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ANEXO 3 DESENVOLVIMENTO RURAL

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PROGRAMA DE ACÇÃO INTERMUNICIPAL DE

SERVIÇOS COLECTIVOS TERRITORIAIS DE PROXIMIDADE

2007-2010

NUTS 3 CÁVADO

RELATÓRIO FINAL

ANEXO 3

DESENVOLVIMENTO RURAL

Março de 2008

(2)

1. Introdução... 2

2. Desenvolvimento rural: uma síntese do diagnóstico... 3

3. Propostas preliminares de estratégia e acção...12

(3)

1. Introdução

Este anexo apresenta uma versão preliminar de um Plano de Acção para o Vale do Cávado no domínio do desenvolvimento rural, destinando-se essencialmente a enquadrar a acção dos diversos actores regionais que operam neste domínio em torno das propostas de projectos e parcerias que irão concretizar as linhas de acção estruturantes.

Note-se que, por não fazer parte do âmbito do Estudo do PAISCTP, a análise e as orientações aqui contidas devem ser referenciadas quer ao período em que foram produzidas1, quer ao seu carácter exploratório.

Recorde-se que esta abordagem remonta a um período (2006) em que ainda não eram suficientemente conhecidos os contornos definitivos da arquitectura dos Programas Operacionais do QREN, e muito especialmente da operacionalização da intervenção do Fundo FEADER e da sua articulação com o FEDER ou outros Fundos Estruturais.

1

Este relatório é uma adaptação de uma das componentes do Plano de Acção para o Vale do Cávado 2007-2013, que precedeu o início do Estudo para o PAISCTP, e foi elaborado entre Abril e Outubro de 2006. Por esta razão, também se justificam eventuais desactualizações da

(4)

2. Desenvolvimento rural: uma síntese do diagnóstico

A

RURALIDADE É UMA MATRIZ QUE ABRANGE TODO O

V

ALE DO

C

ÁVADO

,

MESMO NAS ÁREAS DENSAMENTE URBANIZADAS

,

MAS AS PERSPECTIVAS DE CADA TERRITÓRIO SÃO DIFERENCIADAS As marcas da ruralidade estendem-se por todo o território do Vale do Cávado. Considerando o uso do solo nos seis concelhos verificamos que todos eles têm um elevado peso dos usos agrícolas e florestais da superfície. Esse peso oscila entre os 98% no concelho de Terras de Bouro e os 80% em Braga, tornando-se evidente que mesmo no concelho mais urbano há uma extensa utilização «rural» da superfície, bastando para tal sairmos da área de cidade propriamente dita. Enquanto gestores destes recursos, os agricultores, os proprietários rurais e as suas organizações são actores essenciais na dinamização de possíveis estratégias para os territórios.

Esta visão não esconde a heterogeneidade do território, que se regista em múltiplas dimensões, tanto ao longo de uma escala que vai do mais urbano ao mais rural, como no sentido litoral -interior. Essa heterogeneidade configura diferentes problemas e oportunidades. Terras de Bouro experimenta o desafio da retenção de população, sobretudo de famílias jovens, que possam promover a valorização dos seus recursos endógenos e assegurar um limiar demográfico mínimo para os serviços básicos. Para além de uma agricultura assente em produtos de qualidade, a diversificação económica é o desafio principal. Através do turismo e da valorização das funções de conservação dos recursos naturais, destacando-se a leste a valência do Parque Nacional da Peneda -Gerês. Esta opção de valorização está já em marcha, com diferentes iniciativas envolvendo a autarquia e demais actores locais. São orientações que há que qualificar e expandir, dando continuidade aos investimentos já efectuados. É importante centrar a estratégia na sustentabilidade económica e social das actividades a desenvolver no futuro.

Vila Verde e Amares detêm uma posição intermédia, em parte resultante da transição entre a montanha e o vale que caracteriza os seus territórios. Na metade «interior» destes concelhos prefigura-se uma situação semelhante à de Terras de Bouro. A aposta no turismo, no artesanato e nos produtos regionais de qualidade são notórias em ambos os municípios, com a ênfase colocada nas valências rurais e naturais. Nos espaços mais urbanizados há o desafio da qualificação e da produtividade, bem como o da gestão da pressão urbana e preservação das valências rurais, no sentido de não se deteriorarem irreversivelmente recursos naturais, paisagísticos e agrícolas que ainda valorizam os territórios e que poderão

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constituir um valor ainda maior no futuro. A agricultura mais intensiva e a produção florestal marcam alguma presença.

Os desafios da gestão da pressão urbana e da qualificação e produtividade estendem-se a Barcelos e Esposende e às freguesias não urbanas de Braga. A agricultura aqui, embora com menos peso no emprego, é mais intensiva, competitiva e integrada nos mercados. Constitui um sector importante para os espaços rurais, sendo de referir neste âmbito o desafio da gestão impactos ambientais. O turismo, articulado com o mar e com o Parque Natural do Litoral Norte em Esposende e com o centro histórico e com as valências culturais e artesanais no concelho de Barcelos, constituem opções interessantes para os espaços rurais. Neste último concelho a floresta é um recurso importante.

N

A AGRICULTURA

,

OS ACRÉSCIMOS DE COMPETITIVIDADE ESTÃO ASSOCIADOS A UMA

PROGRESSIVA ESPECIALIZAÇÃO PRODUTIVA

,

MAS HÁ PROBLEMAS DE DIMENSÃO DAS

EXPLORAÇÕES E AO NÍVELA DA VALORIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS

Há um conjunto de actividades e produções para as quais o Vale do Cávado tem vantagens comparativas. Partindo da policultura tradicional têm-se vindo a afirmar algumas especializações concelhias.

No concelho de Esposende predomina a horticultura, seguida a alguma distância pela pecuária -leite.

No concelho de Barcelos a pecuária -leite tem um enorme peso. Só este concelho tinha, em 1999, 70% das explorações especializadas em leite, e 77% das vacas leiteiras do vale do Cávado (INE, RGA 1999). A horticultura tem vindo a crescer.

Em Terras de Bouro há uma nítida especialização no sentido da pecuária extensiva de montanha, em particular com as raças autóctones de bovinos e com a produção de ovinos/caprinos, que se estende à metade interior dos concelhos de Amares e Vila Verde. Nos concelhos de Braga, várzeas de Amares e Vila Verde mantém-se com elevado peso a policultura, e há um padrão mais diversificado de especializações, com algum relevo da viticultura (que também é importante em Barcelos).

Ao nível da fruticultura é de referir o kiwi, para o qual a região tem vantagens comparativas, estando aparentemente em regressão os pomares de macieiras e outros frutos. Informações mais recentes dão conta de que a horticultura e floricultura, em estufa, estão em crescimento nestes concelhos.

(6)

A viticultura merece um destaque suplementar pelo elevado peso que tem na economia agrícola regional. Cerca de 77% das explorações agrícolas do Cávado produzem uvas para vinho verde VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada). É uma actividade presente por todo o vale do Cávado, embora com menos incidência nos concelhos de Esposende e de Terras de Bouro. As vinhas evidenciam-se na paisagem rural, dando-lhe um cunho particular, com interesse para o turismo. A qualidade dos vinhos verdes tem vindo a aumentar, mas é de referir a necessidade de investimento em estudos de mercado e em diferenciações inovadoras que melhorem a atractividade destes vinhos ao nível dos consumidores. Sendo uma actividade exportadora e uma das fileiras estratégicas do vale do Cávado enfrenta actualmente o desafio da valorização no mercado e da organização da comercialização.

A reduzida dimensão, os ainda baixos níveis de especialização produtiva e o carácter complementar de muitas explorações agrícolas constituem os pontos fracos da agricultura regional, do ponto de vista da sua competitividade económica. A mudança tem-se dado no sentido de uma contracção do número de explorações e da área, com o abandono das unidades de produção mais pequenas e tradicionais.

A especialização produtiva também tem vindo a aumentar, sendo provável que uma informação mais actual acentuasse ainda mais esta tendência. Mas continuam a existir problemas de falta de escala, na produção e no processamento e comercialização (excepto no leite), e uma baixa valorização dos produtos. Note-se que mesmo a escala concelhia de algumas organizações, nomeadamente no sector cooperativo, se torna pequena face ao contexto da globalização e da concentração do sector comercial. Aliás há já processos de concentração nesse sector, nomeadamente com a CAVAGRI.

E

XISTEM NO VALE DO

C

ÁVADO CONDIÇÕES E DINÂMICAS FAVORÁVEIS À AFIRMAÇÃO DA AGRICULTURA BIOLÓGICA E DOS PRODUTOS REGIONAIS CERTIFICADOS

A agricultura convencional tem vindo a enfrentar alguns problemas relacionados com a qualidade e a segurança alimentar. Os produtos que possam assegurar níveis elevados de segurança e qualidade contam com melhores oportunidades de valorização no mercado.

A reconversão dos modos de produção convencionais no sentido de tecnologias mais seguras e mais racionais na utilização de substâncias de síntese e nas técnicas culturais constitui um cenário desejável e politicamente incentivado. São de prever ajudas e apoios para a reconversão de sistemas de agricultura convencionais ao modo de produção integrada ou à agricultura biológica. Para além das melhorias na qualidade intrínseca dos alimentos, estes

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modos de produção reduzem os impactos ambientais da agricultura nos solos, nas águas, na fauna e flora e na paisagem.

Em 2005 havia no Cávado 30 produtores biológicos. Pese o pequeno número, o crescimento dos operadores e das áreas tem sido exponencial desde 2001, sobretudo com a introdução das culturas forrageiras neste modo de produção, como parte integrante do processo de obtenção de carne no modo de produção biológico. Mas esse crescimento também foi espectacular na Vinha, Fruticultura e Horticultura.

Os concelhos de Vila Verde, Amares e Terras de Bouro têm uma posição de vanguarda na promoção da agricultura biológica - Laranja de Amares; Pica no Chão de Vila Verde; carne de raças autóctones. Em Vila Verde e em Terras de Bouro há já Associações de Produtores Biológicos. No caso de Terras de Bouro a intervenção exógena tem vindo a ser responsável pela conversão dos modos de produção tradicionais ao MPB. Face às fragilidades associadas a muitos dos produtores envolvidos – elevada idade, baixas qualificações e baixos recursos económicos – é crítico manter essa intervenção.

A

S INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS DA AGRICULTURA ESTÃO SOBRETUDO RRELACIONADAS COM A PECUÁRIA

(

LEITE

),

COM A HORTICULTURA E COM O ABANDONO DE TERRAS NO INTERIOR

É ao nível das produções intensivas, nomeadamente a pecuária-leite e a horticultura do litoral, que se coloca com mais acuidade o problema dos impactos ambientais. A pecuária-leite intensiva em virtude da produção de elevados volumes de resíduos e efluentes orgânicos. A horticultura do litoral pelo risco de contaminação de solos e águas com resíduos de fertilizantes e fitofármacos, sobretudo nas áreas em que as explorações se sobrepõem geograficamente com a Zona Vulnerável nº1 Esposende-Vila do Conde, e que inclui Esposende e freguesias do concelho de Barcelos.

Os agricultores desempenham um importante papel na conservação dos recursos naturais e na manutenção dos valores paisagísticos. Esse papel nem sempre é valorizado e pode estar comprometido caso se verifique mais abandono. No caso das áreas protegidas do PNLN e PNPG a função ambiental adquire ainda mais relevância e condiciona fortemente as opções de gestão das explorações agrícolas. A melhoria da imagem sócio-profissional dos agricultores do vale do Cávado, articulada com uma estratégia de valorização dos produtos regionais, ajudaria a promover a sua adesão a elevados padrões de responsabilidade ambiental.

(8)

O

SECTOR FLORESTAL ENFRENTA O DESAFIO DA INTEGRAÇÃO FUNCIONAL E DA GESTÃO PROFISSIONAL DA PROPRIEDADE

O Cávado apresenta as características florestais associadas ao norte litoral: fragmentação da propriedade florestal com área média por prédio rústico inferior a 1 hectare; potencialidades elevadas para produção lenhosa, com predomínio do pinheiro-bravo e do eucalipto (DGRF, 2006). Em termos de distribuição da área de floresta, pode destacar-se o concelho de Barcelos (40,3% da área florestal do Cávado e concelho com maiores áreas contínuas de floresta), Terras de Bouro (17,8%), Vila Verde (13,7%) e Braga, com 13% da área florestal (Corine Land Cover, IGP, 2000).

Os espaços florestais caracterizam-se pelo predomínio dos povoamentos mistos (60,1%), isto é áreas florestais com mais do que uma espécie arbórea. As áreas de resinosas atingem valores mais elevados nos concelhos de Amares (16,2% da área florestal do concelho) e Vila Verde (20,5%). As áreas agro-florestais, onde a floresta se combina com a pastorícia, estão concentradas nos concelhos interiores – Terras de Bouro, Vila Verde e Amares. Com excepção do concelho de Terras de Bouro, é bastante baixa a percentagem de povoamentos com folhosas (carvalhais ou soutos).

Um dos principais problemas associados à florestas é a prevenção e o controlo dos fogos. A incidência dos fogos florestais, em termos de áreas ardidas, é mais elevada nos concelhos de Terras de Bouro, Vila Verde e Amares, correspondendo a área média anual ardida entre 2000-2004 superior a 5% das respectivas áreas florestais. É crítica a realização regular do corte e remoção de matos, uma operação com custos elevados. Está já em curso o processo que levará à instalação na região de centrais de biomassa, que permitirão valorizar os materiais resultantes das limpezas florestais, reduzindo assim o custo da manutenção. O desafio está na organização e no funcionamento eficaz do processo, de modo a produzir adesão por parte dos produtores florestais e suas organizações.

Dadas as valências existentes e o contexto político parecem desenhar-se duas linhas estratégicas: valorizar e aumentar a competitividade das áreas florestais de produção, sobretudo as que já existem de pinheiro-bravo e eucalipto, e valorizar e aumentar a área de floresta com finalidades de recreio e ambientais, florestando terras agrícolas e/ou adaptando os povoamentos florestais a usos recreativos e de conservação, favorecendo, sempre que possível, a expansão de bosques de folhosas. Em ambos os casos é essencial avançar no sentido de uma gestão profissional das áreas florestais, através de processos de integração funcional e de gestão, e com a concepção de soluções inovadoras de conciliação dos interesses privados com o bem público.

(9)

A

VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS RURAIS PARA FINALIDADES TURÍSTICAS

,

DE RECREIO E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA É UM PROCESSO JÁ EM MARCHA NO

C

ÁVADO

,

E CONSTITUI UMA OPÇÃO DE FUTURO

São múltiplos os atractivos naturais, patrimoniais e culturais dispersos pelas áreas rurais dos seis concelhos e em articulação com a oferta cultural e patrimonial das suas cidades e vilas. Atractivos que têm vindo a ser dinamizados e valorizados com vários investimentos a nível municipal. Do ponto de vista regional são de destacar a existência de duas áreas com elevado valor ecológico (o Parque Nacional da Peneda -Gerês e o Parque Natural do Litoral Norte), a proximidade geográfica entre a montanha e o mar, ligados pelos vales do Cávado, Homem e Neiva e suas paisagens rurais verdejantes, a riqueza e originalidade do artesanato do património edificado, nomeadamente nos edifícios adaptados para unidades de TER. A dispersão, a pequena escala das actividades, a débil integração da oferta e a falta de promoção constituem, talvez, os principais pontos fracos.

Tal como noutras regiões, o Turismo em Espaço Rural (TER) tem vindo a expandir-se na região do Cávado. Para além do alojamento há todo um conjunto de actividades ligadas às tradições e à cultura rural que se têm vindo a valorizar, como a produção artesanal e da gastronomia. Embora o TER designe um conjunto de modalidades de alojamento e actividades recreativas em meio rural, é importante salientar que no meio rural também existem estabelecimentos hoteleiros convencionais. Do ponto de vista estratégico faz todo o sentido articular de modo positivo todas as modalidades.

Há um padrão relativamente disperso das unidades de TER, embora se detecte uma concentração relativa em Terras de Bouro e nas margens do Cávado e Homem. No que diz respeito à capacidade de alojamento os concelhos que maior oferta TER proporcionam são Vila Verde (31%), Barcelos (22%) e Terras de Bouro (18%).

Não existe, no vale do Cávado, uma relação directa entre o grau de ruralidade e o investimento em TER. De facto há um número significativo de unidades de alojamento em áreas medianamente urbanizadas ou mesmo em áreas predominantemente urbanas. É possível que este padrão responda à maior concentração de casas rurais abastadas nas áreas de vale, bem como ao maior dinamismo actual dos proprietários rurais nessas mesmas áreas. O que nos leva a supor que nas freguesias mais rurais e mais periféricas existe um potencial pouco explorado de oferta turística, embora com um tipo menos associado à riqueza patrimonial e mais associado aos valores tradicionais rurais e às valências paisagísticas e naturais. Esse potencial poderá depender de iniciativas e recursos exógenos para ser dinamizado.

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A valência do espaço rural para o recreio urbano, entendido aqui como a ocupação de tempos livres por visitantes de proximidade, poderá constituir uma vocação para os espaços medianamente urbanizados mais próximos dos centros urbanos. A escassez de espaços verdes destinados ao lazer é notória nas cidades e vilas do Vale do Cávado. Este tipo de áreas verdes só atingem 1% da superfície total nos concelhos de Esposende e Braga, sendo inferiores nos demais concelhos. A população urbana regional é já muito significativa e está a aumentar. População que se constitui como mercado em expansão na procura de espaços verdes para a prática desportiva e para a ocupação de tempos livres.

Nas áreas medianamente urbanizadas do Cávado, a maior parte da área agrícola e florestal é propriedade privada, cujo usufruto para fins de recreio está altamente condicionado, senão inviabilizado, pelas vedações e por incompatibilidades funcionais. No entanto, mediante um processo de integração funcional e adaptação, é possível que essas mesmas áreas privadas possam ser valorizadas pelas suas valências recreativas e paisagísticas de interesse público. Essa integração e adaptação constituem um desafio no âmbito da concepção, organização e posterior manutenção, que terá de se fazer gerando a adesão de todos os agentes implicados na gestão e potencial valorização dos recursos.

A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA PARA AS GERAÇÕES FUTURAS PASSA PELO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AGRICULTURA E DE SEGMENTOS DO TURISMO PARTICULARMENTE SENSÍVEIS AOS VALORES E ÀS EXIGÊNCIAS AMBIENTAIS, COMO DEVE SER O TURISMO DE NATUREZA E/OU ECOTURISMO.

A Rede Natura 2000 representa 13,6% do vale do Cávado com dois sítios classificados. O grande desafio à gestão das áreas protegidas é o de possibilitar o turismo sem comprometer os objectivos de conservação. A resposta dada no passado foi a interdição ou proibição, porém as mudanças de atitudes e a maior abertura dos responsáveis face ao problema levaram à adopção de mecanismos de planeamento e de regulamentação ordenada dos recursos (ex: Cartas Europeia de Turismo Sustentável e Carta de Desporto de Natureza). Uma das formas de ordenar a presença dos visitantes é através da recuperação de infra-estruturas ou da construção de equipamentos que ofereçam um local aprazível para o lazer e convívio. É o caso das “Portas do Parque Nacional”, que embora ainda em desenvolvimento, podem ser vistas numa lógica de concentração de serviços ao turista, com um efeito dissuasor da incursão pelos locais de maior importância para a conservação. A promoção do turismo nas áreas externas adjacentes ao PNPG ou ao PNLN pode ser outra forma de reduzir a pressão sobre as áreas protegidas.

O Turismo de Natureza, enquadrado legalmente em diploma específico, supõem elevados padrões de sustentabilidade ambiental associados à actividade turística, bem como um

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segmento de mercado particularmente interessado na fruição e interacção responsável com os espaços naturais e semi-naturais e com as culturas locais. É de apoiar o carácter especializado deste tipo de turismo ao nível da forte articulação com os recursos naturais e com os princípios básicos do desenvolvimento sustentável, quer em termos ambientais quer de respeito pelos modos de vida e cultura locais.

Tanto no TER como no Turismo de Natureza nota-se um défice ao nível da animação, pese ao facto de estarem em expansão empresas neste âmbito, nomeadamente em actividades inovadoras de turismo activo e de natureza. É um sector emergente que padece de instabilidade empresarial, da pequena escala e da débil integração nos circuitos da oferta turística. A aposta na qualidade e em elevados padrões de responsabilidade ambiental deve ser clara, evitando a deterioração dos recursos mas também da imagem de destinos turísticos que são únicos.

A

DEMOGRAFIA ESPECÍFICA DO

V

ALE DO

C

ÁVADO COLOCA DOIS DESAFIOS CONSTRASTANTES AO NÍVEL DA QUALIDADE DE VIDA NO MUNDO RURAL

:

COMO ATRAIR E RETER OS JOVENS E ATENDER AS NECESSIDADES DOS IDOSOS DAS FREGUESIAS MAIS PERIFÉRICAS E COMO QUALIFICAR OS ESPAÇOS DE VIDA MEDIANAMENTE URBANIZADOS E COM FORTE PRESSÃO DEMOGRÁFICA

.

Em termos globais, o Cávado é uma região com uma população muito jovem, com um índice de envelhecimento de apenas 61 (rácio entre população com 65 e mais anos e população com menos de 15 anos, dados dos Censos de 2001). Valor que sobe em Amares e Vila Verde para 75, e dá um salto para 127 no concelho interior de Terras de Bouro. Barcelos, Esposende e Braga, os concelhos mais litorais e mais urbanizados, estão abaixo da média em termos de envelhecimento demográfico.

É a saída de indivíduos jovens que mais condiciona o envelhecimento da população nos espaços rurais e a sua sustentabilidade demográfica. Uma análise territorial ao nível da freguesia permite evidenciar o padrão demográfico contrastante entre o interior e o litoral, mas também entre as freguesias urbanas e as mais periféricas de cada concelho. O interior – Terras de Bouro e a metade interior e norte dos concelhos de Vila Verde e Amares – perdeu população entre 1991-2001. Nos concelhos de Esposende, Barcelos, Braga e nas freguesias mais litorais e urbanizadas dos concelhos de Vila Verde e Amares há uma tendência de crescimento, que é muito forte nas cidades ou na sua periferia imediata. O processo de urbanização prossegue, com a expansão efectiva dos núcleos urbanos – vilas e cidades – e com um crescimento moderado mas generalizado nas áreas medianamente urbanas. Estas diferentes tendências

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territórios. Reter famílias jovens e assegurar qualidade de vida à população idosa dispersa são preocupações do interior mais montanhoso. Assegurar serviços de qualidade e processos de crescimento sustentável nos espaços medianamente urbanos é condição para superar o déficit de modernidade, de qualificações e de níveis de vida que continua a marcar os territórios não urbanos do Cávado.

Outra dimensão fundamental da qualidade de vida assenta no acesso aos recursos económicos. O índice de poder de compra concelhio permite comparar os concelhos com o valor de referência nacional (IpC= 100), sendo os dados mais recentes do Estudo do Poder de Compra Concelhio de 2004 (INE, 2004). A este nível detecta-se uma clara distinção entre o concelho mais urbano – Braga (IPC2004=98,6) – e os demais concelhos. Apenas Esposende se

destaca ligeiramente com o valor de 67,4, que desce para 59 em Barcelos, 55 em Amares, 51 em Vila Verde e 49 em Terras de Bouro. O contraste entre Braga e demais concelhos é acompanhado por uma tendência de diminuição do poder de compra do litoral para o interior. Deste ponto de vista todos os concelhos, excepto Braga, manifestam debilidades importantes. Os dados demográficos e económicos analisados reflectem a existência de duas ruralidades: uma transformada, jovem, em parte urbanizada, mas a que ainda falta dar um salto qualitativo e quantitativo em direcção à modernidade e à qualidade de vida; outra com problemas de envelhecimento e despovoamento que também enfrenta difíceis problemas económicos, associados a um enorme défice de oportunidades de emprego atractivo para os mais jovens. O problema do envelhecimento demográfico é premente e tenderá a agravar-se. O atendimento à população idosa constitui um tema particular que exige soluções especializadas. A retenção da população jovem, fulcral para o interior rural, é outro problema a enfrentar. Para além da diversificação económica há um conjunto de oportunidades e serviços necessários e exigidos pela população e famílias jovens que não devem ser esquecidos. Nomeadamente o acesso à habitação, aos serviços de proximidade e as valências no âmbito dos cuidados e serviços educativos para crianças e jovens.

O desafio da criação de empregos atractivos para os jovens generaliza-se a todo o território rural e medianamente urbanizado. Do ponto de vista das medidas promotoras do desenvolvimento rural e da diversificação económica a sustentabilidade económica dos investimentos e das iniciativas a apoiar é fulcral. Tal como o é a sustentabilidade social, isto é, a motivação, a disponibilidade e a capacidade dos actores locais para dar continuidade às actividades, mesmo que promovidas por iniciativas exógenas. Estas duas vertentes de sustentabilidade, para além da ambiental, devem ser tomadas em conta na promoção do desenvolvimento rural. Ou seja, há que contrariar as debilidades associadas à dispersão e à pequena escala, que reproduzem os problemas de partida, bem como aquelas que derivam dos

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défices de qualificação e de iniciativa dos actores locais. Exigem-se postura inovadoras na intervenção em meio rural, mais participação das populações na concepção e desenvolvimento dos projectos e maior capacidade de mobilização e coordenação das empresas e instituições locais e/ou exógenas. Exige-se também formação direccionada articulada com as orientações estratégicas e necessidades existentes, bem como a promoção de amplos debates públicos em torno de estratégias e projectos de desenvolvimento.

3. Propostas preliminares de estratégia e acção

O principal objectivo deste ponto é propor algumas apostas de acção à escala regional, passíveis de ser protagonizadas pela AMVC ou pelas autarquias, tendo em conta o actual conhecimento em termos do FEADER e do PNEDR e o diagnóstico realizado.

AGRICULTURA

Do ponto de vista agrícola o vale do Cávado divide-se em dois espaços muito distintos: um espaço mais litoral, com predomínio de solos de várzea, e com uma agricultura intensiva centrada na pecuária -leite e na horticultura. No interior, mais montanhoso, as produções extensivas de carne e a policultura tradicional dominam. São de referir algumas áreas de especialização em vinha e pomares dispersas pela região. Estes dois espaços configuram problemas diferenciados que têm vindo a configurar respostas também elas distintas por parte dos produtores e suas organizações: no litoral a especialização e a intensificação ao nível das explorações agrícolas e a integração ao nível do processamento/comercialização dos produtos chave: leite e hortícolas. No interior a aposta na qualidade por via da certificação ligada à origem territorial (DOP, IGP) ou ao modo de produção (Agricultura Biológica). Estas especializações produtivas, a par dos processos de reconversão para modos de produção mais sustentáveis e compatíveis com as exigências ambientais e de qualidade e segurança alimentar, dão conta de um sector que não tem estado parado face aos desafios da competitividade. O futuro deve construir-se apoiando as dinâmicas em curso, mas promovendo limiares qualitativos e quantitativos mais elevados.

A baixa valorização dos produtos agro-alimentares ao nível dos produtores agrícolas é, porventura, o principal problema da agricultura do Cávado na sua vertente produtiva. Em parte ligada à elevada competitividade no domínio agro-alimentar no mercado global. Os problemas da pequena dimensão prevalecem, condicionando o investimento sectorial em inovação, em promoção e limitando a capacidade dos produtores agrícolas e das suas organizações para negociar os preços e as condições contratuais de venda.

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Um projecto abrangente para a agricultura

A escala regional pode contribuir muito para promover dinâmicas de valorização dos produtos agrícolas, e a AMVC pode constituir-se num agente dinamizador central dessas dinâmicas. Mais do que investimentos materiais, o principal desafio está na mobilização e integração dos diversos actores numa estratégia de valorização coerente e participada, assente numa lógica territorial e abrangendo fileiras seleccionadas, desde a produção ao consumidor final. Uma estratégia que possa promover sinergias positivas nos investimentos parciais que se venham a produzir no âmbito do FEADER 2007-2013.

A promoção, à escala do Cávado, de um cabaz seleccionado de produtos regionais, vinculada a padrões elevados de qualidade e segurança alimentar, pode constituir-se num factor aglutinador de vontades. A definição da estratégia concreta de valorização, incluindo a criação das condições de participação activa e eficiente dos diversos actores sectoriais, implica um estudo prévio de definição de estratégia para a valorização dos produtos agrícolas regionais, com envolvimento precoce dos actores mais representativos. A colocação em prática de uma efectiva metodologia participativa é, por si, um processo inovador e um desafio importante, necessário e oportuno.

Paralelamente afiguram-se importantes as seguintes linhas de acção:

(1) investir na qualidade e segurança alimentar e na visibilidade dos resultados alcançados ao nível dos cidadãos/consumidores, com dados objectivos e rigorosos. Promoção de uma rápida generalização do modo de produção integrada e a expansão da agricultura biológica. Criação de condições para que a qualidade acrescida seja visível e valorizada no mercado, preferencialmente mantendo-se referência à origem territorial «Cávado». Um sistema de monitorização da segurança e qualidade dos produtos poderia ser uma mais valia, desde que rigoroso e envolvendo diferentes actores sectoriais;

(2) investir na inovação e na capacidade de retenção de valor por parte dos produtores regionais, fomentando a concepção a implementação de novas soluções na transformação e processamento dos produtos agrícolas.

(3) Promover soluções eficientes e de baixo custo para a questão dos efluentes orgânicos das explorações pecuárias. Preferencialmente encontrar soluções de valorização dos resíduos agrícolas.

(4) Articular a produção agrícola com o turismo, nível dos produtos regionais de qualidade, da paisagem e da cultura rural. Favorecer a consolidação e a expansão de sinergias positivas entre os dois sectores, tornando-a estrutural e eficaz.

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FLORESTAS

Ao nível das florestas a pequena dimensão das propriedades, e o fraco investimento dos produtores na manutenção e valorização dos povoamentos, condiciona um quadro de elevado risco de incêndio e de baixos rendimentos florestais, numa região que tem um elevado potencial de produção lenhosa. Os custos e os riscos associados aos incêndios florestais crescem em função das dificuldades inerentes à amálgama entre áreas edificadas e áreas florestadas. As principais dinâmicas ligadas ao sector são: o processo de constituição das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), a implementação dos Centros de Biomassa e um quadro político que condiciona os apoios e incentivos a uma efectiva integração da gestão de áreas mínimas em torno dos 1000 hectares. A profissionalização da gestão, o êxito na integração funcional e de gestão e no processo de valorização dos resíduos florestais são pontos-chave deste sector, na sua vertente de produção. Na vertente recreativa a adaptação funcional acresce-se à necessidade de integração da gestão.

Principais linhas de acção:

(1) dinamização e apoio ao processo de constituição das ZIFs;

(2) promoção da valorização dos resíduos florestais, facilitando articulação entre centrais de biomassa e produtores florestais;

(3) concepção de soluções sustentáveis de valorização das florestas para fins recreativos e turísticos, nomeadamente ao nível da articulação entre interesses privados e públicos e adaptação funcional;

(4) protecção e ampliação das áreas florestais com elevado valor ecológico, nomeadamente as de caducifólias autóctones – carvalhais/soutos e vegetação das zonas ribeirinhas.

TURISMO, LAZER E AMBIENTE EM MEIO RURAL

A função recreativa e ambiental dos espaços rurais é uma aposta de futuro, quer nas áreas rurais mais periféricas, onde pode ser fulcral para a diversificação económica, quer nas medianamente urbanizadas, onde constitui uma forma de valorizar e preservar valências rurais ameaçadas pela pressão urbanística e produtiva. O Cávado rural tem um potencial turístico que tem vindo a ser reconhecido e valorizado pelos actores locais, incluindo as autarquias. Nos espaços medianamente urbanizados a densidade populacional característica do Cávado condiciona as valências rurais, principalmente quando em competição com regiões menos urbanizadas a norte e no interior. Mas a dimensão da população urbana regional constitui uma oportunidade, na medida em que é cliente potencial do meio rural e dos seus produtos. No Alto Cávado o turismo rural tem já uma dinâmica consolidada, assente

(16)

endógeno, associada à ainda pequena escala e dispersão das actividades, condiciona a sustentabilidade económica e social do sector.

A aposta na articulação entre o urbano e o rural pode constituir uma estratégia de diferenciação face a outras regiões. Essa aposta passa pela valorização das áreas rurais para fins recreativos adaptados à procura urbana regional, e complementarmente favoráveis ao turismo. O desafio está em proporcionar a emergência de áreas rurais de lazer com uma densidade crítica de actividades e atractivos, contrariando a actual tendência para a dispersão e pequena escala dos investimentos. Essa densidade crítica aplica-se também ao Alto Cávado, em termos turísticos, sendo crítico alcançar limiares mínimos de actividade e rentabilidade turística para elevar os rendimentos e possibilitar a criação de emprego. A qualidade e a segmentação do mercado – concentrando-se no Turismo de Natureza e Turismo Ecológico – poderá ser uma estratégia a seguir. Assim emergem duas possíveis áreas prioritárias:

(1) a criação de pólos rurais recreativos para um público urbano, nas áreas medianamente urbanizadas e próximas das cidades e acessibilidades. Um dos principais desafios a este nível passa pela capacidade de mobilização dos principais gestores do território – os agricultores e os proprietários florestais – para a adaptação funcional das áreas verdes a essas funcionalidades, criando áreas atractivas em que se integrem várias ofertas e actividades de modo harmonioso. A concepção e implementação de soluções sustentáveis são fulcrais, sendo aí que se afiguram importantes as metodologias participativas. A falta de know-how e de tradição nestas metodologias, bem como em modos de articulação dos interesses privados com o bem público, justifica a elaboração de projectos-piloto neste sentido. As margens do Cávado e Homem têm espaços passíveis de integrar estes projectos.

(2) a consolidação do Alto Cávado como pólo turístico, integrando as ofertas turísticas das zonas montanhosas e de meia encosta dos concelhos de Vila Verde e Amares e o concelho de Terras de Bouro (e possivelmente Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho?). É importante dar um salto qualitativo e quantitativo na oferta turística aí existente, o que beneficiaria amplamente da elaboração de um Plano de Desenvolvimento Turístico, para o curto, médio e longo prazo, em que se conjugassem uma equipa técnica especializada com um processo participado de diagnóstico e planeamento. Justifica-se, por razões de coesão económica e social, uma densidade elevada de investimentos materiais e imateriais neste sub -espaço do Cávado. Esta possível unidade turística «Alto Cávado» pode contribuir positivamente para a gestão da pressão turística sobre o PNPG,

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pressupondo uma forte articulação com um plano de desenvolvimento para esta área protegida e com os objectivos de conservação ambiental.

Paralelamente são importantes:

(3) a valorização turística e para fins recreativos das áreas rurais do litoral, na contiguidade do Parque Natural do Litoral Norte; nomeadamente a bacia hortícola.

(4) a valorização do artesanato, gerando um salto qualitativo ao nível dos pólos de venda e na articulação entre o artesanato e o turismo. A promoção e a construção de uma imagem comum ao nível regional (Cávado), ou mesmo supra -regional (Minho) podem revelar-se interessantes por permitirem economias de escala num sector em que a produção se manterá, por natureza, na escala micro.

(5) a dinamização e o apoio ao sector emergente de animação turística em meio rural e uma maior e mais contínua articulação entre a oferta cultural e de animação urbana e a rural. (6) a promoção conjunta das ofertas turísticas do Cávado, nomeadamente na internet,

harmonizando e integrando a promoção efectuada pelas diferentes autarquias. Essa promoção pode também passar por um esforço para aumentar a visibilidade dos diferentes espaços do Cávado ao nível internacional, nomeadamente promovendo a sua inclusão nos guias especializados em língua estrangeira.

QUALIDADE DE VIDA EM MEIO RURAL

São ainda muito fortes no Cávado as clivagens rural -urbano em termos dos vários indicadores de desenvolvimento económico e social, nomeadamente ao nível do poder de compra, das qualificações e da competitividade. A promoção do desenvolvimento rural tem de passar por dois temas centrais e um tema específico:

(1) apostar num salto quantitativo e qualitativo nas actividades económicas desenvolvidas em meio rural, contrariando os obstáculos associados à pequena escala e à dispersão. Os investimentos realizados – materiais e imateriais – devem apostar em criar dimensão, promovendo a cooperação e as sinergias entre os diversos actores de cada sector e entre sectores. A AMVC pode desempenhar um papel importante na mobilização e na coordenação dos diversos actores em torno a estratégias de desenvolvimento partilhadas e coerentes.

(2) criar condições atractivas para que indivíduos e famílias de estratos sócio-económicos mais elevados possam optar por residir nos espaços rurais, aproveitando a crescente valorização da ruralidade enquanto espaço para viver. Condições que supõem serviços colectivos de qualidade, nomeadamente na educação e cuidados às crianças, na saúde e

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transportes, e na gestão ambiental. Essas condições passarão, necessariamente, por uma estratégia de maior acessibilidade a pólos de serviços estrategicamente localizados, dinâmicos e bem dotados de comércio e áreas públicas, em parte coincidentes com a actual rede urbana.

(3) Assegurar serviços especializados para a população idosa residente em áreas rurais mais periféricas e isoladas.

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4. MATRIZ PRELIMINAR DE INTERVENÇÕES NA ÁREA DO DESENVOLVIMENTO RURAL - AGRICULTURA E FLORESTAS (1)

OBJECTIVOS PRIORITÁRIOS LINHAS DE INTERVENÇÃO Tipologias de Intervenção PÚBLICOS-ALVO FINANCIAMENTO FONTEDE PROMOTOR/ PARCEIROS Promoção debate regional envolvendo actores do sector em

torno do tema Agricultura e Florestas no Vale do Cávado 2007-2013

Formação a dirigentes e técnicos direccionada a técnicas e instrumentos de trabalho em parceria e metodologias

participativas Mobilização dos actores

regionais para uma estratégia de valorização dos produtos agrícolas e florestais regionais

Criação de uma REDE AGRORURAL do CÀVADO - plataforma de discussão, de cooperação e de circulação de

informação

Produtores Agrícolas e Florestais, Associações de

produtores, Cooperativas, Empresas Agrícolas e Agro-Alimentares, Instituições públicas e Instituições I&D

sectoriais

FEADER / PO

AMVC / IDARN, DRA, COOPs e associações mais representativas do sector / instituições I&D

Selecção de um cabaz de produtos com interesse regional prioritários

Análise e Detecção de Investimentos prioritários nas fileiras seleccionadas. Constituição de uma carteira de projectos. Promoção da articulação com o turismo e gastronomia Concepção e implementação

de uma estratégia de valorização dos produtos

agrícolas e florestais participada, à escala regional

e com base identidade

territorial «Cávado» Estratégia de Marketing regional para cabaz «Cávado Agrícola»

Produtores Agrícolas/ Organizações do sector /

Empresas Regionais de Hotelaria, Restauração e

Comércio

FEADER AMVC / CMs / OPs / instituições I&D / ADLocal

Apoio à conversão da Agricultura Convencional para o Modo de Produção Integrada

Apoio à expansão e consolidação da Agricultura Biológica na região – consolidação produção e circuitos comercialização Promoção da Qualidade e

Segurança Alimentar dos produtos agrícolas regionais

(*) Apoio aos Produtos Agrícolas de Qualidade – IGP, DOPs – consolidação produção e circuitos comercialização

Produtores Agrícolas/

Organizações sectoriais FEADER

AMVC / CMs / OPs / instituições I&D / ADLocal / ONGs consumidores / ambientalistas

Projectos I&D para concepção produtos agro-alimentares inovadores com base nos produtos agrícolas regionais

Apoio à Valorização Comercial dos Vinhos Verdes VALORIZAÇÃO DOS

PRODUTOS AGRÍCOLAS E FLORESTAIS

REGIONAIS DO CÁVADO

Inovação e Diferenciação dos Produtos Agro-alimentares (*)

Apoio à instalação de unidades agro-industriais de produtos regionais de qualidade

Empreendedores/ Produtores Agrícolas e Organizações do

Sector

FEADER / PO AMVC / I&D / ADLocal / Ops

(20)

MATRIZ PRELIMINAR DE INTERVENÇÕES NA ÁREA DO DESENVOLVIMENTO RURAL

- AGRICULTURA E FLORESTAS (2)

OBJECTIVOS PRIORITÁRIOS LINHAS DE INTERVENÇÃO Tipologias de Intervenção PÚBLICOS-ALVO FINANCIAMENTO FONTEDE PROMOTOR/ PARCEIROS Definição de Zonas Livres de Transgénicos

Levantamento e diagnóstico de estado dos Recursos Genéticos Regionais

Preservação Recursos Genéticos – Variedades Vegetais, Raças Autóctones

e Espécies Florestais Autóctones

Elaboração de um plano de preservação e valorização dos recursos genéticos ameaçados

Produtores Agrícolas FEADER

AMVC/ ONGs

consumidores e ambientalistas / DRA / OPs / I&D

Concepção de estruturas colectivas de retenção e tratamento Adopção de soluções

integradas para a gestão dos efluentes orgânicos da

pecuária intensiva

Adopção de soluções sustentáveis de valorização

Empresários Pecuária-Leite e suas organizações

FEADER

AMVC em parceria com CMs da bacia leiteira / DRA / OPs / ESAPL Integração funcional e de

gestão das propriedades florestais

Apoio à criação e à dinamização das ZIFs; constituição de fóruns de cooperação e partilha informação entre técnicos

florestais das ZIFs, associações e autarquias Redução do risco de

incêndio

Apoio à articulação entre produtores florestais e centrais de biomassa

AMVC/Associações e outras organizações produtores florestais / CMs

Protecção e/ou Expansão das áreas florestais de elevado valor ecológico

Diversificação do uso

económico das florestas Projectos-piloto de soluções de conversão e gestão de áreas florestais para actividades de recreio e lazer (articulação

interesses dos proprietários com interesse público)

Produtores Florestais / Associações de produtores florestais FEADER AMVC/Associações e outras organizações produtores florestais / Empresários animação turística

Apoio Projectos de I&D aplicados com aposta numa ampla disseminação dos resultados

Instituições I&D / CMs Elaboração e divulgação de Códigos de Boas práticas nos

sistemas agro-florestais adaptados à região

Produtores Agrícolas e Florestais Elaboração materiais de divulgação para o grande público /

turistas População regional / turistas PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DAS ACTIVIDADES AGRÍCOLAS E FLORESTAIS REGIONAIS Promoção do conhecimento das interdependências entre os Sistemas Agro-Florestais, o Ambiente e a Paisagem no

Vale do Cávado Experiências piloto de formas de compensação dos agricultores e proprietários florestais por serviços ambientais e

paisagísticos relevantes

Produtores agrícolas e florestais

LIFE / FEADER AMVC / UM / ESAPL / Associações e cooperativas produtores

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MATRIZ PRELIMINAR DE INTERVENÇÕES NA ÁREA DO DESENVOLVIMENTO RURAL: TURISMO E RECREIO EM ESPAÇO RURAL (3)

OBJECTIVOS PRIORITÁRIOS LINHAS DE INTERVENÇÃO Tipologias de Intervenção PÚBLICOS-ALVO FINANCIAMENTO FONTEDE PARCEIROS

Mobilização dos actores para estratégias integradas

de desenvolvimento do turismo rural no vale do

Cávado

Criação de uma rede de Turismo Rural / Natureza no Vale do Cávado: plataforma de discussão, de cooperação e de

circulação de informação Empresários turismo rurais e natureza / organizações e associações sectoriais e outras territoriais FEADER ADLocal / Associações e organizações empresários turismo rural

e não rural/CMs Aquisição de escala e

densidade crítica no Turismo Rural e de Natureza nas Áreas de

Montanha

Plano de Desenvolvimento Turístico do Alto Cávado – plano integrado de desenvolvimento do turismo de natureza e saúde

nos territórios do Alto Cávado.

Comunidades do Alto Cávado FEADER AMVC + CMs Alto Cávado / ADLocal / Organizações e Associações turismo, agricultores, comércio, artesanato Valorização e protecção

recursos rurais nas áreas sujeitas a pressão urbana

Criação de uma Rede de Espaços Rurais de Lazer / Parques multifuncionais, estrategicamente localizados e complementares: nas margens do Cávado, litoral Esposende,

outras localizações

População regional /

proprietários rurais FEADER Concepção de pontos de venda inovadores para o artesanato

regional - aposta na criatividade / inovação/localização. Divulgação Resultados.

Valorização dos produtos artesanais regionais – economias de escala e inovação na comercialização

Dinamização e divulgação de um ponto de venda inovador «Loja-Piloto» para produtos artesanais regionais: aposta na integração artesãos / efeito de demonstração

Artesãos / Comerciantes FEADER / PO AMVC / organizações de artesãos e do comercio/ ADLocal/ I&D Promoção da Sustentabilidade económica e social das actividades turísticas, artesanais e de animação em meio rural

Promoção Turística ao nível regional

Integração recursos e meios das CMs para elaboração de suportes de promoção turística à escala regional – portal

internet / guias turísticos, etc...

CMs e empresários do

turismo PO

AMCV / CMs / Regiões Turismo Qualificação dos recursos

humanos directa ou indirectamente envolvidos em actividades turísticas em espaço rural

Formação em Turismo Ecológico e de Natureza para Agricultores, proprietários florestais, empresários e trabalhadores da restauração, hotelaria, artesanato e animação rural

Sensibilização e formação para Boas Práticas ambientais no âmbito das actividades económicas

Promoção da

Sustentabilidade Ambiental das actividades turísticas, artesanais e de animação em meio rural Melhorar substantivamente / dar visibilidade à sustentabilidade ambiental das actividades económicas em meio rural

Apoio à certificação empresas no âmbito das boas práticas ambientais (Rótulo Ecológico da UE, EMAS,...)

Empresários e trabalhadores de empresas em meio rural

FEADER / PO

ADLocal / AMVC / Regiões Turismo / associações sectoriais

(22)

MATRIZ PRELIMINAR DE INTERVENÇÕES NA ÁREA TEMÁTICA DO DESENVOLVIMENTO RURAL: QUALIDADE DE VIDA (4)

OBJECTIVOS PRIORITÁRIOS LINHAS DE INTERVENÇÃO Tipologias de Intervenção PÚBLICOS-ALVO FINANCIAMENTO FONTEDE PARCEIROS

Assegurar qualidade de vida à população idosa das zonas rurais dispersas

Articulação entre serviços e entidades / concepção de soluções adaptadas aos contextos e necessidades

População idosa e seus

familiares FEADER / PO

ADLocal /CMs

Promoção pólos para prestação de serviços de qualidade para as famílias (creches, ATLs, saúde, educação, cultura) –

proximidade e integração local serviços + transportes Retenção e Atracção famílias

jovens zonas rurais mais

periféricas Promoção acesso a habitação de qualidade de custos controlados – pólos residenciais estratégicos

População jovem / famílias com crianças

FEADER / PO

ADLocal / CMs

Concepção e Implementação de um sistema de controlo, monitorização e divulgação do estado do ambiente e dos impactos ambientais das actividades económicas em meio

rural Qualidade de Vida nos

Espaços Rurais (outros aspectos) (**)

Controlo e monitorização da sustentabilidade dos processos de desenvolvimento no Vale do

Cávado Concepção e Implementação de um sistema de controlo, monitorização e divulgação da qualidade e segurança dos

produtos agro-alimentares regionais

População regional FEADER / PO AMVC / CMS / outras entidades administrativas / I&D /ONGs consumidores e ambientalistas / OPs (**) Todas as linhas de intervenção apresentadas procuram contribuir para a Qualidade de Vida nos espaços rurais do Vale do Cávado, tendo em conta especiais preocupações com a participação actores regionais, a viabilidade sócio-económica e com a sustentabilidade ambiental das intervenções.

Siglas utilizadas:

ADLocal – Associações de Desenvolvimento Local (ATAHCA, ADERE-PG, outras...) CMs – Câmaras Municipais

DRA – Direcção Regional de Agricultura

IDARN – Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Norte ONGs – Organizações não Governamentais

OPs – Organizações de Produtores

I&D – instituições de investigação e desenvolvimento com actuação nas áreas em causa (Univ. Minho, Escola Superior Agrária de Ponte de Lima – IPVC, outras) Agradecimentos: Associação de Desenvolvimento das Terras Altas do Homem, Cávado e Ave – ATAHCA, Associação de Desenvolvimento das Regiões do Parque Nacional Peneda -Gerês – ADERE-PG, Associação Florestal do Cávado, CAVAGRI – Cooperativa Agrícola do Vale do Cávado, Centro de Gestão Agrária de Barcelos; Cooperativa Agrícola de Esposende, Direcção Regional de Agricultura de Entre -Douro e Minho.

(23)

4. Alguns exemplos de projectos estruturantes

A título exemplificativo e considerando a actuação da AMVC apresentamos quatro ideias de projecto que incidem essencialmente na definição estratégica e na mobilização de actores locais e regionais chave. Julgamos que pela sua posição e natureza, a actuação da AMVC ao nível do desenvolvimento rural deve concentrar-se em poucos projectos que consigam assegurar alternativamente e/ou cumulativamente ESCALA e ELEVADO PODER DE DEMONSTRAÇÃO. Nestes projectos deverá promover-se a articulação com Instituições de Investigação e do Ensino Superior com intervenção nestes sectores e na região – como a Universidade do Minho e a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, para além de outras instituições. A densidade de know-how e o rigor técnico aplicado deverão ir a par com um teste efectivo do interesse das iniciativas, medido pela adesão e capacidade de mobilização de empresas e empresários, instituições e associações, até aos públicos -alvo – consumidores, agricultores, artesãos, produtores florestais e suas associações, proprietários de TER, etc.

PROJECTO 1 – ESTRATÉGIA REGIONAL DE VALORIZAÇÃO DOS PRODUTOS

AGRÍCOLAS E FLORESTAIS DO VALE DO CÁVADO

• Escala regional de investimento – estudo / concepção / posterior intervenção na promoção e dinamização.

• Criação de uma Rede «agrícola» ou «agro-florestal» em torno da identidade regional / Valorização imagem «Cávado» / Articulação com o Turismo

• Mobilização actores para um plano coerente e partilhado de intervenções chave em fileiras agrícolas e florestais seleccionadas – da produção ao consumidor final – QUALIDADE. • Aposta clara na Qualidade e Segurança Alimentar e numa Agricultura e Florestas

Sustentáveis – processos de reconversão dos modos de produção e adopção de soluções inovadoras nestes campos.

PROJECTO 2 – CÁVADO VERDE: ESTRATÉGIAS DE VALORIZAÇÃO DAS

FUNÇÕES RECREATIVAS E AMBIENTAIS DOS ESPAÇOS RURAIS DO CÁVADO

• Criação/ ampliação da rede de áreas rurais adaptadas funções recreativas / animação turística – aposta na selectividade e na densidade de investimentos nos locais seleccionados.

• Selecção dos espaços – recurso a SIG e a técnicas avançadas de análise. Selecção em função de critérios que conjuguem o potencial de atracção, o interesse em termos de

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conservação ambiental e paisagística e o potencial de conectividade/crescimento estratégico das diferentes áreas da rede.

• Articulação à escala regional de projectos de animação turística em espaço rural – localização estratégica e complementaridade de investimentos (ex: campo de golfe; ecopistas, parque temático.

• Soluções inovadoras de compatibilização interesses privados (agricultores e proprietários florestais) com interesse público – projectos-piloto com soluções de mobilização e de gestão alternativas.

• Sustentabilidade investimentos / adesão dos gestores dos territórios – assegurar um processo participado de concepção e implementação; assegurar escala através de sinergias de iniciativas e investimentos de diferentes promotores privados e públicos.

PROJECTO 3. ALTO CÁVADO: PROJECTO DE VALORIZAÇÃO TURÍSTICA

(TERRAS DE BOURO, VILA VERDE E AMARES)

• Elaboração de um plano de valorização turística integrado para o Alto Cávado (Terras de Bouro (PNPG e fora); Encostas de Mixões da Serra, Caldelas, Santa Maria de Bouro,...); • Apostar no segmento de Turismo de Natureza e Ecológico, e na componente de Saúde

(termalismo).

• Assegurar processo participado de definição estratégica e planeamento para o curto, médio e longo prazo - adesão privados / instituições / população.

• Criação de unidade paisagística, simbólica e material do «Alto Cávado» - para turistas / identidade local.

• Promover densidade e coerência de investimentos / continuidade nas acções de dinamização – objectivos de coesão económica e social.

PROJECTO 4. INOVAÇÃO NA VENDA DE ARTESANATO «MINHO»

• Escala «Minho» – integração artesãos / + escala na comercialização

• Concepção de um modelo inovador e atractivo de ponto de venda artesanal - «loja» - (arquitectura, decoração, organização, design, estratégia de animação, etc...);

• Ponto de venda «piloto» – efeito de demonstração

• Estudo de viabilidade para «rede de lojas de artesanato do Minho» (pólos turísticos regionais, aeroportos internacionais, fora do país/emigrantes).

Referências

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