• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)"

Copied!
64
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)

Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG)

Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)

Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada (PPHI)

MARÍLIA MICKAELE PINHEIRO CARVALHO

ASPECTOS BIOLÓGICOS, COMPORTAMENTAIS E RESPOSTA FUNCIONAL DE Chrysoperla externa (HAGEN) ALIMENTADA COM Aphis

(Toxoptera) citricidus (KIRKALDY) EM ACEROLEIRA

JUAZEIRO-BA

(2)

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)

Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG)

Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)

Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada (PPHI)

MARÍLIA MICKAELE PINHEIRO CARVALHO

ASPECTOS BIOLÓGICOS, COMPORTAMENTAIS E RESPOSTA FUNCIONAL DE Chrysoperla externa (HAGEN) ALIMENTADA COM Aphis

(Toxoptera) citricidus (KIRKALDY) EM ACEROLEIRA

Orientador: Prof. Dr. José Osmã Teles Moreira

JUAZEIRO-BA

2017

Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia: Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (PPHI/UNEB/DTCS), como requisito para obtenção do título de mestre em Agronomia: Área de concentração: Entomologia.

(3)

Carvalho, Marília Mickaele Pinheiro

C331a Aspectos biológicos, comportamentais e resposta funcional de chrysoperla externa (HAGEN) alimentada com Aphis (Toxoptera) citricidus (KIRKALDY) presentes em (KIRKALDY) em aceroleira. / Marília Mickaele Pinheiro Carvalho. -- Juazeiro, 2017.

64 f. il.

Orientador: José Osmã Teles Moreira

Dissertação (Mestrado em Horticultura Irrigada) - Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais. Campus III, 2017

Inclui Bibliografia

1. Acerola - cultura 2. Acerola - doenças e pragas I. Moreira, José Osmã Teles II. Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais

CDD 634.233

(4)

MARÍLIA MICKAELE PINHEIRO CARVALHO

ASPECTOS BIOLÓGICOS, COMPORTAMENTAIS E RESPOSTA FUNCIONAL DE Chrysoperla externa (HAGEN) ALIMENTADA COM Aphis

(Toxoptera) citricidus (KIRKALDY) EM ACEROLEIRA

Aprovada: 22 / 03 / 2017

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. José Osmã Teles Moreira

Universidade do Estado da Bahia (DTCS/UNEB)

__________________________________________ Prof. Dr. Carlos Henrique Feitosa Nogueira Universidade do Estado da Bahia (DTCS/UNEB)

_________________________________________ Dr. Tiago Cardoso da Costa Lima

Embrapa Semiárido

Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia: Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (PPHI/UNEB/DTCS), como requisito para obtenção do título de mestre em Agronomia: Área de concentração: Entomologia.

(5)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Elza Pinheiro, meu amado Daniel, avô Círio e tia Aúrea (Em memória).

(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida.

Aos meus pais Elza Pinheiro e João Batista por todo amor, carinho, educação, meus espelhos de luta e dedicação. E aos meus irmãos Maurílio e Anderson. Amo vocês.

Ao meu namorado Daniel Amorim (pequeno), pelo amor, companheirismo durantes todos esses anos, amigo, por toda atenção, cuidado e muito amor em todos os momentos. O que Deus uniu o homem não separa. Te amo!

Ao meu orientador, professor José Osmã, pela confiança depositada em mim, amizade e conhecimentos compartilhados.

Aos meus amigos que a UNEB me deu de presente e especial Damiana, Jaciara, José Roberto, Juliana, Márcia, Rosamara, Thaisa, Tainá e demais alunos da turma 10 do mestrado.

As meninas que me ajudaram nos experimentos, tornando possível minha dissertação Marília e Lorena. Carlos Henrique e Ronaldo por me ajudar a colocar o trem nos trilhos e compartilhamento de conhecimento. Muito obrigada!

A Patrícia Rebouça por todos os conselhos, risos e grande afeto.

À toda equipe do Programa de Pós-Graduação professores e funcionários em especial a professora Lindete por todo apoio, conselhos e por depositar confiança em mim, a Carmen por ser essa segunda mãe que ganhei, Ivana por toda gentileza e atenção.

Aos meus amiguinhos da graduação da UNEB, Karine, Thiago e Gabi.

À Universidade do Estado da Bahia pelo suporte na execução das atividades.

À FAPESB pela concessão da bolsa de mestrado.

(7)

SUMÁRIO Pág. Lista de figuras...i Lista de tabelas...ii RESUMO...iii ABSTRACT...iv 1. INTRODUÇÃO...12 2. REVISÃO LITERATURA...14

2.1 Aspectos gerais da cultura da acerola...14

2.2 Aspectos gerais do pulgão Aphis (Toxoptera) citricidus...15

2.3 Importância dos crisopídeos no controle biológico...17

2.4 Aspectos biológicos dos crisopídeos...19

2.5 Resposta funcional dos crisopídeos...21

2.6 Aspecto comportamental dos crisopídeos...22

2.7 Fatores que interferem no uso dos crisopídeos...23

3. MATERIAL E MÉTODOS...24

3.1 Manutenção da criação de Chrysoperla externa...24

3.2 Criação de Aphis (Toxoptera) citricidus...26

3.3 Criação de Anagasta kuehniella...27

3.4 Aspectos biológicos de Chrysoperla externa...28

3.5 Resposta funcional de Chrysoperla externa alimentada com Aphis (Toxopetera) citricidus...30

3.6 Análise comportamental de Chrysoperla externa alimentada com Aphis (Toxopetera) citricidus...31

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...33

4.1 Aspectos biológicos de Chrysoperla externa alimentada com Aphis (Toxoptera) citricidus...33

4.2 Capacidade de consumo e resposta funcional de Chrysoperla externa alimentada com Aphis (Toxoptera) citricidus...38

4.3 Comportamento de Chrysoperla externa alimentada com Aphis (Toxoptera) citricidus...44

5. CONCLUSÃO...48

(8)

i LISTA DE FIGURAS Pág.

Figura 1. Criação de manutenção de Chrysoperla externa. a) Gaiola de PVC com papel sulfite; b) Dieta artificial de levedo de cerveja e mel para alimentação dos adultos...24

Figura 2. Manutenção das larvas: a) Recipiente plástico utilizado na criação e experimentos; b) Montagem do experimento com folhas de acerola conservada no agar/aguá...26

Figura 3. a) O pulgão Aphis (Toxopetera) citricidus utilizados nos experimentos; b) Muda de aceroleira cv Junko para criação e manutenção dos afídeos...27 Figura 4. Criação de Anagasta kuehniella: a) dieta larval com farinha de trigo + levedo de cerveja; b) acasalamento dos adultos de Anagasta kuehniella em recipiente de vidro...28

Figura 5. Ciclo biológico de Chrysoperla externa ...29

Figura 6. Consumo médio total de Aphis (Toxoptera) citricidus por larvas de Chrysoperla externa...42

Figura 7. Curva de regressão para resposta funcional dos três instares larvais de Chrysoperla externa por ninfas de Aphis (Toxopetera) citricidus em folhas de acerola...43

(9)

ii LISTA DE TABELAS Pág.

Tabela 1. Densidade de Aphis (Toxoptera) citricidus oferecidas aos três instares larvais de Chrysoperla externa em condição de laboratório...31

Tabela 2. Categorias analisadas no comportamento de Chrysoperla externa alimentado com Aphis (Toxoptera) citricidus...32

Tabela 3. Duração (em dias) (± EP) e viabilidade (%) do desenvolvimento da fase imatura de Chrysoperla externa alimentada com ovos de Anagasta kuehniella e pulgão preto Aphis (Toxoptera) citricidus...33 Tabela 4. Duração (em dias) do desenvolvimento da fase adulta Chrysoperla externa alimentada com ovos de Anagasta kuehniella e pulgão preto Aphis (Toxoptera) citricidus em folhas de acerolas...36

Tabela 5. Consumo médio diário de larvas de Chrysoperla externa alimentada com ovos de Anagasta kuehniella e pulgão preto Aphis citricidus...38

Tabela 6. Duração em dias (± EP) e viabilidade (%) de Chrysoperla externa, em função de diferentes densidades de Aphis (Toxoptera) citricidus...40 Tabela 7. Tempo de busca e manuseio (tempo em segundos) para os três ínstares larvais de Chrysoperla externa alimentada com Aphis (Toxoptera) citricidus em folhas de acerolas...44 Tabela 8. Análise comportamental (parado, andando, limpando e predando) dos ínstares larvais de Chrysoperla externa alimentadas com Aphis (Toxoptera) citricidus...46

(10)

iii RESUMO

O uso de Chrysoperla externa (Hagen) (Neuroptera, Chrysopidae) no controle biológico de Aphis (Toxoptera) citricidus (Kirkaldy) (Hemiptera: Aphididae) em aceroleira pode ser uma alternativa para redução dos danos causados por esse inseto. Além disso, o conhecimento da sua biologia e resposta a diferentes densidades de presas implica no uso desses crisopídeos no controle de pragas agrícola. Portanto, o presente do estudo teve como objetivo avaliar os aspectos biológicos, comportamentais e resposta funcional de C. externa com ninfas de 3º e 4º instar do pulgão A. (T.) citricidus, em folhas de aceroleira var. Junko, tendo em vista a sua adequabilidade como possível potencial no controle biológico desta praga. Foram analisados os aspectos biológicos da fase imatura e adulta de C. externa alimentados com ovos de A. kuehniella (testemunha) e com o pulgão A. (T.) citricidus. A resposta funcional por meio de cinco densidades. Além disso, verificou-se a análise comportamental com o tempo de busca e manuseio, o tempo de limpeza do aparelho bucal, se estava parado, andando e buscando alimento por uma hora. A duração dos três instares larvais de C. externa foram diferentes quanto aos tratamentos, com viabilidade acima de 90%. O pulgão proporcionou uma duração de 3,2; 3,2; 5,5; 12,1; 4,3 e 9,44 dias para o primeiro, segundo, terceiro instar, fase larval, pré-pupa e pupa de C. externa, respectivamente. Na fase adulta foram obtidos os seguintes resultados: razão sexual (0,44), pré-oviposição (5,25 dias), oviposição diário (15,3 ovos) e total (801 ovos), viabilidade dos ovos (77,70%) e longevidade de machos (58,1 dias) e fêmeas (45,3 dias). O consumo médio de pulgões foi de 3,7; 15,3 e 64,7 pulgões nos três instares em sequência. Foi crescente e proporcional o consumo e disponibilidade de presas, na resposta funcional. Constatou-se que larvas de primeiro instar apresentam maior tempo de busca e manuseio, sendo o terceiro instar a fase com menor tempo de manuseio, onde se verificou na análise comportamental uma maior intensidade no hábito de limpeza do aparelho bucal. A presa se mostrou adequada ao predador e a resposta funcional de C. externa foi do tipo II.

Palavras- chave: Anagasta kuehniella; Crisopídeo; pulgão-preto; Malpighia emarginata; Submédio do Vale do São Francisco.

(11)

iv ABSTRACT

The use of Chrysoperla externa (Hagen) (Neuroptera, Chrysopidae) in the biological control of Aphis (Toxoptera) citricidus (Kirkaldy) (Hemiptera: Aphididae) in acerola tree can be an alternative to reduce the damage caused by this insect. In addition, knowledge of its biology and response to different prey densities implies the use of these lacewings in the control of agricultural pests. Therefore, the present study aimed to evaluate the biological, behavioral, and functional responses of C. externa to third and fourth instar nymphs of the aphid A. citricidus in leaves of var. Junko, in order to investigate its suitability of controlling this pest. The biological aspects of the immature and adult phase of C. externa fed with A. kuehniella eggs (control) and aphid A. citricidus were analyzed. The functional response was evaluated by means of five densities. In addition, the behavioral analysis was verified considering the time of search and handling, the time of cleaning of the oral apparatus, if it stopped, walked or sought food for one hour. The duration of the three instars larvae of C. externa were different regarding the treatments, with viability above 90%. The aphid provided a duration of 3.2; 3.2; 5.5; 12.1; 4.3 and 9.44 days for the first, second, third instar, larval phase, pre-pupae, and pupa of C. externa, respectively. In the adult phase, the following results were obtained: sexual ratio (0.44), pre-oviposition (5.25 days), daily (15.3 eggs) and total oviposition (801 eggs), egg viability (77.70%), and longevity of males (58.1 days) and females (45.3 days). The mean intake of aphids was 3.7; 15.3 and 64.7 sequentially in the three instars, being increased proportionally to the consumption and availability of prey in the functional response. It was found that first-instar larvae presented longer search and handling times. On the other hand, the third instar was the phase with a shorter handling time, which had greater intensity of oral cleaning observed in the behavioral analysis. The prey was adequate to the predator and the functional response of C. externa was type II.

Keywords: Anagasta kuehniella; Lacewing; Black-aphid; Malpighia emarginata; Submedia of the San Francisco Valley.

(12)

12 1. INTRODUÇÃO

A aceroleira (Malpighia emarginata DC.) é uma planta de hábito tropical, rústica e com boa adaptação na região do Submédio do Vale do São Francisco. Possui fruto carnoso de sabor agradável ao paladar, com alto valor nutricional e econômico, porém de característica perecível e largamente influenciada pela presença de pragas nos pomares, a qual traz como consequência à perda de valor comercial do fruto e prejuízos ao produtor (LIMA et al., 2013).

Entre as pragas mais recorrentes na cultura da acerola têm-se algumas espécies de cochonilhas, moscas-das-frutas, percevejos e pulgões, com destaque para o pulgão-preto Aphis (Toxoptera) citricidus (Kirkaldy, 1907) (Hemiptera: Aphididae), devido ser a praga principal da cultura (CALGARO; BRANDÃO, 2012).

Esses insetos promovem a sucção de seiva da planta tornando as folhas encarquilhadas, ocasionando até a morte do tecido foliar. Além disso, à excreção açucarada do pulgão (‘‘honeydew’’) favorece o surgimento do fungo Capnodium spp, fumagina, o qual impede a respiração e fotossíntese da planta ocasionando a queda das folhas e frutos (MIRANDA, 2006).

A utilização de controle químico ainda é muito recorrente, porém não há agroquímicos registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento para nenhuma espécie de pulgão na cultura da acerola, apenas um número reduzido de inseticidas registrados para moscas-das-frutas e coleobroca (AGROFIT, 2017). Além disso, a existência de diferentes estádios de maturação, o pequeno intervalo entre a floração e a maturação e a constante preocupação em relação à presença de resíduos de agrotóxicos nos frutos, permite a busca por alternativas sustentáveis que reduzam a população desses insetos nocivos.

Nesse contexto, o uso do controle biológico seria uma ferramenta útil dentro do programa de manejo integrado de pragas, devido à ação segura e ecológica, visando equilibrar a população de afídeos no pomar por meio da ação natural de predadores. Dentre os organismos benéficos de controle populacional dos pulgões, encontram-se os Neurópteros, principalmente aqueles da família Chrysopidae, também conhecidos como crisopídeos, importantes predadores de uma grande diversidade de insetos-pragas e presente em diversos agroecossistemas (CARVALHO; SOUZA, 2009).

(13)

13 Acredita-se que a espécie Chrysoperla externa (Hagen) seja o predador a de maior ocorrência na América do sul, apresentando inúmeras potencialidades para uso no controle biológico de pulgões, como boa capacidade de movimentação nas plantas e alta voracidade e diversidade de controle de presas (ALBUQUERQUE; TAUBER; TAUBER, 1994).

Trata-se de uma espécie bastante estudada, no que diz respeito a influência do seu controle e seus aspectos biológicos, quando alimentados com diversos artrópodes, como no controle de mosca-branca (BEZERRA, 2014), cochonilhas (BEZERRA et al., 2006), tripes em amendoim (RODRIGUEZ et al., 2014), ovos de lagartas (CINEI; RIFFELVI, 2011) e pulgões (CARDOSO, 2015).

Estudos envolvendo diferentes densidades de presas relacionadas com a capacidade de consumo por C. externa são importantes para os programas de controle biológico, tendo em vista a análise da dinâmica populacional, comportamento do predador e influência da planta hospedeira (ADRIANO et al., 2010; BARBOSA et al., 2006; TAMASHIRO, 2016).

Nesse sentido, o conhecimento da biologia, comportamento e da resposta do predador em frente à disponibilidade de presas, é de suma importância para a aplicabilidade desses crisopídeos no controle de pragas agrícolas, no Brasil e demais países. Uma vez que, permite o desenvolvimento de protocolos de criação e multiplicação em larga escala.

Considerando-se a inexistência de trabalhos que abordem o controle biológico por C. externa e sua adequabilidade quando alimentados com afídeos na cultura da acerola. O objetivo do estudo foi avaliar os aspectos biológicos da fase imatura e adulta, comportamento e resposta funcional de Chrysoperla externa alimentada com A. (T.) citricidus, verificando a adequabilidade desse predador para uso no programa de controle biológico.

(14)

14 2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos gerais da cultura da acerola

O Brasil é considerado o maior produtor, consumidor e exportador mundial de acerola. Dentre os principais estados brasileiros produtores dessa fruta, Pernambuco se destaca com 31,49% da produção nacional, seguido pelos estados da Paraíba (13,39%), São Paulo (11,57%), Bahia (11,01%) e Ceará com 8,93% (IBGE, 2006).

A produção brasileira no ano de 2006 foi de 24.451 toneladas, sendo o Nordeste responsável por 74% deste total (IBGE, 2006). Na região do Submédio do Vale do São Francisco, a aceroleira já representa uma das principais culturas implantadas nos projetos de irrigação, com uma produtividade média de 20 t/ha/ano, podendo alcançar até 50 t/ha/ano (CALGARO; BRANDÃO, 2012).

A aceroleira (Malpighia emarginata DC) pertence à família Malpighiaceae e possui um fruto de valor nutricional e econômico muito importante, devido sua rusticidade adapta-se bem a condições tropicais. Como o Brasil possuir uma ampla e edafoclimaticamente diversificada extensão territorial, acaba sendo uma potência no setor frutícola, capaz de produzir frutas diversas, como frutas tropicais, subtropicais e temperadas (SILVA, 2016).

Uma das principais variedades comercializadas na região é a ‘’Junko’’, devido à permanência do fruto na planta por vários dias após o amadurecimento, polpa firme resistindo aos danos mecânicos, boa conservação pós-colheita e alto teor de vitamina C, geralmente superior a 2.500 mg/100g, com grande interesse pelas indústrias (SOUZA et al., 2013)

Atualmente 46% da comercialização de acerola no mercado interno destinam-se à indústria de processamento, enquanto que 54% destinam-se ao mercado de consumo da fruta fresca (CALGARO; BRANDÃO, 2012). O aumento da comercialização ocorreu década de 80 e 90, devido a sua composição nutricional, em destaque para a vitamina C que varia em média de 1200 a 1900 mg a cada 100g de polpa (PAIVA et al., 2003). Além disso, o fruto da acerola é fonte de vitamina A e antioxidantes importantes na prevenção de doenças (MEZADRI et al., 2008; SOUZA et al., 2013).

Assim, diversos são os benefícios dos fruto da aceroleira para a alimentação humana, podendo ser consumida ‘‘in naturaI’’ ou utilizada pela indústria para produção de sucos, doces, geleia, cosméticos entre outros (MAIA,

(15)

15 2007; FERREIRA et al., 2009). Além disso, agrega valor também na produção de bebidas alcoólicas e não alcoólicas (SEGTOWICK, 2013).

Entretanto, algumas limitações podem comprometer a produção da aceroleira, destacando-se o ataque de insetos nocivos. Como as cochonilhas Praelongorthezia praelonga (Hemiptera: Ortheziidae), Icerya sp. (Hemiptera: Cocooidea) e Saissetia sp (Hemiptera: Coccidae), moscas-das-frutas como a Ceratitis capitata (Diptera: Tephritidae) e Anastrepha fraterculus (Diptera: Tephritidae), o percevejo Crinocerus sanctus (Hemiptera: Coreidae) e os pulgões Aphis (Toxopeta) citricidus e Aphis spiraecola (Hemiptera: Aphididae, principais pragas presentes na aceroleira (CALGARO; BRANDÃO, 2012).

Além disso, o controle seguro desses insetos deve levar em consideração a existência de um curto intervalo entre a floração e a maturação dos frutos e os diferentes estádios de maturação, no qual dificulta a aplicação responsável de produtos químicos para controle de insetos nocivos, acarretando como consequência provável, a presença de resíduos tóxicos nos frutos (BARBOSA et al., 2007). Aspecto este que interfere na qualidade dos frutos, principalmente em relação às exigências fitossanitárias feitas pelos países importadores (GONDIM; OLIVERA, 2001).

2.2 Aspectos gerais do pulgão Aphis (Toxoptera) citricidus

O A citricidus é uma espécie sugadora pertencente à família Aphididae, que ocorre predominantemente em regiões tropicais úmidas, possui como local de origem, supostamente, o Sudeste Asiático, espalhando-se da Índia para o Japão, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Ilhas do Pacífico, área subtropicais e temperadas quente da América do Sul, América Central, no Caribe e Sul dos Estados Unidos (HAMMON, 2006).

No Brasil, Braga Sobrinho et al. (1998) observaram a presença de A. citricidus atacando plantas de aceroleira na região Nordeste, e posteriormente Albuquerque et al. (2002) observaram a presença de A. citricidus na cultura da acerola na região de Maringá-PR.

No decorrer dos anos A. citricidus passou por várias mudanças taxonômicas, sendo inicialmente enquadrado no gênero Aphis Linnaeus, depois para o gênero Toxoptera Koch (MASON, 1927; TAKAHASHI, 1950). Assim, por muitos anos permaneceu como Toxoptera citricidus (KIRKALDY, 1907).

(16)

16 Recentemente, a espécie foi re-enquadrada ao gênero Aphis, mantido como subgênero Toxoptera (BLACKMAN; EASTOP, 2014; FAVRET, 2014; LAGOS et al., 2014).

A. citricidus possui uma coloração marrom para preto brilhante com tamanho variando de 1,5 cm a 2,5 cm (HALBERT; BROWN, 1998). Sua forma adulta pode ser alada e áptera a depender do tamanho da população. Com o aumento da população geralmente os pulgões alados migram para outras plantas. Além disso, no seu desenvolvimento possuem quatro instares ninfais (GALLO et al., 2002).

Nas regiões tropicais não ocorrem geração sexuada e a reprodução é por partenogênese telítoca, quando fêmeas dão origem apenas a fêmeas (VAN EMDEN; HARRINGTON, 2007). Esses pulgões produzem sérios danos as plantas hospedeiras. Elevadas populações podem reduzir os fotoassimilados, afetando o crescimento e a distribuição de nutrientes e, injetar toxinas nos tecidos, assim como, transmitir vírus as plantas (THOMPSON; GOGGIN, 2006).

Na aceroleira, os pulgões ao sugarem a parte final dos ramos, provocam seu murchamento e morte, forçando a planta a gerar brotos laterais, sendo comum o ataque a flores e frutos em formação, prejudicando a produtividade geral da cultura (CALGADO; BRADÃO, 2012). Além disso, as excreções liberadas por esses pulgões (‘‘honeydew’’) permite a formação de fumagina, fungo patogênico para a planta, pois dificulta a respiração e fotossíntese, ocasionando até a morte da planta (GALLO et al., 2002).

A. citricidus é considerado uma das principais praga-chave da cultura da acerola, principalmente, no Submédio do Vale do São Francisco (GALLO et al., 2002). A partir de um levantamento realizado em áreas de produtores de acerola Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) entre os anos de 1998 e 1999, constatou-se A. citricidus como principal praga (BARBOSA et al. 2000).

A. citricidus ocorre no citros e quase que exclusivamente em outras Rutaceae, como em aceroleiras, possuindo grande importância econômica para a cultura. Segundo Hermoso de Mendonza (2008), a espécie A. citricidus é o principal vetor da ‘‘tristeza do citrus’’ (CVC) em citrus, não é sabido da ocorrência dessa virose em aceroleiras. Essa característica deve-se a sua alta eficiência de reconhecimento do hospedeiro, transmissão, reprodução e dispersão, o que maximiza as chances de adquirir e transmitir o vírus (HAMMON, 2006).

(17)

17 Além disso, no Brasil, não há produtos fitossanitários registrados para controle de A. citricidus para a cultura (AGROFIT, 2017). Portanto, faz-se necessário a busca por alternativas sustentáveis para serem integradas ao manejo desse inseto-praga.

2.3 Importância dos crisopídeos no controle biológico

O controle biológico constitui um fenômeno dinâmico de regulação do número de plantas e animais por inimigos naturais, os quais são agentes naturais de mortalidade biótica (PARRA et al., 2002), pode sofrer interferência dos fatores climáticos, disponibilidade de alimentos e da competição no meio (van den BOSCH et al., 1982).Dentre os agentes de controle biológico, os predadores merecem destaque por serem inimigos naturais de vida livre que matam as presam e necessitam de vários indivíduos para completar seu ciclo, regulando assim a população de insetos nocivos (ALBUQUERQUE, 2009).

Os crisopídeos, descam-se como um predador com maior potencial para uso como agente de controle biológico. Pertencentes à ordem Neuroptera, sendo que aproximadamente 1.200 espécies pertencem à Chrysopidae, o que torna a segunda maior família (ALBUQUERQUE, 2009). A família Chrysopidae encontra-se dividida em três subfamílias: Nothochrysinae, Apochrysinae e Chrysopinae, sendo que esta última possui 97% de espécies conhecidas (TAUBER et al., 2003).

Todas as espécies de Chrysopidae são predadores na fase larval (HAGEN, 1987; TAUBER et al., 2003). Entretanto, na fase adulta, poucas espécies são predadoras, e muitas se alimentam de néctar, pólen e/ou honeydew (CANARD; PRINCIPI, 1984). Além disso, esses predadores exploram os mais diversos agroecossistemas (FREITAS, 2002).

Os crisopídeos são predadores vorazes de ovos de lagartas, tripes, cochonilhas, psilídeos, ácaros, pulgões e outros artrópodes de tegumento sensível e facilmente perfurável (CARVALHO; SOUZA, 2009). Podem ser encontrados em diferentes culturas como em frutíferas, oleráceas e plantas ornamentais (LEBRE et al., 2007; MONTES et al., 2007; RESENDE, 2012;RODRIGUES, 2008). Chrysoperla externa desempenha um papel importante de controle de vários insetos nocivos que comprometem o desenvolvimento da produção agrícola. Nesse sentido, diversos estudos relatam

(18)

18 a importância dos crisopídeos no controle de pragas de interesse agrícola em condições de campo, ambiente protegido ou em laboratório.

Pesquisa realizada por Murata e Bortoli (2009) identificou que Ceraeochrysa cubana (Neuroptero: Chrysopidae) consumiu em média 634,1 ninfas de Brevicoryne brassicae (Linnaeus, 1758) (Hemiptera: Aphididade ) durante toda fase imatura. Analisando a capacidade dessa mesma espécie sobre Aleurocanthus woglumi nos três ínstares larvais do predador e quatro ínstares larvais da presa, Oliveira et al. (2014) observaram um consumo maior de A. wogluti quando a presa encontrava-se no primeiro ínstar (42,32), enquanto que para o quarto ínstar, foram consumidos 2,3 indivíduos, variação devido a influência do tamanho da presa no consumo do predador.

Almeida et al. (2009) constataram em média, que cada larva de Ceraeochrysa claver foi capaz de predar 1611 ovos ou 135 larvas de segundo ínstar de Plutella xylostella durante seu desenvolvimento. O predador foi capaz de aumentar a população 218 vezes a cada 42 dias. Giffoni et al. (2007) estudaram o ciclo biológico de C. externa alimentados com ovos de S. cerealella, com afídeos Aphis crassivora e A. nerri, (Hemiptera: Aphididae), com Thrips tabaci (Thysanoptera: thripidae) e Tetranychus cinnabarinus (Acari: Tetranychidae), e concluíram que somente S. cerealella (Lepidoptera: Gelechidae) e A. craccivora foram adequados para o desenvolvimento do crisopídeo atingindo o estágio pupal com 7,9 e 7,5 dias, respectivamente.

Barbosa et al. (2008) avaliaram o efeito de larvas de primeiro instar de Ch. externa no controle de M. persicae em pimentão e verificaram que nas diferentes proporções de ninfas de pulgões (60; 100; e 140) e liberados nas proporções predador-presa de 1:5; 1:10 e 1:20, sendo que a proporção 1:5 causou mortalidade total dos pulgões.

(19)

19 2.4 Aspectos biológicos dos crisopídeos

Os crisopídeos possuem ovos esféricos com comprimento variando de 0,7 a 2,3 cm fixo por um pedicelo que se adere a uma superfície, de coloração verde no início do período embrionário e com o desenvolvimento do embrião ocorre um escurecimento (FREITAS, 2002). O período de ovo de Ch. externa e sua viabilidade podem ser influenciados por vários fatores, dentre eles, a temperatura. Bezerra et al. (2006) observaram para uma temperatura de 24º C que a duração da fase de ovo foi de 5,0 dias, enquanto que Salamanca et al. (2011) estudando a mesma espécie de predador, verificaram que na temperatura de 25ºC não diferiu, com duração de 4,8 dias, quando alimentado com o tripes Neohydatothrips signifer.

Com intuito de armazenar os ovos para posterior liberação, López-Arroya et al. (2000) testando a incubação de ovos de Ce. cubana, Ceraeochrysa smithi e Ch. externa em diferentes temperaturas (4,5 a 15,6 ºC) verificaram que as duas primeiras espécies apresentaram faixas estreitas de conservação, por 14 dias na temperatura de 15,6 ºC, enquanto que Ch. externa a faixa foi um pouco maior (14 a 21 dias com temperatura de 10 a 15,6ºC).

As larvas de Ch. externa são campodeiformes com corpo fusiforme contendo cerdas, pernas ambulatórias, caracterizada por ser uma larva nua, pois não possuem hábito de cobrir-se com os detritos encontrados no ambientes ou resto de presas, com coloração marrom acizentada na fase inicial, e com o crescimento, poderá ficar amarelada a marrom (SOUZA, 1999; FREITAS, et al., 2002). Podem, em muitas ocasiões, adquirir a coloração da presa no momento da predação. Outro comportamento adotado pelas larvas de crisopídeos é o carregamento de detritos acima do corpo, locomovendo-se mais lentamente (ALBUQUERQUE, 2009).

As larvas são ativas na busca por alimentos e sofrem três ecdises, cuja duração dependerá da temperatura e do tipo de alimento, sendo a última no interior do casulo característico de uma macha escura (RIBEIRO, 1988). PAPPAS et al. (2008) testando o efeito de diferentes temperaturas sobre a espécie de crisopídeo Dichochrysa prasina alimentada com ovos da mariposa Ephestia kuehniella, detectaram que na temperatura de 33ºC nenhuma larva completou seu desenvolvimento, sendo que as demais temperaturas

(20)

20 influenciaram no período de desenvolvimento (92 dias a 15 ° C a 25 dias a 30 °C).

As larvas de crisopídeos possuem mandíbulas e maxilas curvadas e filiformes, um suco ventral e dorsal formando um canal de alimentação, sendo que quando o aparelho bucal é introduzido na presa são liberadas toxinas para indução da digestão, desenvolvendo também um hábito canibal com escassez de alimentos (FREITAS et al., 2002;GEPP, 1984.

Ao final do terceiro ínstar as larvas tecem um casulo de coloração verde chegando à fase de pré-pupa e, sua finalização para a fase de pupa é característico de um disco enegrecido passando pela última ecdise. Posteriormente surgem os adultos, sendo essa uma fase crítica, pois poderá morrer por nanição (CANARD; PRINCIPI, 1984).

As espécies de crisopídeos podem se comportar de maneira diferente, mesmo alimentando-se da mesma espécie de presa. Larvas de Ch. externa alimentadas com ninfas de terceiro e quarto ínstar de Aphis gossypiii (Hemiptera: Aphididae) obtiveram tempo de desenvolvimento de 3,5; 3,0; 3,8 e 10,3 dias para o primeiro, segundo, terceiro ínstar e toda fase larval, respectivamente, com viabilidade de 100 % para todas as fases (SANTOS et al., 2003).

Enquanto que, para a espécie Ce. cubana alimentada com a mesma espécie de afídeo a duração média do primeiro, segundo, terceiro ínstar e toda fase larval de (10,3; 10,4; 10,1; 30,5 dias) com viabilidade de (100; 94,3; 96,9; 85,3%), respectivamente (FERREIRA, 2008). A duração da fase de pupa de Ch. externa quando alimentada com Dysmicoccus brevipes (Hemiptera: Pseudococcidae) apresentaram o período de pré-pupa e pupa de 2,0 e 90, dias, respectivamente na temperatura de 25 ºC (GONÇAVES-GERVÁSIO; SANTA-CECÍLIA, 2001).

Os adultos dos crisopídeos medem de 10 a 15 cm de comprimento, possuem coloração verde, aparelho bucal mastigador e antenas filiformes (FREITAS et al., 2001). O acasalamento nessa fase é muito importante para a procriação da espécie, não só para a fertilização dos ovos, mas também para estímulo da oviposição (RIBEIRO e CARVALHO, 1991). Lavagnini e Freitas (2012) concluíram que as temperaturas de 19ºC e 25ºC influenciaram no período de pré-oviposição de 6,4 e 4,6 dias, respectivamente, porém não interferiram no período de oviposição, pós-oviposição e no número total de ovos por fêmea.

(21)

21 A emergência dos adultos pode ser influenciada pelo alimento durante a fase imatura, além dos fatores climáticos. Bezerra et a. (2012) estudando a biologia e requerimento térmico de Chrysoperla genanigra (Neuroptera: Chrysopidae), contataram que o percentual de emergência de adultos variou de 6,7% a 17 ° C para 76,7% a 25 ° C, embora nenhuma larva tenha sido capaz de completar o desenvolvimento a 37 ° C.

2.5 Resposta funcional dos crisopídeos

A resposta a diferentes disponibilidade de presas ao inimigo natural, constitui um fator importante a ser levado em consideração nos programas de controle biológico no momento da liberação desses agentes de mortalidade natural no campo.

De acordo com Holling (1959), existem três tipos de resposta funcional de predadores: Tipo I, em que há um aumento linear no número de presas consumidas até um valor máximo, à medida que a densidade de presa aumenta; Tipo II, em que há um aumento no número de presas consumidas em função de uma maior disponibilidade delas até uma determinada densidade, quando a intensidade de ataque diminui, tendendo a um determinado nível de estabilidade e Tipo III, no qual o consumo aumenta de forma sigmóide, aproximando-se de uma assíntota superior.

A espécie Ce. cubana alimentada com A. gossypii obteve uma resposta funcional do tipo II (FERREIRA, 2008). O mesmo foi averiguado por Oliveira et al. (2006), quando o predador antocorídeo Orius insidiosus alimentou-se com a mesma espécie de pulgão. Essa mesma resposta foi observada para Ch. externa quando alimentados com A. gossypii (SANTOS et al., 2005). Estudo verificando a resposta funcional de larvas de Chrysoperla carnea alimentada com o pulgão da couve Brevicoryne brassicae, observaram que o aumento da densidade de afídeos resultou no crescimento do consumo para larvas de primeiro, segundo e terceiro instar (ASAD et al. 2015).

(22)

22 2.6 Comportamento geral dos crisopídeos

Um dos fatores que influenciam a resposta funcional é o tempo de busca e manuseio, contribuindo assim para diagnosticar a eficiência do inimigo natural. O tempo de manuseio e o consumo variam bastante, dependendo do tamanho do predador e da presa e do nível de fome da larva (CANARD; DUELLI, 1984). Nesse contexto, Auad et al. (2002) observaram que larvas de primeiro, segundo e terceiro instar de Ch. externa necessitaram de 1502, 1172 e 536 segundos para consumir ninfas de 3º e 4º instar do pulgão Uroleucon ambrosiae. De acordo com Soares e Macedo (2000) a capacidade de busca de qualquer predador passa pelas etapas: localização do habitat da presa, localização da presa, aceitação desta e adequação.

O comportamento de predação das larvas da maioria dos crisopídeos ainda é um tema pouco estudado. Sabe-se que são vorazes e ágeis na busca pelo alimento. Durante o processo que levam ao consumo, diversos são as etapas na captura da presa. Canard e Duelli (1984) e Canard (2001) destacaram 1º - a busca ativa até o encontro com a presa; 2º - o reconhecimento e identificação; 3º - caso seja aceita, apreensão e posteriormente o consumo; 4º- quando saciada, ocorre à limpeza das peças bucais e por fim o repouso.

As larvas de crisopídeos, como descrito por Bansch (1964) e New (1991), durante a busca pelas presas fixam a extremidade anterior e desloca-se com a posterior de um lado para outro, ampliando a sua capacidade de busca. Geralmente, o padrão de procura ocorrerá mais na área do encontro com a primeira presa, quando isso ocorre às presas que tiverem próximas também podem ser predadas, a depender da saciedade do crisopídeo.

Alguns estudos necessitam ser mais explorados haja vista a falta de informações relevantes que evidenciem o efeito satisfatório do alimento ao predador. Assim, estudos que mostrem a adequação entre a presa e predador, ou melhorias de criação são importantes para os programas de liberação desses crisopídeos visando o controle de insetos nocivos.

(23)

23 2.7 Fatores que interferem no uso dos crisopídeos

A composição química das presas interfere no desenvolvimento dos crisopídeos. Isso ocorre porque sua constituição, proteínas ou aminoácidos, lipídeos, carboidratos, vitaminas e minerais e outros compostos nos tecidos e hemolinfas dessas presas, ocorrem em diferentes concentrações e a acessibilidade do predador variando de espécie para espécie (COHEN, 1998; YAZLOVETSKY, 1992).

A qualidade nutricional da presa interfere também no desenvolvimento do predador, uma vez que, presas inadequadas afetam de forma negativa sua biologia, sendo que a planta hospedeira pode interferir direta e indiretamente nas interações entre planta hospedeira, o inseto fitófago e o predador (BUENO, 2009).

PAPPAS et al. (2007) analisaram o efeito dos afídeos Aphis fabae, A. nerii, A. pomi, Hyotóptero pruni, Macrosiphum rosae e M. persicae (Hemiptera: Aphididae), o ácaro Tetranychus urticae (Acari: Tetranychidae), a "traça" A. kuehniella e os "besouros" Tribolium confusum e Tenebrio molitor (Coleoptero: Tenebrionidae) sobre o desenvolvimento do crisopídeo Dichochrysa prasina. Tais pesquisadores notaram que, os ovos de A. kuehniella e ninfas de M. persicae foram os mais favoráveis entre as presas testadas, resultando em alta sobrevivência e curto tempo de desenvolvimento dos estágios pré-imaginais, bem como no aumento da longevidade e fecundidade de D. prasina.

Além disso, o sequestro de toxinas das plantas hospedeiras durante a alimentação desses insetos presas, interferem na sua composição química (BOWERS, 1990). Na perspectiva dos crisopídeos a qualidade nutricional desses artrópodes podem exercer efeitos consideráveis na sua sobrevivência e desenvolvimento, tanta na fase larval como pupal (HAGEN; THOMPSON, 1990). Segundo Parra (1991), a quantidade e qualidade do alimento consumido na fase larval afetam a taxa de crescimento, tempo de desenvolvimento, peso, sobrevivência, bem como influenciam a fecundidade, longevidade, movimentação e capacidade de competição de adultos, além da influência na fase reprodutiva.

(24)

24 3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Manutenção da criação de Chrysoperla externa

Em estudos conduzidos nas culturas da acerola, videira e mangueira, no Submédio do Vale do São Francisco, constatou-se a presença de duas espécies de crisopídeos Ch. externa e Ce. cincta (GERMINO, 2014). Determinando-se, para o presente estudo, a seleção da espécie C. externa, como possível inimigo natural para controle de pragas na aceroleira, devido o histórico de grande número de insetos controlados por essa espécie.

A população de Ch. externa foi estabelecida a partir de adultos coletados no local de estudo com auxílio de uma rede entomológica. Posteriormente, casais foram formados e os adultos provenientes deste foram identificados através de chaves de identificação e encaminhados para especialista para confirmação da espécie. As larvas de Ch. externa utilizadas no experimento foram originadas a partir da criação de manutenção, na qual as larvas foram alimentadas por 3 gerações com o pulgão Mysus persicae (Hemiptera: Aphididae), presente na cultura da couve, e em seguida alimentadas com ovos de Anagasta kuehniella. (Lepidoptera: Pyralidae).

Figura 1. Criação de manutenção de Chrysoperla externa. a) Gaiola de PVC com papel sulfite; b) Dieta artificial de levedo de cerveja e mel para alimentação dos adultos.

Fonte: De Paula (2016)

A criação assim como os experimentos foram mantidaos em sala climatizada com temperatura média de 24,2 º C, umidade relativa média de

(25)

25 72,3% e fotofase de 12 horas, de acordo com os dados registrados pela estação metereológica instalada no laboratório da Universidade do Estado da Bahia.

Adultos de crisopídeos foram mantidos em gaiolas de PVC, com 23 cm de altura e 10 cm de diâmetro (Figura 1). No interior, os insetos tinham acesso contínuo a água, fornecido no fundo deste através de um em recipiente plástico (2,5 cm de diâmetro e 1 cm de altura) contendo chumaço de algodão umedecido. Além disso, a gaiola continha uma dieta composta de levedo de cerveja e mel na proporção de 1:1 pinceladas em tiras de parafilm® fixada sobre o papel (Figura 1). A deposição dos ovos ocorreu no papel sulfite usadas como revestimento da superfície interna.

A gaiola foi fechada na parte superior com filme plástico de PVC presa com liga elástica e a extremidade inferior foi mantida apoiada em recipiente plástico de 20 cm de diâmetro, forrada com papel toalha. Tal processo facilita a coleta dos ovos que é feita pela remoção do papel sulfite, o que requer a transferência dos adultos para outra unidade de criação, realizando, nesse momento, a higienização e troca de alimento (FREITAS, 2001; CARVALHO; SOUZA, 2009).

Para manter a criação, as larvas foram criadas individualizadas em recipiente plástico com medidas correspondentes a 4.5 cm de diâmetro e 4 cm de altura. Para evitar o canibalismo estas foram, alimentadas a cada dois dias com o pulgão da couve M. persicae colocados sobre discos de couve-manteiga durante três gerações e posteriormente com ovos da traça-dos-trigos (A. kuehniella) (Figura 2). Os crisopídeos eram removidos para gaiolas de metal de 30 cm de largura e 30 de altura revestidas por tecido ‘‘Voil’’ permanecendo durante o período de pré-oviposição.

(26)

26 Figura 2. Manutenção das larvas: a) Recipiente plástico utilizado na criação e experimentos; b) Montagem do experimento com folhas de acerola conservada no agar/aguá.

Fonte: De Paula (2016)

3.2 Criação de Aphis (Toxoptera) citricidus

Os pulgões foram obtidos do pomar de acerola variedade ‘‘Junko’’, localizado no Projeto de Irrigação Nilo Coelho, C-3 e encaminhados para o local de estudo. A criação de A. citricidus foi realizada mudas de acerola cultivar ‘Junko’. Esta foi transplantada para vasos de 5L contendo solo e esterco na proporção 2:1 (Figura 03) e semanalmente foi realizada adubação mineral e irrigação.

As plantas foram mantidas em casa-de-vegetação e transferido os pulgões para as brotações. Em mudas sem a presença dos pulgões foram colocados adultos destes, e com 48 horas os retirou deixando apenas as ninfas, esperou-se mais 2 dias para utilizar os pulgões no 3º e 4º instar, padronizando o experimento (Figura 03).

(27)

27 Figura 3. a) O pulgão Aphis (Toxopetera) citricidus utilizados nos experimentos; b) Muda de aceroleira cv Junko para criação e manutenção dos afídeos.

Fonte: De Paula (2016)

3.3 Criação de Anagasta kuehniella

Para a criação de A. kuehniella, os ovos foram obtidos a partir de criação laboratorial, na qual os ovos eram colocados em um recipiente com medidas correspondentes a 15 cm de largura e 6 cm de altura, contendo a dieta à base de farinha de trigo integral (97%) e levedura de cerveja (3%), ideal para ser consumido pelas larvas (PARRA et al. 1989).

Ao tornarem-se adultos, os insetos eram transferidos com auxílio de um recipiente de vidro para em gaiolas de PVC, similares as de criação dos crisopideos, porém sem papel sulfite. A parte superior era vedada com filme plástico e na base com tela anti-afídica fixados com elástico, permitindo a passagem dos ovos para um recipiente plástico circular de 13,5 cm. Os ovos eram coletados e acondicionados em câmara fria para sua preservação e destinados ao consumo pela fase jovem de Ch. externa (Figura 4).

(28)

28 Figura 4. Criação de Anagasta kuehniella: a) dieta larval com farinha de trigo + levedo de cerveja; b) acasalamento dos adultos de Anagasta kuehniella em recipiente de vidro.

Fonte: De Paula (2016)

3.4 Aspectos biológicos de Chrysoperla externa

Para o estudo de alguns aspectos biológicos da fase jovem de Ch. externa, foram individualizadas 40 larvas recém-eclodidas a partir dos ovos individualizados em placas de teste ELISA (Enzime Linked Immunosorbent Assay). Após a eclosão das larvas, estas foram alimentadas com ovos de A. kuehniella (Zeller). Posteriormente as larvas foram transferidas para recipiente de plástico de 4,5 cm de diâmetro e 4 cm de altura (arena), cuja tampa continha uma abertura quadrada de 2 x 2 cm vedada com o tecido tipo ‘‘Voil’’, permitindo a ventilação. No seu interior, folhas de aceroleira variedade Junko foram fixadas com a parte abaxial para cima em uma lâmina de ágar:água a 1%.

Em um total de 20 larvas de Ch. externa foram transferidas e individualizadas nos recipientes se alimentando durante toda fase larval com ovos de A. kuehniella (testemunha) e 20 com o pulgão A. citricidus, constituindo assim os tratamentos, ou seja, dois tratamentos com 20 repetições cada (Figura 05).

(29)

29 Figura 5. Ciclo biológico de Chrysoperla externa.

Fonte: De Paula (2016)

O fornecimento dos ovos de A. kuehniella para as larvas de Ch. externa foi adaptado conforme descrito por Bortoli et al. (2006), em que foi confeccionado retângulos de papel com fundo escuro com cerca de 2 x 4 cm, sobre os quais foram colocados os ovos com goma arábica diluída. A quantidade de ovos fornecida foi acima do que Ch. externa poderia consumir baseado em testes preliminares. Colocou-se esse ovos em papel consistente com coloração escura, que proporcionou um contraste com os ovos, visto que estes são claros, facilitando na contagem.

Os parâmetros avaliados para a fase imatura e de repouso (pupa) foi à duração dos ínstares larvais, fase total larval, pré-pupa, pupa, peso das pupas e consumo. Na fase adulta foi analisado o período de pré-oviposição e oviposição, oviposição diária e total, fertilidade dos ovos (ovos férteis, inférteis e inviáveis), longevidade dos adultos e razão sexual. A razão sexual foi obtida pela fórmula (rs=no fêmeas/ no machos +no fêmeas) (Silveira Neto et al.,1976).

(30)

30 Após a emergência dos adultos sexados, montado os casais e mantidos em gaiolas de PVC de 10 cm de diâmetro e 10 cm de altura. Os insetos receberam como alimento dieta artificial a base de levedo de cerveja e mel (1:1) e água, condição semelhante à criação de manutenção.

Foi realizado um teste preliminar e apartir deste determinou-se a quantidade a ser colocada no experimento, sendo ofertado um montante superior, ao que cada ínstar larval do predador pôde consumir diariamente, sendo avaliando a capacidade de predação diária e total na fase imatura. A avaliação do número de pulgões predados foi realizada pela contagem diária das ninfas sobreviventes e aquelas que, aparentemente, morreram de forma natural, subtraindo-as do número de ninfas fornecidas.

Após cada avaliação, os pulgões predados foram retirados das placas juntamente com os remanescentes e adicionado mais ninfas. Os pulgões consumidos foram facilmente reconhecidos, pois as larvas do crisopídeo sugam-os totalmente, deixando apenas o exoesqueleto.

O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC) com dois tratamentos e vinte repetições cada. Os dados foram submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett (P>0,05) para verificação da normalidade e homocedasticidade. Posteriormente, os dados foram submetidos ao teste ANOVA e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste T LSD pelo software estatístico R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2016)

3.5 Resposta funcional Chrysoperla externa alimentados com Aphis (Toxoptera) citricidus

As densidades de A. citricidus utilizadas foram estimadas em ensaio preliminar adotando a metodologia de Fonseca et al. (2000), visando a determinar o número médio de afídeos consumidos diariamente por ínstar. Para isso, criaram-se 10 larvas do crisopídeo em uma densidade de presas acima da capacidade diária de consumo, obtendo-se uma média de 4, 15 e 65 pulgões consumidos no primeiro, segundo e terceiro estádios, respectivamente. Utilizaram-se cinco densidades de pulgões, sendo duas abaixo e duas acima do consumo médio por ínstar (Tabela 1).

(31)

31 Tabela 1. Densidade de Aphis (Toxoptera) citricidus oferecidas aos três instares larvais de Chrysoperla externa em condição de laboratório.

Densidade Nº diário de pulgões oferecidos por instar

de pulgão 1 2 9 30 2 3 12 45 3 4 15 65 4 9 25 125 5 15 35 165

Foram utilizadas 50 larvas de Ch. externa a partir dos ovos individualizados em placas de teste ELISA (Enzime Linked Immunosorbent Assay) recém-eclodidas, transferidas para recipiente portando como medida 4.5 cm de diâmetro e 4 cm de altura (arena), contendo folhas de acerola fixadas em uma camada de 0,5 cm de ágar/água a 1%, utilizadas para a manutenção da turgescência foliar.

Os recipientes foram vedados com tecido de “Voil” e mantidos em câmara climatizada regulada a 25 ± 1ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase de 12 horas. Foi avaliado o número de pulgões consumidos diariamente e, após a contagem, novas arenas contendo o mesmo número de ninfas foram oferecidas às larvas do crisopídeo, de acordo com a densidade testada. Os pulgões mortos e sobreviventes foram completamente retirados do recipiente. Além disso, foram avaliadas a duração e a viabilidade de cada ínstar, das fases de larva, pré-pupa e pupa e do período de larva, nas cinco densidades.

3.6 Análise comportamental de Chrysoperla externa alimentados com

Aphis (Toxoptera) citricidus

Para a análise comportamental de Ch. externa, foram utilizadas quarenta repetições para cada ínstar de Ch. externa com densidades de pulgões encontrados no teste preliminar (4, 15 e 65 pulgões). Após a eclosão e mudança de ínstar as larvas foram alimentadas por seis horas com ovos de A. kuehniella, posteriormente ficou por 24 horas isenta de alimentos até a avaliação. Foram

(32)

32 feitas observações por uma hora consecutiva (VELASCO-HERNÁNDEZ et al., 2013). Durante os 60 minutos observou-se e registrou-se dos predadores com relação às categorias comportamentais consideradas (Tabela 2).

Tabela 2. Categorias analisadas no comportamento de Chrysoperla externa alimentado com Aphis (Toxoptera) citricidus.

Categoria Descrição

P Predador parado

PR Predador alimentando-se da presa L Limpeza do aparelho bucal do predador B Busca do predador pela presa

Adaptado de Tashamiro (2016)

Além da análise comportamental foi avaliado o tempo de busca (quando ficará exposto à presa até a captura) e tempo de manuseio (período de contato com a presa), para o primeiro, segundo e terceiro ínstar de Ch. externa, para as densidades 4, 15 e 65, respectivamente.

A análise da resposta funcional utilizou-se o delineamento em DIC com 10 repetições por tratamento e os dados foram submetidos ao teste de Bartlett e Shapiro-Wilk à 5% de significância. Posteriormente submetido à ANOVA e comparação pelo teste de média Scott – Knott a 5% de probabilidade. Os dados das diferentes densidades de consumo para os ínstares larvais foram submetidos à análise de regressão.

Em função da distribuição dos dados foi aplicada o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, a 5% de significância para o teste de capacidade de busca e manuseio. Para a análise comportamental, também foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, porém com quarenta repetições, para cada ínstar. Os dados obtidos da porcentagens de predação foram transformadas em arcsen [(x/100)1/2], e submetidas a análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Scott Knott ao nível de 5% de probabilidade pelo software R (R Development Core Team, 2016).

(33)

33 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Aspectos biológicos de Chrysoperla externa alimentada com Aphis (Toxoptera) citricidus

Observou-se um prolongamento do 1º, 2º, 3º Ínstar larvais de Ch. externa (3,2; 3,2 e 5,5 dias) quando comparado com A. kuehniella como alimento (2,7; 2,7; 3,5 dias) (Tabela 3). Resultando em um período larval de 2,35 vezes superior de Ch. externa quando alimentados com A. citricidus.

Tabela 3. Duração (em dias) (± EP) e viabilidade (%) do desenvolvimento da fase imatura de Chrysoperla externa alimentada com ovos de Anagasta kuehniella e pulgão preto Aphis (Toxoptera) citricidus.

Desenvolvimento T1- Ovos T2- Pulgão preto

D V D V 1º Instar 2,7 ± 0,18 b 100 3,2 ± 0,13 a 100 2º Instar 2,7 ± 0,14 b 100 3,2 ± 0,11 a 90 3º Instar 3,5 ± 0,11 b 100 5,5 ± 0,10 a 90 Fase larval 8,9 ± 0,03 b 100 12,1 ± 0,02 a 90 Pré-pupa 4,0 ± 0,10 b 100 4,3 ± 0,10 a 90 Pupa 8,15 ± 0,03 b 100 9,44 ± 0,11 a 90 peso de pupa 0,010 ± 0,2 b 100 0,008 ± 0,4 a 90

Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de T LSD a 5% de significância. D= duração; V= viabilidade. T1= Tratamento com ovos de A. kuenniella; T2= Tratamento com o pulgão A. citricidus.

A viabilidade mostrou-se satisfatória acima de 90%, para as fases imaturas e de repouso. De acordo com Parra (2007), a viabilidade mínima exigida para populações criadas em dietas artificiais é de 75%, sendo um parâmetro de exigência de adequabilidade. Além da presa, a planta hospedeira pode ter influência na viabilidade do predador e no seu sucesso no controle biológico.

Nesse sentido, quando Ch. externa se alimentou da mesma espécie de pulgão (A. citricidus), porém na cultura do citrus, observou-se viabilidade da fase larval de 0%, ou seja, 100% de mortalidade, com duração de 4 dias para o primeiro e 4 dias para o segundo instar, apenas (BONONI et al., 2008).

(34)

34 Resultados semelhantes foram verificadas em outro trabalho, porém as larvas obtiveram alta mortalidade já no segundo instar (RIBEIRO et al., 1991).

Tais autores atribuíram esse resultado ao fator nutricional da presa, sendo possivelmente inadequada ao predador ou ao fator fisiológico adverso que os pulgões possam ter ocasionado às larvas de Ch. externa. Esse efeito adverso advém, possivelmente, de substâncias tóxicas presentes na planta hospedeira, no citrus, que pelo efeito de bioacumulação influenciou nos aspectos biológicos e viabilidade de Ch. externa, entretanto estudos complementares necessitam ser feito para esclarecer

O efeito da planta hospedeira sobre a relação presa-predador também foi verificado por Adriano et al. (2010), no qual notaram que quando Ch. externa predou Bemisia tabaci em tomate, berinjela, couve e brócolis obteve diferença na viabilidade larval para o primeiro ínstar entre 50 e 100%, no segundo ínstar (71, 87, 80, 100 %) e terceiro ínstar (50, 100, 87, 85 %), respectivamente, mesmo não alterando a duração das fases imatura.

O pulgão A. citricidus pode ter influenciado no prolongamento da duração do terceiro ínstar de Ch. externa quando comparado com a alimentação desse predador com o pulgão Hyadaphis foeniculi em erva-doce, por exemplo, no qual a duração do 1º, 2º e 3º ínstar de 2,6; 3,7 e 4,1 dias, respectivamente, também diferindo da testemunha, como encontrado no trabalho (LIRA; BATISTA, 2006). O mesmo foi observado quando Ch. externa alimentou-se dos pulgões Cinara pinivora + C. atlântica, no qual proporcionaram uma duração de 4,0; 3,0 e 3,9 dias para o primeiro, segundo e terceiro instar, respectivamente (CARDOSO; LAZZARI, 2003).

O estudo se mostra importante a fim de comprovar a adequabilidade entre as relações presa-predador-hospedeiro e sua importância para o Manejo Integrado de Pragas, pois se o hospedeiro ou presa não forem viáveis para o predador o controle biológico não seria exequível. Estudos realizados por Neto et al. (2008) averiguaram que a cochonilha Planococcus citri (Homoptera: Pseudococcidae) e o ácaro Oligonychus ilicis (Acari: Tetranychidae) quando fornecido isoladamente para C. externa, não foram adequados, sendo que o ácaro promoveu uma mortalidade de 100% no segundo instar.

Dados semelhantes ao estudo foram encontrados por Costa et al. (2012), trabalhando com desenvolvimento e reprodução de C. externa alimentando o

(35)

35 pulgão Neotoxoptera formosa, contataram duração de 3,4; 4,7; 6,0; 3,2, e 6,4 dias para o primeiro, segundo, terceiro instar, pré-pupa e pupa, com viabilidade alta (90, 91,7; 90,9; 100 e 96,7 %), respectivamente.

A duração da fase de pré-pupa foi de 4,0 dias alimentado com ovos A. kuehniella e 4,3 dias com A. citricidus, não diferindo entre os tratamentos (Tabela 3). Enquanto que, a fase de pupa mostrou-se diferente quando as larvas foram previamente alimentadas com pulgão (8,15 dias) e ovos (9,44 dias). Situação similar foi descoberto por Fonseca et al., (2001), com duração da fase de pré-pupa de 4,1 dias, quando Ch. externa foi alimentada com Schizaphis graminum com ninfas de 3º e 4º instar.

O alimentado larval pode ter influência nas fases subseqüentes, como na duração larval e de pupa. Auad et al. (2014) afirmou que o pulgão Rhopalosiphum padi é um bom alimento para Ch. externa com duração da fase larval de 12,72 e pupa de 10,62 dia com viabilidade acima de 90% quando alimentado com esse pulgão, resultados semelhantes ao encontrado na pesquisa.

A alimentação de Ch. externa alimentada com ovos de A. kuehniella (0,010g) proporcionou maior peso de pupa que a o consumo com o pulgão A. citricidus (0,008g), diferindo entre si. Tais resultados mostram que os ovos de A. kuehniella constitui um alimento com características nutricionais importantes que possibilitou uma menor duração da fase total de Ch. externa e maior peso de pupa, sendo que esse último fator constitui em uma análise importante para determinar a influência do alimento para formação da pupa e dos adultos.

Não houve também diferença para o período de oviposição (62,70 e 53,12 dias), oviposição diária (15,72 e 15,03 ovos) e fecundidade ou oviposição total (994,80 e 801,00 ovos), respectivamente (Tabela 4). A alimentação de Ch. externa com ovos de A. kuehniella ou com o pulgão A. citricidus não influenciaram nesses requisitos importantes na produção de descentes.

(36)

36 Tabela 4. Duração (em dias) do desenvolvimento da fase adulta Chrysoperla externa alimentada com ovos de Anagasta kuehniella e pulgão preto Aphis (Toxoptera) citricidus em folhas de acerolas.

Desenvolvimento T1- Ovos T2- Pulgão preto Pré-oviposição 5,10 ± 0,05 a 5,25 ± 0,08 a Período de oviposição 62,70 ± 2,08 a 53,12 ± 2,54 a Oviposição diária 15,72 ± 0,73 a 15,03 ± 0,89 a Oviposição total 994,80 ± 1,98 a 801,00 ± 1,69 a Período embrionário 4,20 ± 0,09 a 4,27 ± 0,10 a Viabilidade dos ovos 86,38 ± 0,63 a 77,70 ± 0,52 b

Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de T LSD a 5% de significância. T1= Tratamento com ovos de A. kuenniella; T2= Tratamento com o pulgão A. citricidus.

O alimento pode interferir em diversos aspectos da fase adulta do predador. O tempo de pré-oviposição e número de ovos diário e total posto por fêmeas de Ch. externa, mostrou-se superior do que ao estudo com Ch. externa alimentando com N. formosana, no qual alcançou um período de pré-oviposição de 7,7 dias, oviposição de 47 dias, produção total de ovos de 741,1; além de baixa longevidade dos adultos (macho de 39,9 dias e fêmeas 52,1 dias em média) menos que o encontrado no trabalho (COSTA et al., 2012).

Essa observação vem confirmar os resultados obtidos por outros pesquisadores. Quando Ch. externa se alimentou de diferentes dietas artificiais e do pulgão Rhopalosiphum padi (Hemiptera: Aphididae) não havendo diferença significativa para o período de pré-oviposição (HARAMBOURE et al., 2016). A duração da fase de pré-oviposição também foi confirmada em outra pesquisa quando Ch. externa se alimentado com ovos de A. kuehniella com duração média de 5,7 dias (MACEDO et al., 2003).

Estudos realizados por Trivellato (2010) detectou um período de incubação de 3,7 dias com viabilidade de 96,88%, quando Ch. externa se alimentou de ovos de A. kuehniella. Salamanca et al. (2011) também verificaram uma duração similar, sendo que na temperatura de 25ºC a duração foi de 4,8 dias, quando Ch. externa se alimentou de tripes Neohydatothrips signifer (Thrysanoptera: Thripidae).

(37)

37 O período de oviposição de fêmeas de Ch. externa alimentada com ovos de A. huehniella, conforme o estudo foi notado por Neto et al. (2008), porém a oviposição total foi mais baixo que verificado no trabalho (849,40 ovos). Essa diferença pode estar relacionada com a geração de predadores utilizados na pesquisa e outros fatores que interferem na manutenção da criação desses insetos.

Os adultos de Ch. externa provenientes de larvas alimentadas com ovos de A. kuehniella obtiveram uma razão sexual de 0,50 e sua alimentação com pulgões foi de 0,44, semelhantes entre si (Tabela 4). O percentual de fêmeas nos tratamentos foi equiparado. De acordo com Bortoli et al. (2006) a razão sexual de C. externa alimentada com ovos de A. kuehniella foi de 0,44, igual ao encontrado para o consumo desse predador com A. citricidus. Outros trabalho mostraram resultados similares (FIGUEIRA et al., 2000; LIRA; BATISTA, 2006; TRIVELLATO, 2010).

A alimentação larval influenciou na viabilidade dos ovos depositados pelas fêmeas de Ch. externa. Quando alimentada com ovos de A. kuehniella obtiveram uma porcentagem maior de ovos viáveis (86,38 %) em relação ao pulgão A. citricidus (77,70 %), diferindo entre si estatisticamente. Esse fato justifica o uso desses ovos nos programas de controle biológicos, nas criações e manutenção dos inimigos naturais. Estes insetos quando alimentados na fase larval com ovos de lepdópteros, ingerem maior quantidade de aminoácidos tornando-se importante para a fertilidade da fêmea (PARRA, 2009)

As fêmeas de Ch. externa alimentadas na fase larval com ovos de A. kuehniella foram mais longevas que as alimentadas com os pulgões A. citricidus, tendo em média de 71 e 58,1 dias, respectivamente (Tabela 4). Enquanto que a longevidade dos machos de Ch. externa, alimentadas de ovos e pulgões foi menor, em média de 52 e 45,3, respectivamente. Dessa forma, as fêmeas de Ch. externa vivem mais que os machos.

Em contrapartida, outros trabalhos mostraram-se diferente ao estudo. Os machos de Ch. externa quando predaram A. gossypii, em algodoeiro cultivar IAC-22, notaram uma maior longevidade para os machos (61,8 dias) do que para as fêmeas (49 dias) (MACEDO et al.,2010). Entretanto, o estudo literário que mostrou a influência alimentar de Ch. externa com ovos de Bonagota cranaodes

(38)

38 (Lepidoptera: Tortricidae), mostrou resultados inferiores ao estudo, com longevidade média de fêmeas de 38,4 dias e machos de 36,1 dias (RIBEIRO et al., 2011). Nesse sentido, a longevidade dos adultos de Ch. externa.

Assim, verificou-se que o alimento larval oferecido para Ch. externa não interferiu no período embrionário, quando alimentado com ovos de A. kuehniella (4,20 dias) e o pulgão A. citricidus (4,27 dias). O mesmo ocorreu para a pré-oviposição dos adultos (5,10 e 5,25 dias), respectivamente, não diferindo entre si estatisticamente (Tabela 4).

4.2 Capacidade de consumo e Resposta funcional de Chrysoperla

externa alimentada com Aphis (Toxoptera) citricidus

O consumo médio diário e total larval aumentou ao longo do desenvolvimento de Ch. externa quando foi oferecido ovos de A. kuehniella como o pulgão A. citricidus, diferindo entre estes. Nesse sentido, o consumo larval foi de 3,7; 15,3 e 64,7 pulgões consumidos para primeiro, segundo, terceiro ínstar, respectivamente. Enquanto que o consumo de Ch. externa por A. kuehniella, foi de 18,1; 59,3 e 268,4 (Tabela 5). Constata-se que 77% do consumo das presas ocorrem no terceiro ínstar de Ch. externa, seja ela alimentada com o pulgão A. citricidus, como com ovos de A. kuehniella.

Tabela 5. Consumo médio diário de larvas de Chrysoperla externa alimentada com ovos de Anagasta kuehniella e pulgão preto Aphis citricidus.

Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de T LSD a 5% de significância.

Desenvolvimento larval Consumo

Nº de Ovos Nº de Pulgão preto 1º ínstar 18,1 ± 1,00 a 3,7 ± 0,07 b 2º ínstar 59,3 ± 1,19 a 15,3 ± 0,23 b 3º ínstar 268,4 ± 1,47 a 64,7 ± 1,55 b Fase total 1146,1 ± 2,31 a 425,2 ± 1,66 b

Referências

Documentos relacionados

Reconhecer os fundamentos ontológicos e epistemológicos da fenomenologia- existencial na prática psicoterapêutica. Observar e compreender a luz da fenomenologia-existencial os

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO - PPG DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC - CAMPUS I.. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

Este estudo buscou identificar a presença de pellets em nove praias do litoral norte do Estado de São Paulo: três praias no município de São Sebastião, três praias no município

Três décadas após a promulgação da constituição cidadã, o protagonismo municipal vem perdendo espaço, aliado a uma má interpretação do artigo 30 da

Os processos de degradação dos recursos naturais ocorridos no vazadouro do Município de Januária são provocados pela disposição inadequada dos resíduos sólidos, os quais,

As an illustrative effect of the great importance of using NTICs in nursing practice, Marin & Cunha published a study in 2006 that dealt with the current perspectives of nursing

Ambiental) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2006.. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade

Transição de contratos: no prazo de um ano, os contratos de permissão serão substituídos por contratos de concessão remunerada de uso, a título de transição.. Após este