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ANÁLISE DA POSTURA CORPORAL IMPOSTA PELA ATIVIDADE DO FORNEIRO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA FÁBRICA DE CERÂMICA

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PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN 2

ANÁLISE DA POSTURA CORPORAL IMPOSTA PELA ATIVIDADE

DO FORNEIRO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA FÁBRICA DE

CERÂMICA

Maria Franciele da Silva Melo

Caruaru, 2017

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ANÁLISE DA POSTURA CORPORAL IMPOSTA PELA ATIVIDADE

DO FORNEIRO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA FÁBRICA DE

CERÂMICA

Projeto de Graduação de Design apresentado como requisito parcial de obtenção do grau de Bacharel em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, no Centro Acadêmico do Agreste.

Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros

Caruaru, 2017

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária – Marcela Porfírio CRB/4 - 1878

M528a Melo, Maria Franciele da Silva.

Análise da postura corporal imposta pela atividade do forneiro : um estudo de caso em uma fábrica de cerâmica. / Maria Franciele da Silva Melo. – 2017.

87f. ; il. : 30 cm.

Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros.

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Design, 2017.

Inclui Referências.

1. Qualidade de vida no trabalho. 2. Postura humana. 3. Ergonomia. I. Barros, Bruno Xavier da Silva (Orientador). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2017-304)

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ANÁLISE DA POSTURA CORPORAL IMPOSTA PELA ATIVIDADE DO FORNEIRO: um estudo de caso em uma fábrica de cerâmica

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Design do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenção do grau/título de bacharel/licenciado em Design.

Aprovado em: 13 / 12 / 2017.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profº. Dr. Bruno Xavier da Silva Barros (Orientador)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dr. Antonio Luis de Oliveira Filho (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Dr. Ademário Santos Tavares (Examinador Externo)

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À memória do meu pai, Francisco Sales de Melo, meu amor incondicional e minha fonte de inspiração.

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Agradeço à Universidade Federal de Pernambuco e ao núcleo de Design e Comunicação do Centro Acadêmico do Agreste, por me proporcionarem um curso superior de qualidade. Sou grata também ao corpo docente em geral, em especial ao professor Antonio Luis de Oliveira Filho, pela oportunidade de fazer parte da Oficina Laboratório de modelos e protótipos e por todos os conhecimentos adquiridos durante o estágio.

Também agradeço imensamente ao meu querido orientador Bruno Barros pela dedicação, disponibilidade e a paciência, apesar das minhas dificuldades, reconheço que não foram poucas. É um excelente docente, pelo qual tenho uma grande admiração, e é sem dúvida um exemplo de competência, inteligência e serenidade.

Ao meu Pai, minha eterna gratidão, por ter sido o meu alicerce, por todo o apoio, compreensão e a força ao longo desses anos, desde os tempos de escola, por sempre acreditar no meu potencial, lamento profundamente que não estejas mais presente, para partilhar esse momento comigo. Agradeço a minha mãe que, apesar de distante, se faz presente na minha vida. Sou grata as minhas irmãs pelo incentivo e os cuidados para comigo. Não posso esquecer-me de agradecer ao meu irmão Sales, a sua esposa Margarida e sua filha Raquel pela conivência e assistência durante todos os períodos acadêmicos. Agradeço ainda a minha prima Inayara que não mede esforços para me ajudar.

Devo reconhecer, toda minha gratidão ao meu noivo Francisco, por se fazer tão presente em minha vida, por estar sempre disposto a fazer o melhor por mim. Grata por todo amor, incentivo e ajuda.

Agradeço também, a minha amiga de infância Williane pela motivação de todos os dias e pelos melhores conselhos. Ainda sou grata especialmente aos meus amigos, Dionisio Neto, Julia Andrade, Bruno Veríssimo, Matheus Welton, e Wynne Melo pela amizade e companheirismo, que foram fundamentais para tornar a minha vida acadêmica mais prazerosa. Agradeço também a meus amigos Alberto Alves e John Gonçalves, pela ajuda com material de pesquisa e por várias instruções adicionais.

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de campo. Também sou grata a todos os seus funcionários que se prontificaram a me ajudar e fornecer informações úteis para a pesquisa.

Por fim, agradeço a todos que, de alguma forma se fizeram presentes e me auxiliaram nesse estudo, é muito bom saber que temos pessoas dispostas a nos ajudar.

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"Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo" (Walter Franco).

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A boa postura no trabalho é algo importante e muito recomendada, uma vez que é fundamental para o bom funcionamento do corpo humano. Observa-se que posturas muito prolongadas no trabalho prejudicam os músculos e as articulações acarretando sérios problemas de saúde. Esta pesquisa teve o objetivo de avaliar a postura corporal do forneiro em uma fábrica de cerâmica na cidade de Sairé-PE. O estudo buscou avaliar o forneiro em seu ambiente de trabalho, a fim de identificar possíveis alterações posturais, devido à má postura imposta por postos de trabalhos deficientes. O método de abordagem utilizado foi o indutivo e o método de procedimento foi o estruturalista, além de fazer uso de métodos de avaliação de posturas dinâmicas e estáticas, utilizando o REBA (Rapid Entire Boby Assessment) ferramenta usada para identificar riscos biomecânicos em posturas de trabalhos. Após as análises foi possível identificar posturas de trabalho inadequadas, impostas pela atividade do forneiro. Os resultados obtidos indicam altos riscos à saúde humana, desta forma, foram propostas recomendações que visam o conforto e a segurança nos postos de trabalho dos forneiros.

Palavras chave: Postura corporal. Fábrica de cerâmica. Ergonomia no posto de

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Good posture at work is important and highly recommended as it is fundamental to the proper functioning of the human body. It is observed that very long time postures at work damage the muscles and joints causing serious health problems. This research aims to evaluate the body posture of the supplier in a ceramic factory in the city of Sairé-PE. The study aimed to evaluate the oven-keeper in his work environment in order to identify possible postural changes due to poor posture imposed by poor work conditions. The method used was the inductive one and the procedure method was the structuralist method, also using dynamic and static posture evaluation methods and using the REBA (Rapid Entire Boby Assessment) tool to identify biomechanical risks in work postures. After analysis, it was possible to identify inadequate work postures imposed by the oven-keeper's activity. The results obtained indicates high risks to human health, in this way, recommendations were proposed aiming to provide comfort and safety of the workstations for the oven-keepers.

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Quadro 1: Apresentação do diagnóstico de cada Pontuação Final do REBA.... 54

Quadro 2: Avaliação do REBA para a atividade 1... 55

Quadro 3: Avaliação do REBA para a atividade 1... 56

Quadro 4: Avaliação do REBA para a atividade 1... 57

Quadro 5: Avaliação do REBA para a atividade 2... 58

Quadro 6: Avaliação do REBA para a atividade 2... 59

Quadro 7: Avaliação do REBA para a atividade 2... 60

Quadro 8: Avaliação do REBA para a atividade 3... 62

Quadro 9: Avaliação do REBA para a atividade 3... 63

Quadro 10: Avaliação do REBA para a atividade 3... 64

Quadro 11: Resumo dos resultados da aplicação do REBA nos trabalhadores voluntários... 68

Quadro.12: Verificação da relação entre estatura e avaliação postural dos trabalhadores... 71

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Figura 2: Escoliose, hipercifose e hiperlordose respectivamente... 28

Figura 3: Cerâmica Vermelha: Telhas e tijolos... 37

Figura 4: Porcelanato... 37

Figura 5: Porcelana... 38

Figura 6: Isolante térmico... 38

Figura 7: Vidrados... 39

Figura 8: Matéria prima, argila vermelha... 40

Figura 9: Método de extrusão... 42

Figura 10: Secagem natural... 42

Figura 11: Secagem artificial... 43

Figura 12: Forno intermitente abóboda... 44

Figura 13: Forno contínuo hoffmann... 44

Figura 14: Acesso à cidade de Sairé... 48

Figura 15: Matéria prima argila preta na fábrica Padre Cícero... 48

Figura 16: Modelos de tijolos fabricados na empresa... 49

Figura 17: Secagem natural das peças da cerâmica Padre Cícero... 49

Figura 18: Forno Abóboda usado pela cerâmica Padre Cícero... 50

Figura 19: Forno Contínuo usado pela cerâmica Padre Cícero... 50

Figura 20: Parte externa do Forno Contínuo... 51

Figura 21: Parte interna do Forno Contínuo... 51

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AAOS Academia Americana de Ortopedia

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

CGMBI Coordenação Geral de Monitoramento Benefício por incapacidade DPSSO Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEA Associação Internacional de Ergonomia INTO Instituto de Traumatologia e Ortopedia OIT Organização Internacional de Trabalho ONU Organização das Nações Unidas

SOC Software Integrado de Gestão Ocupacional SST Saúde e Segurança no Trabalho

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PARTE 1: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 1. INTRODUÇÃO... 15 1.1. Objetivos... 17 1.1.1. Objetivo Geral... 17 1.1.2. Objetivos Específicos... 17 1.2. Justificativa... 18 1.3. Metodologia Geral... 19

PARTE 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2. ERGONOMIA... 22

2.1. Ergonomia na Indústria... 24

3. ESTUDO DA POSTURA CORPORAL HUMANA... 27

3.1. Postura corporal: adequação e consequências... 29

3.2. A posição de pé... 34

4. CERÂMICA... 36

4.1. Preparação da massa cerâmica... 40

4.2. Formação das peças cerâmicas... 42

PARTE 3: ANÁLISE DOS DADOS 5.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS... 46

5.1. Métodos de procedimento... 47

5.2. Apresentação do local do estudo de campo... 48

5.2.1. Posto de trabalho do forneiro... 51

6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 54

6.1. Resultados da análise da postura corporal... 55

6.1.1. Atividade 1: Disposição de tijolos na parte inferior... 56

6.1.2. Atividade 2: Disposição de tijolos na parte intermediaria... 59

6.1.3. Atividade 3: Disposição de tijolos na parte superior... 62

6.1.4. Resultados Gerais... 66

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7.2. Conclusões acerca da aplicação do REBA... 78

7.3. Conclusões acerca da análise do estudo de caso... 79

7.4. Sugestões para estudos posteriores... 80

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SEÇÃO 1

INTRODUÇÃO

Atualmente os problemas posturais têm aumentado, e são apontados como problemas de saúde pública, uma vez que muitas pessoas precisam ser afastadas dos seus cargos de trabalho devido a postos de trabalhos deficientes. Nesta seção são apresentados os aspectos introdutórios da pesquisa que abordam o tema a ser estudado, os problemas, objetivos e a justificativa pela qual foi proposta essa pesquisa. Também são descritos os aspectos metodológicos gerais, onde são determinados os tipos de pesquisa, os métodos que serão utilizados, as técnicas e suas aplicações.

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A Ergonomia contribui para melhorar a eficiência, a confiabilidade e a qualidade das operações industriais (IIDA, 2005). Esta disciplina científica é importante para a indústria, uma vez que ajuda a melhorar o ambiente de trabalho do sistema humano-máquina-ambiente, além de organizar e melhorar as condições de trabalho, ajustando as mesmas às limitações do indivíduo.

O uso da Ergonomia nas fábricas é crescente devido a necessidade de organização do trabalho para a diminuição de acidentes e lesões, visto que muitos trabalhadores estão expostos ao perigo diante da falta de conhecimentos com relação aos riscos da atividade. Dentre estas medidas está a criação de postos de trabalho com equipamentos adaptados para cada indivíduo, além da postura corporal que deve ser tomada para promover um equilíbrio biomecânico.

Segundo Iida (2005), a postura corporal é o estudo do posicionamento relativo de partes do corpo, como cabeça, tronco e membros no espaço. A boa postura é importante para a realização do trabalho sem desconforto e estresse, neste contexto cabe lembrar que a coluna vertebral é uma das estruturas mais fracas e delicadas do organismo, sujeita a muitas deformações, onde a maioria delas são adquiridas devido à má postura no posto de trabalho e o esforço físico. Independentemente do local de trabalho, nenhuma postura é neutra e a má postura é adquirida principalmente pelas condições de trabalho oferecidas e ao projeto deficiente dos equipamentos. Trabalhos estáticos, ou que requerem o excesso de movimentos repetitivos, causam fadiga e o trabalhador vai perdendo a força e a velocidade dos movimentos, podendo resultar em acidentes e, em boa parte dos casos, lesões graves. Cabe destacar que outros fatores também podem influenciar os problemas posturais, tais como as doenças, deixando o corpo fraco e debilitado.

O corpo humano se adapta facilmente às tarefas do cotidiano e isso desencadeia uma série de alterações no mesmo na busca de uma adaptação, todavia esses ajustes trazem consigo muitos malefícios para o corpo. Como visto, os problemas de postura vão muito além dos postos de trabalho e, para preveni-los, é importante que as características biomecânicas dos indivíduos sejam respeitadas para o bom funcionamento do corpo e melhoria da qualidade de vida.

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A biomecânica ocupacional é uma parte da biomecânica geral, que se ocupa dos movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho (IIDA, 2005). Trata-se do estudo das interações físicas do indivíduo, com as ferramentas, materiais e o seu posto de trabalho, sendo assim, ela preocupa-se com as posturas corporais adotadas pelo trabalhador, do mesmo modo que suas consequências. A carência deste tipo de consideração postural no ambiente de trabalho acarreta lesões graves, na maioria das vezes decorrentes de esforços excessivos e movimentos repetitivos. Posturas inadequadas causam dor, desconforto, fadiga e consequentemente doenças ocupacionais como lombalgias, bursites e outros problemas fisiáticos, que podem comprometer a saúde do trabalhador, tornando-o inválido para a execução de diversas tarefas.

Neste sentido, a referente pesquisa repousa o foco sobre o posto de trabalho do forneiro de uma fábrica de cerâmica situada no agreste de Pernambuco. A atividade exige uma postura corporal que pode vir a ser prejudicial à saúde do operário, além de ser um trabalho repetitivo e que exige muito esforço muscular. Acreditamos que a análise postural do forneiro da fábrica selecionada para estudo de caso, pode fornecer subsídios para alterações e reforma do posto de trabalho, de modo a adequá-lo às características e limitações dos seres humanos envolvidos na atividade.

1.1.Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Propor contribuições ergonômicas para estimular a correção das inadequações posturais impostas pela atividade do forneiro da fábrica selecionada para estudo de caso.

1.1.2. Objetivos Específicos

▪ Identificar as inadequações posturais impostas pelo posto de trabalho;

▪ Identificar as atividades e artefatos responsáveis pelas inadequações posturais;

▪ Estabelecer recomendações para promover uma adequação postural na atividade.

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1.2. Justificativa

O tema Saúde e Segurança no Trabalho (SST) de fato é de importância fundamental e o governo do Brasil busca meios para assegurar um melhor local de trabalho para os trabalhadores brasileiros. Dessa forma, o Ministério da Previdência Social elaborou o Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional – DPSSO, com a finalidade de aprimorar as condições de vida no trabalho.

A Organização Internacional de Trabalho (OIT) é uma dependência multilateral associada à ONU (Organização das Nações Unidas) e capacitada nas questões trabalhistas. Entre outras coisas, o propósito dela é aperfeiçoar e promover o progresso e o amparo à vida e à saúde de todos os trabalhadores, nos diferentes cargos de trabalho (CHAGAS, SALIM E SERVO, 2012). Isso dá direito aos trabalhadores de descontinuar o trabalho, quando o mesmo se sentir ameaçado exercendo qualquer atividade que impõe risco a sua integridade física.

Segundo dados da Organização Internacional de Trabalho (OIT), 317 milhões de acidentes laborais não mortais ocorrem a cada ano. Ou seja, os acidentes no trabalho são comuns e é visível o crescente número de afastamento dos cargos de trabalho por problemas de saúde, onde a maioria deles está relacionada à má postura. Dessa forma, esta pesquisa pretende contribuir para uma melhoria na qualidade de vida do trabalhador, no sentido de reparar e prevenir as dificuldades encontradas por esses indivíduos no ambiente de trabalho.

De acordo com Chagas, Salim e Servo (2012) o trabalho precisa ser conformado ao homem e não o contrário. Isso quer dizer que o posto de trabalho deve ser alterado às particularidades e limitações dos seres humanos em diversos ambientes laborais. É relevante levar em consideração as limitações humanas em locais de trabalhos afim de reduzir o número de acidentes, visto que a maioria são decorrentes das relações inadequadas entre os operadores e suas tarefas, neste caso a Ergonomia se faz necessária para uma melhor condição de vida do trabalhador e um bom estado emocional.

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A presente pesquisa pode fornecer para o Design, recomendações ergonômicas que podem ser levadas em consideração no projeto do posto de trabalho do forneiro, trazendo conforto, bem-estar e eficiência no trabalho. O ambiente de trabalho do mesmo é irregular, além de ser um trabalho que exige muita força e energia para a realização de atividades repetitivas que causam fadiga na musculatura, que se não forem levados em conta podem gerar muitos problemas posteriormente.

Por conseguinte, esta pesquisa ressalta a importância de um posto de trabalho confortável para o trabalhador e de como isso afeta diretamente nos rendimentos da empresa de maneira positiva. Será avaliada a postura corporal do mesmo, afim de identificar os problemas encontrados e estabelecer recomendações ergonômicas para adequação do ambiente em foco. A mesma poderá servir de referência para aplicação do projeto em determinada empresa, ou até mesmo para pesquisas mais aprofundadas acerca do assunto.

Como resultado, esta pesquisa pode vir a ser uma referência para designers em projetos ergonômicos, visto que a mesma contém informações e instruções a respeito das posturas adotadas por trabalhadores na indústria. Espera-se também que estas informações possam ser usadas posteriormente em novas análises de postos de trabalho.

Esta pesquisa pode, também, servir de referência para pesquisas acadêmicas sobre posturas em ambientes de trabalho, fornecendo embasamento teórico para estudos que abordem a mesma temática, contribuindo para enriquecer o conhecimento na área de Design e Ergonomia.

1.3. Metodologia Geral

Segundo o campo de atuação básico, esta pesquisa classifica-se como aplicada, pois busca resolver problemas concretos, e tem como objetivo estabelecer recomendações para a adequação do posto de trabalho do forneiro. A mesma caracteriza-se como teórico-reflexiva, pois tem como resultados conhecimentos teóricos, com a finalidade

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de investigar as reais necessidades e limitações do forneiro em seu ambiente de trabalho visando a melhoria do posto de trabalho por meios dimensionais.

De acordo com a origem dos dados, esta pesquisa caracteriza-se como empírica, pois busca apoio na fundamentação teórica, neste caso é necessário observar qual a postura corporal adotada pelo forneiro no posto de trabalho, para compreender suas dificuldades e limitações e de qual forma elas podem ser melhoradas. Conforme procedimentos empregados, este estudo é experimental, pois trabalha diretamente as variáveis ligadas com o objeto de estudo, o que proporciona a análise da relação entre as causas e os efeitos de determinado fenômeno (CERVO, BERVIAN E DA SILVA, 2007), desta forma o pesquisador analisa o trabalho do forneiro avaliando sua postura corporal, a fim de obter as informações necessárias para o desenvolvimento do estudo.

Este estudo determina-se como explicativo, e tem por objetivo analisar e identificar os acontecimentos estudados e explica as causas de sua ocorrência. Neste caso observa-se os problemas enfrentados pelo forneiro à cerca da sua postura corporal. A corrente pesquisa também é interdisciplinar, pois é preciso fazer uso de conhecimentos que apesar de distintos tem similitude, como anatomia, fisiologia e psicologia, para obter os resultados referentes a postura corporal do forneiro.

Segundo a natureza dos dados, a pesquisa pode ser classificada como objetiva, pois envolve dados diretos e impessoais do fenômeno concreto. O estudo analisa os postos de trabalho e identifica quais os problemas posturais enfrentados pelo forneiro durante seu período de trabalho. Segundo o grau de generalização dos resultados, a pesquisa enquadra-se como qualitativa pois, busca entender e explanar o significado do comportamento de determinados indivíduos. Trata-se também de uma pesquisa participativa, onde é observada a postura do forneiro para obter respostas acerca da pesquisa. A investigação denomina-se como estudo de caso, pois trabalha com uma situação específica, neste caso a Fábrica de Cerâmica da cidade de Sairé-PE.

O método de abordagem utilizado na pesquisa é o Indutivo. De acordo com Marconi e Lakatos (2010), Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou

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universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, isso quer dizer que, a partir da análise postural do forneiro desta fábrica em especial, será possível verificar resultados generalizáveis, onde essas recomendações poderão ser aplicadas em ambientes semelhantes.

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SEÇÃO 2

ERGONOMIA

A Ergonomia tem como objetivo transformar os sistemas de trabalho para adaptar a atividade nele existente às particularidades, habilidades e limitações das pessoas, com vistas ao seu desempenho eficiente, agradável e seguro (ABERGO, s/d). Esta seção traz uma abordagem sobre os objetivos da Ergonomia e de que forma ela é aplicada, em seguida abordamos o seu surgimento na indústria e as vantagens que as suas contribuições trazem para as empresas.

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Um dos focos da Ergonomia é tornar o trabalho do homem mais proveitoso por meio do melhoramento das suas circunstâncias de trabalho, com o propósito de preservar a saúde humana por meio de um local de trabalho confortável e que solicite menor exigência e um maior resultado (BARBOSA FILHO, 2010 apud FREITAS E MINETTE, 2014, p. 5). Neste caso, a Ergonomia na indústria se faz útil para aperfeiçoar o sistema humano-máquina-ambiente e organizar o trabalho de forma a torna-lo mais adequado. Umas das finalidades da Ergonomia é adequar o posto de trabalho, instrumentos, máquinas, horários e locais de trabalho às necessidades do trabalhador, ou seja, facilitar a vida do trabalhador. O cumprimento dessas necessidades em níveis industriais proporciona o máximo rendimento do esforço humano (PADILHA, 2011).

A ergonomia é um conjunto de estudos que visam à organização metódica do trabalho em função do fim proposto e das relações entre o homem e a máquina. Sua aplicação serve também para minimizar os acidentes de trabalho (OLIVEIRA NETTO; TAVARES, 2006, p. 12 apud SILVEIRA e SALUSTIANO, 2012, p. 74).

De acordo com Padilha (2011), destacam-se dois tipos de Ergonomia: A Ergonomia de Concepção e de Correção. A Ergonomia de Concepção é conhecida como pró-ativa, pois avalia o posto de trabalho e todos os movimentos e posturas que serão executadas pelo trabalhador para, com base nessas informações, elaborar um posto de trabalho ergonomicamente adequado. Por outro lado, a Ergonomia de Correção se encarrega de corrigir postos de trabalho que já estão instalados, com o propósito de adapta-los ergonomicamente. A Ergonomia de correção pode ser denominada de reativa pois reage aos problemas encontrados.

Para Vidal (2002), a Ergonomia é uma disciplina muito útil, recomendada para lidar com problemas nos sistemas de produção em empresas e outras instituições, uma vez que suas contribuições são indispensáveis para organização e resolução dos diferentes problemas que afetam os vários cargos de trabalho de uma indústria.

De acordo com IIDA (2005), a aplicação sistemática da Ergonomia na indústria é feita identificando-se os locais onde ocorrem problemas ergonômicos mais graves. Neste caso, são os locais em que ocorrem mais erros, acidentes e doenças. Por trás desses indícios é possível identificar onde estão as causas desses problemas, que podem ser

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a inadequação das máquinas para o trabalhador, falhas na organização do trabalho e outras deficiências que ocasionam dores musculares e tensões psíquicas.

As indústrias modernas investem cada vez mais em capital e complexidade das máquinas e operações e isso torna muitos pontos vulneráveis à acidentes e, por esses elevados investimentos, as perdas e danos são muito maiores.

2.1. Ergonomia na Indústria

Para Couto (2002, apud PADILHA, 2011 p. 20), com a revolução industrial de Taylor, Fayol e Ford, houve a necessidade de estabelecer essa nova ciência para minimizar alguns problemas como: Dificuldade em estabelecer um método de trabalho; Alienação do trabalhador; Seleção física e psicológica árdua; Trabalho estafante até a fadiga; Postura de trabalho sem mobilidade; Surgimento de distúrbios osteomusculares por sobrecarga de trabalho; Redução das capacidades práticas do trabalhador, entre outros.

Durante a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, houve um crescimento evidente no número de danos relativos ao trabalho, em consequência do uso de máquinas durante longas jornadas de trabalho em ambientes insalubres, além de toda pressão sofrida por parte dos operários. Com o adoecimento dos operários e as mortes decorrentes das más condições de trabalhos oferecidas, produziu-se as primeiras normas trabalhistas, objetivando a diminuição dos riscos ocupacionais. Posteriormente surgiu a Organização Internacional de Trabalho (OIT), após o fim da Primeira Guerra Mundial, mudando o panorama das normas e técnicas de proteção à saúde dos trabalhadores, sendo atualmente referência internacional sobre o assunto (CHAGAS, SALIM e SERVO, 2012).

Para Baú (2002, p. 126, apud PADILHA, 2011, p. 20) a Ergonomia passou por quatro etapas distintas. A primeira etapa é a pós-guerra focada no posto de trabalho e nas alterações fisiológicas e biomecânicas. Já a segunda etapa surge uma relação entre o trabalhador e o ambiente de trabalho. A terceira etapa é chamada de Ergonomia da interface com o usuário pois, surge a informatização dos processos e produtos. E por

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fim, a quarta etapa, com uma visão mais ampla, destacando o homem no ambiente de trabalho e todos os equipamentos.

Inicialmente a Ergonomia surgiu das necessidades industriais com a interação do homem-máquina para realização dos trabalhos. Atualmente ela abrange outros campos de atuação, porém sua maior contribuição continua sendo na indústria (IIDA, 2005). Segundo Vidal (2002), programas de gestão de Ergonomia nas indústrias aumentam a qualidade de vida, a confiança nos processos, a diminuição de custos, além de pôr em prática a implementação e manutenção de padrões de qualidade e excelência.

Programas de Ergonomia já estão em uso em algumas empresas, e é comprovada a diminuição de acidentes de trabalho e principalmente os distúrbios osteomoleculares, que, sem dúvida, trazem muitos malefícios para o corpo ou até mesmo a inatividade (BUTLER, 2003 apud SANTOS et. al, 2012, p. 51).

O Ministério do Trabalho e Emprego elaborou uma norma Regulamentadora, – NR17, que discute sobre Ergonomia. Esta norma objetiva estabelecer medidas que permitam a alteração das condições de trabalho às particularidades físicas e psicológicas dos trabalhadores, promovendo conforto, proteção e melhor execução das atividades (PADILHA, 2011).

Segundo o relatório da Coordenação-Geral de Monitoramento Benefício por Incapacidade – CGMBI (2014), muitos são os problemas que afetam o ambiente de trabalho, e ao longo dos anos é notável o crescente esforço no meio empresarial em busca de melhores condições em termos de qualidade e conforto nas empresas, com os investimentos ergonômicos necessários, é possível o aumento da produção e a diminuição das estatísticas de acidentes e doenças no trabalho.

De acordo com o pesquisador francês Savall (s/d apud Freitas e Minette, 2014, p. 01) muitos são os benefícios que se demonstram quando uma empresa investe na Ergonomia. Conforme citados abaixo:

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1 - Redução de até 3% no absenteísmo, ou seja, com um posto de trabalho agradável o número de ausências diminui, e dessa forma a produção não é afetada, visto que com a ausência de um trabalhador toda a produção é prejudicada;

2 - Com a organização do trabalho verifica-se uma redução de 25% de desperdício da matéria-prima e dos produtos. Em vista disso a empresa ganhará maior visibilidade na sociedade, uma vez que a redução do desperdício acaba contribuindo para a sustentabilidade;

3 - Quando a produção vai bem, as empresas conseguem entregar seus pedidos no prazo. E isso é bom para o cliente e para empresa, gerando novas oportunidades de negócio e ganhando uma imagem de responsabilidade;

4 - Investir na Ergonomia ajuda a prevenir os índices de acidentes e incidentes no dia a dia dos trabalhadores, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas dentro e fora do trabalho;

5 – Em um posto de trabalho ergonômico os trabalhadores conseguem exercer suas atividades com eficiência, e o resultado é percebido na maior qualidade dos produtos, reduzindo o número de produtos com defeitos e gerando lucro para a empresa; 6 – Com o investimento da Ergonomia diminui em 50% a taxa de retrabalho;

7 – A redução do retrabalho conduz a empresa para o sucesso da produtividade, e consequentemente a sua evolução frente à concorrência;

8 – Com o suporte da Ergonomia os profissionais sentem-se mais estimulados e valorizados;

9 – Postos de trabalho com profissionais satisfeitos estimulam o trabalho em equipe; 10 – Aumentar a qualidade de vida do trabalhador é o principal objetivo da Ergonomia, mas como resultados ela acaba contribuindo para a produtividade da empresa.

Levando em consideração que o trabalho é de suma importância para o homem, aplicar a Ergonomia na indústria ajuda a melhorar o cotidiano do trabalhador, de maneira a garantir saúde e qualidade de vida até mesmo fora da indústria (FREITAS e MINETTE, 2014). Para Padilha (2011) a Ergonomia está em constante evolução, ou seja, à medida que as empresas evoluem a relação entre trabalhador e trabalho também evolui, tornando a vida do ser humano mais produtiva e com qualidade.

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SEÇÃO 3

ESTUDO DA POSTURA CORPORAL

HUMANA

A postura corporal do homem não sofre alterações, ela se constrói a partir das vivências corporais e mudanças de atitude de cada um durante a vida (BRACCIALLI e VILARTA, 2001 apud BANKOFF, 2004 p. 13). Esta seção começa fazendo uma breve introdução sobre a coluna vertebral, parte fundamental para o estudo da postura, em seguida abordaremos o estudo da postura corporal, onde trataremos a respeito das posturas adequadas e as consequências que a má postura poderá causar, por fim abordaremos a posição de pé, que é assumida em muitos postos de trabalho.

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A coluna vertebral é a estrutura do corpo mais afetada por sobrecargas e tem como resultado o aumento expressivo de problemas posturais na população mundial (BRACCIALLI e VILARTA, 2001 apud BANKOFF, 2004, p. 10). Para entendermos a postura corporal é imprescindível o conhecimento da coluna vertebral e seu funcionamento. É uma estrutura complexa de suspensão, equilíbrio, postura e movimento do corpo humano (HAMILL e KNUTZEN, 1999 apud RUMAQUELLA, 2009 p. 2). De acordo com Dangelo e Fatinni (2002 apud Oliveira et. al 2008, p. 2) a principal utilidade da coluna vertebral (Figura 1) é sustentar o peso do corpo, por meio da articulação sacroilíaca, para os ossos do quadril, sendo então composta por 33 vértebras, e dividida em quatro regiões: Cervical, torácica, lombar e sacro-coccígea.

Figura 1: Coluna Vertebral - Visão Geral.

Fonte: Site Aula de Anatomia (s/d).

Iida (2005) considera a coluna uma estrutura muito frágil, propensa a deformações, e muitas dessas deformações estão associadas ao esforço físico e a má postura no ambiente de trabalho, ainda segundo o autor os principais problemas de coluna são a escoliose, hipercifose e hiperlordose, ilustrados na figura 2 abaixo.

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Figura 2: 1. Escoliose, 2. hipercifose e 3. hiperlordose.

Fonte: Site Só Biologia (s/d).

Essas deformações na coluna citadas por Iida (2005), podem ser congênitas ou muitas vezes adquiridas durante a vida, por inúmeras causas, como carga pesada, posturas inadequadas no trabalho, deficiências, infecções e outras. De acordo com o nível do problema o trabalhador pode ser impossibilitado de trabalhar, ou ocupar funções que exerçam pouco esforço físico.

3.1. Postura corporal: adequação e consequências

Nos dias atuais, problemas posturais são apontados como um sério problema de saúde pública, pois atingem uma alta incidência na população economicamente ativa, incapacitando-a temporária ou definitivamente para atividades profissionais (BRACCIALLI, VILARTA, 2000 apud OLIVEIRA et.al, 2008, p. 01).

De acordo com o Software Integrado de Gestão Ocupacional (SOC, 2015), a Pesquisa Nacional da Saúde, divulgada em 2014, concluiu que 18,5% da população adulta do Brasil é afetada por doenças crônicas na coluna, totalizando cerca de 27 milhões de pessoas e muitas dessas doenças estão relacionadas a má postura corporal. Os distúrbios localizados na região da lombar são os mais comuns e englobam 21% das mulheres e 15% dos homens. Segundo o Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), a lombalgia normalmente manifesta-se na idade adulta e muitos casos estão relacionados com a má postura proveniente de ambientes de trabalho mal elaborados. Posturas incorretas ao longo do trabalho podem causar lesões na coluna e

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consequentemente dores nas costas, sendo a última a doença que mais afetou os trabalhadores brasileiros em 2013. É de extrema importância orientar os trabalhadores sobre os riscos ocasionados pela postura indevida, contribuindo para potencializar os resultados da empresa e o bem-estar dos indivíduos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério da Saúde, 53,6% dos brasileiros recorrem a tratamentos para combater as dores na coluna, que na maioria dos casos é decorrente de locais de trabalho deficientes (SOC, 2015). Conforme o Chartered Institute of Ergonomics e Human Factors (s/d), o local de trabalho precisa ser adaptado para o indivíduo e não o contrário.

A postura “é uma posição ou atitude do corpo, arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneira característica de alguém sustentar seu corpo” (KISNER e COLBY apud BITENCOURT, 2011 p.51). Ou seja, cada indivíduo utiliza uma postura em que seu corpo se sinta confortável para realizar os movimentos corporais. De acordo com Bracciali e Vilarta (2000 apud CAMPELO, 2003, p. 8) e segundo a Academia Americana de Ortopedia (AAOS), a postura é o estado de equilíbrio entre músculos e ossos com a capacidade para proteger as demais estruturas do corpo humano. Para Back e Lima (2009 apud KRANN 2012, p. 2) um bom controle postural, o qual demande poucos músculos e baixo consumo de energia conduz à boa postura.

Corroborando com os autores supracitados, o relatório do Posture Committee of the American Academy of ortopedic Surgeons (Comitê de Postura da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos) (s/d apud KENDALL, 2007 p. 51) apresenta a seguinte definição sobre postura:

A postura geralmente é defenida como o arranjo relativo das partes do corpo. A boa postura é aquele estado de equilíbrio muscular e esquelético que protege as estruturas de suporte do corpo contra lesão ou deformidade progressiva, independentemente da posição (ereta, decúbito, agachada ou flexão anterior) na qual essas estruturas estão trabalhando ou repousando. Sob tais condições, os músculos funcionarão mais eficazmente e serão permitidas as posições ideais para os órgãos abdominais e torácicos. A má postura é uma relação defeituosa das várias partes do corpo que produz aumento da tensão sobre as estruturas de suporte e na qual existe um equilíbrio menos eficaz do corpo sobre sua base de suporte (COMMITTER OF THE AMERICAN ACADEMY OF ORTOPEDIC SURGEONS s/d apud KENDALL, 2007 p. 51).

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De acordo com Dul (2004), a postura e os movimentos corporais são importantes na Ergonomia, tanto no dia-a-dia quanto no posto de trabalho, para realizar os movimentos e manter a postura firme, são acionados vários segmentos corporais (músculos, ligamentos e articulações), os músculos são responsáveis pela força que o corpo precisa para manter a postura e realizar os movimentos, os ligamentos desempenham o papel de sustentar o corpo e as articulações servem para o deslocamento das partes. Para Dul (2004) na manutenção da postura é importante evitar movimentos inadequados e forçados por um tempo prolongado, afim de evitar dores e lesões. Ainda conforme o mesmo autor, a postura corporal na maioria das vezes é estabelecida pela natureza da tarefa ou do posto de trabalho.

Segundo Gross, Fetto e Rosen (2000 apud JUNIOR e NASÁRIO 2011 p. 11851) a postura padrão é sustentada por músculos equilibrados, resistentes e flexíveis; articulações trabalhando adequadamente; equilíbrio e boas práticas posturais. A postura é um posicionamento do corpo com as articulações no espaço. Portanto, a postura mais adequada é aquela que o mínimo de esforço possível é aplicado nas articulações, impedindo a fadiga ou lesões mais graves. A postura correta requer tensão muscular e flexibilidade, já que os músculos precisam trabalhar contra a gravidade e em conjunto. Dessa forma, a má postura prejudica os músculos e suas funções (CESAR, 2004). Ainda segundo o autor, a postura é uma situação dinâmica, ou seja, o corpo se adequa aos estímulos e reproduz de forma imediata.

A postura mais apropriada para o trabalhador é aquela que ocorre de forma espontânea e que pode ser alternada no decorrer do tempo, dessa forma a criação dos postos de trabalho deve ser favorável a alternância de postura, especialmente a variação entre a postura sentada e em pé (BRASIL, 2001 apud FRANCESCHI, 2013 p. 79).

A postura correta deve ser aquela pela qual você sente-se livre e confortável. A relação que o indivíduo tem com seu corpo é refletida pela forma como ele se vê. A maioria dos hábitos incorretos resulta na imitação de modelos imperfeitos, portanto, ensinar teoricamente o modelo postural mais adequado e não modificar os hábitos não resolve. É preciso associar o modelo e o hábito postural para que o corpo entre em harmonia (BRACCIALLI, 2001).

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Desequilíbrios musculares são motivadores para as mudanças posturais, uma vez que causam desarranjo no sistema musculoesquelético, esse desarranjo afeta o organismo que procura se reorganizar resultando na má postura (BIENFAIT,1995; MARQUES, 2000 apud GRAUP, 2008, p.29). Em consequência desse desequilíbrio, surge a fadiga muscular, que afeta diretamente a postura corporal tornando os movimentos descoordenados (YAGGIE e MCGREGOR, 2002 apud GRAUP, 2008, p. 29).

Segundo Iida (2005) a maioria das vezes que o trabalhador apresenta posturas inadequadas está relacionado a postos de trabalhos deficientes e às exigências da tarefa.

Os fatores determinantes nas tarefas do trabalhador que provocam as lesões ou sensações de incômodo são causados por posturas indevidas, neste caso, quando o trabalhador exerce muita força, executa movimentos rápidos e repetitivos por um longo período, sem pausas para descanso, além de realizar esforço dinâmico pesado com vibração localizada (ERGOWEB, 2005, apud JUNIOR, 2006, p. 2). De acordo com o mesmo autor, estas circunstâncias associadas às características ambientais como calor, frio, iluminação e ruído e também causas extras como estresse, demanda cognitiva e carga de trabalho, aceleram as chances das LER/DORT´s.

Mudanças posturais estáticas são apontadas como um problema na saúde pública, sobretudo porque atingem a coluna vertebral, e podem ser um fator propenso às condições degenerativas da coluna vertebral. Dependendo da intensidade, podem causar inépcia as atividades diárias (SEDREZ, ROSA, NOLL, MEDEIROS e CANDOTTI, 2015).

A má postura compreende uma tensão demasiada nas unidades funcionais (músculos, tendões e ossos), ocasionada pela contração muscular expandida, para garantir a fixação dos segmentos corporais. Esta contração exagerada pode ocasionar o encurtamento e a fraqueza muscular, e estes fatores podem causar esforço demorado e insuficiência ligamentar, que são referentes ao desconforto e a inabilidade funcional (CAMARGO, 2007).

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O sistema musculoesquelético pode ser sobrecarregado por uma sequência de pequenos traumas, (ou microtraumas) que se analisados separadamente, não provocam prejuízos para o indivíduo, mas, seus resultados cumulativos podem causar a sobrecarga, ocasionando os distúrbios musculoesqueléticos, que podem ser evitados com a diminuição de atividades forçadas e uma postura corporal adequada (KROEMER, 2005 e KENDALL et. al, 2007).

De acordo com Kroemer (2005, p. 19), os distúrbios musculoesqueléticos referentes a trabalhos estáticos excessivos e repetitivos podem aumentar o risco de:

▪ Inflamação nas articulações, em consequências da exaustão mecânica;

▪ Inflamação nos tendões ou nas extremidades dos mesmos, podendo causar tendinites ou tenossinovite;

▪ Inflamações nos tecidos que revestem os tendões;

▪ Processos crônicos degenerativos nas articulações, comumente chamadas de osteoartrose ou artrose;

▪ Contração muscular (cãibras);

▪ Problemas nos discos intervertebrais, conhecido por hérnia de disco.

Para Kendall (2007) atividades contínuas dos membros, relacionados a tarefas ocupacionais ou outras atividades, resultam em muitas distensões musculares, que são processos inflamatórios ou comprometimentos nervosos que ocasionam condições leves a debilitantes.

Segundo Bankoff (2004), a manutenção de uma postura ereta, flexionada para frente em 30º, aumenta acentuadamente a tensão intradiscal e demanda excessivo esforço muscular. Logo, uma frequente postura diária prolongada pode ser um fator incriminante na dor lombar. Para Iida (2005), as dores na região lombar são comumente chamadas de lombalgias e ocorrem em posturas de trabalho muito inclinadas para a frente. Ainda segundo o autor a principal causa dessa dor é a fadiga da musculatura, que ocorre quando o trabalhador se mantém muito tempo na mesma postura.

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Segundo Kroemer, (2005) manusear cargas em movimentos de levantar, abaixar, carregar segurar normalmente envolve muito esforço estático e dinâmico que requerem posturas forçadas, é considerado um trabalho pesado que causa desgaste da coluna. De acordo com o mesmo autor o desgaste da coluna ocasiona a degeneração dos discos intervertebrais, essas mudanças achatam os discos podendo afetar a mecânica da coluna ou podem causar problemas mais graves como hérnias de disco.

3.2. A Posição de pé

Diversos problemas de saúde ocupacional estão relacionados com a posição de pé, isso porque muitos postos de trabalho solicitam a execução desta posição por um extenso espaço de tempo, sendo aplicada em muitos cargos de trabalho da indústria e do comércio (GRANDJEAN, 1998; RENNER, 2002; JORGE, 2003; JÚNIOR, 2004; GUIMARÃES, 2006; LUZ, 2006 apud BERENGUER et al, 2010, p. 254).

A sustentação da postura ereta é um trabalho imprescindível e complicado para o corpo humano, uma vez que ela diz respeito ao alinhamento e comando de diversos segmentos corporais (FERREIRA, 2005). Manter-se muito tempo de pé exige oscilações do corpo para manter o equilíbrio (FERREIRA, 2005 e REIS et al. 2013).

De acordo com Fonseca (2013) uma postura estática é a postura do corpo em pé parado, e para manter o equilíbrio dessa posição é necessário o trabalho da chamada “musculatura da estática”. Esse grupo de músculos em conjunto com os ossos e as articulações da coluna são encarregados de manter a postura ereta e essenciais para a qualidade das atividades corporais (AMADIO, 2003; BARCELLOS, 2002; BRICOT, 2001; ANDRADE e FONSECA, 2000; ZAZA, 1998, apud FONSECA, 2013, p. 13).

Para Kroemer (2005), ficar de pé por muito tempo é estafante e doloroso, não só pelo esforço muscular estático excessivo, mas pelo aumento da pressão hidrostática do sangue nas veias das pernas, contribuindo para a incidência de: Dilatação das veias das pernas, causando as varizes; Edema dos tecidos dos pés e das pernas; Ulceração

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da pele edemaciada. Visto que além de ser um trabalho fatigante, é a causa de muitos problemas de saúde.

Luz (2006 apud Berenguer et al., 2011 p. 154) corroborando com Kroemer (2005), afirma que a manutenção da postura em pé causa consequências, como o surgimento de problemas circulatórios nos membros inferiores ocasionando varizes, edemas e celulites, causando dores e podendo evoluir para problemas mais graves como a perda da mobilidade dos membros inferiores. Segundo Junior (2004), os trabalhos que demandam a posição de pé por muito tempo, causam fadiga na musculatura das pernas que se estendem para as costas, e com movimentos do tronco podem causar dores na coluna vertebral.

A manutenção da postura de pé imóvel tem ainda as seguintes desvantagens (MTE, 2001 apud JUNIOR 2004, p. 22):

▪ Propensão à concentração do sangue nas pernas, que induz ao surgimento de insuficiência valvular venosa nos membros inferiores, causando o surgimento de varizes e sensação de peso nas pernas;

▪ Sensação de dor nas áreas de contato articular, especialmente aquelas que sustentam o peso do corpo (pés, joelhos, quadris);

▪ Distensão muscular frequente desenvolvida para preservar o equilíbrio, que dessa forma impossibilita a realização de atividades com precisão;

▪ A posição em pé torna-se mais fatigante quando o trabalhador precisa manter posturas incômodas;

Diante dos pontos abordados, podemos perceber que a postura de pé é extremamente extenuante, pois requer uma atividade maior da musculatura, provocando a diminuição do fluxo sanguíneo das extremidades do corpo (JUNIOR, 2004). Ainda de acordo com autor, as tarefas executadas dinamicamente em pé geram menos fadiga que aquelas executadas estaticamente.

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SEÇÃO 4

CERÂMICA

A cerâmica é o material artificial mais remoto fabricado pelo homem, produzida à partir da argila, que quando cozida obtêm rigidez e resistência (ANFACER, s/d). Esta seção faz um breve resumo sobre a origem e as propriedades dos materiais cerâmicos e as regiões de maior produção, em seguida abordaremos sua classificação e aplicação. Por fim será detalhado todo o processo de fabricação das peças cerâmicas desde a preparação da massa até a queima do artefato modelado.

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A cerâmica é uma pedra falsa adquirida mediante a moldagem, secagem e cozedura da argila ou mistura contendo argila. Seu surgimento no Brasil ocorreu na Ilha de Marajó (SEBRAE, s/d). Segundo Lima (2006), Cerâmicas são materiais inorgânicos não metálicos, decorrentes da calefação a altas temperaturas (1400° a 1800°C) da mistura de matérias-primas naturais, como argila, caulim, feldspato, quartzo etc., e sintéticas como a alumina. As cerâmicas são umas das principais matérias-primas utilizadas na construção civil, por serem resistentes à compressão, à corrosão de agentes químicos, além de serem ótimos isolantes elétricos. As argilas podem possuir granulometria muito fina e essa característica faz com que ela apresente diferentes graus de plasticidade de acordo com a porcentagem de água adicionada e isso possibilita uma grande variedade de peças na produção.

No Brasil é bem significante o aumento do setor cerâmico, visto que temos uma abundância de matéria-prima principalmente nas regiões sul e sudeste, onde destacam-se especialmente as indústrias de cerâmicas vermelha, materiais de revestimento, louças sanitárias, louças de mesa, cerâmicas artísticas (decorativa e utilitária), cerâmicas técnicas e isolantes térmicos (JUNIOR E TORQUETTI, 2013). Entretanto o Nordeste tem se destacado e mostrado desenvolvimento nesse setor, especialmente pelo fato de termos matéria-prima e mercado consumidor (ANFACER, 2012; BNB 2010 apud JUNIOR E TORQUETTI, 2013, p. 10).

Os dois modos mais relevantes para categorizar os materiais cerâmicos são pelo grau de vitrificação e pela aplicação do produto final (BRALLA 1998, apud LIMA, 2006, p.123). Na classificação a partir do grau de vitrificação as cerâmicas podem ser brancas, estruturais, refratários, esmaltes e vidros.

Conforme a Associação Brasileira de Cerâmica, a classificação pela aplicação final subdivide os materiais cerâmicos nos seguintes grupos: cerâmica vermelha, materiais de revestimentos, cerâmica branca, refratários, isolantes térmicos, cerâmicas avançadas, fritas e corantes, vidros, cimento e cal e abrasivos (ABC, 2016).

As Cerâmicas Vermelhas, também conhecidas como produtos estruturais, correspondem ao grupo que envolve os tijolos, telhas, tubos cerâmicos, encanamentos e correlatos (ABC, 2016).

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Figura 3: Cerâmica Vermelha: Telhas e tijolos.

Fonte: Site Cerâmica Heitor Petronilo (s/d).

Como mostrados na figura 3, alguns exemplos de Cerâmicas Vermelhas: Telhas e tijolos, que são popularmente os produtos mais fabricados na indústria de Cerâmica Vermelha (ABDI, 2016).

As Cerâmicas de Revestimento compreendem os materiais produzidos em forma de placas, empregados na construção civil para revestimento de paredes, pisos e bancadas, e podem ser denominados azulejo, lajota, porcelanato entre outros (OLIVEIRA E MAGANHA, 2006).

Figura 4: Porcelanato.

Fonte: Site Habitissino (s/d).

Os Materiais de Revestimento são produtos com um acabamento mais elaborado como o porcelanato que tem um efeito espelhado (Figura 4).

As Cerâmicas Brancas correspondem a um grupo bem abrangente, que envolve produtos obtidos de uma massa branca e comumente coberta por um revestimento vítreo transparente e incolor, como as louças sanitárias, isoladores elétricos e as porcelanas (OLIVEIRA E MAGANHA, 2006).

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Figura 5: Porcelana.

Fonte: Site Oxford (s/d).

A Porcelana (figura 5) é um exemplo de Cerâmica Branca muito usada na cozinha e em artigos de decoração.

Os Refratários englobam os produtos que tem como função resistir a altas temperaturas e estarem sujeitos a força mecânica, ataques químicos e variações bruscas de temperatura (OLIVEIRA E MAGANHA, 2006). Incluem os blocos, tijolos, argamassas e argilas isolantes de elevada resistência ao calor (ABC, 2016).

Os Isolantes Térmicos são materiais feitos com produtos como vermiculita expandida, sílica diatomácea, diatomito, silicato de cálcio e lã de vidro, que faz com que eles possam ser utilizados a temperaturas de até 1100 ºC. São empregados em fornos industriais, proteção de motores e altos-fornos e são encontrados geralmente na forma de fibras (ABC, 2016; OLIVEIRA E MAGANHA, 2006) (Figura 6).

Figura 6: Isolante térmico.

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As cerâmicas de alto desempenho, confeccionadas a partir de matérias-primas sintéticas de elevada pureza, são destinadas a aplicações muito restritas, como para indústria aeroespacial, biomédica, eletrônica, entre outros (ABC, 2016). As Fritas e Corantes (também chamados de vidrados) correspondem ao grupo direcionado ao revestimento de peças cerâmicas formando sobre estas uma fina camada vítrea, produzidas a partir de um vidro moído e aplicadas no corpo da cerâmica que depois de queimada apresenta uma aparência vítrea, já os corantes são formados de óxidos puros ou pigmentos inorgânicos sintéticos, que são misturados aos esmaltes (vidrados) para atribuir-lhe coloração. (ABC, 2016; OLIVEIRA E MAGANHA, 2006). As peças metálicas, são produtos chamados de esmaltes cerâmicos (enamels) que se destinam, da mesma forma que nos materiais cerâmicos, à proteção e acabamento superficial (ABC, 2016). Na figura 7 é possível visualizar um exemplo de vaso de decoração com aspecto vidrado. Além das qualidades estéticas, ele apresenta também força mecânica e impermeabilidade (OLIVEIRA E MAGANHA, 2006).

Figura 7: Vidrados.

Fonte: Site Arfai Ceramics Portugal (s/d).

Os abrasivos são classificados como elementos do setor cerâmico, por fazer uso de matérias-primas e processos similares, e podem ser divididos entre grãos abrasivos, lixas e abrasivos de liga (ABC, 2016; OLIVEIRA E MAGANHA, 2006). Os formatos dos Abrasivos podem ser rebolos discos de corte, pontas montadas, discos de desbastes, bastões, lixas flexíveis e uma infinidade de outros formatos.

4.1. Preparação da massa cerâmica

A grande maioria das matérias-primas usadas na indústria cerâmica é natural, o material recolhido é analisado e isso definirá seu uso (figura 8). Depois da extração, o

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material passa por várias etapas: Depuração para eliminação de impurezas, divisão que é a trituração do material segundo sua granulometria, a homogeneização misturar a argila com desengordurantes e água. A fabricação só é feita a partir dessas etapas de preparação (LIMA 2006).

Figura 8: Matéria prima argila vermelha.

Fonte: Site Cerâmica 6 (s/d).

As cerâmicas normalmente são compostas por pelo menos dois elementos, e incessantemente mais do que isso, faz com que suas estruturas cristalinas se tornem mais complexas (LIMA, 2006).

Para o processo de fabricação das cerâmicas vermelhas, que correspondem aos tijolos e lajotas, são necessários dois ou mais tipos de argila além de aditivos e água. Segundo a Associação Brasileira de Cerâmica (ABC, 2016), a etapa indispensável no processo de fabricação das cerâmicas é a dosagem das matérias-primas e os aditivos, isso faz toda a diferença no resultado final da peça, que se feita de maneira incorreta fica imprópria para o uso. As massas são preparadas conforme a técnica utilizada para conformação das peças.

De modo geral, as massas podem ser classificadas em:

▪ Suspensão, também chamada barbotina, para obtenção de peças em moldes de gesso ou resinas porosas;

▪ Massas secas ou semi-secas, na forma granulada, para obtenção de peças por prensagem;

▪ Massas plásticas, para obtenção de peças por extrusão, seguida ou não de torneamento ou prensagem (ABC, 2016).

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O processo de preparação da massa é a etapa mais importante da produção, saber qual a técnica que será utilizada faz toda a diferença na qualidade final da peça. Qualquer erro no material até a etapa de conformação a peça poderá voltar a ser moída e conformada novamente.

4.2. Formação das peças cerâmicas

Existem inúmeros procedimentos para dar formato aos produtos cerâmicos, e isso depende da economia, geometria e qualidade das peças. Os procedimentos mais usados segundo ABC são: Colagem, prensagem, extrusão e torneamento. Adiante será explicado de forma sucinta os procedimentos. O procedimento de Colagem consiste em verter uma suspensão em um molde de gesso, onde a peça permanece até que a água da suspensão seja absorvida pelo gesso. Durante esse tempo as partículas se acomodam no molde, formando a parede da peça (ABC, 2016).

A Prensagem é um processo que faz uso de massas granuladas e com baixo teor de umidade, para facilitar na fabricação. A massa granulada é colocada num molde de borracha ou outro material, o qual é fechado hermeticamente e colocado numa câmara contendo um fluido que é comprimido e em decorrência exerce uma forte pressão no molde (ABC, 2016).

Um dos métodos mais simples e mais usado na construção civil é a Extrusão, nesse processo a massa plástica é inserida na extrusora, onde é compactada e forçada por um pistão ou eixo helicoidal, através de bocal com determinado formato (figura 9). Após serem extrudados, os produtos passam por uma esteira onde são cortados, de acordo com as normas, obtendo peças como tijolos vazados, blocos, tubos e outros (ABC, 2016).

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Figura 9: Método de extrusão.

Fonte: Site Cerâmica Primavera Construindo sonhos (s/d).

O método de tornear é uma fase posterior à extrusão, executada em tornos mecânicos onde a peça adquire seu formato final (ABC, 2016).

Após os processos citados anteriormente, as peças são preparadas para a queima. A próxima etapa é o processamento térmico que abrange as fases de secagem e queima. Depois do processo de extrusão, as peças continuam com água, então são levadas para a secagem, que pode ser natural ou artificial. É importante eliminar essa água gradualmente evitando que as peças fiquem defeituosas. Esse tempo de secagem é fundamental para que a peça sedimente bem as moléculas internas do produto e comessem a se arranjar (ABC, 2016).

O processo de secagem natural é bastante usado, pois não possui muitos gastos, e em regiões com climas favoráveis é muito eficaz, porém, possui algumas desvantagens, como dependência do fator climático e demora na secagem, que consequentemente causa diminuição da produção (JUNIOR E TORQUETTI, 2013).

Figura 10: Secagem natural.

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Na secagem natural (Figura 10) as peças são expostas em galpões, onde passam alguns dias até que as mesmas estejam secas e prontas para a queima.

O método de secagem artificial é mais produtivo, diferentemente do método natural a duração da secagem das peças é bem menor, nesse processo normalmente são usados ventiladores de ar quente. O que pode ser considerado uma desvantagem nesse processo são os altos custos na produção de calor e o controle dos equipamentos, que se manuseados de forma incorreta pode danificar as peças (JUNIOR e TORQUETTI, 2013).

Figura 11: Secagem artificial.

Fonte: Site Sani do Brasil (s/d).

Na secagem artificial as peças são colocadas em estufas (Figura 11) e podem passar um período de 12 à 24 horas, dependendo do tipo de material.

Após os processos de secagem as peças são preparadas para a queima, que acontece no forno, segundo a Associação Brasileira de Cerâmica também é conhecida por sinterização, nessa fase os produtos adquirem suas propriedades finais, como resistência e capacidade de absorção de água. As peças são submetidas a um tratamento térmico em elevadas temperaturas, normalmente entre 800 ºc a 1700ºc em fornos contínuos ou intermitentes (ABC, 2016).

Durante a queima, que pode variar de algumas horas à vários dias, acontece uma série de transformações como perda de massa, resultado da água que é expelida, desenvolvimento de novas fases cristalinas, formação vítrea e soldagem dos grãos (ABC, 2016).

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Para a queima existem vários tipos de fornos, que devem ser escolhidos de acordo com a produção, os quais são divididos em intermitentes e contínuos. Os fornos intermitentes normalmente são mais usados por pequenas fábricas devido ao seu baixo custo, e por seu processo de produção por batelada, ou seja, nesse processo quando uma carga é retirada do forno é que começam a produzir a próxima. Os principais tipos são: abóbada, plataforma, chama reversível, circulares, paulistinha, campanha e caieira (ABDI, 2016). A figura 12 ilustra um dos tipos de fornos intermitentes mais usados na indústria de cerâmica vermelha, o forno abóboda.

Figura 12: Forno intermitente abóboda.

Fonte: Site Ministério do meio ambiente (s/d).

Nos fornos contínuos a queima é feita sem intervalos para carregamento ou descarga dos produtos, trabalho caracterizado como contínuo, quando uma produção sai a outra já está entrando, e os principais fornos são o túnel e o hoffmann (ABDI, 2016) figura 13.

Figura 13: Forno contínuo hoffmann.

Fonte: Site Alutal (s/d).

A maioria dos produtos cerâmicos não necessita de acabamento, as peças são retiradas do forno, examinadas e destinadas para uso. Entretanto alguns tipos de produtos precisam de acabamento complementar, que acontece pós-queima como: polimento, esmaltação, corte, furação, entre outros (ABC, 2016).

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SEÇÃO 5

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

ADOTADOS

Segundo Tartuce (2006) a metodologia é a direção ou caminho para um objetivo, referindo-se a método e ciência. Para elaboração desta pesquisa, foi necessária a aplicação de alguns métodos que servirão de base para se chegar aos resultados. Nesta seção abordaremos os dois métodos de procedimento utilizados no estudo de campo, que se deu na fábrica de Cerâmica Padre Cícero em Insurreição Sairé-PE. A pesquisa teve, como foco principal, a postura corporal do forneiro em seu trabalho de empilhar as peças no forno para o processo de queima.

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5.1. Métodos de procedimento

Os métodos de procedimento constituem as fases mais concretas da pesquisa, esclarecendo os problemas mais palpáveis. Dessa forma, refere-se às fases da pesquisa e não à estrutura dela. Neste sentido, a pesquisa faz uso do método de procedimento estruturalista, que se trata da investigação de um fenômeno concreto para o abstrato e vice-versa (MARCONI E LAKATOS, 2010). Este método trabalha por meio da desconstrução do objeto de estudo, para a organização de um modelo representativo dele. A partir do estudo da postura corporal do forneiro, foram propostas recomendações para alterações e reforma do posto de trabalho, de modo a adequá-lo as características e limitações dos seres humanos.

Outro método de procedimento utilizado pela presente pesquisa foi o método REBA

(Rapid Entire Boby Assessment), desenvolvido por Hignett and McAtamney (2000)

para estimar o risco de desordens corporais a que os trabalhadores estão expostos. É um método criado exclusivamente para a análise postural do corpo parado e em movimento, executando suas tarefas.

O método REBA avalia posições individuais, ou seja, é fundamental selecionar as posições adotadas pelo trabalhador em posturas dinâmicas e estáticas forçadas, avaliando os ciclos e a duração de cada postura para constatar os riscos

biomecânicos. “O método permite a análise das posturas adotadas no trabalho, de

forças aplicadas, de tipos de movimentos ou ações realizadas, atividade muscular, trabalho repetitivo e o tipo de pega adotada pelo trabalhador ao realizar o trabalho” (HIGNETT e MCATMNEY 2005 apud SHIDA e BENTO, 2012 p.9).

Para chegar aos resultados desse método, é necessário medir as posições dos trabalhadores com ferramentas de medição em ângulos, pode ser medido diretamente no corpo ou por meio de fotografias, para este último, é preciso um número maior de imagens para um resultado mais certo. O método deve ser executado em ambos os lados do corpo (DIEGO-MAS,2015).O REBA divide o corpo humano em dois grupos, o Grupo A, inclui os membros inferiores, tronco e pescoço e o Grupo B, que compreende os membros superiores (braços, antebraços e punhos). O método determina para cada membro, a forma de medição do ângulo. As pontuações dos dois

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grupos A e B são alteradas dependendo da atividade muscular desenvolvida, o tipo e a qualidade dos cabos dos objetos segurados com a mão e a força colocada durante a execução da tarefa. Finalmente, o resultado final é obtido a partir de tais valores modificados globais. O valor gerado pelo método REBA é relativo ao risco envolvido na execução da tarefa, de modo que valores mais elevados indicam um maior risco de lesões musculoesqueléticas. O método constrói níveis que instrui o avaliador sobre as decisões a serem tomadas após a análise. O nível de desempenho com resultado zero é aceitável, acima do nível 4 indica necessidade urgente de alteração da atividade (DIEGO-MAS,2015).

5.2 Apresentação do local do estudo de campo

O estudo de campo da referente pesquisa foi realizado em uma fábrica localizada no Distrito de Insurreição, da cidade de Sairé, no agreste pernambucano, estando a 120 km da capital Recife. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2010), a cidade possui 11.240 habitantes, e abrange uma área de 198,78 km² (IBGE 2017).

De acordo com a prefeitura de Sairé a maior fonte de renda da cidade é a atividade agropecuária, conhecida também como a Terra da Laranja (figura 14). Sairé surgiu na época do desbravamento agrestino, após a abertura de um caminho que ligava o povoado de São José dos Bezerros ao sul do estado, passando pela Vila Bonito, por iniciativa dos fazendeiros e tropeiros. Era uma região de florestas, o local à margem deste caminho hoje está situado Sairé. Em 1896 tornou-se distrito São Miguel, subordinado à Bezerros, apenas em 1943 o distrito de São Miguel, passou a denominar-se Sairé. Somente em dezembro de 1963 o município teve autonomia. A economia do município é movimentada durante o Festival do Buscapé, que acontece em junho e a Festa da Laranja, que acontece no mês de novembro.

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Figura 14: Acesso à cidade de Sairé.

Fonte: Blog Sairé News (s/d).

A Fábrica de Cerâmica selecionada para esta pesquisa, Cerâmica Padre Cícero, fica no distrito de Insurreição, no km 92, às margens do Rio Ipojuca. Fundada em 1957, a Fábrica conta com trinta funcionários de várias faixas etárias, que trabalham de segunda à sexta, a partir das sete da manhã, com pausa das onze até as treze horas. A fábrica faz uso de três matérias primas na fabricação dos cerâmicos, a argila branca, a preta e a vermelha. A argila branca e a preta são extraídas da própria região e a argila vermelha é fornecida pela empresa E. J. de França, situada no município de Barra de Guabiraba - PE, que faz essa extração em jazidas certificadas pelo IBAMA.

Figura 15: Matéria prima argila preta na fábrica Padre Cícero.

Fonte: Capturada pela autora para a pesquisa.

As argilas usadas pela fábrica de Cerâmica Padre Cícero são depositadas ao ar livre para serem misturadas (Figura 15).

No local são fabricados por extrusão tijolos de oito furos pequenos e grandes, lajes, tijolos aparentes e casquilhos, todas essas peças são conformadas na extrusora, o

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