PÁGINA DO ESTUDANTE
ENFERMAG E M E CHARLATANISMO
Maria Goeti do Naciento Andrade *
Seg u n d o R o be rto M a c h a do, a c h a rlata n i smo foi c r i a d o como d esvi o da "ve rdadei ra medicina". Como negação d a s ciências da saúde, po rta nto i n admissível do ponto de vista lega l perante p rofissio n a i s d e saú de.
Deve ser ressa ltado que a lei q u ase semp re s i g n ifica u m i n strume nto d esco n hecido ( e até desa c redita d o ) n o meio po p u l a r. I sto ta lvez fac i l ite aos empíricos a consecução de um bom acatame nto d e s e u s serviços pela comu h i d a de, sob rema nei ra as comu n i dades mais aespossu ídas. I nte ressa nte é q u e s e a pa rece u m c h a rlatão n u ma com u n idade ( o rg a n izada o u não) c o m o bjetivos o p o rt u n i stas, pau lati n amente, será a l ijado através de u m p rocesso n atu ra l e espo ntâ neo.
De fato, o povo tem p reocu pações com co nceitu ações, termi nologias, l e g islação. mas sua sa bedo ria ex p ri me pensamentos de g ra n de va l o r fi l osófico. Q u a n do, por exemplo, afi rma que o p i o r c h a r l atão é o que tem o d i p l oma n a mão, de fo rma s u m á r i a , critica i ng ê n u a e concretamente o p rofissio n a l i n competente, n ã o leigo, q u e s e com p o rta n u ma postu ra i n escru p u l osa uti l izando o d i ploma como escu do p roteto r.
N o percu rso d o cha rlata n ismo, a e nfe rmagem tem sido a víti ma m a i o r. Por u m lado, g ra d u ados da p rofissão perante a comu n i dade passam po r leigos e, p o r o ut ro , l e i gos, l i t a ra l me nte, têm passa do, n o con ceito popu l a r, p o r g ra d uados. N estes d esencontros de co nce ituações ( e até d e defi n ições de pa péi s na prática) é q u e resi d e a c have do probl ema cuja so l ução está n o repensa r dos p rofiss i o n a i s e d a p rofissão. T a refa q u e n ã o é fác i l .
N a atu a l i d ade, todo p rofissio n a l d e saúde ( e d e o u t r a s p rofissões ) deve se r i n st i g a d o a rea l i zação d e estu dos conce r nentes a sua fo rmação, cujo pe rfi l deve r i a e nvolver, a lém d a s i nstitu ições fo rma d o ras, as emp reg a do ra s e cóm u n itárias na b u sca de um e nco ntro sa l uta r a o n d e todas as pa rtes sej a m, de d i reito e de fato, benefi ciadas.
As pessoas leigas q u e p raticam ações de saú d e devem ser recu peradas, tre i nadas o u recicl adas, o q u e posso b i l ita rá uma p restação de se rv iços de saúde com u nitá ria m a i s aceitável e seg u ra . P a ra ta nto, se co n stitui con d i ção " s i n e q ua n o n " a o ri e ntação n o sentido d o reco n h ecimento de suas l i m itações ( a exemplo d o s te ra peutas denta is do S udão, d o s médicos de pés desca lços n a C h i n a o u d o s a g e ntes co m u n itá rios d e saúde do Cea rá ); a q u i sição das co n d ições de e n cami n h amentos d e casos pendentes d e so l u ção, o bj etiva n do o p romover da sa úde e o prolo n g a r da v i d a das pessoas - f u n ç ã o p rimord i a l de todo a g e nte d e saúde, sem exceçã o.
E , p a ra co ncl u i r, nada mais oportu no que estas assertivas extra ídas da Conferência I ntern acio n a l sob re Cu idados P rimá rios d e S a ú de, d e Alma - Ata: " O povo, recu rso mais i m po rta nte d o q u e q u a l q uer outro pa ra q u a l q u e r pa ís, mu itas vezes não é a p roveita do. Contudo, devem os c u i dados primá rios de sa úde a p roveita r i nteg ra lme nte todos os recu rsos d is po n íveis e, po rta nto, mob i l i z a r o potencia l h u m a n o d e t o d a a comu n idade.
É
o q u e oco r re rá se os i n d ivíduos e)
amíl i a aceita rem m a i o r responsa b i l i d ade po r su a p ró p ri a saúde.Seu ativo i nte resse e p a rticipação n a so l u ção dos p ro blemas d e saúde q u e l hes são p ró p rios co n s tituem não s ó uma c l a ra ma n i festação de consciência soc i a l e a u to - co nfia nça como também um i m po r tl nte fator pa ra asse g u ra r o êx ito d o s cu i d a d os p r i má rios de saúde. C o m essa p a rtici pação, os i n d iví duos i nteg ram - se tota lmente à eq u i pe de sa ú de, cuja ação con j u nta é essenci a l pa ra o máximo a p rove i tamento d o q u e os c u i dados p rimários d e sa ú de têm a ofe recer.
Além d e a g entes com u n itários d e saúde e dos p r ó p rios membros da com u n idade, a eq u i pe de saúde i n cl u i rá pessoal nos estabelecimentos situados n os n íveis de a poio. A composição da eq u i pe va r i a rá de aco rdo com as n ecessidades d e g r u pos popu laci o n a i s porq ue, se são os cu idados primários de sa úde o foco do sistema de sa ú de, as pessoas são o foco dos c u i dados p rimários d e s a ú de" (o g rifo é nosso) .
* Mesranda e Enfemagem em Saúde Pública do Cuo de Mesrado de Enfermagem em Saúde Pública da Universiade Fede l da Paba - João Pesoa-PB.