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Zero, 2015, ano 34, n.2, maio

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(1)

"""'ftt'>N.�I>,�;-"--'

P. ,�

1;- �. ,..

(2)

Senso

crítico

ao

tratar

de

temas

próximos

Depois

de

produzir

uma

edição

sobre odenso cenário

político

do

país

decidimosvoltarosolhosparao

próprio umbigo,

ediscutir

temasmais

próximos

docotidianodosestudanteseda cidade. Re­

conhecera

profundidade

dosassuntose

situações

quenoscercamé

umdesafioconstantedos

jornalistas.

Ao

aproximar

aspautasdesuas

próprias

vivências,

os

repórteres

doZero tiveram maiorliberdade nos textos e

puderam

trabalhar

nosassuntos de maneiramenosóbviaemais

experimental.

Valo­

rizamos

aquilo

que melhorconhecemosemais nos

interessamos,

etentamos

produzir

um

jornal

semmoralismosaotratardetemas

como

drogas,

sexo, internetemorte.

Perceber os conflitos de interesses,

opiniões

e

perspectivas,

e

mostrá-lossemnecessariamente

impor

umaconclusão

única,

pos­ sibilitandoumavia

ampla

de

interpretações,

é

igualmente

difícile

necessário. Emumcontextoondeamídia tradicionaltendeadar

asrespostas prontas,aoinvésde

ampliar

asformas de

perceber

os

eventos,esse

esforço

é cadavezmaisfundamental.

E sendo assim, o ambientedo

jornal

laboratório,

porserpro­

pício

àcríticaeàreflexãogerauma

grande

responsabilidade

aos

repórteres

quetreinamestasnovasformasdefazerumacobertura

jornaílistica.

A

equipe

do

jornal

Zeroesperaterrealizadoumbom

trabalho,

queinformee

agrade

você.

JORNALLABORATÓRIOZEROAnoXXXIV

-N" 2- Maiode2015

EQUIPE:AnaíraSarmento,Andersonsoessatto,André Picolotto, Aramis MerkiII,BeatrizSantini,BrunaCarolina, Cintya Ramlov, Djalma

Júnior, ElvaGladis,Gabriela DeToni,Giuliane Gava, GuilhermePereira, luri Barcellos,João ?iert,Larissa Gaspar, Leonardo Franzoni,Leonardo Lorenzoni, LucasAmarildo, Luiza Kons, Luiz Fernando

Menezes,ManuelaTecchio,MaiconRios,MarinaGonçalves,MicheledeMello,Natália Duane, NicolasQuadro,RômuloGarcia,Samantha Sant' Ana,Tiago Ghizoni,VitóriaGreveEDITORES:CintyaRamlov,

GlóriaIrulegui,LuizFernando Menezes,ManuelaTecchio,

ILUSTRAÇÃO

DaniloCavazzani,LuizFernando Menezes, Pedro Schultz Sertã MachadoPROFESSOR-RESPONSÁVELMarceloBarcelosMTb/SP

25041 MONITORIA LuísaTavares, MateusVargasIMPRESSÃOGráfica Grafinorte TIRAGEM5milexemplaresDISTRIBUiÇÃONacional FECHAMENTO06 de maio

Laura

Capriglione

éa nova

ombudskvinna

-feminino

de

ombudsman- doZero.

Nasci-daemSão

Paulo,

Capriglione

é

jornalista independente.

Trabalhou

como

repórter especial

do

jornal

Folha deS.Pauloentre2004e2013.

Dirigiu

oNotícias

Populares

(SP),

foi

diretoradenovos

projetos

na

Editora Abrilediretora executivana

revista

Veja. Conquistou

oPrêmio

Essade

Reportagem

em

19!J4,

com a

matéria

"Mulher,

a

grande

mu­

dança

no

Brasil",

em

parceria

com

Dorrit HarazimeLaura

Greenhalgh.

Foieditora-executiva darevista até 2000.Mudou radicalmentesua

carreirae

migrou

do

jornalismo

impresso

parao

digital.

Participa

do

grupo

jornalistas

Livres.Éumadas

fundadoras

do ColetivoPonte, canal de

informações

sobre

Segurança

Pública, justiça

eDireitos Humanos.

OMBUDSKVINNA

Laura

Capriglione

Considero

corajosa

a deci­ são de

produzir

uma

edição

monotemática,

focada nos

protestosdeMarço.Foicora­

josaporquese tratadeuma

conjuntura

política

complexa,

comforte

polarização (portanto

dadaapaixõese

ódios)

e,decerto

modo,

sem

precedentes

noBrasil

pós-democratização

(nuncase

viu, como agora,

manifestações pró

e

contraindo paraoenfrentamentoaber­

tonasruas).

Parabéns,

portanto,paraa

equipe

de estudantes de

Jornalismo

da

UFSC, que enfrentou odesafio de des­ crever,

explicar,

interpretar

comisenção e distanciamento crítico o momento

histórico.Essaéumadasmaisnobrese

difíceis

funções

do

jornalismo:

escrever ahistóriaenquantoelaacontece.

Isso

dito,

vamos aos

tópicos

quecon­

sidero

problemáticos

entre as escolhas

editoriaisfeitas:

Capa:

A opçãoporentregara capa a um

ilustrador,

conquanto a

ilustração

seja ótima,

esfrioudemaiso

jornal.

Em

ummomentoderuascheias,confron­

tos,

panelaços,

gritos

de guerra, rostos

crispados

e acusaçõesdeparteaparte,

parece-me que a

opção

melhor teria

sido

pela(s)

fotografia(s)

que captas­

se(m)

ariquezaeavivacidadedasma­

nifestações.

Fotografia:

A

fotografia

éumadasmais

incríveis fontes de

informação

de que

o

Jornalismo

dispõe.

Não por acaso,as

melhores

publicações

têm há décadas

emseus

quadros

grandes

repórteres

fo­

tográficos,

aos quais cabeamissão de

contarahistória por meio deimagens.

Eisporqueparamim restousem

expli­

cação

quea

edição

tenha umregistro

fotográfico

tão

pobre.

E quenãose

diga

que nãosetinhaessasimagensà mão.

A rede está cheia de fontes

fotográfi­

cas que funcionamno

regime

Creative

Melhor Jornal Laboratório- IPrêmioFoca

Sindicatodos Jornalistas de SC2000

Commonseque cederiamsua

produção

alegremente

paraum

jornal

universitá­

rio.

Percebe-se claramente que houve a

opção

editorial porpaginarasmatérias maisquentes,colocando-asnomeioda

revista. Considero um erro. A

pagina­

ção

darevista noticiosa deve

seguir

os mesmoscritériosquenorteiama cons­

trução dotextode umareportagem: o

maisquenteemaisimportantevempri­

meiro,comoformadecaptara

atenção

do leitoredeconduzi-loparadentroda revista.

A

opção

por colocar a reportagem

"Impeachment

é cobrado como solu­

ção"

logo

na

página

3,paramim,soou

muitoeditorializada.Otítulo é

parcial:

"Impeachment

é cobrado como solu­

ção".Como

solução?

Parao

quê?

E para

quem?

Certamente não paraos

parti­

dários da

presidente

Dilma. O

próprio

professor

de Direito Constitucional da

UFSC, Alexandre

Botelho,

o único en­

trevistado dareportagem,descartaque

haja

base paraum processode

impea­

chment.Então,

"solução"

do

quê?

Mas

a situação dessa

página

fica

pior.

Em ummomentoemquea

própria

admis­

sibilidade do

impeachment

é

negada

pelas

principais

forças políticas

do

país

a

página

põeo carro nafrentedosbois,

aoadmitira

juridicidade

do processoe

partir

para

explicar

comoaconteceriao

impeachment

na

prática.

Corretaa reportagem da

página

4,

sobre as

diferenças

entre os atos

pelo

impeachment

de ColloredeDilma.Em

vezdo boxcom as

diferenças

de

patrio­

tismoe

nacionalismo,

quepouco

expli­

ca omomentoatualeu

preferiria

colo­

car umaarte sobreas

diferenças

entre

os Brasis eColloreDilma - contendo

dadoscomoIDH, mortalidade

infantil,

taxa de

analfabetismo,

n° de pessoas

Zl80

3° melhorJornal-Laboratóriodo Brasil EXPOCOM 1994

ZERO

Boaleitura!

vivendoabaixoda linhadamisériaetc. etc.

Porque

as

condições

objetivas

de vida da

população

sãoachave

explicati­

vaessencialdas

mobilizações.

A reportagem sobre os separatistas

seriamuito

legal

setivesse

conseguido

dialogar

com os protestosdo dia 15 de março. Seria.Do jeito, entretanto,que

foimontadaa reportagem,parecever­

bete de

almanaque.

Nada

dialoga

com osprotestosque sãootemada

edição.

O lide é

gelado:

começafalandoda Escó­

cia,Catalunhae Kosovo... Por

fim,

cita

uma

pesquisa

do

Grupo

deEstudos Sul Livre

(Gesul),

"mostrando"que73,32%

da

população

sulistaapoiaaideia dese­

paração.

Alguém

acha queuminstituto de

pesquisa

chamado

Grupo

de Estudos Sul Livre

pode

seridôneoaofalar sobre

a

independência

do Sul?

Ótimasasreportagense a

charge

das

páginas

6 e 7. Apenas uma ressalva:

como

jornal-laboratório

de uma uni­

versidade de Santa Catarina, eu acho

que"Zero"

poderia

terfocalizadomais

os

exemplos

de ódioe

misoginia

do Sul do BrasiledoEstado ondetemsede.

Bem-escritososrelatos dosprotestosde

13e15 de março. Detalhe:

"poucos

ne­

gros

participavam

da

manifestação",

diz

otextosobreodia 15. Ok. Mas também

não sãopoucososnegrosna

população

deSantaCatarina?Um

jeito

legal

quevi

serfeitonoatodeSãoPaulo foi porin­

termédio defotodeumtrechodamani­

festação

...Contam-seos

manifestantes,

vêem-sequantossãonegrose secompa­

ra com oíndice IBGEda

população.

Em

São

Paulo,

deuumíndice muito

aquém

da

composição

demográfica

da cidade. Bom o levantamento das reivindica­

ções,contidonas

páginas

10e11.

Falar(como acontecenas

páginas

12

e 13) sobre a Reforma

Política,

nesta

conjuntura,

tudoa ver.As

diferenças

de

E-mail-zeroufsc@grnail.com Telefone -(48)3721-4833 Facebook -/jornalzero Twitter- @zeroufsc Cartas -Departamentode Jornalismo -Centro deComunicação

eExpressão, UFSC,Trindade,

Florianópolis (SC)- CEP: 88040-900

ERRATA

Na

página

14,

cortamoso

parágrafo

final do texto,em um errode

digi­

tação.Na correriatambémcometemos

duas

gafes

gramaticais:

itensifica

e

demições.

Ocorretoé

intensifica

e

demissões.

projetos,

as

limitações

doatual

Congres­

soparafazerareforma

política

necessá­

ria...

Considero,

entretanto,

inadequado

Qbox "Comomontarum

partido políti­

co". Do

jeito

queestáposto,parece que todomundo quer

(ou

precisa)

montar

um

partido político,

masnão temorien­

tação

adequada.

Isso não é

verdade,

obviamente.Boxdeserviçoé

aquele

que

responde

aum anseio

generalizado

de

informações

úteis.Além

disso,

considero

um erro usar umacolunaimensa para

falar de três novas

siglas

que nãotem

importância

nenhuma.

Legal

amatériadaPetrobras.Também

legal

amatériadoscortesdegastosna

UFSC.Apenasacho queotítulo dama­

téria

"Operários

tambémsãochamados

de

ladrões",

que é ótimo, não

dialoga

com otexto,quedeveriasermodificado. Perfeitamente

dispensável

acontra­

capa. Mistura

experiências pedagógicas

completamente díspares

e não

permite

conclusões.Que entidade estrangeiraé

essaqueministraaulas de

inglês

com

temas

políticos

em umaescola

pública?

Areportagemnãoinforma.O queteriaa ver essa

experiência

com a

possível

reto­

mada das aulas de

Educação

MoraleCí­

vica,conforme

projeto

em

tramitação?

Ecom a

simulação

de

eleições

em uma

escola

particular?

Nadaa verporque são

experiências

absolutamente

distintas,

envolvendo clientelas idem e atuando

sobrerealidades

incomparáveis.

Sugestão:

nessemomentode

exaltação

de ânimos contra a mídia tradicional

(tanto

à direitaquantoà

esquerda)

teria

sidomuito

legal

Zerodiscutiracobertu­

radaimprensadosprotestosdo dia 13e

15 de março.Umexercício de

jornalis­

mo

comparado bem-feito,

ancoradoem

fontesisentase emdados bem

apurados

poderia

ter-se tornadoumaimportante

reportagemdo

jornal.

.��."

••

MelhorPeçaGráfica set Universitário/

(3)

Pressão

II

Duas

faces de

um

processo

desigual

Valorização

imobiliária

em

bairro

de

São

José,

na

Grande

Florianópolis,

impacta

moradores

de

maneiras

distintas

e

expõe

aumento

das

diferenças

sociais

nas

cidades brasileiras

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--Durante

seis anos,MariaIzolete Ca­ margo manteve uma lanchonete na garagem de sua casa

alugada,

próxima

à Avenida PresidenteKen­

nedy,

no bairro

Campinas,

emSão

José. Servia,

dasseteda manhãatéofim datar­

de,

café, salgados

e

refrigerantes

auma

fregue­

siafiel de trabalhadoresemoradoresda

região.

Oslucros

complementavam

arenda da

família,

composta, até então, da

aposentadoria

de um

salário mínimoe da

remuneração

informal do marido.

Em uma tarde de agosto de

2014,

o pro­

prietário

do terreno

-no

qual,

além dacasa

deMaria

Izolete,

ficavamoutras quatroe uma

pizzaria

- lhe deu

oprazodetrêsmesespara

deixaro

local,

ondemoravahavia 15 anos.As

casasdariam

lugar

a umedifício de alto

padrão,

e aconstrutora estava

pressionando

para iniciar

as obras oquanto antes. Outrosmoradores do

terreno, de 2590 metros

quadrados,

tinham concordadoemsair- sórestavamMaria Izo­

lete,

68 anos, omarido

Sidraque,

75,e a filha

Adriana,

34.Em

novembro,

todas as casasesta­

vam

desocupadas

e

logo

seriam demolidas.

Campinas

é maisumbairro daGrande Flo­

rianópolis

que passa poruma

rápida

eintensa

valorização

imobiliária.Aoladodoterrenoonde

moravaMaria

Izolete, hoje

vazioefechadopor

tapumes,um edifício de 12 andaresestá quase

pronto;nosoito

quarteirões

ao

redor,

há três

pré­

dioscom menosde três anos, outros cincoem

construção

emaisdoisterrenosvazios,esperan­

do pornovos

prédios.

Cinco construtoras estão

envolvidasnesses12

empreendimentos.

Com a

valorização

imobiliária,

atendência

é que osmoradorescom menor

poder

aquisiti­

vo

sejam

forçados

a semudarpara áreas mais

distantes da cidade

-aissose dáo nomede

gentrificação,

uma

tradução

literalda expres­

sãoem

inglês gentrification.

Parao

professor

da Universidade Federalde Santa Catarina

(UFSC)

e candidato à

prefeitura

de

Florianópolis

em

2012,Elson ManoelPereira,a

tradução

emespa­

nholdotermoémaisclara:

aburguesamento.

O

professor

ressalta queesseéumprocesso que,no

Brasil,

acontecesemcontroleeévistocomo

algo

natural. "Os brasileirosacham quea

valorização

ésempre

positiva.

Mas não

é,

porque

expulsa

po­

pulações

importantes

da cidade".

As

próprias

políticas públicas

no

país

refor­

çamessatendência.Um

exemplo

éaatualsitu­

ação

do "Minha Casa MinhaVida"na Grande

Depois da mudança: Maria Izolete Camargo(acima) nacozinhadesua casaalugada, em Palhoça; Hilda Marcílioemseu novoapartamento, no bairroKobrasol, emSãoJosé

alique casou,criouos novefilhoseficou

viúva,

hádezanos.Os

prédios

que

hoje

caracterizamo

bairroafazemlembrardotempoemquecortava

] lenhano

quintal

e

presenciava

corridas decava­

j

losnas ruas.Talvezporisso não estivesse muito

disposta

avender- mas a construtora estava

disposta

a comprar. O acordo foi

fechado,

pelo

dobro do valorde

mercado,

em

junho

de2014.

Um mês

depois,

Hildadeixoua casaondemora­ vahavia 30anos.

A

valorização

imobiliárianascidades apre­

senta,de acordocomo

professor

Elson,

dois as­

pectosdistintos:oindividuale osocial.A

questão

é

qual

deles deve

prevalecer.

Se o processo, do

pontodevista

pessoal,

pode

serconsiderado le­

gítimo,

restadiscutirse,dopontodevista

social,

ocaminho

desejado

émesmo oda

"elitização

ao

extremo"e da

"periferização

da

pobreza".

"Eu

não sei se asociedade brasileira está madura

parafazeressadiscussão

-de que avaloriza­

ção

daterra

pode

ser

algo

ruim",

questiona.

"O

espaçourbano é reflexoe,ao mesmotempo,cau­

sador de

diferenças

sociais".

Hilda Marcílio

hoje

mora em um aparta­

mentoespaçoso nobairro

Kobrasol,

não muito

longe

da

antiga

casa.Continuapertodos filhose

netose sesentemaissegura. "Dizemque

aqui

é

muito

barulhento,

mas eunão sei. Sou

pratica­

mente

surda",

brinca. Na

mudança,

decidiu doar todososmóveiseeletrodomésticos que tinha.

Desde que deixou São

José,

Maria Izole­

teaindavisitaa

amiga Hilda,

mas com menos

frequência

do que

gostaria.

A

mudança

parao

bairro CaminhoNovo,em

Palhoça,

nãofoiuma

escolhasua. O acordo firmadocom odono do

antigo

terrenoeradequeosdois

primeiros

anos

de

aluguel

donovoimóvelseriampagos por ele. Uma casa em

Campinas,

por contados preços

elevados, já

nãoeramais

possível.

Sema

lanchonete,

arenda da família deMa­ ria Izoletediminuiu consideravelmente.A situ­

ação piorou

quando

o

marido,

que trabalhava semcarteiraassinada como

zelador,

abrindo e

fechandoasportasdeumcentrocomercialem

Campinas, percebeu

que não

poderia

continuar

trabalhandoporcontados horários de ônibus.

Hoje,

é afilha Adriana quem sustenta a casa.

Quando

o prazo de dois anos terminar, Maria

Izolete dizque nãosabeoquevaifazer.

Florianópolis.

Hoje,

os

empreendimentos

dopro­

gramaemandamentona

região

são,quase

todos,

destinados à

periferia

- de

Palhoça,

de

Biguaçu,

deSão

José

-e poucos sãorealizados emFlo­

rianópolis,

devido ao alto valor dometro

quadrado.

Alguns países,

ao con­

trário do

Brasil,

tentam

controlar esse processo. O

professor

destaca o exem­

plo

dacidadede Lyon,na

França,

onde,

durante

a

restauração

da

região

central,

o

poder público

decidiureservar30% dos imóveisà

população

de

baixa renda."Seriao

equivalente

areservar, por

exemplo,

30% daAvenida Beira-Mar Norte para

os

pobres.

O

prefeito

que fizesseissoseriaenfor­ cadoem

plena

Praça

XV".

A

transformação

em

Campinas,

decorren­

te da

valorização imobiliária,

também

atingiu

Hilda Pereira

Marcílio,

87anos, vizinhae

grande

amiga

de Maria Izolete.

A construtora

já possuía

2020 metros

quadrados

de terreno e, para fechar

a

quadra

donovo

prédio,

precisava

dos outros 570,

que pertenciam a Hilda.

Como a casa que dividia com afilhaIvoneteera

própria,

oprocessodesa­

ídado

imóvel,

para

ela,

foi diferente.

A

relação

de Hildacom obairroé

antiga;

foi

André Picolotto

andre.ppicolotto@gmail.com

Bruna Carolina

brunacarolina.ssilva@gmail.com

Maio de 2015

Visto

come

algo

natural,

fenômeno

força

população

de

haixa renda

a

morar

na

periferia

(4)

D

Florianópolis

abriga

refugiados

de

Guerra

Civil

Em

quatro

anos

de

conflito,

sírios são

o

maior

grupo

de

estrangeiros

que

consegue

asilo

no

Brasil

v,.�unca

mais vouvoltar para

U

"Nãotemvida lána

Síria,

só guerra.Mas,se

pudesse,

euvoltaria."

"Eu quero trazer minhafamília

para

cá,

masnãodá."

Sãoestesossentimentosde Moha­

mad

Alshekha,

KhaledYaseeneMah­

moud

Saghrij, refugiados

do conflito civilnaSíriaque,emquatroanos,

matou mais de 220 mil pessoas. Os

três moram

hoje

em

Florianópolis.

Desdeo

início,

emmarçode2011,o

Brasil

recebeu cerca de 1.600re­

fugiados

sírios e setomou

principal

destino entre os

países

da América Latina.

Semconhecero

idioma,

acultu­

ra ou ter

planos

para o

futuro,

eles

embarcam,

sozinhos ou com suas

famílias,

cheios de

dúvidas,

mas com uma

expectativa

simples:

conseguir

um emprego em um

lugar

em que

possammorar e vivercom seguran­

ça. PorterumCentroIslâmicoe uma

comunidade árabepequenamas con­

solidada, Florianópolis

éumdos des­

tinosescolhidos dos

refugiados.

NãofazmuitotempoqueKhaled

Yaseen desembarcou na

capital

ca­

tarinense. Há apenas sete meses na

Ilha,

ele trabalhanoCentroda cidade

como caixada lanchonete Damasco

-nomeda

capital

deseu

país

natal.

"Lá,

eu trabalhava como vendedor

de comida para cavalos. Pensar em

deixaraSírianãoera

algo

que pas­ sava

pela

minha

cabeça."

Khaledera

morador deDuma,cidade

próxima

a

Damasco e

opositora

ao governo de Bashar al-Assad, "Eu vi os militares de Bashar

jogarem

uma bomba de 500

quilos

em minha cidade. Sete

ruas ficaram totalmente destruídas.

Hámaisou menosdoisanos euvios

snipers

- atiradores de elite

-matando cinco civis

comtirosna

cabeça.

Uma meninade

l"i

quatroanos morreu

naquele

dia".Foi

umdosmomentosdefinitivosquele-

varamKhaledadeixarseu

país. "Hoje

G

estámuito

pior."

Desde o início da guerra, mais

de 220 mil pessoas, na maioria

ci-vis,morreram. Outras 440 milestão

sitiadas,

grande

parte nas mãos dos

militantes,

principalmente

do Estado Islâmico. Os

dados, publicados

em

abril,

são do Observatório Sírio dos

Direitos Humanos.

Até

hoje,

centenas de

sanções

a

empresários

e

instituições

sírias

-acusadas de envolvimentocom o re­

gime

de al-Assad - foram

aplicadas

pelas potências mundiais,

sem, no

entanto,

ações

maisefetivas.Deacor­

docom o Conselho de

Segurança

da

ONU,existeumcerto

esquecimento

e

até

preguiça

das autoridades sobre o

assuntoda Síria.

Os Estados Unidos da América

(EUA),

que

intervieram diversas

vezes nosconflitos doOriente

Médio,

destaveznão

toma-Osamigosde KhaledYaseen,que moramnaSíria,enviam fotosevídeos do queacontecenacidade de Duma

quecausavam

grandes destruições

e

'sugavam'

o ar. Nãodavapara

respi­

rar".Elemorava em uma casa com a

família,

e os

primos

queaindavivem

lácontamoque aconteceemandam fotos da ci­ dade. Khaled pega o celu­ lareabreum mapa. "Está vendo esta

Mesquita

bo­

nita?Eles des­

truíram.

Aqui

é a minha

"Vi

militares

jogarem

bombas

em

minha cidade.

Sete

ruas

ficaram

destruídas"

ramnenhuma

ação

concreta. Além do

repúdio expressado

diversasvezes,opre­

sidente Barack

Oba-ma ameaçou que, se armas

químicas

fossem

lançadas

no

combate

civil,

eles

atacariammilitarmente

-oque não

aconteceu.A

utilização

dearmas

quí­

micas é de conhecimento

geral,

mas

poucas provas sobreo

responsável

dos

ataques foram encontradas. No últi­

mo6demarço,oComitêde

Seguran­

ça da ONU aprovou uma

resolução

quecondenao usodesse

tipo

dearma.

Khaledsentiu na

pele

umdesses

atentadoscom armas

químicas.

"Du­

rante a noite,

helicópte­

ros sobrevoavam as

cidades e

jogavam

bombas

casa.Euestava

planejando

me casar e

mudar paraesta outracasa.

Comprei

mobília,

mas roubaram tudo. Você

sonha com

aquilo

que construiu, e

nãodátempodeviver.Eles destroem tudo".

Khaled deixou acidade deDuma

há dois anos etrês meses comdesti­ no ao

Líbano,

ondeficou duranteum ano eoitomeses."Não dápara viver

lá. Eles não nos aceitam, Há muito

ódio e

preconceito".

Ele considerou sairdo LíbanoesemudarparaaTur­

quia,

porém

ele dizqueo

país

também

passa pordificuldadeseconômicas e

nãoháempregos. Entãoconversou com um

amigo

eficou sabendo que o Brasil estava aceitando

refugia­

dos daguerra. Mesmo nãosabendo

muita coisa sobre o

país,

arrumou suasmalaseveio.

Ao

longo

da

história,

sempre hou­

ve casosdepessoasou

populações

in­ teiras queseviram

obrigadas

adeixar

suaterranataleprocurar

refúgio

em

outros

países,

movidas por

persegui­

ções

políticas

eraciaisouporguerras.

Dar

refúgio

éumato

político,

defini­ doporcada

país.

No

Brasil,

o

refúgio

é

regulado pela

Lein°

9.474,

de22de

julho

de1997,que criouoComitêNa­

cional paraos

Refugiados (Conare),

presidido pelo

Ministério da

Justiça.

Paraamestrandaem

Relações

Inter-Distribuição

dos

pedidos

de

refúgio

por pessoas de 81 nacionalidades

(2010

a

10/2014)

Maio de 2015

Fonte:RelatórioRefúgionoBrasilONU/ACNUR

nacionais naUFSC,

Thamirys

Lunar­

di,

adecisão do Brasil de concedervis­

tos para

refugiados

é uma

estratégia

de

política

externa,com o

objetivo de,

aodarsuporteem momentosdecri­

se

humanitária,

projetar

o

país

como umator

importante

nocenáriointer­

nacional.

Após

quatro anos de

conflito,

o

Brasil éolíderemacolhimento dere­

fugiados

naAméricaLatina. De acor­

docom oúltimo relatório doConare,

o

país possuía,

em outubro de

2014,

7.289

refugiados

reconhecidos de81

nacionalidades distintas.Ossíriossão

omaior grupo de

refugiados

existen­

tesno

país,

com20%do total.De 2012

para

cá, praticamente

100%dos

pedi­

dos de

refúgio

feitospor síriosforam reconhecidos. Por causa do conflito

humanitário,

oConareaprovouaRe­

solução

Normativan017,que

legaliza

a-emissãodeumvistodeturista,váli­ dopor90

dias,

parafacilitaraentra­

danoBrasila quem

queira

solicitar

refúgio.

Foi este visto que Khaled conse­

guiu

naEmbaixada Brasileirano Lí­

bano

quando

decidiu se mudar. Ele

veiosozinhoedeixou todaafamília no

país.

Mesmode

longe,

seu

amigo

Mahmoud

Saghrij,

28 anos, conse­

guiu

um emprego e um local para

dormir em

Florianópolis.

Era o que

bastava. Em março de 2015, Khaled foi ao escritório da Polícia Federal

novamente- masdestavez

paralevar

suamãee irmãpara solicitarovisto

de

refugiado.

Hoje,

cercade 15 pessoas

da famíliavivem

juntas

em umapar­

tamentode doisquartos,

sala,

cozinha

ebanheironocentroda cidade.

Nem todos os

imigrantes

sírios quevêmao

país, porém, já

temhos­

pedagem

eemprego

garantidos.

Mah­

moudnãoconhecia

ninguém quando

chegou

aSão

Paulo,

há um ano. Lá ele foi recebido

pelo

Centro Islâmico Brasileiro e orientado a fazer seus

documentos e

solicitação

dovisto de

refugiado

emBrasília.Morouummês nacidadeaté

conseguir

a

permissão

e

Sem auxíliofinanceiro, Centro Islâmico

ajuda

mais de cempessoas

ZERO

(5)

acarteirade trabalho.Foienca­

minhado,

então,a

Florianópolis,

porque a cidade

possuía

uma

comunidade árabe que

poderia

orientá-lo.

A

integração

local dos refu­

giados,

de acordocom oConare,

é feita por

Organizações

não Governamentais

(ONGs)

como as Cáritas

Arquidiocesana

de

São Paulo e do Rio de

Janeiro,

que,por meio de convêniocom o

Alto Comissariado das

Nações

Unidas para

Refugiados (ACNUR),

adminis­

tramos recursosdestinadosaospro­

gramas referentes à

inserção

destas pessoas nacomunidade de acolhida. O ACNURtemumescritórioemBrasí­

liaedoisemSão

Paulo,

os

quais

são

responsáveis pela

proteção

e

integra­

ção

dos

refugiados

e

pela arrecadação

de fundos

privados.

Florianópolis

também tem uma

unidade da

Cáritas,

mas,

segundo

a coordenadora local Fabiana Gon­

çalves,

eles não recebem verbapara

atenderos

imigrantes

sírios.O auxílio

dado

pela

Cáritas

Regional

de San­

ta Catarinafoi feito com

doação

de

alimentos recolhidos em uma cam­

panha

duranteos trotesdaUFSC. Na

cidade,

oacolhimento é feito

pela pró­

pria

comunidade árabenoCentro Is­

lâmico de

Florianópolis

Mahmoud

Saghrij

é for­ mado em Direito e trabalhou

duranteoitomesescomoadvo­

gado.

"Eu tenho vontade detra­

balharna minha área

aqui

no

Brasil,

masé muitodifícil. Eles

pedem

muitos

papéis".

Assim

comotantos outroshomens da

Síria,

Mahmouddeixouseu

país

porquenãoqueria

participar

do conflitoe,casocontinuasse em

solo

sírio,

seria

obrigado

a en­

trarnoexército.Mudou-se para

ajordânia

afim deevitaroalis­

tamento

militar,

masenfrentou

muitas dificuldades para

conseguir

aguerra, tudo estámaiscaro láem

Damasco. A cidade está

destruída,

o

que vocês veem natelevisãoé muito menos". Ele quer trazeros

pais

e ir­ mãosparao

Brasil,

masa

viagem

cus­

tamuitocaro.

Esta não é a

primeira

vez que o

Brasil recebeuma

grande quantidade

de

imigrantes

sírios. Os

primeiros

gru­ pos

chegaram

noinício do séculoXX.

"Eles são

majoritariamente

católicos

e

estãoem

completa

integração

à

comunidade brasileira. Os

refugia­

dos de agora representam a terceira

onda de

imigração

eirãofazerparte das comunidades árabes

chegadas

ao

Brasila

partir

da

segunda

metade do séculoXX,

majoritariamente

de reli­

gião

muçulmana",

diz a mestranda

em

Relações

Internacionais daUFSC

Thamirys

Lunardi.

A maior parte da comunidade árabede

Florianópolis

se

organiza

em

torno do Centro

Islâmico,

que fica em um an­ dar deum

prédio

comercialna rua

Felipe

Schmidt e é comandado

pelo

sheikhAmin

Alkaram. Além

de ser um local

Mohamadestudava Engenharia

e

pelo

Grupo

de

Apoio

aos

Migrantes

e

Refugiados

da

Arquidiocese

de

Florianópolis.

Para solicitar

refúgio

no

Brasil,

o

estrangeiro

que se considera vítima

de

perseguição

emseu

país

deve fazer um

pedido

formal à Polícia Federal e passar por umaentrevista. Asoli­

citação

éencaminhadaao Conare, e

pode

levarmaisdeum anoparaser

analisada.Osolicitanteentãorecebe

um

protocolo

quevalepordoisanos,

que

depois

deverenovarpor maisdois anos até receber o visto definitivo.

A lei garante aos

refugiados,

assim como aos solicitantes de

refúgio,

os mesmos direitos de

qualquer

cida­ dão

brasileiro,

além de documentos de

identificação, trabalho,

acesso ao

Sistema

Único

de Saúde

(SUS)

no Brasil. Eles falam

árabe, alguns

falam

inglês,

mas adifícil tarefa de

aprender português

só acontece no

dia-a-dia.Asaulas de

Português

que

Khaled,

Mahamoud e Mohamad fi­ zeram no Centro Islâmico durante

quatro meses

ajudaram.

Mohamad

Alshekha,

29, gosta de conversar e

aprender

com osclientes. Na

loja

de

eletrônicosemque

trabalha, já perdeu

vendas por não falar o

idioma,

mas diz que no

geral

as pessoas

são

receptivas.

Na

Síria,

eleestu­

dava

Engenharia

e

Tecnologia

na

universidade e erao

responsável

técniconas

lojas

de informática do

pai.

"Antes da guerrao

país

era bom

para viver,

trabalhar, estudar,

tudo.

Depois

acabouasegurança.Vocênão

sabequehoravai morrer, nãosabe de onde vêmos tirose asbombas.Pou­

cos

lugares

ainda têm

segurança."

Ele

perdeu

um irmão de 35 anos assas­

sinado na

prisão.

quase um ano

saiuda Síria ehásetemesesestáem

Florianópolis.

Veiodiretoparaa

capi­

talcatarinense.

"Aqui

noBrasil é tudo

melhor,

mas naverdadeeu

queria

vol­

tar

hoje.

Só quenão

posso."

"Você

não

sabe

que hora vai

morrer, não sabe

de onde vêm

os

Ires

e

bombas"

para

orações

e

manutenção

da

cultura,

a

Mesquita

étambémuma

instituição

que auxi­

liaos

refugiados.

Elescriamredes de

apoio,

buscamempregoeacolhimen­

tocompessoasque

vivemnacidade hámais tempo,

ajudam

no processo

de

solicitação

do vistoeoferecemau­

las de

português.

A

instituição,

que

prestou au­

xílío a mais de 100 pessoas desde o

início daguerra, nãorecebe nenhum repasse financeiroporpartedogover­

no

brasileiro,

deacordocom osheikh

Amin. Para a mestranda

Thamirys

Lunardi,

oBrasilnãotemuma

políti­

caclara de atendimentoa

refugiados,

os

quais

acabam

dependendo

da boa vontade deoutraspessoas.

O

idiolIla

éumadas

grandes

difi­ culdades queossírios têmao

chegar

uma semana, e um

emprego no caixa de

uma

padaria,

além de

ajudá-lo

a

alugar

um

apartamento perto de onde trabalha.

"Aqui

tem muita burocra­

cia para

alugar,

e o

custo de vida é alto." Ele divideo

aluguel

de

R$

1.400,00

com ou­

tros dois

amigos.

Tra­ balhando 12 horas

por

dia,

consegue se

manternacidade. Em

um ano,

juntou

e en­

viou mil dólares para

a famflia que ainda

vivenaSíria."Durante

Giullane Gava

giulianegava@gmail.com

luri Barcellos

iuribarcel@gmail.com Colaboraçãode: Dayane Ros,Elva

Gladis,Gisele BuenoeLuara Wandelli

Conflito

armado

causa

mais

de 220 mil

mctrtes

em

qUadro

anos

��

oponha

a

serVit,:eIe

será

perseguido

e corre

riscodemorte.

� �

O g{)verQo

de

BasharaI-Assad também foi acusado de utilizararmas

químicas

durante

a

idente americanoBarack

u��a

atitude,

e,diante da

rvenção americana,

al-Assad truirseuarsenal.Ogoverno

brasíÍeiro,

emcomunicadosobreosquatro

.'aposde

conflito

sírio,

afirmouqueasmais

,de220 milmortes sãoumadas maiores

tragédias

deste séculoelembraqueo

Brasil,

além deabrirsuasportasparaopovo

daquele

país,

realizoumassivas

doações

de

alimentos,

reméltiQSeroupas.Eque apenas

uma

solução

ch1�

ondegovernoe

oposição

éntrêntem

acordo,

alcançaria

as

aspirações

do

pOvo

sírio.

está

presente

em

aproximadan:lente

25%.do territóriodo

país.

.

"��

Estima-se que,noinício

daguerra,

o

governo síriocontavac

� �

40 mil

milician�

Oexércitosírio

rói

'a

Segunda

Guer

cipaImente

com

Soviética.

Na

époCa,

Noúltimo dia 15 de março,aguerra civil naSíria

completou

quatroanosde

duração

eaindasem

qualquer

indicativo de fim.O

conflito

causoumaisde220

milmortes,

de acordocom oObservatório Sírio dos Direitos

Humanos.

São,

em

média, 150

m.0Et0spot

dia. Mais de

9,5

milhões

deL�rlÍJJlsultS{;áS�

procurando refúgio

emoutr�

cidàa.es

11;l

Síriae

empaíses

vizinhos.

Erajaneiro

de

2011

quando

-encorajados

pela

Primavera

Árabe

no

Egito

e naTunísia- ossírios

ini-ciaramumasérie de

m�

p'clCÍficas

CQQtra

ogovernodo

presíden

> .:

�r

;.

al�issad

.reivindic�do

mais

delJ.t;ocractae

.:

liberdades

individu

identeesta,no

poderhá15an��

�.<

deBatez

al-Assad, �Upa,i,9,ue�

r3U

anos....

Em março de2011,osprotestosque

pediam

arenúncia do

presidente

Basbar

haviamse

espalhado pelo

país

-e s-e

tomaramumarevolta armada

quando,

após

14 criançasserempresasetortura­

dasporescreveremmensagensde

apoio

à

·Primaw.'

nas

IWU'edes

deuma

escola,

osmor cidade

de

Daaraforam às

.

ruas.A de

entãor

grupos

favoráveis

e

conÍtários

aogoverno

empunhàram

armase

saíram

$f\iaS

de

Damasco,

capital

da Sma.

E,

para

piorar

ocenário do

país,

oconflitose

tomoU�

aindamais

sangrento

comoavanço

,de

distas, responsáveis

pela

morte

aspor

questões

reli-s

C�nt

Plaiot

ef�tivo.e

Síriá éó

Estado.

nül

milicianos

e necessário a

Síria,

todos devemse

ao

serviço

militar- caso ecivilse

(6)

Alunos

de

enfermagem

pedem

mais

Hierarquia

engessada

e

vertical dificulta

diálogo

com

coordenação

do

curso e

abre brecha

!

Por

Skype,

a vice-coordenadora

!

[ussaraMartiniafirmou queo

episódio

foi discutidonaturma:"a

coordenação

acompanhou

asoficinaseateliersque

foram feitos duranteasaulas. Até res­

peitando

os

envolvidos,

a

coordenação

ficouumpouco maisafastada".No

en-tanto, de acordocomFreitas,os

profes­

soresda

disciplina

Fundamentos Para

CuidadoProfissionalsentaramcom os

estudantesapenas uma vez e

garanti­

ramque nãoavaliavam

inadequada

a

ação

da

professora

Prado.

Convocada

por

email,

emsetembro de

2014,

Suzaneda

Costafoia umareunião paradiscutirsuaassiduidade

nasaulasde FundamentosParaCuidado

Profissional,

coordenada

pela

professora

Marta Lenisedo Prado.O

assunto mudou

quando

a

professora

decidiu darum

'conselho demãe' paraa

jovem.

Segundo

Suzane,Martafalou que

alguns colegas

docentescomentavamsobre as roupas da aluna

usadasemsala de aula.

"Já

fuipra

praia

de

nudismo,

te enten­

do,

mas aspessoasestãocomentando.Aspessoas têmumamente

poluída,

ruim,achoque seriamelhorvocê nãousarroupas tão

curtas.Você

pode

se abaixarevaique aparecesuacalcinha".O

silêncio

preencheu

asala.Suzaneestavaem

choque

emalconse­

guiu

responder.

Mesmoassim,disse quenãose

importava

e caso

alguém

tivesseum

problema

aseu

respeito,

deveriase

dirigir

a

ela. Paraencerrar o encontro,a

professora

the deuum

abraço,

tentandocontornara

situação

e sereconciliar.Aocolocaros

pés

para fora da

sala,

Suzanechorou.

Desesperada,

aalunaencontrouonamoradoe

juntos

foram

atéasala da coordenadora docursofalar sobreoocorrido.Para

suasurpresa,a

professora

SoraiaDornelles mediucom a

palma

damão adistância do shorts deSuzane atéo

joelho

e afirmou que atitudescomo essa eramnormais,

pois

o cursode Enferma­ gemtemsua

origem

ligada

à

Igreja

Católicaeporissomantém

alguns

padrões exigidos pela religião.

Suzaneafirma que a co­

ordenadora disse também que

havia

passado

por isso equeo

melhoreraresolveroassuntodiretocom a

professora

Prado.Sem

o

apoio

das

professoras,

a alunaeseu

namorado,

José

Roberto

Freitas, decidiramrecorrer aos

colegas

daturma.Aestudante

nãotinha coragem deiràs

aulas, pois imaginava

queos comen­

táriostinham

partido

dos

próprios professores.

"Sentiaquetodos

iriamficarme

olhando,

porcontadomeu

cabelo,

aformacomo eu mevisto. Eununcamais

queria

voltar para

aquele lugar",

re­

latou.Comoforma de

repúdio

àatitude das

professoras,

os 35 estudantes da

disciplina

redigiram

uma cartaparaocorpo docente

pedindo

mais

respeito

aosalunos e quese­

guissem

os

preceitos

éticos da

profissão.

Eles

afirmavam se

posicionar

contra

qualquer

atitudeecomentários opressores, machistas econservadores. O documento também foi

publicado

na

página

doCentroAcadêmico de

Enfermagem (CALENF),

no

Facebook,

com a

assinaturaeCPFde todosos

apoiadores.

Além

disso,

colaram fai­ xas ecartazes,noscorredores do

Departamento, questionando

a

posturados

professores.

A

Enfermagem

foi

pioneira

naUFSCao

implementar

um novo

método

pedagógico

esistemaavaliativo:a

metodologia

ativa. Ba­

seadana

educação

popular

dePauloFreire,temcomo

objetivo

ser umaformamaisinclusiva de

aprendizado,

na

qual

oestudante é

protagonista

edeve buscar

compreender

o seuritmode

apreensão

dosaber. Além

disso,

propõe

a

democratização

nasdiscussõesein­ cetivaamaior

participação

dosestudantesnatomada de decisões.

O modelo inovador veio

junto

ao novo currículo do curso.

'Nessa metodologia,

o

professor

deixa de ser um transmissordo

saberparaser ummediador de

conflitos,

auxiliandooalunoa se

descobrir. "Nósnos

antecipamos

aosofrimento do aluno.

Quando

percebemos

que ele

pode

ter

algum

problema psicológico, já

en­

caminhamosaos

professores

queestudam maisessas

questões",

afirma

Dornelles,

coordenadora docurso.

Segundo ela,

existem

disciplinas

nas

primeiras

fases que trabalhamolado

subjetivo

do alunopara queelepossaentendero novomomentoqueestávi­

vendoeque

todos,

comsuascaracterísticas

individuais, consigam

se relacionar bem em cole­

tivo, tanto na sala de

aula,

como nomundo do trabalho.

"Afinal,

a

enfermagem

éuma

profissão

quesetrabalhaem

equipe"

ressalta.

A

professora

garanteque

o método vem,quatro

anos, sendo

aplicado

com

êxito:"Nãoexiste

algo

nega­ tivo na

metodologia

ativa". Asaulasseestruturamapar­

tirde diferen­ tes

situações

problema

que o aluno deve buscar solucionar. � ;.wNtQ: Novembro 2014 de atmosfera A Para

ela,

isto

os

ajuda

na

adaptação

para a

atuação

nomundo daen­

fermagem.

Ao falar sobre a

resolução

de conflitos entre

alunose

professores,

foi bre­

ve:"O aluno deve sempre buscar

dialogar

diretamentecom opro­

fessor.Casonão

funcione,

deveconversar com ocoordenador da

disciplina

e,emúltima

instância,

amim".

"Nosso métodonecessitada

participação

do

estudante,

ele deve

estarpresente,atuandoemtodoomomento.Nãoé àtoaque cria­

mos oConselho de

Representantes

de

Turma'(Cll'I)

onde,

todasas

terças-feiras,

temosreuniõesentre

professores

eestudantes para conversarsobreo

acompanhamento

pedagógico

de cada fase".

Segundo

ClaraPereira- ex-membro do

CALENF

-oConselho só foi criadoem mea­

dos de novembro de

2014, quando

a

gestão

do CentroAcadêmicose desfezpor conta

daforte

pressão

ocasionadacom adisse­

minação

docasodeSuzane.Ela diz ainda que o CRT é um

dispositivo

previsto

no

estatuto do

CA,

caso aentidade

fique

um

período

sem

direção.

"De

fato,

asreuniões

do Conselho temsidomuito

importantes,

masele sófoi criado por

pressão estudantil,"

garanteadiscente.

nos corredores era

tensae

desagradável. Após

notarem a

reação

dos

estudantes,

coordenadora

eviceconvocaram umaassembleia do cursopara debatera

situação.

Mas,se­

gundo

Freitas,namorado deSuzane,a

coordenação

deixara bem clarooque

pretendia:

"agentenão vai

falar sobreoqueaconteceu,vamosfalar daposturade vocês".Foi

de

longe

amaiorassembleia realizadarecentementenocurso, ga­

ranteo

casal,

"tinham pessoas de todasasfasespresentese oque erapraser umespaçode discussão sobreo nossocaso,acabouse

tomandoummomentode desabafo sobreas

situações

queoutras

pessoas viveramnocurso".Muitosalunos que

abraçaram

a causa

deSuzane começarama semanifestar.

"Ali dentroagenteé louca.Nem

chegamos

abater de

frente,

nãotem

igualdade".

Desdea

primeira

faseMaísa Perez

recebia críticas de

professores,

queaabordavam

pelos

corredoresefaziam

comentáriosna

própria

sala de

aula,

principalmente

porsermãe

detrêsfilhos.

Segundo

Maísa,

osdocentes diziam: "Tem certeza

quevocêquerserenfermeira? Vocênãotem

perfil.

Academianão é

lugar

paramãe". Aestudantenuncadenunciouasatitudes dos

docentescommedo dequeeles "descontassem" nelamaistarde

-deformaareduzirsuasnotasou

reprová-la

em

disciplinas.

Maísa

aindadeclarouque

pensouemdesistir docurso:

"aquele lugar

éhorrível.Vocêtemqueser umaporta,

insensível,

paraseformar

ali,

porque você não

vê,

nãofala:..".

A

professora

MartadoPradocomenta:"a

avaliação

érealmen­

te

subjetiva,

nósnãoescondemosisso,oquefazemosétomá-la

maistransparente edemocrática

possível". Já

aestudantePerez

garante que os

professores

não devolvemos trabalhose provas

paraosestudantes analisarem: "eles sónosfalamanota".

Segundo

onamorado deSuzane,aofim da assembleiapro­

movida

pela coordenação,

os

professores

começarama atribuir

Poderiaser

penalizado

quem nãose retratasse

Professora

mediu

com a

palma

da

mão

a

distância

entre

o

shorts

e

joelho

de

Suzane*

Arespostados

professores

Paraacoordenadorado curso,aalunanão

compreendeu

o

quea

professora

teriaditoe sechateou.

"Mas,

para

nós,

oque é

mais

importante

éoqueseencaminhou desseprocesso. Pretende­ mosinstitucionalizaraideia de todosemestre termosuma

parada

pedagógica,

um momento ondeosalunos e

professores

sentam

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