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Construção, validação e avaliação de objeto virtual de aprendizagem para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CURSO DE DOUTORADO

MAYARA LIMA BARBOSA

CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS

PRIVADAS DE LIBERDADE

NATAL/RN 2019

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MAYARA LIMA BARBOSA

CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS

PRIVADAS DE LIBERDADE

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de Doutor em Enfermagem

Área de Concentração: Enfermagem na atenção à saúde.

Linha de Pesquisa: Desenvolvimento tecnológico em saúde e enfermagem.

Orientadora: Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

NATAL/RN 2019

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CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS

PRIVADAS DE LIBERDADE

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de Doutor em Enfermagem

Resultado: Aprovada Data: 19 de junho de 2019.

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AGRADECIMENTOS

Após aproximadamente 62.400 km percorridos entre Campina Grande-PB e Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria construir esse feito e percorrer esse longo caminho sozinha.

A Deus, que cuidou de mim por toda a estrada, que me fortaleceu, abençoou-me e, nas horas mais difíceis, falava ao abençoou-meu coração “Eu sei bem o que tens vivido, sei também que tens chorado, eu sei bem que tens sofrido, pois permaneço ao teu lado, ninguém te Ama como Eu”.

À minha família que, mesmo sem entender muita coisa sobre o que é a pós-graduação, permaneceu junto a mim. Em especial, à minha Mãe Goretti que ao seu modo demonstra todo o amor e cuidado comigo. Ao meu Pai Adelson maior incentivador dos meus estudos, mesmo sem entender porque gosto tanto de estudar. Ao meu Irmão Helder que me apoiou em tudo durante esse tempo, inclusive com a criação do produto final desta tese, o objeto virtual de aprendizagem e toda sua cartela de cores, muito obrigada! E a minha Irmã Danielle que não esteve presente durante boa parte desse caminho, mas que rezou por mim mesmo longe.

À Anny, minha amiga-irmã, um presente de Deus da minha vida, sem sua amizade nada disso estaria acontecendo, só nós sabemos tudo o que passamos para que eu pudesse chegar até aqui. Meu muito obrigada por tudo, desde as incansáveis leituras e correções da tese ao suporte de dividir comigo todas as angústias e felicidades da vida. Não poderia deixar de agradecer à sua família,

Dona Célia, Fernanda e Pedro, que mostrou ser minha família também, me ajudou

quando precisei e rezou por mim.

À minha orientadora, Profa. Dra. Viviane Euzébia, muito obrigada por ter me acolhido no doutorado e em uma cidade nova e desconhecida e por aceitar meu tema de estudo. Sua atenção e cuidado comigo ficarão guardados para sempre. Assim como os ensinamentos, as orientações e o compromisso e a força com que faz pesquisa e é docente.

À Profa. Dra. Gabriela Costa, minha orientadora da graduação e do mestrado. A primeira pessoa com quem dividi o sonho de ser doutora e professora

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e, desde esse dia, contribuiu e construiu junto comigo a minha formação como pessoa e docente.

Às minhas companheiras de viagens e de vida, Emanuella de Castro

(Manu), Renata Clemente (Tata) e Karolinne Souza (Karol) gostaria de agradecer

por todas as conversas, dicas, estudos compartilhados e os sushis que dividimos durante esse tempo. À Adriana Amorim (Adri) por todos os cafés divididos e o apoio compartilhado. Deus foi muito generoso ao colocar cada uma de vocês na minha vida e no momento certo.

Aos meus amigos Alcides, Cecília e Suzane por dividir comigo essa caminhada chamada doutorado, por me ensinar sobre paciência e amizade, por me acolher em uma cidade nova e estarem sempre disponíveis para dividir momentos.

Aos professores que compuseram a banca de defesa, Professora Dra.

Gabriela Maria Cavalcanti Costa, Professor Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior, Professora Dra. Ana Luisa Petersen Cogo e Professora Dra. Pétala Tuani Candido de Oliveira Salvador pela disponibilidade em participar e pelas

considerações que contribuíram para o aprofundamento deste trabalho.

Aos que compõem o LABTEC, obrigada por me acolher, por contribuir com esta tese e seu produto. Guardarei cada corujinha em meu coração, todos os encontros, formais ou não, tornam-se momentos de aprendizados para a academia e para a vida.

A todos que fazem o curso de medicina da UNIFACISA, em especial, à coordenação de curso, às secretárias, ao grupo de Saúde Coletiva e aos

professores dos componentes básico pelo apoio e incentivo durante a minha

formação no curso de doutorado.

A todos os meus amigos que compartilharam comigo essa caminhada, torceram e rezaram pela vitória, muito obrigada!

À Profa. Dra. Patrícia, você trouxe novas experiências e perspectivas para a minha vida docente. Muito obrigada pela amizade criada e que será sempre cultivada.

Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRN, que busca o crescimento da ciência da Enfermagem através da formação e qualificação de profissionais.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo apoio financeiro.

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À Secretaria de Estado da Administração Penitenciária/PB, aos

profissionais de saúde da EABP, aos juízes e aos discentes do curso de Enfermagem/UFRN pela disponibilidade em participar da pesquisa e por todas as

contribuições direcionadas para o aperfeiçoamento do OVA – Saúde penitenciária. Não seria capaz de agradecer diretamente a todas as pessoas envolvidas. Dessa forma, quero prestar um agradecimento especial a todos que participaram, direta ou indiretamente, desse percurso e que contribuíram para a realização desse sonho. Muito obrigada!

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“Em qualquer situação, por mais difícil e complicada, mais sofrida ou incompreensível, seguirei em frente reunindo todas as forças para transformar-me cada vez mais na pessoa que decidi ser.” (Madre Teresa de Calcutá)

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BARBOSA, M. L. CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO

VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE. 2019. 137 f. Tese (Doutorado em

Enfermagem). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal (RN), 2019.

RESUMO

Objetivou-se construir, validar e avaliar um Objeto Virtual de Aprendizagem para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade. Trata de um estudo metodológico, com abordagem quantitativa, desenvolvido no período de junho/2017 a março/2019, cujas etapas seguiram o modelo proposto por Pasquali: procedimentos teóricos, empíricos e analíticos e os conceitos do Design Instrucional (modelo ADDIE). Os procedimentos teóricos compreenderam a identificação dos conteúdos que compuseram o Objeto Virtual de Aprendizagem, a partir da realização de entrevistas com os profissionais de saúde das Equipes de Atenção Básica Prisional e de uma scoping review. Para a construção da hipermídia foi considerado o referencial de Pasquali para elaboração de conteúdo e a organização seguiu os princípios da Teoria da Aprendizagem Significativa. Nos procedimentos empíricos realizou-se as etapas de validação de conteúdo, com o emprego da Técnica de Delphi. Esta etapa foi realizada com experts através de formulário eletrônico (Google forms) e para a seleção dos juízes adotou-se os critérios adaptados de elegibilidade proposto por Fehring. Nos procedimentos analíticos, procederam-se as análises referentes à concordância e ao Coeficiente de Validade de Conteúdo. A avaliação de usabilidade foi realizada com o público-alvo do Objeto Virtual de Aprendizagem, e utilizou-se a escala System Usability Scale e, de forma complementar, o Suitability Assessment of Materials. As determinações éticas presentes na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde foram respeitadas. A partir das entrevistas com os profissionais de saúde e dos resultados da revisão de escopo elucidou-se o conteúdo para composição do OVA, alinhando a realidade dos presídios e a literatura disponível com aspectos que favorecem a aprendizagem significativa, a saber: organização e ordenação não arbitrária do conteúdo, inclusão de materiais introdutórios e domínio dos conhecimentos atuais, para posterior introdução de nossos assuntos. A estruturação do Objeto Virtual de Aprendizagem procedeu-se em sete telas, a saber: apresentação, conceitos, aparatos legais, sistema penitenciário, processo de trabalho, publicações e disposições finais/créditos. Os itens que compuseram as telas continham informações sobre texto inicial com boas-vindas, instruções de navegação e botões de acesso às telas de conteúdo, título e apresentação da tela, texto interativo, proposta de exercício e dicas de leitura para aprofundamento, ressalta-se que a presença de tais itens variou de acordo com a necessidade da tela. Após a construção, sucedeu-se a validação de conteúdo, em que participaram na primeira e na segunda rodadas 11 e oito juízes, respectivamente. Após a primeira rodada de Delphi, o Objeto Virtual foi reformulado a partir das sugestões advindas dos experts, que contribuíram para aprofundamento do instrumento educacional. O Objeto Virtual de Aprendizagem foi submetido a Delphi 2, em que a concordância foi de 97,6% e Coeficiente de Validade de Conteúdo igual a 1. Posteriormente, procedeu-se a avaliação de usabilidade, esta foi realizada com 20 alunos de enfermagem, a

System Usability Scale obteve média de 82,9 e a Suitability Assessment of Materials

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conteúdo validado e a avaliação de usabilidade foi satisfatória. Nesse sentindo, a futura disponibilização do material educacional poderá fomentar e contribuir para o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade entre os alunos da área da saúde.

Palavras-Chaves: Prisões. Profissionais de saúde. Tecnologia educacional.

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BARBOSA, M. L. DEVELOPMENT, VALIDATION AND EVALUATION OF A

VIRTUAL LEARNING OBJECT TO SUPPORT PRISONERS’ HEALTH EDUCATION. 2019. 137 f. Thesis (Doctorate of Nursing). Programa de

Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal (RN), 2019.

ABSTRACT

The objective was to develop, validate and evaluate a Virtual Learning Object to support prisoners’ health education. It is a methodological study, with a quantitative approach, developed between June/2017 and March/2019, which followed the steps proposed by Pasquali: theoretical, empirical and analytical procedures and the concepts of Instructional Design (ADDIE model). The theoretical procedures included the identification of the contents that composed the Virtual Learning Object from interviews with health professionals of the Prison Basic Attention Teams and a scoping review. For the construction of the hypermedia was considered Pasquali's reference for content elaboration and the organization followed the principles of Significant Learning Theory. In the empirical procedures the content validation steps were carried out using the Delphi technique. This stage was carried out with experts through electronic form (Google forms) and eligibility criteria adapted from what is proposed by Fehring was adopted for the selection of the judges. In the analytical procedures the analyzes were carried out regarding the agreement and the Content Validity Coefficient. The usability assessment was carried out with the target audience of the Virtual Learning Object, using the System Usability Scale and, in a complementary way, the Suitability Assessment of Materials. The ethical determinations proposed in Resolution No. 466/2012 of the National Health Council were respected. From the interviews with the health professionals and the results of the scope review, the content for VLO composition was clarified, aligning the reality of prisons and the available literature with aspects that favor meaningful learning, namely: organization and ordering arbitrary content, inclusion of introductory materials and mastery of current knowledge, for further introduction of our subjects. The structure of the Virtual Learning Object was carried out in seven screens, that were: presentation, concepts, legal apparatus, penitentiary system, work process, publications and final provisions / credits. The items that composed the screens contained information about initial text with welcome, navigation instructions and access buttons to the screens of content, title and screen presentation, interactive text, proposed exercises and reading tips for deep learning, it is worth mentioning that the presence of such items varied according to what was needed in each screen. After the development, content validation followed, in which 11 and then 8 judges participated in the first and second rounds, respectively. After the first round of Delphi, the Virtual Object was reformulated based on suggestions from the experts, which contributed to improvement of the educational tool. The Virtual Learning Object was submitted to Delphi 2, that showed an agreement of 97.6% and Content Validity Coefficient equal to 1. Subsequently, the usability evaluation was carried out with 20 nursing students, the System Usability Scale obtained an average of 82.9% and the Suitability Assessment of Materials of 88.36%. The Virtual Learning Object - Prison Health had its content validated and the usability assessment was satisfactory. In view of this, future availability of this educational material may foster and contribute to health education of prisoners among health students.

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Keywords: Prisons. Health professionals. Educational technology. Hypermedia,

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema representacional da aprendizagem significativa e seus

processos relacionados, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 30

Figura 2 - Relação da Teoria da Aprendizagem Significativa com o Objeto

Virtual de Aprendizagem, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019. ... 34

Figura 3 - Demonstração dos contextos imediato, específico, geral e

metacontexto para a saúde das PPL, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 36

Figura 4 - Método de Pasquali et al (2010) aplicado ao desenvolvimento do

OVA para subsidiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 45

Figura 5 - Etapas de validação e avaliação durante os procedimentos

empíricos, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 552

Figura 6 - Classes componentes do dendrograma do corpus textual das

entrevistas com profissionais que compõem as EABP do estado da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2019... 60

Figura 7 - Análise de similitude do corpus, João Pessoa, Paraíba, Brasil,

2019... 64

Figura 8 - Fluxograma para a seleção dos textos dos estudos incluídos na scoping review (n=25), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2017... 69 Figura 9 - Score das respostas dos alunos aos itens da System Usability Scale,

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estratégias de busca da scoping review, Natal, Rio Grande do

Norte, Brasil, 2019 ... 49

Quadro 2 - Critérios empregados no processo de validação do OVA, segundo

Pasquali et al (2010), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 51

Quadro 3 - Critérios propostos por Fehring (1994) e suas respectivas

adaptações, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 55

Quadro 4 - Componentes de qualidade indicados por Nielsen nas questões

da System Usability Scale, de acordo com Tenório et al (2010), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019 ... 56

Quadro 5 - Caracterização dos estudos incluídos na scoping review segundo

título, ano e país de publicação e objetivo do estudo (n=25), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 71

Quadro 6 - Descrição das ações realizadas pela equipe de saúde nas

prisões, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 74

Quadro 7 - Descrição das facilidades e dificuldades por continente para a

realização da assistência à saúde das PPL, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 76

Quadro 8 - Telas que compõem o OVA, segundo seu objetivo e itens

componentes, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 82

Quadro 9 - Sugestões dos juízes nos itens considerados parcialmente

adequados e inadequados na etapa Delphi 1, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 84

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização da amostra de profissionais de saúde que atuam

no sistema penitenciário da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2019... 59

Tabela 2 - Caracterização dos juízes quanto à formação em nível de

graduação e pós-graduação, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 83

Tabela 3 - Nível de concordância e CVC para a avaliação geral do OVA, a

partir dos critérios de Pasquali et al (2010), nas rodadas de Delphi 1 e 2, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 83

Tabela 4 - Valores correspondentes as médias de concordância e CVC dos

critérios de Pasquali et al (2010) avaliados pelos juízes nas rodadas Delphi 1 e 2, por tela do OVA, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 85

Tabela 5 - Respostas dos alunos aos itens adaptados do SAM, Natal, Rio

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APS Atenção Primária à Saúde

CF Constituição Federal

CHD Classificação Hierárquica Descendente

CNS Conselho Nacional de Saúde

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CSS Cascading Style Sheets

CVC Coeficiente de Validade de Conteúdo DEPEN Departamento Penitenciário Nacional

EABP Equipes de Atenção Básica no Sistema Prisional

HIV Human Immunodeficiency Virus HTML HyperText Markup Language

Iramuteq Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires

IVC Índice de Validade de Conteúdo

LEP Lei de Execuções Penais

OMS Organização Mundial da Saúde

ONG Organizações Não Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

OVA Objeto Virtual de Aprendizagem

PNAISP Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

PNCTI Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

PNCTIS Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde PNSSP Plano Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário

PPL Pessoas Privadas de Liberdade RAS Rede Assistencial de Saúde

SAM Suitability Assessment of Materials

SEAP-PB Secretaria de Estado de Administração Penitenciária na Paraíba SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SUS Sistema Único de Saúde

TAS Teoria da Aprendizagem Significativa

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TIC Tecnologias da Informação e Comunicação WWW World Wide Web

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 18 2 JUSTIFICATIVA... .. 23 3 OBJETIVOS... 27 3.1 Objetivo Geral... 27 3.2 Objetivos Específicos ... 27 4 REFERENCIAL FILOSÓFICO... 28 5 REFERENCIAL TEÓRICO... 29

5.1 Teoria da Aprendizagem Significativa... 29

5.2 Teoria da Aprendizagem Significativa e o desenvolvimento de um Objeto Virtual de Aprendizagem para a área da saúde... 32

6 ANÁLISE DE CONTEXTO DA SAÚDE PENITENCIÁRIA NO BRASIL... 35

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 44

7.1 Caracterização do Estudo... 44

7.2 Procedimentos teóricos... 46

7.2.1 Fase Teórica... 46

7.2.1.1 Entrevistas com os profissionais ... 46

7.2.1.2 Scoping Review ... 47

7.2.2 Fase Construção do OVA... 50

7.2.2.1 Planejamento do conteúdo, Planejamento operacional e Primeira versão do OVA... .. 50

7.3 Procedimentos empíricos e analíticos... 52

7.3.1 Procedimentos empíricos... 52

7.3.2 Procedimentos analíticos... 56

7.4 Aspectos Éticos... 57

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 58

8.1 Entrevista com os profissionais da EABP... 58

8.2 Scoping Review... 69

8.3 Construção e Validação de conteúdo do OVA – Saúde penitenciária.... 81

8.4 Avaliação da usabilidade do OVA – Saúde penitenciária... 88

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 94

REFERÊNCIAS... 96

APÊNDICES... 107

APÊNDICE A – Roteiro para coleta de dados sociodemográficos dos profissionais de saúde a serem entrevistados... 107

APÊNCICE B – Roteiro para entrevista – Profissionais de Saúde... 110

APÊNDICE C –Termo de autorização para gravação de voz... 111

APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para profissionais de saúde... 113

APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para validação de conteúdo pelos juízes... 116

APÊNDICE F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Avaliação da usabilidade para os alunos... 119

APÊNDICE G – Instrumento para Validação de conteúdo – juízes... 121

APÊNDICE H – Instrumentos para Avaliação de Usabilidade – Público- alvo... 124

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1 INTRODUÇÃO

O cuidado à saúde das Pessoas Privadas de Liberdade (PPL), no âmbito prisional, é assegurado desde a Lei de Execuções Penais (LEP) (BRASIL, 1984). Dessa forma, embora discreta, desde o momento da publicação da LEP já houve inserção de profissionais de saúde nas unidades prisionais brasileiras, a fim de prestar cuidados a essa população. Em momentos, nos quais o estabelecimento não apresentasse provimentos necessários para a assistência, esta deveria ser oferecida em outro local, como hospitais e clínicas (LERMEN et al, 2015).

O aumento considerável do número de profissionais de saúde no sistema penitenciário brasileiro e sua oferta ocorreu a partir do Plano Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário (PNSSP), estabelecido pela Portaria Interministerial nº 1777, de 09 de setembro de 2003, que trata da primeira legislação específica da saúde nas prisões brasileiras. O grande desafio do cuidado em saúde no sistema penitenciário era atuar contra a desassistência, presente no cotidiano das unidades prisionais, aliada a uma perspectiva intersetorial (BRASIL, 2005).

O PNSSP foi instituído com o intuito de reduzir as injustiças relacionadas à falta de assistência à saúde no interior das penitenciárias. Para tanto, o Ministério da Saúde, em iniciativa conjunta ao Ministério da Justiça, reafirmou o compromisso do Sistema Único de Saúde (SUS) no que concerne à atenção à saúde universal e equânime, em consonância com o instrumento legal – a Constituição Federal (CF) de 1988 – que reconhece a saúde como direito fundamental de todos (BRASIL, 1988).

Contudo, a superlotação, a insalubridade e a estrutura física precária das penitenciárias continuavam a interferir negativamente no acesso da população penitenciária aos serviços de saúde. Ademais, era fundamental elaborar uma política pública que garantisse a atenção integral à saúde das PPL em todo o itinerário carcerário – compreendido como o percurso do indivíduo desde as delegacias, cadeias públicas, presídios, penitenciárias e demais unidades prisionais – ao considerar que o PNSSP contemplava apenas a população privada de liberdade em regime fechado e sentenciada (BRASIL, 2014a).

Assim, após 10 anos da publicação do PNSSP e, em decorrência de sua avaliação, percebeu-se a necessidade de reformulação da política social, sendo

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criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), por meio da Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014 (BRASIL, 2014a).

As diretrizes gerais da PNAISP são a integralidade, a intersetorialidade, a descentralização, a hierarquização e a humanização. O seu objetivo geral é garantir o acesso das PPL no sistema prisional ao cuidado integral do SUS. Busca, ainda, garantir a assistência ou a referência para os diversos tipos de agravos em saúde que acometem a população carcerária (BRASIL, 2014a).

Para que o desenvolvimento das ações de saúde seja possível e haja a efetivação da PNAISP, a política prevê que os profissionais de saúde estejam organizados nas Equipes de Atenção Básica no Sistema Prisional (EABP). As equipes devem ser constituídas por um médico, um enfermeiro, um técnico em enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião dentista e um técnico ou auxiliar de saúde bucal, com a possibilidade de acréscimo de um profissional de nível superior (fisioterapia, psicologia, assistência social, farmácia, terapia ocupacional, nutrição ou enfermagem) e/ou de uma equipe de saúde mental, quando necessário (BRASIL, 2014a).

Em relação aos profissionais de saúde alocados nas penitenciárias, há os entraves que se relacionam à garantia de universalidade do direito à saúde, ao financiamento das ações, à garantia da participação popular, à redefinição do modelo de atenção à saúde desse grupo populacional e, por fim, à gestão do trabalho. Ainda, emergem problemas relacionados às especificidades inerentes aos presídios, em que as limitações estruturais são comuns e interferem negativamente na assistência ofertada (BRITO et al, 2017).

Ante ao cenário supracitado, é fundamental fornecer subsídios para a atuação e preparar os graduandos da área de saúde para exercerem suas futuras profissões nesse âmbito. A partir do treino de habilidade e competências específicas, ao considerar essa área de atuação dos profissionais.

Nesse sentindo, o fomento de ações educacionais e a

reflexão/aprofundamento sobre a temática devem ser estimulados nos centros na formação de recursos humanos para o SUS, a fim de contribuir para o desenvolvimento de competências para a adequada atuação no cenário prisional (BARBOSA et al, 2014).

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Para cooperar com a formação direcionada para o trabalho em saúde e dos profissionais atuantes nas penitenciárias, entende-se que o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) é uma alternativa viável e seu uso tem sido crescente em meio à sociedade contemporânea (SILVA; SOARES, 2018).

Ao final do século XX, houve um intenso desenvolvimento de tecnologias voltadas para a informação e a comunicação entre pessoas, com ênfase para a popularização da World Wide Web (WWW). Desde então, as tecnologias e recursos digitais alcançaram espaço no cotidiano das pessoas com o objetivo de suprir as diferentes lacunas e necessidades existentes entre as classes de usuários (LANZI et

al, 2012).

Considerando-se a crescente virtualização das relações interpessoais e o anseio por informação, que é traduzido pela busca de novas fontes de conhecimento (LANZI et al, 2012), a inclusão de tecnologias, no processo de ensino e aprendizagem, tornou-se imperativa nos dias atuais.

Cabe ressaltar que a inserção dessas novas estratégias midiáticas para conduzir o desenvolvimento do ensino não representa uma atividade simples e o professor apresenta-se como essencial nesse momento, pois é de sua responsabilidade a mediação de todo esse processo (SILVA; SOARES, 2018).

É inegável que o emprego das TIC tem se revelado como uma importante estratégia para a inclusão de artifícios tecnológicos e interativos na construção do saber, como a utilização de jogos, animações, simulações, entre outros meios do âmbito digital (GEDIEL; SOARES; OLIVEIRA, 2016). Sua inserção no processo de aprendizagem é reforçada pela teoria da cibercultura, que contribui para a formação profissional, sob o prisma da virtualização das relações de aprendizagem (GROSSI; KOBAYASHI, 2013).

Essa perspectiva é corroborada por Pierre Lévy e sua teoria de sociedade da cibercultura e ciberespaço. Para esse filósofo “o saber não é uma pirâmide estática, ele viaja em uma vasta rede móvel de centros de pesquisa, de bancos de dados, de mídias, associando moléculas e grupos sociais, elétrons e instituições” (LÉVY, 1998, p.179).

Essa forma dinâmica de ensinar e aprender, compreendida por Lévy, envolve a interpretação do conteúdo midiático (SILVA; SOARES, 2018), a facilidade de acesso das pessoas ao conhecimento, uma vez que reduz as barreiras geográficas existentes (MASSON et al, 2014) e ainda proporciona maior autonomia para o aluno,

(21)

que é estimulado a participar efetivamente do processo de aprendizagem (COSTA; LUZ, 2015).

Entre as diversas formas de inserção da tecnologia no ensino, destacam-se os Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA). Essa ferramenta digital caracteriza-se por ser interativa, apresentar suporte multimídia e linguagem hipermídia, ser reutilizável e apoiar a aprendizagem em diversos níveis de formação (GALLO; PINTO, 2010).

Seu emprego envolve três princípios positivos: a flexibilidade, relacionada à reformulação de seus conteúdos, a baixos custos; a interoperabilidade, que permite seu emprego em qualquer parte do mundo, através da uniformização dos sistemas de informatização; e a reusabilidade, que se refere à possibilidade de repetição quanto à sua utilização (ALVAREZ, 2018).

A construção e a utilização de OVA, em consonância com teorias educacionais aplicadas em todas as etapas de sua construção, torna-o uma potencial ferramenta para o ensino (COSTA; LUZ, 2015; AVELINO et al, 2016). Portanto, entende-se que a Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) é uma importante fundamentação teórica para a construção e utilização do OVA.

A TAS se sustenta nas alterações cognitivas empreendidas após o aluno relacionar novas informações com aquelas já existentes em sua estrutura cognitiva. Para tanto, duas condições são essenciais: o novo material deve ser potencialmente significativo para o aluno e o aluno deve apresentar-se predisposto a aprender (AUSUBEL, 2002).

O OVA se coloca, portanto, como a expressão de um material potencialmente significativo, que alia a sua capacidade em explorar as potencialidades dos alunos envolvidos, de forma autônoma, a partir de relações multidirecionais de comunicação e de intercâmbio de saberes (ALVAREZ, 2018).

É importante ressaltar que as características do OVA coadunam com o perfil dos alunos atuais, que apresentam aproximação e consomem naturalmente as tecnologias e, portanto, buscam por meios digitais de ensino, que propiciem de modo ativo e participativo a busca por conhecimento, em detrimento de aulas menos dinâmicas (RIBEIRO et al, 2016).

Isto posto, para o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade a partir da utilização do OVA seja possível, defende-se a sua utilização como material de apoio para o ensino presencial, que caracteriza o Blended Learning ou B-learning

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(Ensino híbrido). Essa modalidade apresenta a incorporação de atividades a distância no ensino presencial e, ainda, possibilita a integração de estratégias de aprendizagem – baseadas na resolução de problemas e na problematização – de forma colaborativa, que contribui para a promoção de uma formação para o trabalho multiprofissional (GOUDOURIS; STRUCHINER, 2015).

Assim, delineou-se como objeto desta pesquisa a construção, validação e avaliação de um OVA para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade. Cuja tese é: o OVA proposto é válido para apoiar o ensino sobre a saúde penitenciária. E, tem-se como questão norteadora “como deve ser construído, validado e avaliado um OVA para apoiar o ensino sobre saúde penitenciária?”.

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2 JUSTIFICATIVA

A população privada de liberdade encontra-se em situação de vulnerabilidade e muitos são os fatores que perpetuam essa realidade, como os sociais, os culturais, os econômicos e os organizacionais das políticas públicas sociais do Estado. Nesse contexto, as PPL, confinadas no interior das penitenciárias nacionais, são pouco percebidas pelos governantes e pela sociedade (SOARES FILHO; BUENO, 2016).

Concomitantemente a essa conjuntura, observa-se o sucateamento das estruturas físicas e o crescimento exponencial do número de PPL, em grande parte provenientes de classes menos favorecidas economicamente, cenário que contribui sobremaneira para o lastimável estado de saúde dessa população (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

Sabe-se, ainda, que a condição de saúde se torna mais grave durante o período do confinamento. A prevalência das doenças entre as PPL, em muitos casos, apresenta-se superiores àquelas verificadas na população extramuros. Entre as queixas de saúde mais relatadas no interior dos presídios encontram-se: problemas do aparelho digestório (constipação, dificuldades digestivas e gastrite); dificuldade auditiva e visual; doenças respiratórias (sinusite, rinite alérgica e bronquite crônica); doenças cardíacas (hipertensão arterial); doenças infecciosas (dengue e tuberculose) e as doenças de pele (úlceras e psoríase) (MINAYO; RIBEIRO, 2016).

Entretanto, para o enfrentamento desse grave cenário tem-se um sistema de saúde prisional subfinanciado, insuficientemente equipado, com profissionais pouco motivados, que utilizam estratégias inadequadas por serem fragmentadas e essencialmente prescritivas (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

Entre as possíveis soluções para essas lacunas observadas no cotidiano das EABP destaca-se o reconhecimento dos problemas existentes, da constatação das singularidades que permeiam o exercício profissional no ambiente prisional nacional (BRITO et al, 2017).

Dessa forma, o fomento do saber na área da saúde penitenciária é capaz de contribuir para solucionar os problemas evidenciados nessa área. Assim, justifica-se a construção, a validação e a avaliação de dispositivos para apoiar o ensino sobre a saúde das PPL. A importância da inclusão desse tema durante a formação

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profissional coaduna com o reconhecimento da complexidade do exercício laboral de profissionais de saúde no cárcere.

O estudo e a abordagem das práticas assistenciais para essa população, entre as instituições formadoras, são capazes de fomentar discussão e compreensão acerca das condições de vida e de saúde das PPL e, por conseguinte, o desenvolvimento de competências para a execução de atividades para as reais necessidades dessa população (COSTA et al, 2014; BEZERRA; ASSIS; CONSTANTINO, 2016).

Estratégias articuladas entre saúde e tecnologia têm-se mostrado como uma importante solução para tais lacunas verificadas nos centros de formação de profissionais. Como a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) que busca delimitar pesquisas, cujos conhecimento e inovação tecnológica sejam capazes de propiciar melhorias na saúde da população que usa o SUS (BRASIL, 2008).

Considera-se, então, que a criação de um OVA sobre saúde penitenciária pode representar uma importante estratégia para o apoio do ensino desse tema durante a formação na área da saúde.

Em seu texto, a PNCTIS reconhece o número ainda incipiente de iniciativas e oportunidades que fomentam a capacitação, a partir da ciência, tecnologia e inovação em saúde, que contribuem para a aplicação da produção científica e da tecnologia criada no que se refere ao melhoramento dos programas e ações já existentes no âmbito no SUS (BRASIL, 2008).

A Agenda de prioridades de pesquisa do ministério da saúde também propõe no eixo 4 o desenvolvimento de tecnologias e inovação em saúde que busquem aumentar a resolubilidade da APS em áreas vulneráveis, como é reconhecidamente a saúde em ambiente prisional (BRASIL, 2018a). Desse modo, tecnologias voltadas para essa temática podem favorecer o acesso às práticas assistenciais e, por conseguinte, potencializar a resolução dos problemas de saúde entre as PPL.

Ademais, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação na área da saúde destacam a necessidade de empreender mudanças no que concerne ao processo de formação dos profissionais, de modo a estimular o trabalho em equipe em consonância com os serviços de saúde e a comunidade, a partir do estímulo do pensamento crítico e da capacidade de absorver novos conteúdos de modos diferentes (BRASIL, 2001).

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Esse aspecto encontra-se em conformidade com as potencialidades, características e concepções do Blended Learning. Essa abordagem compreende a educação como um processo dinâmico, que incentiva a organização dos conteúdos e as suas formas de apresentação e de interação em conformidade com as maneiras de aprender do indivíduo, ao considerar as permanentes transformações sociais (SOUSA; SCHLÜNZEN JR, 2018).

Suas potencialidades referem-se à ampliação e flexibilização do tempo e espaço para seu uso, a alta capacidade de interação entre alunos e docentes – situação que potencializa o diálogo e formação para o trabalho em equipe, elimina as limitações e transtornos do ensino exclusivamente online e é personalizável (SOUSA; SCHLÜNZEN JÚNIOR, 2018).

Contudo, o respeito a alguns pré-requisitos é essencial para que o Blended

Learning possa funcionar corretamente, entre os quais se destaca a necessidade da

ampliação da perspectiva dos professores, com recepção positiva para a implantação dessa abordagem mista de ensino – que pode ser facilitada com a realização de treinamento; laboratório de informática completo ou possibilidade de acesso à internet de forma gratuita; pais e/ou responsáveis conscientes e de acordo com a formação mista e avaliações formativa e contínua interna bem estabelecidas e delimitadas (LALIMA; DANGWAL, 2017).

Ressalta-se que o propósito da abordagem da aprendizagem híbrida não recai sobre a troca do ensino tradicional e presencial por uma sala de aula virtual, sua aplicação pretende a integração entres formas de ensinar e aprender, formais e informais, ao objetivar que as informações e o conhecimento presentes, dentro e fora da sala de aula, sejam unificados (SOUSA; SCHLÜNZEN JR, 2018).

O emprego de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, em diversos contextos da área da saúde, tem alcançado excelentes resultados. A utilização de OVA tem se mostrado como facilitador, quando usado nas aulas presenciais, e promove a motivação dos alunos para a aprendizagem a distância (MASSON et al, 2014).

Tal situação é possível, pois essas estratégias digitais apresentam ambientes amigáveis, motivadores e interativos (AVELINO et al, 2016). E, ainda, contribuem para o desenvolvimento de competências para a prestação da assistência em saúde mais qualificada (PEREIRA et al, 2014).

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Dessa forma, a criação de ciberespaços destinados à formação constitui-se em importante oportunidade para a ampliação de saberes poucos difundidos, como saúde das PPL. E ações nesse sentido representarão um avanço para a educação dos futuros profissionais em saúde e podem contribuir para a melhoria na assistência oferecida no interior das unidades prisionais brasileiras.

Ante aos aspectos abordados, apreende-se que a saúde das PPL, como política nacional e, portanto, eixo prioritário de atenção no SUS, deve ser alvo da PNCTIS. Em que a criação de um dispositivo para a abordagem da temática, nos centros de formação profissional, apresenta-se como uma significante estratégia para o fomento da discussão e, por conseguinte, para a melhoria da assistência à saúde das PPL no País.

Além disso, a produção de um OVA – tecnologia educacional – está em conformidade com a linha de pesquisa “Desenvolvimento tecnológico em saúde e enfermagem” do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Construir, validar e avaliar um Objeto Virtual de Aprendizagem para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade

3.2 Objetivos Específicos

Identificar os itens necessários para compor o Objeto Virtual de Aprendizagem para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade;

Construir o Objeto Virtual de Aprendizagem para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade;

Validar o conteúdo do Objeto Virtual de Aprendizagem;

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4 REFERENCIAL FILOSÓFICO

O referencial filosófico baseia-se na teoria de sociedade da cibercultura e do ciberespaço, defendidos pelo filósofo Lévy Pierre, relacionada ao ensino.

O texto foi publicado na revista Saúde e Transformação Social, sob título “Ciberespaço para produção de conhecimento aos profissionais de saúde no Sistema prisional” (ANEXO A).

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5 REFERENCIAL TEÓRICO

A construção do OVA sobre saúde penitenciária foi estruturada a partir da Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) por considerar a necessidade de aporte na área da educação e, ainda, reconhecer o grande potencial desse referencial no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem que se contrapõe ao modelo mecânico.

Esse referencial encontra-se estruturado em dois subitens, a saber: Teoria da aprendizagem significativa; e Teoria da aprendizagem significativa e o desenvolvimento de um objeto virtual de aprendizagem.

5.1 Teoria da Aprendizagem Significativa

A TAS é defendida por David Ausubel, graduado em psicologia e medicina, com doutorado em Psicologia do Desenvolvimento, que se dedicou a estudar a visão cognitiva da psicologia educacional (MOREIRA, 2012). Sua teoria afirma que a aprendizagem significativa se refere ao processo de aprendizagem no qual o conhecimento novo interage de maneira não literal e intencional com o conhecimento prévio e relevante, existente na estrutura cognitiva do sujeito (AUSUBEL, 2000).

A estrutura cognitiva corresponde, então, às informações estabelecidas na mente do sujeito, cujos elementos são organizados hierarquicamente – entre gerais e específicos – e mantêm relações complexas e dinâmicas. Assim, a organização dos elementos na estrutura cognitiva do sujeito é mutável ao longo do tempo e variável de acordo com o campo do saber (AUSUBEL, 2000).

Na TAS, os elementos que constituem as informações presentes na estrutura cognitiva do sujeito, portanto componentes de informação prévia, são denominados subsunçores ou ideias-âncora (AUSUBEL, 2000).

Acerca dos subsunçores, ressalta-se que, embora possam ser considerados como conceitos, esse dispositivo da estrutura cognitiva não trata apenas de definições estruturantes, mas podem ser representados por proposições, modelos mentais, concepções, ideias, representações sociais, entre outros (MOREIRA, 2012).

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É importante esclarecer que os primeiros subsunçores de um indivíduo são pouco estáveis, por terem sido formados a partir de processos contínuos e dinâmicos de inferência, descobrimento e representação que decorre de diversos encontros do sujeito com objetos, eventos e conceitos. E, gradativamente, os subsunçores adquirem níveis crescentes de estabilidade e especificidade em decorrência de sucessivas aprendizagens significativas e seus processos relacionados (AUSUBEL, 2000).

A dinamicidade dos subsunçores na estrutura cognitiva decorre de dois processos: a diferenciação progressiva e a reconciliação integradora. A diferenciação progressiva refere-se ao modo no qual há concessão de novos significados a um subsunçor, e ocorre em decorrência de sua utilização frente à interação com novos conhecimentos. A reconciliação integradora ocorre ao mesmo tempo da diferenciação progressiva e constitui-se no processo de eliminar as diferenças entre os conceitos, a partir da resolução de inconsistências (Figura 1) (AUSUBEL, 2000).

Figura 1 - Esquema representacional da aprendizagem significativa e seus

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Entretanto, para que haja a aprendizagem significativa, Ausubel (2000) menciona ser fundamental a ocorrência de uma variável e duas condições: o conhecimento prévio do aluno; o material com caráter potencialmente significativo; e a predisposição do aluno para aprender, respectivamente.

Dentre esses, o conhecimento prévio consiste na variável isolada de maior representatividade para a ocorrência da aprendizagem significativa, pois o fenômeno da ancoragem é dependente da interação entre as informações novas e já presentes na estrutura cognitiva (AUSUBEL, 2000).

O potencial significativo do material a ser abordado relaciona-se à capacidade de apresentar significado lógico e ordenamento de ideias que possibilite a relação intencional e não literal com a estrutura cognitiva do aprendiz (AUSUBEL, 2000).

E a predisposição do aluno em aprender refere-se à necessidade de que sua estrutura cognitiva apresente subsunçores relevantes para a interação deste com a nova informação e que este aluno deseje os processos de diferenciação e integração em sua estrutura cognitiva (AUSUBEL, 2000).

Essa última condição pode deparar-se com um importante entrave: a inexistência ou o não reconhecimento de subsunçores adequados na estrutura cognitiva do aprendiz para que haja a ancoragem da nova informação. Nesses casos, naturalmente ocorre a aprendizagem mecânica.

Contudo, a TAS prevê a possibilidade de criar organizadores prévios, a fim de promover ancoragem ou fomentar a percepção da relação entre o novo conhecimento e as ideias já existentes na estrutura cognitiva do sujeito. Os organizadores prévios são compreendidos como um recurso instrucional, cujas informações apresentam-se mais abrangentes, gerais e inclusivas que o material para a aprendizagem significativa (AUSUBEL, 2000).

Os professores apresentam-se como fundamentais quando não há organizadores prévios ou o não reconhecimento de subsunçores adequados, pois são capazes de introduzir materiais que poderão servir para a ancoragem e também podem mediar a percepção do aluno em relação ao conhecimento prévio e a nova informação e, assim, despertar subsunçores, anteriormente desconsiderados (SOUSA et al, 2015).

É importante ressaltar que a forma de interação entre a nova informação e aquela já existente na estrutura cognitiva do sujeito não é única, portanto, pode ocorrer por subordinação, superordenação e combinatória. A subordinação decorre

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quando novos conhecimentos adquirem significado em conhecimentos prévios relevantes mais abrangentes e inclusivos. A superordenação ocorre quando os novos conhecimentos vão sendo adquiridos e envolvidos em processos de abstração, indução e síntese, que levam os novos conhecimentos a subordinar aqueles presentes. A combinatória implica na interação com vários outros conhecimentos, que não são nem mais inclusivos ou específicos (AUSUBEL, 2000). A aprendizagem significativa pode ser classificada em: representacional, conceitual e proposicional. A representacional refere-se aos símbolos que representam significados. A conceitual percebe regularidades em eventos e objetos que são constituídos por um símbolo. E a proposicional fornece novas ideias expressas na forma de uma proposição. Assim, os tipos de aprendizagem representacional e conceituais são pré-requisitos para que ocorra a aprendizagem proposicional (AUSUBEL, 2000).

Independentemente da forma de interação ou do tipo de aprendizagem significativa que é desenvolvida, a proposta teórica de Ausubel representa uma alternativa viável e eficaz para a formação profissional ao considerar sua aplicação inovadora, a apresentação de novas informações e a elaboração contínua de conceitos, em consonância com o conhecimento prévio, que visa a retenção e consolidação das informações (SOUSA et al, 2015).

5.2 Teoria da Aprendizagem Significativa e o desenvolvimento de um Objeto Virtual de Aprendizagem para a área da saúde

A TAS remete a uma aquisição de conhecimento em uma estrutura organizada e em uma situação formal de ensino. Por muito tempo, essa situação formal de ensino era reconhecidamente a sala de aula em moldes tradicionais. Atualmente, esse cenário é ampliado e pode ser híbrido, a partir da inclusão das TIC no processo de aprendizagem (MOREIRA, 2012).

O ensino híbrido é uma realidade crescente e presente em diversas áreas de conhecimento, inclusive na saúde. Isto posto, a utilização conjunta entre as metodologias de ensino digitais e as TIC subsidiadas pela TAS pode contribuir para a formação na área de saúde, ao promover a assimilação dos conteúdos e informações técnicas, teóricas ou inovadoras, a partir de estratégias amplamente

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acessíveis, ativas e flexíveis capazes de modificar as práticas e condutas direcionadas para o cuidado e a assistência em saúde (TRONCHIN et al, 2015).

Entre as alternativas em que a tecnologia pode ser construída a partir de aporte didático pedagógico tem-se a elaboração de dispositivos virtuais (SOUSA et

al, 2015), como o OVA.

O OVA é uma ferramenta caracterizada como digital, participativa, flexível e que estimula o conhecimento e o aprendizado autônomo e independente (TAMASHIRO; PERES, 2014). Sua introdução é emergente nas instituições formadoras e se relaciona ao incentivo a uma aprendizagem ativa e significativa entre os discentes (COSTA; LUZ, 2015).

O desenvolvimento de práticas de ensino mediadas por tecnologia, associadas às teorias de ensino e aprendizagem, podem contribuir positivamente para a formação de profissionais (SOUSA et al, 2015). Pois os objetos virtuais construídos a partir da TAS favorecem a interação entre o conhecimento prévio do aluno e a nova informação. Destaca-se que os materiais educacionais não são classificados como significativos ou não significativos, pois o processo relaciona-se às condições e variáveis que dependem do aprendiz (SOUSA et al, 2015). Contudo, alguns aspectos no material cooperam com o desenvolvimento da aprendizagem.

A organização dos conteúdos fomenta e potencializa a diferenciação progressiva e a reconciliação integrativa – processos essenciais para o desenvolvimento da aprendizagem significativa. Dessa forma, a disposição e a ordenação das informações no objeto educacional não são realizadas aleatoriamente, as ideias mais gerais e organizadoras devem ser inicialmente abordadas e, progressivamente, há a inserção de informações menos inclusivas e diferenciadas.

Outro aspecto facilitador da aprendizagem significativa e que pode ter aplicação no OVA denomina-se organizador prévio. Os organizadores prévios – como já descritos anteriormente, são recursos empregados em situações que os alunos não apresentam subsunçores adequados – quando colocados como materiais introdutórios que promovem as ligações do novo assunto com a estrutura cognitiva do aluno, a fim de construir a base para que haja significação posterior.

Ainda, Ausubel (2000) refere-se à consolidação, relacionada ao domínio dos conhecimentos atuais, para posterior introdução de novos assuntos. A consolidação pode ser alcançada a partir da inclusão de exercícios durante o processo de

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aprendizagem. Entre os instrumentos e estratégias que colaboram para a consolidação, destaca-se a construção dos mapas conceituais ou atividades que utilizam informações reais para a sua elaboração. E essas estratégias devem ser aplicadas ao longo do processo, a fim de possibilitar a consolidação, frente a uma aprendizagem significativa sequencial.

A figura 2 esquematiza as relações entre os aspectos da TAS e do OVA para favorecer a aprendizagem significativa.

Figura 2 - Relação da Teoria da Aprendizagem Significativa com o Objeto Virtual de

Aprendizagem, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Assim, depreende-se que a aplicação de TIC no ensino formal pode e deve ser estimulada. Contudo, é fundamental que a construção desse material instrucional esteja em consonância com teorias pedagógicas, a fim de contribuir para a sua adequabilidade para fins educacionais.

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6 ANÁLISE DE CONTEXTO DA SAÚDE PENITENCIÁRIA NO BRASIL

Este capítulo é formado por uma análise de contexto, a partir do referencial teórico-metodológico de Hinds; Chaves; Cypress (1992).

Para os autores, o contexto corresponde a uma fonte importante de dados para o pesquisador, pois contribui para o entendimento do fenômeno estudado, uma vez que há esclarecimento e análise dos aspectos contextuais, suas interações e sua influência sobre o fenômeno. Nesse método são destacados o contexto imediato, o específico, o geral e o metacontexto (HINDS; CHAVES; CYPRESS, 1992).

O contexto imediato apresenta como principal característica a imediação, portanto, refere-se ao presente e aos aspectos relevantes do fenômeno. O contexto específico relaciona o passado imediato e os aspectos importantes na atualidade. O contexto geral se qualifica pela construção dos eventos e ações a partir das interpretações das interações passadas e atuais. E o metacontexto emerge do conhecimento socialmente construído, que exerce influência direta sobre os comportamentos e os eventos (HINDS; CHAVES; CYPRESS, 1992).

Em meio ao conteúdo da análise pertinente à saúde prisional brasileira, emergiram os níveis específicos do contexto, segundo o referencial teórico-metodológico estabelecido. O contexto imediato discorre sobre as ações de saúde desenvolvidas junto às PPL; o contexto específico revela os aspectos dos profissionais de saúde e das unidades prisionais que se relacionam com a saúde das PPL; o contexto geral relaciona a saúde das PPL e a sociedade; e o metacontexto exprime as políticas e aparatos legais direcionados à saúde nas prisões (Figura 3).

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Figura 3 - Demonstração dos contextos imediato, específico, geral e metacontexto

para a saúde das PPL, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

6.1 Metacontexto - Políticas e aparatos legais direcionados à saúde nas prisões

Há o reconhecimento da responsabilidade do Estado em proteger os direitos das pessoas, principalmente aquelas que se encontram em situação de vulnerabilidade e, portanto, estão sob o risco de não os exercer plenamente (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018).

Legalmente a realidade das PPL, que se encontram restritas aos presídios, seria a manutenção dos demais direitos, como a garantia do cuidado integral de sua saúde. Contudo, percebe-se que o grande desafio na área da saúde prisional se constitui no respeito ao direito da saúde e no desenvolvimento de ações que possibilitem o acesso igualitário e universal nos serviços (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018).

A legislação brasileira específica sobre a sentença ou decisão criminal e ressocialização da PPL à sociedade é a LEP, nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Essa lei assegura à PPL todos os direitos que não são atingidos pela sentença. Dessa forma, a privação de liberdade não extingue o direito à assistência à saúde, que

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inclui a prevenção e o tratamento da doença, a partir de atendimento médico, farmacêutico e odontológico (BRASIL, 1984).

Posteriormente, o SUS foi criado e a saúde passou a ser universal, integral e equânime (BRASIL, 1988). O sistema deveria absorver e resolver todos os problemas de saúde das PPL, apesar disso o SUS não se manteve universal e, essa população permaneceu à margem do cuidado integral pretendido mesmo em face da LEP garantir a saúde como um direito da PPL.

Para tentar minimizar as iniquidades em saúde, relacionadas a essa população, foi criado o PNSSP, através da Portaria Interministerial nº 1777, de 09 de setembro de 2003. Tratou-se da primeira iniciativa específica relacionada à saúde das PPL no Brasil (BRASIL, 2005).

Assim, representou um grande avanço no que concerne ao direito à saúde da PPL no contexto nacional, ao propor uma iniciativa interministerial, Ministérios da Saúde e da Justiça, com o estabelecimento de unidades de saúde com equipes multidisciplinares para atuar no interior dos presídios (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018).

O plano objetivava inserir a população – já condenada e que habitava os presídios nacionais – no SUS, doravante o processo de trabalho de uma equipe multidisciplinar, formada por médico, enfermeiro, técnico em enfermagem, odontólogo, técnico em consultório dentário, psicólogo e assistente social, apta a realizar atenção integral à saúde (BRASIL, 2005).

Após 10 anos de publicação do PNSSP, foi realizada sua avaliação e se percebeu a necessidade de estabelecimento de uma política pública de saúde, que fosse capaz de conectar as unidades prisionais à rede pública de atenção à saúde e, assim, efetivar a inclusão das PPL no SUS (BRASIL, 2014a).

Possivelmente, o grande entrave do plano relacionou-se à falta de homogeneidade, na realização das ações de saúde, entre as equipes inseridas no sistema prisional (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018). Para sanar essas lacunas existentes após a implantação do PNSSP, foi criada a PNAISP, por meio da Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014.

A PNAISP foi criada para assegurar os avanços obtidos até o momento, criar metas e reafirmar o direito à saúde das PPL (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018). O objetivo geral da PNAISP é garantir o acesso às PPL no sistema prisional aos cuidados integrais no SUS. Para tanto, estabelece em suas diretrizes gerais a

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integralidade; a intersetorialidade; a descentralização; a hierarquização; e a humanização, no qual o acesso e a atenção à saúde são desenvolvidos por EABP (BRASIL, 2014a).

Em seu texto, a PNAISP garante o acesso da população privada de liberdade aos serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS) em todo o itinerário carcerário – que contempla desde a entrada desse sujeito nas delegacias de polícia ou pelos distritos policiais, perpassando as cadeias públicas ou pelos centros de detenção provisória, até o regime fechado em penitenciárias – com o objetivo de realizar ações integrais e articuladas às necessidades de saúde que emergem dessa população reclusa (BRASIL, 2014a).

Para que isso fosse possível, a PNAISP propõe que as EABP podem apresentar-se três conformações diferentes, constituídas de acordo com alguns critérios, a saber: número de PPL por unidade prisional, vinculação dos serviços de saúde a uma unidade básica de saúde no território e existência de demandas referentes à saúde mental (BRASIL, 2014a).

Desse modo, a EABP é formada por um médico, um enfermeiro, um técnico em enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião dentista e um técnico ou auxiliar de saúde bucal. E de acordo com as necessidades de saúde, essa equipe pode receber profissionais de nível superior (fisioterapia, psicologia, assistência social, farmácia, terapia ocupacional, nutrição ou enfermagem) e/ou uma equipe de saúde mental (BRASIL, 2014a).

Em relação ao processo de trabalho desenvolvido pela EABP, este deve estar em consonância a Atenção Primária à Saúde (APS), desempenhar o papel de “porta de entrada” e ser “ponto de atenção” da RAS, com o propósito de garantir assistência à saúde integral e intersetorial, através da assistência direta ou do processo de referência para todos os diversos tipos de agravos em saúde que emergem da população carcerária, e que podem ser potencializados em virtude das condições de confinamento (BRASIL, 2014a).

Embora haja um aparato legal específico e complexo que garanta o direito à saúde das PPL, muitos são os entraves para que ocorra, de forma homogênea, a atuação de organismos de fiscalização e defesa dos direitos humanos, como o Ministério Público, a Defensoria Pública, as Organizações Não Governamentais (ONGs) e as comissões parlamentares, uma vez que esbarram na indiferença dos responsáveis e na inércia das instituições (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

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6.2 Contexto geral – A saúde das PPL e a sociedade

A vulnerabilidade social no Brasil é considerada alta na população em geral e para àquelas pessoas que se encontram em privação de liberdade a situação é agravada, pois esse grupo vive à margem da sociedade, com acessibilidade restrita a serviços e oportunidades, como educação, trabalho e saúde (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018).

Nas instituições prisionais são as condições de confinamentos que determinam o processo de saúde e adoecimento, assim como a possibilidade de obter assistência integral (SANTOS et al, 2017a). Dessa forma, são observadas altas taxas de adoecimento nessa população, o que demonstra fragilidade na execução das políticas de saúde.

As doenças infectocontagiosas são muito prevalentes, entre as quais se destaca o risco para a aquisição do bacilo da tuberculose e o desenvolvimento da doença, que é consideravelmente superior entre as PPL, quando comparado com a população extramuros (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018).

As infecções virais representam grande parte das afecções presentes no ambiente prisional e decorrem da insalubridade das penitenciárias, do comprometimento da saúde das PPL e do número insuficiente de trabalhadores de saúde para atender às demandas impostas (CORDEIRO et al, 2018).

Os transtornos mentais são comuns entre as PPL, as incidências de ansiedade e depressão são altas e relacionam-se à vulnerabilidade a que se encontram, em decorrência da privação da liberdade, e mudanças significativas do ponto de vista social e ambiental (CORDEIRO et al, 2018).

Em estudo realizado sobre a saúde mental durante o período de confinamento, concluiu-se que as condições insalubres nesse momento, o afastamento do convívio social e a exposição à violência relacionam-se com a ocorrência importante de casos de ansiedade, estresse, depressão e alteração do padrão de sono, que incorre em uso indevido e abusivo de medicação psicotrópica (SANTOS et al, 2017a).

Ao considerar a existência de aparatos legais que garantem a saúde entre essa população, depreende-se a falta de estratégias e financiamento que consigam implementar as ações de saúde necessárias (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

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Outros fatores interferem negativamente sobre o acesso das PPL aos serviços de saúde. Sabe-se que a definição de qual PPL terá atendimento é controlada, muitas vezes, por pessoas que não possuem treinamento para acolher as necessidades, como agentes penitenciários, ou organizado de acordo com a hierarquia das PPL (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

Somada a essa situação há a invisibilidade e/ou o preconceito que emana da sociedade em relação a PPL. A população que se encontra fora das penitenciárias permanece alheia à situação degradante da privação de liberdade, afinal os estabelecimentos prisionais permanecem afastados dos centros urbanos, que garante um distanciamento cômodo entre as partes (BARBOSA et al, 2018).

A exclusão social que advém da sociedade também se refere à percepção de que essas pessoas são essencialmente criminosas e perigosas, portanto, não devem ter direitos respeitados – incluindo a saúde que é considerada uma regalia e não um direito.

Além disso, é preciso reconhecer que as pessoas que hoje encontram-se em presídios, posteriormente, irão receber a liberdade e retornarão ao convívio social, e necessitarão de condições físicas e mentais para que haja sucesso no processo de ressocialização (OLIVEIRA et al, 2019). Dessa maneira, a manutenção da saúde durante a privação de liberdade é condição essencial para o período de convívio intramuros e também extramuros.

6.3 Contexto específico - Aspectos dos profissionais de saúde e das unidades prisionais que se relacionam com a saúde das PPL

Em consonância com a realidade precária das penitenciárias, o sistema de saúde prisional é subfinanciado, subequipado, com profissionais desmotivados e que utilizam estratégias inadequadas por serem essencialmente prescritivas para sanar os problemas de saúde enfrentados (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016). Em consequência à falta de investimentos nas penitenciárias brasileiras, observam-se diversos outros problemas, como a superlotação, a disseminação de doenças, a violência e a escassez de recursos humanos e materiais.

Entre os problemas mais graves e evidentes, destaca-se a superlotação – presente na maioria das unidades prisionais em todo o território nacional – que suscita outros tantos obstáculos no cenário carcerário. O Departamento

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