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Cisto extradural congênito.

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Academic year: 2017

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CISTO EXTRADURAL CONGÊNITO

NUBOR O . FACURE*; F . J . MONTEIRO SALLES**;

JOSÉ J . FACURE*; JOSÉ ZACLIS***

A compressão medular por cisto extradural congênito é de ocorrência

rara, tendo sido considerada como entidade clínica definida por Elsberg, Dyke

e Brewer (1934)

2

que descreveram seus sinais e sintomas. Em 1955 Cuneo

1

relatou um caso pessoal e fêz referências a 20 observações que encontrou em

revisão da literatura. Porisso é justificável a apresentação deste caso que

serve também para mostrar que a intervenção cirúrgica precoce evita as

alterações irevesíveis da medula.

N . S .( brasileira, branca, 16 anos, s e x o f e m i n i n o , foi a t e n d i d a e m a m b u l a t ó r i o e m 22-10-1969 q u e i x a n d o - s e de perda de força n o s m e m b r o s inferiores i n i c i a d a 6 m e s e s a n t e s ; n o princípio h a v i a a p e n a s r e d u ç ã o da força m u s c u l a r a o s esforços p a r a a m a r c h a o u para corrida; p o u c o a p o u c o a r e s i s t ê n c i a d i m i n u i u a t é que ficou reduzida à m a r c h a c o m apôlo, c h e g a n d o por fim, à impossibilidade t o t a l de l o c o m o ç ã o . N ã o a c u s a a l t e r a ç õ e s e s f i n c t e r i a n a s , n e m p e r t u r b a ç õ e s s u b j e t i v a s d a s e n s i -b i l i d a d e . Exame clínico-neurológico — P a r a p a r e s i a crural s e n s i t i v o - m o t o r a flácida c o m s i n a l de B a b i n s k i b i l a t e r a l ; r e f l e x o s c u t â n e o - a b d o m i n a i s a b o l i d o s ; h i p o r r e f l e x i a p a t e l a r e a q u i l e a n a . H i p o e s t e s i a t é r m i c a e dolorosa c o m n í v e l e m T 5 . Sensibili-d a Sensibili-d e s a r t r e s t é s i c a e p a l e s t é s i c a c o m p r o m e t i Sensibili-d a s n o s m e m b r o s i n f e r i o r e s . Exame

ra-diológico — A l a r g a m e n t o do c a n a l r a q u e a n o n o s s e u s d i â m e t r o s t r a n s v e r s a l e

a n t e r o - p o s t e r i o r e m T5, T6 e T 7 . E r o s ã o dos p e d í c u l o s d e s s a s v é r t e b r a s . Mediante i n j e ç ã o de lipiodol por v i a cisternal, foi v e r i f i c a d o b l o q u e i o t o t a l por e s t r e i t a m e n t o do s a c o m e n í n g e o n o s e n t i d o d o r s o - v e n t r a l desde a f a c e c a u d a l de T4 a t é a f a c e c r a n i a l de T 7 . U m a c a v i d a d e , n a p o r ç ã o dorsal do c a n a l r a q u e a n o , e n c h e u - s e p r o g r e s s i v a m e n t e , n a s e q ü ê n c i a das radiografias, a p r e s e n t a n d o c o m o l i m i t e c a u d a l o e s p a ç o i n t e r v e r t e b r a l T7, T8; n a ú l t i m a radiografia, o l i m i t e c r a n e a l da c o l u n a r a d i o p a c a c h e g a v a a o m e i o do corpo de T 6 . E n c o n t r a - s e i m a g e m a r r e d o n d a d a de 2 m m de d i â m e t r o a o n í v e l da f a c e c r a n e a l de T6, l i g a n d o - s e à i m a g e m d o e s p a ç o s u b a r a c n ó i d e o por u m curto c a n a l . Foi possível, p o r t a n t o , d i a g n o s t i c a r cisto e x t r a -d u r a l c o m p r i m i n -d o o s a c o m e n í n g e o , e m c o m u n i c a ç ã o c o m o e s p a ç o s u b a r a c n ó i -d e o a o n í v e l de T6 ( F i g . 1 ) .

* M é d i c o a s s i s t e n t e do D e p a r t a m e n t o d e N e u r o l o g i a , F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d a U n i v e r s i d a d e d e C a m p i n a s ; ** P a t o l o g i s t a ; *** C h e f e d a S e c ç ã o d e N e u r o r r a d i o l o g i a , D e p a r t a m e n t o d e N e u r o l o g i a , F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d a U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o .

(2)

Intervenção cirúrgica — E m 24-10-69 foi f e i t a l a m i n e c t o m i a desde T5 a t é T7,

sendo e n c o n t r a d o v o l u m o s o c i s t o e x t r a d u r a l desde T5 a T7, e s t a n d o o c a n a l r a q u e a n o a l a r g a d o n e s t a á r e a . T r a ç ã o l a t e r a l do cisto e v i s u a l i z a ç ã o da d u r a - m a t e r n o r m a l recobrindo a m e d u l a . T e c i d o gorduroso n a s e x t r e m i d a d e s do cisto que n ã o apre-s e n t a v a a d e r ê n c i a apre-s c o m a d u r a - m a t e r ; p e q u e n o colo c o m u n i c a n d o o c i apre-s t o c o m o e s p a ç o s u b a r a c n ó i d e o foi l i g a d o n a a l t u r a de T6. R e m o ç ã o t o t a l do cisto q u e m e d i a 8 c m de c o m p r i m e n t o por 3 c m no d i â m e t r o t r a n s v e r s a l e 2 c m no a n t e r o -p o s t e r i o r ; c o n t e ú d o r e -p r e s e n t a d o -por fluído t r a n s -p a r e n t e e i n c o l o r .

Exame histopatológico — F i x a ç ã o e m formol, i n c l u s ã o e m p a r a f i n a e c o l o r a ç ã o

por H . E . , t r i c r ó m i c o e r e t í c u l o de Gomori, e G a l l e g o . T r a t a s e de f o r m a ç ã o s a -c u l a r o v o i d e v a s i a -c u j a l u z e s t á r e v e s t i d a por m e m b r a n a lisa b r i l h a n t e e -c u j a p a r e d e é s e m i - t r a n s p a r e n t e , de a s p e c t o f i b r o s o . A o e x a m e microscópico e n c o n t r a - s e t e x t u r a f u n d a m e n t a l m e n t e c o n e t i v o - f i b r i l a r h i a l i n i z a d a n a f a c e e x t e r n a o n d e e x i s t e "tecido e e t u l o - g o r d u r o s o c o m a l g u m a s fibras n e r v o s a s m i e l i n i z a d a s ; a f a c e i n t e r n a t e m r e v e s t i m e n t o e n d o t e l i f o r m e d i s c o n t i n u o q u e r e p o u s a sobre f a i x a v a s c u l a r i z a d s . de t e x t u r a f r o u x a m u i t o rica e m fibras r e t i c u l í n i c a s ( F i g . 2 ) . D i a g n ó s t i c o : Cisto c o n g n ê i t o e x t r a d u r a l .

Evolução — Melhora i m e d i a t a da p a r a p a r e s i a , c o m a u m e n t o do t o n u s m u s c u l a r .

(3)

C O M E N T Á R I O S

(4)

intensi-dade; mais freqüentes são as alterações da sensibilidade profunda; distúrbios

esfincterianos podem ocorrer. A remissão dos sintomas já foi observada

tam-bém espontaneamente por esvasiamento eventual do cisto. O quadro clínico

se inicia na adolescência, sendo de dois meses a 13 anos a duração do

qua-dro clínico, quando não fôr feita a extirpação cirúrgica.

O exame radiográfico é fundamental para o diagnóstico que algumas

vezes já pode ser feito mediante radiografias simples da região dorsal. O

quadro radiológico característico foi descrito por Elsberg e c o l .

2

: há

compro-metimento de vértebras torácicas com aumento da distância interpedicular

e erosão dos arcos e dos pedículos, disso resultando alargamento do canal

raqueano nos seus diâmetros ântero-posterior e transversal. Essas alterações

se localizam com maior freqüência entre T4 a TIO, podendo haver cifose ou

escolióse dorsal associada. As radiografias contrastadas quasi sempre

mos-tram bloqueio total ou parcial do canal raquano. A identificação radiológica

da comunicação entre o cisto e o espaço subaracnóideo foi feita pela primeira

vez por Jacobs-Smith e Van Horn (citados por Cuneo

1

). O exame do líquido

cefalorraqueano nos casos referidos na literatura, revelou a síndrome liquórica

de bloqueio do canal raqueano.

Do ponto de vista etiológico a maioria dos autores considera o cisto

extradural congênito como um divertículo do saco meníngeo. Porém como

a comunicação entre o cisto e o espaço subaracnóideo só é identificável,

direta ou indiretamente, em apenas 1/3 dos casos (Hanraets

3

), foi

admi-tida, por outros, a formação do cisto a partir de células ectópicas (Hindman-*).

Cuneo

1

cita a opinião de Cloward e Buey que procuram explicar a ausência

da comunicação pela obliteração do pedículo no decorrer do desenvolvimento,

continuando o crescimento do cisto por secreção intrínseca.

No que respeita ao diagnóstico diferencial têm sido relatados casos cuja

sintomatologia pode fazer pensar em esclerose em placas ou em siringomielia

(Elsberg

2

). Por outro lado, já foi encontrado tumor intra-medular

^spon-gioblastoma) previamente diagnosticado como cisto extradural (Hindman

4

).

Os lipomas devem ser lembrados porque mostram quadro radiográfico

seme-lhante àquele encontrado nos cistos; contudo os lipomas são mais

freqüen-tes na região cervical. O comprometimento de três ou mais vértebras

torá-cicas, apresentando as alterações acima referidas no exame radiográfico, é

quasi patognomônico do cisto extradural. Cistos de raízes nervosas,

confor-me foi descrito por Tarlov (citado por Hanraets

3

), se localizam ao nível de

S3; eles podem ser múltiplos e emergem entre o endoneuro e o perineuro

da porção extradural das raízes ou, então, da cápsula do gânglio.

R E S U M O

(5)

S U M M A R Y

Congenital extradural cyst: a case report

A case of congenital extradural cyst successfully operated is reported.

The value of the radiographic examinations of vertebral colum is emphazised.

Comunication betwen the cyst and subarachnoidal space was detected

mielographically. Early diagnosis followed by prompt surgery may prevent

permanent spinal cord damage.

R E F E R Ê N C I A S

1 . C U N E O , H . M . — S p i n a l e x t r a d u r a l c y s t s . J . N e u r o s u r g . 12:176-180, 1 9 5 5 .

2 . E L S B E R G , C . A . ; D Y K E , C . G . & B R E W E R , E . D . — T h e s y m p t o m s a n d d i a g n o s i s of e x t r a d u r a l c y s t s . B u l l . N e u r o l . I n s t . N e w Y o r k 3:395-417, 1 9 3 4 .

3 . H A N R A E T S , P . R . M . J . — C o n g e n i t a l e x t r a d u r a l s i v e e p i d u r a l c y s t s . In T h e D e g e n e r a t i v e B a c k , 1959, p p . 1 8 3 - 1 8 6 .

4 . H Y N D M A N , O . R . & G E R B E R , W . F . — S p i n a l e x t r a d u r a l c y s t s , c o n g e n i t a l a n d a c q u i r e d . J . N e u r o s u r g . 3:474-486, 1 9 4 6 .

Referências

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