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Influência das avós na escolha do tipo de parto

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Academic year: 2017

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M

Pró-Reitoria de Pós-Graduação Strictu Sensu em Gerontologia

MESTRADO

Influência das Avós na Escolha do Tipo de Parto

Autora: Lídia Câmara Peres

Orientadora Profª Dra: Alessandra da Rocha Arrais

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2

LÍDIA CÂMARA PERES

Influência das Avós na Escolha do Tipo de Parto

Dissertação apresentada ao

Programa de Mestrado em

Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Gerontologia.

Orientadora: Profª Dra Alessandra da Rocha Arrais

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12,5 cm

7,5 cm 7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB 08/02/2013

P437i Peres, Lídia Câmara.

Influência das avós na escolha do tipo de parto. / Lídia Câmara Peres – 2012.

89f. : il.; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2012. Orientação: Prof. Dra. Alessandra da Rocha Arrais

1. Avós e netos. 2. Relações entre gerações. 3. Gerontologia. 4. Parto (Obstetrícia). 5. Gravidez – Aspectos psicológicos. I. Arrais, Alessandra da Rocha, orient. II. Título.

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Dissertação de autoria de Lídia Câmara Peres, intitulada: “INFLUÊNCIA

DAS AVÓS NA ESCOLHA DO TIPO DE PARTO”, apresentada como requisito

parcial para obtenção do título de mestre em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, em 13/12/2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

____________________________________________________

Profª Dra Alessandra da Rocha Arrais Orientadora

_____________________________________________________

Profª Dra Cristina Rivalta Fleites Examinadora Externa

_____________________________________________________

Profº Dr Adriano Bueno Tavares Examinador Interno

_____________________________________________________

Profª Dra Carmem Jansen Cárdenas Examinadora Interna

Brasília

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Ao meu esposo Manoel Augusto, meus filhos: Matheus e João Victor, meus pais Arnaldo e Tereza e minhas irmãs

Lidiane, Bruna e Bianca por terem sempre me acompanhado

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5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha orientadora professora Dra Alessandra Arrais por todo carinho e dedicação ao longo destes 02 anos que trabalhamos juntas nesta dissertação em meio a tantas dificuldades e adversidades.

Agradeço a minha família por sempre estarem do meu lado em toda a minha longa jornada me apoiando e me dando forças para não desitir.

Agradeço a minha amiga Dra Cristina Rivalta por ter feito parte de mais este momento tão especial para mim.

Agradeço a todos os professores do curso de mestrado em gerontologia da Universidade Católica de Brasília por compartilharem seus imensos conhecimentos com tanta dedicação e paciência. Em especial o professor Dr Adriano por fazer parte tanto da minha qualificação quanto da minha defesa e a professora Dra Carmem por fazer parte deste momento tão especial e por me fazer despertar para uma nova maneira de tratar meus pacientes.

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“Para mudar o mundo é

preciso primeiro mudar a

forma de nascer”.

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7 RESUMO

PERES, Lídia Câmara. Influência das avós na escolha do tipo de parto, 2012. Mestrado em Gerontologia – Universidade Católica de Brasília, 2012.

Introdução: As avós participam ativamente do processo de criação tanto dos filhos quanto dos netos, onde exercem um poder de forte influência sobre as condutas tomadas pela filha/nora, mas questionamos se este poder de influenciar também ocorre no trabalho de parto e parto das filhas/noras.

Objetivo Geral: Verificar a influência das avós na escolha do tipo de parto de suas filhas/noras. Objetivos Específicos: Identificar qual o tipo de parto mais desejado pelas parturientes e pelas avós; verificar se as parturientes são influenciadas por suas mães na escolha do tipo de parto; comparar os desejos das avós com os desejos da parturiente. Método: Trata-se de pesquisa quantitativa, onde foram aplicados questionários fechados em uma amostra de 80 mulheres (40 puérperas e 40 avós), realizada em um hospital público do DF. Os resultados foram submetidos à análise estatística simples, e apresentados em forma de tabelas e gráficos. Resultados: 62,5% das puérperas disseram ter uma boa interação com a mãe/sogra na escolha do tipo de parto, mas as avós apesar de manifestarem sua opinião, não influenciam na decisão da filha quanto à escolha do tipo de parto. Conclusão: As avós dizem não influenciarem na escolha do tipo de parto, assim como as filhas/noras não percebem sua influencia, porém os desejos das filhas/noras e avós são os mesmos, ambas desejam parto normal.

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8 ABSTRACT

PERES, Lídia Câmara. Influence of grandparents in selecting the type of delivery, 2012. Masters in Gerontology - Catholic University of Brasília, 2012.

Introduction: The grandparents actively participate in the process of care of both the children as their grandchildren, which exert a strong influence on power behaviors taken by the daughter / daughter in law, but we question whether this power to influence also occurs during labor and birth of daughters / wives. General Objective: To investigate the influence of grandparents in the choice of delivery of their daughters / wives. Specific Objectives: To identify which type of delivery desired by most mothers and grandmothers by checking whether the mothers are influenced by their mothers to choose the type of delivery; compare the desires of grandparents with the wishes of the mother. Method: This is a quantitative research where questionnaires were administered to a sample of 80 women (40 mothers and 40 grandmothers), held in a public hospital in the District. The results were subjected to statistical analysis simple and presented in tables and graphs. Results: 62.5% of the women said they had a good interaction with the mother / mother in choosing the type of delivery, but the grandmothers despite exhibiting his opinion, not influenced decisions regarding her daughter's choice of mode of delivery. Conclusion: The study is significant for enhancing women's autonomy in choosing the type of delivery, whether by influence of grandparents or by his own decision, but this is at least consulted about what they want to happen in yourdelivery.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Caracterização das puérperas e suas mães/sogras 49

Tabela 2- Gestação e pré-natal de puérperas 51

Tabela 3- Vivência do parto 56

Tabela 4- Satisfação com o parto realizado 61

Tabela 5- 64

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Tipo de parto que as puérperas gostariam de ter tido 54

Gráfico 2- Influencia da mãe na escolha do tipo de parto 56

Gráfico 3- Avós que influenciaram filhas/noras quanto ao tipo de parto 69

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11 SUMÁRIO

1- APROXIMAÇÃO COM O TEMA...14

2- INTRODUÇÃO...16

3- REVISÃO DE LITERATURA...18

CAPÍTULO I 3.1- GÊNERO X MATERNIDADE...18

3.2- AVOSIDADE: SER AVÓ NA ATUAL SOCIEDADE...21

3.3- ASPECTOS PSICOLÓGICOS QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DO TIPO DE PARTO...26

CAPÍTULO II 4.1- ESCOLHA DO TIPO DE PARTO...33

4.2- AUTONOMIA DA MULHER NA ESCOLHA DO TIPO DE PARTO...33

4.3- TIPOS DE PARTO...35

4.4- POSIÇÕES PARA O PARTO VAGINAL...37

4.5- MECANISMO/ TRABALHO DE PARTO...39

5- OBJETIVO...44

5.1- OBJETIVO GERAL...44

5.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS...44

6- MÉTODO......45

6.1- TIPO DE ESTUDO...45

6.2- ÁREA DE TRABALHO...45

6.3- POPULAÇÃO DE ESTUDO...45

6.4- INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS...45

6.5- PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS...46

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7- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS...48

7.1- Questionário puérperas...50

7.1.1- Gestação e pré-natal...50

7.1.2- Vivencia do parto... 7.2- Questionários avós...63

7.2.1- Gestações e partos das avós...63

7.2.2- Desejos das avós quanto ao parto de suas filhas/noras ...65

8- CONSIDERAÇÕES FINAIS...71

REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO...76

APENDICE 01...83

APENDICE 02...86

APENDICE 03...88

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13 1. APROXIMAÇÃO COM O TEMA

Sou Lídia Câmara Peres, enfermeira graduada pela União Educacional do Planalto Central - UNIPLAC no ano de 2007, enfermeira do trabalho e enfermeira obstetra.

Sou professora e supervisora de estágio em duas instituições de ensino superior, a Faculdades Integradas do Planalto Central - FACIPLAC, onde já trabalho há cerca de 4 anos e a Universidade Católica de Brasília – UCB, onde trabalho há 2 anos.

Em ambas as instituições trabalho com saúde da mulher e neonato, tanto na parte teórica quanto na prática de atividades hospitalares.

Devido a essa vivência em diversos hospitais, em clínicas destinadas à saúde da mulher e neonato (centro obstétrico, maternidade e centro de saúde), percebi que as mulheres chegam aos hospitais em trabalho de parto acuadas e reprimidas, tanto por seus familiares quanto pela equipe de saúde.

Desde sua internação, tudo lhe é tirado, suas roupas, seus pertences, objetos pessoais. Dali em diante ela fica sozinha, isolada de seus parentes e de qualquer chance de manifestar algum tipo de desejo.

A parturiente não pode manifestar nenhum desejo, nem mesmo sugerir um ou outro tipo de parto, opção que nem a mesma tem ideia porque nada lhe é falado sobre o momento do parto, ela não é capacitada para decidir sozinha quanto ao tipo de parto a ser realizado. A equipe de saúde impõe qual o melhor tipo de parto para ela, bem como sua mãe que julga determinado tipo de parto ser o melhor para a filha, jogando na filha suas vivências e frustrações. Ela é a grande sábia, já teve outros filhos, já passou por este momento, daí se acha

capaz de “decidir” o que é melhor para sua filha.

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mãe, torna-se vulnerável porque desconhece todo este universo que ainda lhe é estranho.

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15 2. INTRODUÇÃO

Com o período moderno da obstetrícia, modificou-se o atendimento ao estado de gestação e ato de parir, que são fenômenos naturais e fisiológicos, estes foram transformados em um processo patológico e medicalizado, alterando sua essência original de evento existencial para mãe e filho em acontecimento social (OLIVEIRA, 2002).

O parto antes momento fisiológico e familiar, passa a ser processo complexo, de hospitalização e internação. Passa a sofrer intervenções, que nem sempre são as desejadas pela parturiente, que já chega ao serviço de saúde acuada e receosa, afinal, não sabe o que de fato vai acontecer.

A humanização da assistência à parturiente inclui respeitar a individualidade da parturiente, saber ver e escutar suas necessidades e adequar a assistência segundo a cultura, às crenças e os valores das mulheres. Mesmo que as convicções pessoais da parturiente sejam muito sólidas, o seu desejo nem sempre prevalece e o uso abusivo de intervenções e tecnologia, com partos cesáreos desnecessários, tem contribuído para a desumanização da assistência ao parto. O nascimento por cesariana tornou-se tão comum e disseminado, que a possibilidade de ter um parto normal deixou de ser prática corrente em muitas maternidades, mesmo quando essa é a expectativa da parturiente. Os profissionais nem sempre estão preparados para atender a essa possibilidade, ainda que as convicções pessoais da parturiente sejam muito sólidas (RATTNER, 1997).

Humanizar a assistência ao parto é deixar a mulher participar ativamente, afinal a grande responsável pelo parto, à atriz principal desse cenário é a mulher, que deve ter direito a escolher como seu filho vai nascer. A ela devem ser dadas as informações necessárias para uma livre e esclarecida escolha da via de parto mais indicada neste momento.

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condições obstétricas, mas mesmo que sua vontade não seja realizada ela deve ser questionada sobre seu desejo.

Tornar-se avô/avó geralmente é um fato marcante na vida do indivíduo. Em algumas sociedades, conforme estudos antropológicos, este fato chega a determinar o status social dos adultos. Por exemplo, em algumas comunidades africanas as avós são chamadas de “nobres”, o que pode indicar o destaque

conferido à posição familiar (PAPALIA, OLDS, 2000).

As avós já vivenciaram partos que para elas significaram ou não um

momento traumático, portanto sabem qual a “melhor via de parto”, segundo sua

vivência prática. Comparam os possíveis tipos de parto, como não querem que suas filhas vivenciem o mesmo trauma que vivenciaram, escolhem uma via de parto que julgam mais segura e de menor sofrimento. Através de sua

“sabedoria” as avós tendem a relatar qual a melhor maneira do neto nascer, este que é um evento extremamente significante para elas, por ser o momento de ver sua própria filha/nora parir.

Justifica-se que é necessário uma maior compreensão quanto à participação das avós na escolha do tipo de parto dos seus netos devido este ser um momento de muito medo e ansiedade para as mulheres. As avós por já terem vivenciado este processo, acabam tentando participar de forma mais próxima, muitas vezes influenciando na escolha do tipo de parto, ao manifestar seu desejo frente ao processo vivenciado no parto de seus netos, às vezes até impedindo a parturiente de manifestar o seu desejo pessoal quanto à sua escolha sobre a via de parto preferida.

Este estudo tem por objetivo geral verificar a influência das avós na escolha do tipo de parto de suas filhas/netos. Por objetivos específicos,

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17 3. REVISÃO DE LITERATURA

CAPÍTULO I

3.1. GÊNERO X MATERNIDADE

Desde o início da humanidade, as crianças são educadas para agirem socialmente, desenvolvendo atividades relacionadas ao sexo: os meninos brincam de carrinho e de super heróis, as meninas brincam de casinha e de boneca. Porém esta simples brincadeira, nada mais é que a criação de um caráter social, o binarismo tende a designar os homens como responsáveis pelo sustento dos lares e as mulheres, seres submissos a eles, e responsáveis pelo zelo do lar e educação dos filhos.

Para Scott (1990) o gênero como categoria de análise, se baseia na relação entre duas proposições: gênero é um elemento constitutivo das relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, quanto uma maneira primária de significar relações de poder.

O gênero perpassa as barreiras biológicas, porque não está diretamente relacionado com a biologia. O gênero está fortemente ligado às questões culturais, onde são definidos papéis femininos e papéis masculinos, formando assim uma disputa de poder entre o masculino e feminino.

Segundo Telles (1993), ao longo da história da humanidade a sociedade tornou-se cada vez mais patriarcal, e com isso a mulher foi deixada em um segundo plano em relação ao homem, ficando restrita ao espaço doméstico, pois era uma forma segura de controlá-la. Ainda segundo o autor, uma vez que se estivesse fora desse ambiente, seus impulsos seriam incontroláveis e extremamente nocivos à ordem social vigente. A mulher era submissa ao homem, não podendo assim ter voz ativa dentro da sociedade.

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Ainda segundo o autor, esse referencial alusivo ao servilismo da mulher tornou-se constante como uma idéia natural no mundo ocidental, principalmente após o predomínio das teorias da Igreja Católica (sem entrar em méritos religiosos) que moldaram a imagem feminina através do arquétipo de Eva, a pecadora, seduzida pelo demônio e responsável pela expulsão do paraíso. Como punição deveria ser submissa ao marido e parir na dor, enquanto o homem proveria o sustento através do trabalho.

No entanto, sobre a divisão sexual do trabalho e o binarismo natureza/cultura Chorodow (1979) colocou em destaque o papel da família na produção de mulheres subordinadas e estruturadas para a maternidade. Neste processo, é de grande importância a análise do método de configuração sexual dos espaços público e privado, evidenciado por Pateman (1993) em O contrato sexual.

A autora, partindo dos teóricos contratualistas, evidencia que com o surgimento da sociedade civil e o contrato social, que configuram lugares diferenciados para os homens, os responsáveis pela criação da política enquanto espaço público, e para as mulheres, limitadas à esfera do doméstico, vinculada historicamente ao não civil e ao apolítico. Ou seja, não era considerada cidadã e não participava da política, não votava, tinham negados seus direitos sociais.

Ainda segundo a autora, à mulher cabia unicamente o cuidado da família, sendo responsável exclusivamente pela maternidade, não podendo participar da constituição civil e das tomadas de decisões na sociedade, não tinham direito ao voto.

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No Brasil, a influência do positivismo, tornou a mulher responsável por resguardar a moral e os bons costumes, e quem deveria manter as tradições familiares através da educação e formação do caráter da família.

Costa et al (2000) afirma que, a concepção moderna de igualdade entre os homens foi construída a partir da essência universal que estes possuíam, sendo donos de seus corpos e, conseqüentemente, de seus trabalhos. Nesta linha de raciocínio, a idéia de igualdade não incluía as mulheres, pois elas não detinham o controle nem de seu corpo, nem de seu trabalho: de seu corpo, porque só recentemente elas passaram a ter condições técnicas de controlar sua própria fecundidade, e de seu trabalho, porque este, historicamente, foi oficializado como um trabalho no interior da família, invisível, desvalorizado e assim, considerado improdutivo.

Para Aquino (1995) apud Costa et al, (2000), a construção de gênero foi

definida juntamente com a noção moderna de cidadania, expressando as relações de dominação dentro das famílias, onde uma hierarquia específica, de gênero, determinava as funções de cada sexo, impedindo o exercício da liberdade e igualdade de forma equivalente para homens e mulheres.

Os homens possuíam o direito à liberdade, já as mulheres só possuíam uma pseudo liberdade trancafiadas em seus lares, onde até mesmo neste tão curto espaço, a voz ativa era sempre do marido.

Segundo Butler (1998), apud Souza (2010), o conceito de gênero foi culturalmente construído, distinto do sexo, como naturalmente adquirido, formando o par sexo/gênero sobre o qual as teorias feministas primeiramente se basearam para acastelar perspectivas desnaturalizadoras sob as quais se dava no senso comum, a associação do feminino com fragilidade, e que até hoje servem para justificar preconceitos.

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sexo/gênero serviu às teorias feministas até meados da década de 1980, quando começou a ser questionado.

O gênero foi construído independente do sexo, porque o sexo é biológico natural, já o gênero é culturalmente construído, biologicamente a mulher não é inferior ao homem, são as questões culturais que colocam-na de forma inferior ao homem.

Segundo Cyrino (2009) com a chegada da modernidade e mesmo com a evolução na condição das mulheres, com a emergência de novos valores, a presença no mercado de trabalho, ainda assim, persistem, na contemporaneidade, relações hierárquicas entre os gêneros em que os homens assumem no papel social, as posições dominantes que são mais valorizadas. Daí a importância de estudos que considerem a dimensão do trabalho como categoria central de análise das relações de gênero, pois esta categoria incorpora, historicamente, relações de desigualdade e de poder assimétrico entre homens e mulheres.

Mesmo com o advento do feminismo, as mulheres que hoje ingressam no mercado de trabalho, ainda submetem-se a menores salários e cargos de menos destaque que os homens.

Portanto as mulheres segundo o gênero, são as genitoras, as responsáveis pelo cuidado com os filhos, perpassando esta função quando tornam-se avós. A avosidade é um processo ainda mais delicado devido englobar duas gerações de cuidado e amor, onde essa mãe além de se preocupar com sua filha, agora tem um neto o qual dispensará os seus cuidados e atenção.

3.2- AVOSIDADE: O SER AVÓ NA ATUAL SOCIEDADE

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vida adulta dos netos, cria-se novas modalidades vinculares de solidariedade, onde freqüentemente estes se transformam em seus cuidadores e/ou exercem uma função mediadora quando existem conflitos com a geração do meio (GOLDFARBS, 2006).

São incontáveis as modalidades de avosidade e isto depende de múltiplos fatores entre os quais se destacam: a singular estrutura psíquica desses sujeitos que viraram avós; a história familiar; o meio cultural em que o vínculo se desenvolve e do tipo de relacionamento anterior com os filhos. Porém a idade dos avós também influi grandemente. Observa-se que os mais jovens tendem a ser divertidos e participantes enquanto os mais velhos são distantes e demandam ajuda por parte dos netos (GOLDFARBS, 2006).

O gênero também tem sua influência, a função parece ser mais importante para as mulheres que para os homens; elas tendem a serem ativas e participantes, a se comprometem preferencialmente com aspectos emocionais e da saúde do neto. Os homens participam do lazer, se preocupam mais com os estudos e o trabalho. Um aspecto interessante deste tipo de vínculo é que tanto homens quanto mulheres, tendem a se relacionar mais com os netos, filhos de seus filhos favoritos (GOLDFARBS, 2006).

Os idosos podem cuidar, transmitir informações culturais resgatadas de suas memórias e conhecimentos adquiridos através da experiência. A criança, dotada de agilidade e avidez pela descoberta do novo, pode impelir o velho a movimentar-se para acompanhá-la, a revirar suas memórias e saberes para oferecer-lhe o que anseia. Diante da criança que transborda a vivacidade que lhe é própria, o velho sente-se preenchido pelo desejo de viver. Essa proximidade pode ser vista com maior facilidade na relação entre avós e netos (LOPES, 2005).

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“nobres”, o que pode indicar o destaque conferido à posição familiar (PAPALIA,

OLDS, 2000).

A ajuda dos avós no cuidado e desenvolvimento de seus netos e na execução de tarefas domésticas, bem como sua participação nas interações familiares, principalmente em momentos de transição são ressaltadas por Houndoumadi (1996).

Em nossa sociedade, avôs e avós tendem a serem figuras privilegiadas no imaginário das pessoas. São a maioria das vezes, amados e recordados com imenso carinho pelos netos. Nesse imaginário, a figura dos avós é erguida com bases nas imagens do avô que brincava com os netos, ensinava-lhes a arte da pesca, da caça, construía-lhes brinquedos, dava conselhos. À avó cabia preparar-lhes o espaço para brincar, cuidar para que pudessem estar livres de preocupações, fazer-lhes os pratos prediletos, contar-lhes estórias e histórias e muitas vezes proteger-lhes das mães quando haviam feito alguma travessura (LOPES, 2005).

Vários tabus se criam em torno do envelhecimento. Um deles é estabelecer uma sabedoria que inviabiliza a explicitação das angústias ou a necessidade de continuar se perguntando e questionando aos demais, sobre fatos que criam desconforto e dúvida com relação à maneira de proceder. O exercício da sabedoria representa o constante governo de si, forjado durante o desenvolvimento do homem através dos ideais da juventude, alicerçado com a aquisição do conhecimento, tendo seu ápice com a aceitação da transitoriedade. Sem dúvida nenhuma é o resultado do trabalho de uma vida inteira, mas a elaboração da consciência da finitude implica numa ação permanente de rever um momento anterior, ligado ao nascimento e um depois, ligado à morte (GOLDFARBS, 2006).

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O gênero sofre forte influência na avosidade, onde a mulher idosa é ativa e participante, se envolvendo com a saúde e criação dos netos. A avosidade é uma função intimamente ligada à função materna ou paterna, que possuem papel determinante na estruturação psíquica do sujeito (FREITAS et al, 2006).

As avós em geral são mais próximas de suas filhas, passando mais tempo com a família destas do que com as de seus filhos (GIBSON, MACE, 2005). Segundo estes autores, é durante o nascimento de sua prole que a mãe tende a se aproximar de sua própria mãe, e ter uma relação com emoções mais positivas. Em estudo realizado com 47 mães brasileiras primíparas, 98% contavam com uma figura feminina de apoio, sendo esta a sua própria mãe, 47% a sogra ou irmã mais velha (LOPES, COLS, 2010).

A explicação histórica e biológica para a maior proximidade das avós maternas com os netos de suas filhas seria a certeza sobre a relação genética, além da maior necessidade da mãe, em comparação com o pai, de receber apoio nos primeiros cuidados com o bebê (FRIEDMAN, COLS, 2008).

Em contraposição, as relações entre avós e seus filhos podem se tornar negativas com o nascimento dos netos, em decorrência de conflitos entre mãe e esposa (CHIAPIN, COLS, 1998). Além disso, os avós tendem a perceber mais qualidades positivas na prole das filhas e mais qualidades negativas na prole das noras (FINGERMAN, 2004).

O cuidado intergeracional se inicia quando os avós prestam cuidado à gestante e acolhem o recém-nascido (FLORES, 2008), neste momento, o apoio social desempenha papel preponderante frente às necessidades financeiras e de descanso da mãe, frente aos cuidados dispensados ao bebê e à divisão de tarefas domésticas (DESSEN, BRAZ, 2000). Este suporte é fundamental para a mãe, porque possibilita a diminuição de ocorrências de eventos estressantes (SALMELA-ARO et al, 2000).

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próprios pais ou sogros são citados como colaboradores, por oferecerem a ela o suporte na realização das tarefas domésticas e nos cuidados dispensados ao bebê (BURCHINAL et al, 1996).

Estudos confirmam a participação dos avós, que também constituem fontes importantes de suporte familiar, promovendo apoio emocional, financeiro e instrumental a mães, pais e filhos (REYNOLDS et al, 2003).

Mesmo com todo este apoio, as organizações de saúde não consideram relevante a participação dos avós na promoção da saúde materna e infantil, por acreditar que elas não promovem as práticas modernas de saúde, mantendo assim antigos e perigosos vícios (AUBEL et al, 2004).

As puérperas necessitam do suporte de suas mães após o nascimento dos filhos, mas seus conselhos podem refletir práticas culturais ultrapassadas no que se refere à amamentação (GRASSLEY, ESCHITI, 2008).

Um estudo realizado por Susin et al (2005) concluiu que as avós podem influenciar negativamente na amamentação, tanto na sua duração quanto na sua exclusividade. Por o aleitamento materno ser um processo altamente influenciado pela cultura, é preciso desenvolver estratégias de promoção dentro de um contexto cultural adequado à população-alvo.

A influência das avós na amamentação pode favorecê-la ou dificultá-la. No Texas, Estados Unidos, a avó materna foi considerada a fonte de apoio mais importante para o início da amamentação entre as mulheres de origem mexicana (BARANOWSKI, 1983).

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Em um estudo feito na África, as avós eram favoráveis à amamentação exclusiva e achavam desnecessário e nocivo à saúde da criança a suplementação com água, que, segundo elas, era recomendada pelos profissionais de saúde (ALMROTH, 2000).

Por outro lado, estudo realizado em Porto Alegre-RS, trouxe a suspeita de que as avós pudessem influenciar negativamente na duração da amamentação. Segundo esse estudo, a ausência de ajuda de um familiar em casa foi fator de proteção para a interrupção da amamentação antes dos quatro meses (GIUGLIANI, 1992).

Em Natal, Rio Grande do Norte, a prevalência de aleitamento materno exclusivo foi significativamente menor entre as crianças com avós presentes no grupo familiar quando comparadas com as de avós ausentes (ANDRADE, TADDEI, 2002).

Assim, se forma uma espécie de corrente. Se desejamos para nossos

filhos tudo aquilo que não conseguimos ser, não podemos esquecer que “tudo isso” já foi desejado antes para nós pelos nossos pais. Transmitimos de

geração a geração, um pacote de anseios e desejos marcando condutas, propondo ideais, passando responsabilidades, escrevendo histórias familiares. A função de avôs, bem ou mal sucedida, satisfatória ou conflitiva, vai depender de como tenha sido exercida a função materna ou paterna da qual se deriva (GOLDFARBS, 2006).

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3.3- ASPECTOS PSICOLÓGICOS QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DO TIPO DE PARTO

O processo de constituição da maternidade inicia-se muito antes da concepção, a partir das primeiras relações e identificações da mulher, passando pela atividade lúdica infantil, a adolescência, e o desejo de ter um filho e a gravidez propriamente dita (PICCININI et al, 2008).

A gravidez é um momento de importantes reestruturações na vida da mulher e nos papéis que esta exerce. Durante esse período ela tem que passar da condição de só filha para a de também mãe e reviver experiências anteriores, além de ter que reajustar seu relacionamento conjugal, sua situação socioeconômica e suas atividades profissionais (MALDONADO, 1997).

A grávida não tem certeza de nada. Não sabe como será sua gestação, se conseguirá ou não manter suas atividades, se necessitará de repouso, como ficará sua vida conjugal, nem como está o feto dentro do seu útero. O mesmo ocorre com relação ao parto, não sabe quando acontecerá, se irá antecipar ou atrasar, qual será a via de parto: cesárea ou vaginal, como será o concepto, necessitará de cuidados especiais ou não. E essa ambivalência dura até o puerpério, com as dúvidas e os medos inerentes a este momento. Esses sentimentos podem comprometer a vivência saudável deste período, funcionando como desencadeadores de transtornos psíquicos (BORTOLETTI et al, 2007).

Diante de todas estas mudanças e revivências psíquicas, a experiência de gestar leva a uma exacerbação da sensibilidade da mulher, o que a torna também suscetível a vários distúrbios emocionais (RAPHAEL-LEFF, 2000). Assim, a gravidez pode tanto desencadear uma crise emocional para as gestantes como inaugurar um potencial de adaptação e resolução de conflitos até então desconhecido (ARAGÃO, 2006).

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relacionamento entre os pais e o bebê. É durante a gravidez que começam a surgir tensões específicas deste momento de crise e que se abordadas nessa fase tendem a se resolver mais facilmente. Se superadas, favorecem o crescimento e a formação de uma ligação materno-filial mais saudável (SEVASTANO, NOVO, 1981).

Os temores e inseguranças da mulher, que emergem durante a gravidez, não costumam ser objeto de cuidado na atenção ao pré-natal. Ao contrário, são mais estimulados do que prevenidos no pré-natal que ela recebe e no contexto social em que ela passa sua gravidez (FAÚNDES, CECATTI, 1991). Os autores mencionam ainda a importância de um trabalho psicológico que a assistência no pré-natal poderia oferecer visando o fortalecimento emocional da mulher para o parto.

O suporte emocional e social no ciclo gravídico-puerperal, especialmente durante o trabalho de parto e parto, tem sido referido e valorizado em diversos estudos como um fator importante na qualificação da assistência materna e os seus efeitos vêm sendo detalhadamente investigados nos últimos anos (GATES et al,2003).

Os aspectos emocionais da gravidez, parto e puerpério são amplamente reconhecidos, a maioria dos estudos converge para a ideia de ser esse período de grandes transformações psíquicas, de onde decorre uma importante transição existencial (SARMENTO, SETUBAL, 2003).

É comum encontrarmos mulheres no último mês de gestação extremamente angustiadas por medo do parto. No entanto essa angústia é muitas vezes na verdade porque ela se sente despreparada para assumir a maternidade que vem logo após o parto. Isto deve ser trabalhado onde o psicólogo deverá estimular essa vivência através da livre expressão dos sentimentos latentes, trabalhar a angústia e orientar a mulher acerca desse processo (BORTOLETTI, et al 2007).

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estar que pode vir a sentir durante o parto (FIGUEIREDO, et al., 1982; WESTBROOK, 1978), assim como ao risco de vida que o parto pode implicar, quer para a mãe quer para o bebê (MATTHEWS, 1964). Embora a importância que é dada a dor no parto varie de sociedade para sociedade, a dor é uma experiência reconhecida como intrínseca e esperada durante o parto, em todas as sociedades (FIGUEIREDO et al., 2002).

O parto é um período curto em tempo, longo em vivências e expectativas. A mulher teme a dor e não poder suportá-la, além do medo da morte e de ser dilacerada na passagem do bebê, destruindo sua feminilidade (SARMENTO, SETUBAL, 2003).

Esses sentimentos podem comprometer a vivência saudável deste período, funcionando como desencadeadores de transtornos psíquicos para mulher e para díade mãe-bebê (BORTOLETTI et al, 2007).

Para que a mulher não sinta o parto como algo que tem que ser temido, é importante colocar a sua disposição recursos que ela e o parceiro possam utilizar durante o processo, facilitando a atuação obstétrica. A psicoprofilaxia do ciclo gravídico-puerperal não só facilita esse processo, como também humaniza a experiência do parto (BORTOLETTI, et al 2007).

Para Faúndes e Cecatti (1991) o temor da dor do parto, quando intensificado por fatores adicionais, pode torná-la de tal modo insuportável que o momento do nascimento é convertido em algo aterrorizante levando, por exemplo, muitas mulheres à escolha do parto cirúrgico quando este não está claramente indicado, do ponto de vista obstétrico.

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transformar o parto em um evento potencialmente traumático, que jamais será esquecido.

Por outro lado, o parto é vivenciado e lembrado por inúmeras mulheres positivamente como um evento único, sublime, integrador, desde que alguns fatores tenham sido contemplados. Estudos apontam que a experiência de parto é positivamente afetada, no que se refere à percepção e satisfação da mulher, pelo acompanhamento de uma pessoa significativa; parto desejado é igual a parto realizado; anestesia local e não geral, no caso do parto por cesariana; participação ativa nas decisões relativas ao parto e no trabalho de parto; parto sem dor, com uso de analgesia.

Discutindo a importância dos fatores psicológicos Lowe (2002) analisou o papel da ansiedade no aumento da dor durante o trabalho de parto, referindo que se admite como normal a presença de certo nível de ansiedade nas mulheres nesta situação, e como nocivo, níveis considerados excessivos, dado que nesta condição a ansiedade pode modificar inclusive os mecanismos fisiológicos da dor do parto ou levar a um desequilíbrio psíquico.

A dor pode modificar comportamentos, humores e até traços de personalidade gerando agressividade, depressão, apatias, desejo de morte, podendo ainda ocasionar doenças psicopatológicas. Assim, a parturiente pode ficar emocionalmente muito alterada, dificultando muito a sua assistência por parte da equipe. A parturiente chega a se desestruturar psiquicamente, e a equipe de “emprestar-lhe” o seu equilíbrio emocional para que ela se estruture

e possa atravessar bem este processo.

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integradora do ponto de vista psicológico para crescer, amadurecer, se resgatar e construir uma nova identidade no papel de mãe e mulher.

Por fim, para que a mulher não sinta o parto como algo que tem que ser temido é importante colocar a sua disposição recursos que ela e o parceiro possam utilizar durante o processo, facilitando a atuação obstétrica. A psicoprofilaxia do ciclo gravídico-puerperal não só facilita esse processo, como também humaniza a experiência do parto (BORTOLETTI, et al 2007). Ainda no pré-natal, onde o psicólogo deverá estimular essa vivência através da livre expressão dos sentimentos latentes, trabalhar a angústia e orientar a mulher acerca desse processo (BORTOLETTI, et al 2007). Um preparo, por meio do pré-natal psicológico, por exemplo, pode permitir à mulher vivenciar as emoções do parto com a sensação gratificante de cooperar ativamente em todo o processo.

A gestação e o parto trazem uma infinidade de modificações emocionais, tornando a mulher sensibilizada e carente de um maior suporte emocional. Neste momento a família serve como base de apoio, e deve estar incluída no processo de formação de decisão quanto ao melhor tipo de parto, porém a família deve servir de apoio, não de origem de maiores conflitos por imposições familiares. A gestante já passa por uma série de limitações, e esta deve ser uma sugestão ou opinião para nortear esta gestante.

É importante que seja esclarecido a esta mulher sobre os recursos médicos disponíveis para que se previnam situações de dor, desconforto, riscos para a mãe e o bebê. É preciso escutar as fantasias da gestante quanto aos diversos tipos de parto e numa linguagem clara, orientá-la sobre todos os processos. Mas também é importante deixar claro os limites quanto as decisões da indicação de algum tipo de parto (SARMENTO, SETUBAL, 2003).

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uma experiência emocionalmente intensa em que permeia um misto de ansiedade e alegria (SZERJE, STEWART, 1997).

Para Maldonado (2002) o pedido de cesárea reflete passividade, estas não acreditam que terão sucesso no trabalho de parto. Nesses casos evidencia-se o medo de falhar, o que desencadeia a adoção de uma postura de dependência que pode ser prejudicial no puerpério. Muitas mulheres alimentam a fantasia de incapacidade feminina, o que contraria os princípios básicos da psicoprofilaxia.

Porém, nos casos em que existe indicação de cesárea por razões

obstétricas, a mulher pode receber isso como um “atestado de incompetência feminina”. Devemos desmistificar esses aspectos para que esta mulher não se

sinta também incapaz de dispensar cuidados ao bebê (BORTOLETTI, et al 2007).

A vantagem de um preparo psicológico é permitir à mulher vivenciar as emoções do parto com a sensação gratificante de cooperar ativamente em todo o processo.

O parto em si não é um acontecimento exclusivamente biológico, é também um processo social e cultural (FIGUEIREDO, 2000). Em algumas sociedades o nascimento de uma criança consuma o casamento e, em muitas partes do mundo, a mulher só atinge a vida adulta depois de dar a luz. O parto é um processo social também porque afeta a relação entre homem e mulher, entre grupos de descendência e porque define a identidade da mulher de uma nova forma (KITZINGER, 1978).

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CAPÍTULO II 4.1- ESCOLHA DO TIPO DE PARTO

A investigação realizada no sentido de perceber a influência do tipo de parto na experiência de parto e no estabelecimento da relação com o bebê, assinalam que o tipo de parto interfere na experiência da mulher e, consequentemente, na percepção e satisfação com o parto, assim como no estabelecimento da ligação inicial da mãe ao bebê e nos cuidados que lhe dedica. Para além dos efeitos benéficos que decorrem da possibilidade de a mãe entrar e permanecer em contato com o bebê logo após o parto (KLAUS, KENNELL, 1976).

Com o período moderno da obstetrícia, modificou-se o atendimento ao ato de gestar e parir que são fenômenos naturais e fisiológicos, os mesmos foram transformados em um processo patológico e medicalizado, alterando sua essência original de evento existencial para mãe e filho em acontecimento social (OLIVEIRA, 2002).

Embora a institucionalização do parto e os avanços tecnológicos tenham proporcionado melhor controle dos riscos materno-fetais, houve incorporação de grande número de intervenções desnecessárias. O parto passou a ser um evento completamente invasivo, com o uso rotineiro de episiotomia e manobras inadequadas como a manobra de Kristeler. O parto hospitalar afasta a mulher de seu ambiente, colocando-a em local desconhecido e, na maioria das vezes, pouco acolhedor, tornando a experiência do nascimento alienante e desumana (JUNQUEIRA, 1987).

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benefícios na assistência, que depende de relações simétricas e não coercitivas entre as partes (DINIZ, 2001).

Entre as causas mais freqüentes de indicação de parto por cesárea, têm sido referidas: sofrimento fetal intra-uterino, desproporção céfalo-pélvica, apresentação pélvica, hipertensão arterial induzida pela gravidez, gravidez múltipla, além da indicação de cesáreas devido à presença de partos anteriores por essa via (PORRECO, 1985).

O parto cesáreo é uma alternativa médica usada em situações em que as condições materno-fetais não favorecem o parto vaginal. Apesar do reconhecimento da contribuição dessa intervenção para uma melhor assistência à saúde e da segurança da cesárea moderna, é importante que sua indicação seja criteriosa, pois não é um procedimento inócuo e pode trazer riscos adicionais para a mãe e a criança (RAMOS, 2003).

Para o recém-nascido, há maior probabilidade de ocorrerem distúrbios respiratórios, icterícia fisiológica, prematuridade iatrogênica, hipoglicemia, anóxia, entre outros. Além disso, há interferência no vínculo mãe-filho, o qual pode influenciar negativamente o aleitamento materno (TELINI, 2000).

Adicionalmente, há maior consumo de recursos hospitalares, acarretando em maiores custos decorrentes do procedimento, do maior tempo de internação e da morbidade conseqüente (FAÚNDES, 1991).

Devido a esse grande número de possibilidades para a realização do parto, ressalta-se a importância da mulher estar capacitada para exercer sua autonomia neste momento tão importante de sua vida, daí trata-se no próximo capítulo sobre a autonomia da mulher na escolha do tipo de parto.

4.2- AUTONOMIA DA MULHER NA ESCOLHA DO TIPO DE PARTO

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A aparente "liberdade de escolha" que é ofertada as parturientes é, na prática, geralmente burlada com informações que irão persuadir a mulher sobre os riscos envolvidos nos procedimentos do parto. Porém, mesmo crendo que a mulher tem que ter autonomia para escolher o tipo de parto, fica evidente que o médico sabe qual a via é mais segura para ela (PORTO et al 2004).

Oliveira et al (2002) acreditam que a autonomia da mulher durante o parto está ligada ao seu poder de decidir qual a melhor via para parir, isso ocorre por causa das informações baseadas em evidências científicas que a ajudará a decidir a melhor maneira para se realizar o procedimento. Nesse sentido, o diálogo entre o profissional de saúde e a mulher é uma maneira de garantir

benefícios na assistência, chamado de "aliança terapêutica”.

Essa aliança terapêutica que Oliveira et al (2002) nos trouxeram, mostra a importância de a mulher estar bem informada com conteúdos pautados em bases científicas, ajudando-a a ter mais autonomia durante o parto e comprovando assim as suas escolhas, deixando sempre evidente que o médico sabe o que é mais seguro para a mulher, mas com bases científicas ambos podem entrar num acordo e fazer o que é melhor para a parturiente.

Infelizmente as mulheres perderam a autonomia sobre o parto e deram lugar as intervenções desnecessárias e as medicalizações. O mundo das parteiras foi tomado pela medicina, por um modelo biomédico, onde um evento biológico passou a ser um evento técnico, onde as mulheres não têm mais a liberdade de escolher sobre o parto nem sobre o que será feito com seu corpo (PIRES et al, 2010).

Celestino (2005) nos trás essa evidência, afirmando a presença do médico na maioria das assistências ao nascimento. Isso é resultado do desenvolvimento da ciência e da perda de autonomia das parteiras de antigamente para os médicos. Algo que era tão natural hoje em dia perdeu a essência.

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possível. Mas acabou guiando esse processo para um caminho intervencionista, de pouca liberdade da parturiente e de muita medicalização (CELESTINO, 2005).

Esse grande crescimento de tecnologia justifica as grandes intervenções durante o parto. Antigamente as parteiras não tinham muito conhecimento científico e tecnologias, mas realizavam partos sem esses aparatos e segundo Villela et al (2007) quando as mesmas se deparavam com situações de emergência elas procuravam entender o que estava acontecendo para só depois chamar uma parteira mais experiente e apenas em último caso elas buscavam auxílio de um cirurgião. Quando este chegava a parturiente já estava aflita e ansiosa, pois se o cirurgião estava ali era porque o caso era grave. E assim as parteiras foram perdendo lugar para os cirurgiões. Agora o parto é evento com data marcada, dispensando sofrimento com a longa duração do trabalho de parto e possíveis imprevistos, como data e horário inadequados.

A gestação representa um período único e especial na vida da cada mulher, onde as expectativas de se tornarem mães, principalmente nas primigestas, causam incertezas, medos e inseguranças especialmente sobre a hora do parto. A escolha da via de parto gera grande discussão clínica, a qual na maioria das vezes a gestante não participa, recebendo informação apenas sobre a decisão final, não levando em conta sua aceitação e suas vontades

(PORTO et al, 2004).

O respeito à autonomia é obrigação moral, envolve saber que o indivíduo tem o direito de fazer escolhas e tomar atitudes baseado em seus próprios valores. O respeito à autonomia engloba ações que nem sempre se referem apenas a não interferir na decisão, muitas vezes esse respeito também significa proporcionar ou manter condições para que a autonomia individual seja preservada. O desrespeito pela autonomia é relacionado a atitudes que ignoram, insultam ou denegam o direito da parturiente (OLIVEIRA; AUGUSTO 2009).

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especial na vida de cada uma delas, fazendo com que se torne inesquecível, não pelos maus momentos, mas sim pelos bons momentos antes, durante e após o nascimento do bebê.

Essa autonomia deve então ser previamente esclarecida, e para que a gestante possa escolher a via de parto desejada, é necessário que a mesma conheça as possibilidades que existem, portanto essa gestante deve ser esclarecida quanto os tipos de parto existentes.

4.3- TIPOS DE PARTO

Cesariana: é um ato cirúrgico onde se faz uma incisão no abdome e na parede do útero para libertar o concepto aí desenvolvido (REZENDE, 2008).

Os fatores que emergem para explicar o aumento na taxa de cesáreas são:

 Diminuição da prole, muito evidente nas últimas décadas.  Retardamento da maternidade;

 Uso da monitoração eletrônica intraparto;  Os partos de fetos em apresentação pélvica;

 Cesárias eletivas para a preservação do assoalho pélvico;  O aumento dos casos de indução do parto;

 Prevalência da obesidade;

 Medicina defensiva: pelo fato de a maioria dos casos em litígio judicial ocorrerem em função de danos ocorridos durante partos vaginais, muitos obstetras abreviam o tempo de nascimento por operação cesariana (ZUGAIB, 2008).

Parto humanizado: O ideal de humanização é conjunto de recomendações que a Organização Mundial da Saúde vem adotando nas últimas décadas, subscrito por organizações civis, como por exemplo, a Rede de Humanização do Parto e do Nascimento (TORNQUIST, 2003).

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mãe imediatamente após o nascimento e o cordão umbilical é laqueado somente após as pulsações cessarem (RAMANATHAN., 1985).

Parto Lamaze: A parturiente aprende a controlar a sua dor usando técnicas especiais de respiração, onde ela faz uma respiração de " limpeza " no começo da contração e exala delicadamente. Então ela respira num padrão superficial até o alívio da dor (RAMANATHAN, 1985).

Parto Jacobsen: A paciente identifica sua resposta à tensão produzindo um estímulo. Essa resposta pode ser a contração de um músculo esquelético. Ela estará então treinada para relaxar grupos de músculos. Quando o estímulo atual ocorrer, ela será capaz de relaxar um ou mais grupos de músculos (RAMANATHAN, 1985).

Parto Bradley: Esse método enfatiza que a sala de parto deve ser escura e confortável. A mulher é encorajada a manter seus olhos fechados para atingir um estado de relaxamento. O auxiliar é a única pessoa que se comunica com a paciente(RAMANATHAN, 1985).

Suponhamos que esta mulher opte pelo parto vaginal, existem inúmeras posições a qual esta mulher pode escolher dentro desta mesma vertente, sendo então necessário abordar as posições possíveis para a realização do parto vaginal.

4.4- POSIÇÕES PARA O PARTO VAGINAL

Há menos de três séculos, a grande maioria das mulheres de todas as raças e culturas preferiam a posição vertical na hora do trabalho de parto e parto. François Mariceau médico francês do século XVII foi o responsável pela mudança na posição da mulher no parto de vertical para horizontal (MAMEDE ; DOTTO, 2007).

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A posição vertical da mulher em relação à horizontal durante o parto vaginal é um dos fatores responsáveis por abreviar o período expulsivo. Essa posição oferece vários benefícios como o efeito facilitador da força da gravidade, maior eficiência e intensidade na força de contração uterina, a redução do risco de compressão aorta-cava e consequentemente a melhor oxigenação fetal na fase expulsiva do trabalho de parto, e aumento dos diâmetros pélvicos ântero-posteriores e transverso nas posições de cócoras e ajoelhada (MATTOS et al, 2009).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a parturiente não seja colocada em posição de litotomia durante o trabalho de parto e parto, pois considera prejudicial ou ineficaz. Cada mulher deve ter a liberdade de escolha sobre a sua posição (GAYESKI M; BRUGGEMANN, 2009).

A associação de episiotomia é mais frequente à posição horizontal de parto que em partos na posição vertical, tanto por causa do efeito da gravidade como pela dificuldade técnica de se realizar episiotomia em posições verticais de parto vaginal. Porém esses resultados sugerem que a posição vertical de parto vaginal seja um fator protetor para a ocorrência de episiotomia (BARACHO et al, 2009).

O enfermeiro, como integrante da equipe de saúde, ao assumir o papel de coadjuvante no trabalho de parto e parto, tem a função de despertar a mulher para explorar seu corpo, conhecer seus limites e escolher as melhores posições e maneiras para que ela e seu bebê fiquem mais confortáveis (CARRARO, et al, 2008).

Escolher a posição em que se sente mais confortável pode contribuir para uma experiência de parto mais positiva e contribui para um progresso mais saudável do trabalho de parto (DIFRANCO, 2009).

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Segundo Difranco (2009) as posições são classificadas como vertical e as que não usam gravidade:

 Vertical: de pé, de joelho ou de cócoras, as quais usam o efeito da gravidade para ajudar o bebê a descer pela bacia.

 Cócoras: aumenta a dimensão da bacia oferecendo mais espaço para o bebê se adaptar e progredir na descida. É uma posição cansativa e que às vezes há necessidade de se descansar em posições que não usam a gravidade (deitada de lado, semi-sentada ou de gatas)

 Posição de “cócoras apoiada” ou posição suspensa: a mulher é

sustentada debaixo dos braços colocando pouco peso sobre as pernas. Posição útil para quem está em longos períodos expulsivos, pois cria mais espaço para o bebê se movimentar o que permite mais “flexibilidade” da bacia.

 Posições que não usam a gravidade: de gatas, deitada de lado e semi-sentada. Podem ajudar quando estiverem cansadas.

 De lado: ajudará a tornar mais lento o trabalho de parto que esteja a progredir rápido, e pode ajudar a evitar lacerações durante a expulsão do bebê.

 De gatas: alivia a dor localizada nas costas durante o trabalho de parto.

O uso de qualquer posição vertical ou deitada de lado comparada com a de deitada de costas com as pernas em perneiras (litotômica) está associada entre outros a período expulsivo mais curto; diminuição do uso de ventosas e fórceps; menos episiotomias; menos probabilidade de sentir dor severa; menos traçados cardiofetais anormais; e aumento da perda sanguínea materna.

Após todas estas reflexões é necessário também entender quais são os mecanismos de parto, o modo como o organismo materno e do bebê se comportam frente ao desencadeamento do trabalho de parto.

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O trabalho de parto são as contrações das fibras miometriais que tem como função a dilatação cervical e a expulsão do feto pelo do canal de parto (ZUGAIB, 2008).

O trabalho de parto se desenvolve através da ação das fibras uterinas, depois auxiliadas pelo esforço muscular da parede abdominal que tem por finalidade expelir o feto através das vias vaginais. O mecanismo do parto geralmente tem características gerais constantes, porém pode variar, o que vai depender da morfologia da pelve e o tipo de apresentação (REZENDE, 2008).

Então para que haja o nascimento, segundo os dois autores supracitados é necessário que ocorra a dilatação cervical e um esforço muscular da parede abdominal para então ocorrer a expulsão do feto através da via vaginal.

O mecanismo de parto é o conjunto de movimentos ativos e passivos do feto durante a passagem pelo canal de parto. A progressão do trabalho de parto depende da forma e tamanho da pelve materna e as do produto conceptual (ZUGAIB, 2008). O feto será acometido por movimentos passivos para adequar seus maiores diâmetros com os diâmetros do canal de parto (HUMBERTO; DUARTE 1996).

São as contrações uterinas que vão impulsionar o feto pela pelve até conseguir alcançar a vulva e se desprender, finalizando o nascimento (ZUGAIB, 2008).

Antes de ocorrerem às contrações o útero sofre modificações fisiológicas e bioquímicas locais juntamente com as contrações de Braxton-Hicks (contrações indolores, que surgem geralmente a partir da 30ª semana) (HUMBERTO; DUARTE, 1996). O processo fisiológico pode ser dividido em quatro etapas:

 A fase 0 ou quiescência que é caracterizada pela ausência de resposta a agentes que determinam a contratilidade uterina. Inicia-se quando o zigoto é implantado e perdura por quase toda a gestação.

 A fase 1 ou ativação, prepara o útero e o canal cervical para o trabalho de parto e parto e dura em torno de 6 a 8 semanas.

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 A fase 3 ou involução é caracterizada pelo retorno ao estado pré-gravídico que se deve a uma contração persistente que determina a involução uterina (ZUGAIB, 2008).

O parto é dividido em quatro fases clínicas:

A fase de dilatação, ou primeiro período, é quando dá-se inicio as primeiras contrações dolorosas para a modificação da cérvice até a dilatação completa do colo uterino (ZUGAIB, 2008).

A fase de expulsão ou segundo período, o feto é expelido do útero pelo canal de parto, através da ação de conjugadas contrações uterinas e das contrações voluntárias dos músculos abdominais (puxos) (ZUGAIB, 2008).

A fase de dequitação é quando o útero expele a placenta após o nascimento, em virtude da diminuição do volume uterino depois do nascimento total, associada às contrações uterinas vigorosas e indolores (ZUGAIB, 2008).

O período de Greemberg é a primeira hora após a dequitação. Período em que pode apresentar complicações. A paciente deve ser acompanhada de perto nesse período, a fim de intervir precocemente caso a situação saia da normalidade (ERLACH; MARIA 2006).

Os tempos do parto são divididos em três: (REZENDE 2008; HUMBERTO; DUARTE 1996).

1. Encaixamento ou insinuação: é a passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior.

2. Descida: é representada pela migração do pólo apresentado através do canal e tem como tempo complementar a rotação interna para lhe adaptar os diâmetros maiores aos grandes diâmetros de saída do canal. 3. Desprendimento: que nas apresentações cefálicas faz por movimento

inverso ao do encaixamento, isto é, por deflexão nas apresentações de vértice e por flexão nas de face.

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1. A Insinuação ou encaixamento que é a passagem do maior diâmetro da parte apresentada, perpendicular à linha de orientação fetal, pelo estreito superior da bacia materna.

2. Quando a linha sagital se aproxima do púbis e o parietal posterior desce até ultrapassar o promontório da mãe chama-se de assinclitismo posterior, quando a sutura sagital a mesma distância entre o púbis e o promontório a cabeça fica em sinclitismo.

3. Completado o encaixamento, inicia-se a descida. Na descida ou segundo tempo do parto é caracterizado pela passagem do polo cefálico do estreito superior para o estreito inferior da pelve da mãe.

4. A rotação interna que tem como objetivo coincidir o diâmetro ântero-posterior do pólo cefálico com o maior diâmetro da bacia da mãe.

5. O desprendimento cefálico que ocorre com descida final da cabeça em occipício posterior, por meio das contrações uterinas exercendo pressão para baixo.

6. A rotação externa da cabeça fetal ou restituição é quando o occipício se volta para o lado materno que ocupava dentro do canal de parto, que ocorre devido à rotação interna das espáduas.

As apresentações cefálicas fletidas com variedade de posição anterior são melhores apresentações para a progressão dos mecanismos de parto. Nas apresentações fletidas transversas ou posteriores persistentes, defletidas de primeiro e segundo grau e pélvicas o mecanismo de parto fica dificultado, porém não necessariamente impede o parto vaginal (ZUGAIB, 2008).

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A Atitude fetal depende da disposição dos membros e coluna vertebral. (ZUGAIB, 2008), é a relação entre as partes fetais. As principais são: flexão (queixo fetal perto do tórax) e extensão (occipício perto da costa fetal). A atitude fetal típica é de flexão, com a cabeça curvada para a frente e com os braços e pernas fletidos (HUMBERTO; DUARTE, 1996).

A situação é a relação do maior eixo fetal com o maior eixo do organismo materno. Pode ser longitudinal ou transversa (ZUGAIB, 2008; HUMBERTO; DUARTE, 1996).

A apresentação é caracterizada pela região fetal que ocupa o estreito superior da bacia da mãe (ZUGAIB, 2008; HUMBERTO; DUARTE, 1996), podendo ser cefálica, quando a cabeça vem primeiro, pélvica quando a pelve se apresenta primeiro e córmica que é quando o corpo fetal ocupa o estreito superior (HUMBERTO; DUARTE, 1996)

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45 5. OBJETIVOS

5.1- Objetivo Geral

 Verificar a influência das avós na escolha do tipo de parto de suas filhas/noras.

5.2- Objetivos Específicos

 Identificar qual o tipo de parto mais desejado pelas parturientes e pelas avós;

 Verificar se as parturientes são influenciadas por suas mães na escolha do tipo de parto;

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46 6- MÉTODO

6.1- TIPO DE ESTUDO

O estudo tem como abordagem do problema a pesquisa mista, quanti-qualitativa. A pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados (RAUPP; BEUREN, 2003). Para Gil (2002) A pesquisa qualitativa considera que há um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.

6.2- ÁREA DE TRABALHO

A pesquisa foi realizada na maternidade de um Hospital público do DF, escolhido pelos seguintes critérios: Possuir atendimento a puérperas, ter acesso facilitado à pesquisadora que é supervisora de estágio em Enfermagem neste hospital.

6.3- POPULAÇÃO DE ESTUDO

Participaram da pesquisa 40 puérperas que realizaram parto cesáreo ou vaginal, e 40 avós estavam presentes no momento da entrevista, totalizando um grupo de 80 mulheres.

Critérios de inclusão: puérperas que tinham mais de 18 anos, que aceitaram participar da pesquisa e que assinaram o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) (APENDICE 1) e que suas respectivas mães ou sogras (avós dos recém-nascidos) estivessem presentes no momento da entrevista e concordaram em participar da pesquisa.

Critérios de exclusão: Não pertencer às categorias citadas anteriormente.

As amostras foram coletadas por conveniência, devido o campo de estudo ter sido escolhido por ter acesso facilitado à pesquisadora por ser sua área de trabalho.

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Foram aplicados 80 questionários distribuídos entre 40 questionários para as puérperas e 40 questionários para as avós dos bebês. Os questionários das puérperas continham 12 perguntas objetivas, e os questionários das avós continham 8 perguntas objetivas (APÊNDICE 2 e 3).

Inicialmente foi pensado desenvolver a pesquisa em duas etapas, quando o primeiro momento seria para aplicação dos questionários objetivos, com aprofundamento em um novo questionário subjetivo em 5 díades das que chamassem mais a atenção das pesquisadoras.

Porém ao aplicarmos o questionário piloto, notamos que não conseguimos aprofundar o estudo como foi pensado anteriormente. Percebemos que tanto as puérperas, quanto as avós tinham grande dificuldade de expressar-se, talvez por medo, submissão, ou baixo entendimento. Portanto os dados encontrados nesta parte subjetiva nada mais foram que repetição dos dados encontrados nos questionários objetivos, por este motivo, decidimos retirar essa parte da pesquisa e continuar apenas com os questionários objetivos.

Mesmo na aplicação dos questionários objetivos, tivemos que transformar a aplicação do questionário em entrevista, pelo baixo entendimento do grupo, principalmente das avós.

6.5- PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da FEPECS, tendo sua aprovação no dia 02/12/2011 através do parecer de nº 584/11 (ANEXO 1) todos os participantes assinaram o TCLE, onde os mesmos poderão desistir de participar da pesquisa a qualquer momento. Todos os documentos serão arquivados pelo prazo de 02 anos.

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um questionário piloto que necessitou de ajustes, incluindo modificação dos instrumentos e tipo de pesquisa.

Os novos questionários objetivos foram então aplicados no formato de entrevista no período de 10/07/2012 à 10/09/2012, por se tratar agora de pesquisa quantitativa, foi também necessário aumentar o número de questionários aplicados.

As entrevistas foram realizadas primeiramente com as puérperas, posteriormente com as avós. Cada entrevista à díade durou em média 10 minutos.

Foram observadas também as reações da díade durante a aplicação do questionário, bem como interação das mesmas, tentando identificar se houve concordância ou discordância entre elas.

6.6- ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados dos questionários foi por meio de análise estatística simples ( percentual e absoluto), quando os dados encontrados foram jogados em tabelas e gráficos no Word.

A análise estatística é a expressão gráfica dos dados e vai além de método de expressão dos resultados. É um método adequado ao estudo das correlações entre fenômenos suscetíveis a serem expressos por variáveis quantitativas. São métodos capazes de oferecer precisão e rigor, porém não oferecem explicações (QUIVY, VAN CAMPENHUDT, 1992).

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7- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Esta pesquisa buscou investigar se as avós são influentes nas escolhas das filhas/noras quanto ao tipo de parto. Baseado nos dados coletados, pudemos confirmar que as avós não influenciam na escolha do tipo de parto, como fazem na tomada de algumas outras decisões das filhas/noras, como por exemplo, no aleitamento materno (ANDRADE; TADDEI, 2002). Apresentaremos e discutiremos este e outros resultados a seguir:

Caracterização da amostra:

Foram entrevistadas 40 puérperas e suas respectivas mães/sogras que estavam internadas na maternidade de um hospital público do DF.

A síntese dos dados de caracterização da população estudada está apresentadas na tabela 1, a seguir:

Tabela 1- Dados referentes à caracterização de puérperas internadas na maternidade de um hospital público do DF e suas respectivas mães/sogras.

Variáveis N %

Local de residência

Gama 12 30

Santa Maria 2 5

Luziania 6 15

Céu Azul 5 12,5

Lago Azul 5 12,5

Novo Gama 6 15

Cristalina 3 7,5

Lunabel 1 2,5

Idade das puérperas

18 – 24 anos 26 65

25 – 35 anos 14 35

> de 35 anos 0 0

Idade das avós

30 – 45 anos 13 32,5

46 – 60 anos 24 60

> 60 anos 3 7,5

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Tabela 1- Dados referentes à caracterização de puérperas internadas na  maternidade de um hospital público do DF e suas respectivas mães/sogras
Tabela 2- Dados referentes à gestação e pré-natal de puérperas internadas na  maternidade de um hospital público do DF
Gráfico 1- Tipo de parto que  gostaria de ter tido
Gráfico 2- Influência da mãe na escolha do tipo de parto
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Referências

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