixas do produto.

A formulação de um fungicida pode ser elaborada de diferentes maneiras, conforme esquema apresentado abaixo.

Formulações

1- Ingredientes ativos solúveis em água

Concentrado Solúvel (SL): é composto pelo ingrediente ativo, água ou outro

solvente polar + tensoativo (adjuvante). Por apresentar características polares, é solúvel em água. Neste caso, o tensoativo é adicionado apenas para aperfeiçoar a eficiência biológica e o espalhamento do i.a. na superfície do alvo.

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Pó solúvel (SP): os sólidos são finamente moídos e se dissolvem

completamente em água, não ocorrendo separação após a mistura e, portanto, não necessitam de agitação uma vez inicialmente misturados.

2- Ingredientes ativos solúveis em solvente orgânico

Concentrado emulsionáveis (CE): composto por i.a., solvente orgânico e

tensoativo (emulsionante). É altamente solúvel em solventes orgânicos, principalmente solventes aromáticos. O tensoativo é utilizado para emulsionar o i.a. e o solvente é utilizado quando o produto é aplicado à água e, muitas vezes também ajuda a dissolver i.a.

Vantagens: Simplicidade de processo e boa eficiência biológica

Desvantagens: É a classe de formulação mais tóxica e a qualidade da emulsão é muito influenciada pela qualidade da água.

Microemulsão (ME): composto por i.a., solvente orgânico, tensoativo (emulsionante),

co-tensoativo e/ou co-solvente (redutores de tensão interfacial) e água. É uma formulação altamente solúvel em solventes orgânicos.

O tensoativo é utilizado para emulsionar o i.a. e o solvente. É necessária uma quantidade de tensoativo muito maior do que aquela utilizada nas formulações CE e EW. O co-tensoativo é utilizado para reduzir a tensão interfacial entre fase óleo e fase aquosa, não apresentando função tensoativa isoladamente, mas somente na presença de um tensoativo. O co-solvente não é um solvente ideal para o i.a., mas assim como o co-tensoativo, ajuda a reduzir a tensão interfacial entre as fases.

Vantagens: Altíssima eficiência biológica; junto com as formulações SL são as únicas que não separam as fases nem na calda do tanque.

Desvantagens: Difícil e oneroso desenvolvimento.

Cápsulas suspensas (CS): composto por i.a., solvente orgânico, tensoativo

(dispersante), água, agente de estrutura e copolímero (agente “encapsulante”). É altamente solúvel em solventes orgânicos, principalmente solventes aromáticos. O tensoativo é utilizado para dispersar as cápsulas. O copolímero (agente encapsulante) envolve o i.a. (+ solvente), formando um filme sobre ele.

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Vantagens: Pouca toxicidade, liberação controlada e não inflamável. Desvantagens: Complexidade do processo e processo oneroso.

Emulsão em água (EW): composto por i.a., solvente orgânico, tensoativo

(emulsionante), água e agente de estrutura. É altamente solúvel em solventes orgânicos, principalmente solventes aromáticos. O tensoativo é utilizado para emulsionar o i.a. e o solvente quando o produto é aplicado à água, muitas vezes ajudando à dissolver o i.a. na formulação, aumentando a “polaridade do solvente”. Vantagens: Substituição parcial ou total do solvente por água; menos tóxico que CE; boa eficiência biológica.

Desvantagens: Qualidade da emulsão é muito influenciada pela qualidade da água; ocorre separação de fases.

3- Ingredientes ativos insolúveis em solvente orgânico (aplicação direta)

Pó molhável (WP): composto por i.a., carga e tensoativo (dispersante). É uma

formulação sólida à 25ºC e insolúvel em água. O tensoativo é adicionado para manter o i.a. disperso em calda durante aplicação.

Vantagens: Alto teor de i.a.; descarte de embalagem.

Desvantagens: Formação de névoa durante aplicação; suspensibilidade; eficiência biológica.

Grânulos dispersíveis (WG): composto por i.a., carga, tensoativo (dispersante) e

agente aglomerante. Formulação sólida a 25ºC e insolúvel em água. O tensoativo é adicionado para manter i.a. disperso em calda durante aplicação. O agente aglomerante é adicionado para formar grãos. Basicamente mesma formulação que WP, porém na forma de grãos.

Vantagens: Alto teor de i.a., não forma nuvens de pó como o WP Desvantagens: Alto custo; processo complexo.

Suspensão concentrada (SC): composto por i.a., água, tensoativo (dispersante /

umectante), agente de estrutura e anticongelante. Formulação sólida à 25ºC e insolúvel em água. O tensoativo é adicionado para “molhar” o i.a. antes do processo de moagem e mantê-lo disperso tanto na formulação quanto em calda durante

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aplicação. O agente de estrutura é adicionado para aumentar a viscosidade do meio, implicando no maior tempo para decantação/compactação do ativo.

Vantagens: Formulação pouco tóxica quando comparada ao CE; não produz poeira; não inflamável.

Desvantagens: Pode sofrer alteração na embalagem pela ação da luz ou temperatura, por exemplo, pode estufar devido à degradação do agente de estrutura.

No Módulo 2 você viu que...

 Os fungicidas podem agir em diferentes sítios (A, B, C, D, E, F, G, H, I e P) ou em multi-sítios;

 A formulação de um fungicida, que inclui os ingredientes ativos e ingredientes inertes, tem como propósito facilitar as operações de aplicação e melhorar o desempenho do produto, tornando-o estável e seguro.

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GLOSSÁRIO

APRESSÓRIO: Apressório refere-se à uma estrutura desenvolvida por fungos patogênicos para romper a epiderme do hospedeiro.

ATP: ATP ou adenosina trifosfato é encontrado universalmente nos sistemas vivos.

Sua função essencial é armazenar energia para as atividades vitais básicas das células. O ATP libera uma grande quantidade de energia utilizável quando é desdobrado pela adição de uma molécula de água (hidrólise).

BENZIMIDAZÓIS: Benzimidazóis causam interferência na divisão nuclear dos fungos pela formação de carbamato benzimidazole metílico.

COMPOSTOS DE DEFESA: Compostos de defesa são metabólitos secundários que protegem as plantas contra herbívoros e contra a infecção por microrganismos patogênicos, através da produção de compostos (terpenos, compostos fenólicos e compostos nitrogenados)

DISPERSANTE: Dispersante é a substância que impede a aglomeração de moléculas.

EMULSIFICANTE: Emulsificante é a substância que compatibiliza frações polares e apolares.

ESPESSANTE: Espessante é a substância que aumenta a viscosidade do produto. ESTERÓIS: Esteróis são substâncias encontradas em abundância nos organismos vivos e

desempenham diversas funções. Particularmente em fungos e leveduras, estão presentes esteróis do tipo ergosterol, que são precursores da vitamina D.

DESSFOSFORILAÇÃO: Desfosforilação é a retirada de um grupo fosfato (PO4) de

uma proteína ou outra molécula.

FOSFORILAÇÃO: Fosforilação é a adição de um grupo fosfato (PO4) à

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INGREDIENTE ATIVO: Ingrediente ativo é a substância que entra na formulação dos

defensivos químicos em concentração determinada, sendo a responsável direta pelo controle de fungos, insetos ou plantas daninhas.

QO: Qo refere-se ao sítio de oxidação da enzima ubiquinol oxidase.

LIPOFILICIDADE: Lipofilicidade refere-se a capacidade de um composto químico dissolver-se em gorduras, óleos, e lipídeos em geral.

MELANINA: Melanina é uma classe de compostos poliméricos derivados da tirosina, existente nos reinos Animal, Vegetal e Protista, cuja principal função é a pigmentação e proteção contra a radiação solar.

MEMBRANA: A membrana celular, também chamada de membrana plasmática ou plasmalema, é uma estrutura que define o limite celular, separando o citoplasma do ambiente externo. Apresenta estrutura descrita como mosaico fluído, ou seja, uma bicamada de fosfolipídeos que contém algumas proteínas ligadas.

MITOSE: Mitose é a divisão celular em que se produzem duas células com núcleos

qualitativamente iguais ao da célula original.

MOLHANTE: Molhante é a substância que permite a umectação do produto em contato com a água.

PAREDE CELULAR: Parede celular é o nome dado à uma estrutura que envolve as

células, composta por diferentes substâncias. Por ser uma estrutura rígida, confere proteção à célula.

PLASMALEMA: Plasmalema é a estrutura que delimita todas as células vivas, também

chamada de membrana celular ou membrana plasmática.

PROTEÍNAS: Proteínas são compostos orgânicos constituídos por um ou mais polipeptídios, sintetizadas pelos organismos vivos através da condensação de um grande número de moléculas aminoácidos. São consideradas as macromoléculas mais importantes das células.

PROTIOCONAZOLE: O Protioconazole apresenta como diferencial uma estrutura de molécula onde o anel representativo dos triazóis possui uma ligação dupla com o enxofre.

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SÍTIOS: Sítios são locais do patógeno nos quais atuam os fungicidas, podendo ser na respiração celular, estrutura da membrana e atividade enzimática.

SOLVENTE: Solvente é a substância que dissolve o ingrediente ativo.

TRANSDUÇÃO DE SINAIS: Transdução de sinal refere-se a qualquer processo através do qual uma célula converte um tipo de sinal ou estímulo (como luz, privação de nutrientes, reguladores de crescimento, estresses variados e ataque de patógenos) em outro.

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Referências

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