w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
Original
Neuropatia
compressiva
cubital
no
cotovelo:
neurólise
in
situ
versus
transposic¸ão
anterior–Estudo
comparativo
夽
Marco
Sousa
∗,
Ricardo
Aido,
Miguel
Trigueiros,
Rui
Lemos
e
César
Silva
DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,CentroHospitalardoPorto,Porto,Portugal
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem25dejunhode2013 Aceitoem21deoutubrode2013
On-lineem27dejunhode2014
Palavras-chave:
Nervoulnar Cotovelo Dor Parestesia
Síndromedotúnelulnar
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Compararosresultadosdeduasdastécnicascirúrgicasmaisusadas,a descom-pressãoinsitueatransposic¸ãosubcutânea.Foramrevistososprocessosdosdoentestratados cirurgicamentenumhospitaluniversitáriopúblicoentrejaneirode2004edezembrode2011. Foramexcluídascompressõesproximaisdonervo,deformidadesangularesdocotoveloe doenc¸assistêmicasassociadasaneuropatianãocompressiva.
Metodos:Foramincluídos97casos(96doentes).SegundooescoremodificadodeMcGowan, 14,4%dospacientesencontravam-senoGrauIa,27,8%noII,26,8%noIIbe30,9%noIII.A neuróliseinsitudocubitalfoifeitaem64casoseatransposic¸ãoanteriorsubcutâneaem33.
Resultados: SegundooescoremodificadodeWilsoneKnout,osresultadosforamexcelentes em49,5%,bonsem18,6%,apenassatisfatóriosem17,5%epobresem14,4%.Nacomparac¸ão dasduastécnicasobservamosvaloressimilaresderesultadosexcelentesoubons.Osgraus IIbeIIIestãoassociadosamaisresultadosmenossatisfatóriosoumausindependentemente datécnicacirúrgica.
Conclusão:Asduastécnicasserevelameficientesesegurasnotratamentodosíndromedo túnelcubital.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
Cubital
compressive
neuropathy
in
the
elbow:
in
situ
neurolysis
versus
anterior
transposition
–
comparative
study
Keywords:
Ulnarnerve Elbow Pain
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective:Tocomparetheresultsfromtwoofthemostcommonlyusedsurgicaltechniques:
insitudecompressionandsubcutaneoustransposition.Theprocessesofpatientstreated surgicallyinapublicuniversityhospitalbetweenJanuary2004andDecember2011were reviewed.Casesofproximalcompressionofthenerve,angulardeformityoftheelbowand systemicdiseasesassociatedwithnon-compressiveneuropathywereexcluded.
夽
TrabalhodesenvolvidonoDepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,CentroHospitalardoPorto,Porto,Portugal.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:marcoguedes81@gmail.com(M.Sousa). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.10.016
Paresthesia
Ulnartunnelsyndrome
Methods: Ninety-seven cases were included (96 patients). According to the modified McGowanscore,14.4%ofthepatientspresentedgradeIa,27.8%gradeII,26.8%gradeIIband 30.9%gradeIII.Insituneurolysisofthecubitalwasperformedin64casesandsubcutaneous anteriortranspositionin33.
Results: AccordingtothemodifiedWilsonandKnoutscore,theresultswereexcellentin 49.5%,goodin18.6%,onlysatisfactoryin17.5%andpoorin14.4%.Incomparingthetwo techniques,weobservedsimilarnumbersofexcellentandgoodresults.GradesIIbandIII wereassociatedwithmoreresultsthatwerelesssatisfactoryorpoor,independentofthe surgicaltechnique.
Conclusion: Bothtechniqueswereshowntobeefficientandsafefortreatingcubitaltunnel syndrome.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ã
o
Após aobservac¸ãode queo nervocubital eracomprimido no cotovelo, numespac¸o fibroósseo definido por um liga-mento entre o epicôndilo medial e o olecrânio, Feindel e Stratford1 usaram o termo “síndrome túnel cubital” pela primeiravez.UmanoantesOsborne2 haviadescritoa des-compressão simples do nervo por meio da secc¸ão desse mesmo ligamento. As primeiras publicac¸ões, no entanto, datam de 1878, ano emque Panas3 descreveu a condic¸ão e Marchand4 descreveu um procedimento para libertar e alongar o nervo cubital. A condic¸ão de “neurite tóxica do cubital” foitambém descritaporBuzzard5 em1922eduas décadas mais tarde Learmonth6 descreveu também técni-cas para a descompressão e transposic¸ão submuscular e intramuscular.
Acompressão donervocubital éumacondic¸ãocomum epodeocorrer emváriosníveis.Acompressãonocotovelo representaaformamaiscomumdecompressãocubital7–9ea segundaneuropatiadecompressãomaisfrequentedo mem-brosuperior.
Odiagnósticoébaseadoemsintomas,sinais,testes orto-pédicoseestudoseletrofisiológicos.
Muitoscasosdesíndrometúnelcubitalpodemsertratados conservadoramentesemcirurgia.Aindaassim,alguns neces-sitamdetratamentocirúrgicocomvistaaevitarapersistência desintomaseaprogressãodadeteriorac¸ãoneurológica.O tra-tamentocirúrgicodeveserguiadopeloseguintesprincípios: 1) libertac¸ãodetodos ossítios possíveis decompressão;2) preservac¸ãodavascularizac¸ãodonervocubitalnocotovelo; 3)mobilizac¸ãoprecocedocotovelo.
Asopc¸õescirúrgicasmaiscomunsincluemdescompressão simples,epicondilectomiamedial,transposic¸ãoanterior sub-cutânea,transposic¸ãoanteriorintramuscularetransposic¸ão anteriorsubmuscular.
Ocotoveloéumaarticulac¸ãodinâmica.Aolongododia fleteeestendeparacolocar amãoemposic¸õesfuncionais. Comamobilidade,mudanc¸asassociadasocorremnaformae noespac¸odotúnelcubital.Comaflexãodocotovelootúnel torna-semaisachatado,10oligamentoarcuadotensiona-se11 elevaàdiminuic¸ãodoespac¸odisponívelparaonervo11,12 e aoaumentodapressãodentrodotúnel.13
FeindeleStratford1eOsborne2preconizaramqueasecc¸ão dabandafibrótica,queformaotetodoreferidotúnel,seria suficienteparaoalíviodapressãoeoconsequentealíviodos sintomasnamaioriadoscasos.
Em condic¸ões naturais o nervo sofre também trac¸ão e excursãoduranteomovimentonormaldocotovelo.
Atransposic¸ãoanteriorvisaatransferênciadonervopara umpontoanterioraoeixodemobilizac¸ãodocotovelo,diminui atensãoeeliminatambémapressãodotúnelcubital.
Nãoexisteconsensonaliteraturasobreotratamento cirúr-gicoótimoparaosíndromedotúnelcubital.Atransposic¸ão anterior é talvez o procedimento mais efetuado.14 Apesar disso,outrosautoresdefendematesedequeasimples des-compressão étãoeficazquantoatransposic¸ãoeapresenta taxa de sucessosemelhante e taxa de complicac¸ões mais baixa.15–17
Este trabalho visa expandir a informac¸ão sobre a comparac¸ãoderesultadosentreduastécnicasamplaamente usadasparaotratamentodosíndromedotúnelcubital:a des-compressãoinsitueatransposic¸ãoanteriorsubcutânea.
Material
e
métodos
Foramrevistososregistosdetodososdoentestratados cirurgi-camentenanossainstituic¸ãoentrejaneirode2004edezembro de2011.Comocritériosdeinclusãoconsideramoso diagnós-ticodesíndrometúnelcubitalidiopáticobaseadonoexame físico eestudoelecromiográfico.Foram excluídas compres-sõesproximaisdonervo,deformidadesangularesdocotovelo edoenc¸assistêmicasassociadasaneuropatianão compres-siva.
Foramassimobtidos97casos,quecorresponderama96 doentes(56homense40mulheres)commédiade51,91anos (15-84).Oladodireitofoioenvolvidoem51doentes,enquanto oesquerdoofoiem46(tabela1).
Tabela1–Característicasdemográficasdosdoentesincluídosnoestudo
Total Neurólise Transposic¸ão p
N◦dedoentes(n) 97 64 33
Sexo(n)
Masculino 56(58,3%) 38(60,3%) 18(54,5%) 0,373
Feminino 40(41,7%) 25(39,7%) 15(45,5%)
Idademédia(DP) 51,9(14,9) 51,2(14,7) 53,3(15,6) 0,535
Seguimento(meses) 10,3(4-33) 9,3(4-29) 11,7(6-33)
Reintervenc¸ões 2 2 0
Lado 50dto;47esq 28dto;37esq 22dto;10esq
sensitivamarcadaassociadaaatrofiamarcadadosintrínsecos foramclassificadoscomoIII.
Assim,14,4% (14)dos doentesencontravam-se no Grau
I, no IIa, 27 (27,8%), no IIb, 26 (26,8%), e no III, 30,9% (30) (tabela2).
Aneuróliseinsitudocubitalfoifeitaem64casos,enquanto atransposic¸ãoanterior subcutâneaofoi em33.Dos doen-tessubmetidos aneurólise,12,5% encontravam-senoGrau I, 29,7% no IIA, 28,1% no IIBe 29,7% no III. Dos submeti-dosatransposic¸ãoanterior,18,2%encontravam-senoGrau I,24,2%noIIAenoIIBeosrestantes33,3%noIII(tabela3). Nãoseobservaramdiferenc¸asestatisticamentesignificativas paraoestágiopré-operatóriodosdoentesporgrupodecirurgia (p=0,817).
Aavaliac¸ãopós-operatóriafoiestratificadasegundoo sis-temadeWilsoneKnout,19noqualumresultadoexcelente correspondeaalterac¸õessensitivasemotorasmínimas,sem tensãonolocaldaincisão;bomsignificaalterac¸õessensitivas emotorasmoderadas;satisfatóriosignificamelhorado,mas
Tabela2–Caracterizac¸ãodaamostra,frequência absolutaefrequênciarelativa
n %
Tipodecirurgia
Neurólise 64 66,0
Transposic¸ão 33 34,0
Total 97 100,0
Sexo
Masculino 56 58,3
Feminino 40 41,7
Total 96 100
Resultadopós-operatório
Excelente 48 49,5
Bom 18 18,6
Satisfatório 17 17,5
Pobre 14 14,4
Total 97 100,0
Graupré-operatório
I 14 14,4
IIA 27 27,8
IIB 26 26,8
III 30 30,9
Total 97 100,0
Média (min-máx)
DP
Idade 51,91(15-84) 14,9
comalterac¸õespersistentes;epobresignificasemmelhoria oumesmopioriadoestado.
Naanálisedescritiva,asvariáveiscontínuasforam
repre-sentadas pela média e por desvio padrão. As variáveis
categoriaisforamrepresentadaspelafrequênciaabsoluta(n) epelafrequênciarelativa(%).Comafinalidadedeselecionar ostestesestatísticosadequados,usou-seo de Kolmogorov--Smirnov,com oobjetivodeseverificarseasvariáveisem estudoseguemumadistribuic¸ãonormal.Paraacomparac¸ão demédiasusou-seotestetdeStudentparaamostras indepen-dentes.Otestedoqui-quadradoouoexatodeFisher(quando aplicável)foiusadonaanálisedaassociac¸ãoentreduas variá-veiscategoriais.
OsquatrograusdoescoremodificadodeMcGowanforam
reagrupadosemdois:agrupou-seoGrauIcomoIIAeoIIB comoIII.Aavaliac¸ãopós-operatória,segundoosistemade WilsoneKnout,foireclassificadaemdoisgrupos,excelente esatisfatório,bomepobre.Ostestesestatísticosforam efe-tuadosbilateralmentecomumníveldesignificânciade5%. AanáliseestatísticadosdadosfoiefetuadanosoftwareIBM SPSSStatistics20.0.
Resultados
SegundooescoremodificadodeWilsoneKnout,das97 cirur-giasfeitas,48(49,5%)obtiveramumresultado excelente,18 (18,6%) bom, 17 (17,5%) satisfatório e14 (14,4%) pobre. Em apenasdoisdoentesfoinecessárianovaintervenc¸ãocirúrgica (tabela1).
Nãoseobservaramdiferenc¸asporsexoquantoàtécnica cirúrgica.Aidademédiafoide52(14,9)anos.Osdoentesque
Tabela3–Comparac¸ãodograupré-operatóriodos doentesporgrupodecirurgia,neuróliseetransposic¸ão
Graupré-operatóriobaseadonoescoremodificadodeMcGowan
GRAUI Neurólise Transposic¸ão
Grau pré-operatório
n % n % p
I 8 12,5 6 18,2 0,817
IIA 19 29,7 8 24,2
IIB 18 28,1 8 24,2
III 19 29,7 11 33,3
Tabela4–Comparac¸ãodosresultadospós-operatórios portécnicacirúrgicausada
EscoremodificadodeWilsoneKnout
Neurólise Transposic¸ão
Resultado n % n % p
Excelente 31 48,4 17 51,5 0,957
Bom 12 18,8 6 18,2
Satisfatório/Pobre 21 32,8 10 30,3
Total 64 33
Tabela5–Comparac¸ãodosresultadospós-operatórios porgraupré-operatórioparaatécnicacirúrgicade neurólise
Graupré-operatório
I/IIA IIB/III
Resultado n % n % p
Excelente 15 55,6 16 43,2 0,559
Bom+satisfatório+ pobre
12 44,4 21 56,8
Total 27 37
fizeramumacirurgiadetransposic¸ãoerammaisvelhosdois anosdoqueosquefizeramaneurólise(53,3vs51,2).
Quandocomparadososresultadosentreasduastécnicas
cirúrgicas observamos ausência de diferenc¸as estatistica-mentesignificativascomvaloressimilaresparaastaxasde
resultados excelentes (48,4% para neurólise vs 51,5% para
transposic¸ãoanterior)ebonsresultados(18,8%vs18,28%).No quedizrespeito aresultadosapenassatisfatórios oumaus resultados,verificamos32,8%paraneurólisee30,3% paraa transposic¸ãosubcutânea(tabela4).
Naanáliseestratificadaporgrauinicialparaasduas técni-cas(tabelas5e6),verifica-seque41doentesseencontravam nos graus I eIIa, 27 foram submetidos a neurólise e14 a transposic¸ão.Dosdoentessubmetidosaneurólise,55,6% obti-veramumresultadoexcelentee44,4%bom,satisfatório ou pobre.Oresultadoexcelentefoitambémobtidoem64,3%dos 14doentessubmetidosa transposic¸ão.Dosdoentes inicial-menteclassificadosnosgrausIIBouIII,37foramsubmetidosa neurólisee19atransposic¸ãoealcanc¸aram-seresultados exce-lentesem43,2%e42,1%,respectivamente,eresultadosbons, satisfatóriosoupobresem56,8%e57,9%,respectivamente.
Tabela6–Comparac¸ãodosresultadospós-operatórios porgrauopré-operatórioparaatécnicacirúrgica detransposic¸ão
Graupré-operatório
I/IIA IIB/III
Resultado n % n % p
Excelente 9 64,3 8 42,1 0,208
Bom+satisfatório+pobre 5 35,7 11 57,9
Total 14 19
Excelente
0 10 20 30 40 50 60
Bom Satisfatório/pobre
Neurólise Transposição
48,4 51,5
18,8
32,8 30,3
18,2
Figura1–Resultadospós-operatóriosportécnicacirúrgica usada,frequênciarelativa(%).
Apenas dois doentes tiveram necessidade de nova
intervenc¸ãocirúrgica.Amboshaviamsidosubmetidosa des-compressãosimples(tabela2).
Discussão
Várias técnicas cirúrgicas têm sido propostas para o tra-tamento da compressão do nervo cubital no cotovelo. A epicondilectomia medial raramente é feita.20,21 A transposic¸ãoanteriorsubcutâneaeadescompressãosimples sãoosprocedimentosmaisusados.Nanossoestudoapenas foramincluídososdoentesoperadosporessasduastécnicas, vistorepresentaremporlargamaioriaasmaisefetuadasno nossodepartamento.
Naanálisedosresultadosparecenãohaverpreponderância deumatécnicasobreoutra.Independentementedatécnica, a taxa de doentes com um resultado excelente atingiu os 48,5%.Quando comparadaportécnica,ataxa de resultado excelente étambémpróxima (48,4%para neurólisee51,5% paratransposic¸ão).Resultadossatisfatóriosoupobresforam obtidospor32,8%e30,3%,respectivamente,oquereforc¸aa semelhanc¸a(fig.1).Daanáliseresultatambémuma tendên-ciadequedoentescomgrausmaisavanc¸adosnaalturada cirurgia(IIBeIII)tenhammenortaxaderesultadoexcelente (43,2% e 42,1%), sem quese verifique umadiferenc¸a esta-tisticamentesignificativa(neurólise p=0,957etransposic¸ão p=0,559).Essatendênciarevelou-seindependentedatécnica e confirmaaquilo quetem sido amplamente difundido na literatura,istoé,queaschancesderecuperac¸ãodador, sen-sibilidadeeforc¸amotorasãoinversamenterelacionadasao grauinicialdeneuropatia.
neuropatias é o fator compressão que aparece implicado. Sabemostambém queos nervossão capazesde alongar e crescer à velocidade de 1mm/dia. O que poderá justificar queonormalfuncionamentodocotovelonecessitedeuma excursãomaiordonervoeporqueoorganismoéincapazde respondereseacomodaraessanecessidade?Ibaetal.28 levan-taramaquestãodavalidadeclínicadosvaloresdepressão encontradosporGelbermanetal.22aoencontrarinvivo valo-resde pressãointraneuralpermanentementealtos,mesmo emextensãoecercadequatrovezessuperioresemflexão.
Estudosmaisrecentes,29tambémemcadáver, demonstra-ramqueelongac¸ãodonervoocorresobretudonosegmento proximalaoepicôndiloeentreos30◦ eos90◦ emantémo comprimentoconstanteatéos135◦. Noentanto,aos135◦ a altura,aáreaeacurvaturasagitaldotúneldiminuemeforc¸am onervoaumaformaachatada.Essesachadossugeremquea compressãoémáximaaos135◦.
Com base nos achados de Gelberman et al.,22 muitos ortopedistas abandonarama técnica cirúrgica inicialmente descrita por Osborne e passaram a fazer transposic¸ões anteriores. Nos últimos anos, no entanto, vários estudos demonstraram não só que a descompressão simples pode ser tão eficaz como a transposic¸ão anterior, mas tam-bém que essa última pode estar associada a um maior número de complicac¸ões. Um dos fatorespode ser a pos-sibilidade de a vascularizac¸ão sanguínea ser perturbada durante a transposic¸ão.30–32 Ogata et al.33 demonstraram num estudo experimentalque a transposic¸ão está associ-ada a uma diminuic¸ão no fluxo sanguíneo regional pelo menosdurantetrêsdiasapósacirurgia.BiggseCurtis,16num estudorandomizadoprospectivode44doentes,concluíram nãohaverdiferenc¸anosresultadosentreneurólisesimplese transposic¸ãoanteriorerecomendaramaprimeiraporcausa domenornúmerodecomplicac¸ões.Bartelsetal.,15emoutro estudoprospectivo randomizadocom 152doentes, compa-raram transposic¸ão anterior subcutânea e descompressão simples e concluíram também que a descompressão sim-plestemigualeficácia,mascomumataxadecomplicac¸ões maisbaixa (23 vs sete num total de 30), a que se associa também um custo mais baixo. Num outro estudo rando-mizadode70doenteseseguimentode48 meses,Gervasio etal.17nãoencontraramtambémdiferenc¸asestatisticamente significativas entre descompressão simples e transposic¸ão submuscular. Num quarto estudo prospectivo, com segui-mentode63,1meses,Keineretal.34concluíramqueasduas técnicas levama resultados semelhantese quea descom-pressãosimplesdeveserpreferidaporsermenosinvasiva. Nabhan et al.35 compararam também prospectivamente a descompressão simples ea transposic¸ão anterior subcutâ-nea,reportaram nãoexistiremdiferenc¸as nosresultados e, porisso,recomendaramtambémadescompressão simples comotratamentopreferencial,porsetratardeprocedimento maissimples. Duasmetanálises levadas a cabo por Maca-damet al.36eZlowodzki etal.37 nãoencontraramtambém diferenc¸asestatísticassignificativasentreasváriastécnicas.
O nosso estudo parece estar de acordo com as mais recentes publicac¸ões acercado tratamento cirúrgico dessa patologia.Apesarda necessidadedereintervenc¸ãoemdois doentesinicialmentetratadoscomdescompressãosimples, amaioria dos doentestratadospor essa técnica alcanc¸ao
mesmoresultadoqueossubmetidos atransposic¸ão subcu-tânea, independentemente do grau inicial. A ausência de complicac¸ões nonossoestudoporcomparac¸ãocomoutros citados deve serentendidaporqueemalguns desses estu-dos se compara transposic¸ão anterior por vezes intra ou submuscular, habitualmente associadas a maior taxa de complicac¸ões.
Da análise da literatura parece resultar também um papelcadavezmaisrestritoparaaepicondilectomiamedial. Muermansetal.38analisaramosseusresultadosde60 epicon-dilectomiasem51doenteseverificaramresultadosexcelentes em75%dosdoentes.Noentanto,21dos51doentesreferiram dornoepicôndilomedialpós-cirurgia.Resultadosemelhante aoobtidoporEfstathopoulosetal.,39emque45%dosdoentes operadosmantinhamdoraosseismeses.
Conclusão
Este estudo encontra-se limitado pelo seu carácter retros-pectivo e pelo pequeno número de doentes em alguns dos subgrupos analisados. Os resultados pós-operatórios não estiveram associados com a técnica cirúrgica usada (independentementeda técnica,amaiorpartedosdoentes obteve um resultado excelente), o que reforc¸a a ideia de queadescompressãosimplespermiteresultados semelhan-tesàtransposic¸ãoanteriorsubcutânea.Assim,eematenc¸ão àsuamaiorsimplicidadetécnica,reservamosatransposic¸ão apenasparacasosdenervocompotencialdesubluxac¸ão, rigi-dezpós-traumática,instabilidadenovalgo,paralisiatardiado nervocubitaloufalênciadedescompressãosimples.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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