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Estruturação inicial e elaboração de documentação base do Plano de Segurança da Água dos SMSBVC

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outubro de 2013

Escola de Engenharia

Soraia Pereira Lima Monteiro

Estruturação inicial e elaboração de

documentação base do Plano de Segurança

da Água dos SMSBVC

UMinho|20 13 Sor aia P er eir a Lima Mont eir o Es

truturação inicial e elaboração de document

ação base do Plano de Segurança da Água dos SMSB

V

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Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Engenharia Biológica

Ramo Tecnologia do Ambiente

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor Olívia Pereira

da

Engenheira Dora Amorim

e do

Engenheiro António Lisboa

outubro de 2013

Escola de Engenharia

Soraia Pereira Lima Monteiro

Estruturação inicial e elaboração de

documentação base do Plano de Segurança

da Água dos SMSBVC

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DECLARAÇÃO

Nome:

Soraia Pereira Lima Monteiro

Endereço eletrónico:soraiamonteiro5 @ hotmail.com Número do Bilhete de Identidade: 13720050

Título da dissertação:

Estruturação inicial e elaboração de documentação base do Plano de Segurança da Água dos SMSBVC

Orientador(es): Maria Olívia Pereira Ano de conclusão: 2013 Designação do Mestrado:

Mestrado Integrado em Engenharia Biológica

1. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______ Assinatura:

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iii

A

GRADECIMENTOS

No meu percurso académico, particularmente na realização da minha dissertação de mestrado, foram muitos os que de uma forma ou de outra tiveram um papel essencial. Assim, seguem os meus sinceros agradecimentos.

À minha orientadora, Professora Doutora Olívia Pereira, professor auxiliar do Departamento de Engenharia Biológica (DEB) da Universidade do Minho, pelos conhecimentos transmitidos, disponibilidade e apoio no desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus supervisores na empresa, Serviços Municipalizados de Saneamento Básico de Viana do Castelo, Engenheira Dora Amorim, responsável pelo Gabinete de Sistema de Gestão da Qualidade e Engenheiro António Lisboa, responsável pelo Gabinete de Qualidade da Água, pela oportunidade de trabalhar neste projeto inovador, pelo apoio prestado e pela simpatia. A todos os restantes funcionários da empresa, em especial à Aurora, Júlia e Anita, o meu muito obrigado pela simpatia durante o período de estágio.

Aos meus amigos e amigas, obrigada pelo apoio, por todos os bons momentos que partilhamos e por serem os melhores do mundo.

Ao meu pai, mãe, irmã e irmão, por todo o esforço que fizeram para me proporcionarem a realização deste curso, por todo o amor, compreensão e apoio incondicional. Sem eles nada disto seria possível e eles sabem o quão importante são na minha vida, todos os dias.

Aos restantes familiares, pela força e constante preocupação. Em especial à minha prima Patrícia, por toda a ajuda e orientação durante o meu percurso académico.

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v

R

ESUMO

A água é essencial à vida e para que não ponha em causa a manutenção da vida humana é fundamental que cumpra determinados requisitos, sendo um deles a segurança para o consumo humano.

A preocupação com a segurança humana e a proteção da saúde pública, tem tido cada vez mais destaque a nível mundial. Esta exigência tem resultado no desenvolvimento de novas políticas e métodos, por parte das entidades ligadas ao abastecimento de água para consumo humano, que visam melhorar os serviços prestados e a qualidade da água fornecida, garantindo a satisfação dos consumidores, cada vez mais exigentes, e a proteção da saúde pública.

Na 3ª Edição das Guidelines for Drinking-Water Quality, da Organização Mundial de Saúde, é apresentado um leque de recomendações às entidades gestoras. É proposta uma metodologia que integra conceitos de avaliação e gestão preventiva de riscos em todo o sistema, desde a fonte de água bruta até à torneira do consumidor, através da implementação de planos de segurança da água, em complemento do método tradicional de controlo da qualidade do produto final.

O presente trabalho expõe uma descrição das diversas etapas do desenvolvimento do Plano de Segurança da Água, da Zona de Abastecimento de Barroselas - ZA02, a cargo dos Serviços Municipalizados de Viana do Castelo. Este plano foi realizado segundo uma abordagem de identificação e avaliação de possíveis riscos, tendo em consideração o sistema em questão, o que permitiu identificar um conjunto de Pontos Críticos de Controlo, estabelecer Planos de Monitorização Operacional com instruções necessárias ao correto funcionamento do sistema e um conjunto de ações corretivas a adotar, caso sejam detetados desvios.

P

ALAVRAS

-C

HAVE

Plano de segurança da água, abastecimento de água, água para consumo humano, gestão de risco

(7)
(8)

vii

A

BSTRACT

Water is essential to life and to not compromise the maintenance of human life it is fundamental that water meets certain requirements, one of which is to be safe.

The concern for human safety and protection of public health has been increasingly prominent worldwide. This requirement has resulted in the development of new policies and methods for entities linked to the water supply for human consumption. These new strategies aim to improve the quality of the services provided and the quality of the water supplied, ensuring consumer satisfaction, increasingly demanding, and the protection of public health.

In the 3rd Edition of the Guidelines for Drinking-Water Quality, from World Health Organization, a range of recommendations for management entities is presented. It proposes a methodology which integrates the concepts of preventive assessment and risk managements across the system, from the raw water source to the consumer's tap, through the implementation of water safety plans, rather than the traditional methods of quality control oh the final product.

This work presents a description of the various steps of the development of the Water Safety Plan, of the Supply Zone of Barroselas (ZA02), responsibility of Serviços Municipalizados de Saneamento Básico de Viana do Castelo. This plan was performed using an approach of identification and evaluation of potential risks, taking into account the system in question. This approach allowed the identification of set of critical control points, the establishment of Operational Monitoring Plans with necessary instructions for the correct functioning of the system and a set of corrective actions to be taken whether deviations are detected.

K

EYWORDS

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(10)

ix

Í

NDICE Agradecimentos ... iii Resumo ... v Abstract ... vii Índice de Figuras ... xi

Índice de Tabelas ... xii

Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos ... xiii

1. Introdução ... 1 1.1 Contextualização ... 1 1.2 Objetivos do trabalho... 2 1.3 Estrutura da dissertação ... 2 2. Fundamentos teóricos ... 3 2.1 Porquê um PSA ... 3 2.2 Antecedentes do PSA ... 5 2.3 O que é um PSA ... 6

2.4 Etapas do desenvolvimento e implementação de um PSA ... 8

2.4.1 Etapa 1 – Constituir a Equipa PSA ... 9

2.4.2 Etapa 2 – Descrever o sistema de abastecimento de água ... 10

2.4.3 Etapa 3 – Identificar perigos, eventos perigosos e avaliar os riscos ... 11

2.4.4 Etapa 4 – Identificar e validar as medidas de controlo, reavaliar e priorizar os riscos………..12

2.4.5 Etapa 5 – Desenvolver, implementar e manter um Plano de Melhoria ... 13

2.4.6 Etapa 6 – Definir a monitorização das medidas de controlo ... 14

2.4.7 Etapa 7 – Verificar a eficácia do PSA ... 15

2.4.8 Etapa 8 – Preparar os procedimentos de gestão ... 16

2.4.9 Etapa 9 – Desenvolver programas de suporte ... 17

2.4.10 Etapa 10 – Planear e realizar a revisão periódica do PSA ... 18

2.4.11 Etapa 11 – Rever o PSA na sequência de um incidente ... 19

3. Apresentação do local de estágio ... 21

4. Caso de estudo ... 23

4.1.1 Etapa 1 – Constituir a Equipa PSA ... 23

(11)

x

4.1.3 Etapa 3 – Identificar perigos, eventos perigosos e avaliar os riscos ... 26

4.1.4 Etapa 4 – Identificar e validar as medidas de controlo, reavaliar e priorizar os riscos………..31

4.1.5 Etapa 5 – Desenvolver, implementar e manter um Plano de Melhoria ... 31

4.1.6 Etapa 6 – Definir a monitorização das medidas de controlo ... 32

4.1.7 Etapa 7 – Verificar a eficácia do PSA ... 33

4.1.8 Etapa 8 – Preparar os procedimentos de gestão ... 34

4.1.9 Etapa 9 – Desenvolver programas de suporte ... 36

4.1.10 Etapa 10 – Planear e realizar a revisão periódica do PSA ... 38

4.1.11 Etapa 11 – Rever o PSA na sequência de um incidente ... 38

5. Conclusões ... 41

Referências Bibliográficas ... 43

Anexo I – Descrição da Zona de Abastecimento de Barroselas - ZA02 ... 45

Anexo II – Descrição da Zona de Abastecimento de Barroselas - ZA02 (códigos MAC) ... 50

Anexo III – Parâmetros da qualidade da água bruta no Rio Neiva (2007-2012) ... 51

Anexo IV – Parâmetros da qualidade da água no tratamento (2007-2012) ... 52

Anexo V – Parâmetros da qualidade da água de abastecimento para consumo humano (2007-2012) ... 55

Anexo VI – Parâmetros da qualidade da água “críticos” na Zona de Abastecimento de Barroselas ... 56

Anexo VII – Matriz ... 57

Anexo VIII – Plano de Monitorização Operacional do PCC1 – Desinfeção ... 68

Anexo IX – Plano de Monitorização Operacional do PCC2 – Reservatórios ... 69

Anexo X – Plano de Monitorização Operacional do PCC3 – Adução ... 70

Anexo XI – Plano de Monitorização Operacional do PCC4 - Distribuição ... 71

(12)

xi

Í

NDICE DE

F

IGURAS

Figura 1 - Quadro referência para o estabelecimento de segurança da qualidade da

água) ……….……….. 7

Figura 2 - Etapas do desenvolvimento e implementação de um PSA……… 8

Figura 3 - Zonas de abastecimento a cargo dos SMSBVC……… 21

Figura 4 - Juntas de freguesia a que os SMSBVC prestam apoio……… 22

Figura 5 - Diagrama de fluxo da Zona de Abastecimento de Barroselas…….…….. 25

Figura 6 - Esquema da Zona de Abastecimento de Barroselas……….. 26

Figura 7 - Árvore de decisão………. 30

Figura 8 - Análise dos motivos de reclamação dos clientes entre 2007 e 2012…….. 34

Figura AI 1 - Poços de captação de Barroselas………. 45

Figura AI 2 - Mina do Salgueirinho……… 45

Figura AI 3 - Planta de enquadramento da captação de Barroselas (escala 1/25000). 45 Figura AI 4 - Planta da localização da estação elevatória de Barroselas…………... 46

Figura AI 5 - Esboço topográfico da captação de Barroselas I……….. 46

Figura AI 6 - Esboço topográfico da captação de Barroselas II……… 47

(13)

xii

Í

NDICE DE

T

ABELAS

Tabela 1- Constituição da Equipa PSA………...…… 23

Tabela 2- Escala de probabilidade de ocorrência……… 27

Tabela 3- Escala de severidade de consequências………...……... 27

Tabela 4 - Índice de severidade dos vários tipos de perigos………... 28

Tabela 5 - Matriz de avaliação de riscos………. 29

Tabela 6 - Procedimentos de gestão……… 35

Tabela 7 - Programas de suporte………. 36

Tabela AII 1 - Descrição da Zona de Abastecimento de Barroselas (códigos MAC)….... 50

Tabela AIII 1 - Parâmetros da qualidade da água bruta do Rio Neiva (2007-2012) ….. 51

Tabela AIV 1 - Parâmetros da qualidade da água no tratamento (2007-2012) I…...……. 52

Tabela AIV 2 - Parâmetros da qualidade da água no tratamento (2007-2012) II………... 53

Tabela AIV 3 - Parâmetros da qualidade da água no tratamento (2007-2012) III……….. 54

Tabela AV 1 - Parâmetros da qualidade da água de abastecimento para consumo humano (2007-2012) ………...…… 55

Tabela AVI 1 - Parâmetros da qualidade da água "críticos" na ZA de Barroselas (2007-2012) ………... 56

Tabela AVII 1 – Matriz……….……….. 57

Tabela AVIII 1 - Plano de monitorização operacional do PCC1………...………. 68

Tabela AIX 1 - Plano de monitorização operacional do PCC2………..…… 69

Tabela AX 1 - Plano de monitorização operacional do PCC3……….………... 70

Tabela AXI 1 - Plano de monitorização PCC4………..…………. 71

(14)

xiii

L

ISTA DE

A

BREVIATURAS

,

S

IGLAS E

A

CRÓNIMOS

ERSAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos GDWQ - Guidelines for Drinking-Water Quality

IWA - International Water Association

HACCP - Hazard Analysis and Critical Control Points OMS - Organização Mundial de Saúde

PSA - Plano de Segurança da Água PCC - Pontos Críticos de Controlo

SMSBVC - Serviços Municipalizados de Saneamento Básico de Viana do Castelo ZA - Zona de Abastecimento

PMO - Plano de Monitorização Operacional EG - Entidade Gestora

PCQA - Plano de Controlo de Qualidade da Água PCO - Plano de Controlo Operacional

SGI - Sistema de Gestão Integrado PG - Procedimento de Gestão IT - Instrução de Trabalho

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(16)

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1. I

NTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A água é um bem básico para a manutenção da vida humana. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “todas as pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e condições socioeconómicas, têm o direito de ter acesso a um suprimento adequado de água potável e segura”. Portanto, é essencial a oferta de água que não represente risco para a saúde, em quantidade suficiente para responder às necessidades da sociedade, de forma contínua e a um custo acessível. Conseguir satisfazer as necessidades das gerações atuais, sem prejudicar as gerações futuras é fundamental (Souza, R., 2008).

O crescimento da população mundial, consequente urbanização, desenvolvimento tecnológico e industrial observado, sobretudo na última metade do século XX, conduziram a alterações nos padrões de vida da sociedade. Este progresso proporcionou uma série de benefícios, contudo conduziu a algumas consequências negativas, entre as quais a constante degradação dos recursos hídricos, o que põe em causa a saúde pública (Vieira, J., 2003).

Com o objetivo de promover políticas de gestão que garantam o uso sustentável da água, atualmente, já é imposta legislação específica no controlo da poluição da água e na garantia da qualidade no abastecimento de água para consumo humano.

O procedimento habitual de controlo da qualidade da água baseia-se na análise, com frequência de amostragem regulamentada, e posterior avaliação e comparação dos dados de monitorização com valores paramétricos estabelecidos na legislação. No entanto, apesar desta metodologia, de controlo da qualidade do produto final, ter sido um enorme progresso na proteção da saúde pública, esta tem revelado algumas limitações que a comprometem.

Apesar de todos os esforços a ameaça à saúde pública relacionada com a presença de agentes patogénicos na água de consumo é, ainda, uma lamentável realidade. Para piorar o panorama, têm surgido novas substâncias químicas perigosas e “novos” microrganismos patogénicos. A evolução da ciência possibilitou uma nova perceção e consciência da gravidade dos seus potenciais efeitos na saúde humana e da sua persistência em ambiente aquático, tornando evidente a importância da implementação de novas metodologias, que permitam garantir a qualidade da água de consumo.

Face a esta necessidade, a OMS propõe às entidades gestoras (EG) de sistemas de abastecimento público de água a implementação de um Plano de Segurança da Água (PSA), garantindo continuamente a qualidade, quantidade e fiabilidade (Vieira & Morais, 2005).

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2

1.2 Objetivos do trabalho

O presente trabalho, realizado na sequência de um estágio curricular, com a duração de 6 meses, teve como objetivo principal a estruturação inicial e preparação da documentação base essencial ao desenvolvimento e implementação do PSA para o sistema de captação, tratamento e distribuição de água, da Zona de Abastecimento (ZA) de Barroselas - ZA02, a cargo dos Serviços Municipalizados de Saneamento Básico de Viana do Castelo (SMSBVC).

A implementação de um PSA seguiu as recomendações da OMS e da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).

Este projeto vai de encontro aos requisitos da norma NP EN ISO 22000 (Sistemas de gestão da segurança alimentar; Requisitos para qualquer organização que opere na cadeia alimentar) (NP EN ISO 22000:2005) e da especificação ERP 5001 (Especificação de Requisito do Produto) “Água para Consumo Humano” (ERP 5001/2, 2007), segundo as quais os SMSBVC pretendem obter certificação, em prol da melhoria contínua.

A implementação do PSA é uma das etapas fundamentais para que se atinjam estes objetivos. É o caminhar para a excelência.

1.3 Estrutura da dissertação

Esta dissertação está dividida em 5 capítulos.

No presente capítulo, é feita a contextualização e são destacados os principais objetivos deste trabalho, assim como, os motivos que levaram os SMSBVC a quererem desenvolver um Plano de Segurança da Água.

O capítulo 2 está dividido em 5 subcapítulos. O primeiro incide nos motivos que levaram à consciencialização da necessidade do fornecimento de água segura e os motivos que sustentam a implementação, por parte das entidades gestoras, de um PSA. No segundo é explicada a origem dos PSA. O terceiro e quarto subcapítulos, explicam em que consiste um PSA e quais as vantagens da sua implementação, respetivamente. O quinto subcapítulo explica o conjunto de etapas que integram o seu desenvolvimento.

No capítulo 3 faz-se a apresentação do local de estágio.

No capítulo 4 apresenta-se o caso de estudo, sendo apresentado o trabalho realizado ao longo do estágio. Mostra-se também a aplicação dos conhecimentos adquiridos no desenvolvimento das várias fases da elaboração do PSA, para a ZA de Barroselas – ZA02, a cargo dos SMSBVC.

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2. F

UNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 Porquê um PSA

No passado, o controlo da qualidade da água era feito tendo em conta apenas as suas caraterísticas organoléticas. Ou seja, para que a água fosse considerada própria para consumo humano bastava que fosse límpida, sem cheiro e sem sabor. Contudo, hoje em dia é sabido que este não é, de longe, um método fiável. Estas características devem ser consideradas, mas por si só não permitem proteger a saúde pública da presença de microrganismos patogénicos e/ou substâncias químicas perigosas.

No século XIX foram registados vários surtos epidémicos e John Snow estudou algumas dessas epidemias, particularmente o surto de cólera que assolou a cidade de Londres em 1854 que levou à morte de mais de 600 pessoas em poucos dias. Esse estudo permitiu associar a transmissão da doença ao consumo de água contaminada. Mais tarde, com a descoberta da existência de microrganismos, por Pasteur, e o isolamento de Vibrio cholera, por Robert Cock, ficou comprovado por bases científicas a relação da qualidade da água com a saúde pública. Os vários surtos epidémicos, ocorridos em vários países até ao início do seculo XX, e estas descobertas evidenciaram a necessidade de criação métodos capazes de assegurar a qualidade da água destinada ao consumo humano.

Um ponto crucial foi o estabelecimento de valores paramétricos, para um leque de contaminantes suscetíveis de estarem presentes na água e que funcionam como indicadores da sua qualidade. A partir do início do século passado, foi desenvolvida uma série de técnicas de tratamento da água, entre as quais constam a decantação, filtração e a desinfeção. O desenvolvimento da desinfeção deu-se graças a uma série de estudos que comprovaram a capacidade do cloro eliminar microrganismos patogénicos. A adesão a estas técnicas levou à queda dos casos de doenças de veiculação hídrica e têm evoluído ao longo dos tempos (Hilaco, S., 2012); (Vieira & Morais, 2005).

Nos dias de hoje, a avaliação da qualidade da água tem sido feita através da análise da conformidade entre os resultados da monitorização da água destinada ao consumo humano e os valores paramétricos definidos na legislação. Contudo, apesar das melhorias que esta metodologia de controlo da qualidade ao produto final proporcionou, esta é onerosa, demorada, complexa e tem uma série de limitações:

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 A correspondência entre os microrganismos patogénicos (vírus e protozoários) que podem estar presentes na água e os organismos indicadores, adotados nas normas legislativas, que regem a atual metodologia de controlo da água, é limitada. Inclusive, têm sido verificadas situações de doenças de veiculação hídrica que ocorrem na ausência de Escherichia coli, por exemplo.

 Os métodos analíticos são normalmente lentos e, consequentemente, não conseguem ser preventivos. Ou seja, quando o resultado das análises de determinada água são revelados (no mínimo demoram 24 horas), já essa água foi consumida, incluindo os casos em que a mesma é imprópria para consumo humano.

 Os volumes de água utilizados na monitorização não são totalmente representativos dos volumes de água fornecidos e as frequências de amostragem não asseguram uma representatividade temporal e espacial abrangente (Vieira & Morais, 2005).

Além destas limitações, existem outros fatores que põem em causa a abordagem tradicional de controlo:

 Continuam a verificar-se surtos de doenças - Infelizmente, apesar de todas as melhorias, ainda morrem mais de 2 milhões de pessoas por ano, maioritariamente crianças, devido ao consumo de água contaminada. Esta situação pode ocorrer tanto em países em desenvolvimento como em países desenvolvidos;

 Doenças bem conhecidas podem reemergir – cólera, Shigelose e febre tifóide e paratifóide;

 Doenças “novas” podem reemergir – Campilobacteriose, Giardíase, Cryptosporidiose, Norovirus, EHEC (Enterohemorrhagic Echerichia coli);

 Já foram registadas modificações em comportamentos de doenças - Vibrio cholera O139, Tuberculose multirresistente, Enterococcus faecalis

 Surgem substâncias tóxicas perigosas - o desenvolvimento industrial e agrícola potenciou a intensa utilização e produção de substâncias químicas como, por exemplo, fármacos, compostos disruptores endócrinos, pesticidas, biocidas, entre outros, que direta ou indiretamente acabam por atingir os recursos hídricos (Vieira, J., 2013). Tendo em conta estas lacunas da metodologia atual, é consensual a necessidade de se encontrar novas soluções, capazes de assegurar a qualidade da água fornecida de forma contínua. Verifica-se assim que é essencial a adoção de uma metodologia de avaliação e gestão de riscos, que envolva todo o sistema de abastecimento, desde a água bruta até a

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5

torneira do consumidor. É fundamental uma abordagem focada na prevenção que só pode ser conseguida através de boas práticas de gestão em todas as fases do processo, tendo em conta que a introdução de perigos pode ocorrer em qualquer etapa do sistema, na fonte de água bruta, no tratamento, no armazenamento e na sua distribuição. Nesse sentido surgiram os Planos de Segurança de Água (Vieira & Morais, 2005).

2.2 Antecedentes do PSA

Água segura nem sempre é uma realidade, o que, por vezes, gera graves consequências a nível sanitário, económico e social, resultando, por vezes, na perda de vidas, como já foi referido (Vieira, J., 2008).

No sentido de ultrapassar esta situação, em prol da saúde pública, tem sido feito um esforço para que as EG’s sigam as recomendações relacionadas com a gestão preventiva de riscos, nomeadamente a metodologia Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP), as recomendações da OMS, da 3ª Edição das Guidelines for Drinking-Water Quality (GDWQ), e da International Water Association (IWA), presentes na Carta de Bona.

Os princípios do HACCP, utilizados na indústria alimentar, baseiam-se na perceção do sistema, identificação de potenciais riscos e em garantir medidas de controlo apropriadas, em locais específicos, capazes de eliminar ou reduzir esses riscos até níveis aceitáveis. Esta metodologia foi adaptada para sistemas de abastecimento de água para consumo humano e implementada em alguns países, nomeadamente na Austrália. O sucesso destas experiências mereceu análise por vários entendidos na matéria e levou ao desenvolvimento de “Planos de Segurança da Água”, tema abordado nas GDWQ (Hilaco, S., 2012).

A OMS e IWA têm difundido e promovido a adesão a mecanismos que promovam a segurança do abastecimento de água potável.

No Congresso Mundial da Água, a IWA apresentou, em 2004, The Bonn Charter for Safe Drinking Water, conhecida por Carta de Bona. Esta Carta, baseia-se em nove princípios fundamentais, consiste numa declaração de boas práticas, que promove a adoção da avaliação e gestão de risco, por parte das EG’s e tem como objetivo assegurar que é fornecida “água potável segura merecedora da confiança do cliente” (Vieira, J., 2008).

Também em 2004, a OMS publicou a 3ª Edição das GDWQ, onde promove a implementação, por parte das EG’s, de planos de segurança da água, uma nova metodologia que alia metodologias de avaliação e gestão preventiva de riscos e boas práticas (Vieira & Morais, 2005).

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2.3 O que é um PSA

Como já foi referido, esta metodologia inspira-se em outras abordagens de gestão de riscos e tem como principal objetivo garantir a qualidade da água produzida.

Um PSA é uma análise preventiva de riscos que visa o controlo da qualidade da água num sistema de abastecimento, desde a captação, passando pelo tratamento, armazenamento e distribuição, até à torneira dos consumidores. Esta metodologia introduz a análise de possíveis perigos, a priorização de riscos, estabelece medidas de controlos capazes de os reduzir ou eliminar, assim como, planos de monitorização. Adicionalmente são desenvolvidos planos de emergência e procedimentos de gestão, assim como, processos para verificação e validação da eficácia do sistema e da qualidade da água fornecida (World Health Organization, 2011).

É essencial que haja envolvimento e integração de esforços por parte de todas as entidades que interagem no sistema de abastecimento.

Por vezes, muitos dos elementos de um PSA podem já estar implementados por via de certificação através, por exemplo, da ISO 9001 (Gestão da Qualidade), ISO 14001 (Gestão Ambiental) e OHSAS 18001 (Gestão da Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho) (Águas de Portugal, 2011).

Os objetivos de um PSA passam por evitar a contaminação das origens de água, minimizar a introdução de contaminantes durante os processos de tratamento e prevenir a contaminação durante o transporte, o armazenamento, distribuição e o manuseamento da água.

A Figura 1 apresenta os pontos essenciais a considerar para garantir o abastecimento de água segura.

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Figura 1 - Quadro referência para o estabelecimento de segurança da qualidade da água (como proposto em (World Health Organization, 2004) )

Portanto, os objetivos são estabelecidos com base na prevenção da saúde pública, conseguidos através da implementação do PSA, por parte das EG’s da água, com a fiscalização dos resultados e vigilância do sistema por a uma entidade independente.

No que toca á implementação do PSA, há três pontos essenciais:

 Avaliação do sistema - permite perceber se o sistema tem ou não capacidade para alcançar os objetivos propostos, relacionados com a proteção da saúde pública;

 Monitorização operacional - passa pela monitorização de medidas de controlo para que a qualidade da água produzida seja garantida;

 Desenvolvimento de planos de gestão - sustentam o devido funcionamento do sistema (World Health Organization, 2011); (Vieira & Morais, 2005).

Desta forma, o que se pretende é passar do atual processo de monitorização de conformidade em “fim de linha” para uma abordagem de gestão preventiva, que integra a avaliação e gestão global de riscos e compreende todo o sistema de abastecimento (Vieira, J. et al., 2008).

Esta nova metodologia possibilita uma série de benefícios, entre os quais:  Assumir uma atitude preventiva;

 Identificar perigos e riscos, atempadamente;

 Focar os recursos e a atenção para os aspetos críticos do sistema;

 Organizar procedimentos de forma sistemática e acessível para comunicação interna e externa;

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8

 Melhorar o desempenho e o tempo de resposta em caso de desvios ou em situações de emergência;

 Garantir a qualidade da água, de acordo com os objetivos de saúde pública definidos e a legislação em vigor;

 Maior segurança e confiabilidade dos consumidores;  Diminuir o número de reclamações;

 Determinar uma metodologia que pode ser auditada e avaliada de uma forma padronizada;

 Garantir melhor comunicação interna e externa;  Garantir água segura (Vieira, J., 2013).

Na atualidade, os PSA são considerados a abordagem mais eficaz para garantir, de forma contínua, a segurança da água (Vieira, J. et al., 2008).

2.4 Etapas do desenvolvimento e implementação de um PSA

O desenvolvimento e implementação de um PSA consistem em 11 etapas, como sugere a Figura 2.

Figura 2 - Etapas do desenvolvimento e implementação de um PSA (Águas de Portugal, 2011)

Estas etapas serão de seguida definidas, apresentando-se ainda os pontos-chave e os desafios típicos inerentes a cada uma delas.

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2.4.1 Etapa 1 – Constituir a Equipa PSA

A constituição de uma equipa multidisciplinar, competente, com qualificações adequadas e com conhecimento de todo o sistema, é a 1ª etapa e é essencial. Só com uma Equipa PSA adequada é possível o correto planeamento, desenvolvimento e aplicação do PSA. Esta, no seu todo, deve garantir o nível de conhecimento necessário para compreender o sistema e identificar os perigos, bem como riscos associados, que podem pôr em causa a segurança da água, desde a captação até à torneira do consumidor.

É importante que todos os elementos mantenham um papel ativo, que a equipa mantenha ligações com todas as pessoas envolvidas na segurança da água, quer sejam internas ou externas à EG, e o porquê do PSA seja entendido e aprovado por todos. Em certos casos, além de um grupo de pessoas da EG, é importante integrar outras partes interessadas.

Pontos-chave

 Envolver a gestão de topo

Fazer a gestão de topo compreender que o PSA é o caminhar para a excelência e que a sua implementação é essencial e proveitosa;

 Assegurar a dimensão e especialização da equipa

Garantir que todos os membros estão envolvidos, que reúnem as qualificações adequadas e que a equipa tem autoridade para implementar alterações oportunas, consequentes do PSA;

 Nomear um chefe de equipa, que será o coordenador responsável pela orientação do projeto e por garantir a sua aplicação;

 Definir e registar funções e responsabilidade de cada membro;  Estimar o tempo necessário para o desenvolvimento do PSA. Desafios típicos

 Identificar as pessoas com as qualificações necessárias;

 Estruturar o trabalho da equipa PSA de modo a que se ajuste à organização existente e às tarefas de cada membro;

 Identificar e incluir as partes externas interessadas;  Garantir que a equipa continua coesa;

 Assegurar a comunicação eficiente entre a equipa, o resto da organização e outras partes interessadas.

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10

2.4.2 Etapa 2 – Descrever o sistema de abastecimento de água

Esta etapa é a primeira tarefa da equipa PSA e consiste em fazer a descrição de todo o sistema de abastecimento, tal e qual como se encontra, desde a captação até à torneira do consumidor. Só a partir de uma descrição fidedigna é possível a correta identificação de perigos. Cada sistema deve ser tratado de forma aprofundada e independente, contudo nas situações em que as infraestruturas sejam muito idênticas é possível uma análise mais genérica. Muitas EG’s já possuem documentação sobre o seu sistema, portanto nestes casos, é necessária a sua revisão para assegurar que a informação está completa, atualizada e fiel ao estado presente do sistema. Nos casos de EG’s que não têm essa documentação, é necessário que se efetuem visitas ao terreno e se registem todas as informações.

Deve ser feito um fluxograma, que identifique todos os componentes do sistema e permita uma visão clara e sequencial das etapas. Este, posteriormente, deverá ser validado por confirmação no terreno e mantido atualizado. Sempre que possível, deve reportar-se a documentos como, por exemplo, mapas que possam complementá-lo e, nos casos em que haja outras entidades envolvidas, é importante registar as suas responsabilidades. O fluxograma será útil na identificação de perigos, no processo de avaliação de riscos e na identificação de pontos de controlo. É fundamental que seja o mais preciso possível, para evitar que algum perigo significante não seja considerado.

Pontos-chave

Incluir na descrição, caso seja oportuno, os seguintes elementos:  Legislação relevante;

 Origens de água;  Pontos de captação;

 Detalhes da utilização do solo nas zonas envolventes da captação;  Prováveis alterações na qualidade da água de origem;

 Informações sobre o armazenamento da água;

 Informações sobre o tratamento da água, processos e produtos utilizados;  Informações sobre a distribuição da água, rede, armazenamento e transporte;  Detalhes sobre os materiais em contacto com a água;

 Identificação dos utilizadores e dos usos dados à água. Desafios típicos

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 Falta de informação sobre as atividades de indústrias, na envolvente da bacia, e riscos associados;

 Identificar entidades que possam contribuir com informação relevante para o processo;  Trabalhos de campo que requerem bastante tempo;

 Documentação e procedimentos existentes desatualizados.

2.4.3 Etapa 3 – Identificar perigos, eventos perigosos e avaliar os riscos

Esta etapa é desenvolvida em conjunto com a etapa 4 (Determinar e validar medidas de controlo, reavaliar e priorizar os riscos) e 5 (Desenvolver, implementar e manter um plano de melhoria contínua). Em conjunto, resultam na avaliação do sistema.

Nesta etapa, são identificados os potenciais perigos (biológicos, físicos e químicos) e eventos perigosos que podem ocorrer em cada fase do sistema de abastecimento e, consequentemente, comprometer a segurança da água. Todos os riscos devem ser devidamente registados no PSA e regularmente revistos, para evitar que sejam descurados. Pontos-chave

 Perigos

Agentes físicos, químicos ou biológicos capazes de provocar danos na saúde pública;  Eventos perigosos

Episódios que inserem perigos, ou impossibilitam a sua eliminação, no sistema de abastecimento de água;

 Identificação dos perigos e eventos perigosos

Consiste em determinar, para cada uma das etapas identificadas no fluxograma, potenciais perigos ou eventos perigosos. Esta determinação deve ser feita segundo o histórico documental, o conhecimento que a equipa tem do sistema e por inspeção visual no terreno. É muito importante considerar fatores que não são claramente evidentes e ter em conta que em qualquer etapa do sistema podem ocorrer vários perigos ou eventos perigosos. Nem todos os perigos identificados são da responsabilidade da entidade gestora pois podem resultar, por exemplo, de atividade agrícola ou industrial desenvolvida na envolvente da captação. Posto isto, é fundamental que se envolvam no PSA todas as entidades interessadas para que tenham consciência do seu impacto e das suas responsabilidades;

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Esta avaliação tem como objetivo diferenciar os riscos significativos, que merecem mais consideração e exigem medidas de controlo válidas com urgência, dos menos relevantes. Devem ser considerados vários fatores nesta avaliação como, por exemplo, aspetos organoléticos e legais, mas o que deve ter mais peso é o impacto na saúde pública. A metodologia de avaliação pode ser qualitativa, baseada apenas no conhecimento que os membros da equipa PSA têm do sistema, ou então quantitativa/semi-quantitativa. Neste, é importante definir, à priori uma escala de probabilidade de ocorrência e uma escala de severidade de consequências, através das quais se constrói uma matriz de classificação de riscos. O risco de cada um dos perigos identificados traduz-se pelo produto da sua probabilidade de ocorrer pela respetiva severidade das suas consequências.

Desafios típicos

 Identificar novos perigos e eventos perigosos. Deve ser feita uma revisão periódica para que novos perigos possam ser incluídos no PSA;

 Incerteza na avaliação de riscos, por falta de dados ou de conhecimento;

 Definição e compreensão apropriadas dos conceitos de probabilidade e severidade para evitar avaliações pouco consistentes.

2.4.4 Etapa 4 – Identificar e validar as medidas de controlo, reavaliar e priorizar os riscos As medidas de controlo, também conhecidas por barreiras ou medidas de mitigação de riscos, são processos aplicados ao longo do sistema para reduzir ou eliminar os riscos, garantindo que as metas de qualidade definidas são cumpridas.

Nesta etapa, para cada perigo devem identificar-se as medidas de controlo existentes, desde a captação até ao ponto de consumo, e as respetivas eficácias validadas. A validação pode ser feita, por exemplo, segundo dados existentes da monitorização, através da fiscalização das infraestruturas ou analisando as especificações dos fabricantes. Posteriormente, os riscos devem ser reavaliados de acordo com a metodologia adotada, considerando agora a eficácia das medidas de controlo. Medidas de controlo adicionais devem ser ponderadas e remetidas para o Plano de Melhoria.

Pontos-chave

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Para cada perigo devem ser identificadas as medidas de controlo existentes e caso haja medidas de controlo que não estão implementadas mas que se considerem importantes adotar, devem ser documentadas;

 Validar a eficácia das medidas de controlo existentes

Em casos de medidas de controlo aplicadas há um tempo considerável, provavelmente a entidade gestora já terá dados operacionais bastantes para proceder à sua validação. Noutros casos, terá de aplicar processos que lhe permitam conseguir avaliar o desempenho das medidas de controlo. O princípio de “barreiras múltiplas” deve estar presente, uma vez que o desempenho de uma barreira pode influenciar, positiva ou negativamente, o das seguintes. É essencial monitorizar a eficácia das medidas de controlo validadas, considerando os “limites críticos” estabelecidos;

 Reavaliar os riscos, tendo em conta a eficácia das medidas de controlo

Considerando a eficácia das medidas de controlo identificadas, o cálculo dos riscos, segundo a sua probabilidade e severidade, deve ser repetido. Também deve ser considerada a possibilidade das medidas de controlo falharem ou de se tornarem ineficientes. Para riscos significativos que não têm medidas de controlo, devem ser implementados prontamente controlos adequados.

 Priorizar os riscos identificados

A priorização dos riscos deve ser feita segundo o seu impacto na capacidade do sistema fornecer água que cumpra as metas estabelecidas. Assim, riscos considerados significativos requerem mais atenção e, provavelmente, alterações ou melhorias no sistema enquanto outros poderão ser resolvidos seguindo o código das boas práticas. Os riscos mais importantes e aqueles que não têm medidas de controlo devem ser tidos em conta na elaboração do Plano de Melhoria.

Desafios típicos

 Identificar perigos e determinar medidas de controlo;

 Priorizar os riscos por falta de dados, por falta de conhecimento das atividades desenvolvidas ao longo do sistema e da sua influência nos perigos/eventos perigosos, e na atribuição de pontos a cada risco.

2.4.5 Etapa 5 – Desenvolver, implementar e manter um Plano de Melhoria

O plano de melhoria deve ser criado para os riscos significativos, que foram identificados e para os quais se verificou não haver medidas de controlo ou que as existentes

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não são capazes de eliminar esse risco, ou reduzi-lo a níveis aceitáveis. Em alguns casos as melhorias necessárias passam apenas pela revisão das práticas existentes, que não têm os resultados desejados. Em outros casos, poderá ser preciso fazer alterações nas infraestruturas ou introduzir novas medidas de controlo, o que implica um investimento de capital. Nestes casos, o mais indicado será implementar as melhorias por fases, estabelecendo quais são prioritárias. A sua implementação deve ser monitorizada para certificar que estão a ser implementadas e que são eficientes. É importante ter em conta, que a introdução destas novas medidas de controlo pode trazer novos riscos.

Pontos-chave

 Criar um plano de melhoria

 Definir a prioridade de implementação das medidas de controlo necessárias à melhoria do sistema, tendo em conta que essas medidas podem introduzir riscos;

 Implementar o plano de melhoria

 Atualizar o PSA depois de reavaliar os riscos, considerando as implementação das novas medidas de controlo.

Desafios típicos

 Atualizar constantemente o PSA;  Garantir os recursos financeiros;

 Recursos humanos insuficientes e com falta de especialização necessária,  Não introduzir novos riscos, com a implementação das melhorias.

2.4.6 Etapa 6 – Definir a monitorização das medidas de controlo

A monitorização operacional, de forma estruturada, serve de suporte à gestão do sistema. Compreende procedimentos de avaliação do sistema, de modo a garantir que as medidas de controlo, definidas e validadas anteriormente, funcionam nas devidas condições, mantendo a sua eficácia. Inclui, ainda, a determinação de ações corretivas para cada ponto de controlo, a adotar caso a monitorização detete desvios dos limites críticos estabelecidos. Pontos-chave

Para uma eficiente gestão dos riscos identificados é muito importante a monitorização operacional nos pontos de controlo definidos. A monitorização operacional nesses pontos dá uma indicação da eficácia das medidas de controlo permitindo, em caso de desvio, uma

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resposta adequada e atempada. Devem definir-se e registar-se de forma estruturada e organizada:

 Os parâmetros a monitorizar;  Como monitorizar;

 Locais e frequência de amostragem;  O responsável pela monitorização;  O responsável por analisar as amostras;

 O responsável por verificar e interpretar os resultados, e atuar no caso de desvios. Desafios típicos

 O aumento da monitorização, principalmente a monitorização em linha, implica investimento financeiro;

 Falta de recursos humanos para a monitorização e para efetuar análises;  Interpretação incorreta dos dados;

 Garantir recursos para a implementação das ações corretivas;

 Fazer com que os responsáveis pela monitorização obedeçam aos novos métodos. 2.4.7 Etapa 7 – Verificar a eficácia do PSA

Esta etapa envolve a definição de um procedimento de verificação e auditoria do PSA, que deve considerar:

 Monitorização da conformidade, verificando, por exemplo, os testes efetuados, as medidas e os pontos de controlo e os procedimentos de monitorização;

 Auditoria interna e externa;  A satisfação dos consumidores.

Este procedimento tem como objetivo apurar se todos os componentes são eficazes e se a informação de suporte comprova a conformidade do PSA com as metas de segurança e de saúde pública estabelecidas. Caso a conformidade não se verifique, o PSA deve ser revisto e deve executar-se o plano de melhorias.

Pontos-chave

 Monitorização da conformidade

Devem ser definidos limites de controlo para todas as medidas de controlo, assim é possível determinar a eficácia do seu desempenho. Os resultados obtidos devem estar

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de acordo com as metas estabelecidas para a qualidade da água. Caso se verifiquem desvios há que adotar as ações corretivas e apurar causas. O plano de monitorização deve ter uma frequência definida e deve ser revisto regularmente, em especial se houver alterações no sistema, sejam elas planeadas ou não;

 Auditoria interna e externa

As auditorias podem ser internas, envolvendo apenas a Equipa PSA, ou externas, feitas por autoridades reguladoras ou auditores qualificados. Estas devem ser feitas regularmente, a sua frequência depende no nível de confiança exigido, quer pela entidade gestora, quer pelas autoridades reguladoras. As auditorias avaliam e verificam a conformidade do sistema, garantindo que se mantêm em prática o PSA e que se controlam os riscos, assegurando o abastecimento de água segura.

 Satisfação dos consumidores

É importante conferir se os clientes estão satisfeitos e que não utilizam alternativas menos seguras.

Desafios típicos

 Falta de auditores externos com competências para avaliar PSA;  Recursos financeiros e humanos muito limitados;

 Desconhecimento do nível de satisfação dos clientes. 2.4.8 Etapa 8 – Preparar os procedimentos de gestão

Para alcançar os seus objetivos, o PSA deve integrar planos de gestão que descrevam de forma clara e organizada as ações a tomar em condições normais, procedimentos operacionais de rotina, e em situações de incidentes, procedimentos que implicam ações corretivas. Todos os dados devem ser devidamente documentados e atualizados, principalmente, na revisão após a ocorrência de algum incidente ou no seguimento de alguma alteração no sistema.

Pontos-chave

Os perigos só podem ser controlados através de verificações, atualizações e revisões sistemáticas e regulares, definidas nos procedimentos de gestão. Estes devem estar documentados de forma estruturada, pois descrevem as ações a tomar em condições normais de operação e detalham as medidas a seguir na sequência de um incidente que comprometa o controlo do sistema.

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Caso surja uma situação que não tenha sido prevista, deve-lhe ser aplicado um plano de emergência geral. Este plano deve incluir protocolos de avaliação da situação, que permitam avaliar se carecem ou não a sua execução.

Os “quase acidentes” merecem atenção pois podem representar uma possível emergência futura.

Caso se verifique realmente uma emergência, é essencial que a equipa PSA reúna e discuta o desempenho do sistema, avalie os procedimentos e aborde questões como, por exemplo:

 Qual a causa da situação de emergência?  Como foi inicialmente detetada a situação?  Quais as ações tomadas?

 Houve problemas de comunicação? Quais? Como foram resolvidos?  Quais as consequências?

 O plano de emergência foi capaz de resolver a situação?

A ocorrência deste tipo de acontecimentos deve ser relatada e devidamente documentada. Deste modo, a entidade gestora fica melhor preparada caso, no futuro, surja uma situação idêntica.

Algumas situações pressupõem a atuação de entidades como, por exemplo, a proteção civil ou a autoridade de saúde pública. É importante estabelecer protocolos e estratégias de comunicação com essas entidades e com outras partes interessadas como, por exemplo, os utilizadores da água.

Desafios típicos

 Garantir que todos os envolvidos têm conhecimento destas situações e das consequentes alterações;

 Conseguir dados suficientes para analisar os “quase acidentes”;  Manter os procedimentos válidos e atualizados.

2.4.9 Etapa 9 – Desenvolver programas de suporte

Muitas vezes já existem programas de suporte implementados, no entanto acabam por não ser tidos em conta no PSA. Normalmente, envolvem a aposta na formação, investigação e desenvolvimento das competências dos colaboradores e são a base da segurança da água.

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Algumas destas atividades requerem formação contínua, por exemplo, a formação dos colaboradores sobre a elaboração e implementação de um PSA, melhorias nos procedimentos de controlo da qualidade, a compreensão de aspetos de segurança, higiene, e jurídicos.

Pontos-chave

 Determinar que programas de suporte são fundamentais para a implementação do PSA;

Caso já haja programas de suporte, examina-los e garantir que se mantêm atualizados;  Criar novos programas de suporte para que os colaboradores na implementação do

PSA tenham o conhecimento e competências necessárias. Desafios típicos

 Garantir recursos humanos e financeiros;  Equipamentos apropriados;

 Integrar no PSA todos os procedimentos e processos. 2.4.10 Etapa 10 – Planear e realizar a revisão periódica do PSA

Além das revisões constantes que a análise dos dados da monitorização exige, a equipa PSA deve reunir com determinada frequência para examinar todo o plano. Em casos de ocorrência de incidente, o risco associado e todos os aspetos relacionados devem ser revistos.

Pontos-chave

 Manter o PSA atualizado

Mudanças na envolvente da bacia, no tratamento e na distribuição, devem ser analisadas pois podem implicar alterações no fluxograma e nos riscos associados. Os procedimentos utilizados devem ser revistos, deve ter-se em atenção, caso haja, a renovação de colaboradores e devem verificar-se os contactos com as partes interessadas;

 Organizar reuniões regulares de revisão do PSA

A equipa PSA deve reunir com frequência. Nessas reuniões devem ser abordados todos os elementos do PSA, por exemplo, deve-se analisar os dados do controlo operacional. No final de cada reunião deve ficar definida a data da próxima. Além destas reuniões agendadas, o PSA também deve ser revisto e atualizado sempre que

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haja alguma alteração como, por exemplo, exploração de uma nova origem, alterações nos processos de tratamento ou um incidente.

Desafios típicos

 Conseguir disponibilidade de toda a equipa do PSA para reunir;  Minimizar as alterações na equipa;

 Registar alterações feitas;  Conseguir apoio contínuo;

 Assegurar que o PSA não é esquecido e que tem seguimento. 2.4.11 Etapa 11 – Rever o PSA na sequência de um incidente

O esperado é que a implementação do PSA resulte na redução do número e da severidade das situações de emergência, falhas ou incidentes. Contudo, estas poderão ainda ocorrer.

Como já foi referido, é fundamental que o PSA seja alvo de uma revisão periódica. No entanto, sempre que ocorra alguma situação de emergência, falhas ou incidentes é igualmente importante que o PSA seja revisto. A resposta dada deve ser avaliada, verificando-se se foi suficiente ou se pode ser melhorada. Analisada a situação, é possível identificar melhorias a implementar, novos perigos, a necessidade de rever a relevância do risco associado, procedimentos ou até melhorias a efetuar na comunicação e na formação. Pode ser importante a participação de outras entidades.

Todas as alterações devem ser registadas e toda a equipa PSA deve ser informada. Pontos-chave

 Depois de uma situação de emergência, falha ou incidente, rever o PSA;  Determinar a causa dessa situação e a eficácia da resposta.

Desafios típicos

 Considerar, na avaliação das causas do evento perigoso, todos os itens

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3. A

PRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

Os SMSBVC, entidade que acolheu este projeto, são a entidade gestora (EG) do Sistema Público de Distribuição de Água para Consumo Humano do concelho de Viana do Castelo. Prestam serviços na área da captação, tratamento e distribuição de água para consumo humano, drenagem de águas residuais domésticas, bem como de gestão dos resíduos sólidos e higiene e limpeza urbana.

A política adotada pelo Conselho de Administração dos SMSBVC visa a defesa e promoção dos princípios do desenvolvimento sustentável. Deste modo, há o compromisso de adotar um modelo de gestão que procure ter em conta o interesse dos utilizadores, a sustentabilidade dos serviços e a sustentabilidade ambiental. (SMSBVC, 2012)

No que toca ao abastecimento de água, os SMSBVC são responsáveis pela gestão e exploração de 5 ZA’s - Bertiandos, Barroselas, Areosa, Vale do Neiva e Veiga de Anha. Dão ainda apoio técnico contínuo a 9 Juntas de Freguesia, que dispõem de redes de água, através da preparação e execução dos respetivos planos analíticos anuais e exploração dos restantes postos de tratamento de água. (SMSBVC, 2005)

Na Figura 3 são representadas as diferentes ZA a cargo dos SMSBVC, e algumas das infraestruturas.

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As 9 zonas de abastecimento a cargo das Juntas de Freguesia, estão representadas na Figura 4.

Figura 4 - Juntas de freguesia a que os SMSBVC prestam apoio

Atualmente, o serviço de abastecimento de água está acessível a 94% dos alojamentos localizados na área de intervenção da entidade gestora.

Os SMSBVC mantêm um esforço na busca da melhoria contínua, de modo a impulsionar a qualidade de vida da população e a preservação do concelho. Este projeto, de elaboração e implementação do PSA, surge nesse âmbito.

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4. C

ASO DE ESTUDO

4.1.1 Etapa 1 – Constituir a Equipa PSA

A Equipa PSA, pensada inicialmente, é constituída por 7 elementos, todos funcionários da empresa com outras funções em diversas áreas da organização, como está representada no Tabela 1. Com esta equipa pensa-se reunir a experiência e o conhecimento fundamental à elaboração e implementação do PSA.

Tabela 1- Constituição da Equipa PSA

Nome Função Responsabilidade no PSA Contacto

Vítor Lemos Presidente CA Aprovação do PSA v.lemos@smsbvc.pt Comunicações ao exterior Dora Amorim Responsável GSGQ Verificação e gestão da documentação do PSA d.amorim@smsbvc.pt Avaliação de riscos

Coordenação Equipa PSA João Garcez Chefe DAAR Acompanhamento implementação do PSA j.garcez@smsbvc.pt Avaliação de riscos

Coordenação Equipa PSA António Lisboa Responsável GQA/ DAAR Gestão, desenvolvimento e implementação do PSA a.lisboa@smsbvc.pt Avaliação de riscos

Coordenação Equipa PSA Diana Cunha DAAR Implementação PSA d.cunha@smsbvc.pt Avaliação de riscos Rogério Jácome DAAR Implementação PSA r.jacome@smsbvc.pt Avaliação de riscos Fernando Dias DAAR Implementação PSA f.dias@smsbvc.pt Avaliação de riscos

Na fase inicial, de elaboração do PSA, a frequência com que a Equipa PSA se reúne deveria ser maior. Porém, como os elementos da equipa têm diferentes funções, é difícil garantir disponibilidade de todos os membros para participarem nas reuniões do PSA. Portanto, inicialmente, foram realizadas reuniões com um nível de envolvência mais específico, apenas com o responsável do Gabinete de Sistema de Gestão da Qualidade (GSGQ) e do Gabinete de Qualidade da Água (GQA). Numa fase posterior serão promovidas reuniões com todos os membros.

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Ponderou-se incluir outros elementos na equipa mas, para que a equipa seja funcional e não exageradamente extensa, optou-se por não o fazer. Contudo, sempre que se julgue pertinente outros elementos serão convidados a reunir com a Equipa PSA.

Envolver todas as partes interessadas no PSA é fundamental, e nesse sentido, periodicamente, serão promovidas reuniões com diversas entidades, nomeadamente, clientes, Autoridade Regional de Saúde, laboratório externo que presta apoio aos SMSBVC, assim como outras entidades locais e vizinhas dos recursos hídricos explorados pelos SMSBVC (ARHN, Águas do Noroeste, Municípios vizinhos, associações agricultores, Proteção Civil, Bombeiros, entre outros)

4.1.2 Etapa 2 – Descrever o sistema de abastecimento de água

Esta foi a primeira tarefa da Equipa PSA e devido à sua importância no desenvolvimento de todas as etapas subsequentes foi um processo que consumiu bastante tempo.

Como os SMSBVC já possuíam um SGI, baseado nos referenciais da ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, alguma documentação relevante já estava disponível nos diversos departamentos da empresa, nomeadamente:

 Esquemas das captações;

 Informações sobre o armazenamento de água;

 Informações sobre o tratamento de água, compreendendo os processos, produtos químicos e materiais envolvidos;

 Identificação dos utilizadores e dos usos da água;  Mapas de descrição do sistema;

 Planta do sistema de distribuição;

 Documentação sobre os procedimentos de gestão aplicados;  Dados sobre a qualidade da água.

Contudo, foi necessário compilar documentos, selecionar a informação efetivamente relevante, rever os documentos existentes e fazer atualizações. Só assim seria possível conseguir uma descrição correta do sistema e, consequentemente, uma correta identificação das suas vulnerabilidades.

Apesar de ser recomendado que a avaliação do sistema seja feita de forma detalhada, como o sistema de abastecimento em questão é bastante complexo, apesar das muitas semelhanças, relativamente às infraestruturas, a Equipa PSA optou por uma abordagem mais

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moderada, não exageradamente extensa, salvaguardando no entanto, a análise de todo o sistema e o carater funcional do documento.

Tendo em conta a documentação já referida, foi então feita a descrição da zona de abastecimento de Barroselas – ZA02 (Anexo I). Complementarmente, elaborou-se ainda uma tabela (Anexo II) que tem por base o software MAC (Manutenção Assistida por Computador) e na qual constam todas as infraestruturas, respetivos códigos MAC, e outras informações adicionais.

Durante esta etapa, foi, também, desenvolvido um diagrama de fluxo (Figura5), que representa, de forma esquemática, os elementos do sistema de abastecimento de água, indicando a sequência de etapas envolvidas, desde as captações de água bruta até à distribuição da água tratada aos consumidores, Figura 5. Posteriormente, foi criado um outro esquema que permite perceber a organização espacial das infraestruturas (Figura 6). Estes são sempre acompanhados por plantas do sistema que os suporta e, caso necessário, permite uma observação com maior detalhe.

Figura 5 - Diagrama de fluxo da Zona de Abastecimento de Barroselas Água Superficial

Rio Neiva Reservatórios secundários/terciários Água Subterrânea

Mina do Salgueirinho Rede de distribuição Filtração aluvionar Coagulação

(produção e doseamento de coagulante) Drenos Correção de pH

(produção e doseamento de carbonato de sódio) Poços de captação Desinfeção

(produção e doseamento de hipoclorito de sódio) Estação elevatória Medição e retro-controlo

Filtração/Adsorção Condutas adutoras Condutas distribuidoras Reagentes de tratamento Reservatório primário

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Figura 6 - Esquema da Zona de Abastecimento de Barroselas

Estas ferramentas proporcionam uma visão clara e sequencial do sistema de abastecimento e foram uma mais-valia para as etapas posteriores, particularmente, na identificação de perigos, na sua localização, na identificação dos riscos envolvidos e das medidas de controlos presentes.

No cenário ideal, teriam sido feitas visitas às instalações, para confrontar os dados e confirmar a sua veracidade. Por falta de disponibilidade, não foram feitas inspeções no terreno, no entanto, cruzou-se o conhecimento da Equipa PSA com informações do sistema de monitorização on-line e com o conhecimento dos encarregados responsáveis, para que a informação esteja o mais fiel possível ao estado em que o sistema se encontra.

4.1.3 Etapa 3 – Identificar perigos, eventos perigosos e avaliar os riscos Esta etapa foi desenvolvida em conjunto com a Etapa 4 e 5.

O diagrama de fluxo e o conhecimento que a Equipa PSA possui do sistema de abastecimento e do seu histórico foram o suporte desta etapa. Foi feito um levantamento inicial de potenciais eventos perigosos e riscos associados, biológicos, físicos e químicos, suscetíveis de afetarem o sistema nas suas diferentes etapas. Foi ainda especificado o tipo de risco envolvido, para que a determinação dos parâmetros a controlar fosse facilitada. Esta lista

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inicial, foi alvo de análise e confrontada com dados estatísticos, relativos à qualidade da água entre o ano de 2007 e de 2012, e foi assim melhorada. Identificaram-se 71 eventos perigosos, aos quais estão associados 114 perigos.

Posteriormente, o risco associado a cada perigo foi avaliado em termos de probabilidade e severidade.

A atribuição do nível de probabilidade foi feita através de uma Escala de Probabilidade de Ocorrência (Tabela 2) e baseou-se na análise estatística dos dados analíticos da qualidade da água entre o ano de 2007 e 2012 (Anexos III, IV, V e VI). Para situações em que não há dados disponíveis, foi utilizado o conhecimento que a Equipa PSA tem do sistema e bom senso, para se atribuir uma probabilidade de ocorrência razoável.

Tabela 2- Escala de probabilidade de ocorrência

Peso Descrição 1 1x5 anos ou <20% 2 1x ano ou> 20% 3 1x semana ou> 40% 4 1x semana ou> 60% 5 1x dia ou> 80%

A atribuição da severidade foi feita através de uma Escala de Severidade de Consequências (Tabela 3) que considera aspetos relacionados com a saúde pública, os valores impostos pela legislação e a perceção dos clientes.

Tabela 3- Escala de severidade de consequências

Peso Saúde pública Legislação/Clientes

1 Perturbações ligeiras sem necessidade de assistência médica

Menor

(ultrapassagem de limites de alerta)

2 Perturbações com necessidade de

assistência médica sem imobilização

Moderado (impacto organolético)

3 Perturbações com necessidade de

assistência médica com imobilização

Maior

(Impacto legal parâmetros indicadores)

4 Perturbações com danos graves

(persistente ou morte)

Maior

(Impacto legal dos parâmetros obrigatórios ou requisitos de clientes)

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28

Tendo em conta os conhecimentos da Equipa PSA, foi atribuído um índice de severidade aos parâmetros cuja análise estatística anteriormente referida revelou como mais relevantes.

Tabela 4 - Índice de severidade dos vários tipos de perigos

Tipo de Perigo Parâmetro Severidade

Microrganismos patogénicos Bactérias coliformes 2 Clostridium perfringens 4 Escherichia coli 4 Enterococos 3 Salmonella spp. 4 Colónias a 22˚C 1 Colónias a 37˚C 1 Cryptosporidium spp. 4 Giardia spp. 4 Substâncias Químicas pH 1 Cloro Residual 1 S-metalocloro 4 Ferro 2

Agentes biológicos Fitoplâncton 2

Cianobactérias 3

Parâmetros organoléticos e físicos Turvação 1

Cor 1

SST 1

Cruzando as duas escalas, como apresenta a Tabela 4, obtém-se a matriz de avaliação de riscos, que permite determinar se os riscos são: não significativos (inferior a 6), significativos (entre 6 e 9) ou relevantes (igual ou superior a 10).

(44)

29

Tabela 5 - Matriz de avaliação de riscos

A Equipa PSA acordou em atribuir a cada evento perigoso um Tipo de Situação. Ou seja, de acordo com a situação podia considerar-se Normal ou de Emergência, e as situações de emergência são automaticamente remetidas para o Plano de Contingência.

Nos casos de Tipo de Situação Normal, a todos os riscos com classificação superior a 6, foi aplicada uma Árvore de Decisão (Figura 7). Esta é um processo iterativo, com quatro questões, que permite determinar se a fase ou processo em questão constitui, ou não, um Ponto Crítico de Controlo (PCC). A definição dos PCC’s pressupõe o conhecimento prévio das medidas de controlo existentes no sistema.

Saúde Pública 1.Perturbações ligeiras sem necessidade de assistência médica 2.Perturbações com necessidade de assistência médica sem imobilização 3.Perturbações com necessidade de assistência médica com imobilização 4.Perturbações com danos graves (persistente ou morte) Legal/Clientes 1. Menor (ultrapassagem de limites de alerta) 2. Moderado (impacto organolético) 3. Maior (Impacto legal parâmetros indicadores) 4. Maior (Impacto legal parâmetros obrigatórios ou req. clientes) 5 (1xdia/>80%) 4 (1xSemana/>60%) 3 (1xSemana/>40%) 2 (1xAno/>20%) 1 (1x5anos/<20%) 1 2 3 4 3 6 9 12 2 4 6 8 SEVERIDADE P R O B A B IL ID A D E 5 10 15 20 4 8 12 16

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Figura 7 - Árvore de decisão (Vieira & Morais, 2005)

Foram encontrados 5 PCC’s:  Desinfeção;  Reservatórios;  Adução;  Distribuição;  Rede predial. Q0. Q1. Q0. Q1. Q2. Q3.

Imagem

Figura 1 - Quadro referência para o estabelecimento de segurança da qualidade da água (como proposto em (World Health  Organization, 2004) )
Figura 2 - Etapas do desenvolvimento e implementação de um PSA (Águas de Portugal, 2011)
Figura 3 - Zonas de abastecimento a cargo dos SMSBVC
Figura 4 - Juntas de freguesia a que os SMSBVC prestam apoio
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