Aperfeiçoamentos ao Modelo de
Comercialização de Energia
Roberto Brandão
Sumário
•
Crise financeira: diagnóstico
•
Situação atual
•
Mercados de diferenças: fundamentos
•
Entendendo o risco na comercialização de
energia
Crise financeira: diagnóstico
Há uma
crise no modelo de comercialização de
energia no atacado
. Com a seca obrigações de
curto prazo assumiram volume incompatível
com a capacidade de pagamento dos agentes:
• Necessidade de suporte do governo e de
recorrentes inovações regulatórias para manter o sistema solvente;
• Distribuidoras perderam autonomia financeira;
• Grandes prejuízos para vários geradores.
Crise financeira: diagnóstico
Custo de curto prazo tem dois componentes:
1. O custo elevado das termoelétricas é inevitável.
2. Custo financeiro no Mercado de Curto Prazo, é fruto de um desenho inadequado do modelo de comercialização e de alguns contratos de longo prazo originados de leilões regulados.
Solução estrutural para a crise financeira passa
por
mudanças regulatórias
no modelo de
Situação atual
Desde outubro de 2012 as termoelétricas
brasileiras operam praticamente a
plena
capacidade
com custos operacionais elevados.
A
alta do PLD
em 2014 agravou o problema:
i.
Maior volume financeiro de transações no
Mercado de Curto Prazo- da CCEE.
ii.
Impacto sobre todos os agentes expostos ao
preço de curto prazo (PLD) e sobre os preços
de novos contratos.
Geração térmica convencional
2011-14 em MWméd
Mercado de Curto Prazo: volumes e
preços
(média móvel de 12 meses)
GESEL – Grupo de Estudos do 7 Fonte: Elaboração própria com base em dados da CCEE, InfoMercado
Custo total da energia no
curto prazo 2009 a 2014
Ano PLD Energia Comercializada do MCP CCEE Conta-bilização ESS Segurança Energética Custo Total (CCEE+ESS) R$/Mwh Mwméd R$ milhões R$ milhões R$ milhões2009 42,10 5.669 2.585 235 2.820 2010 72,82 6.282 5.071 671 5.742 2011 29,46 8.322 3.928 6 3.934 2012 142,78 7.279 8.998 1.762 10.760 2013 279,19 5.906 15.405 4.802 20.208 2014 722,50 8.921 42.897 1.230 44.127
Mercados de diferenças:
Fundamentos
Modelo britânico
• Sistema de despacho baseado no mercado de energia;
• Diferenças entre curva de carga “de mercado” e a real são ajustadas pelo Operador do Sistema;
• Diferenças entre montantes contratados e medidos são contabilizadas no Mercado de Diferenças
(Balancing Market);
• Custo das Diferenças é baseado no custo incorrido
pelo Operador para equilibrar o sistema.
Mercados de diferenças:
Fundamentos
Modelo britânico
Há forte incentivo à contratação:
• Agentes que provocam diferenças pagam o
custos das diferenças (há penalização implícita).
• Geradores que geram acima ou abaixo do
contratado recebem uma compensação de acordo com suas ofertas de preços para serviços de
regulação do sistema (balancing services).
• Volume de diferenças é pequeno com relação à
Mercados de diferenças:
Fundamentos
Modelo brasileiro:
• Contratação é de longo prazo;
• Despacho é desvinculado dos contratos;
• Agente que causa um desvio nem sempre arca com o custo do desvio. Exs: consumo abaixo da energia contratada; geração descontratada.
• Gerador contratado, mas com desvio de geração causado por terceiros não é ressarcido e está
exposto ao preço de curto prazo (PLD).
GESEL – Grupo de Estudos do
Fundamento dos Mercados de
diferenças
Modelo brasileiro (continuação):
Problemas:
1. Em situações de seca severa os contratos atuais levam a um volume financeiro de diferenças elevado, independente de decisões dos agentes.
2. Desvios gerenciáveis também podem gerar
compromissos vultosos para terceiros sem que a regulação penalize tal tipo de comportamento.
3. Não há mecanismos de hedge. Mas geradores podem transferir o risco para consumidores.
Folga de garantia física com relação
ao consumo
(média móvel 12 meses)
GESEL – Grupo de Estudos do 13 Fonte: Elaboração própria com base em dados da CCEE, InfoMercado
A transferência do risco hidrológico
para o consumidor
•
Folga de Garantia Física foi de 5.343MWméd.
No entanto a oferta de GF foi escassa.
•
A principal razão foi o déficit de geração
hídrico de 4.510MWméd (9,4% da GF hídrica
total).
•
Geradores hídricos que puderam ficar
descontratados o fizeram para evitar
exposições ou até para ficarem credores no
Entendendo o risco na
comercialização de energia
Em situação de seca severa o Mercado de
Curto Prazo liquida estruturalmente (Tipo 1):
• Geração térmica acima da garantia física;
• Energia de reserva.
Decisões dos agentes podem levar a
liquidações adicionais (Tipo 2):
• GF descontratada, mas com geração associada;
• Sazonalização da Garantia Física;
• Diferenças do lado do consumo.
Entendendo o risco na
comercialização de energia
•
As liquidações do Tipo 1 são um
risco inerente
à forma de contratação
de Térmicas com
Garantia Física baixa e da Energia de Reserva.
•
Para evitar que o problema se agrave basta
mudar a forma de contratação de novas
Térmicas e Energia de Reserva para que não
gerem excedentes no MCP em secas severas.
•
Mas o
risco já contratado é expressivo
e
Volume de Transações
no MCP em 2014
(em MWméd)
GESEL – Grupo de Estudos do 17
Total MCP 2014 8.921 Transações Tipo 1 3.596 Geração térmica acima da GF* 2.488 Energia de reserva gerada 1.108 Transações Tipo 2 5.325
Geração térmica merchant
Geração hídrica descontratada
Diferenças derivadas da sazonalização Diferenças do lado do consumo
* Estimativa Gesel
Volume de Transações no MCP
Tipo 1 em 2019
(em MWméd)
Energia de Reserva Total já leiloado 3.399 Angra III 1.200 Total 2019 4.599Geração térmica acima da GF*
Deck 2014 2.488 A-5 2014 1.178 Total 2019 3.666 Total Tipo 1 em 2014 3.596 Total Tipo 1 em 2019 8.265 Aumento Tipo 1 (mwméd) 4.669 Aumento Tipo 1 % 130%
Entendendo o risco na
comercialização de energia
Parte das liquidações de Tipo 2 são
descasamentos fortuitos entre e energia
contratada e a energia medida e não podem
ser eliminadas. Mas parte decorrem de:
• Apostas altistas de geradores, que deixam parte do lastro merchant;
• Sazonalização da GF descasada dos contratos de venda (aposta no PLD);
• Apostas de comercializadores e consumidores.
Possíveis soluções
1. Eliminar estruturalmente as transações do Tipo I,
ou parte delas.
2. Mudanças nos incentivos regulatórios para coibir
transações do Tipo 2.
3. Abandonar os custos marginais para definição do
PLD. Alternativa seria utilizar custos médios ou os custos dos desvios.
4. Repensar a contratação de energia existente de
fonte térmica para viabilizar usinas antigas fora do modelo merchant.
GESEL – Grupo de Estudos do 21
Google: gesel ufrj
A liquidação do Mercado de Curto Prazo:
GESEL – Grupo de Estudos do 23 GESEL – Grupo de Estudos do 23
A liquidação do Mercado de Curto Prazo
A liquidação do Mercado de Curto Prazo
GESEL – Grupo de Estudos do 25 GESEL – Grupo de Estudos do 25
A liquidação do Mercado de Curto Prazo
Entendendo o risco na
comercialização de energia
Os tomadores de risco primário em seca
severa são os geradores hídricos.
Mas estes podem fazer hedge repassando
parte dos custos para os consumidores.
Impacto para o consumidor:
• Exposição de Itaipu e das usinas cotistas;
• Consumidores não conseguem firmar contratos longos como efeito do hedge das hidroelétricas e acabam expostos ao PLD.