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que faz da vida um romance.

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“May the book bring someone a few happy hours of suggestive thought.”

A. Einstein, The Special and General Theory, 1916.

(9)

Fig. 1. Montagem de Urtzi Grau : à esquerda, Le Modulor de Le Corbusier, ao centro Le Modulor

“erro” matemático / geométrico de Martin/Baxi Architects, à direita Le Modulor, revisto.

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Resumo

Abstract

O corpo é material mas a matéria do corpo é processada. A introdução da noção de sistema, nos alvores da Sociedade da Informação (anos 60), reconfigura as estruturas do pensamento que significam o paradigma da complexidade, mais centrado na dimensão relacional do que na objectual.

Nos últimos 50 anos, a tecnologia, paralelamente ao esgotamento das proposições funcionalistas, tem animado as reflexões sobre o discurso arquitectónico. A emergente cultura tecnológica, em especial a partir dos anos 90 com a explosão das Tecnologias de Informação e Comunicação, deforma a experiência física. A matéria, ampliada ou encolhida pela quantidade de processos firmados em imagens, expande o corpo e contamina a geografia dos lugares onde o elogio do aparente redesenha o espaço e balança o referencial da arquitectura.

O corpo olha mas pode ver; essa espacialização do olhar precisa de tempo no espaço. A Arquitectura Cinemática, instrumento de reflexão activado pela dimensão virtual (estática sensitiva), procura novas matérias-primas para a arquitectura através da interacção do corpo com o lugar.

Palavras-chave : Arquitectura Cinemática, tempo, matéria, processo, espaço, corpo, lugar, realidade, imagens, filme, ser-aí, virtual e actual, cultura virtual, Sociedade da Informação, tecnologia, Paradigma da Complexidade, Discurso do Método, Teoria da Relatividade, Fenomenologia, Cibernética, Teoria Geral dos Sistemas.

The body is material but body matter is processed.

By introducing the concept of system, on the beginning of the Information Society (in the 60’s) the mental structures that configure the paradigm of complexity are more centered on the relational dimension rather than the objectual.

Over the past 50 years, technology, along with the fall of functionalist propositions, has been a major subject in the architectural discourse. The emerging technological culture, in particular since the 90’s with the Information and Communication Technologies boom, deforms physical experience.

Matter, lengthened or shrunk by the amount of processes related to images, expands the body and contaminates the geography of places where the praise for the apparent redraws the space and balances the architecture referential.

The body sees flashes, but it can look beyond;

spatializing the eye takes time in space. Cinematic Architecture, as a mental tool activated by virtual dimension (sensual statics), searches for new building materials for architecture through the interaction between body and place.

Keywords : Cinematic Architecture, time, matter, process, space, body, place, reality, images, film, being-there, virtual and actual, virtual culture, Information Society, technology, Paradigm of Complexity, Discourse on the Method, Theory of Relativity, Phenomenology, Cybernetics, General Theory Systems.

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VI Sumário

VIII Lista de documentos icónicos X Agradecimentos

XII Problemática

XIV Introdução O CONTROLO DOS LIMITES

1

1 Aquilo que não se vê é complexo;

2 [MÉTODO CARTESIANO]

3 [FÍSICA QUÂNTICA]

5 [FENOMENOLOGIA]

6 [CIBERNÉTICA]

7 [TEORIA GERAL DOS SISTEMAS]

2

12 e eu sou virtual,

13 [UMA NOVA CONSCIÊNCIA]

14 [HABITABILIDADE IMATERIAL = Rv]

15 [Rv = ARQUITECTURA DE ESPECULAÇÃO]

16 [Rv = DIMENSÃO SENSÍVEL DA ARQUITECTURA]

18 [Rv = ONTOLOGIA]

20 [CULTURA VIRTUAL E PRODUÇÃO DE SÍMBOLOS]

21 [CO-PRODUÇÃO DE REALIDADE]

23 [CIBERPERCEPÇÃO]

3

25 tempo no espaço

26 [ESPACIALIDADE]

27 [LÓGICA POÉTICA]

30 [OS AUTORES]

31 M X P = PH [A MATÉRIA VEZES O PROCESSO É IGUAL À FISICALIDADE]

32 [CONVERGÊNCIA COM O FILME]

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4

36 para ser

37 [OBJECTIVO E INTENCIONALIDADE]

37 [METODOLOGIA]

5

41 esforço do limite,

42 [INOCÊNCIA: UMA PROPOSTA PARA HIROSHIMA - STEVEN WARE]

46 [UM NOVO MIRADOURO EM LISBOA: A DENSIDADE DO ESPAÇO - JULIAN LÖFFLER]

6

49 reforço do lugar,

50 [O AMANHECER EM GIBRALTAR: SEM AQUI OU ALI - STEFANO RABOLLI PANSERA]

52 [ROQUEBRUNE, ESPAÇO DE INTENSIDADES: A INTENSIFICAÇÃO DA EXPERIÊNCIA ATRAVÉS DAS ONDAS - JEAN TAEK PARK]

7

55 escorço do sentir.

56 [PARIS – MÉNILMONTANT: O REGRESSO A LA JETTÉE - STEPHAN DOESINGER]

59 [PALERMO: O ÚTIL TEM AUTORIDADE SOBRE NÓS – PREFIRO SEDUÇÃO - RUBENS AZEVEDO]

62 Notas finais IDEIAS QUE FICAM

65 Apêndice I – Uma conversa no Centro Cultural de Belém : entrevista ao Arquitecto Rubens Azevedo.

76 Apêndice II – Memória do corpo : uma história de arquitectura contada em tempo fílmico.

92 Bibliografia

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Lista de Documentos icónicos

(capa) Aggenzia Tratti, Immaterial Spaces, 2010. FUNDAZIONE LA BIENALLE DI VENEZIA – People meet architecture : bienalle architectura 2010 : participating countries /collateral events.2010.p.179.

Fig. 1 Urtzi Grau, Le Modulor(s).BURKE, Donald ; TIERNEY, Therese, ed. – Network practices : new strategies in architecture and design. 2007. p. 24.

Fig. 2 Um positão. FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN –Fundamentos da física nuclear : textos fundamentais da física moderna. 2004. p. 8.

Fig. 3 Grupo de 6 partículas. FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN –Fundamentos da física nuclear : textos fundamentais da física moderna. 2004. p. 7.

Fig. 4 Estruturas cristalinas de uma vitamina. REICHEN, Charles-Albert – História da química. 1963. p. 96.

Fig. 5 Estrutura de um polipropileno. Ibidem. p. 97.

Fig. 6 Articulate sketch, 2004. BURKE, Donald ; TIERNEY, Therese, ed. – Network practices : new strategies in architecture and design. 2007. p. 171.

Fig. 7 Process 4 software explorations, 2005. Ibidem, p. 175.

Fig. 8 Philip Beesley Architecture Inc, Hylozoic Ground, 2010. FUNDAZIONE LA BIENALLE DI VENEZIA – People meet architecture : bienalle architectura 2010 : participating countries /collateral events. 2010. p. 27.

Fig. 9 Fragility/ Instability. 2003. BUNGA, Carlos. – A temporalidade do espaço. 2010. p. 49.

Fig. 10 Stahl Stenslie – CyberSM suit, 2001. (imagem cedida pelo autor).

Fig. 11 Stahl Stenslie – Solve et Coagula 1, 1997. (imagem cedida pelo autor).

Fig. 12 Stahl Stenslie –Erotogod moerk bakfra. 2001. (imagem cedida pelo autor).

Fig. 13 Stahl Stenslie –Erotogod poster 4 word, 2001. (imagem cedida pelo autor).

Fig. 14 Stahl Stenslie – Erotogod suit : front and back, 2001. (imagem cedida pelo autor).

Fig. 15 Stahl Stenslie, CyberSM suit, 1993. BECKMANN, John, ed. – The virtual dimension : architecture, representation, and crash culture. 1998. p. 18.

Fig. 16 Borja Ferrater / OAB, Diagrama cronológico de padrões em estruturas e geometrias do século XX, 2006. Architectural Design. 2009. p. 71.

Fig. 17 Minimaforms, Mega-Structures Reloaded, 2008. Ibidem. p. 84.

Fig. 18 Studio Olafur Eliasson, Your blind movement, 2010. FUNDAZIONE LA BIENALLE DI VENEZIA – People meet architecture : bienalle architectura 2010.2010. p. 149

Fig. 19 John Gollins. FUNDAZIONE LA BIENALLE DI VENEZIA – People meet architecture : bienalle architectura 2010 : participating countries /collateral events. 2010. p. 14.

Fig. 20 MOS, Model of Instant Untitled. People meet architecture : bienalle architectura 2010 : participating countries /collateral events. 2010. p. 148.

Fig. 21 Padrões de galáxias /galáxias de padrões. Architectural Design. 2009. p. 5.

Fig. 22 Estrutura do A.D.N. ou ácido desoxirribonucleico. REICHEN, Charles-Albert – História da química. 1963. p.

87.

Fig. 23 Arquitecto Pascal Schöning na AA.

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http://www.facebook.com/photo.php?fbid=87422436650&set=a.87421541650.93030.7719443160 Fig. 24 Arquitectos Julian Löffler, Pascal Schöning e Rubens Azevedo no início do ano lectivo, aquando da

apresentação do programa da unitCinematic Architecture.

http://www.facebook.com/album.php?aid=93030&id=77194431650#!/photo.php?fbid=8742244665 0&set=a.87421541650.93030.77194431650

Fig. 25 Steven Ware, Inocência: uma proposta para Hiroshima (1), 1996. [Montagem pessoal. Elementos da montagem em:] SCHÖNING,Pascal ; LÖFFLER,Julian ; AZEVEDO,Rubens, ed. – Cinematic Architecture. 2009.

p. 68 – 79.

Fig. 26 Steven Ware, Inocência: uma proposta para Hiroshima (2), 1996. Ibidem.

Fig. 27 Steven Ware, Inocência: uma proposta para Hiroshima (3), 1996. Ibidem.

Fig. 28 Julian Löffler., Um novo miradouro em Lisboa: a densidade do espaço (1), 2004. [Montagem pessoal.

Elementos da montagem em,]Ibidem, p. 116 – 127.

Fig. 29 Julian Löffler., Um novo miradouro em Lisboa: a densidade do espaço (2), 2004. Ibidem.

Fig. 30 Stefano Rabolli Pansera, O amanhecer em Gibraltar: sem aqui ou ali (1), 2005. [Montagem pessoal.

Elementos da montagem em:] Ibidem, p. 128 – 139.

Fig. 31 Stefano Rabolli Pansera, O amanhecer em Gibraltar: sem aqui ou ali (2), 2005. Ibidem.

Fig. 32 Jean Taek Park, Roquebrune, espaço de intensidades: a intensificação da experiência através das ondas (1), 2006. [Montagem pessoal. Elementos da montagem em:] Ibidem, p. 140 – 151.

Fig. 33 Jean Taek Park, Roquebrune, espaço de intensidades: a intensificação da experiência através das ondas (2), 2006. Ibidem.

Fig. 34 Jean Taek Park, Roquebrune, espaço de intensidades: a intensificação da experiência através das ondas (3), 2006. Ibidem.

Fig. 35 Stephan Doesinger Paris : Ménilmontant: o regresso a La Jettée (1), 1994. [Montagem pessoal.

Elementos da montagem em:]Ibidem, p. 44 – 67.

Fig. 36 Stephan Doesinger Paris : Ménilmontant: o regresso a La Jettée (2), 1994. Ibidem.

Fig. 37 Stephan Doesinger Paris : Ménilmontant: o regresso a La Jettée (3), 1994. Ibidem.

Fig. 38 Rubens Azevedo , Palermo: O útil tem autoridade sobre nós – prefiro sedução (1), 2001. [Montagem pessoal. Elementos da montagem em:] Ibidem, p. 104 – 115.

Fig. 39 Rubens Azevedo , Palermo: O útil tem autoridade sobre nós – prefiro sedução (2), 2001. Ibidem.

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há coisas que ficam dentro. transportamo-las no corpo, talvez lado a lado do respirar dos pulmões ou do bater do coração. essas coisas estão sempre em movimento. às vezes pulam outras encolhem-se, ou então, percorrem- nos sem darmos conta, como um segredo daqueles que um dia se revelam. lado a lado do respirar dos pulmões e do bater do coração essas coisas são o tempo que demoramos com as próprias coisas. por tudo aquilo que trago dentro, que tem essa forma de tempo partilhado, o meu sincero obrigada,

ao Professor Doutor Jorge Figueira, pela orientação obrigar sempre o meu rigor. pela força do força.

ao Professor Doutor Abílio Hernandez, pela orientação inspirar sempre a minha imaginação. por estimar a criatividade.

à Professora Doutora Graça Simões, pela amabilidade exigente com que tornou as normas NP numa espécie de tabuada.

à D. Lurdes, ao Mister Rodriguez, à D. Lurditas, à D. Graça, ao Augusto e à Andreia por fazerem com que o d’Arq tenha ar de casa.

ao Arquitecto Pascal Schöning, for really being here by not being here by being here.

ao Arquitecto Rubens Azevedo, pelo tempo que demora na minha memória; por também preferir sedução. ao media artist Stahl Stenslie, pela gentileza e disponibilidade à distância de poucos clicks no esclarecimento de dúvidas relacionadas com os seus projectos e pela cedência de imagens dos mesmos.

ao Duarte, pelas observações nada ásperas e sempre a propósito.

aos Amigos com quem fiz uma montagem paralela, que tem a forma dos cortes deste tempo: ao João Pedro porque prova que aquilo que vale a pena permanece; ao Paulino, pela facilidade da sintonia; à A. Paulinha, ao Diego e ao Diogo, por serem corpo dos meus encontros no Tropical; ao Nina, pela preocupação e amizade; ao Carlos, ao Rui e ao Tostas, que são os homens da minha rua. às minhas arquitectas; à Inês, à Telma, à Ana, à Concha, à Cáu, à Anita, à Carolina, à Carla, à Vera e à AniLena com quem desenhei e construí a melhor casa, que se desloca no tempo e no espaço. aos amigos de sempre, por serem cidades onde quero sempre voltar; ao Tokinhas, à Diana, à Beta, à Taninha, ao Pepe, à Inês, ao Bernardo, ao Alberto, à Mafaldinha e à Mafaldona, ao Mário, ao Pompom e ao Xico. Obrigada. em particular, pelo cuidado na proximidade, à Ana, pelo amparo em tudo, à Diana, por me chegar sempre tão perto e ao Pedro, pelo lugar que construímos à custa deste trabalho. ainda ao Tokinhas e ao Paulino pelos detalhes, que são aquilo que fica dentro.

aos pilares que seguram as minhas varandas e janelas, à minha querida famíliapós-moderna; em particular à avó Conceição, que me segura na fronteira da Paz; ao meu Bilocas, que todo ele é candura; à avó Xanina, ao avô Zé e ao Sr. Simões que continuam a estar onde eu estou; ao Manel e ao Ricardo, porque são os meus irmãos;

aos melhores sobrinhos, o Becas e o João; ao Zito, porque há lugares inesperados que se tornam insubstituíveis, porque aquilo que lhe quero é aquilo que eu estimo. ao meu Pai, porque há amores assim.

à minha Mãe, por ser tanto em mim e me ser tanto. Obrigada Mãe. o teu Amor fora de escala ensina-me da forma mais bonita a ser larga com a vida.

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Ao meu avô,

que faz da vida um romance.

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Problemática

O título desta dissertação de mestrado remete a pergunta para dois sentidos; todavia, deve ser esclarecido o contexto em que surgiu a pergunta, are you really here? Em 2008, os Nouvelle Vague actuaram no Porto, no Teatro Sá da Bandeira – curiosamente onde aconteceu a primeira projecção de cinema produzido em Portugal

1

– e num dos momentos altos do concerto, entre palmas, em plena interacção com o público, Nadeah Miranda, uma das vocalistas, não parava de perguntar are you really here?/ are you really here?/ are you really here? Quanto mais perguntava, mais o público respondia; com a voz, com palmas e com os pés que batiam em pleno fulgor sobre o soalho improvisado de contraplacado assente sobre barrotes e sobre os suportes que fixam normalmente as cadeiras ao chão. Seduzidos pelo instante era como se houvesse mais madeira na sala porque havia mais música para além da que saía projectada pelo amplificador. O som ecoava por debaixo dos pés. Pelas mãos. E pela boca. Quanto mais o som saía pelos corpos, mais o espaço se transformava. A atmosfera não podia ser mais humana.

Descrição exposta, a narração dos argumentos. A experiência e percepção de um acontecimento iminentemente virtual, como é o caso de um concerto, pela dimensão imaterial que comporta, desencadearam perguntas relacionadas com o exercício da arquitectura. Como é sabido, o Teatro Sá da Bandeira está à venda desde esse ano

2

. Dos três potenciais compradores, dois pretendem transformar a sala de espectáculos mais antiga da cidade do Porto num Hotel Design

3

. Por hipótese, o teatro será transformado em hotel. Contudo, para alívio dos mais saudosistas, anuncia-se que a fachada do edifício será em todo o caso mantida. Numa extrapolação do exemplo do Teatro Sá da Bandeira, é possível que a progressiva privatização do espaço público esteja a converter o arquitecto em designer de living-rooms paisagisticizadas , de cozinhas open , de kitchenettes ergonómicas, de casas de banho e de foyers tropicalizados , um verdadeiro gestor do conforto

4

, promotor de imagem. É impossível não questionar com que sensatez. A deriva do modo de vida capitalista, que propõem a alienação do corpo seduzido pelas imagens difundidas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação – que potenciam outros modos de relação interpessoal para além da incidência de imagens – parecem des- ou reconstruir a geografia dos lugares e tornar o aparente matéria-prima da arquitectura. É aqui que estamos?

1 O primeiro filme produzido e projectado em Portugal aconteceu um ano depois da primeira projecção dos irmãos Lumière, em Paris; em 1896, Aurélio da Paz dos Reis, fotógrafo, exibiu no Teatro Sá da Bandeira, na altura conhecido como Teatro do Príncipe Real, a “Saída do pessoal da Fábrica Confiança”. RIBEIRO,FÉLIX M.Filmes, figuras e factos da história do cinema português : 1896 – 1949. 1983. p. 7-8.

2 SCHRECK,INÊS Sá da Bandeira à venda por 5,5 milhões. 2009.

3Ibidem.

4 FREITAG, Michel – Arquitectura e Sociedade. 2004. p. 67.

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(28)

A construção da imagética do arquitecto é povoada por imagens de espaços – uma significativa parte concebidos em ambiente digital – que proliferam nas revistas da especialidade, aparentemente lugar privilegiado da arquitectura, transformada em imagem fotográfica, em revelação do íntimo imaginário das duplas arquitecto-fotógrafo/arquitecto- máquina de renders . O arquitecto projecta cada vez mais à distância do espaço físico à medida que a arquitectura é desvinculada do espaço do lugar em favor do deslocamento para o espaço virtual. Em consequência, a transposição para o ciberespaço deixa a dimensão da construção, materializante da arquitectura, de fora; pelo menos enquanto ela não se imaginar fora de si. Perante a crescente presença, e afirmação, do imaginário da realidade virtual, que exclui enquanto imagem a materialidade da arquitectura, parece importante estabelecer um novo paradigma que dá consistência à possibilidade da arquitectura não se construir da forma como tem sido assegurada. A metamorfose da forma, mais do que necessidade de responder a um problema, é gerada pela urgência da inovação. Sob esta perspectiva, a regeneração do ideário arquitectónico parece absolver a arquitectura enquanto entidade que constrói espaços físicos. É aqui que estamos?

Estas duas perguntas geram a problemática desenvolvida ao longo desta dissertação; uma teorização do virtual aplicada à disciplina, a fim de extrapolar sobre possíveis referenciais para a arquitectura no século XXI. Apoiada pela Arquitectura Cinemática, enquanto instrumento prático de reflexão – que desenvolveu um discurso de arquitectura não-convencional, entre a última década do século XX e a primeira do século XXI – procuram determinar-se as dimensões do virtual e apurar de que modo conceptualizam o sentido de espacialidade, basilar para o exercício da arquitectura.

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Introdução O CONTROLO DOS LIMITES

Hoje somos plurais. Estamos no tempo dos contrastes. Hoje tudo flui, a ordem não existe . A era digital consagra a ideia de organização entre ordem e desordem . Oscilamos entre depressão e êxtase, em ambiente global, de miséria combinada com aparente bem-estar, entre avanço técnico e precariedade. Neste binário tornámo-nos sistémicos; aprendemos a apreender a complexidade do mundo e a construirmos a nossa individualidade num sistema de contrariedades.

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), sobretudo a partir dos anos 90

1

com ênfase para a internet, contribuem para o deslocamento da dimensão de produção de identidade social

2

e consequentemente arquitectónica, outrora singularmente efectivadas no domínio da realidade física. A colonização do corpo na realidade virtual reforça a necessidade de revisão do programa da Arquitectura. Na verdade, a tónica do pós-modernismo

3

tem-se centrado na coordenação da crise de sentido do discurso arquitectónico. O funcionalismo moderno que, na elegia da máquina, colocava na dimensão tectónica o eidos da arquitectura, foi sobretudo abalado pelo contexto cultural da década de 60: a contracultura

4

emergente formulou novos desígnios para a sociedade e por inerência, para a arquitectura, que vinha a esgotar a gramática modernista. Refere F.

Jameson, que esta década foi período-chave de transição para uma nova ordem internacional celebrizada pelo neocolonialismo, pela Revolução Verde e pela disseminação do uso do computador e informação electrónica

5

; P. Jonhson alega a importância de Complexidade e Contradição , enquanto texto manifesto da consideração ao contexto

6

; a obra de R. Venturi, escrita entre 1962-66 formula-se nas franjas da concepção purista de Le Corbusier (tornada orientação para a concepção e execução da arquitectura mainstream

7

).

1 MITCHELL, William J. – City of bits : space, place and Infobahn. 1995. p. 108.

2 Sobre a produção de identidade social, toma-se a definição de M. Freitag: “Assistimos ao fraccionamento do sistema unificado do poder do Estado, à multiplicação dos centros de decisão relativamente autónomos, descentrados […]; [que] já não funcionam numa lógica hierárquica dedutiva, mas segundo procedimentos

«horizontais» ou «laterais» de adaptação ao meio socioeconómico, sóciopolitico, sociocultural […] [que] procede, pois, por meio da informação, previsão, programação, negociação, avaliação, decisão, de acordo com os modelos teóricos da «organização», da «informação», dos «sistemas cibernéticos», da «teoria de jogos», e da «redução da incerteza» […]. [deste modo é]Como se a própria sociedade se esboroasse a cada interrupção dos «fluxos sistémicos» que a constituem […].

Uma tal sociedade já não é representável sob a forma de uma unidade puramente social, mas como identidade colectiva de valor transcendental.” FREITAG, Michel – Arquitectura e sociedade. 2004. p. 24-25.

3 Não sendo objectivo desta dissertação a discussão em torno do Pós-Modernismo assume-se como referência a posição de C. Jencks: “o Pós-Modernismo não rejeita o Modernismo totalmente, […] mas desenvolve a sua própria linguagem híbrida, parcialmente a partir do seu predecessor.” JENCKS, Charles – Movimentos Modernos em Arquitectura. 1985. p. 12.

4 Para um melhor desenvolvimento sobre Contracultura sugere-se a consulta de: GOFFMAN, Ken ; JOY, Dan – Contracultura através dos tempos: do mito de Prometeu à cultura digital. 2007.

5Apud : NESBITT, Kate – Uma nova agenda para a arquitectura. 2008. p. 21-22.

6Apud : Ibidem, p. 27.

7 “O livro de Le Corbusier exigia um nobre purismo em arquitectura, em edifícios considerados individualmente e na cidade como um todo; este livro, por sua vez, acolhe todas as contradições e complexidades da experiência urbana em todas as escalas.” VENTURI, Robert – Complexidade e contradição. 1995. p. XIV.

(31)
(32)

A condição pós-moderna, na sua dimensão plural, tem organizado o discurso arquitectónico apoiada na transgressão dos limites da teoria modernista

8

. Ao reconhecer a não-autonomia, o controlo é entregue aos limites da disciplina, que aceita a contaminação de outras áreas de saber: “[…] o pós- modernismo caracteriza-se em geral pela proliferação de paradigmas teóricos ou de enquadramentos ideológicos, que estruturam os debates temáticos, importados de outros ramos do conhecimento, […].”

9

O objectivo desses debates, segundo K. Nesbitt, reside na tentativa de sistematizar a compreensão da arquitectura para além da forma, isto é, uma perspectiva cujo eidos não parta dos princípios funcionalistas

10

. N. Leach afirma que a tradição é o cerne do problema

11

; nesse sentido, rebate a importância da interdisciplinaridade para a legitimação da especificidade do discurso arquitectónico actual

12

.

Deste modo, o processo de reflexão é deslocado do centro para a periferia, lugar onde habitam as franjas da arquitectura (compreendida nos trâmites da arquitectura funcionalista). Limite e transgressão devem compreender-se na interacção de um com o outro; essa relação sistémica, que favorece a dependência de um em relação ao outro para que consigam operacionalizar-se enquanto conceitos, rejeita a anulação de um face ao outro, o que seria uma explanação mecanicista: “um limite não existiria se fosse impossível atravessá-lo e reciprocamente, a transgressão seria inútil se apenas atravessasse um limite composto por ilusões e sombras.”

13

[1]

Na verdade, a impureza dialéctica, contida nas franjas das várias formas de conhecimento, tem sido amplamente explorada como forma de progresso desde o início do século XX, quando se instalou uma crise na forma de pensar; é dizer, quando o método cartesiano, consolidado paradigma da Física moderna através de I. Newton, incapaz de explicar a observação dos fenómenos de interacção das descobertas da Física sub-atómica, encetou o seu processo de exaustão; é dizer, quando a arquitectura confrontava a sua tradição clássica com os prenúncios da primeira geração de arquitectos que formalizaram a estética da máquina, os futuristas.

Os alicerces para a nova quimera do mundo, temporalizados no princípio do século XX, transgridem a visão cartesiana-newtoniana, determinista, e formulam-se no princípio da interacção, relativista. Inscrevendo-se esta dissertação no âmbito da teorização do virtual, torna-se necessário analisar as origens do paradigma da complexidade. Por um lado, perceber as bases do discurso dos autores citados ao longo desta tese, torna-se fundamental para compreender o grau de influência

8 NESBITT, Kate – Uma nova agenda para a arquitectura. 2008. p. 15.

9Ibidem, p. 31.

10Ibidem, p. 15.

11 LEACH, Neil – Rethinking Architecture : a reader in cultural theory. 1997. p. XVIII.

12Ibidem, p. XVII.

13 “A limit could not exist if it were absolutely uncrossed and reciprocally, transgression would be pointless if it merely crossed a limit composed of illusions and shadows.”

Ibidem,p.XVIII.

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(34)

que estes têm exercido, com as suas contribuições, no debate arquitectónico actual. Por outro, a Arquitectura Cinemática, apropriada enquanto instrumento que visa estruturar a relação do virtual com a arquitectura, anima-se nos princípios do Paradigma da Complexidade.

[2]

A discussão sobre o discurso arquitectónico tem procurado consolidar-se, como já foi referido, na importação de autores externos à disciplina. Neste contexto, a conceptualização do virtual aplicada à arquitectura apoia-se nas metodologias fenomenológica e pós-estruturalista

14

.

Em conformidade com JF. Lyotard, a Fenomenologia, é uma metodologia filosófica que tenta afinar a problemática das ciências, sem o intuito de as substituir; é uma meditação lógica sobre a consciência operada pela relação que o eu estabelece com o mundo

15

. Da re modelação do mundo moderno, baseada na reflexão do Conceito de Tempo de M. Heidegger à filosofia de Matéria e Memória de H. Bergson, surgem novos conceitos sobre a condição humana e naturalmente sobre a materialidade da arquitectura. Da mesma forma, o pós-estruturalismo, uma das metodologias da Teoria Linguística, como afirma H. Foster, “reflecte a dissolução contemporânea do signo e do movimento livre dos significantes.”

16

A arbitrariedade da cultura virtual confronta a necessidade de reapreciar os signos (elementos) da arquitectura. Deste modo, as considerações de P. Levy, G. Deleuze, P. Virilio e J.

Baudrillard sobre a apreensão de imagens (signos) e as equivalentes produções de sentido para a construção da realidade apresentam-se determinantes para a teorização da dimensão virtual em arquitectura.

[3]

A Arquitectura Cinemática surge como instrumento prático de reflexão arquitectónica. É uma unidade de pesquisa orientada pelo arquitecto Pascal Schöning, da Architectural Association School of Architecture , em Londres, cujo objectivo remete para a possibilidade de criar novas matérias-primas para a arquitectura. O espectro da investigação actua sobre um discurso arquitectónico para além da forma . Centrada na relação com o lugar, pretende confrontar o estático com o temporal

17

: os signos são entendidos na qualidade dual, forma e substância , e em fim último, energia projectada apreendida pelos sentidos; a significação da materialidade é, assim, construída pela percepção sinestésica no decorrer do tempo da experiência do lugar. Daqui resulta o conceito de fisicalidade, ou

14 NESBITT, Kate – Uma nova agenda para a arquitectura. 2008. p. 31.

15 LYOTARD, Jean-François – A Fenomenologia. 2008. p. 10.

16Apud : NESBITT, Kate – Uma nova agenda para a arquitectura. 2008. p. 38.

17 SCHÖNING, Pascal – Manifesto for a Cinematic Architecture. 2006. p. 7.

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(36)

espacialidade, sintetizado na fórmula M x P = Ph . Desta forma, a Arquitectura Cinemática assume e ressalva a energia como o material de construção mais importante para a arquitectura

18

.

Numa primeira instância, assume-se como reacção às imagens difundidas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação que têm colocado em causa a relação do arquitecto com o espaço construído. Neste sentido, o programa da Arquitectura Cinemática entende o contexto de imersão tecnológica enquanto oportunidade e toma a linguagem fílmica como metodologia. A partir de um problema, dado ou passível de ser criado, formaliza a energia dos lugares como resposta arquitectónica materializada em filme; isto pressupõe a desmaterialização da arquitectura e/ou a procura de um referencial que conceptualiza não o espaço da forma mas o tempo da experiência.

[4]

A análise de alguns projectos no âmbito da Arquitectura Cinemática evidencia as linhas de pensamento actuantes sobre possíveis respostas de um problema arquitectónico. Todos os projectos compreendem uma teoria de projecto fundamentada no movimento, que é tempo que no espaço. A atitude subjacente ao acto de projectar assenta na necessidade de definir o problema e a linha de pensamento que o constrói. Sendo o produto final um filme, a metodologia compreende inicialmente a aprendizagem da linguagem cinematográfica e posteriormente o desenvolvimento da narrativa arquitectónica, que surge como resultado da interacção entre literatura, filme, lugar e indivíduo.

[5], [6], [7]

Os trabalhos apresentados são individuais, contudo, aparecem aqui organizados em três grupos que nas suas respostas ao problema manifestam relações de paridade. Os projectos feitos em Hiroshima e em Lisboa evidenciam como ponto comum considerações ao método de projecto, entre a reflexão e a operacionalidade, apresentados como esforço do limite [5]. As propostas para Gibraltar e Roquebrune materializam ideias de projecto construídas sobre o sentido de espacialidade da experiência e por isso são expressão do reforço do lugar [6]; por último, o escorço do sentir é desenhado pelos projectos feitos em Paris e Palermo, na medida em que revelam, por intermédio da duração no lugar, uma posição íntima e crítica sobre o espaço [7].

Em jeito de nota, refere-se que a presente dissertação compreende dois apêndices a fim destes contribuírem para uma melhor documentação e contextualização do desenvolvimento da problemática; respectivamente, parte da entrevista feita ao Arquitecto Rubens Azevedo realizada no Centro Cultural de Belém, dia 09.04.2010 e uma da história da arquitectura, do pós-guerra à actualidade, contada em tempo fílmico

19

. Da mesma forma, indica-se ainda que todas as citações

18Ibidem,p.. 21.

19 Tempo fílmico refere-se à estrutura do texto, organizada em segmentos de tempo que ilustram algumas produções arquitectónicas pós-funcionalistas; não tendo o intuito de abarcar toda a História da Arquitectura das épocas mencionadas, pretende situar-se uma arquitectura que seja expressão da evolução da Sociedade da Informação.

(37)
(38)

integradas no corpo do texto são traduções livres situadas em rodapé na língua da edição em que

foram consultadas; menciona-se também que as notas e referências bibliográficas seguem as Normas

Portuguesas de Referências Bibliográficas, nomeadamente NP 405-1 : 1994, NP 405-2 : 1998, NP

405-3 : 2000 e NP 405-4 : 2002 aprovadas e editadas pelo IPQ – Instituto Português da Qualidade

enquanto Organismo Nacional de Normalização (ONN) .

(39)

“Há uma espécie de luta entre um princípio de ordem e um princípio de desordem, mas também uma espécie de cooperação entre estes dois princípios, cooperação de onde nasce uma ideia ausente da Física clássica que é a organização.

[…]

A desordem não ocupou o lugar da ordem. O que devemos considerar é o jogo entre a ordem, a desordem e a organização. Este jogo, a que chamo dialógico, visto que estas noções que se rejeitam umas às outras, que são antagónicas, que são, mesmo no limite, aparentemente contraditórias, necessariamente são complementares para concebermos o nosso mundo, simultaneamente nos fenómenos organizados e nos fenómenos destruidores.

[…]

Num primeiro sentido, a palavra complexus significa aquilo que está ligado em conjunto, aquilo que é tecido em conjunto; […] [simultaneamente,] a complexidade, devido exactamente ao número das interacções, das retroacções que nela se situam, com retroacções ditas positivas, que acentuam o desvio e que podem levar a metamorfoses ou explosões também dá incerteza.

Tal como a complexidade reconhece a parte da desordem e do imprevisto em todas as coisas, também reconhece uma parte inevitável de incerteza no conhecimento. É o fim do saber absoluto e total. A complexidade tem a ver, ao mesmo tempo, com o tecido comum e com a incerteza.”

E. Morin, Os desafios da complexidade, 1999.

(40)
(41)
(42)

Embora os inícios sejam sempre incertos, as fundações do Paradigma da Complexidade remetem para o campo da Física, com destaque para os trabalhos de M. Planck, N. Bohr, e A. Einstein, aventurados em desvendar os mistérios do mundo sub-atómico da Física Quântica. Simultânea e posteriormente, difundiu-se para outras áreas do conhecimento. Do impulso da Fenomenologia de E.

Husserl e da Cibernética de N. Wiener às Ciências Sociais ulteriormente dilatadas pela Teoria Geral dos Sistemas de L. von Bertalanffy, o Paradigma da Complexidade é actualmente estruturante do ideário de vários autores contemporâneos, entre outros, A. Toffler, D. de Kerckhove, F. Guattari, G.

Deleuze, M. Castels e P. Virilio.

[MÉTODO CARTESIANO]

A mudança de paradigma relaciona-se com o esgotamento da metodologia introduzida por R. Descartes. Em Discours de la Méthode , originalmente publicado em 1637 como prefácio de três ensaios, Les Météores, La Dioptrique e La Geometrie , o autor enunciou as regras de conduta da Razão de forma a procurar a verdade nas ciências. Inspirado pelas “ […] três artes ou ciências que pareciam dever contribuir alguma cousa para o [seu] desígnio”

1

, R. Descartes examinou os raciocínios estruturantes da Lógica, da Álgebra e da Geometria. No que refere à Lógica, evidenciou o facto de os silogismos explicarem a outrem aquilo que já se sabe; na sua perspectiva , os preceitos verdadeiros figuram ao lado de princípios nocivos e por isso distanciam-se da busca de conhecimento

2

. Da Álgebra verificou o condicionamento de “ […] certas regras e certos algarismos, [de onde resulta] uma arte confusa e obscura que embaça o espírito, em vez de uma ciência que o cultive”

3

. Colocou também em causa o carácter abstracto das matérias tratadas pela Geometria, que parecem de nenhum uso , onde apurou que esta arte “ […] sempre tão sujeita à consideração das figuras […] não pode exercitar o entendimento sem fatigar muito a imaginação.”

4

Embora a sua análise admitisse o contributo destas estruturas de pensamento na procura da verdade reconhecia também algumas fragilidades nos seus sistemas, o que o conduziu ao estabelecimento de um novo método, isento dos seus defeitos . Deste modo, elaborou quatro preceitos que constituiriam o Discurso do Método . De forma a evitar qualquer precipitação, pensar cientificamente sobre os objectos implicava “ […] nunca aceitar como verdadeira qualquer cousa sem a conhecer evidentemente como tal.”

5

(regra da

1 DESCARTES,René – Discurso do método : paixões da alma. 1976. p. 16.

2Ibidem, p. 17.

3Ibidem.

4 Ibidem.

5 Ibidem.

(43)

Fig. 2. Um positrão com uma energia de cerca de 200 milhões de volts penetra na placa e chumbo com 11 m de espessura e emerge com uma energia de cerca de 125 milhões de volts.

Fig. 3 Um grupo de seis partículas projectadas de uma região da parede da câmara.

(44)

evidência por verificação). Em conformidade, propõe a divisão de “ […] cada uma das dificuldades que tivesse de abordar no maior número possível de parcelas que fossem necessárias para melhor as resolver”

6

(regra da análise). O sentido reducionista da complexidade dos objectos até aos seus elementos mais simples conduz a ordem dos pensamentos do “ […] mais simples e mais fácil de conhecer, para subir pouco a pouco, gradualmente, até ao conhecimento dos mais compostos, e admitindo mesmo certa ordem entre aqueles que não se prendem naturalmente uns aos outros”

7

(regra da síntese e da ordem). Por fim, o autor expõe a necessidade de “ […] fazer sempre enumerações tão complexas e revisões tão gerais que tivesse a certeza de nada omitir”

8

(regra da enumeração). Para R.

Descartes, o pensamento ordenado do seu método assemelha-se aos procedimentos da Geometria;

todo o domínio do saber é ordenado ou analogamente ordenável, em que a verdade é alcançável por dedução de uma longa cadeia de razões de natureza simples de forma a explicar a causa dos fenómenos.

[FÍSICA QUÂNTICA]

Embora consagrado modelo vigente do pensamento até ao início do século XX, as limitações do método cartesiano foram sendo percebidas quando confrontadas com o avanço das ciências, na medida que a observação dos fenómenos relatava uma múltipla interacção do todo com as partes e das partes entre si. Na Física, estas restrições foram inicialmente expostas pela descoberta da estrutura dos átomos em experiências realizadas durante o século XIX em que se “[…] tornou evidente que, em todos os átomos, há partículas eléctricas, positivas e negativas”

9

. Essa conclusão conduziu, em 1911, ao questionamento sobre a forma como se dispõem as partículas eléctricas nos átomos, posteriormente sublinhadas pela Mecânica Quântica

10

. Ampliado o conceito matemático da teoria atomista houve progressivamente um sentido menos realista no que toca à sua representação visual

11

. A dissolução da ideia de partícula mínima inferia, outro entendimento da matéria, resultante da interacção entre cargas eléctricas. Como afirma A. Svante, “[…] dois corpos têm afinidade um com o outro quando um tem electrões para dar e o outro tem electrões para receber.”

12

Instalou-se uma crise na forma de pensar. Os métodos de análise linear e os esquemas lógicos da Física e da Mecânica clássicas, pautados pelo determinismo newtoniano, aplicavam-se de forma

6bidem.

7bidem.

8bidem.

9 ADLER, Irving – No interior do núcleo. 1962. p. 36.

10 Para um melhor desenvolvimento sobre Teoria Quântica, sugere-se a consulta de BOHR, Niels – Sobre a constituição dos átomos e das moléculas : textos fundamentais da Física Moderna. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

11 CARVALHO, Rómulo – A história dos isótopos. 1962. p. 69-83.

12Apud:REICHEN, Charles-Albert – História da Química. 1963. p. 85-86.

(45)
(46)

redutora às novas descobertas sublinhadas pelo jogo de interacções a que cada parte da matéria está sujeita.

Da mesma forma, as Teorias da Relatividade Especial e Geral apresentadas por A. Einstein em 1905 e 1915, respectivamente, sustentavam uma mudança relativamente à compreensão do universo.

A partir do conceito de matéria , “ […] tudo quanto não for campo de gravidade, incluindo assim, dentro dele, não só aquilo que vulgarmente se entende por matéria, mas também o campo electromagnético”

13

, o autor elabora o postulado da Teoria da Relatividade Especial; esta determina

“ […] o tempo como uma quarta coordenada (X

0

), que se vem reunir às três coordenadas espaciais em pé de igualdade com elas, de modo que o palco em que se desenrolam os acontecimentos materiais – o universo («die Welt») – é um contínuo métrico quadrimensional.”

14

Esta teoria aceita os princípios da geometria euclidiana, em que as coordenadas de espaço e de tempo têm uma significação física directa mensurável por réguas unidade e por relógios padrão . Por sua vez, a Teoria da Relatividade Geral faz uma interpretação física do espaço mais complexa cujo desenvolvimento conduz a uma teoria da gravitação

15

: para A. Einstein, independentemente do sistema referencial em que se encontra, a matéria movimenta-se relativamente a um campo gravítico que comunica a todos os corpos a mesma aceleração (lei da co-variância geral)

16

. O princípio da relatividade geral defende que o significado físico das grandezas de espaço e tempo não são passíveis de ser mantidos a título de uma medição espácio-temporal de um sistema de coordenadas em movimento de rotação uniforme:

“Com efeito, admitamos que, para um determinado domínio quadrimensional considerado, se conseguiu alcançar a validade da teoria da relatividade especial mediante uma adequada escolha de coordenadas. […] Um ponto material livre terá então, em relação a este sistema, um movimento rectilíneo uniforme. Se agora introduzirmos, por uma substituição arbitrária, novas coordenadas espácio-temporais […] no novo sistema [estas] não serão constantes mas funções do espaço-tempo.

Ao mesmo tempo, o movimento do ponto material livre apresenta-se nas novas coordenadas como um movimento curvilíneo, não uniforme, cuja lei é independente da natureza do ponto material móvel. Isso leva-nos a interpretá-lo como um movimento sujeito à influência de um campo de gravidade.”

17

Sumariamente afirma-se que a Teoria da Relatividade Geral interpreta o Universo na superação da geometria euclidiana e do tempo absoluto. A interacção dos corpos em movimento, estabelecida através de determinado campo gravitacional, no espaço-tempo curvo, expõe que o tempo é inerente às próprias coisas, e por isso, sempre relativo ao sistema referencial em que o observador se encontra.

13 EINSTEIN, A. – Os fundamentos da teoria da relatividade geral. p. 185-186.

14 WEYL, Hermann – Gravitação e electricidade. p. 258.

15Ibidem, p. 146.

16Ibidem, p. 149.

17Ibidem, p. 153.

(47)
(48)

[FENOMENOLOGIA]

O que se passou na Ciência transpôs-se para a Filosofia. Da falência da procura da verdade e da boa conduta da razão cartesianas ressalva-se a necessidade de um novo paradigma que integre o sujeito no sistema observado. O sentido absoluto do cógito , compatível com uma teoria objectiva do mundo (visão mecanicista), onde o sujeito (observador) era descartado da experiência de observação dos fenómenos (objectos) deixou de ser pensamento dominante. Neste contexto, a Fenomenologia floresceu como filosofia da ambiguidade

18

, meditação acerca do conhecimento, conhecimento do conhecimento . Enquanto ciência eidética da região consciência , a Fenomenologia não parte nem do objecto nem do sujeito. A questão de onde se parte não se coloca a partir do objecto (realismo), ou do Eu (idealismo), na medida em que se entende, de acordo com a tónica fenomenológica, que “ […] o pensamento do ser é o ser que pensa a si mesmo e, por consequência, o método que este pensamento emprega […] não é constituído por um conjunto de categorias independentes […] do seu conteúdo”

19

; portanto, o estar aí imediato do espírito, a consciência, “ […]

é sempre consciência de , e não há objecto que não seja objecto para . Não há imanência do objecto à consciência se, correlativamente, se atribuir ao objecto um sentido racional, caso contrário, o objecto não seria um objecto para. ”

20

Deste modo, no que respeita à construção de realidade, é privilegiada a mediação entre sujeito-objecto ( experiência ): “o objecto é constituído pela sedimentação de significações [do sujeito], que não são as condições a priori de toda a experiência no sentido kantiano, dado que o entendimento, que estabelece estas condições como fundadoras da experiência em geral, se funda já ele próprio na experiência”

21

.

A renovação das infra-estruturas do pensamento operadas segundo conceitos neutros

22

, admitidos por E. Husserl tem a intenção de superar a alternativa do objectivismo e do subjectivismo.

Segundo J.F. Lyotard, a introdução destas noções husserlianas não pretendem construir um sistema mas conceder novas bases para todo o pensamento; porém, dado que a fenomenologia parte do fenómeno , a sua própria natureza impede a distinção entre ser e fenómeno , pelo que a manutenção

18 [a] O contexto do nascimento da Fenomenologia relaciona-se com a primeira grande crise do imperialismo capitalista que eclodiu em 1914, em que o pensamento filosófico operava de acordo com os valores do positivismo, pragamtismo e do formalismo; [b] Embora se reconheça que a unidade e o verdadeiro sentido da fenomenologia se encontra na singularidade de cada eu, Edward Husserl [1859-1938] é considerado o pai da Fenomenologia onde subsiste uma linha de pensamento comum de Heidegger a Fink, de Merleau-Ponty a Ricoeur, de Pos ou Thévenaz a Lévinas. LYOTARD, Jean-François – Fenomenologia. 2008. p.129 ; 11. (respectivamente [a]

e [b])

19Ibidem, p. 51.

20Ibidem, p. 50-51.

21Ibidem, p. 52.

22 Os conceitos neutros introduzidos por Husserl pretendem ser novas estruturas do pensamento: essência, ego transcendental e Leben. Por essência (dos objectos) entende-se aquilo que não varia, que permanece idêntico através das variaçõesimplícitas nos processos de observação. A noção de ego transcendental refere-se a uma consciência actual, associada ao conceito de epoché (que na sua dupla significação relaciona a consciência como resíduo fenomenológico, ainda natural, e simultaneamente, consciência que realiza a apresentação dos objectos). Leben é identificado como a matéria, terreno do sentido da vida; o Lebenswelt (mundo da vida) é considerado origem e fundamento de todas as significações inteligíveis cuja análise atribui sentido à realidade. Ibidem, p. 125-130.

(49)
(50)

de uma linha de análise intencional pode facilmente confundir-se com pensamento especulativo.

Contudo, na recusa de uma sistematização filosófica, aquilo que se deve sublinhar do domínio fenomenológico é o esforço para captar o próprio homem sob os esquemas objectivistas de que a ciência antropológica o reveste, sublimando-se como filosofia feita real

23

.

[CIBERNÉTICA]

Progressivamente assiste-se à mudança do pensamento determinista linear para o pensamento probabilístico. O nascimento e desenvolvimento da Cibernética foram determinantes como introdução da ciência dos sistemas dinâmicos, organizados em função de determinada finalidade. Na década de 40, N. Wiener, autor de Cybernetics: or control and communication in the animal and in the machine , começou por desdobrar, em parceria com A. Rosenblueth, a metodologia científica. Ambos partilhavam da ideia que o progresso científico estaria contido nas áreas limítrofes das várias ciências; sob esta premissa a Cibernética desenvolveu-se como “[…] teoria da comunicação e do controlo na máquina e no animal […]”

24

ao relacionar preceitos da Mecânica e da Biologia. Quando N. Wiener foi convidado a participar num projecto militar com J.H. Bigelow – que tinha por objectivo o desenvolvimento de um aparelho de pontaria automática para um canhão anti--aéreo – a fim de elaborar uma teoria preditiva sobre a trajectória dos aviões concluíram que “ […] um factor extremamente importante no que concerne à actividade voluntária, é um termo da engenharia de controlo: feedback .”

25

Esta descoberta expunha que o controlo de uma acção orientada para determinado fim depende da circulação da informação em sistema circular onde a máquina avalia os efeitos das suas acções e corrige o seu comportamento com base na informação que circula no sistema

26

. Em contacto permanente com A. Rosenblueth, médico, transportaram a descoberta de N.

Wiener para o ramo da neurofisiologia. Assumiram que,

“O sistema nervoso central já não é encarado como um órgão independente, que recebe inputs dos sentidos, posteriormente descarregando-os para os músculos. Pelo contrário, parte das suas actividades mais características são apenas explicáveis enquanto processos circulares, que emergem do sistema nervoso aos músculos e reaparecem no sistema nervoso por intermédio de órgãos sensoriais, sejam proprioceptores ou órgãos dos sentidos especiais.”

27

23Ibidem, p. 140-143.

24 “[…] control and communication theory whether in the machine or in the animal […]” WIENER, Norbert – Cybernetics: or control and communication in the animal and in the machine. 1965. p. 11

25 “[…] that an extremely important factor in voluntary activity is what the control engineers term: feedback.” Ibidem, p. 6

26Ibidem, p. 4.

27 “The central nervous system no longer appears as a self-contained organ, receiving inputs from the senses and discharging into the muscles. On the contrary, some of its most characteristic activities are explicable only as circular processes, emerging from the nervous system into the muscles, and re-entering the nervous system through the sense organs, whether they be proprioceptors or organs of the special senses.” Ibidem, p. 8.

(51)
(52)

O conceito de retroacção ( feedback ) tornou-se, portanto, análogo entre máquinas e seres vivos. Deste modo, os servomecanismos, ou mecanismos de controlo, desempenham determinada tarefa em função da informação que recebem de todas as partes do sistema: “Eles contêm órgãos sensoriais, efeitos e equivalências ao sistema nervoso para integrar a transferência da informação de um para o outro.”

28

O reconhecimento, para além dos processos elementares, da importância da interacção do sistema nervoso com todas as partes dos organismos estabelecia a ideia de que controlo e comunicação eram inseparáveis. Mais do que relacionadas com a técnica subjacente à engenharia eléctrica, prendia-se com a própria mensagem, entendida com “[…] uma sequência discreta ou contínua de acontecimentos mensuráveis distribuídos no tempo – precisamente aquilo que se denomina por uma série de tempo pelos estatísticos”

29

– independentemente da transmissão se efectivar por meios electrónicos , mecânicos ou nervosos . Deste modo, a previsão de acontecimentos era medida por um operador através de sistemas de computação ou por aparelhos eléctricos ou mecânicos que assumiam o conceito das séries temporais da Estatística

30

. N. Wiener não ignora a relação passado-futuro no que concerne ao carácter consecutivo temporal de input-output de cada mecanismo; porém, adverte que a teoria de autómatos sensíveis tem um fundamento estatístico, pelo que a comunicação da informação dos aparelhos deve ser contemplada do ponto de vista relacional entre os vários inputs e consequente transformação de inputs em outputs

31

.

[TEORIA GERAL DOS SISTEMAS]

L. von Bertalanffy, autor de General System Theory de 1968, teve o mérito de sistematizar e operacionalizar os princípios básicos das linhas de pensamento contemporâneo, sublinhados pelo impulso dado pela Cibernética de N. Wiener. Inicialmente contida no domínio da engenharia, a noção de sistema desenvolveu-se como necessidade perante o avanço da tecnologia moderna e da relação homem-máquina em muito relacionadas com a ciência da computação , cibernética , automação e engenharia energética

32

. Porém, o relevo da Teoria Geral dos Sistemas (TGS) eleva-se para além do espectro preambular: “[…] a teoria geral dos sistemas representa um amplo ponto de vista que em grande parte transcende os problemas e os requisitos tecnológicos; propõe uma reorientação que se tornou necessária nas ciências em geral, em todas as disciplinas que vão da Física à Biologia e às Ciências Sociais e do Comportamento até à Filosofia.”

33

Anuncia-se, portanto,

28 They contain sense organs, effectors and the equivalent of a nervous system to integrate the transfer of information from the one to the other.” Ibidem, p. 43.

29 “[…] a discrete or continuous sequence of measurable events distributed in time – precisely what is called a time series by the statisticians.” Ibidem, p. 8-9.

30 O projecto militar desenvolvido por N. Wiener em parceria com J.H. Bigelow a fim de desenvolver um aparelho de pontaria automática para canhão anti-aéreo sustentava-se como servomecanismo preditivo, isto é, um aparelho cuja função é fazer a previsão de acontecimentos (trajectória dos aviões) numa relação de dependência para com a natureza estatística do fenómeno a prever, bem como uma maior sensibilidade do aparelho que prevê (sistema de interacção em correspondência os problemas de medição da posição e do momento em afinidade com o Princípio de incerteza de Heisenberg). Ibidem, p. 9.

31Ibidem, p. 43.

32 BERTALANFFY, Ludwig von – Teoria general de los sistemas. 1989. p. 1.

33 “[…] a teoría de los sistemas representa un amplio punto de vista que transciende grandemente los problemas y los requerimientos tecnológicos, una reorientación que se ha vuelto necesaria en la ciencia en general, en toda la gama de disciplinas que va de la física y la biología a las ciencias sociales y del comportamiento y hasta la filosofía.” Ibidem, p. VII.

(53)

Fig. 4. (em cima, à esquerda) Estrutura cristalina de uma vitamina.

Fig 5. (em baixo, à esquerda) Estrutura de um polipropileno.

Fig. 6. (em cima, à direita) Articulated skecth., 2004.

Fig. 7. (em baixo, à direita) Process 4 software explorations, 2005.

(54)

como uma nova visão do mundo (organizacional). A reorientação do pensamento segundo um novo paradigma científico – contrário ao paradigma da ciência clássica – tem implicações em todas as estruturas concernentes à produção de conhecimento independentemente da área do saber

34

. Numa abordagem genérica, a tese sistémica postula que cada estrutura, das partículas elementares aos organismos e dos organismos às organizações, deve ser encarada como um sistema que compreende um certo número de elementos em interacção estruturados hierarquicamente.

“Nos dias de hoje, encaramos o universo com uma tremenda hierarquia, das partículas elementares aos núcleos sub-atómicos, átomos, moléculas, complexos de moléculas compostas até à multiplicidade de estruturas (microscópicas, eléctricas e ópticas) que se situam entre as moléculas e as células seguidos dos organismos celulares e, posteriormente, das organizações individuais. […] Uma hierarquia semelhante surge tanto nas estruturas como nas funções. Em última instancia, uma estrutura (ordem de partes) e uma função (ordem de processos) poderão ser a mesma coisa: no mundo físico a matéria dissolve-se num jogo de energias, e no mundo biológico as estruturas são a expressão de uma corrente de processos.”

35

A Teoria dos Sistemas Abertos, em parte análoga à TGS defende que existem algumas limitações quanto ao paralelismo organismo/máquina estabelecido por N. Wiener, nomeadamente no que refere ao processo de intercâmbio de componentes . A noção de que os organismos operam de acordo com uma função metabólica e de que não existem mecanismos com comportamento semelhante, isto é, que consumam e preservem energia , conduz à seguinte afirmação: “uma estrutura do organismo enquanto máquina não pode ser a razão última da ordem dos processos vitais na medida em que a própria máquina é mantida pelo fluxo ordenado de processos.”

36

O autor conclui que a ordem primária dos organismos tem de residir no próprio processo

37

. Enquanto sistema aberto, o organismo humano responde a estímulos externos, entendidos como perturbações , seguidas de um restabelecimento para atingir um estado uniforme

38

.

Deste modo, a organização do sistema assenta na proposição que o sentido de ordem é sublimado pela passagem de um estado de ordem inferior a um estado de ordem superior

39

. Do ponto

34Ibidem, p. 28-29.

35 “Hoy en día vemos, el universo como una tremenda jerarquía, de las partículas elementares a los núcleos subatómicos, átomos, moléculas, compuestos de moléculas compleja, hasta la pléyade de estructuras (microscópica, eléctrica y óptica) que caen entre las moléculas y las células (Wiess, 1962), luego células organismos y, más allá, organizaciones supra individuales. (…) Una jerarquía parecida surge tanto en estructuras como en funciones. En última instancia, estructura (orden de partes) y función (orden de procesos) pudieran ser la misma cosa: en el mundo físico la materia se disuelve en un juego de energías, y en el mundo biológico las estructuras son expresión de una corriente de procesos.” Ibidem, p. 26-27.

36 “[…] una estructura del organismo como maquina no puede ser la razón última del orden de los procesos vitales porque la maquina misma es mantenida en un fluir ordenado de procesos.” Ibidem, p. 146.

37Ibidem.

38 Sobre o estado uniforme: “El estado uniforme es mantenido separado del equilibrio verdadero y así está en condiciones de realizar trabajo; tal es también el caso de los sistemas vivos, en contraste con los sistemas de equilibrio. El sistema permanece contante en composición pese a continuos procesos irreversibles, importación y exportación constitución y degradación. El estado uniforme exhibe notables características de regulación, evidentes en particular por el lado de la equifinalidad. Si se alcanza un estado uniforme en un sistema abierto, es independiente de las condiciones iniciales, u determinado sólo por los parámetros del sistema, a saber, las velocidades de reacción y de transporte.” Ibidem, p. 147.

39Ibidem, p. 154-156.

(55)

Referências

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