• Nenhum resultado encontrado

Perfil epidemiológico da espondiloartrite de início juvenil comparada com a espondiloartrite de início na vida adulta em uma grande coorte brasileira.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Perfil epidemiológico da espondiloartrite de início juvenil comparada com a espondiloartrite de início na vida adulta em uma grande coorte brasileira."

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

REVISTA

BRASILEIRA

DE

REUMATOLOGIA

www . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r

Artigo

original

Perfil

epidemiológico

da

espondiloartrite

de

início

juvenil

comparada

com

a

espondiloartrite

de

início

na

vida

adulta

em

uma

grande

coorte

brasileira

Angela

P.

Duarte

a

,

Cláudia

D.L.

Marques

a

,

Adriana

B.

Bortoluzzo

b

,

Célio

R.

Gonc¸alves

c

,

José

Antonio

Braga

da

Silva

d

,

Antonio

Carlos

Ximenes

e

,

Manoel

B.

Bértolo

f

,

Sandra

Lúcia

E.

Ribeiro

g

,

Mauro

Keiserman

h

,

Thelma

L.

Skare

i

,

Sueli

Carneiro

j,k

,

Rita

Menin

l

,

Valderilio

F.

Azevedo

m

,

Walber

P.

Vieira

n

,

Elisa

N.

Albuquerque

k

,

Washington

A.

Bianchi

o

,

Rubens

Bonfiglioli

p

,

Cristiano

Campanholo

q

,

Hellen

M.S.

Carvalho

r

,

Izaias

P.

Costa

s

,

Charles

L.

Kohem

t

,

Nocy

Leite

u

,

Sonia

A.L.

Lima

v

,

Eduardo

S.

Meirelles

w

,

Ivânio

A.

Pereira

x

,

Marcelo

M.

Pinheiro

y

,

Elizandra

Polito

z

,

Gustavo

G.

Resende

aa

,

Francisco

Airton

C.

Rocha

bb

,

Mittermayer

B.

Santiago

cc

,

Maria

de

Fátima

L.C.

Sauma

dd

,

Valéria

Valim

ee

e

Percival

D.

Sampaio

Barros

c,∗

aUniversidadeFederaldePernambuco,Recife,PE,Brasil

bInsperInstitutodeEducac¸ãoePesquisa,SãoPaulo,SP,Brasil

cDivisãodeReumatologia,FaculdadedeMedicinadaUniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil

dUniversidadedeBrasília,Brasília,DF,Brasil

eHospitalGeraldeGoiânia,Goiânia,GO,Brasil

fUniversidadedeCampinas,Campinas,SP,Brasil

gUniversidadeFederaldoAmazonas,Manaus,AM,Brasil

hPontifíciaUniversidadeCatólica,PortoAlegre,RS,Brasil

iHospitalEvangélicodeCuritiba,Curitiba,PR,Brasil

jUniversidadeFederaldoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,RJ,Brasil

kUniversidadeEstadualdoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,RJ,Brasil

lFaculdadedeMedicinadeSãoJosédoRioPreto,SãoJosédoRioPreto,SP,Brasil

mUniversidadeFederaldoParaná,Curitiba,PR,Brasil

nHospitalGeraldeFortaleza,Fortaleza,CE,Brasil

oSantaCasadoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,RJ,Brasil

pPontifíciaUniversidadeCatólica,Campinas,SP,Brasil

qSantaCasadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil

rHospitaldeBasedoDistritoFederal,Brasília,DF,Brasil

sUniversidadeFederaldoMatoGrossodoSul,CampoGrande,MS,Brasil

tUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul,PortoAlegre,RS,Brasil

uFaculdadedeMedicinaSouzaMarques,RiodeJaneiro,RJ,Brasil

Autorparacorrespondência.

E-mail:pdsampaiobarros@uol.com.br(P.D.S.Barros). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.06.005

(2)

vHospitaldoServidorPúblicoEstadual,SãoPaulo,SP,Brasil

wInstitutodeOrtopediaeTraumatologia,UniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil

xUniversidadeFederaldeSantaCatarina,Florianópolis,SC,Brasil

yUniversidadeFederaldeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil

zSantaCasadeBeloHorizonte,BeloHorizonte,MG,Brasil

aaUniversidadeFederaldeMinasGerais,BeloHorizonte,MG,Brasil

bbUniversidadeFederaldoCeará,Fortaleza,CE,Brasil

ccEscoladeMedicinaeSaúdePública,Salvador,BA,Brasil

ddUniversidadeFederaldoPará,Belém,PA,Brasil

eeUniversidadeFederaldoEspíritoSanto,Vitória,ES,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem15dedezembrode 2013

Aceitoem2dejunhode2014 On-lineem28desetembrode2014

Palavras-chave:

Espondiloartritedeiníciojuvenil Populac¸ãobrasileira

Epidemiologia

Artritecrônicanainfância Artriterelacionadaàentesite

r

e

s

u

m

o

Objetivo:Analisarascaracterísticasclínicaseepidemiológicasdasespondiloartrites(EpA) deiníciojuvenil(<16anos)ecompará-lascomumgrupodepacientescomEspAdeinício navidaadulta(≥16anos).

Pacientesemétodos:Coorteprospectiva,observacionalemulticêntricacom1.424pacientes comdiagnósticodeEspAdeacordocomoEuropeanSpondyloarthropathyStudyGroup(ESSG) submetidosaumprotocolocomumdeinvestigac¸ãoerecrutadosem29centrosdereferência participantesdoRegistroBrasileirodeEspondiloartrites(RBE).Ospacientesforamdivididos emdoisgrupos:idadenoinício<16anos(grupoEspAiJ)eidadenoinício≥16anos. Resultados: Entreos1.424pacientes,235manifestaramoiníciodadoenc¸aantesdos16anos (16,5%).AsvariáveisclínicaseepidemiológicasassociadascomaEspAiJforam:gênero mas-culino(p<0,001),artriteemmembroinferior(p=0,001),entesite(p=0,008),uveíteanterior (p=0,041)eHLA-B27positivo(p=0,017),emassociac¸ãocomescoresmaisbaixosde ativi-dadedadoenc¸a(BathAnkylosingSpondylitisDiseaseActivityIndex–BASDAI;p=0,007)ede capacidadefuncional(BathAnkylosingSpondylitisFunctionalIndex–BASFI;p=0,036).A pso-ríasecutânea(p<0,001),adoenc¸ainflamatóriaintestinal(p=0,023),adactilite(p=0,024)e oenvolvimentoungueal(p=0,004)forammaisfrequentesempacientescomEspAdeinício navidaadulta.

Conclusões:Nessagrandecoortebrasileira,ospacientescomEspAiJsecaracterizavam predo-minantementepelogêneromasculino,envolvimentoperiférico(artriteeentesite),HLA-B27 positivoeescoresdedoenc¸amaisbaixos.

©2014ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.

Epidemiologic

profile

of

juvenile-onset

compared

to

adult-onset

spondyloarthritis

in

a

large

Brazilian

cohort

Keywords:

Juvenile-onsetspondyloarthritis Brazilianpopulation

Epidemiology

Chronicarthritisinchildhood Enthesitis-relatedarthritis

a

b

s

t

r

a

c

t

Objective:Toanalyzetheclinicalandepidemiologiccharacteristicsofjuvenile-onset spondy-loarthritis(SpA)(<16years)andcomparethemwithagroupofadult-onset(≥16years)SpA patients.

Patientsandmethods:Prospective,observationalandmulticentriccohortwith1,424patients withthediagnosisofSpAaccordingtotheEuropeanSpondyloarthropathyStudyGroup (ESSG)submittedtoacommonprotocolofinvestigationandrecruitedin29reference cen-tersparticipantsoftheBrazilianRegistryofSpondyloarthritis(RBERegistroBrasileirode Espondiloartrites).Patientsweredividedintwogroups:ageatonset<16years(JOSpAgroup) andageatonset≥16years(AOSpAgroup).

(3)

Conclusions: PatientswithJOSpAinthislargeBraziliancohortwerecharacterized predomi-nantlybymalegender,peripheralinvolvement(arthritisandenthesitis),positiveHLA-B27 andlowerdiseasescores.

©2014ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.

Introduc¸ão

Emsuamaioria,ospacientescomespondiloartrite(EspA)são acometidospela doenc¸a navida adulta.Aidentificac¸ão da EspA de iníciojuvenil (EspAiJ) pode sertarefa desafiadora, poismuitospacientesapresentamasmanifestac¸õesclássicas dadoenc¸aentreaterceiraeaquartadécadasdevida.Não obstante,considerandoqueaEspApodeseiniciar emuma idadepediátrica,éimportantequeessadoenc¸aseja diagnosti-cadaprecocemente,oquecontribuiparaqueseevitemdanos estruturaiseaconsequenteincapacidadefuncionalnavida adulta.1

Namaiorpartedoscasos,ospacientescomEspAiJpodem apresentarumtipoindiferenciadodadoenc¸a,caracterizado pelapresenc¸adeartriteperiférica, entesiteeenvolvimento doquadril,oquecontrastacomospacientescomadoenc¸ade inícionavidaadulta,quemaisfrequentementemanifestam asqueixasaxiaiscaracterísticasdaEspA.Como consequên-ciadessasmanifestac¸ões,aEspAiJpodeserconfundidacom outrasmodalidadesdeartritejuvenil.2

Atualmente,oscritériosdeclassificac¸ãoparaEspAiJestão incluídos nos critérios da International League Against Rheu-matism(ILAR)paraartriteidiopáticajuvenil.Muitoscasosde EspAiJpodem ser consideradoscomo artriterelacionada à entesite(ARE),casoapresentemartritee/ouentesite associ-adasapelomenosduasdasseguintesvariáveis:(1)presenc¸a ouhistóriadedoràpalpac¸ãonaarticulac¸ãosacroilíacae/ou dorlombossacralinflamatória;(2)presenc¸adoantígeno HLA--B27;(3)iníciodaartriteemumindivíduodogêneromasculino commaisde6anosdeidade;(4)uveíteanteriorsintomática aguda;(5)históriadeespondiliteanquilosante,artrite relacio-nadaàentesite,sacroiliítecomdoenc¸ainflamatóriaintestinal (DII),artritereativaouuveíteanterioragudaemumparente deprimeirograu. Oscritériosdeexclusãoincluempsoríase ouhistóriadepsoríasenopacienteouemumparentede pri-meirograu; fatorreumatoidepositivo empelo menosduas ocasiõesemumintervalodetrêsmeses;ouartriteidiopática juvenilsistêmica.3 Naverdade,ospacientes diagnosticados comotendoartriterelacionadaàentesitedeacordocomos critériosatuaisdeclassificac¸ãoparaartriteidiopáticajuvenil daILARpodemrepresentarcasosiniciaisdeEspAiJ.

Recentemente,aproposic¸ãodoscritériosdeclassificac¸ão para EspA periférica pode incluir muitos pacientes jovens

com artrite indiferenciada ou ARE no grupo de EspA.4

OconceitomodernodeEspAperiféricapreconizaque paci-entescom artriteou entesiteou dactilitecom pelo menos uma (uveíte anterior; psoríase; doenc¸a de Crohn ou colite ulcerativa;infecc¸ãoprecedente;HLA-B27positivo;sacroiliíte nosexamesdeimagem)ouduas(artrite;entesite;dactilite; lombalgia inflamatória de algum tipo; história familiar de EspA)característicasdevam serdiagnosticadoscomo tendo EspA.

Osprincipaisobjetivosdesseartigosãoanalisaras carac-terísticasclínicaseepidemiológicasdepacientescomEspAiJ emumagrandecoortedepacientescomEspA,ecompará-las comascaracterísticasapresentadasporpacientescomEspA deinícionavidaadultadamesmacoorte.

Métodos

Trata-sede umacoorteprospectiva, observacionale multi-cêntrica depacientes comEspAconsecutivosrecrutadosde 29 centrosde referência participantes do RBE. Todos esses pacientescomEspA,provenientesdascincoprincipaisregiões geográficas no Brasil, foram classificadosde acordo com o ESSG.5Osdadosforamcoletadosdejunhode2006até dezem-bro de 2009. O Registro Brasileiro de Espondiloartrites faz partedogrupoRESPONDIA,constituídopornovepaíses latino--americanos (Argentina, Brasil, Costa Rica, Chile, Equador, México, Peru, Uruguaie Venezuela) e pelos dois países da penínsulaIbérica(EspanhaePortugal).

No presente estudo, aplicou-se um protocolo comum

de investigac¸ão a 1.424 pacientes com EspA. O paciente era diagnosticado com espondilite anquilosante se aten-desseaoscritériosmodificadosdeNovaYork6ecomartrite psoriática se atendesse aos critérios de Moll e Wright;7 diagnosticou-seartritereativaseopacientemanifestasseuma oligoartriteinflamatóriaassimétricadosmembrosinferiores, em associac¸ão auma entesopatiae/ou lombalgia inflama-tória subsequente a uma infecc¸ão enteral ou urogenital,;8 diagnosticou-se artriteenteropática seo paciente apresen-tasseenvolvimentoinflamatórioarticularaxiale/ouperiférico emassociac¸ãoaumadoenc¸aDII(doenc¸adeCrohnoucolite ulcerativa)confirmada.

Ospacientesforamdivididosemdoisgrupos:EspAiJ,seo pacientetivessemanifestadoseussintomasdeEspAcom<16 anos,eEspAdeinícionavidaadultaseadoenc¸ativesseseu inícionopacientecom≥16anosdeidade.

Coletaram-se dados demográficos e clínicos, incluindo a durac¸ão da doenc¸a, as manifestac¸ões extra-articulares

e o tratamento. Registrou-se também a velocidade de

hemossedimentac¸ão(VHS)eosvaloresdeproteínaCreativa (PCR).

(4)

Tabela1–Associac¸õesentreasvariáveisclínico-epidemiológicaseaidadenamanifestac¸ãoinicialdaEspA(antese depoisdos16anosdeidade)em1.424pacientes

Variáveis Idadenamanifestac¸ãoinicialdossintomas pa

<16anos ≥16anos

n=235 % n=1189 %

Gênero <0,001

Masculino 202 86,0 839 70,6

Feminino 33 14,0 350 29,4

Etnia 0,621

Brancos 121 51,5 686 57,7

Nãobrancos 114 48,5 503 42,3

Dorlombarinflamatória 142 60,4 827 69,6 0,006

Dornasnádegas 81 34,5 396 33,3 0,730

Dorcervical 60 25,5 387 32,5 0,034

Dornoquadril 71 30,2 294 24,7 0,078

Artritedemembroinferior 140 59,6 563 47,4 0,001

Artritedemembrosuperior 47 20,0 274 23,0 0,307

Entesite 137 58,3 581 48,9 0,008

Dactilite 17 7,2 147 12,4 0,024

HLA-B27b 82 79,6 396 67,9 0,024

Uveíteanterior 59 25,1 229 19,3 0,041

Doenc¸aintestinalinflamatória 4 1,7 61 5,1 0,021

Psoríase 9 3,8 245 20,6 <0,001

Envolvimentoungueal 11 4,7 129 10,8 0,004

Balanite 11 4,7 37 3,1 0,223

a 2.

b Calculadopara103(<16anos)e583(16anos)pacientes.

AnáliseEstatística:Asvariáveiscategóricasforam compara-daspelostestesde␹2eexatodeFisher.Asvariáveiscontínuas

foramcomparadaspeloANOVA.Considerou-secomo signifi-cativoumvalordep<0,05,eum0,05>p>0,10foiconsiderado comoumatendênciaasignificânciaestatística.

Resultados

Entre os 1.424 pacientes com EspA, 235 referiram início da doenc¸a antes dos16 anos (16,5%). Na ocasião emque foramavaliadosparaoprotocolodeEspA,apenas3,0%dos

pacientes tinham menos de 16 anos. Os pacientes

diag-nosticadoscomEspAiJapresentavamatrasosignificativono diagnóstico (10,02±9,28 anosvs. 5,84±7,27 anos; p<0,001) emcomparac¸ãocomospacientescom doenc¸adeiníciona vidaadulta.Nomomentodainvestigac¸ãoclínica,ospacientes comEspAiJeramsignificativamentemaisjovens(32,53±11,78 anos)doqueospacientescomEspAdeinícionavidaadulta (44,51±11,94anos)(p<0,001).

Asvariáveisclínicaseepidemiológicasassociadascoma EspAiJforam:gêneromasculino(p<0,001),artritedemembros inferiores (p=0,001), entesite (p=0,008) eHLA-B27 positivo (p=0,017).Adorinflamatórianascostas(p=0,006),dor cer-vical(p=0,034)eadactilite(p=0,024)forammaisfrequentes empacientescomEspA deinícionavidaadulta (tabela1). Aetniafoisimilarnosdoisgruposdeidade.

Aoseestudarasmanifestac¸õesextra-articulares,auveíte anterior(p=0,041)estavaassociadacomaEspAiJ,enquantoa psoríasecutânea(p<0,001),adoenc¸ainflamatóriaintestinal

(p=0,023)eoenvolvimentoungueal(p=0,004)estavam asso-ciadosàEspAdeinícionavidaadulta(tabela1).

Aanálisedoexamefísicodemonstrouqueaquantidade média de articulac¸ões dolorosas (3,40±6,99 vs. 3,83±7,52; p=0,423), a quantidade média de articulac¸ões inchadas (1,19±3,73 vs. 1,58±4,62; p=0,183), bem como os escores médios do instrumento MASES (2,04±2,89 vs. 2,17±3,02; p=0,548)foramsimilaresnosdoisgrupos.

Osíndicesdedoenc¸aindicaramqueaatividadedadoenc¸a (BASDAI;p=0,007)eacapacidadefuncional(BASFI;p=0,036)

foram melhores no grupo EspAiJ, enquanto os escores do

ASQoL(p=0,088)nãoapresentaramumadiferenc¸a estatisti-camentesignificativa(fig.1).

Discussão

Ascaracterísticasclínicasdosindivíduosdessacoorteexibiam concordânciacomadescric¸ãoclássicadaEspAiJ:3 predomi-nânciadogêneromasculino,HLA-B27positivoeenvolvimento periférico caracterizadoporartriteeentesitedosmembros inferiores. Essascaracterísticas também concordam com o conceitodeEspAperiférica.4

Quase todos os estudos sobre EspAiJ analisam, na ver-dade,aespondilite anquilosantejuvenil.14–19 Nesseestudo, observa-seapredominânciaestatísticadogêneromasculino empacientescomEspAiJ.Outrosestudosrecentesobservaram aprevalênciadegênerosimilaremsuascoortesnoCanadá e na China,14,15 enquanto Gensler et al. nos Estados

Uni-dosdemonstraramumatendênciaemapresentarummaior

(5)

BASFI 4,23

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

4,67

p = 0,036 p = 0,007

p = 0,000

p = 0,000

p = 0,000

p = 0,088

3,82 4,29

8,63

6,82 6,85

5,8

1,81

1,06

7,24 7,9

BASDAI BASRI

Index

≤ 16 anos > 16 anos

BASRI-SPINE BASRI-HIP ASQoL

Figura1–Escoresmédiosdeíndicedeatividadedadoenc¸a(BASDAI),índicefuncional(BASFI)eíndicedequalidadedevida (ASQoL)nogrupodeEspAdeiníciojuvenil(EspAiJ),comparadocomogrupodepacientescomEspAdeinícionavidaadulta. ASQoL,AnkylosingSpondylitisQualityofLife;BASDAI,BathAnkylosingSpondylitisDiseaseActivityIndex;BASFI,Bath AnkylosingSpondylitisFunctionalIndex.

A EspAiJ e a EspA de início na vida adulta, particular-menteaespondiliteanquilosante,podemdiferiremalguns aspectosclínicos,masnãoháevidênciasdequepossamser consideradascomosendo doenc¸asdiferentes.Asprincipais diferenc¸as residem na manifestac¸ão da doenc¸a. Diferente-mentedoqueocorre nospacientes com EspAde iníciona vidaadulta,ascrianc¸aseadolescentescomEspAiJ

frequen-temente percebem o início dos sintomas da doenc¸a com

queixas periféricas (artrite eentesite de membros inferio-res),evoluindopara sintomasaxiais depois de 5a10 anos de seguimento.14–20 No presente estudo, os autores verifi-caramumafrequênciasignificativade artriteeentesitede membrosinferiores empacientes com EspAiJ.Esse estudo tambémdemonstrouquehouveatrasosignificativono diag-nósticodeEspAiJ,emcomparac¸ãocomospacientescomEspA deinícionavidaadulta;supõe-sequeesseatrasoesteja asso-ciadoàmanifestac¸ãoclínicafrequentementeindiferenciada daEspAiJemcrianc¸aseadolescentes.

No que diz respeito às manifestac¸ões extra-articulares, opresenteestudoconstatou queauveíteanteriorfoi mais comumnogrupocomEspAiJ,enquantoapsoríase,o envol-vimento ungueal e a doenc¸a inflamatória intestinal foram maisfrequentesnogrupocomEspAdeinícionavidaadulta. Esses achados sãosimilares aosresultados observados em outrascoortes.14,19,21EmumestudorealizadonaTurquia,a uveítefoiencontradaem11,6%dospacientescomartrite idi-opáticajuvenil,mantendorelac¸ão comaforma clínica,em associac¸ãocomasformasoligoarticular(prolongadae persis-tente)epsoriásica.21

AfrequênciadeHLA-B27positivonogrupocomEspAiJfoi significativamentemaisaltaemcomparac¸ãocomopercentual

observadonogrupodeEspAdeinícionavidaadulta.Esses resultadosforamparecidoscomosdeoutrosestudos, inclu-siveempopulac¸ões europeiaseasiáticas,21–23 econfirmam

que o HLA-B27 deve serdeterminadoemtodos os

pacien-tescomsuspeitadeespondiloatrtite(EspA),emrazãodesua elevadapositividadeeassociac¸ãocomotipomaisgrave da doenc¸a.23

Agravidadedaespondiliteanquilosanteéfrequentemente alta em casos juvenis,pois existem muitos pacientes com espondilite anquilosante juvenil que precisamsertratados com artroplastiade quadril.Osresultados daincapacidade funcionalempacientescomEspAiJpodemserdiscordantes. Enquanto Stone et al.24 encontraram umapior capacidade funcionalempacientescomespondiliteanquilosantejuvenil, Gensleretal.16demonstraramqueosresultadoseram simila-resaosdepacientescomdoenc¸adeinícionavidaadulta.No presenteestudo,osescoresmédiosdosinstrumentosBASDAI eBASFIforamsignificativamentemaisbaixosnospacientes comEspAiJ,enquantoqueosescoresdoASQoLforam seme-lhantes nosdois grupos.Esses achados podemsugerirque oimpactodaEspAnaqualidadedevidanogrupojuvenilé alta,apesardosmelhoresíndicesdeatividadedadoenc¸aede capacidadefuncional.

Apesardafrequênciamaisbaixadeenvolvimentoaxialno grupocomEspAiJ,estudosdemonstraramqueumachadode

40% de incapacidade funcional depois de 10 a 15 anos

(6)

Umestudoprospectivocomdurac¸ãode3anosrealizadona Noruega analisou os preditores de incapacidade na EspAiJ peloChildrenHealthAssessmentQuestionnaire(CHAQ).Os auto-resencontraramque umíndicede incapacidadeelevado e umquadroinsatisfatóriode bem-estarno iníciodoestudo prediziamumareduc¸ãonacondic¸ãofísicadepoisde trans-corridos3anos.26Emcomparac¸ãocomoutrossubgruposde artriteidiopáticajuvenil,ospacientescomespondilite anqui-losante juvenil referiam mais dor crônica e apresentavam escoresmaiselevadosnoCHAQ, queestavamassociados a umaqualidadedevidainferior.27

Emconclusão,opresenteestudo,queanalisouumagrande coorte brasileira de pacientes com EspA,cujos participan-tesforamatendidosemcentrosuniversitáriossituadosnas principais regiões geográficas no país, demonstrou que a EspAiJestáassociadacomogêneromasculino,positividade paraHLA-B27,uveíteanterioreenvolvimentoperiférico.Essa caracterizac¸ãoajudaráacompreenderascaracterísticasdos pacientescomEspAiJesuasnecessidadesnoseguimentoa longoprazo.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Agradecimentos

Aversão eletrônicadoRegistro Brasileirode Espondiloartri-tesémantidaporsubsídiosirrestritosdaWyeth/PfizerBrasil, oquenãoinfluencianaanáliseestatísticaenaredac¸ãodos manuscritos.ODr.SampaioBarrosrecebeumabolsade pes-quisadaFedericoFoundation.

r

e

f

e

r

ê

n

c

i

a

s

1. ColbertRA.Classificationofjuvenilespondyloarthritis: Enthesitis-relatedarthritisandbeyond.NatRevRheumatol. 2010;6:477–85.

2. HoferM.Spondylarthropathiesinchildren–aretheydifferent fromthoseinadults?BestPractResClinRheumatol. 2006;20:315–28.

3. PettyRE,SouthwoodTR,MannersP,BaumJ,GlassDN, GoldenbergJ,etal.InternationalLeagueofAssociationsfor Rheumatologyclassificationofjuvenileidiopathicarthritis: secondrevision.Edmonton,2001JRheumatol.2004;31:390–2. 4. RudwaleitM,vanderHeijdeD,LandewéR,AkkocN,BrandtJ,

ChouCT,etal.ThedevelopmentofAssessmentof

SpondyloArthritisinternationalSocietyclassificationcriteria forperipheralspondyloarthritis.AnnRheumDis.

2011;70:25–31.

5. DougadosM,vanderLindenS,JuhlinR,Huitfeldt,AmorB, CalinA,etal.TheEuropeanSpondyloarthropathyStudyGr ouppreliminarycriteriafortheclassificationof

spondyloarthropathy.ArthritisRheum.1991;34:1218–27. 6. vanderLindenS,ValkenburgHA,CatsA.Evaluationof

diagnosticcriteriaforankylosingspondylitis.Aproposalfor modificationoftheNewYorkcriteria.ArthritisRheum. 1984;27:361–8.

7. MollJMH,WrightV.Psoriaticarthritis.SeminArthritis Rheum.1973;3:55–78.

8.KingsleyG,SieperJ.ThirdInternationalWorkshopon ReactiveArthritis,23-26September1995.Berlin,Germany AnnRheumDis.1996;55:564–84.

9.GarrettS,JenkinsonT,KennedyLG,WhitelockH,GaisfordP, CalinA.Anewapproachtodefiningdiseasestatusin ankylosingspondylitis:theBathAnkylosingSpondylitis DiseaseActivityIndex.JRheumatol.1994;21:2286–91. 10.CalinA,GarrettS,WhitelockH,KennedyLG,O ´HeaJ,Malorie

P,etal.Anewapproachtodefiningfunctionalabilityin ankylosingspondylitis:thedevelopmentoftheBath AnkylosingFunctionalIndex.JRheumatol.1994;21: 2281–5.

11.Heuft-DorenboschL,SpoorenbergA,vanTubergenR, LandewéR,vanderTempelH,MielantsH,etal.Assessment ofenthesitisinankylosingspondylitis.AnnRheumDis. 2003;62:127–32.

12.DowardLC,SpoorenbergA,CookSA,WhalleyD,HelliwellPS, KayLJ,etal.DevelopmentoftheASQoL:aqualityoflife instrumentspecifictoankylosingspondylitis.AnnRheum Dis.2003;62:20–6.

13.CusmanichKG.Validac¸ãoparaalínguaportuguesados instrumentosdeavaliac¸ãodeíndicefuncionaleíndicede atividadededoenc¸aempacientescomespondilite anquilosante.MasterDegreeDissertation.Faculdadede MedicinadaUniversidadedeSãoPaulo.2006.

14.O’SheaFD,BoyleE,RiarhR,TseSM,LaxerRM,InmanRD. Comparisonofclinicalandradiographicseverityof juvenile-onsetversusadult-onsetankylosingspondylitis. AnnRheumDis.2009;68:1407–12.

15.LinYC,LiangTH,ChenWS,LinHY.Differencesbetween juvenile-onsetankylosingspondylitisandadult-onset ankylosingspondylitis.JChinMedAssoc.2009;72:573–80. 16.GenslerLS,WardMM,ReveilleJD,LearchTJ,WeismanMH,

DavisJCJr.Clinical,radiographicandfunctionaldifferences betweenjuvenile-onsetandadult-onsetankylosing spondylitis:resultsfromthePSOAScohort.AnnRheumDis. 2008;67:233–7.

17.BaekHJ,ShinKC,LeeYJ,KangSW,LeeEB,YooCD,etal. Juvenileonsetankylosingspondylitis(JAS)haslesssevere spinaldiseasecoursethanadultonsetankylosingspondylitis (AAS):clinicalcomparisonbetweenJASandAASinKorea.J Rheumatol.2002;29:1780–5.

18.ChenHA,ChenCH,LiaoHT,LinYJ,ChenPC,ChenWS,etal. Clinical,functional,andradiographicdifferencesamong juvenile-onset,adult-onset,andlate-onsetankylosing spondylitis.JRheumatol.2012;39:1013–8.

19.OzgocmenS,ArdicogluO,KamanliA,KayaA,DurmusB, YildirimK,etal.Patternofdiseaseonset,diagnosticdelay, andclinicalfeaturesinjuvenileonsetandadultonset ankylosingspondylitis.JRheumatol.2009;36:2830–3. 20.Burgos-VargasR,ClarkP.Axialinvolvementinseronegative

enthesopatyandarthropathysyndromeanditsprogression toankylosingspondylitis.JRheumatol.1989;16:192–7. 21.DemirkayaE,OzenS,BilginerY,AyazNA,MakayBB,UnsalE,

etal.Thedistributionofjuvenileidiopathicarthritisinthe easternMediterranean:resultsfromtheregistryofthe TurkishPaediatricRheumatologyAssociation.ClinExp Rheumatol.2011;29:111–6.

22.StollML,BhoreR,Dempsey-RobertsonM,PunaroM. Spondyloarthritisinapediatricpopulation:riskfactorsfor sacroiliitis.JRheumatol.2010;37:2402–8.

23.SonkarGK,UshaSinghS.IsHLA-B27ausefultestinthe diagnosisofjuvenilespondyloarthropathies?SingaporeMed J.2008;49:795–9.

(7)

25.FlatoB,AaslandA,VinjeO,ForreO.Outcomeandpredictive factorsinjuvenilerheumatoidarthritisandjuvenile spondyloarthropathy.JRheumatol.1998;25: 366–75.

26.SelvaagAM,LienG,SorskaarD,VinjeO,ForreO,FlatoB.Early diseasecourseandpredictorsofdisabilityinjuvenile

rheumatoidarthritisandjuvenilespondyloarthropathy:a 3-yearprospectivestudy.JRheumatol.2005;32:1122–30. 27.FlatoB,LienJ,Smerdel-RamoyaA,VinjeO.Juvenilepsoriatic

Referências

Documentos relacionados

Organizar, incrementar, desenvolver e modernizar o garimpo, a lapidação de pedras preciosas, a produção de jóias e a exportação de gemas e jóias e consolidar o estado como

Neste tópico, iniciaremos um breve debate sobre o processo de consulta prévia que vêm sendo realizado entre o MPF, a MRN, o ICMBio e as comunidades

Acreditamos que o estágio supervisionado na formação de professores é uma oportunidade de reflexão sobre a prática docente, pois os estudantes têm contato

Conforme mostrado, para cada passo de tempo da simulação é necessário calcular, primeiramente, os parâmetros da corrente dentro do canal para depois se calcular fora do canal,

Cada Brigada é uma unidade operacional de uma Secção, que integra duas equipas e o chefe de Brigada, num total de 13 bombeiros, competindo-lhe o desempenho das

d) O calendário académico é aprovado pelo presidente da ESMAE ouvido o Conselho Pedagógico, sendo tornado público no início do ano lectivo. O funcionamento de cada Curso de Mestrado

§ 1º A escolha e nomeação dos conselheiros será feita pelo Presidente da República, sendo que, pelo menos a metade, obrigatoriamente, dentre os indicados em listas

O trabalho apresentou um típico caso clínico de uma cadela errante do município, que ao ser retirada das ruas para tratamento no Canil Municipal, foi diagnosticada