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Planejamento e Políticas Públicas da Educação

INTRODUÇÃO

1 Introdução

Que o funcionamento da educação básica apóia-se numa estrutura definida pela legislação, já foi visto na disciplina “Estrutura e Funcionamento da Educação Básica. Agora, é necessário obter um conhecimento mais detalhado sobre a principal lei que regula a educação no país e reflete em si a política adotada pelo Poder Público.

O tema é de fundamental importância para você, futuro professor, pois complementa o entendimento sobre a estrutura e o funcionamento da educação básica, “pano de fundo” de toda a sua atuação profissional no futuro. Há assuntos correlatos que permeiam o tema. Por isto, aqui e ali será necessário recorrermos a eles, com o intuito de esclarecer esta questão de tanta importância para a sua formação.

De modo geral, a disciplina “Planejamento e Políticas Públicas da Educação”, ora em desenvolvimento, visa propiciar as condições para que você compreenda o embasamento legal para a sua atuação profissional e as políticas a ele associadas, reconheça o sistema escolar como um elemento de reflexão sobre a realidade educacional brasileira e se sinta estimulado a acompanhar as atualizações constantes que vêm sendo realizadas por intermédio dos membros do Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação e dos parlamentares afeitos a este assunto.

O planejamento e as políticas públicas da educação compõe o cenário, o pano de fundo do contexto escolar.

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Aqui, você tomará conhecimento das principais prerrogativas legais de interesse à sua formação e atuação profissional, bem como poderá refletir sobre questões que orbitam em torno delas, como a gestão escolar e as diferentes formas de se planejar a prática educativa.

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Planejamento e Políticas Públicas da Educação

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

NACIONAL – LDB

2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB

2.1- Breve Histórico do Encaminhamento e Tramitação

A atual LDB foi proposta no final de 1988, durante o Governo Sarney, após a promulgação da atual Constituição da República.

O então denominado “Projeto de Lei Otávio Elísio” tramitou no Congresso Nacional e recebeu 1.263 emendas até sua primeira votação na Comissão de Educação do Congresso, cujo relator era o então Deputado Federal Jorge Hage, em junho de 1990.

O projeto de lei continuou a ser discutido durante todo o governo Collor / Itamar, agora com novo congresso que havia sido reformulado em 1.990. Neste período, o Senador Darcy Ribeiro colocou em discussão o seu primeiro projeto sobre o assunto em maio de 1.992, o qual foi aprovado na Câmara dos Deputados em maio de 1.993, tendo como relatora da Comissão a Deputada Federal Ângela Amin. No senado, foi alvo de um Parecer do Senador Cid Sabóia em novembro de 1.994, postergando sua aprovação.

No Governo F.H.C., em fevereiro de 1.996, o projeto de lei do Senador Darcy Ribeiro foi aprovado no Senado, tendo ele mesmo como relator, e na Câmara dos Deputados em dezembro de 1.996, tendo como relator o Deputado Federal Jorge

A LDB é o diploma legal que define as regras gerais a serem seguidas nas políticas educacionais do país.

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Hage. O projeto recebeu a sanção presidencial sem vetos e foi publicado no Diário Oficial da União em 20 de dezembro de 1.996, passando a vigorar na forma de lei. O Quadro 1, a seguir, apresenta uma síntese dos assuntos tratados na lei:

Quadro 1 – Assuntos Tratados na LDB

Título Assunto Artigos

I Da Educação 1º

II Dos Princípios e Fins da Educação Nacional 2º e 3º

III Do Direito à Educação e do Dever de Educar 4º ao 7º

IV Da Organização da Educação Nacional 8º ao 20

V Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino 21 ao 60

VI Dos Profissionais da Educação 61 ao 67

VII Dos Recursos Financeiros 68 ao 77

VIII Das Disposições Gerais 78 ao 86

IX Das Disposições Transitórias 87 ao 92

Na seqüência serão abordados os principais aspectos de cada título, no que concerne à sua formação e atuação profissional. Ressalta-se que é do seu maior interesse a leitura atenta do conteúdo completo da lei, de modo a propiciar a reflexão adequada. Aqui, serão apenas citados os principais aspectos e, eventualmente, comentados alguns deles.

2.1.1- Título I – Da Educação

Basicamente apresenta o conceito do termo “educação” com um sentido bastante amplo e, segundo alguns críticos, com certa ambigüidade terminológica. Além disto, define os limites da lei e registra que a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

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2.1.2- Título II – Dos Princípios e Fins da Educação Nacional Define os seguintes princípios:

• Igualdade de condições para acesso e permanência na escola; • Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; • Valorização do profissional da educação escolar;

• Gestão democrática do ensino público. E as seguintes finalidades:

• Pleno desenvolvimento do educando; • Preparação para o exercício da cidadania; • Qualificação para o trabalho.

2.1.3- Título III – Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Neste título define-se “Educação” como “Dever do Estado”. É importante notar que o Ensino Superior não aparece neste título, o que pode significar que não seja dever do Estado. O conteúdo se atém especificamente à Educação Básica e define cada elemento da seguinte forma:

• Educação Infantil – atendimento gratuito às crianças de zero a cinco anos (de acordo com a legislação correlativa mais atualizada);

• Ensino Fundamental – obrigatório e gratuito nas escolas públicas (ou seja, caso não haja vagas o sistema é obrigado a criá-las para prover o atendimento nesta faixa escolar);

• Ensino Médio – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade; Desde os princípios até os fins da educação são estabelecidos na LDB.

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• Educação especial – gratuita.

Deve-se ressaltar que, com base neste título da lei, qualquer pessoa pode exigir do Poder Público o direito ao acesso ao Ensino Fundamental. Acrescenta-se, ainda, que a educação é definida, também, como dever da família, com matrícula a partir dos seis anos (legislação correlativa atualizada)

2.1.4 – Título IV – Da Organização da Educação Nacional

A organização é apresentada para as diferentes esferas de governo, definindo os limites de cada sistema e suas respectivas incumbências, da seguinte forma:

• União

Sistema Federal, que compreende: Escolas federais;

Escolas particulares de educação superior; Órgãos federais de educação.

Incumbências:

Elaboração do Plano Nacional de Educação;

Assistência técnica e financeira a estados e municípios para atendimento prioritário à escolaridade obrigatória;

Estabelecimento das diretrizes curriculares para a formação básica comum; Autorização, supervisão e avaliação dos estabelecimentos do seu sistema; ...

Todos os cidadãos podem exigir do Poder Público vagas no ensino fundamental.

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• Estados

Sistema Estadual, que compreende: Escolas estaduais;

Escolas municipais de educação superior;

Escolas particulares de ensino fundamental e médio; Órgãos estaduais de educação.

Incumbências:

Assegurar o ensino fundamental e oferecer com prioridade o ensino médio; Assegurar a formação dos profissionais da educação;

Autorizar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema; ...

• Municípios

Sistema Municipal, que compreende: Escolas municipais de educação básica; Escolas particulares de educação infantil; Órgãos municipais de educação.

Incumbências:

Oferecer educação infantil em creches e pré-escolas e, com prioridade, o ensino fundamental;

Autorizar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema; ...

2.1.5 – Título V – Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino A educação escolar se divide em:

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• Ensino Superior

Envolvem cursos seqüenciais por campo do saber, de graduação, extensão e pós-graduação.

• Educação Básica, subdividida em:

Educação Infantil – trata-se de instituições educativas voltadas à primeira etapa da educação básica, com prazo de 3 anos para a integração, e tem como finalidade o desenvolvimento integral das crianças. Divide-se em: Creches para crianças de até 3 anos;

Pré-escola para crianças de 4 a 5 anos.

Ensino Fundamental - com duração de 8 anos, a partir dos 6 anos de idade, tem como objetivo a formação básica do cidadão. É gratuito na escola pública, presencial, com jornada de 4 horas (progressivamente ampliada para período integral), ministrado em língua portuguesa. É facultado desdobrá-lo em ciclos. Nesta modalidade, o ensino religioso tem matrícula facultativa, sem ônus para os cofres públicos.

Ensino Médio - com duração mínima de 3 anos, representa a etapa final da educação básica. Apresenta as seguintes finalidades:

Consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos;

Preparação básica para o trabalho e para a cidadania, para continuar aprendendo;

Aprimoramento da educação como pessoa humana;

Compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos.

Ao término do ensino médio, o aluno deve demonstrar:

Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;

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Domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia, necessários ao exercício da cidadania.

Deve, também, prestar o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM e participar de processos seletivos para evoluir ao ensino superior.

Ressalta-se que a educação básica envolve, também, a Educação de Jovens e Adultos (ensino fundamental e médio fora da idade própria) e a Educação Especial (para alunos com necessidades especiais). Esta deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino. Quando necessário, as escolas regulares deverão oferecer serviço de apoio especializado. Caso não seja possível a integração ao ensino regular, o atendimento deverá ser feito em classes, escolas ou serviços especializados. A oferta de educação especial é DEVER CONSTITUCIONAL DO ESTADO.

A chamada “Educação Profissional” insere-se entre a educação básica e o ensino superior, ou seja, não pertence a um ou a outro, especificamente. Esta modalidade visa conduzir o aluno ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Divide-se em três níveis:

Básico – visa à qualificação, atualização e profissionalização, Apresenta currículo variável e representa a educação não-formal. Ao final, o aluno recebe um “Certificado de Qualificação”;

Técnico – visa a habilitação profissional. É estudado em módulos, é regido por diretrizes curriculares nacionais, sendo que 70% das disciplinas compõem um currículo básico e 30% das disciplinas são escolhidas pela escola. Ao final, o aluno recebe um “Diploma Técnico”;

Tecnológico – áreas especializadas voltadas a alunos formados em ensino médio ou técnico. Ao final, o aluno recebe um “Diploma de Tecnólogo”. De modo geral, a Educação Básica tem por finalidade o desenvolvimento da educação, a formação comum indispensável ao exercício da cidadania e proporcionar meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

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Deve se organizar em séries anuais ou semestrais, ciclos, grupos por idade ou competência, conforme interesse do processo de aprendizagem. As turmas devem ser compostas por alunos de séries distintas e o calendário deve ser adequado à região onde a escola se insere. Deve integralizar 800 horas anuais e 200 dias letivos de trabalho escolar efetivo, excluindo-se os exames finais.

O currículo deve ser composto por uma base nacional comum, mais uma parte diversificada. Obrigatoriamente devem ser lecionadas as disciplinas: língua portuguesa, matemática, conhecimento do mundo físico e natural, conhecimento da realidade social e política, arte, educação física (facultativa nos cursos noturnos) e língua estrangeira moderna.

A avaliação deve ser contínua e cumulativa, com prevalência dos aspectos qualitativos e dos resultados ao longo do período. A recuperação é obrigatória e, de preferência, paralela ao período letivo. Há, ainda, a obrigatoriedade de freqüência mínima a 75% do total de horas/ano.

2.1.6- Título VI – Profissionais da Educação

Neste título, a LDB aponta os fundamentos para a formação de educadores e para a sua valorização. Define como profissionais da educação e objeto das disposições deste título:

• Docentes para a educação básica; • Docentes para o ensino superior; • Educadores ligados a: Administração; Planejamento; Inspeção; Supervisão; Orientação.

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2.1.7- Dos Recursos Financeiros

Neste título são tratados os dispositivos dos mais fundamentais, pois define de onde deve vir o dinheiro para financiar a educação no país.

São definidos os percentuais constitucionais de recursos para a educação em geral, as despesas para manutenção e desenvolvimento do ensino, o padrão mínimo de oportunidades educacionais para o ensino fundamental e o custo mínimo por aluno, de modo a atingir-se um mínimo de qualidade no ensino.

2.1.8- Das Disposições Gerais

Assuntos de âmbito geral são tratados neste título. Dentre eles, destacam-se: • Estabelecimento de programas intensivos de ensino e pesquisa para oferta

de educação escolar bilíngüe e intercultural aos povos indígenas; • Incentivo à educação a distância;

• Permissão de organização de cursos ou instituições de ensino experimentais.

2.1.9 – Das Disposições Transitórias

Aqui são tratadas as disposições provisórias, ou seja, por tempo definido. É instituída a “década da educação” entre dezembro de 1.996 e dezembro de 2.006. Neste período, por exemplo, as instituições escolares devem aproveitar o período de transição estabelecido para adequarem-se às novas regras estabelecidas na nova lei.

Para que as diretrizes e bases da educação sejam aplicadas, é necessário definir de onde virá o dinheiro necessário.

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Planejamento e Políticas Públicas da Educação

TIPOS DE ESCOLA E SEUS ELEMENTOS

PRINCIPAIS

3. Tipos de Escola e seus Elementos Principais

Ao se formar, você estará apto a atuar como professor na educação básica. É importante, antes de ingressar no mercado de trabalho, que você obtenha conhecimento sobre diferentes tipos de escola, pois cada uma difere da outra em diversos pontos. No Quadro 2, a seguir, são apontadas as principais diferenças entre elas. Ressalta-se que as escolas tradicionais são mais numerosas ano contexto brasileiro e continuam a existir com muita força, no entanto, nos últimos tempos, outros tipos de escola têm surgido e disputado o mercado da educação com elas.

Quadro 2 – Tipos de Escola e Diferenças Fundamentais Componente Escola

Tradicional

Escola Nova Escola Tecnicista Escola Crítica Professor É o transmissor de conteúdos aos alunos, ou seja o “Professor” É o facilitador da aprendizagem, ou seja, o “Orientador”. É o técnico que seleciona, organiza e aplica um conjunto de meios que garantem a eficiência e a eficácia do ensino. É o “Técnico”. É o educador que direciona e conduz o processo de ensino e aprendizagem. É o “Educador”.

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Aluno É um ser passivo, que deve assimilar os conteúdos transmitidos pelo professor É um ser ativo, centro do processo de ensino e aprendizagem É o elemento para o qual o material é preparado É uma pessoa concreta, objetiva, que determina e é determinada pelo social, político, econômico e pela história Objetivos Educacionais Obedecem a seqüência lógica dos conteúdos, não são muito

explicitados e baseiam-se em documentos legais Obedecem ao desenvolvimento psicológico do aluno e buscam sua auto-realização São operacionalizados e categorizados a partir de classificação em gerais (educacionais) e específicos (institucionais) São definidos a partir das necessidades concretas do contexto histórico e social no qual se encontram os sujeitos Conteúdos Programáticos São selecionados a partir da cultura universal acumulada e organizados em disciplinas, visando a quantidade de conhecimento São selecionados a partir dos interesses dos alunos e visam seu desenvolvimento psicológico Qualquer conteúdo, desde que estruturado segundo os objetivos da escola São selecionados a partir das culturas dominantes (ciência, filosofia, arte, política, história, etc.) e visam a apropriação para a superação Metodologia Aulas centradas no Atividades centradas no

Ênfase nos meios (recursos

Distingue os papéis de

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professor (expositivas) e exercícios de fixação (leituras, cópias, ...) aluno (trabalhos em grupo, pesquisas, jogos, ...) audiovisuais, instrução programada, tecnologias de ensino, ensino individualizado, “máquinas de ensinar”) professor e aluno para fazer

a articulação entre eles. Utiliza-se de todos os meios que possibilitem a apreensão crítica dos conteúdos Avaliação Valoriza-se os aspectos cognitivos, com ênfase na memorização. É uma avaliação para o professor Valoriza-se os aspectos afetivos, com ênfase em auto-avaliação. É uma avaliação para o desenvolvimento do aluno Avalia-se os objetivos propostos, com ênfase na produtividade do aluno sob a forma de um sistema de avaliação. Avalia o comportamento de entrada e saída Preocupa-se com a superação do estágio do senso comum (desorganização do conteúdo) para a consciência crítica (sistematização dos conteúdos) Aluno Educado É aquele que domina o conteúdo cultural universal transmitido pela escola É o aluno criativo, participativo, que aprendeu a aprender É o aluno eficiente, produtivo, que lida cientificamente com os problemas da realidade É o aluno que domina solidamente os conteúdos e percebe-se determinado e capaz de operar conscientemente mudanças na

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realidade Escola É um privilégio das camadas sociais mais favorecidas, e autoritária É proclamada para todos, e democrática Prega uma sociedade sem escola, com tele-educação, ensino

a distância e não formal

É muito importante e deve ser de boa

qualidade para todas as camadas da população Organização da Escola As funções são claramente definidas e hierarquizadas, com normas disciplinares rígidas As funções se confundem (autoridade disfarçada). Ocorre o afrouxamento das normas disciplinares É o modelo empresarial aplicado à escola, com a divisão entre quem planeja e quem executa A organização é um meio para que a escola funcione bem nos seus múltiplos aspectos

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Planejamento e Políticas Públicas da Educação

GESTÃO ESCOLAR

4- Gestão Escolar

A gestão da escola é realizada com base nas políticas educacionais definidas pelo Poder Público e é fundamental, pois realiza, na ponta, aquilo que foi definido e projetado nos documentos oficiais.

Até recentemente falava-se apenas em “administração escolar” e não em “gestão”. Administração compreende atividades de planejamento, organização, direção, coordenação e controle. Gestão envolve necessariamente essas atividades, mas incorpora também a filosofia e a política, que vêm antes e acima da administração, ou seja, é um termo mais abrangente.

4.1 – Crise na Teoria da Administração

A Teoria da Administração tem sido alvo de inúmeras críticas nos tempos contemporâneos, principalmente porque os teóricos tomaram consciência de que ninguém gosta de obedecer ordens. Como conseqüência, para o bom andamento dos trabalhos e satisfação pessoal dos envolvidos, cai por terra o conceito de autoridade, sobre o qual repousam as teorias da administração.

Em administração, o líder é o principal responsável pelo êxito das ações do grupo sob seu comando. Em gestão sua figura tende a ser enfraquecida ou, até mesmo, eliminada. O destaque vai para as decisões grupais e o consenso.

Gestão é uma expressão mais ampla do que administração, que é uma das suas formas. Gerir é conduzir os destinos de um empreendimento, levando-o a alcançar os seus objetivos. As formas mais conhecidas de gestão são:

Administração – preocupa-se com a eficiência, ou seja, como obter o máximo de resultados com o menor dispêndio de energia. Com o tempo foi se impondo o conceito de eficácia, ou seja, como alcançar os objetivos propostos com menor dispêndio de energia. A diferença entre os conceitos

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pode ser entendida por uma analogia apresentada por Simon - “a

metralhadora é uma arma bastante eficiente – é capaz de disparar muitos tiros por segundo. No entanto, ela somente será eficaz se atingir o alvo”.

Co-gestão – adota-se o princípio da participação. Deste modo, permanece a figura do administrador, mas com autoridade mais limitada. As decisões só são consideradas legítimas quando tomadas com a colaboração dos demais elementos sob o seu comando.

Auto-gestão – adota-se o princípio da “ausência de autoridade, sem que isto signifique ausência de ordem”. Pessoas ou grupos agem com autonomia, não por obediência, mas por convicção. Não se conhece, ainda, uma experiência bem sucedida e duradoura de auto-gestão. Ela jamais conseguiu sair do discurso ideológico para firmar-se na prática. Por isso, a escola ainda precisa de um diretor, ou administrador escolar.

4.2 – A Organização da Escola

A escola é organizada com a finalidade de atingir objetivos, os quais orientam a tomada de decisões. Conhecê-los bem é uma necessidade, principalmente para o diretor e os professores. Afinal, a falta de atenção aos objetivos pode levar a atividades inúteis ou contraproducentes. Sua estrutura envolve duas dimensões:

• Estrutura Administrativa - constituída de elementos sujeitos à influência da administração e intencionalmente dispostos de forma a conduzir à consecução dos objetivos da escola. É composta por quatro grandes áreas: Corpo Discente - define a natureza do estabelecimento escolar (educação

infantil, fundamental, ensino médio, para excepcionais, etc.). É em função do corpo discente que são definidos os objetivos da escola.

Programação – consiste na previsão das atividades a serem realizadas e

das inter-relações a serem mantidas para que os objetivos possam ser alcançados. É, portanto, função dos objetivos. Suas diretrizes estão contidas na legislação (geral e escolar) e no Regimento da escola. Constam da programação:

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Mecanismo administrativo – conjunto de órgãos e posições existentes na escola, dispostos de acordo com certa hierarquia. À sua representação gráfica se dá o nome de ORGANOGRAMA;

Plano Didático – composto de currículos e programas, é o elemento que estabelece as atividades fim da escola;

Planos de Trabalho – trata-se do mecanismo administrativo e plano didático postos em ação. Podem ser a curto, médio ou longo prazo e referir-se ao trabalho global da escola, de certos setores ou de um só professor.

Pessoal Escolar – pode ser assim classificado: Administração (diretor, auxiliares de direção); Corpo Docente (professores);

Pessoal Técnico (orientador educacional, orientador pedagógico, bibliotecário...);

Pessoal de Serviços Auxiliares (secretário, escriturário, inspetor, servente...).

Recursos Materiais - expressão física da programação, compreende: Prédio escolar e suas instalações;

Mobiliário;

Equipamento didático;

Material permanente e de consumo; Verbas;

...

• Estrutura Total - Somente o seu conhecimento pode dar ao diretor a possibilidade de compreender melhor sua escola. É mais ampla do que a administrativa, compreendendo relações que derivam da existência enquanto grupo social. Se as escolas possuem estruturas administrativas iguais ou semelhantes, cada uma delas é diferente da outra, devido à sua sociabilidade própria.

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O diretor é fundamental para a funcionalidade da unidade escolar. Ele exerce, ao menos, os seguintes papéis:

• Como autoridade escolar: é o responsável por tudo o que se passa na escola, personifica a instituição à qual pertence e representa a escola em ocasiões especiais;

• Como educador: escola implica em mais do que ensino; em educação. A forma de conduzir a escola provoca repercussões nos alunos (Ex. escola ditatorial – aluno submisso);

• Como administrador: assume a liderança do grupo (planejamento, organização, coordenação de esforços, avaliação de resultados, etc.). Acima de tudo, o diretor é o líder na escola. Mas, o que é um líder? Esta questão nos leva a algumas possibilidades:

• Quando o foco é a pessoa do líder – neste caso, destaca-se sua perspicácia, inteligência, autoconfiança, coerência, firmeza, sinceridade, consideração, entre outras características. Mas há líderes que alcançam êxito sem terem as qualidades esperadas, e há os que as têm e não conseguem resultados correspondentes às expectativas, portanto, não são consistentes;

• Quando o foco é o grupo – neste caso, o líder alcança bons resultados na medida em que seja reconhecido e aceito pelo grupo. Procura superar as limitações do anterior, baseando-se nas dinâmicas de grupo.

• Quando o foco é a situação que envolve o grupo – mais importante do que a pessoa do líder ou do que o grupo, é a situação em que estão colocados. Aqui, leva-se em consideração os fatores ambientais que operam sobre as pessoas (determinismo). Baseia-se na Teoria da Contingência.

Segundo Max Weber, a autoridade do líder pode apresentar origem:

• Tradicional – predomina o paternalismo e o poder é transmitido por arbítrio ou tradição;

• Carismática – advém das qualidades do líder que os tornam diferentes (carisma);

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• Formal-Legal – as pessoas são investidas de autoridade em função do mérito devidamente comprovado. Considerada a mais adequada por Weber, é a situação da maioria dos diretores de escola no Brasil.

Kurt Lewin, por sua vez, define os seguintes estilos de liderança:

• Autocrática – centraliza as decisões e impõe seus pontos de vista, preferindo errar sozinho do que acertar com o grupo. É extremista;

• Democrática – sem renunciar à sua posição de principal responsável, valoriza a participação dos liderados nas tomadas de decisões. Posição intermediária, de equilíbrio;

• Laissez-faire – abre mão de qualquer tipo de controle sobre o grupo, deixando-o a vontade para decidir sobre assuntos do seu interesse. É extremista.

É importante que o diretor da escola realize algumas conquistas, para obter bons resultados no cumprimento de suas tarefas. São elas:

• Conquistar o apoio da comunidade; • Melhorar a imagem da instituição; • Melhorar o clima dentro da escola; • Realizar trabalhos inovadores;

• Cumprir os objetivos da instituição, que não se esgotam nas suas paredes, nem na comunidade em que se insere, mas na sociedade como um todo.

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Planejamento e Políticas Públicas da Educação

BIBLIOGRAFIA

Bibliografia

COSTA NETO, A. & GONÇALVES, C.L. snt (material de aula).

OLIVEIRA, T.N.O. snt (material de aula).

RAMA, L.M.J.S. 1987. Legislação do Ensino: uma introdução ao seu estudo. São Paulo: Edusp.

Referências

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