Online
AUTOCUI DADO E O PORTADOR DO HI V/ AI DS:
SI STEMATI ZAÇÃO DA ASSI STÊNCI A DE ENFERMAGEM
1Joselany Áfio Caet ano2
Lorit a Marlena Freit ag Pagliuca3
A pesquisa t em com o obj et ivo sist em at izar a assist ência de enferm agem ao port ador do HI V/ aids, à luz da Teor ia de Enfer m agem do Déficit de Aut ocuidado de Or em . Ut ilizou- se a m odalidade conv er gent e-assist encial e o Processo de Enferm agem de Aut ocuidado. Foram t reze suj eit os, at endidos num a organização não- governam ent al, no m unicípio de Fort aleza/ CE. Ut ilizou- se t écnicas de ent revist a, exam e físico, observação e o registro de inform ações, com um instrum ento estruturado, abordando os requisitos de autocuidado universal, os relat ivos ao desenvolvim ent o e aqueles de alt erações de saúde. Os déficit s de aut ocuidado corresponderam a dezenove diagnóst icos de enferm agem , dez dos quais nos requisit os de aut ocuidado universal; cinco nos requisit os de desenvolvim ent o e quat ro nos relacionados ao desvio de saúde. No planej am ent o da assist ência, as m et as e os obj et ivos priorizaram ações de apoio- educação com vist as ao engaj am ent o do port ador do HI V/ aids no aut ocuidado.
DESCRI TORES: aut ocuidado; síndrom e de im unodeficiência adquirida; HI V; enferm agem
SELF-CARE AND HI V/ AI DS PATI ENTS: NURSI NG CARE SYSTEMATI ZATI ON
This research aim ed at syst em at izing nursing care t o HI V/ aids pat ient s in view of Orem ’s Self- care Deficit Nursing Theory, using t he convergent - care m et hod and t he Self- Care Nursing Process. Subj ect s were t hir t een HI V/ AI DS pat ient s at t ended at a non- gov er nm ent al or ganizat ion in For t aleza/ CE, Br azil. We used int erview t echniques, physical exam inat ion, observat ion and inform at ion records, wit h a st ruct ured inst rum ent , addr essing r equisit es r elat ed t o univ er sal self- car e, dev elopm ent and healt h alt er at ions. Self- car e deficit s corresponded t o ninet een nursing diagnoses, nam ed according t o NANDA’s Taxonom y I I , t en of which were based on t he requisit es for universal self- care, five on t he requisit es for self- care relat ed t o developm ent and four on t he requisit es for self- care relat ed t o healt h deviat ions. I n care planning, goals were est ablished and t he syst em and healt h m et hods were select ed, priorit izing support - educat ion act ions in order t o engage HI V/ aids pat ient s in self- care.
DESCRI PTORS: self- care; acquired im m unodeficiency syndrom e; HI V; nursing
EL AUTOCUI DADO Y EL PORTADOR DE SI DA:
SI STEMATI ZACI ÓN DE LA ATENCI ÓN DE ENFERMERÍ A
La finalidad de est a invest igación es sist em at izar la at ención de enferm ería al port ador de SI DA, baj o la Teoría de Enferm ería del Déficit de Aut o- cuidado de Orem . Se usó la m odalidad convergent e asist encial, a t ravés de la operación del Proceso de Enferm ería de Aut o Cuidado. Los suj et os fueron t rece port adores de SI DA, atendidos en una organización no gubernam ental en el m unicipio de Fortaleza/ CE, Brasil. Para el desarrollo del estudio, se usaron técnicas de entrevista, de exam en físico, de observación y de registro de las inform aciones - con un inst r um ent o est r uct ur ado – t r at ando de los r equisit os de aut o- cuidado univ er sal, los r efer idos al desarrollo y los de alteraciones de la salud. Los déficit del auto cuidado correspondieron a diecinueve diagnósticos de enferm ería, denom inados según la Taxonom ía I I de NANDA, diez de los cuales dent ro de los requisit os de auto cuidado universal; cinco en los requisitos de auto cuidado relativos al desarrollo y cuatro en los requisitos de aut o cuidado r elacionados al desvío de salud. En la fase de planificación de la at ención de enfer m er ía, fueron est ablecidas las m et as y los obj et ivos y seleccionados t ant o el sist em a com o los m ét odos de ayuda, dando prioridad a las acciones de apoyo educacional visando al com prom iso del port ador de SI DA con el aut o cuidado.
DESCRI PTORES: aut ocuidado; síndrom e de inm unodeficiencia adquirida; VI H; enferm ería
1 Trabalho extraído da Tese de Doutorado; 2 Docente da Universidade Estadual Vale do Aracajú e da Universidade de Fortaleza, e-m ail: joselanyafio@uol.com .br;
3 Docente da Faculdade de Farm ácia, Odontologia e Enferm agem da Universidade Federal do Ceará
Artigo Original
Online
I NTRODUÇÃO
A
id s é u m a en f er m id ad e p an d êm ica. NoBrasil, até m arço de 2002, existia o total de 257.780 casos da doença, enquanto, no Ceará, de 1980 a 2002,
foram registrados 4.196 casos( 1). Um a série de fatores
afet a o perfil de m orbim ort alidade da doença, com o o acesso às infor m ações, aos m eios de pr ev enção das doenças oport unist as, aos exam es laborat oriais, a o s a n t i - r e t r o v i r a i s, à q u a l i d a d e d a a ssi st ê n ci a pr est ada, à adesão ao t r at am en t o, ao diagn óst ico p r ecoce d as in f ecções e às m ed id as t er ap êu t icas cabív eis.
Decor r id os m ais d e v in t e an os d esd e su a descobert a, exist em ainda lacunas na assist ência aos p o r t a d o r e s d o HI V/ a i d s, p r i n ci p a l m e n t e n o q u e concerne à convivência do indivíduo com a doença, n a b u sca d e a t e n d e r à s su a s n e ce ssi d a d e s psicossociais e incent ivar a capacidade de aut onom ia par a aut ocuidar - se.
Com prom etida em assistir o portador do HI V/ aid s, a en f er m eir a, v ia con su lt a d e en f er m ag em , opor t uniza um t r abalho volt ado par a a m elhor ia da qu alidade de v ida e r espon de pela pr epar ação do cliente para o autocuidado. A consulta de enferm agem con st i t u i at i v i d ad e ex cl u si v a d a en f er m ei r a q u e, usando sua aut onom ia pr ofissional, desenv olv e um m odelo assist encial para at ender às necessidades de saúde de sua client ela, conform e est abelecido na Lei nº 7.498/ 86, regulam entada pelo Decreto nº 94.406/ 87(2).
A t eoria geral de Orem foi desenvolvida em t r ês p ar t es r elacion ad as, q u ais sej am : Teor ia d o Aut ocuidado, a Teoria do Déficit do Aut ocuidado e a Teoria dos Sist em as de Enferm agem .
A Teoria do Autocuidado inclui o autocuidado, a ca p a ci d a d e d e a u t o cu i d a d o e a s e x i g ê n ci a s t erapêut icas de aut ocuidado, bem com o os requisit os de aut ocuidado. O aut ocuidado ( AC) é a prát ica de at iv idades iniciadas e ex ecut adas pelos indiv íduos, em seu próprio benefício, para a m anutenção da vida, da saúde e do bem - est ar.
A capacidade de aut ocuidado é a habilidade p o ssu íd a p e l o i n d i v íd u o , e q u e o f a z r e a l i za r o au t ocu idado. Essa h abilidade est á con dicion ada a fatores internos e externos ao indivíduo, com o idade, sexo, est ado de saúde, fat ores sociocult urais, padrão
de vida, disponibilidade de recursos, ent re out ros( 3).
En t r e a s e x i g ê n ci a s t e r a p ê u t i ca s d e aut ocuidado ( AC) , inclui- se o t ot al de ações de AC desenvolvidas por um t em po, a fim de sat isfazer os requisitos de autocuidado, com o: 1. universais; 2. de desenvolvim ento; 3. de alterações de saúde. Enquanto
os r equisit os univer sais são associados a pr ocessos de vida e à m anut enção da int egridade da est rut ura e funcionam ento hum ano, os de desenvolvim ento são derivados de algum a condição nat ural do ciclo vit al ou associados a algum evento e aqueles de alteração
de saúde são denot ados em condições de doença( 3).
A Te o r i a d o D é f i ci t d e Au t o cu i d a d o é r e co n h e ci d a co m o a d e scr i çã o e x p l a n a t ó r i a d o significado da enfer m agem e o que a enfer m agem faz. Ent r e os conceit os fundam ent ais da Teor ia do Déficit de Aut ocuidado const am os seguint es: agent e de aut ocuidado, dem anda de aut ocuidado e déficit
de aut ocuidado( 3).
O déficit do autocuidado é o foco da atuação d a e n f e r m e i r a , p o i s e l a p o ssu i co n h e ci m e n t o , p er sp icácia e h ab ilid ad e p ar a sab er q u e ev en t os, condições e circunst âncias caract erizam pessoas em sit u ações d e cu id ad os d e saú d e, b em com o p ar a identificar as incapacidades às quais os seres hum anos e st ã o su j e i t o s( 3 ). Ca b e à e n f e r m e i r a a t u a r n o oferecim ent o de cuidados de enferm agem . Para isso, adot ará os m ét odos de aj uda preconizados por: agir ou fazer para o outro; guiar o outro; apoiar o outro; p r o p o r ci o n a r u m a m b i e n t e q u e p r o m o v a o desenvolvim ent o pessoal, quant o a t or nar - se capaz de sat isfazer dem andas fut uras ou at uais de ação, a fim de aj udar o indivíduo a autocuidar- se, focalizando su a s a çõ e s n a s e x i g ê n ci a s o u r e q u i si t o s d e
aut ocuidado( 3).
En q u a n t o a Te o r i a d o s Si st e m a s d e Enferm agem est abelece a est rut ura e o cont eúdo da prát ica da enferm agem , os sist em as de enferm agem r e p r e se n t a m a s p r e scr i çõ e s d o s p a p é i s d a s enferm eiras e dos pacient es e subseqüent es aj ust es so b r e e sse s p a p é i s. Ex i st e m t r ê s si st e m a s d e e n f e r m a g e m b a se a d o s n a s n e ce ssi d a d e s d e a u t o cu i d a d o e n a ca p a ci d a d e d o i n d i v íd u o p a r a aut ocuidar- se: o t ot alm ent e com pensat ório, quando o indivíduo é incapaz de em penhar- se nas ações de a u t o cu i d a d o ; o p a r ci a l m e n t e co m p e n sa t ó r i o , r epr esent ado em sit uação em que o indiv íduo t em ação lim itada e, em conseqüência disso, o enferm eiro e o indivíduo exercem o papel principal na execução de cuidados; e o sistem a de apoio- educação, no qual o i n d i v íd u o t em p o t en ci al p ar a ex ecu t ar e d ev e
aprender a execut ar ações de aut ocuidado( 3).
O a u t o cu i d a d o d e v e co n st i t u i r u m d o s o b j e t i v o s d a a ssi st ê n ci a d e e n f e r m a g e m , p o i s possibilita o estím ulo à participação ativa do paciente no seu t r at am ent o, ao div idir com a enfer m eir a a responsabilidade na im plem ent ação da assist ência e nos r esult ados. Nesse aspect o, for am encont r ados d i v e r so s t r a b a l h o s e l a b o r a d o s n o â m b i t o d a Aut ocuidado e o port ador...
Online
enfer m agem ut ilizando a Teor ia do Aut ocuidado de
Orem , com pacient es port adores de epilepsia( 4); com
clien t es diabét icos( 5 ); com adolescen t e gr áv ida( 6 );
pacientes pós- transplante de m édula óssea( 7); porém ,
em pesquisa realizada na Birem e, usando as Bases de Dados Lilacs e Medline, constatou- se a inexistência da ut ilização da Teoria de Orem com port adores de HI V/ aids.
O pr esent e est udo foi desenv olv ido com o o b j e t i v o d e : si st e m a t i za r a a ssi st ê n ci a d e en f er m agem pr opor cion ada ao adu lt o por t ador do HI V/ aids à luz da Teor ia de Enfer m agem do Déficit de Aut ocuidado de Orem ; ident ificar os requisit os de a u t o cu i d a d o u n i v e r sa l , o s r e l a t i v o s a o desenvolvim ent o e aqueles referent es às alt erações de saúde; ident ificar, a par t ir desses r equisit os, os déficit s de aut ocuidado e planej ar a assist ência de en f er m agem .
MATERI AL E MÉTODO
Para const rução m et odológica dest e est udo, adot ou- se a pesquisa conv er gent e- assist encial, que é aquela que m ant ém , durant e t odo o seu processo, est reit a relação com a sit uação social, no int uit o de se encont rar soluções para problem as, de se realizar
m udanças e introduzir inovações na situação social( 8).
Foi desenvolvido na Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HI V/ aids – núcleo Ceará ( RNP) . Sua população con st it u i- se de in div ídu os por t ador es do HI V/ aids par t icipant es da Rede. Por liv r e dem anda fez- se a e sco l h a d a a m o st r a , e m b o r a t e n h a m si d o considerados crit érios de inclusão, com o: indivíduos ad u l t o s, co n sci en t es, co m n ív el d e esco l ar i d ad e m ín i m a d e en si n o f u n d am en t al i n co m p l et o , co m condições físicas e em ocionais de participar do estudo, sendo a am ost ra de t reze port adores do HI V/ aids.
D u r a n t e a s co n su l t a s d e e n f e r m a g e m ut ilizar am - se a t écnica de ent r ev ist a, a obser v ação p a r t i ci p a n t e e o r e g i st r o d e i n f o r m a çõ e s. A m e t o d o l o g i a d a a ssi st ê n ci a d e e n f e r m a g e m com preendeu fases do processo de enferm agem , que é um conj unto de ações que fundam enta a prática, é um a ação regular e contínua ou sua sucessão de ações
que ocorrem ou são realizadas de m aneira definida( 3).
Tendo com o base os conceit os pr incipais da Teor ia de Enferm agem do Déficit de Aut ocuidado de Orem , adot ou- se o m odelo do processo de enferm agem de au t ocu id ad o n as seg u in t es et ap as: as op er ações d i a g n ó st i ca s e p r e scr i t i v a s, r e g u l a t ó r i a o u d e t rat am ent o e as operações de cont role e avaliação. A o p e r a çã o d i a g n ó st i ca e n g l o b a d a d o s d e
identificação, dos requisitos de autocuidado universal, d e d e se n v o l v i m e n t o e d e d e sv i o d e sa ú d e e , conseqüentem ente, os déficits de AC, etapa essa que precede o diagnóst ico de enferm agem .
A fase diagnóst ica envolve um processo de invest igação cuidadosa e direcionada, com exam e e análise descr it iv a dos dados de um a pessoa e das condições e circunst âncias de sua vida, na t ent at iva d e se ex p l an ar o u en t en d er a n at u r eza d e su as
condições exist ent es( 3). Tal processo foi feit o baseado
na Taxonom ia da NANDA( 9) (Nort h Am erican Nursing
Diagnosis Associat ion) . A operação regulat ória ou de t r a t a m e n t o e n v o l v e a p r o d u çã o d o si st e m a d e enferm agem , os m ét odos de aj uda elaborados a fim d e ser em alcan çad as as m et as e os ob j et iv os d a e n f e r m a g e m p a r a o p a ci e n t e . El a b o r o u - se a s int ervenções, levando em consideração a lit erat ura, os conhecim entos da área e a experiência profissional da pesquisadora. A im plem ent ação da assist ência de enfer m agem é feit a m ediant e ex ecução das ações de enfer m agem de apoio- educação.
Quant o ao inst rum ent o de colet a de dados, f oi con st it u ído por : iden t if icação, con t en do dados d e m o g r á f i co s t a i s co m o i d a d e , se x o , g r a u d e i n st r u çã o , o cu p a çã o e r e n d a f a m i l i a r ; q u e st õ e s aber t as, por m eio das quais os por t ador es de HI V/ aids pudessem relat ar seus sent im ent os em face da doença e do tratam ento, enfrentando e possibilitando a identificação dos requisitos de autocuidado universal, d e d e se n v o l v i m e n t o , d e d e sv i o d e sa ú d e e a e x i st ê n ci a d e d é f i ci t s d e a u t o cu i d a d o . Ap ó s a elabor ação do inst r um ent o, esse foi t est ado, sendo necessár ias algum as m odificações.
Antes de se iniciar a coleta de dados, o proj eto foi encam inhado ao Com it ê de Ét ica em Pesquisa do Hospit al Un iv er sit ár io, da Un iv er sidade Feder al do Ceará, processo nº 210/ 01, t endo sido aprovada sua e x e cu çã o . Os i n st r u m e n t o s f o r a m v a l i d a d o s pr ev iam ent e e cum pr idas as for m alidades ét icas e l e g a i s e m o b e d i ê n ci a a o s p r i n cíp i o s é t i co s est abelecidos na Resolução nº 196/ 96, do Conselho
Nacional de Saúde( 10).
RESULTADOS E DI SCUSSÃO
Sist em at izan d o a assist ên cia d e en f er m ag em n a per spect iva do aut ocuidado
Na am ost ra est udada, dez part icipant es são do sexo m asculino e t rês do fem inino. Em relação à faixa etária, a am ostra está com posta de nove pessoas entre 26- 40 anos e quatro na faixa etária 41- 55 anos.
Aut ocuidado e o port ador...
Caet ano JA, Pagliuca LMF.
Online
Os d a d o s p o r ca t e g o r i a d e e sco l a r i d a d e f o r a m classif icad os em : an alf ab et o, en sin o f u n d am en t al i n co m p l e t o , e n si n o f u n d a m e n t a l , e n si n o m é d i o incom pleto, ensino m édio e ensino superior. De acordo co m e sse cr i t é r i o , q u a t r o p o ssu ía m o e n si n o f u n d a m e n t a l i n co m p l e t o ; d o i s, o e n si n o m é d i o incom pleto; cinco, o ensino m édio com pleto e apenas um t inha nív el super ior. O ensino fundam ent al e o m é d i o i n co m p l e t o s p r e p o d e r a r a m e n t r e o s ent r ev ist ados. A r enda fam iliar est ev e ent r e 1 e 2 salários m ínim os ( SM) . Apenas um part icipant e t eve renda m aior do que 2 SM, porém sustenta m ais quatro p e sso a s. Em r e l a çã o à o cu p a çã o , a m a i o r i a é aposen t ado ou ben ef iciár io, em bor a seis ex er çam ainda at ividades inform ais.
Os r eq u i si t o s u n i v er sa i s d o a u t o cu i d a d o for am adapt ados pela pesquisador a t om ando com o referência as seguint es necessidades básicas com uns aos port adores do HI V/ aids: alim ent ação, hidrat ação, elim inação e ex cr eção, ox igenação, equilíbr io ent r e at ividade e descanso, m anut enção de equilíbrio ent re solidão e int eração social, aspect os relacionados ao
risco à vida e ao bem - est ar( 3).
As necessidades básicas são inerentes a cada pessoa e r equer em adequada sat isfação. Par a isso, dev em ser con st an t em en t e av aliadas n a bu sca de identificar as potencialidades do paciente, as lim itações e as exigências de prescrições de enferm agem . Assim , a p ar t ir d os d éf icit s d e au t ocu id ad o r ef er id os ou ob ser v ad os n a p op u lação d o est u d o, f or m u lou - se propost a usada com o parâm et ro para a organização dos diagnóst icos de enferm agem – Taxonom ia I I da
NANDA( 9).
Tabela 1 - Distribuição das dem andas de autocuidado e os diagnóst icos de enferm agem dos port adores do HI V/ aid s, seg u n d o su b - r eq u isit os d o au t ocu id ad o universal. Fort aleza- CE, j aneiro- dezem bro de 2002
e d s a d n a m e D o d a d i u c o t u a e d a d il i b a h / e d a d i c a p a C o d a d i u c o t u a o a r a p O Ã N e d o c i t s ó n g a i D m e g a m r e f n e o ã ç a t a r d i
H 8 Riscoparavolumede e t n e i c if e d o d i u q íl
1 Volumedeílquidodeifciente 1 Membranamucosaoral
a d a c i d u j e r p o ã ç e r c x e e o ã ç a n i m il
E 6 Diarréia 2 Consitpação o ã ç a t n e m il
A 10 Nutirçãodesequiilbrada: s a e u q o d r o n e m s i a r o p r o c s e d a d i s s e c e n o ã ç a n e g i x
O 2 Riscoparafunção a d a r e tl a a ir ó t a ri p s e r o s n a c s e d e e d a d i v it
A 7 Padrãodesonopetrurbado o ã ç a r e t n i e o ã d il o
S 5 Riscoparasoildão
Font e prim ária
A Tabela 1 m ost ra a dist ribuição dos déficit s nos sub- requisitos de AC universal e seus respectivos diagnóst icos de enfer m agem . No t ocant e à ingest a hídrica, dez indivíduos sugerem ingest ão inadequada de líquido, com variação entre 1,0 e 1,5 litro de líquido por dia. Um portador do HI V/ aids apresentou alteração de m ucosa oral, em virtude do esquecim ento, da falta d e v o n t a d e d e i n g er i r l íq u i d o s e d a t er a p êu t i ca m edicam en t osa.
A m aioria da am ostra relatou dificuldade para avaliar a ingestão de líquido e o volum e de urina que elim ina diariam ent e. Aceit ou- se, ent ão, a est im at iva dos pacient es, que m encionar am o consum o diár io de 1 lit ro, 1,5 lit ro e 2 lit ros, enquant o out ros ainda referem “ pouca ingest a de líquido”.
O diagnóst ico risco para volum e de líquidos deficient es, relacionado t ant o à ingest a oral reduzida co m o à p e r d a a n o r m a l d e l íq u i d o s, su r g i u e m decorrência de pouca ingesta de líquido, diárreia, uso de t er apia ant i- hiper t ensiv a, diur ét ica e r et r ov ir ais. Po r t e r u m p o r t a d o r d o HI V/ a i d s, d u r a n t e a obser v ação, apr esent ado m ucosa seca, r esult ou no diagnóstico volum e de líquido deficiente. Estabeleceu-se com o m eta o aum ento da ingesta de líquidos, Estabeleceu-sem sinais ou sint om as de desidrat ação. Com o obj et ivo, a v er balização do indiv íduo da m elhor a da sede e aum ent o de líquido ingerido, além do m elhor t urgor da pele. O sist em a de enfer m agem escolhido par a im p lem en t ar a assist ên cia p lan ej ad a f oi o ap oio-ed u cação; os m ét od os d e aj u d a, or ien t ação p ar a ingestão de m aior quantidade de líquidos e o consum o d e a p e t e ce d o r e s d e l íq u i d o s ( d o ce s, p i co l é s, biscoit os) , su gest ão par a o consum o de pequ enas qu an t idades de águ a f r eqü en t em en t e, de líqu idos a l t e r n a t i v o s ( su co , l e i t e , so r v e t e ) e d e f r u t a s hidr at ant es.
A evidência de xerost om ia e a m udança no paladar, m anifest adas por um indivíduo, sugeriram o diagnóst ico de enferm agem m em brana m ucosa oral p r e j u d i ca d a , r e l a ci o n a d a a o u so p r o l o n g a d o d e im unossupressor. O planej am ento indicou, com o m eta, dim in u ir os ef eit os colat er ais das dr ogas e, com o obj et iv o, o indiv íduo ader ir à pr át ica e dem onst r ar int eresse em buscar opções para am enizar os efeit os colaterais e a prom oção do AC para m elhor adesão à t erapêut ica da aids. Com o sist em a de enferm agem , selecion ou - se apoio- edu cação e, com o m ét odo de aj uda, orientação para o uso de lubrificante oral, com o exem plo: KY.
Rev Latino- am Enferm agem 2006 m aio- j unho; 14( 3) www.eerp.usp.br/ rlae Aut ocuidado e o port ador...
Online
Na av aliação da ex cr eção/ elim in ação, oit o p o r t a d o r es d o HI V/ a i d s m o st r a r a m d em a n d a d e aut ocuidado r elacionada ex clusiv am ent e às funções i n t est i n al e u r i n ár i a. As al t er açõ es i n er en t es às elim inações int est inais foram diarréia e const ipação. Desse m odo, a verbalização de fezes líquidas e m oles p o r se i s p o r t a d o r e s l e v o u a o d i a g n ó st i co d e enferm agem diarréia, relacionado a efeit os colat erais d o s r e t r o v i r a i s. Co m o m e t a d o p l a n e j a m e n t o assist encial est abeleceu- se cont r olar a diár r eia, e, com o obj etivo, evitar a desidratação e o desequilíbrio e l e t r o l ít i co . Se l e ci o n o u - se , co m o si st e m a d e enferm agem , o apoio- educação e, com o m ét odo de aj uda, a orient ação para o aum ent o da ingest a oral. D o i s p o r t a d o r e s r e f e r i r a m f e ze s e n d u r e ci d a s e r essecadas, com defecação duas ou t r ês v ezes por sem an a, lev an d o ao d iag n óst ico d e en f er m ag em co n st i p a çã o , r el a ci o n a d o a ef ei t o s co l a t er a i s d e diurét icos, diet a im própria e ingest a inadequada de l íq u i d o s. Est a b el eceu - se co m o m et a m el h o r a r o padr ão de elim in ação in t est in al e, com o obj et iv o, orientar para a ingesta suficiente de líquido, no m ínim o 2 lit ros/ dia, e diet a equilibrada, rica em fibras. Elas incluem : farelo, pepino, couve- flor, alface, repolho e f r u t as f r escas co m a p el e. Sel eci o n o u - se, co m o sist em a de enferm agem , o apoio- educação e, com o m ét odo de aj uda, a orient ação.
Em r elação às elim inações ur inár ias, houve queixas de poliúria, decorrent es do uso de diurét icos
e Cr ix iv an®, além da ingest ão de bebidas cont endo
á l co o l . Um p o r t a d o r r e f e r i u o l i g ú r i a , d e v i d o a i n su f i ci ê n ci a r e n a l . Esse s si n a i s, so m a d o s à insuficiência de líquidos, indicaram o diagnóst ico de enferm agem risco para volum e de líquido deficient e. Nesse cont ex t o, a m et a er a r edução ou elim inação d o s f a t o r e s ca u sa i s, e o o b j e t i v o , o r i e n t a r n a m onit or ização de ingest a/ ex cr et a diár ia. O sist em a d e en f er m ag em u t ilizad o f oi o ap oio- ed u cação e, co m o m é t o d o d e a j u d a , i d e n t i f i ca r si n a i s d e desidr at ação.
Avaliou- se a ingestão de alim entos com base n o r elat o d os p or t ad or es d o HI V/ aid s sob r e su as alim ent ações rot ineiras ( desj ej um , alm oço e j ant ar) . Desses, dez por t ador es do HI V/ aids m en cion ar am in g est a in ad eq u ad a d e n u t r ien t es, p r in cip alm en t e v it am in as. Os r elat os h ábit o alim en t ar ir r egu lar e lanche em substituição às refeições regulares; queixa de inapetência e perda de peso ( 20% abaixo do ideal) in d icar am o d iag n óst ico d e en f er m ag em n u t r ição d e se q u i l i b r a d a : m e n o s d o q u e a s n e ce ssi d a d e s corporais. Out ro aspect o desse diagnóst ico é a falt a
de cu idado com a alim en t ação, o qu e r esu lt a em ingest ão insuficient e de nut rient es.
O p l a n ej a m en t o d a a ssi st ên ci a p r o p o st o det erm inou com o m et a cont role de peso e m elhora n o h ábit o alim en t ar, e com o obj et iv o au m en t ar a i n g e st ã o d e a l i m e n t o s ca l ó r i co s e a v e r i g u a r a t er apêu t ica m edicam en t osa em u so, qu e ocasion a i n a b i l i d a d e p a r a i n g er i r o u d i g er i r ; ex p r essa r o int eresse em desenvolver um a reeducação alim ent ar; m o d i f i ca r seu p a d r ã o a l i m en t a r, i n g er i n d o d i et a balanceada, com vist as a obt er nut rient es por suas n e ce ssi d a d e s m e t a b ó l i ca s. Co m o si st e m a d e enferm agem , o apoio- educação, e com o m ét odos de aj uda, a orient ação e o ensino por m eio de diálogo infor m al. For am or ient ados sobr e a im por t ância da n u t r i çã o a d e q u a d a e a s o p çõ e s p a r a o e st a b e l e ci m e n t o d e u m a d i e t a b a l a n ce a d a , e estim ulados a dar im portância e tem po à alim entação, e v i t a n d o ca l o r i a s, e m su b st i t u i çã o à s r e f e i çõ e s básicas.
Com base na queixa de cansaço e tosse e de sinusit e, por dois port adores, foi considerado déficit na ox igenação e conseqüent e diagnóst ico de r isco para função respiratória alterada. A m eta, nesse caso, é ensinar o portador a prom over a drenagem sinusal, e invest igar a causa do cansaço e t osse. O obj et ivo, m elhorar a fadiga e a obst rução nasal pelo aum ent o da um idade am bient al e ingest ão hídrica e aplicação de calor local, t endo, com o sist em a de enferm agem , o a p o i o - e d u ca çã o e , co m o m é t o d o s d e a j u d a , orientação para uso de com pressas úm idas e quentes e aum ent o do consum o de líquidos.
Em relação às atividades esportivas, som ente q u a t r o p r a t i ca m a l g u m t i p o d e e sp o r t e , co m o m usculação e cam inhada. Desses, um se rest ringe a j ogar vôlei, não m uito freqüente; na realidade é um a at iv idade de r ecr eação. Os ou t r os af ir m ar am n ão praticar qualquer tipo de esporte, em bora considerem necessário para a saúde.
Quant o às necessidades de sono e repouso, set e port adores do HI V/ aids evidenciaram dificuldade em conciliá- los, sendo com um o uso de ansiolít icos, enquant o dois queixaram - se de dorm ir dem ais e de sent ir fadiga const ant e. Esses indicadores apont aram par a o diagnóst ico de enfer m agem padr ão de sono p r e j u d i ca d o . Em f a ce d o s a sp e ct o s f ísi co s e psicológicos do déficit em análise, sugeriu- se m ant er am biente calm o, tranqüilo e com luzes apagadas; ter horário diário para acordar, dorm ir e descansar; evitar alim entos e bebidas contendo cafeína antes de dorm ir e t om ar chá de cam om ila ou r efr esco de m ar acuj á ou, ainda, ler algo agradável e relaxant e.
Aut ocuidado e o port ador...
Caet ano JA, Pagliuca LMF.
Online
Já para o diagnóstico intolerância à atividade, i d e n t i f i ca d o a p a r t i r d a v e r b a l i za çã o d e f a d i g a , m o st r a n d o co m p r o m e t i m e n t o d o si st e m a d e t r an sp or t e d e ox ig ên io secu n d ár io à an em ia e à m ed i cação , a m et a est ab el eci d a f o i au m en t ar a t oler ância à at iv idade e, com o obj et iv o, o por t ador do HI V/ aids v er balizar m elh or ia da in t oler ân cia e a u m e n t a r p a r t i ci p a çã o n a s a t i v i d a d e s d i á r i a s. Sel eci o n o u - se, co m o si st em a d e en f er m ag em , o apoio- educação e, com o m étodo de aj uda, orientação para a redução da int olerância à at ividade.
Ou t r o aspect o a sobr essair em r elação às exigências de aut ocuidado universal é a m anut enção do equilíbr io ent r e solidão e int er ação social. Cinco por t ador es do HI V/ aids afir m ar am ser solit ár ios ou não part icipat ivos em at ividades sociais.
O diagnóst ico de enfer m agem ev idenciado foi risco para solidão relacionado à aids, enquant o a m et a foi ident ificar est r at égias par a a socialização dos por t ador es do HI V/ aids que se sent em só e, o obj et ivo, prom over a int eração social. Com o sist em a de enferm agem , o apoio- educação e, com o m ét odos d e aj u d a, en cor aj ar a p essoa a f alar sob r e seu s sent im ent os de solidão e as razões pelas quais eles e x i st e m , a l é m d e d i scu t i r a i m p o r t â n ci a d a socialização.
Ain d a d en t r o d o r eq u isit o d e au t ocu id ad o universal, no sub- requisito prevenção de riscos à vida e ao b em - est ar, f or am r elev an t es: p r ev en ção d o câncer de m am a, do colo de út er o e da pr óst at a, a v a l i a çã o o d o n t o l ó g i ca e o f t a l m o l ó g i ca a n u a l , im unização e invest igação dos cuidados básicos com os olhos, consum o de álcool e fum o e práticas sexuais sem preservat ivo, com o m ost ra a Tabela 2.
Tabela 2 - Dist r ibuição do sub- r equisit o pr ev enção d e r iscos à v id a e ao b em - est ar d o au t ocu id ad o universal dos port adores do HI V/ aids. Fort aleza- CE, j aneir o- dezem br o de 2002
D e a co r d o co m a Ta b e l a 2 , q u a n t o à dist r ibuição de sub- r equisit o pr ev enção de r iscos à v i d a e a o b e m - e st a r, a d e m a n d a n a co n su l t a oftalm ológica foi de oit o port adores do HI V/ aids ( não faziam acom panham ent o regularm ent e) , incluído um que nunca havia feit o exam e na visão, sob alegação de falt a de acesso a serviços oft alm ológicos.
No cont ext o da pr evenção, no ger al, pode-se evidenciar a preocupação dos port adores do HI V/ aids em relação aos olhos, principalm ent e quant o à perda da visão. Tal fat o deve- se ao conhecim ent o de outros portadores com história de cegueira decorrente d a s i n f e cçõ e s o p o r t u n i st a s, p o i s, e n t r e a s com plicações decorrent es da infecção pelo HI V, est ão p r e se n t e s a s o cu l a r e s, q u e p o d e m a t é l e v a r à cegueir a e se m anifest am algum as v ezes de for m a inesperada no est ádio de evolução biológica do vírus no or ganism o.
Referente à saúde oral de portadores do HI V/ aids, dois não fazem acom panham ent o odont ológico regularm ent e. Ent ret ant o, enfat iza- se a prom oção da saúde bucal com o fundam ental, por diversos m otivos, p ois ex ist e m aior p r ob ab ilid ad e d e in f ecções q u e geram situações dolorosas, dificultando a alim entação. Além d isso, essas in f ecções p od em ser d e d if ícil tratam ento, sej a por m icroorganism os m ais potentes, sej a por im unidade baixa. Out ro aspect o relevant e é que as cav idades de cár ie at uam com o nicho onde m a i s m i cr o o r g a n i sm o s se i n st a l a m e f a ci l i t a m
doenças( 11).
Foi com um entre os participantes o consum o de bebida alcoólica ( 7) e fum o ( 6) . Na indagação do uso de preservat ivo durant e a prát ica sexual, quat ro port adores relat aram não fazer uso. Apesar de t odos r e co n h e ce r e m o r i sco d o co n su m o d e b e b i d a s a l co ó l i ca s, d o f u m o e d e p r á t i ca s se x u a i s se m p r e se r v a t i v o , e sse co n h e ci m e n t o n ã o t e m si d o suficient e para a adoção de hábit os saudáveis, pois cada um age de acordo com suas crenças, desej os, m ed o s, em b o r a a i n f o r m ação e o s r i sco s sej am univ er sais.
En f i m , p e r ce b e u - se a f r a g i l i d a d e d e com port am ent o para a saúde, um a vez que, apesar de or ien t ados, a m aior ia n ão adot a r egu lar m en t e p r át i cas d e p r o m o ção d a saú d e, co m o o ex am e oftalm ológico e odontológico, a consulta de prevenção d o câ n ce r d e m a m a , d e ú t e r o , d e p r ó st a t a e im unização.
Quant o ao aspect o de im unização, apenas u m p o r t a d o r d o HI V/ a i d s r e f e r i u d é f i ci t d e autocuidado. É recom endado ao portador do HI V/ aids com im unodeficiência clínica e/ ou laborat orial grave
e d s a d n a m e D o d a d i u c o t u a e d a d il i b a h / e d a d i c a p a C o d a d i u c o t u a o a r a p O Ã N e d o c i t s ó n g a i D m e g a m r e f n e a c i g ó l o m l a tf o a tl u s n o
C 8 Manutençãoineifcaz e d ú a s a d s o c i s á b s o d a d i u C s o h l o s o m o c 7 a c i g ó l o t n o d o a tl u s n o C 2 l o o c l á r a ti v E 7 o m u f r a ti v E 6 l a u x e s o ã ç a l e r r a ti v E s o v it a v r e s e r p m e s 4 o ã ç n e v e r p e d s e m a x E e d , a m a m e d r e c n â c ( ) a t a t s ó r p e d e o l o
c 10
o ã ç a z i n u m I 1
Font e prim ária
Aut ocuidado e o port ador...
Online
ev i t a r v a ci n a s co m a g en t es b i o l ó g i co s v i v o s o u at en u ados. Em r elação aos im u n ógen os n ão v iv os não há cont r a- indicação, em bor a a r espost a im une celular e/ ou hum oral sej a m enor do que a observada em adult os im unocom pet ent es. É im port ant e, porém , con sid er ar sem p r e o r isco/ b en ef ício e o con t ex t o
epidem iológico( 12).
Os indicador es de v er balização de falt a de acesso aos ser viços de at endim ent o de saúde e de cuidados básicos com os olhos, o abuso de álcool e d e f u m o , a s p r á t i ca s se x u a i s se m p r e se r v a t i v o co n d u zi r a m à i d e n t i f i ca çã o d o d i a g n ó st i co d e e n f e r m a g e m m a n u t e n çã o i n e f i ca z d a sa ú d e , r elacionado à incapacidade de ident ificar, cont r olar e/ ou buscar aj uda para m ant er a saúde. Propôs- se, então, com o m eta, dim inuir o déficit de AC, a fim de atingir o m ais alto nível de saúde e, com o obj etivo, o port ador do HI V/ aids dem onst rar conhecim ent o das a m e a ça s n a su a sa ú d e e co m p o r t a m e n t o d e pr om oção de seu aut ocuidado. Assim , elegeu- se o si st e m a d e e n f e r m a g e m , a p o i o - e d u ca çã o e o s m ét odos de aj uda, or ient ação, apoio e ensino por m eio da oficina.
O aut ocuidado de desenvolvim ent o
Os requisit os de AC de desenvolvim ent o são ex i g ên ci as q u e, o co r r i d as d u r an t e d et er m i n ad as et apas do desenvolvim ent o hum ano ou derivadas de um a condição ou associada a um evento, pode afetar
o indivíduo adversam ent e( 3).
Neste estudo, aparece com o sub- requisito de AC d e d esen v o l v i m en t o d éf i ci t n a a d a p t a çã o à s m o d i f i ca çõ e s d e co r r e n t e s d a a i d s, a p a r t i r d e pergunt as feit as sobre sent im ent os de descobert a da d o e n ça , d a p e r d a d e a m i g o s, d e p r o b l e m a s financeiros, com o m ost ra a Tabela 3.
Tabela 3 - Distribuição das dem andas de autocuidado e os diagnóst icos de enferm agem dos port adores do HI V/ ai d s, seg u n d o r eq u i si t o s d o au t o cu i d ad o d e desenvolvim ent o. Fort aleza- CE, j aneiro- dezem bro de 2002
e d s a d n a m e D
o d a d i u c o t u a
e d a d il i b a h / e d a d i c a p a C
o d a d i u c o t u a o a r a p
O Ã N
e d o c i t s ó n g a i D
m e g a m r e f n e
s à o ã ç a t p a d A
s e õ ç a c if i d o m
S D I A a d s e t n e r r o c e d
8 Medo
1 Imagemcorporalpetrurbada 1 Bsatiuiaxacioauntaol-esitma
1
1 Senitmentodepesar l a n o i c n u f s i d 3
1 Enfrentamentoineifcaz
Font e prim ária
O pr im eir o assunt o discut ido foi a dat a do diagnóstico, situada entre 1992 e 1998, quando a aids er a sin ôn im o d e est r an h eza e p r econ ceit o. Ou t r o aspect o com en t ado r ef er iu - se à con dição em qu e ocor r eu a descober t a, m ar cada pr incipalm ent e pelo sur gim ent o dos sint om as do com panheir o, ou pela m or t e dele, ou , ain da, pela m an ifest ação de seu s próprios sint om as, em bora, às vezes, o port ador não t enha feit o im ediat am ent e o exam e de confirm ação. Nesse contexto, e diante da obrigação de sustentar a casa, o m edo da m ort e int ensifica- se m ais ainda na m ulher, em virt ude da preocupação pelo fut uro dos filhos, enquant o a quest ão da própria exist ência fica em segundo plano.
No geral, a descoberta da doença é um ponto m arcante e traum atizante na aids. Quando indagados sobre o sentim ento quando da descoberta da doença, os por t ador es do HI V/ aids r espon der am : t r ist eza, depr essão, r ev olt a, angúst ia e m edo. Tr ês sent em indiferença e um com entou achar que a aids era um a doença com o out ra qualquer, t inha cura. Out ro disse que ao saber da positividade ficou tranqüilo e daí em diante se enfiou na bebida. Já os sentim entos de perda foram de t rist eza, depressão e raiva.
Doze p or t ad or es d o HI V/ aid s ap r esen t am dificuldades financeir as, a m aior ia é aposent ado ou beneficiár io, em bor a seis ex er çam ainda at iv idades inform ais, porquant o o dinheiro de grande part e do grupo provém de benefícios, e não é suficiente sequer p a r a sa t i sf a ze r n e ce ssi d a d e s b á si ca s d e sobr ev iv ên cia.
O aut ocuidado de desenv olv im ent o par ece se int er- relacionar, pois a descobert a da aids leva à aposen t ador ia e, con seqü en t em en t e, a pr oblem as f in an ceir os. O ar t igo 2 0 3 da Con st it u ição Fed er al garant e para as pessoas com AI DS não cont ribuint es da pr ev idência social um aux ílio- doença, m as esse benefício não est á acessív el a t odos os por t ador es d o HI V/ ai d s. O n ú m er o d e p essoas i n f ect ad as e d oen t es é v isiv elm en t e su p er ior ao at en d im en t o propiciado pelo governo. Desse m odo, a continuidade dessa assistência ainda não é um a situação totalm ente resolvida, porquanto a epidem ia cresce e se pauperiza cada vez m ais. Adem ais, por ser um a doença crônica, sem tratam ento curativo, m uitos consideram a m orte um a const ant e na vida dos port adores.
O diagnóstico de m edo, determ inado em oito port adores do HI V/ aids, baseou- se na declaração de sent im ent os de apreensão sobre a doença, a perda v isual e a m or t e e est ev e pr esent e na descober t a, em m om ent os de m ort e im inent e de ent es queridos Rev Latino- am Enferm agem 2006 m aio- j unho; 14( 3)
www.eerp.usp.br/ rlae
Aut ocuidado e o port ador...
Online
e em sit uações de perda visual de alguém conhecido do gr u po. É possív el, t am bém , ser decor r en t e de p r oj eção d o in d iv íd u o d ian t e d a su a sit u ação d e p o r t a d o r d o H I V/ a i d s. Co m o m e t a d o p l a n o assist encial, sugeriu- se ut ilização de m ecanism os de resolução eficaz no controle da ansiedade, tendo com o obj etivo aum ento no conforto psicológico e fisiológico. Selecionou- se, com o sist em a de enferm agem , apoio-e d u ca çã o apoio-e co m o m é t o d o s d apoio-e a j u d a , a p o i o apoio-e or ient ação m ediant e diálogo infor m al, no int uit o de pr opor cionar t r anqüilidade e confor t o e per m it ir ao indivíduo verbalizar suas ansiedades. Os m ecanism os de resolução sugeridos foram relaxam ent o, m úsica, bat e- papo com am igos.
O diagnóst ico im agem cor por al per t ur bada f oi ev id en ciad o p ela v er b alização d e m u d an ça n a aparência secundária à lipodistrofia, ou sej a, m udança na dist r ibuição de gor dur a do cor po, decor r ent e do uso prolongado de ant i- ret rovirais. A principal queixa é em agrecim ent o de regiões do corpo, com o braços, per nas, nádegas e r ost o, enquant o o abdôm en, as cost as e a n u ca com eçam a acu m u lar g or d u r a e co m p r o m e t e m a a u t o - e st i m a , l e v a n d o a i n d a a o diagnóst ico de baixa aut o- est im a sit uacional. Com o m et a do plan o assist en cial, pr opôs- se m elh or ar a a u t o - i m a g e m d o p o r t a d o r d o H I V/ a i d s e , conseqüent em ent e, a aut o- est im a. Já o obj et ivo foi m in im izar os ef eit os d a lip od ist r of ia. Par a t an t o, selecionou- se, com o sist em a de enferm agem , apoio-e d u ca çã o apoio-e co m o m é t o d o s d apoio-e a j u d a , a p o i o apoio-e or ien t ação p ar a a p r át ica d e ex er cícios f ísicos e m anut enção de diet a saudável.
O r e l a t o d e f a l e ci m e n t o d e u m a co l e g a por t ador a de aids, acom pan h ado de ex pr essão de t rist eza quant o à perda e com port am ent o ineficaz na tentativa de reinvestir em relacionam entos am orosos, levaram à ident ificação do diagnóst ico sent im ent o de pesar disfuncional, present e em onze port adores da am ostra. A m eta foi am enizar o pesar disfuncional e, o o b j e t i v o , co n f o r m a r o i n d i v íd u o d i a n t e d o enfrentam ento da m orte de entes queridos e conduzi-lo à com pr een são da im por t ân cia de u m a r elação am or osa est áv el, r est abelecendo obj et iv os e m et as d e r e a l i za çõ e s e m su a v i d a e d e m o n st r a n d o ca p a ci d a d e d e se a u t o cu i d a r. O si st e m a d e en f er m ag em , ap oio- ed u cação, in st r u m en t aliza as ações de enferm agem por m eio dos m étodos de aj uda, apoio e or ient ação. Nesse m om ent o foi im por t ant e um a com unicação t erapêut ica e a prát ica de escut a at iv a, no int uit o do alcance da m et a e do obj et iv o pr opost os.
O diagnóst ico enfrent am ent o ineficaz est eve pr esent e no gr upo com o um t odo, em decor r ência
dos seguint es indicadores: aparência alt erada devido a o s a n t i - r e t r o v i r a i s, i n t e r r u p çã o d e v ín cu l o s em ocion ais secu n d ár ios à m or t e e in t er n am en t o, cronicidade da doença e com plexidade da terapêutica. A m eta foi dim inuir o déficit de autocuidado referente à aids e, o obj et ivo, a part icipação do indivíduo no com portam ento de saúde desej ado, m enos ansiedade nas perdas e verbalização de práticas de autocuidado n o con t r ole d a aid s. Par a t an t o, selecion ou - se o sist em a d e en f er m ag em ap oio- ed u cação e, com o m ét odos de aj uda, orient ação sobre m edicam ent os, d oen ça, p r ob lem as ocu lar es, au t o- ex am e ocu lar, est im ulando assim seu aut ocuidado.
O aut ocuidado de desvio de saúde
No r equ isit o de au t ocu idado de desv io de saúde, o indivíduo deve m odificar o aut oconceit o e/ ou a aut o- im agem e aceit ar a si m esm o, diant e da con dição de se en con t r ar em est ado par t icu lar de
saúde( 3). Nesse grupo, havia pessoas com dificuldades
em a ssu m i r a l g u m a s ex i g ên ci a s d e a u t o cu i d a d o vinculadas aos problem as de saúde, quer sej a quanto ao t rat am ent o e cont role decorrent es dessa, incluída a adesão da terapêutica, quer sej a quanto a aspectos da pr om oção do funcionam ent o e desenv olv im ent o h u m a n o , q u e t ê m r e l a çã o co m a p r e v e n çã o e det ecção precoce de problem as de saúde.
As necessidades pessoais de AC variarão de acordo com o estádio da doença, pois as condições a q u e cad a u m se en con t r a su b m et id o d if er em n o m om ent o do diagnóst ico, do t r at am ent o e após as f ases d e t r at am en t o. Essas n ecessid ad es d if er em ainda em r azão da síndr om e clínica ex per im ent ada pela pessoa, assim com o as reações em ocionais e os m étodos de abordagem pessoal diferirão em resposta à fase da infecção.
Tabela 4 - Distribuição das dem andas de autocuidado e os diagnóst icos de enferm agem dos port adores do HI V/ aids, segundo requisitos do autocuidado de desvio de saúde. Fort aleza- CE, j aneiro- dezem bro de 2002
e d s a d n a m e D o d a d i u c o t u a e d a d il i b a h / e d a d i c a p a C o d a d i u c o t u a o a r a p O Ã N e d o c i t s ó n g a i D m e g a m r e f n e s d i a a d e l o rt n o
C 10 Controleineifcazdoregime o c it u ê p a r e t
8 Percepçãosensoiral o ã s i v : a d a b r u t r e p 4 Doraguda
3 1 e t n e i c if e d o t n e m i c e h n o C s a m e l b o r p a o d a n o i c a l e r s d i a a n s e r a l u c o
Font e prim ária Aut ocuidado e o port ador...
Online
Ao olhar as pessoas que vivem com HI V/ aids, é i m p o ssív e l n ã o p e n sa r n o s i m e n so s d e sa f i o s diar iam ent e enfr ent ados por elas: a quant idade de r e m é d i o s i n g e r i d o s, a a b r a n g ê n ci a d o s e f e i t o s co l a t e r a i s e i n t e r a çõ e s, a a n si e d a d e co m a regularidade do tratam ento e a dificuldade de acesso a ex am es i m p r esci n d ív ei s p esam n a b al an ça d a qualidade de v ida e r enov am o desafio de v iv er a aids a cada dia.
Na análise da dist ribuição dos sub- requisit os de AC por desv io de saúde, quant o ao t r at am ent o m edicam ent o, t em - se dem anda de aut ocuidado no uso de m edicam ent os, pois seis port adores referem não ingeri- los regularm ente, principalm ente nos finais de sem ana, em razão do uso de bebidas alcoólicas. Um pacient e j am ais t om ava os rem édios em virt ude dos efeit os colat erais e inadequação nos horários do m ed i ca m en t o , en q u a n t o d o i s n ã o f a zem u so d e nenhum m edicam ent o por indicação m édica.
A com plexidade do regim e t erapêut ico e os efeit os colat er ais, em t r ês por t ador es do HI V/ aids, com o t am bém o uso incorret o da m edicação, ou de r esist ência a ela, de esquecim ent o na t om ada, do consum o de álcool, em seis port adores do HI V/ aids, a não ida às consult as pr ev iam ent e m ar cadas e a não r ealização dos ex am es de cont r ole conduzir am ao diagnóst ico de enfer m agem cont r ole ineficaz do r egim e t er apêut ico.
Est abeleceu- se, ent ão, com o m et a ader ir o indivíduo ao regim e t erapêut ico e, com o obj et ivo, o indivíduo relat ar int enção de prat icar com port am ent o d e saú d e n ecessár i o p ar a ad er i r à m ed i cação e a ce i t a çã o d o r e g i m e t e r a p ê u t i co ; u t i l i za r cr it er iosam en t e a m edicação pr escr it a e r elat ar a int enção de pr at icar os com por t am ent os saudáv eis o u d esej á v ei s p a r a o co n t r o l e d a a i d s; m o st r a r ca p a ci d a d e d e se a u t o cu i d a r, p r i n ci p a l m en t e n a realização do acom panham ent o m édico regular e dos exam es de controle ( carga viral e contagem de CD4) . Com o sist em a de enfer m agem , selecionou-se apoio- educação e, com o m étodos de aj uda, ensino e apoio, m ediant e or ient ação e oficinas de adesão. As or ien t ações pr et en der am esclar ecer as dú v idas sobr e os m edicam en t os e seu s ef eit os colat er ais, enquant o as ações de incent ivo visaram est im ular o grupo a part icipar de oficinas de adesão prom ovidas na RNP/ CE.
O diagnóstico percepção sensorial perturbada: visão, foi identificado durante a prática do auto- exam e ocular pelo indiv íduo sob super v isão da enfer m eir a
p e sq u i sa d o r a e t a m b é m q u a n d o d a co n su l t a oft alm ológica. A m et a foi auxiliar na ident ificação de problem as oculares e m inim izar o déficit visual; com o obj etivo, conseguir que o portador do HI V/ aids realize o aut o- exam e ocular, ident ifique problem as e use os m eios cor r et iv os. Selecion ou - se com o sist em a d e enferm agem o apoio- educação e, com o m ét odos de aj uda, a orientação, o apoio e ensino m ediante diálogo inform al e oficina educat iva.
A pr opost a da Teor ia do Au t ocu idado v isa desenvolver o pot encial do indivíduo para ident ificar e resolver seus problem as de saúde. Assim , a m et a da enferm agem é alcançar o aut ocuidado, ent endido com o um cuidado desem penhado pela própria pessoa, par a si m esm a, quando ela alcança um est ado de am adurecim ent o que a t orna capaz de realizar um a ação prem edit ada, conscient e, cont rolada e eficaz. A sa ú d e , d e ssa f o r m a , p o d e r á se r v i st a pr edom inant em ent e com o conseqüência das ações do próprio indivíduo.
Qu a t r o p o r t a d o r e s d o H I V/ a i d s experienciaram o diagnóstico de dor aguda na região ocular. Est abeleceu- se, ent ão, com o m et a, m inim izar a dor e, com o obj et iv o, r efer ir dim inuição da dor. Ev i d en ci o u se o si st em a d e en f er m a g em a p o i o -educação e o m ét odo de aj uda encam inham ent o ao oftalm ologista. Para tanto, explorou- se um pouco m ais su a v i v ê n ci a d e d o r o cu l a r co m o : i n t e n si d a d e , freqüência, sit uações a int erferir no aparecim ent o ou elev ação d e su a in t en sid ad e, d e m od o q u e essa in t en sid ad e ev id en ciou au m en t o d a sen sib ilid ad e dolorosa, principalm ent e à noit e, quando o port ador está lendo. Mencionaram o uso de colírio, o qual tende a m inim izar a dor, e o fato do olho estar seco, o que incom oda m uito. No entanto, o uso de colírios requer cu idados e só dev e ser adot ado após con su lt a ao oft alm ologist a.
No d i a g n ó st i co co n h eci m en t o d ef i ci en t e, f o r a m co n si d e r a d o s o s se g u i n t e s i n d i ca d o r e s: v er b a l i za çã o d o d esco n h eci m en t o d e p r o b l em a s ocular es na aids e dificuldade em r ealizar o aut o-e x a m o-e o cu l a r. A m o-e t a f o i d i m i n u i r o d é f i ci t d o conhecim ent o e or ient ar o por t ador do HI V/ aids a execut ar corret am ent e o aut o- exam e ocular; para o alcan ce do obj et iv o su ger iu - se a pr át ica do au t o-exam e ocular na rot ina de aut ocuidado. Para isso, o sist em a d e en f er m ag em im p lem en t ad o f oi ap oio-educação e, com o m ét odos de aj uda, or ient ação e en sin o por m eio de oficin a edu cat iv a, qu e bu scou est im ular o indiv íduo a per ceber a im por t ância do Rev Latino- am Enferm agem 2006 m aio- j unho; 14( 3)
www.eerp.usp.br/ rlae
Aut ocuidado e o port ador...
Online
cuidado com o olho, a identificar problem as, a buscar solu ções, est ab elecer p lan os p ar a o ap r en d izad o, d i scu t i r se u s se n t i m e n t o s e p a r t i ci p a r progressivam ent e das t écnicas do aut o- exam e ocular. Cabe aos profissionais de saúde, em especial à enfer m eir a, t r abalhar no sent ido de desenv olv er est r at égias capazes de m obilizar os por t ador es do HI V/ a i d s p a r a a a d o çã o e m a n u t e n çã o d e com p or t am en t o sau d áv el p ar a o AC. A ad esão à p r át i ca d o au t o - ex am e o cu l ar r eq u er t o l er ân ci a, co m u n i ca çã o e f i ci e n t e , m a i o r d i v u l g a çã o . É u m t r abalho a ser desenv olv ido a longo pr azo, pois só assim os resultados serão m ais satisfatórios m ediante redução no déficit do conhecim ent o sobre alt erações oculares na aids e m aiores esclarecim entos dos riscos decorrent es da condut a inadequada.
A a p l i ca çã o d a Te o r i a d e En f e r m a g e m propiciou a ident ificação dos déficit s de aut ocuidado, no t ot al de dezenov e diagnóst icos de enfer m agem . O sist em a apoio- edu cação dir ecion ou as ações n a b u sca d a a u t o n o m i a d o p o r t a d o r e m p a r t i ci p a r ativam ente do seu tratam ento, porém , alguns fatores l i m i t a r a m a a d e sã o d e sse p o r t a d o r n o se u aut ocuidado, com o: inst abilidade da doença, baix o n ív el d e escolar id ad e, r esist ên cia a m u d an ça d e com por t am ent o, com o deix ar de consum ir álcool e não incor por ação da pr át ica do aut o- ex am e ocular r ot ineir am ent e.
CONSI DERAÇÕES FI NAI S
Ao r eal i zar est e t r ab al h o, p er ceb eu - se a pr át ica do aut ocuidado desde que não se per ca de
v ist a o r esp eit o às escolh as in d iv id u ais. Desej ar autocuidar- se é algo m uito particular. Os participantes, m esm o b em in f or m ad os e esclar ecid os sob r e seu est ado de saúde, ainda persist em em est ilos de vida co m p r o m e t e d o r e s d a e f i ci ê n ci a e e f i cá ci a d o t r at am en t o, con sider ados pon t os r elev an t es com o
déficit s de aut ocuidado. As dem andas t erapêut icas
q u a se se m p r e e st ã o a sso ci a d a s a o s a sp e ct o s biológicos, ainda que se t enha not ado por m eio dos depoim ent os que quest ões relacionadas ao est ilo de vida precisam ser sist em at icam ent e t rabalhadas nos grupos de pessoas vivendo com HI V.
Nos t reze port adores do HI V/ aids do est udo foi ident ificado um t ot al de dezenove diagnóst icos de en f er m ag em , d ez n o s r eq u i si t o s d e au t o cu i d ad o u n i v e r sa l , ci n co n o s r e q u i si t o s d e a u t o cu i d a d o relat ivos ao desenvolvim ent o e quat ro nos requisit os de aut ocuidado relacionados ao desvio de saúde.
A aplicação da Teoria do Aut ocuidado requer t em po par a apr esent ar r esult ados, ex ige dedicação e p a ci ê n ci a , r e q u i si t o s i m p r e sci n d ív e i s n o acom panham ent o preconizado pela Teoria de Orem , que é o sist em a de apoio- educação.
Ressalt a- se, no ent ant o, a necessidade de i m p l em en t ar a si st em at i zação d a assi st ên ci a d e enferm agem ao port ador do HI V/ aids, dest acando a im por t ância da ut ilização do r efer encial t eór ico do aut ocuidado de Or em , pr opor cionando a per cepção d o s i n d i v íd u o s, d e se u s a sp e ct o s o r g â n i co s, psicoafet ivos, sociais, cult urais e espirit uais, levando o enfer m eir o a ident ificar e inv est ir na capacidade para o aut ocuidado.
REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS
1. Minist ér io da Saúde ( BR) . Bolet im epidem iológico AI DS 15 48ª / 2001 a 13ª / 2002. Brasília ( DF) : Minist ério da Saúde; 2 0 0 2 .
2 . Min ist ér io d a Saú d e ( BR) . Con st it u ição d a Rep ú b lica Feder at iv a do Br asil. Assem bléia Nacional Const it uint e de 1988. Rio de Janeir o: COFEN; 1986.
3. Orem DE. Nursing: concept s of pract ice. 5th ed. St . Louis:
Mosby ; 1 9 9 5 .
4 . Du ar t e MCA, Aci o l y CMC, Per ei r a WSB, Per ez VLAB. Diagnóstico de enferm agem em paciente epiléptica em basado n a t eor ia d o au t ocu id ad o: est u d o d e caso. Rev Técn ica Enfer m agem Nur sing. 2000; 25( 3) : 30- 4.
5. Fernandes WL, Modest o JF, Nóbrega MML. Sist em at ização da assist ência de enferm agem ao diabét ico j ovem em basada no aut ocuidado. Rev RENE; 2000; 1( 1) : 76- 82.
6 . To r r es GV, D av i m RMB, Nó b r eg a MML. Ap l i cação d o processo de enferm agem baseado na teoria de Orem : estudo d e ca so co m u m a a d o l escen t e g r á v i d a . Rev La t i n o - a m Enfer m agem 1999; 7( 2) : 47- 53.
7 . Si l v a LMG. Br e v e r e f l e x ã o so b r e a u t o cu i d a d o n o planej am ent o de alt a hospit alar pós- t ransplant e de m edula óssea: r elat o de caso. Rev Lat ino- am Enfer m agem 2 0 0 1 ; 9 ( 4 ) : 7 5 - 8 2 .
8 . Tr en t i n i M, Pa i m L. Pesq u i sa em en f er m a g em : u m a m odalidade conv er gent e- assist encial. Flor ianópolis: Edit or a da UFSC; 1999.
9 . No r t h Am e r i ca n Nu r si n g D i a g n o si s Asso ci a t i o n . D i a g n ó st i co s d e e n f e r m a g e m d a NAND A: d e f i n i çõ e s e cl assi f i cações 2 0 0 1 - 2 0 0 2 . Por t o Al eg r e: Ar t es Méd i cas; 2 0 0 2 .
10. Minist ério da Saúde ( BR) . Conselho Nacional de Saúde. Co m i ssã o Na ci o n a l d e Ét i ca e m Pe sq u i sa – CONEP. Resolução no. 196/ 96. Dispõe sobr e pesquisa env olv endo seres hum anos. Brasília ( DF) : Minist ério da Saúde; 1996.
Aut ocuidado e o port ador...
Online
1 1 . Al b u q u e r q u e EB. Co m o a o d o n t o l o g i a p o d e g e r a r prevenção? Bolet im pela Vidda. [ periódico on online] 1997. ( 28) . [ Acessado 2002 out ubr o 10] . Disponív el em : ht t p: / / < www.pelavidda.org.br/ princ4.ht m l> .
12. Minist ério da Saúde ( BR) . Bolet im epidem iológico AI DS 13. [ periódico online] out ubro/ dezem bro. 2000 [ cit ado 2001 m a i o 4 ] 1 3 : 3 6 - 5 3 . [ 4 t e l a s] . D i sp o n ív e l e m : h t t p : / / www.aids.gov.br/ sit ebol.
13. Vent ura M. Direit os hum anos e aids: o cenário brasileiro. I n: Parker R, Galvão J, Bessa MS. Saúde, desenvolvim ent o e polít ica: r espost a fr ent e à aids no Br asil. Rio de Janeir o. Goiânia: AB, 2001.
Recebido em : 11.1.2005 Aprovado em : 2.12.2005
Rev Latino- am Enferm agem 2006 m aio- j unho; 14( 3) www.eerp.usp.br/ rlae
Aut ocuidado e o port ador...