Grupo de Percussão
Li Biao
O Ministério da Cultura e a Cultura Artística apresentam
REALIZAÇÃO PATROCÍNIO
GIOCONDABORDON 3
PROGRAMA 4
NOTASSOBREOPROGRAMA 6
Fernando Iazzetta
BIOGRAFIAS 13
Grupo de Percussão Li Biao
Li Biao
Alexander Glöggler
Conrado Moya Sánchez
Lukas Böhm
Philipp Jungk
Ronni Kot Wenzell
Rudolf Alexander Bauer
Governo do Estado de São Paulo Secretaria de Estado da Cultura
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo — OSESP
REGENTETITULAR(2012-2016) Marin Alsop REGENTEASSOCIADO(2012-2016) Celso Antunes DIRETORARTÍSTICO Arthur Nestrovski
Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Organização Social de Cultura
PRESIDENTEDEHONRA
Fernando Henrique Cardoso
PRESIDENTEDOCONSELHODEADMINISTRAÇÃO
Fábio Colletti Barbosa
VICE-PRESIDENTEDOCONSELHODEADMINISTRAÇÃO
Heitor Martins
DIRETOREXECUTIVO
Marcelo Lopes
SUPERINTENDENTE
Fausto Augusto Marcucci Arruda
MARKETING
Carlos Harasawa DIRETOR
Mauren Stieven
DEPARTAMENTODEOPERAÇÕES
Mônica Cássia Ferreira Gerente Ângela Sardinha
Cristiano Gesualdo Fabiane de Oliveira Araújo Guilherme Vieira Regiane Sampaio Bezerra Vinicius Goy de Aro
APOIOAEVENTOS
Felipe Lapa
DEPARTAMENTOTÉCNICO
Ronald Góes GERENTE
Ednilson de Campos Pinto Erik Klaus Lima Gomides Sérgio Cattini
ILUMINAÇÃO
Carlos Eduardo Soares da Silva Abdias Vicente da Silva Junior
ACÚSTICAESOM
Fernando Dionísio Vieira da Silva Renato Faria Firmino
MONTAGEM
Rodrigo Batista Ferreira
CONTROLADORDEACESSO
Sandro Marcello Sampaio de Miranda ENCARREGADO INDICADORA
Sabrine Ferreira ENCARREGADA
Sociedade de Cultura Artística Diretoria
PRESIDENTE
Pedro Herz
DIRETORES
Antonio Hermann D. Menezes de Azevedo Cláudio Sonder
Gioconda Bordon Fernando Carramaschi Luiz Fernando Faria Marcelo Levy Patrícia Moraes Ricardo Becker SUPERINTENDENTE Frederico Lohmann Conselho de Administração PRESIDENTE Cláudio Sonder VICE-PRESIDENTE
Roberto Crissiuma Mesquita
CONSELHEIROS
Aluízio Rebello de Araújo Antônio Ermírio de Moraes Carlos José Rauscher Fernando Xavier Ferreira Francisco Mesquita Neto Gérard Loeb Henri Philippe Reichstul Henrique Meirelles Jayme Sverner Marcelo Kayath Milú Villela Pedro Herz Plínio José Marafon
Conselho Consultivo
Alfredo Rizkallah Hermann Wever João Lara Mesquita José Zaragoza Mário Arthur Adler Salim Taufic Schahin Thomas Michael Lanz
REALIZAÇÃO
Ministério da
Cultura
Programa de sala — Expediente
SUPERVISÃOGERAL
Silvia Pedrosa
EDIÇÃO
Maria Emília Bender
PROJETOGRÁFICO
Paulo Humberto Ludovico de Almeida
EDITORAÇÃOELETRÔNICA
Ludovico Desenho Gráfico
ASSESSORIADEIMPRENSA
Conjuntos de percussão raramente se apresentam nas temporadas da Cultura Artística — a última vez que assistimos a uma formação desse gênero foi em 2008, quando o grupo japonês Kodo veio ao Brasil. Hoje a cena cabe ao percussionista chinês Li Biao, aclamado pela crítica e pelo público, artista que vem sendo muito requisitado pelas grandes orquestras europeias.
No quesito percussão, não há dúvida de que somos um público bastante exigente, acos-tumado à sofisticação das coreografias rítmicas das baterias das escolas de samba, bem como à pulsação não menos alucinante dos grupos de bumbos e tambores da Bahia, como o Olodum, por exemplo, o mais famoso dentre tantos conjuntos brasileiros de percussão.
Um concerto centrado na pulsação do ritmo nos desperta para algumas simples e breves constatações a respeito dessa categoria de instrumentos. A fertilidade dessa família sonora é espantosa. Por mais que procuremos no naipe das cordas, dos metais ou das madeiras, não vamos encontrar contingente tão numeroso. Além de mesclar formatos e consistências de natureza diversa — triângulos, tímpanos, cabaças, tambo-res, gongos, marimbas, sinos —, paira sempre a possibilidade de achados improváveis. Os compositores dedicados à percussão estão constantemente à procura de novos efeitos, inventados a partir dos objetos os mais diversos, como potes de cerâmica, talheres de madeira, copos. Não há limites para a criação de uma peça capaz de emular um batimento cardíaco. Até tubos de PVC produzem uma sonoridade singular e atraente, prova de que a música pode surgir do mais inexpressivo objeto.
Quaisquer que sejam suas origens, os instrumentos de percussão criam uma espécie de som ancestral, que nos transporta para um universo sonoro ritualístico e misterioso, presente nas cerimônias religiosas desde sempre. Basta lembrar dos sinos das igrejas, das matracas das procissões e dos atabaques do candomblé, para ficar entre os mais conhecidos.
Traduzir Bach e Vivaldi para uma língua essencialmente rítmica — uma das atrações do concerto desta noite — é ao mesmo tempo uma proposta natural e ousada. Li Biao e seu grupo de musicistas prometem uma noite surpreendente.
Ótimo concerto a todos!
O RITMO ESPETACULAR DA CHINA
Gioconda Bordon gioconda@culturaartistica.com.br
SÉRIEBRANCA
Sala São Paulo, 2 de junho, segunda-feira, 21h
PROGRAMA
RUDI BAUER
(1971-)Sete
mares
c. 8’
ANTONIO VIVALDI
(1678-1741)Concerto em ré maior (Allegro, Andante, Allegro)*
c. 14,5’
STEVE REICH
(1936-)Música para peças de madeira
c. 8’
G.H. GREEN, KURT ENGEL, OTTO WITT
Ragtimes suítes
c. 10’
RUSSELL PECK
(1945-2009)Lift off
c. 8,5’
INTERVALOCHRISTOPHER ROUSE
(1949-)Ogoun Badagris
c. 4,5’
PHILIPP JUNGK
(1977-)Taklamakan
c. 6,5’
ASTOR PIAZZOLLA
(1921-92)Tango suíte*
c. 5’
GUO WENJING
(1956-)Rito das montanhas*
c. 7,5’
MINORU MIKI
(1930-2011)Marimba spiritual
c. 14’
Grupo de Percussão Li Biao
DO BARROCO AO TANGO
Os concertos serão precedidos de palestra de Irineu Franco Perpetuo, às 20h, no auditório do primeiro andar da Sala São Paulo.
O conteúdo editorial dos programas da Temporada 2014 encontra-se disponível em nosso site uma semana antes dos respectivos concertos.
* Arranjo Li Biao.
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SÉRIE AZUL
Sala São Paulo, 3 de junho, terça-feira, 21h
PROGRAMA
Programação sujeita a alterações.
BOB BECKER
(1947-)Mudra
c. 13,5’
TOBIAS BROSTRÖM
(1978-)Bridging the World
c. 7,5’
JOHANN SEBASTIAN BACH
(1685-1750)Concerto italiano BWV 971*
c. 5’
STEVE REICH
(1936-)Drumming — parte 1
c. 12’
G.H. GREEN, KURT ENGEL, OTTO WITT
Ragtimes suítes
c. 10’
INTERVALOPHILIPP JUNGK
(1977-)Deep stream
c. 7,5’
ASTOR PIAZZOLLA
(1921-92)Tango suíte 1 e 3
c. 5’
LI BIAO
(1969-)Drama X
c. 6,5’
NEBOJSA ZIVKOVIC
(1962-)Ilijas*
c. 8’
EMANUEL SÉJOURNÉ
(1961-)Partidas*
c. 10’
Grupo de Percussão Li Biao
DO BARROCO AO FUTURO
* Arranjo Li Biao.
Fernando Iazzetta
NOTAS SOBRE O PROGRAMA
Em geral, é com onomatopéias infantilizadas — tim-bum-tra-tará-tá-tá — que cos-tumamos nos referir aos sons dos instrumentos de percussão. Essa rica família sonora, que só recentemente passou a integrar o círculo restrito da música de concerto, será apresentada em dois programas que podem ser sintetizados em uma palavra: diversidade.
A tradição ocidental privilegiou os instrumentos melódicos e harmônicos, ou seja, aqueles capazes de emitir notas afinadas — o que não é exatamente uma carac-terística dos intrumentos de percussão, ainda que alguns deles produzam esca-las, melodias e harmonias. Embora associada à marcação rítmica, à articulação e à acentuação de frases, bem como à criação de texturas e colorido sonoro, a potencialidade desse grupo vai muito além: graças à sua versatilidade, os instru-mentos transitam de texturas orquestrais a passagens para solistas, das músicas populares de culturas diversas à composição formal das peças de concerto, das incursões no complexo repertório contemporâneo à recriação de obras clássicas da música erudita.
Já que a música de concerto se baseava em relações entre melodia e harmonia, cabia à percussão um papel coadjuvante. Até o século XVII, ela se restringia pratica-mente a um par de tímpanos, instrumentos que surgiram de uma antiga tradição de
música marcial e eram quase sempre tocados junto com trompetes, acompanhando as cavalarias. Aos poucos foram sendo adotados pelos compositores e tornaram--se relativamente frequentes nas composições orquestrais do Barroco. Consta que Jean-Baptiste Lully (1632-87) foi um dos primeiros a incorporar o tímpano na par-titura de sua ópera Thésée, de 1675. Outro mestre do período, Johann Sebastian Bach (1685-1750), compôs uma cantata, Tönet, ihr Pauken! Erschallet, Trompeten!, que inicia com um solo de tímpanos e coro.
Mas seria com Beethoven (1770-1827), já no começo do século XIX, que o tímpano passaria a ser explorado de maneira mais expressiva, ultrapassando as pontuações rítmicas das frases orquestrais, como na abertura de seu Concerto para violino (1806) e no scherzo da Nona sinfonia (1824). Ainda no século XIX, Hector Berlioz (1803-69), compositor fundamental para o surgimento da ideia de orquestração, ampliou o uso do instrumento, indicando pela primeira vez o emprego de baquetas diferentes para produzir articulações específicas e demandando mais de um tim-panista em sua Sinfonia fantástica (1930), além de usar pratos, bombo, tambores e sinos. No Requiem (1937), a ousada escrita de Berlioz pede nada menos que oito timpanistas tocando dezesseis tímpanos.
O caráter marcial da percussão dominante até meados do século XIX teve ainda a contribuição de um conjunto instrumental em geral composto de bombo, caixa--clara, pratos e instrumentos de efeito, como castanholas, triângulo e pandeiro orquestral. Ao final do século, esse conjunto já se encontrava bastante expandido e oferecia sonoridades diversificadas e exuberantes, incluindo instrumentos de origens variadas e incorporando ao naipe de percussão um novo grupo de instru-mentos afinados, como o glockenspiel, o xilofone e as campanas. Por exemplo, a Segunda sinfonia de Gustav Mahler (1860-1911), composta entre 1888 e 1894, requer sete percussionistas, mais uma pequena banda que toca fora de cena no quinto movimento.
Esse cenário se modifica bastante já ao início do século passado, quando os compo-sitores ousam arriscar novas sonoridades e se servem de instrumentos de origem exótica como as marimbas (descendentes de um instrumento chamado balafom, trazido para a América por escravos africanos), gongos, tantans e campanas asiá-ticas, bem como tambores inspirados em culturas africanas. O ruído, algo que a música de concerto sempre tentou eliminar — ou ao menos atenuar —, foi sendo gradualmente incorporado à composição.
O movimento futurista, na virada do século XX, elevou o ruído à categoria de som musical: Luigi Russolo (1885-1947), que também era pintor, criou uma orquestra de ruídos (intonarumori), para a qual escreve partituras e cria escalas, classificando seus instrumentos em famílias sonoras definidas. Nesse momento, a percussão toma a cena: por vezes se torna pulsante, quase selvagem, como na Sagração da primavera (1913), de Stravinsky (1882-1971); em outras ocasiões é sutil e controlada, como em Música para cordas, percussão e celesta, de Bartók (1881-1945), que também nos dará sua Sonata para dois pianos e percussão. Pode ser anedótica, descritiva, como no balé Parade (1913), de Satie (1866 -1925), que inclui efeitos sonoros como sirenes, tiros de pistola e uma máquina de escrever. Debussy (1862-1918) explorou a sutileza de seu colorido orquestral em obras como La mer (1905); George Antheil (1900-59), em alguma medida inspirado nas ideias dos futuristas, causou grande agitação quando compôs seu Ballet mécanique (1923) para pianolas e diversos instrumentos de percussão.
Tudo isso poderia integrar uma espécie de “pré-história” da percussão. Hoje, o re-pertório é tão vasto quanto variado — esses instrumentos não desempenham mais um papel secundário na paleta instrumental, mas são protagonistas de diversas composições. O início da “história” da percussão contemporânea é geralmente as-sociado à Ionisation (1931) de Edgar Varèse (1883-1965), para grupo de percussão. O compositor francês é responsável por um repertório conciso (a gravação de suas obras completas ocuparia pouco mais que dois CDs), mas que influenciou — e continua influenciando — gerações sucessivas de músicos. A peça gerou impacto em sua estreia, em 1933, dirigida por Nicolas Slominski, regente, compositor, crítico e incansável incentivador da música de seu tempo. A partitura é escrita para treze percussionistas que tocam mais de trinta instrumentos e revela a brilhante explo-ração de relações entre texturas e timbres que domina a obra de Varèse. Tornou-se um marco não apenas por ser uma das primeiras peças escritas exclusivamente para instrumentos de percussão, mas porque revela um consistente trabalho de orquestração e musicalidade.
Essa consistência acabou por ofuscar experiências semelhantes feitas antes mesmo de Ionisation, como as Rítmicas nº. 5 e 6 (1930) do franco-cubano Amadeo Roldán (1900-39), escritas para grupo de percussão com instrumentos e ritmos cubanos. Compositores da costa oeste norte-americana, especialmente Henry Cowell (1897-1965) com Ostinato pianissimo, de 1934, e Lou Harrison (1917-20013), com Canticle no. 1 para cinco percussionistas, de 1939, e Fugue for percussion, de 1941, também contribuíram para o protagonismo da percussão.
John Cage (1912-92) foi, porém, o artista que deixou um dos maiores legados da primeira metade do século XX. Suas três Constructions (1939, 1940 e 1941) e depois Amores (1943) permanecem como obras seminais de um escrita que passa a explorar as particularidades e diversidade de combinação, articulação e textura oferecidas por essa família de instrumentos. Estava pavimentado o terreno que veio consolidar a percussão dentro da tradição de música de concerto ocidental. A orquestra sinfônica incorporou um naipe estável de musicistas, cujos instrumentos foram definitivamente integrados ao repertório de música de câmara.
***
Os dois programas selecionados pelo Grupo de Percussão Li Biao refletem o caráter múltiplo que a percussão oferece — uma de suas mais notáveis qualidades diz respeito à diversidade estilística que realça a versatilidade desse instrumental. De transcrições de obras clássicas a composições contemporâneas voltadas para a exploração das singularidades da percussão, passando por recriações de músicas populares, as peças apresentadas em ambos os concertos oferecem uma visão do amplo espectro que o grupo de percussão pode ocupar dentro da produção musical atual. Apesar dessa diversidade, pode-se observar uma clara unidade nos dois concertos: são peças que salientam as sonoridades dos instrumentos de altura definida — marimba, vibrafone, xilofone — em detrimento dos instrumentos que não produzem notas afinadas, como tambores, pratos e, na verdade, a maioria dos instrumentos percussivos.
Dois dos compositores são referências para o repertório: Steve Reich (1936) e Bob Becker (1947). Reich é uma das figuras centrais da música experimental norte--americana. Embora seu nome esteja frequentemente associado ao surgimento do minimalismo, um estilo voltado para o uso repetitivo de motivos musicais curtos, o alcance de seu trabalho é muito mais extenso. Em contraste com a complexidade da música de vanguarda dos anos de 1960 e 1970, parte significativa de suas composições está baseada na ideia de desenvolvimento processual. Na prática, o compositor busca tornar audíveis os elementos formais e estruturais da composição. A repetição tem um papel importante nesse jogo, pois possibilita ao ouvinte seguir, passo a passo, o desenvolvimento do material musical. Uma das propostas de Reich para alcançar esse objetivo é a ideia de defasagem (phase shift), cujo princípio é simples: um mesmo motivo é tocado repetidamente por vários musicistas. Enquanto um deles mantém um andamento rigidamente estável, os outros criam pequenas 11
acelerações. Essas sutis mudanças de tempo produzem uma situação particular — embora todos os músicos toquem o mesmo motivo, cada um deles o faz com uma pequena defasagem temporal, elaborando combinações variadas e ao mesmo tempo muito orgânicas do mesmo material musical. Este é um dos princípios que regem a peça Música para peças em madeira (1973), de Reich, considerada um clássico do repertório para percussão.
Também merece atenção a peça Mudra (1990), do norte-americano Bob Becker. Além de compositor, Becker é um percussionista reconhecido internacionalmente por ter sido membro fundador do Nexus, um dos mais importantes grupos de percussão já surgidos. Lembrando que Becker integrou o Steve Reich Ensemble, grupo criado especialmente para interpretar as peças de Reich, não parece mera coincidência que Mudra mantenha grande proximidade com as composições processuais e repetitivas de Reich. Neste quinteto para percussão, o compositor aproxima o pulso das bandas marciais aos estilos inspirados na música hindustani. Uma atmosfera estática é gerada pelos instrumentos melódicos com motivos que lembram as tradições da música do norte da Índia, contrastando com a atuação pulsante dos tambores — com destaque para a caixa-clara, que remete aos sons das tablas indianas. Os programas trazem também duas obras peculiares: são as recriações do Concerto em ré maior de Vivaldi e o do Concerto italiano BWV 971 de J. S. Bach. Os três séculos que separam essas peças das outras obras programadas pelo Li Biao não ameaçam, como pode parecer à primeira vista, a unidade do programa. Pelo contrário. Ocorre que a escrita polifônica e articulada da música barroca é bastante beneficiada por sua reinterpretação nos instrumentos de percussão. Além disso, a regularidade rítmica das peças funciona muito bem com a articulação percussiva e, em alguma medida, elas se aproximam das peças de Reich e Becker.
A ideia de recriação ou a realização de arranjos é prática corrente nos concertos de percussão. Levando-se em conta que o repertório de música de câmara escrito especificamente para esses instrumentos começou a ser realizado há pouco mais de oitenta anos, é natural que se busque adaptar peças de outros estilos e épocas. Além disso, há uma proximidade inegável desses instrumentos com as músicas populares e folclóricas, como se pode ouvir, por exemplo, nos tangos contempo-râneos de Astor Piazzola (1821-1922) e nos ragtimes de George Hamilton Green Jr. (1893–1970). Green foi um virtuoso do xilofone, popularizando o instrumento nos Estados Unidos no início do século XX, com espetáculos que chegavam a reunir 12
alguns milhares de ouvintes. O timbre penetrante e a articulação precisa contribuí-ram para tornar esse instrumento perfeito para realizar as rápidas e ornamentadas melodias dos ragtimes — gênero considerado como um dos elementos fundadores do jazz. Outra coincidência importante observada nas peças programadas é o fato de o grupo de percussão Nexus, fundado por Bob Becker, ter sido justamente o responsável pela sobrevivência da popularidade de Green no final dos anos de 1970, pouco depois de sua morte. Hoje, seus ragtimes são obrigatórios na formação de qualquer percussionista.
Bacharel em percussão pela Unesp, Fernando Iazzetta é compositor e professor livre-docente na Universidade de São Paulo, onde se dedica à pesquisa nos campos da música experimental e da tecnologia musical.
Li Biao
Um artista que costuma levar plateias às lágrimas — assim a crítica costuma se referir a Li Biao, um dos raros solistas de percussão a atuar no cenário da música contemporânea mundial.
Nascido em Nanquim, na China, em 1969, Li Biao iniciou seus estudos musicais aos cinco anos de idade. Em 1982 entrou para o Conservatório Central de Música de Pequim para estudar percussão, e em 1988 foi o primeiro percussionista escolhido pelo governo chinês para frequentar o Conservatório Tchaikóvski, em Moscou. Após receber uma bolsa de estudos da Alemanha, o instrumentista deu sequência a seu aprendizado no Conservatório de Música de Munique, onde obteve o diploma de mestre.
Percussionista de habilidade espantosa, em seus concertos arrebatadores Li interpreta uma grande variedade de peças. Apresentou-se em mais de setenta países e tocou com grandes orquestras do mundo, entre elas a Orquestra Sin-fônica da Rádio da Baviera, a Ópera de Verona, a Orquestra Nacional de Lyon, a Orquestra de Câmara Franz Liszt, a Filarmônica da China e as sinfônicas de Pequim e Xangai; trabalhou ainda com regentes notáveis como Jonathan Nott, Christoph Eschenbach, Lawrence Foster e Mstislav Rostropovich.
O músico começou a ensinar no Conservatório Central de Pequim em 2003, e desde 2006 ministra aulas na Escola Superior de Música Hanns-Eisler em Berlim, da qual foi o primeiro percussionista asiático a receber o título de professor. Em 2010, Li Biao foi convidado para ser o diretor musical do Mercedes-Benz Inter-national Music Festival e, em 2012, a Orquestra Sinfônica de Pequim o nomeou artista-residente e regente, um cargo que até então não existia. Suas gravações já saíram por selos como EMI e Teldec.
Em 2005, foi fundado o Grupo de Percussão Li Biao — uma formação excepcio-nal que reuniu uma constelação de músicos talentosos em torno do percussio-nista, e tem se apresentado nos maiores festivais de arte e música do mundo. O grupo possui um repertório riquíssimo, que passa pela música clássica, o jazz e a música moderna e popular, com composições próprias ou inventivas interpretações de clássicos, servindo-se de mais de cem tipos de instrumentos.
DIVULGAÇÃO
Li Biao
Em 2008, Li Biao e seu grupo foram convidados a se apresentar na
ceri-mônia de encerramento do Jogos Olímpicos de Pequim e, em 2012, parti-ciparam do concerto das Olimpíadas de Londres. SAIBAMAIS
Alexander Glöggler
Alex Glöggler (1976) fez seus estudos de percussão clássica no Conservatório de Música de Munique, com Peter Sadlo — um dos mais renomados professores da atualidade.Tocou com a Orquestra Sinfô-nica da Rádio de Stuttgart, a Orquestra da Ópera de Stuttgart, e também com a Orquestra SinfôSinfô-nica da Rádio da Baviera, quando atuou sob a batuta de regentes como Lorin Maazel. Forma, com Philipp Jungk, o duo Double Drums, que em 2010 recebeu o Prêmio Nacional da Baviera.
Conrado Moya Sánchez
Vencedor, na categoria marimba, do concurso internacional ConUCOpercusión2mil11, promovido pela Universidade de Córdoba, Conrado (1989) estudou com a virtuose Katarzyna Mycka e com Li Biao. Apresenta-se internacionalmente em formações de câmara; em 2013, foi convidado a lecionar na Academia Internacional de Marimba Katarzyna Mycka.
Lukas Böhm
Lukas Böhm (1990), aluno de Li Biao na Escola Superior de Música Hanns Eisler, em Berlim, tocou, entre outras, com a Orquestra Filarmônica de Berlim e o Ensemble Modern. Integra, com Ni Fan, o duo Double Beats, que se apresenta na Europa e na Ásia.
Philipp Jungk
Philipp Jungk (1977) estudou percussão com Peter Sadlo, em Munique. Apresentou-se com a Filar-mônica e a Orquestra de Câmara de Munique, bem como com as sinfônicas das rádios da Baviera e de Stuttgart, tendo atuado com Lorin Maazel, Kent Nagano e Ennio Morricone, entre outros. Também faz parte do grupos Power! e Peter Sadlo e Amigos. Com Alex Glöller, tem o duo Double Dreams.
Ronni Kot Wenzell
Formado pela Academia de Música Carl Nielsen, na Dinamarca, Wenzell (1980) é hoje professor con-vidado do Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro. Além de marimba, vibrafone e percussão em geral, o instrumentista também se dedica ao teclado. Dá concertos e masterclasses internacionais, em instituições como a Juilliard, a NYU etc.
Rudolf Alexander Bauer
Rudi Bauer (1971) formou-se com Peter Sadlo, em Munique, tendo vencido inúmeros concursos quando estudante. Apresentando-se como solista em diferentes palcos europeus, integrou a Orquestra Sin-fônica da Rádio da Baviera, bem como a Orquestra SinSin-fônica de Munique. Além de atuar, desde 2006, com seu antigo colega de faculdade Li Biao, é membro do Grupo de Percussão Power!. É professor na Universidade de Música de Regensburg, na Alemanha.
Grupo de Percussão Li Biao
PATROCINADORES 2014
MASTER
PL ATINA
RE ALIZ AÇÃO OUVIRPARACRESCER
BRONZE
APOIO PRATA
MECENAS Adolpho Leirner Aluízio Rebello de Araújo Álvaro Luís Fleury Malheiros Antonio Hermann D. M. Azevedo Arsenio Negro Jr.
Beatriz Baumgart Tadini Bruno Alois Nowak Cláudio Thomaz Lobo Sonder Cristian Baumgart Stroczynski Cristina Baumgart
Erwin e Marie Kaufmann Fabio de Campos Lilla Gioconda Bordon Giovanni Guido Cerri Henri Philippe Reichstul Henri Slezynger e Dora Rosset Israel Vainboim
Jacques Caradec Jean Claude Ramirez José Carlos Evangelista José E. Queiroz Guimarães José Roberto Opice Karin Baumgart Srougi Lea Regina Caffaro Terra Marcelo Kayath
Marcos Baumgart Stroczynski Marisa e Jan Eichbaum Michael e Alina Perlman Minidi Pedroso MV Pratini de Moraes Nelson Nery Jr. Otto Baumgart Paulo Proushan Pedro Herz Pedro Stern Raul Sergio Hacker Roberto Baumgart Roberto e Luizila Calvo Rosa Maria de Andrade Nery Ursula Baumgart 1 Mecenas Anônimo
Ricard Takeshi Akagawa Ruth Lahoz Mendonça de Barros Ruy e Celia Korbivcher Ruy Souza e Silva e Fatima Zorzato Sandra Arruda Grostein Silvia e Fernando Carramaschi Stela e Jayme Blay Thomas Frank Tichauer Thomas Kunze Vivian Abdalla Hannud 4 Mantenedores Anônimos
BENFEITORES
Abram e Clarice Topczewski Alberto Emmanuel C. Whitaker Alfredo Rizkallah
Álvaro Oscar Campana Arnaldo Malheiros Calçados Casa Eurico Carlo Zuffellato Carlos Chagas Rodrigues Carlos P. Rauscher Cassio Casseb Lima Claudia Annunziata G. Musto Claudio Alberto Cury Claudio e Selma Cernea Danielle Leão e Fernando Lohmann Dario Chebel Labaki Neto Edith Ranzini Edson Eidi Kumagai Elias e Elizabeth Rocha Barros Elisa Wolynec
Eric Alexander Klug Eugenio Suffredini Neto Fernando de Azevedo Corrêa Fernando K. Lottenberg Francisco J. de Oliveira Jr. Francisco Montano Filho
Galícia Empreend. e Participações Ltda. Heinz J. Gruber
Helio e Livia Elkis
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Agradecemos a todos que contribuem para tornar realidade os espetáculos e projetos educativos promovidos pela Cultura Artística.
Lis ta a tualiz ada em 1 9 de maio de 2 01 4. MANTENEDORES
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Alexandre e Silvia Fix
Ana Maria Igel e Mario Higino Leonel Antonio Ailton Caseiro
Antonio Carlos Barbosa de Oliveira Antonio Carlos de Araújo Cintra Antonio Corrêa Meyer Antonio Kanji Augusto Livio Malzoni Carmo e Jovelino Mineiro Claudia Helena Plass Cleide e Luiz Rodrigues Corvo Editora Schwarcz S. A. Eduardo Secchi Munhoz Fernando Eckhardt Luzio Francisco Humberto de Abreu Maffei Hélio Arthur Bacha
Henrique e Michelle Tichauer Henrique Meirelles Jayme e Tatiana Serebrenic Jayme Bobrow
Jayme Sverner José e Priscila Goldenberg José M. Martinez Zaragoza José Roberto Mendonça de Barros Livio De Vivo
Lucia Hauptman Luís Stuhlberger
Marcelo Pereira Lopes de Medeiros Maria Adelaide Amaral
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Mario Roberto Rizkallah Michael Haradom Mity Hori Kato Nélio Garcia de Barros Nelson Vieira Barreira Nilza e Luiz Werner Oscar Lafer
Patrícia Upton e Nelson Ascher Paulo Cezar Aragão Paulo Roberto Pereira da Costa Pedro Spyridion Yannoulis Percival Lafer Raul Correa da Silva
Regina Weinberg Renata e Sergio Simon Ricardo Bohn Gonçalves Rubens Halaban Sergio Luiz Macera Suzana Pasternak Teli Penteado Cardoso Thyrso Martins
Ulysses de Paula Eduardo Jr. Vavy Pacheco Borges Vera Fernandes Hachich Walter Ceneviva Wilma Kövesi (i.m.) 12 Benfeitores Anônimos
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André Guyvarch Andrea Sandro Calabi Anna Veronica Mautner Antonio Cardoso Arnoldo Wald Beatriz Botelho Hime Beatriz Garcez Lohmann Carmen Guarini
Cassio Augusto Macedo da Silva Chang L. Sih
Daniela e Frederico Carramaschi Dario e Regina Guarita Eduardo Liborio Menniti Eliana Regina Marques Zlochevsky Fábio Konder Comparato Giancarlo Gasperini
Gustavo Henrique Machado de Carvalho Irene Abramovich
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Jorge Takla José Carlos Dias José Francisco Kerr Saraiva Karen Macknow Lisboa e Claudio Struck Lilia Katri Moritz Schwarcz Lilia Salomão
Luiz Augusto de Queiroz Ablas Luiz Eugenio Mello Luiz Gonzaga Marinho Brandão Luiz Schwarz
Marcello D. Bronstein Marcelo Mansur Levy Marcos de Carvalho Garibello Maria Amália Sá Moreira Maria Helena Peres Oliveira Marilene Rezende Melo Marta D. Grostein Martha Rosemberg Mauro André Mendes Finatti Olavo Setúbal Jr. Oscar Nestarez Paulo Emilio Pinto Ricardo A. E. Mendonça Ricardo Di Rienzo Ricardo e Suzanne Gallo Rodrigo Octavio Broglia Mendes Rogério Woisky
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Adolpho Leirner Affonso Celso Pastore Agência Estado Aggrego Consultores Airton Bobrow Alexandre e Silvia Fix Alfredo Egydio Setubal Alfredo Rizkallah Álvaro Luís Fleury Malheiros Ana Maria Levy Villela Igel Antonio Carlos Barbosa de Oliveira Antonio Carlos de Araújo Cintra Antonio Corrêa Meyer Arnaldo Malheiros Arsenio Negro Jr.
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Editora Pinsky Ltda. Elias Victor Nigri Elisa Wolynec EMS
Erwin e Marie Kaufmann Eurofarma
Fabio de Campos Lilla Fanny Ribenboin Fix Fernando Eckhardt Luzio Fernão Carlos Botelho Bracher Festival de Salzburgo Flávio e Sylvia Pinho de Almeida Francisca Nelida Ostrowicz Francisco H. de Abreu Maffei Fundação Filantrópica Arymax Gerard Loeb
Gioconda Bordon Giovanni Guido Cerri Heinz J. Gruber Helga Verena Maffei Henri Philippe Reichstul Henri Slezynger Henrique Meirelles Idort/ SP Israel Vainboim Jacques Caradec Jairo Cupertino Jayme Bobrow Jayme Sverner
Joaquim de Alcântara Machado de Oliveira Jorge Diamant
José Carlos e Lucila Evangelista José E. Queiroz Guimarães José Ephim Mindlin Jose Luiz Egydio Setubal José M. Martinez Zaragoza José Roberto Mendonça de Barros José Roberto Opice
Jovelino Carvalho Mineiro Filho Katalin Borger
Lea Regina Caffaro Terra Leo Madeiras Livio De Vivo Luís Stuhlberger
PRINCIPAIS DOADORES (R$ 5.000,00 ou mais)
Agradecemos a todos que têm contribuído, de diversas maneiras, para o esforço de construção do novo Teatro Cultura Artística.
Luiz Diederichsen Villares Luiz Gonzaga Marinho Brandão Luiz Rodrigues Corvo
Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados Mahle Metal Leve
Maria Adelaide Amaral Maria Alice Setubal Maria Bonomi
Maria Helena de Albuquerque Lins Marina Lafer
Mário Arthur Adler Martha Diederichsen Stickel Michael e Alina Perlman Milú Villela
Minidi Pedroso Moshe Sendacz Natura
Neli Aparecida de Faria Nelson Reis Nelson Vieira Barreira Oi Futuro
Oswaldo Henrique Silveira Otto Baumgart Indústria e Comércio Paulo Bruna
Paulo Setubal Neto Pedro Herz Pedro Pullen Parente Pinheiro Neto Advogados Polierg Tubos e Conexões Polimold Industrial S.A. Porto Seguro Raphael Pereira Crizantho Ricard Takeshi Akagawa Ricardo Egydio Setubal Ricardo Feltre Ricardo Ramenzoni Richard Barczinski Roberto Baumgart
Gostaríamos de agradecer também as doações de mais de 200 empresas e indivíduos que contribuíram com até R$ 5.000,00. Lamentamos não poder, por limitação de espaço, citá-los nominalmente.
Roberto Egydio Setubal Roberto e Luizila Calvo Ruth Lahoz Mendonça de Barros Ruy e Celia Korbivcher Salim Taufic Schahin Samy Katz
Sandor e Mariane Szego Santander
São José Construções e Comércio (Constr. São José) Silvia Dias Alcântara Machado
Stela e Jayme Blay Suzano Tamas Makray Theodoro Jorge Flank Thomas Kunze Thyrso Martins Unigel Ursula Baumgart Vale
Vavy Pacheco Borges Vitor Maiorino Netto Vivian Abdalla Hannud
Volkswagen do Brasil Ind. de Veículos Automotores Ltda. Wolfgang Knapp
Yara Baumgart 4 Doadores Anônimos
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8 e 9 de abril
Nelson Freire PIANO
12 e 13 de maio
Orquestra Sinfônica da Rádio da Baviera
Mariss Jansons REGÊNCIA
Mitsuko Uchida PIANO
27 e 28 de maio
Quarteto Emerson
2 e 3 de junho
Grupo de Percussão Li Biao
11 e 13 de agosto
Elisso Virsaladze PIANO
24 e 25 de agosto
Joyce DiDonato MEZZOSOPRANO
8 e 9 de setembro
Orquestra Filarmônica de Dresden
Michael Sanderling REGÊNCIA
Carolin Widmann VIOLINO
14 e 17 de setembro
Orquestra Sinfônica de Lucerna
James Gaffigan REGÊNCIA
Renaud Capuçon VIOLINO
8 e 11 de outubro
Orquestra de Câmara de Basileia
Giovanni Antonini REGÊNCIA
Sol Gabetta VIOLONCELO
11 e 13 de novembro
Ensemble Artaserse
Philippe Jaroussky CONTRATENOR