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Organizadoras: Layanne Christinne dos Passos Miguens Luciana Araújo dos Reis DISCUSSÕES MULTIDISCIPLINARES SOBRE ENVELHECIMENTO

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Organizadoras:

Layanne Christinne dos Passos Miguens Luciana Araújo dos Reis

DISCUSSÕES

MULTIDISCIPLINARES

SOBRE ENVELHECIMENTO

(2)

São Luís - MA Editora IFMA 2019

DISCUSSÕES

MULTIDISCIPLINARES

SOBRE ENVELHECIMENTO

1ª Edição

(3)

Instituto Federal do Maranhão

Francisco Roberto Brandão Ferreira

Reitor

Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva

Pró-reitora de Ensino

Natilene Mesquita Brito

Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação

Fernando Antônio Carvalho de Lima

Pró-reitor de Extensão e Relações Institucionais

Washington Luis Ferreira Conceição

Pró-reitor de Administração

Carlos César Teixeira Ferreira

Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional

Gedeon Silva Reis

Diretor da Editora IFMA Revisão

Paula Francineti Ribeiro de Araújo

Catalogação

Michelle Silva Pinto - CRB 13/622

Projeto Gráfico e Diagramação

Luís Cláudio de Melo Brito Rocha

Direitos Reservados desta edição

Editora IFMA

Av. Colares Moreira, 477 - Renascença - São Luís - MA editora@ifma.edu.br | editora.ifma.edu.br

©2019 dos autores

A reprodução ou transmissão desta obra, ou parte dela, por qualquer meio, com propósitos de lucro e sem prévia autorização dos editores, constitui violação de

direitos autorais (Lei 9.610/98).

Presidente

Gedeon Silva Reis

Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação

Natilene Mesquista Brito

Pró-reitoria de Extensão

Fernando Antonio Carvalho de Lima

Técnicos Administrativos

Maria do Socorro Silva Lages Luís Cláudio de Melo Brito Rocha

Bibliotecário/documentalista

Michelle Silva Pinto

Coordenador de Curso de Pós-graduação

Hênio Henrique Aragão Rego

Ciências Agrárias

Delineide Pereira Gomes Regia Maria Reis Gualter

Ciências Biológicas

Douglas Rafael e Silva Barbosa

Ciências Exatas e da Terra

Raimundo Santos de Castro Helson Ricardo da Cruz Falcão

Ciências Humanas

Odaléia Alves da Costa

Ciências da Saúde

Carolina Abreu de Carvalho

Engenharias

Orlando Donato Rocha Filho Antonio Ernandes Macedo Paiva

Linguística, Letras e Artes

Paula Francinete Ribeiro de Araújo

Apoio Técnico

Diego Deleon Mendonça Macedo Luís Cláudio de Melo Brito Rocha

D6117

Discussões multidisciplinares sobre envelhecimento. / Organização La-yanne Christinne dos Passos Miguens; Luciana Araújo dos Reis. _. São Luís, MA: Editora IFMA, 2019.

271 p.

ISBN: 978-65-5815-092-3

1. Envelhecimento. 2. Pessoa Idosa - cuidados. 3. Pessoa idosa - autocui-dado. 4. Velhice - Zona Rural. 5. Idoso - Políticas Públicas. 6. Mercado de trabalho - pessoa idosa. 7. Idosa - mulher. I. Miguens, Christinne dos Passos (Org.). II. Reis, Luciana Araújo dos (Org.). III. Título.

CDU 613.9-053.9

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tribuíram partilhando seus conhecimentos e saberes na composição desse livro. Layanne Christinne dos Passos Miguens Luciana Araújo dos Reis

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SOBRE OS AUTORES

Layanne Christinne dos Passos Miguens

Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade pela Univer-sidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, com ênfa-se em memória, envelhecimento e dependência funcional. Fonoaudióloga e Docente do Instituto Federal de Educa-ção, Ciência e Tecnologia do Maranhão. Coordenadora do Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas/ IFMA - Campus São José de Ri-bamar. Pesquisadora vinculada ao Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa sobre Envelhecimento Humano - NIEPH - UESB e Membro do Grupo de Estudos Culturais, Representações Sociais e Biopolíticas/IFMA.

E-mail: layanne.miguens@ifma.edu.br Luciana Araújo dos Reis

Pós-Doutoramento em Saúde Coletiva/UFBA-ISC. Mes-trado e Doutorado em Ciências da Saúde/UFRN. Fisio-terapeuta e Docente Titular B da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Orientadora do Programa de Pós--Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade (Mes-trado e Doutorado). Gerente de Pesquisa, Extensão e Pós--graduação e bolsista de produtividade NR1 da Faculdade Independente do Nordeste.

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dade na Linha de Pesquisa em Envelhecimento e Depen-dência Funcional pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB. Pesquisadora vinculada ao Núcleo Inter-disciplinar de Estudos e Pesquisa sobre Envelhecimento Humano - NIEPEH –UESB e Membro do Núcleo Interdis-ciplinar de Estudos em Saúde do Idoso, Faculdade Inde-pendente do Nordeste Organização de Serviços e Ações de Prevenção e Enfretamento da Violência Contra o Idoso no Interior da Bahia.

E-mail: bahiale23@yahoo.com.br Arianna Oliveira Santana Lopes

Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia - UFBA. Mestre em Família pela Universidade Católica de Salvador. Bolsista de produtividade NR2 e Docente da Faculdade Independente do Nordeste - FAI-NOR. Orientadora da Iniciação Científica e Pesquisadora de projetos na área de envelhecimento e saúde coletiva. Integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Saúde do Idoso NESPI.

E-mail: ariannasantana@fainor.com.br Cláudia Maria Coelho Alves

Pós-Doutorado pela University of British Columbia, UBC, Canadá. Doutorado em Odontologia (Dentística) pela Uni-versidade de São Paulo. Mestrado em Odontologia (Perio-dontia) pela Universidade de São Paulo. Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Maranhão. Bol-sista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

E-mail: cmcoelhoa@gmail.com Edmeia Campos Meira

Enfermeira, Doutora pelo Programa Memória: Lingua-gem e Sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Mestre em Ciências da Enfermagem pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ, Es-pecialista em Musicoterapia. Docente adjunto do Depar-tamento de Saúde da UESB.

E-mail: edmeiameira@yahoo.com.br Elaine dos Santos Santana

Doutora e Mestre em Memória pelo Programa de Pós--Graduação em Memória Linguagem e Sociedade - UESB/ Vitória da Conquista. Enfermeira graduada pela Univer-sidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/Jequié, In-tegrante do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Envelheci-mento e Obesidade - UESB/Vitória da Conquista.

E-mail: elaine_137@hotmail.com Ivanilde Cordeiro Pacheco

Mestre em Turismo e Hotelaria - Universidade do Vale do Itajaí (2016). Especialista em Docência do Ensino Superior e Professora de Administração do IFMA - São Luís Campus - Centro Histórico. Formada em Administração-Universi-dade CEUMA (2004), Psicologia - UniversiAdministração-Universi-dade CEUMA (2016), Coordenadora do projeto de extensão Coworking IFMA - espaço do empreendedor do IFMA - Campus São Luís/ Centro Histórico. Orientadora de projetos de pes-quisa na área de gestão. É palestrante e instrutora em eventos da área de administração, com experiência desde

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2001, além de atuar com desenvolvimento em consultoria empresarial. Pesquisadora do grupo Velhice, Cultura e Sociedade certificado pelo IFMA e na base do CNPq.

E-mail: ivanilde.pacheco@ifma.edu.br Janderson Carneiro de Oliveira

Graduado em Psicologia (UFBA). Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB). Doutorando em Memó-ria: Linguagem e Sociedade (UESB). É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Políticas, Álcool e Drogas (GePAD).

E-mail: jancopsi@gmail.com Luana Araújo dos Reis

Enfermeira, Mestre e Doutora em Enfermagem pela Es-cola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia com Estágio de Doutoramento Sanduíche na Escola Su-perior de Enfermagem do Porto/Portugal. Especialista em Metodologia do Ensino Superior e em Saúde do Idoso e Gerontologia. Docente da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. Avaliadora do Banco de Avaliadores do Sinaes – BASis / MEC. Líder do GEPAPI (Grupo de Es-tudos e Pesquisas em Atenção à Pessoa Idosa). Vice-Líder do NEPPICS (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Prá-ticas Integrativas e Complementares em Saúde) - UESB. Integrante do Grupo de Pesquisa Núcleo de Estudo e Pes-quisa na Terceira Idade - UESB.

E-mail: luareis1@hotmail.com Luci Mara Bertoni

Doutora em Educação Escolar (Unesp), com Pós-doutora-do pela Universidade de Brasília (UnB) e pela

Universida-de Universida-de Santiago Universida-de Compostela (USC/Espanha). Professo-ra Plena da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Docente do Programa de Pós-Graduação em Me-mória: Linguagem e Sociedade (PPGMLS/UESB). Líder do grupo de estudos e pesquisas em Gênero, Políticas, Álcool e Drogas - GePAD/MP/UESB.

E-mail: profaluci@uesb.edu.br Marcela Mayana Pereira Franco

Mestre em Odontologia pela Universidade Federal do Ma-ranhão. Especialista em Prótese Dentária pela Uningá e graduação em Odontologia pela Universidade Federal do maranhão. Coordenadora do Projeto Maus tratos infantis e problemas de saúde bucal em crianças e adolescentes financiado pela FAPEMA. Professora do Instituto Floren-ce de Ensino superior.

E-mail: marcela_mayana@yahoo.com.br Mayckon dos Santos Marinho

Doutor e Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade pela UESB. Graduado em Enfermagem pela UFBA. Espe-cialista em Enfermagem em Cuidado em Pré-Natal pela UNIFESP. Especialista em Educação Permanente em Saú-de pela UFRGS. Especialista em Informática em SaúSaú-de pela UNIFESP. Especialista em Planejamento, Implemen-tação e Gestão da EAD pela UFF. Pesquisador vinculado ao Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa sobre Envelhecimento Humano (NIEPH-UESB) e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tecnologias da Informação e Co-municação em Cursos de Saúde (NEPTICCS-UESB). Do-cente da UNINASSAU.

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Sudoeste da Bahia - UESB, Curso de especialização em Ciências Ambientais pela mesma Instituição. Mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe-UFS e atualmente é doutoranda em Memória: Linguagem e Sociedade pela UESB. É professora efetiva do Instituto Federal da Bahia-IFBA, campus Vitória da Conquista e atua no ensino integrado e superior, com área de atuação em Geografia e Meio Ambiente.

E-mail: ndiasampaio@yahoo.com.br Pollyanna Viana Lima

Doutora e Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Bacharel em Enfermagem pela Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR) e Licenciada em Geografia pela UESB. Docente e Coordenadora do Curso de Enfermagem, pesquisadora bolsista de produtividade NR2 da FAINOR e membro do Comitê de Ética da FAINOR. Atua na Linha de Pesquisa Memória, Envelhecimento e Dependência Funcional. Pesquisadora do Núcleo de Extensão, Pesqui-sa e Estudos sobre Envelhecimento. PesquiPesqui-sadora líder do Grupo Interdisciplinar de Gerenciamento e Prevenção das Doenças Crônicas em Idosos - FAINOR. Desenvolve dois projetos de extensão na área de Envelhecimento Humano: Oficina de Memória para Idosos e Práticas Interdiscipli-nares em Saúde para idosos com Doenças Crônicas.

Renato Novaes Chaves

Enfermeiro. Especialista em Enfermagem e Saúde do Tra-balhador. Mestre e Doutor em Memória: Linguagem e

So-Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa sobre En-velhecimento Humano - NIEPH - UESB. Docente substi-tuto da UFBA - Universidade Federal da Bahia (IMS CAT). Docente na Faculdade de Tecnologia e Ciências de Vitória da Conquista (FTC). Docente da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR).

E-mail: rnc_novaes@hotmail.com Sarah Rafaelle Mendes dos Santos

Pesquisadora atuante beneficiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão-FAPEMA. Cursando Técnico em Eletrotécnica integrado ao Ensino Médio no IFMA - Monte Castelo.

E-mail: sarah.mendes@acad.ifma.edu.br Terezinha de Jesus Campos de Lima

Doutorado em Educação e Mestrado em Gerontologia pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Especialização em Planejamen-to Municipal Sustentável pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); Bacharelado em Turismo pela Uni-versidade Federal do Maranhão (UFMA). Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) ligada ao Eixo Tecnológico Turismo, Hospitalidade e Lazer. Líder do Grupo de Pesquisa Velhi-ce, Cultura e Sociedade/GEVCS-IFMA-CNPq. Líder do Grupo de Turismo, Hospitalidade e Lazer-IFMA-CNPq.

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Udson dos Santos Silva

Secundarista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) Campus São José de Ribamar. Estudante do curso Técnico em Eletroeletrôni-ca (IFMA) Campus São José de Ribamar. Pesquisador em exercício beneficiado pela Fundação de Amparo à Pesqui-sa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Mara-nhão (FAPEMA). Pesquisador da Área de Ciências Sociais Aplicadas(Administração). Pesquisador Voluntário do Projeto de Extensão COWORKING IFMA/Espaço do Em-preendedor/IFMA Campus São José de Ribamar e Campus São Luís Centro Histórico. CEO da Eco Logística. Autor de trabalhos da área de Gerontologia. Consultor de negócio aos microempreendedores (COWORKING IFMA).

E-mail: udson.silva@acad.ifma.edu.br Williane de Fátima Vieira Batista

Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Especialista em Administração e Su-pervisão Escolar pela Universidade de Amparo. Mestra pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Professora permanente do Instituto Federal do Mara-nhão, IFMA – Campus Bacabal e professora intérprete de Libras da Secretaria Estadual de Educação do Maranhão (SEEDUC). Membra do Grupo de Estudos e Pesquisa em Gênero, Políticas, Álcool e Drogas - GePAD/MP/UESB.

E-mail: williane.vieira@ifma.edu.br

SUMÁRIO

Apresentação ...19

Capítulo 1: Recordações e narrativas de pessoas idosas acerca da dependência dos filhos na velhice ...23

Capítulo 2: Entre a família, a infância e o trabalho: memórias de pessoas idosas cuidadoras ...47

Capítulo 3: Memórias do idoso cuidador sobre o

autocuidado e o (des)cuidado de si ...77

Capítulo 4: O envelhecimento em uma ótica

multidimensional: breves apontamentos conceituais ...103

Capítulo 5: Representações sociais de idosos e seus cuidadores sobre o idoso com dependência funcional ...129

Capítulo 6: Relação entre evelhecimento e saúde bucal do idoso ...151

Capítulo 7: Percepção da mulher mediante o papel de gênero no cuidado a pessoa idosa na família ...173

Capítulo 8: Idoso e o mercado de trabalho: eficácia das políticas públicas e ações extensionistas na construção da dignidade da pessoa idosa ...197

(10)

APRESENTAÇÃO

Este e-book reúne estudos de diversas áreas e pes-quisas sobre a multidisciplinaridade do envelhecimento humano. Com objetivo de partilhar conhecimento e disse-minar a popularização da ciência sobre a velhice, esta obra se apresenta como um livro inovador, que debate as ques-tões sobre envelhecimento de forma multidimensional.

Está disposto em 10 (dez) capítulos elaborados por docentes de instituições de ensino pertencentes aos Esta-dos do Maranhão e da Bahia.

O capítulo 1, “Recordações e narrativas de pessoas idosas acerca da dependência dos filhos na velhice”, dis-corre sobre as memórias de idosos frágeis que dependem de um cuidador familiar na velhice.

O capítulo 2, “Entre a família, a infância e o tra-balho: memórias de pessoas idosas cuidadoras”, traz uma análise interpretativa das recordações, de situações ex-perienciadas, acontecimentos que vêm à memória dos cuidadores (re)significando o presente e dando sentindo para a sua existência nas relações com o idoso que depen-de depen-de cuidados.

Capítulo 9: Velhice rural em um cenário maranhense: vivências de rotinas de tempo livre e ludicidade entre espaços e motivações ...213

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Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento

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O capítulo 3, “Memórias do idoso cuidador sobre o autocuidado e o (des)cuidado de si”, procura desvelar as memórias do idoso cuidador sobre o autocuidado, com o objetivo de compreender a necessidade do fortalecimento dos vínculos com as redes de apoio, oportunizando o au-tocuidado do idoso cuidador.

O capítulo 4, “O envelhecimento em uma ótica multidimensional: breves apontamentos conceituais”, apresenta de forma articulada contextos sobre o fenôme-no do envelhecimento sustentado a partir de uma pers-pectiva multidimensional.

O capítulo 5, “Representações sociais de idosos e seus cuidadores sobre o idoso com dependência funcio-nal”, pretende compreender as representações sociais dos idosos e de seus cuidadores.

O capítulo 6, “Relação entre envelhecimento e saúde bucal do idoso”, objetiva discutir, por intermédio de revisão de literatura, os impactos do envelhecimento em estruturas do sistema estomatognático, assim como o edentulismo, suas causas e consequências sobre a saúde e qualidade de vida do idoso.

O capítulo 7, promove uma reflexão sobre a “Per-cepção da mulher mediante o papel de gênero no cuidado a pessoa idosa na família”, trazendo discussões sobre o espaço que a mulher ocupa no lugar de cuidadora.

O capítulo 8, “Idoso e o mercado de trabalho: eficá-cia das políticas públicas e ações extensionistas na

cons-trução da dignidade da pessoa idosa”, apresenta as expres-sivas mudanças na estrutura etária da sociedade brasileira e as relações do idoso com o mercado de trabalho.

O capítulo 9, “Velhice rural em um cenário mara-nhense: vivências de rotinas de tempo livre e ludicidade entre espaços e motivações”, apresenta o tema da velhice rural sob a perspectiva das rotinas de tempo livre e ludi-cidade, em um cenário brasileiro configurado como con-duto de expressão dos modos de vida.

O capítulo 10, “Representações sociais da velhice na prisão”, busca significar como idosos representam a velhice no encarceramento.

Por fim, esperamos que nesta obra o leitor possa se comprazer de conhecimento e utilizar esta fonte como referências para consultas e futuras pesquisas.

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CAPÍTULO 1

RECORDAÇÕES E NARRATIVAS

DE PESSOAS IDOSAS ACERCA

DA DEPENDÊNCIA DOS

FILHOS NA VELHICE

Layanne Christinne dos Passos Miguens Luciana Araújo dos Reis

Introdução

Este artigo foi originado a partir de um recorte da dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade, intitulada “Repre-sentações sociais e memória de idosos fragilizados acerca da dependência alimentar”. Com base na gama de con-textualizações que emergiram das análises aplicadas nes-ta pesquisa, traremos, neste artigo, uma discussão acerca das recordações e narrativas de idosos dependentes e as relações vivenciadas por eles, ao possuírem filhos como cuidadores. Para alicerçar os pressupostos que deram

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Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento

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origem à escolha dessa temática, percorreremos em uma reflexão sobre envelhecimento, dependência funcional, cuidado e família.

A população que envelhece no mundo vem crescen-do intensamente desde o século XX. Essa relação de pro-porção de longevidade ocorre à medida que regiões menos desenvolvidas passam a apresentar menores índices de mor-talidade populacional e passam a proporcionar melhores condições de vida (PERSEGUINO; HORTA; RIBEIRO, 2017).

Segundo dados da ONU (2015), os idosos represen-tam atualmente 12% da população mundial, podendo esse quantitativo duplicar até 2051 e triplicar em 2100.

No Brasil, o número de pessoas idosas chega a 10,8% do quantitativo da população brasileira, correspondendo a cerca de 20.590.599 habitantes com idade acima de 60 anos. Esses dados só se tornaram possíveis com a melhora do desenvolvimento social e econômico que resultaram no aumento da expectativa de vida das pessoas (IBGE, 2013).

O aumento da expectativa de vida acarreta mudan-ças na estrutura funcional do ser humano que, com o enve-lhecimento, podem impactar nos aspectos físicos, psíquicos e sociais, tornando-os mais vulneráveis (FHON et al., 2018).

Uma das alterações que podem impactar na vida dos idosos é o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que podem levar o idoso a con-dições de dependência e fragilidade em consequência da aquisição de doenças cardíacas isquêmicas, acidentes

vasculares cerebrais, doença pulmonar obstrutiva crôni-ca e outras condições (BEARD et al., 2016).

Deponti e Acosta (2010) consideram que manter a capacidade funcional de executar tarefas com autonomia, ter disposição, ser ativo, viver com alegria, ser otimista, ter espírito jovem, boa memória, relações de amizades, convivência com outras pessoas e contar com o apoio da família são, para alguns idosos, as principais maneiras de se envelhecer com saúde.

Assim, idosos que passam a viver em situações de dependência em decorrência do aparecimento de DCNT podem associar a diminuição ou ausência da capacidade funcional ao envelhecimento sem saúde, atrelando, mui-tas vezes, a doença à incapacidade, dificuldades físicas ou limitações, sentimentos de desesperança e finitude.

Para Brito et al., (2018, p. 1), “vários são os fatores que interferem em uma boa qualidade do envelhecer, e uma delas é o cuidado recebido pelo idoso”. Abordare-mos, a seguir, os principais aspectos que envolvem as questões sobre o cuidado, no âmbito do cuidado prestado ao idoso dependente funcional.

Cuidados prestados ao idoso

dependente funcional

Compreender como a pessoa idosa dependente percebe o cuidado prestado é de extrema importância para que se possa entender quais aspectos contribuem

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para a formação da construção de conceitos sobre uma velhice com dependência funcional.

No Brasil, o número de domicílios multigeracionais, caracterizado pelo convívio com pessoas de diversas faixas etárias no mesmo lar, tem aumentado em decorrência da dependência financeira custeada por parte de um ou mais membros da família. Ainda que financeiramente indepen-dente, por deliberar cuidados, um idoso pode ser levado a morar com parentes ou com filhos (SILVEIRA et al., 2018).

Durante a velhice, conflitos familiares passam a ter maior visibilidade. “A família, enquanto um sistema intera-tivo complexo, demanda acomodações constantes, a depen-der de situações estressoras externas e de modificações nos padrões internos de relacionamento” (SARTI, 2004 p.11).

Para Silveira et al. (2018),

Na família, a realidade é definida por uma história que vem sendo contada desde sempre, transmitida de geração em ge-ração - A percepção de idosos sobre seus sofrimentos constituída pela linguagem, modificada socialmente, e repassada membro-a-membro, como um processo narração oral e gestual, verbal e não-ver-bal. Cada grupo familiar cria sua mitolo-gia, que se constitui como regras para a vida, pautas existenciais seguidas por cada membro, sem que se tenha clara consciên-cia de que as está seguindo. [...] Em cada fa-mília, a fragilidade na velhice transborda como um desfecho de toda a construção pessoal, inserida na narrativa familiar par-ticular que se assenta em um contexto cul-tural comum (SILVEIRA et al., 2018, p.224).

As famílias não estão ancoradas somente em sua estrutura ou papel social, mas na forma como se relacio-nam em seus significados compartilhados e vivenciados (DIAS, 2011). A relação entre o cuidado e o significado de família está muito próximo para as pessoas idosas, muitos até definem como família apenas os familiares que pres-tam um apoio concreto, definidos por eles como cuidado e assistencialismo (PERSEGUINO; HORTA; RIBEIRO, 2017).

Segundo Cabote (2015), envelhecer com dependên-cia representa o processo de deixar de cumprir o papel de cuidador e passar a ser cuidado pelos filhos, numa inver-são de papéis, que pode culminar em conflitos familiares. Todavia, a “noção de reciprocidade de cuidados en-tre pais e filhos, ou avós e netos, e a expectativa de cuidado dos idosos por parte desses membros da família podem não se confirmar na velhice” (LIMA-COSTA et al., 2017, p.12).

Esses fatores nos levam a refletir sobre quem é responsável pelo desempenhar desses papéis. Quando a atividade de cuidar é assumida por familiares, ela é ge-ralmente realizada por um único membro da família, que tem que dividir essa função com outras obrigações que foram designadas (PERRACINI; NERI, 2012).

No Brasil, a família é a principal responsável pelo cuidado ao membro idoso (PERSEGUINO; HORTA; RI-BEIRO, 2017). A função de cuidar acaba sendo resultante de uma obrigação moral, ou de acordos matrimoniais es-tabelecidos entre cônjuges, pais e filhos (AUGUSTO; SIL-VA; VENTURA, 2009).

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Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento

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A transferência de cuidados realizados por cônju-ges passa a dar lugar e espaço para o cuidado desempe-nhado pelos filhos, quando os cônjuges não podem exe-cutar esses papéis por já terem falecido ou por estarem também em condições de fragilidade física. “Os filhos jus-tificam-se pelo lugar que ocupam na família. Um porque é o filho mais velho, outro porque é o líder, outro porque é solteiro, uma porque é a filha mais nova, outros porque foram abandonados” (SILVEIRA et al., 2006, p. 1631).

Reis, Menezes e Sena (2017) avaliaram estudos rea-lizados sobre familiares cuidadores de idosos, e identifi-caram que esses estudos geralmente versam sobre con-cepções acerca da experiência de cuidado, convergindo, muitas vezes, em estereótipos identificados como “nega-tivos”, frente ao imaginário popular, de que se tornar fa-miliar cuidador de uma pessoa idosa com fragilidades e dependências sobrecarrega a vida de quem cuida.

É importante atentar para a intersubjetividade que cerca o domínio do cuidado pais-filhos em situação de dependência que, neste espaço, passa a coexistir de situa-ções reversas que afetam a saúde do cuidador, o vínculo familiar, afetivo e de responsabilização para como dever moral e legal (REIS; MENEZES; SENA, 2017).

Lini, Portela e Doring (2016) demonstram em suas pesquisas que ausência de filhos ou cônjuge é um fator relevante na escolha de como será prestado o cuidado ao idoso. Quando idosos se deparam com dificuldades para

realizar as atividades básicas de vida diária ou enfrentam dificuldades para receber o cuidado no domicílio pela ausência ou migração de filhos, maiores são os riscos de institucionalização.

É nesse contexto que Faller et al. (2017, p. 29) desta-cam que “a presença de um familiar idoso com ou sem ca-racterísticas limitantes (que demandam cuidados) conduz a significativas mudanças no contexto familiar, atingindo fortemente os filhos, seus descendentes mais próximos”. Os autores ressaltam que os filhos acabam por adotar es-tratégias para o enfrentamento dessas condições que po-dem, por um lado, envolver acolhimento e proteção numa forma de prover o cuidado, ou, por outro lado, despertar o afastamento, situação em que o cuidado é delegado a profissionais ou instituições.

Lini, Portela e Doring (2016) elencam os principais fatores que estão associados à institucionalização de idosos. Suas pesquisas destacam que a institucionalização também está relacionada à longevidade e à dependência funcional, pois quanto mais longevos, maiores são as chances de de-pendência pelo declínio físico ou mental, pelas situações de fragilidades, e maiores as chances de desenvolverem doen-ças crônicas não transmissíveis com complicações.

Assim, Bahremand et al. (2014) entendem que,

A capacidade de resiliência apresenta-da pelas famílias é um fator importante na manutenção da boa relação familiar e saúde mental, podendo interferir na

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lon-gevidade da pessoa idosa. Famílias mais resilientes apresentam melhor capacidade de adaptação às mudanças apresentadas pelo ciclo vital, tanto físicas como a pre-sença de doenças crônicas incapacitantes e também as mentais relacionadas ao afas-tamento, depressão e isolamento (BAHRE-MAND et al., 2014, p. 254).

Diante dos embasamentos teóricos que sustentam as bases para o entendimento e compreensão do cuidado destinado à pessoa idosa dependente, é que traremos a seguir trechos das narrativas de idosos que desvelam suas memórias sobre as relações de cuidado familiar. Desse modo, os objetivos desta discussão proporcionarão subs-tratos para a compreensão dos contextos que podem en-volver a família e pessoa idosa dependente funcional.

Memória de idosos frágeis sobre ter um

cuidador familiar

A partir da análise dos dados deste estudo, abor-daremos as categorias enfatizadas para este recorte de pesquisa. Ao total, foram entrevistados trinta e nove ido-sos, frágeis, dependentes funcionais, com domínio cog-nitivo preservado e que recebem atendimento no Centro de Atenção Integral à Saúde do Idoso, localizado em São Luís, capital do Maranhão, Brasil.

Os dados foram organizados com base na técnica de Análise de Conteúdo Temático-Categorial de Laurence

Bar-din, dos quais emergiram as categorias que serão discutidas.

Diante das análises, podemos perceber a relevância da cate-goria “Memória de idosos dependentes dos filhos nas rela-ções de cuidado” e “Memória de idosos dependentes sobre morar com os filhos”, demonstrando que as narrativas e me-mórias se entrelaçam diante do enfrentamento da velhice com a presença de um parente ou cuidador familiar.

Para análise dessa categoria, deter-nos-emos na discussão referente à figura dos filhos como cuidadores principais. Em algumas falas, os idosos demonstraram um sentimento de reconhecimento pelo cuidado prestado pela família, dando ênfase aos filhos como provedores desse cui-dado prestado nessa fase da vida. Para muitos idosos, essas marcas se expressam por intermédio das palavras “elas me ajudam”, “porque são minhas filhas”, “me sinto bem por-que elas fazem pra mim”, expressões utilizadas para definir os contextos de relações de dependência exercidas no seio familiar, como exemplificados nas falas a seguir.

Idoso 1 - [...] como eu já tô de idade... elas me

aju-dam! Elas tão fazendo, porque são minhas filhas!

Idoso 2 - Minha filha que prepara a comida,

an-tes eu fazia! Agora mesmo, só ela. Não tenho nin-guém assim não! Mas eu não fico triste não!

Idoso 3 – [...] Me sinto ruim porque não posso

fazer porque tô adoentada. Mas me sinto bem... porque elas fazem pra mim.

Nessas falas, percebemos a presença da relação de cuidado mútuo, historicamente construída como forma de dar sentido ao cuidado que esses idosos já ofereceram

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a seus filhos durante todas as suas vidas. Sendo essa tra-tativa uma forma de cumprir com o dever social de cuidar de quem já cuidou muitas vezes.

Faller et al. (2017) discutem em sua pesquisa a respeito do cuidado prestado e o relacionamento com o idoso em famílias de diferentes nacionalidades. Quan-do avaliaQuan-dos os aspectos culturais libaneses, população também alvo do estudo realizado por eles, identificou-se que o acolhimento e valorização do idoso no seio familiar deve ser praticado majoritariamente pelas famílias e não por terceiros ou em asilos. Assim, nessa cultura, acredi-ta-se que, enquanto puderem destinar o cuidado, são os filhos que o devem fazer, afirmando que os laços entre os membros “criam perspectivas, definem objetos sociais e símbolos que determinam a relação entre um indivíduo e o outro e/ou ambiente” (FALLER et al., 2017, p. 25).

Ainda no estudo realizado por Faller et al. (2017), ficou demonstrado que entre idosos brasileiros o senti-mento de união e a preocupação de se manterem próxi-mos aos filhos prevalece. Para eles, envelhecer no íntimo familiar gera alegria, satisfação e sentimento de recom-pensa por serem acolhidos, enfatizando que assim como seus filhos, também cuidaram de seus pais.

Para Ferreira, Isaac e Ximenes (2018), pensar o en-velhecimento em uma perspectiva sociocultural é tam-bém refletir sobre quem serão as pessoas que cuidarão desses idosos. Numa perspectiva sociocultural brasileira,

a vivência em asilos não é considerada a melhor escolha para essa fase da vida, e sim a convivência com a família, ainda que o idoso possua alguma dependência em decor-rência de doenças (FALLER et al., 2017).

É necessário também atentar para os aspectos rela-tados por Neri (2014), numa tentativa de “desromantizar” as ações de cuidados prestados por cuidadores familiares, nesses casos, os filhos. A falta de apoio informal ou formal faz com que, quem exerce o cuidado, fique mais susceptí-vel a alterações da saúde física e mental por sobrecarga, à depressão, a abalos emocionais, à desorganização de sua vida pessoal, resultando em inúmeros impactos negativos nas relações familiares com o idoso (FERREIRA; ISAAC; XIMENES, 2018).

O cuidar de um idoso dependente e frágil pode fazer com que em famílias maiores, o filho cuidador se aproxime mais da pessoa idosa e os outros filhos se afas-tem, esperando que a presença seja requerida, sobrecar-regando, muitas vezes, o filho cuidador que reside com a pessoa idosa.

Observamos ainda no fragmento de fala: “Não tenho

ninguém assim não! Mas eu não fico triste [...]”, a tentativa de

ne-gação ou de resiliência dos idosos diante dos sentimentos emergentes do processo de envelhecimento, no que diz respeito à tristeza e à solidão pela ausência de parentes, amigos ou outros que pudessem ampará-los durante a ve-lhice. Ainda que os filhos prestem cuidados aos pais,

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exis-tirão lacunas que se estabelecerão num processo natural da vida. Cada ciclo da vida é representado por memórias coletivas, vividas em tempo e espaço de formas diferentes.

Quando perguntado aos idosos sobre viver com dependência, pudemos ouvir os seguintes relatos:

Idoso 4 - Depois dessa doença, minhas pernas...

eu não levanto só! E nem me deito só! Tudo é com ela. Hoje, é minha filha que faz, graças a Deus!

Idoso 5 - [...] Depois desse derrame que me deu...

eu fiquei assim adoentada, precisado de um e de outro. Assim né... meio ruim, porque a gente de-pender dos outros, não é bom não! Mas graças a Deus que tenho elas pra me ajudar.

Idoso 6 - [...] Eu já não enxergo mais quase nada,

eles que me levam pra onde precisa. Bom porque, ele é meu filho, mora perto, é meu amigo, meu bem mais precioso. Já imaginou se eu tivesse que precisar de um desconhecido? Como não ia ser?

Diante dessas falas, podemos identificar, de for-ma implícita, que o cuidado prestado especificamente por filhos representa um perfil social de “Filhos ideais”, que não abandonam ou asilam seus pais, perpassando por uma construção social de que idosos alisados estão aban-donados ou não possuem alguém com quem contar.

Lini, Portela e Doring (2016) citam uma pesquisa realizada por Perlini et al. (2007), na qual foram elencados os fatores mencionados por familiares que mais contri-buem para que o idoso seja institucionalizado, sendo eles: o número reduzido de integrantes da família, ausência de filhos, a falta de condições físicas, financeiras e

psicológi-cas para prover o cuidado necessário em domicílio, assim como o desejo do próprio idoso em não “dar trabalho” a seus familiares.

Nas falas apontadas em nosso estudo, observamos o quanto esses idosos esperam que os filhos exerçam a responsabilidade de cuidado para com eles, evidenciadas pela utilização das palavras: “Já imaginou se eu tivesse que

precisar de um desconhecido?”, transcorrendo a incumbência

do cuidado dos pais aos filhos.

Perracini e Neri (2012 p.109) afirmam que “quando a atividade de cuidar é assumida por familiares, ela é ge-ralmente realizada por um único membro da família, que tem que dividir essa nova função com outras obrigações que já lhe eram designadas”.

É cada vez mais comum que filhos em seus arran-jos familiares necessitem de apoio no cuidado a seus pais, seja o cuidado formal ou informal, no entanto, é neces-sário que este auxílio seja ressignificado numa ótica de não abandono por parte dos filhos, mas seja reconstruí-do pela sociedade e pela família como um apoio diante das dinâmicas do mundo atual, que exige cada vez mais que se exerçam diversos papéis ao mesmo tempo, como: de trabalhador, de pai, de mãe, de filho, de cuidador, de homem, de mulher, de marido, de esposa, dentre outros. O exercício desses papéis, muitas vezes, é desempenhado arduamente sem demonstrar fraqueza ou cansaço diante dessas inúmeras atividades.

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Ainda há de ressaltarmos que as relações entre idosos frágeis, dependentes e filhos cuidadores perpas-sam por aspectos como prejuízos à saúde mental de am-bos. Em relação ao idoso, por achar que pode representar um fardo à família; e quanto ao filho, que poderá sucum-bir em achar que exerce um cuidado ineficiente, esgotan-do, assim, todos os seus esforços.

Observamos ainda, em grande parte da fala dos idosos, a evocação das “filhas”, como cuidadoras, o que in-dica que em sua grande maioria a função de cuidar é exer-cida por mulheres. Ferreira, Isaac e Ximenes (2018) afir-mam que o desígnio de quem prestará cuidados ao idoso decorre dos fatores: parentesco, gênero, proximidade físi-ca (viver no mesmo ambiente) e a proximidade afetiva.

Para as autoras, independente das delimitações de quem prestará o cuidado, em grande parte essa função es-tará atrelada a mulheres, pois há uma expectativa social de que seja a mulher a assumir esse papel. Silva e Santana (2014) afirmam que, historicamente, por uma convenção social, foram atribuídas à mulher as funções de cuidar da família e realizar tarefas domésticas.

Nesse sentido, é importante ressaltar os paradig-mas presentes nos dias atuais. De um lado, a pressão so-cial e familiar vivida por mulheres para que assumam esse papel de cuidar, ainda que estejam cada vez mais inseri-das no mundo do trabalho; e de outro o empoderamento feminino, que traz uma mulher ativa e participativa em

todos os espaços, dando lugar, ainda tímido, para que ho-mens também assumam atribuições, antes definidas so-mente às mulheres.

É nessa perspectiva que Ferreira, Isaac e Ximenes (2018, p.110) visualizam que a função de prestar cuidados, exercida por mulheres, parece ser resultado de uma cons-trução histórico-social, em que “desde criança as meninas são ensinadas a realizar tarefas de cuidado, criando sobre elas a expectativa de que exerçam o papel de cuidadora, quando necessário, ao longo de suas vidas”. Dessa forma, a cultura também poderá ser um elemento balizador na escolha ou direcionamento de quem prestará cuidados aos que envelhecem.

Durante as entrevistas, alguns idosos também mencionaram em seus discursos acerca da necessidade de morarem com seus filhos, situações ocorridas frequen-temente depois da dependência funcional e condições de fragilidade que esses idosos vivenciam. Abaixo, demons-traremos algumas falas que deram origem às categorias abordadas neste capítulo.

Idoso 7 - [...] Eu adoeci em Coroatá, aí minha

fi-lha que morava aqui, me trouxe pra morar com ela.

Idoso 8 - Ah! Pra mim é assim, eu queria era

voltar pra minha terra. Guimarães1. Você conhe-ce Guimarães? Lá eu tinha mais liberdade, aqui ela faz tudo por mim, graças a Deus, o que seria de mim sem ela?

1 Guimarães está situada no interior do estado do Maranhão, com uma população de 12081 pessoas, IDH de 0,625 e conta 18 estabelecimen-tos de saúde conforme (IBGE, 2009).

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Idoso 9 - [...] É uma dificuldade só! Só a se-nhora vendo como é, aí tem uma filha que eu moro com ela, e a outra filha é que faz as coisas. Eu nunca pensei nisso, agora a senhora

me perguntando que eu vim atentar.

Notamos, nas falas dos idosos, a associação da de-pendência funcional à condição de morar junto, no mes-mo espaço. Comes-mo este estudo baseia-se no recorte da pesquisa que aborda “Memórias e representações sociais de idosos fragilizados relacionadas à alimentação”, não foi possível investigar se o fato do idoso morar no mesmo espaço que os filhos teve relação direta com aquisição da dependência funcional, contudo, durante as entrevistas, diversos idosos revelaram em suas narrativas o fato de morarem com seus filhos por precisarem de cuidados.

Ao discutirmos temas relacionados às famílias, é imprescindível compreender o cotidiano, o espaço de vida representada pelas interações, saudáveis ou não, ações de cuidado e zelo ou, ainda, ausência de cuidados. É nesse espaço familiar que as pessoas expressam seus estilos de vida e pensamentos com base nas memórias coletivas às quais pertencem, determinam suas rotinas, estrutura familiar, concepções sociais e individuais (NI-TSCHKE; SOUZA, 2011).

É importante pensar e repensar nos contextos so-cioculturais que envolvem esses idosos. Questões econô-micas, de moradia e de acolhimento familiar podem estar envolvidas nesse sistema que merece um olhar mais

de-lineado e abrangente para a discussão. Aqui nos detere-mos a abordar os achados observados nas narrativas dos idosos entrevistados, com base na multidimensionalidade apresentada por eles em suas falas.

Uma das idosas entrevistadas relata: “Eu adoeci em

Coroatá2, aí minha filha que morava aqui, me trouxe pra morar com ela.”. Ao citar: “minha filha que morava aqui”, a idosa faz

referência a São Luís, capital do Estado e local de realiza-ção da pesquisa, que possui centros de referência no cui-dado prestado a idosos.

Segundo dados do IBGE (2013), pessoas que resi-dem em centros urbanos apresentam 20% mais chances de morar sozinhas, quando comparadas às pessoas que fixam residências em regiões interioranas, tal fato justi-fica-se pelos valores familiares impressos pela tradição e pela cultura. No entanto, o custo de vida elevado em áreas urbanas, a dinâmica de emprego formal vivenciada por familiares cuidadores e a fragilidade e a dependência que exige cuidados dificultam a estadia de um idoso longe do familiar (CAMARGOS; RODRIGUES; MACHADO, 2011).

A liberdade expressada por outro idoso, ao ex-pressar “eu queria era voltar pra minha terra. [...] Lá eu tinha

mais liberdade”, chama atenção na emancipação que a vida 2 Coroatá compreende um município localizado na mesorregião Leste

ranhense, na microrregião de Codó, também interior do estado do Ma-ranhão (IBGE, 2010). Coroatá conta com 13 estabelecimentos de saúde pública e, no censo de 2000, o estado do Maranhão teve o pior índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, sendo Coroatá representante de um baixo desempenho no IDH, cerca de 0,556 (BRASIL, 2011).

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interiorana permite ao idoso. As restrições aqui elencadas como “liberdade” podem estar relacionadas às condições da nova dinâmica familiar, à rotina, à violência urbana, à dificuldade em manter a independência e autonomia.

Em uma pesquisa realizada por Silveira et al. (2018) com quinze idosos, cujo objetivo era compreender como a pessoa idosa percebe aspectos subjetivos ligados ao pro-cesso de fragilização, observamos que os idosos relacionam a fragilização à história de vida, marcada por sofrimentos físicos e/ou mentais, insidiosos ou pontuais, ao adoecimen-to, à falta de recursos financeiros e à segurança urbana.

Encontramos, ainda, na fala dos idosos, um enfo-que quanto a um futuro incerto diante da possibilidade de ausência do cuidado prestado pelos filhos, como exem-plificado nessa fala: “o que seria de mim sem ela?”. O auxílio prestado por um filho cuidador varia desde atividades de deslocamento para locais mais distantes, como viagens e visitas ao médico, como em questões burocráticas e fi-nanceiras, o que traz a sensação de segurança para a pes-soa idosa (PERSEGUINO; HORTA; RIBEIRO, 2017).

Notamos, ainda, o amparo em Deus como sustento para o enfrentamento da velhice com dependência e fra-gilidade. Boratti e Soriano (2013), ao perguntarem qual a percepção de idosas acerca das crenças de autoeficácia e envelhecimento saudável, encontraram as seguintes res-postas: realizar as atividades de rotina, contribuir, acei-tar a vida como ela é, ter bons pensamentos, acrediacei-tar em

Deus e ter saúde são os pontos primordiais para se en-frentar a velhice.

Dessa forma, entendemos que é necessário desve-lar mais memórias de idosos dependentes e frágeis para que, assim, possamos compreender a dinâmica em que vivem e valorizá-los, assim como proporcionar à família, em especial, aos filhos cuidadores o retorno do que pen-sam seus pais, entendendo que essa relação não se dá so-mente por recíproca de afetos, mas por inúmeros fatores que contribuem para as formas singulares e coletivas de se viver a velhice.

Considerações Finais

A partir das discussões abordadas neste capítulo, podemos concluir que, ao analisarmos as memórias de idosos dependentes dos filhos nas relações de cuidado, os idosos esperam contar com os filhos na velhice, sen-tem-se acolhidos quando o assunto está relacionado ao cuidado prestado pelos filhos, amparam-se na fé em Deus por terem os filhos como cuidadores e demonstram inse-gurança em um futuro incerto, caso necessitem ser cui-dados por outras pessoas distantes do vínculo familiar, consideradas por eles como “desconhecidos”.

Quando analisados os aspectos que enfatizam as memórias dos idosos sobre morar com os filhos, foram observados que os idosos moram com seus filhos por ne-cessidade de cuidados atrelados a situações de

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depen-dência e enfatizam a falta de liberdade ao estarem inse-ridos em uma vida urbana. Esses resultados sugerem que sejam realizadas pesquisas mais profundas, no sentido de proporcionar uma análise específica sobre essa catego-ria, o que não foi possível neste estudo por não ser este o objeto central da pesquisa. O aparecimento frequente da categoria nas respostas dos idosos instigou-nos a debater sobre a temática e propor uma discussão que poderá ser melhor aprofundada em estudos posteriores.

Conhecer os idosos por suas narrativas, compreen-dê-los, respeitá-los, considerando suas particularidades, torna-se uma ferramenta importante para depreender a velhice com dependência num novo olhar sobre as diver-sas maneiras de se envelhecer.

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depen-CAPÍTULO 2

ENTRE A FAMÍLIA, A INFÂNCIA

E O TRABALHO: MEMÓRIAS

DE PESSOAS IDOSAS

CUIDADORAS

Maykon dos Santos Marinho Elaine dos Santos Santana Layanne Christinne dos Passos Miguens Luciana Araújo dos Reis

Introdução

Este artigo foi extraído, em parte, da tese de dou-torado intitulada “Memórias e representações sociais de pessoas idosas cuidadoras sobre o cuidado ao idoso de-pendente em domicílio”. As memórias das pessoas idosas cuidadoras ganham relevância particular, já que estamos a privilegiar os modos de apropriação da realidade atra-vés de expressões afetivas da memória. O que propomos aqui constitui a análise interpretativa das recordações, de situações experienciadas, acontecimentos que vem à tona dência. In: NERI, A. L (Ed.). Cuidar de idosos no contexto

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Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento

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na memória dos cuidadores (re)significando o presente e dando sentido para a sua existência, especificamente na relação com o idoso que depende de cuidados. Nessa perspectiva, objetiva-se analisar as memórias de pessoas idosas cuidadoras que cuidam de seu ente familiar idoso no domicílio.

Nas últimas décadas, cresceu o número de estudos científicos a respeito da memória coletiva, pois essa é objeto de várias ciências que buscam compreender o funcionamen-to da sociedade, política, cultura, literatura e arte (SÁ, 2007). De acordo com Ochoa, Argueta e Muñoz (2005), as pesquisas com uso da memória coletiva buscam esclare-cer de que maneira as coletividades pensam e se relacio-nam com o seu passado. Para Halbwachs (2006), há uma relação direta entre a memória individual e as relações sociais que se estabelecem, pois, ao lembrar, cada indiví-duo toma como referência os acontecimentos e contextos coletivos. Assim, cada memória individual é um ponto de vista da memória coletiva que é mutável de acordo com a localização espaço-temporal de cada indivíduo e de suas relações com o grupo.

A memória individual é aquela construída a partir de referências e recordações que são próprias do grupo. As recordações para Halbwachs (2006) são reconstruções do passado a partir da representação que um grupo pos-sui de seus interesses atuais. Ainda segundo Halbwachs (2006), os indivíduos percebem o passado através das

re-presentações coletivas e apresentam recordações que de-vem ser compreendidas como parte de um grupo. A partir dessa ideia, esta pesquisa apropriou-se desta compreen-são de que a memória é coletiva e é reconstrução do pas-sado influenciado pelo presente.

De acordo com Bosi (1998), é por meio da memória das pessoas idosas que se torna possível ter acesso a um mundo social com toda a sua riqueza, haja vista que ao fazer a relação do passado com o presente, o idoso sele-ciona o que lhe foi mais significativo para ser recordado e reconstrói com imagens do presente o que foi vivenciado no passado. Assim, ao recorrer às recordações das pessoas idosas cuidadoras sobre a sua vida antes de assumirem o papel de cuidador do idoso dependente em domicílio, foi possível ter acesso às experiências, às informações e aos conhecimentos do contexto social, cultural, político, eco-nômico e emocional do passado atualizado no presente.

Neste contexto, a escolha por um estudo a partir das memórias das pessoas idosas cuidadoras explica-se pela condição de recurso metodológico importante. Ana-lisar as falas, os significados, as memórias, apresentou-se relevante na medida em que os resultados de tais depoi-mentos poderão contribuir para o avanço dos conheci-mentos acerca do universo do cuidado, nas suas dimen-sões individuais e coletivas.

Nesse sentindo, ao analisar as memórias das pes-soas idosas cuidadoras, atentou-se também para a

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di-mensão social, ou seja, para o aspecto coletivo de sua construção. Estar atento às narrativas das experiências vivenciadas pelas pessoas idosas cuidadoras permitiu co-nhecer tanto as particularidades individuais de cada cui-dador como os valores socialmente instituídos.

Ao projetar este estudo a respeito da memória das pessoas idosas cuidadoras, buscou-se focalizar um tema pouco explorado na literatura científica. A partir de pes-quisas em bancos nacionais de teses e dissertações ficou evidenciado que são poucos os estudos que abordam as experiências e memórias de cuidadores. Nesse levanta-mento bibliográfico, foram encontrados alguns estudos (BOHM, 2009; ALMEIDA, 2015; AGUIAR, 2017) e nenhum registro de tese a respeito das memórias de cuidadores, analisado a partir da perspectiva da memória coletiva.

Ressalta-se ainda que os estudo pesquisados apre-sentam algumas fragilidades, pois olham para os cui-dadores de forma fragmentada, isto é, fornecem “frag-mentos” das vivências e experiências sobre a atarefa de cuidar, situadas num determinado momento do tempo, e não a partir de toda a experiência de vida até o momento presente. Desse modo, o que pôde ser percebido foi uma exiguidade de trabalhos que abordam as memórias das pessoas cuidadoras, o que tornou ainda mais instigante a investigação dessa problemática. Desse modo, este es-tudo mostra-se importante pois é possível dar voz a essas pessoas idosas cuidadoras que muitas vezes são esqueci-das, excluídas e desvalorizadas por parte da sociedade, do Estado e até mesmo pela família.

Destarte, acredita-se que o conhecimento a res-peito dessa temática proporcione uma melhor compreen-são dos aspectos singulares que envolvem o cuidar de um idoso dependente em domicílio. Dessa forma, este estudo torna-se significativo tanto do ponto de vista acadêmico quanto social. Segundo o ponto de vista acadêmico, este trabalho poderá colaborar no desenvolvimento de de-bates sobre o envelhecimento, família e cuidado, poderá também instigar novos estudos e estimular os estudantes, professores e profissionais da área da saúde a adentra-rem nesse novo universo de descobertas e incógnitas que é envelhecer e cuidar de outro idoso dependente em do-micílio; do ponto social, as ações nas áreas da assistência social e das políticas públicas poderão conhecer as con-dições e demandas dessa população para traçar novos caminhos e novas perspectivas para os cuidadores.

Assim, diante da complexidade do tema que en-volve as pessoas idosas cuidadoras que cuidam de entes familiares e com vistas à compreensão dessa temática à luz da memória coletiva, adotou-se como questão central: Quais são as memórias das pessoas idosas cuidadoras que cuidam de outro idoso dependente no domicílio?

Assim, com o intuito de alcançar o objetivo pro-posto, desenvolveu-se um estudo de natureza explorató-ria, descritiva, tendo como aporte teórico metodológico a memória coletiva. A pesquisa foi desenvolvida com trinta cuidadores idosos que cuidam de idosos dependentes em domicílio assistidos pelo Programa de Atendimento

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Mu-Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento

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nicipal Domiciliar ao Idoso com Limitação (PAMDIL) de-senvolvido pela Prefeitura Municipal de Vitória da Con-quista-BA. Foi utilizado como instrumentos para coleta de dados um questionário sociobiodemográfico e a entre-vista temática. Para organização e análise dos dados, foi empregado o software DSCSOFT (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005) e a análise foi realizada através do Discurso do Su-jeito Coletivo – DSC (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005, 2012).

Durante a primeira visita, os cuidadores foram convidados a participar do estudo de forma voluntária e se procedeu a apresentação dos pesquisadores e da pro-posta do estudo. Após receberem informações detalhadas sobre o estudo, os motivos que justificam sua realização, seus objetivos, procedimentos para o desenvolvimento, modo(s) de participação, riscos e incômodos potenciais, além de benefícios previstos, os cuidadores que concor-daram em participar assinaram o Termo de Consentimen-to Livre e Esclarecido – TCLE, elaborado em duas vias, sendo uma entregue aos cuidadores participantes da pes-quisa e uma arquivada pelo pespes-quisador.

Após a anuência dos participantes, foi aplicado o questionário sociodemográfico preenchido pelo pesqui-sador. Finalizada a primeira visita domiciliar, e seguindo os critérios de inclusão do estudo, o pesquisador agendou uma segunda visita com os cuidadores familiares idosos de acordo com o dia e horário estabelecidos pelos mes-mos. Foi necessário encontrar os melhores horários para a realização das visitas, evitando-se os horários próximos

às refeições ou muito cedo pela manhã. Desse modo, as entrevistas em profundidade foram realizadas durante a segunda visita domiciliar, em condições adequadas de comodidade e privacidade, proporcionando a esponta-neidade necessária, e o estabelecimento do diálogo com o cuidador dentro de um campo descontraído, que pro-piciasse a maior liberdade de expressão, tendo como fi-nalidade obter o máximo de informações que o cuidador entrevistado pudesse oferecer.

Neste estudo, adotou-se o método de análise do Discurso do sujeito coletivo (DSC) (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2012), que consiste numa forma qualitativa de represen-tar o pensamento de uma coletividade, agregando em um discurso-síntese os conteúdos discursivos de sentido se-melhante emitidos por pessoas distintas. Assim, cada in-divíduo entrevistado no estudo, escolhido com base em critérios de representatividade social, contribui com sua cota de fragmento de pensamento para o pensamento co-letivo (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).

Portanto, esta técnica aproxima-se das pesquisas que valorizam a diversidade ao mesmo tempo em que compreende que esta diversidade não descarta o seme-lhante. Ao contrário, diversidade e igualdade, conflitos e consensos, complexo e simples não são fenômenos dico-tômicos, mas convivem dialeticamente em uma mesma sociedade não sendo possível imprimir rótulos definiti-vos. Cabe à técnica apenas um esforço exaustivo de agru-par os discursos por semelhanças e coerências, sempre,

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apresentando-os dentro de um determinado contexto (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2012).

Este estudo cumpriu com os princípios éticos pre-vistos na Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012), que regula-menta a pesquisa que envolve seres humanos e exige res-peito à dignidade humana, na ponderação dos riscos e be-nefícios da pesquisa sobre os sujeitos, na relevância social da pesquisa, na garantia da confiabilidade e privacidade, no respeito aos valores culturais, sociais, morais, religio-sos, éticos e no retorno social dos benefícios da pesquisa.

Os participantes do estudo assinaram e recebe-ram uma cópia do TCLE contendo informações sobre os objetivos do estudo, o método, os riscos e benefícios da pesquisa e o respeito a sua privacidade. O Projeto de pes-quisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pespes-quisa/CEP da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB sendo aprovado conforme parecer nº 1.875.418, CAAE nº 58813116.3.0000.0055.

Memórias das pessoas idosas cuidadoras

É especialmente na história vivida que a memória coletiva está ancorada. É para ela que as pessoas idosas cuidadoras se voltaram para realizar o trabalho de recons-truir os eventos que lhe foram significativos. Um minucio-so trabalho que exige a localização das recordações den-tro de um quadro espaço-temporal determinado, o apoio

de testemunhas que vivenciaram aqueles acontecimentos, independentemente de estarem vivas ou não e, a releitura dos eventos com base em referenciais do presente. Nesse sentido, considera-se que recordar é um trabalho indivi-dual que só é possível devido à participação de diferentes grupos que retratam o coletivo (HALBWACHS, 2006).

Ao analisar as recordações das pessoas idosas cui-dadoras, mantem-se contato com histórias de pessoas que vivenciaram suas vidas articuladas às de outros, seja no ambiente doméstico, familiar, ou de trabalho. Duran-te as narrativas de suas trajetórias de vida, os cuidado-res perceberam o movimento que fizeram durante a sua existência, entendendo que mesmo diante dos obstáculos e dificuldades, suas histórias são de lutas e dignidade e merecem ser relembradas, contadas e ouvidas.

As memórias aqui trazidas das narrativas feitas pelas pessoas idosas cuidadoras entrevistadas obedecem à lógica do momento atual – o fato de serem pessoas isas cuidadoras que cuidam de outra pessoa idosa em do-micílio – considerado elemento marcante nas vidas des-tes cuidadores. As memórias dos cuidadores permitiram perceber a visão que eles têm de sua própria vida, de uma vida que ele próprio construiu e da representação que ele tem do ato de cuidar de um familiar idoso dependente.

Bosi (1998) refere que as lembranças remetem a uma dimensão subjetiva, peculiar de cada indivíduo, res-significando sua existência por meio da narrativa. É

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im-Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento Discussões Multidisciplinares sobre Envelhecimento

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prescindível ressaltar que, as memórias recuperadas re-fletem os aspectos culturais e o contexto de inserção dos cuidadores, ou seja, valores, princípios, costumes do gru-po ao qual esses cuidadores pertenceram. As memórias das pessoas idosas cuidadoras foram apresentadas em três categorias, conforme a Figura 1.

Figura 1: Categorias.

Memórias das pessoas idosas cuidadoras

Categoria A: Memórias das

pessoas idosas cuidadoras sobre família;

Categoria B: Memórias das

pessoas idosas cuidadoras sobre a infância;

Categoria C: Memórias das

pessoas idosas cuidadoras sobre o trabalho

Fonte: Dados da Pesquisa.

Categoria A: Memórias das pessoas idosas cuidadoras

so-bre família.

DSC A - Já andei muito nessa vida. Eu nasci

numa cidadezinha do interior, meu pai tinha uma terrinha lá, tinha não tem, porque meus irmão moram lá até hoje. Aquele tempo para mim não foi tão fácil. Minha mãe teve bastante filhos, ela teve 19 filhos. Minha infância naquela época não foi fácil. Naquela época tudo era mais difícil, hoje tudo é mais fácil. Naquela época como a gente mo-rava na roça a vida era mais difícil né? Naquele tempo as coisas era muito atraso. Meus pais eram lavradores, trabalhavam na roça. Naquele tempo a gente ajudava eles a plantar lá na roça. Nós

pas-samos um tempo na roça, mas foi até os meus sete, oito anos, eu vim aqui para Vitória da Conquista ainda pequena, o resto da minha vida eu fui cria-da nessa Cuiabá aqui, Então a gente mora aqui nessa Cuiabá há muito tempo.

A família de origem foi referência básica na traje-tória de vida das pessoas idosas cuidadoras. O DSC A re-vela, com olhos de quem já percorreu um longo caminho, que as pessoas idosas cuidadoras se voltam para o pas-sado, reconstruindo suas histórias, experiências e vivên-cias, sobretudo a partir da memória familiar. De acordo com Halbwachs (2006), é nas relações familiares que as primeiras lembranças de infância se localizam e se forta-lecem. A família é um grupo de referência fundamental para a reconstrução do passado, pois a memória do indi-víduo se ancora na memória da família em sua totalidade e na sua singularidade (HALBWACHS, 2006).

Embora os indivíduos construam contato com di-ferentes grupos e instituições, as vidas das pessoas ido-sas cuidadoras pouco perpassaram por relações sociais e pouco revelaram a presença de vínculos estabelecidos com diferentes grupos sociais pelos quais transitaram. Dessa maneira, as pessoas idosas cuidadoras centraram as suas memórias nos espaços da família. A memória fa-miliar foi intensa e ocupou um lugar importante nas re-cordações das pessoas idosas cuidadoras, haja vista que essas memórias desenharam suas vidas e tornaram-se re-tratos de suas histórias.

Referências

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