• Nenhum resultado encontrado

Um voto de desconfiança? Os Moçambicanos ainda votam, mas a fé na democracia está a diminuir

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Um voto de desconfiança? Os Moçambicanos ainda votam, mas a fé na democracia está a diminuir"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 1 Boletim Nº 139 | 20 de Abril de 2017

Um voto de desconfiança? Os Moçambicanos

ainda votam, mas a fé na democracia está a

diminuir

_____________________________________________________________________________

Afrobarómetro, Boletim Nº 139 | Thomas Isbell

Resumo

Desde a independência em 1975 que a história de Moçambique tem sido marcada por profundas crises económicas, instabilidade política e violações disseminadas dos direitos humanos. Em 1990, após 16 anos de guerra civil entre a Frente de Libertação de

Moçambique (FRELIMO) governante e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o governo do antigo Presidente Joaquim Alberto Chissano estabeleceu uma constituição democrática num esforço para por fim ao conflito (Pitcher, 2006). A constituição prevê eleições multipartidárias e a separação dos poderes legislativo, executivo e judicial. As reformas económicas e políticas para apoiarem uma transição para a democracia mereceram aplausos dos observadores independentes. No entanto, as eleições em 2005, 2009 e 2014 foram prejudicadas por acusações de manipulação eleitoral (Bertelsen, 2016; Azevedo-Harman, 2015), levantando questões sobre o progresso de Moçambique em direcção à paz e à democracia.

Utilizando dados do inquérito de 2015 do Afrobarómetro, este boletim examina a forma como os Moçambicanos comuns percepcionam a qualidade das suas eleições e o actual estado da democracia do seu país. As respostas ao inquérito pintam um quadro problemático, sugerindo um declínio alarmante da confiança popular nas eleições e na democracia. Menos de metade dos inquiridos vêem a democracia como preferível em relação a qualquer outra forma de governo e, a aceitação de alternativas autoritárias está a aumentar. Cada vez mais cidadãos vêem as eleições como menos livres e justas e duvidam da garantia de representação das opiniões dos votantes nas eleições. Ainda assim, a maioria dos

Moçambicanos vêem o voto como um bom dever dos cidadãos - talvez uma indicação de que apesar dos elevados níveis actuais de insatisfação, não desistiram totalmente da democracia.

Inquérito Afrobarómetro

O Afrobarómetro é uma rede de investigação pan-Africana, não-partidária que conduz inquéritos públicos de atitude sobre democracia, governação, condições económicas e assuntos relacionados em África. Foram efectuadas seis rondas de inquéritos entre 1999 e 2015. O Afrobarómetro efectua entrevistas presenciais num idioma da escolha do inquirido com amostras nacionais representativas.

A equipa do Afrobarómetro em Moçambique, liderada pela Ipsos Moçambique, entrevistpu 2400 Moçambicnaod adultos entre Junho e Agosto de 2015. Uma amostra deste tamanho produz resultados a nível nacional com uma margem de erro de +/-2% e um nível de confiança de 95%. Foram efectuados inquéritos anteriores em Moçambique em 2002, 2005, 2008, e 2012.

(2)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 2

Principais conclusões

Os Moçambicanos são críticos da qualidade das suas eleições: Apenas cerca de metade (52%) dizem que as suas eleições nacionais mais recentes foram livres e justas, o menor nível desde 2008, e apenas um em cada três acreditam que os votos são “sempre” contados de forma justa (32%) e que os partidos da oposição "nunca" são impedidos de se candidatarem (33%).

Embora uma grande maioria (78%) veja o voto como um dever cívico, os cidadãos estão a aceitar cada vez mais a escolha dos líderes através de outros métodos que não as eleições (27%, de 17% em 2012).

Menos de metade (45%) dos Moçambicanos dizem que preferem a democracia a qualquer outro sistema - o nível mais baixo desde 2002, e o segundo menor entre os 36 países Africanos inquiridos em 2014/2015. Um número crescente de cidadãos vêem as alternativas não democráticas como aceitáveis.

A proporção de cidadãos que consideram Moçambique "uma democracia total" ou "uma democracia, mas com pequenos problemas" diminuiu para 42%, e apenas um em cada quatro inquiridos (23%) dizem que estão satisfeitos com a forma como a democracia funciona no seu país – menos de metade do nível de satisfação registado em 2002.

Apenas minoria acreditam que as eleições funcionam bem para garantir que a Assembleia da República reflecte as opiniões dos cidadãos (42%) e que os eleitores podem retirar líderes com mau desempenho do seu gabinete (32%).

As eleições em Moçambique são livres e justas?

Um número cada vez menor de Moçambicanos têm confiança que as suas eleições nacionais são livres e justas. Embora a confiança tenha aumentado drasticamente entre 2005 e 2008, a proporção de cidadãos que dizem que a sua eleição nacional mais recente foi

"completamente livre e justa" ou "livre e justa, mas com pequenos problemas" diminuiu

constantemente ao longo da última década, de 68% em 2008 para 52% em 2015 (Imagem 1).

Imagem 1: As eleições são livres e justas? | Moçambique | 2005-2015

Foi perguntado aos inquiridos: No geral, como você classificaria a franqueza e a imparcialidade das últimas eleições nacionais realizadas em [20XX]?

77% 11% 15% 35% 13% 68% 64% 52% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2005 2008 2012 2015

Nem livres nem justas/Livres e justas com grandes problemas Completamente livres e justas/Livres e justas com pequenos problemas

(3)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 3 Estas percepções colocam os Moçambicanos perto do fundo em termos de confiança nas eleições, entre os 36 países Africanos inquiridos em 2014/2015 (Imagem 2), muito abaixo da média de 65%. Entretanto, a proporção dos que dizem que as eleições "não foram livres e justas" ou "livres e justas, com grandes problemas" mais do que triplicou, de 11% para 35%.

Imagem 2: Franqueza e imparcialidade das últimas eleições nacionais | 36 países

| 2014/2015

Foi perguntado aos inquiridos: Na globalidade, como classificaria a liberdade e a justiça da última eleição nacional realizada em [20XX]? (% que dizem "completamente livres e justas ou "livres e justas, com pequenos problemas")

31% 34% 37% 42% 47% 48% 52% 53% 55% 56% 56% 56% 61% 61% 61% 64% 65% 66% 67% 69% 70% 70% 71% 72% 75% 75% 76% 77% 78% 79% 81% 82% 83% 83% 84% 87% 91% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Sudão Marrocos Gabão Argélia Gana Nigéria Moçambique Libéria Costa do Marfim Zimbábue Cabo Verde Camarões Egipto Togo Quénia Burkina Faso Média Benim Guiné Uganda Serra Leoa Malaui Tunisia África do Sul Lesoto Suazilândia Tanzânia Botsuana Zâmbia Namibia Burundi São Tomé e Príncipe Niger Mali Madagáscar Senegal Mauricias

(4)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 4 Em linha com estas preocupações sobre eleições livres e justas, menos Moçambicanos

reportam que se sentem livres para votar no candidato da sua escolha. Embora uma maioria (57%) ainda se sinta “completamente livre" e mais 12% se sinta “algo livre," a proporção dos inquiridos que se sentem “nada livres" ou "não muito livres" aumentou de 15% em 2012 para 24% em 2015 (Imagem 3).

Imagem 3: Liberdade de voto no candidato escolhido | Moçambique | 2002-2015

Foi perguntado aos inquiridos: Neste país, até que ponto se é livre para escolher em quem votar sem sentir-se pressionado?

Percepções da qualidade das eleições

Em indicadores específicos da qualidade das suas eleições, os Moçambicanos oferecem avaliações razoavelmente negativas (Imagem 4). Estão divididos de igual forma sobre se os eleitores têm uma escolha genuína nas eleições. 41% dizem que isto "nunca" ou apenas "às vezes" é o caso, enquanto 40% dizem que acontece “frequentemente” ou “sempre”. Apenas um em cada três (32%) dizem que os votos são "sempre" contados de forma justa. Quase metade (48%) dizem que a comunicação social "nunca" ou apenas "algumas vezes" fornece uma cobertura justa de todos os candidatos, e apenas 33% dizem que os partidos da

oposição "nunca" são impedidos de concorrer. Um em cada quatro inquiridos dizem que os eleitores são "frequentemente" ou "sempre" subornados (25%) e são frequentemente/sempre ameaçados durante as eleições (25%).

As avaliações críticas da qualidade das eleições são também reflectidas no declínio da confiança pública na Comissão Eleitoral Moçambicana, que está encarregada da

organização e condução das eleições. Após um forte aumento na confiança entre 2002 e 2005, a proporção de cidadãos que dizem que confiam "alguma coisa" ou "muito" na

comissão teve um declínio continuado ao longo de uma década, de 72% em 2005 para 48% em 2015 (Imagem 5). Entretanto, a proporção que expressa "pouca" ou "nenhuma" confiança duplicou, de 17% para 38%. 76% 76% 69% 14% 15% 24% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2008 2012 2015

(5)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 5

Imagem 4: Percepções da qualidade das eleições | Moçambique | 2015

Foi perguntado aos inquiridos: Na sua opinião, com que frequência as seguintes práticas ocorrem nas eleições do país:Os eleitores têm escolhas genuínas nas eleições?Os votos são contados

correctamente? Os órgãos noticiosos proporcionam cobertura justa de todos os candidatos? Candidatos da oposição são impedidos de concorrer aos cargos? Os eleitores são ameaçados com violência nos locais de votação?Os eleitores são subornados?

Imagem 5: Confiança na comissão eleitoral nacional | Moçambique | 2002-2015

Foi perguntado aos inquiridos: Até que ponto você confia em cada um dos seguintes, ou não ouviu falar o suficiente deles para dar a sua opinião: A Comissão Nacional de Eleições?

28% 29% 33% 0% 14% 15% 12% 24% 29% 25% 34% 32% 29% 13% 11% 14% 14% 9% 14% 12% 14% 11% 16% 32% 26% 23% 17% 17% 21% 11% 19% 0% 20% 40% 60% 80% 100%

Os votantes são subornados Os votantes são ameaçados A oposição é impedida de se candidatar A comunicação social cobre os

candidatos de forma justa Os votos são contados correctamente Os votantes têm uma escolha genuína

Nunca Às vezes Frequentemente Sempre Não sabe

51% 72% 65% 54% 48% 32% 17% 23% 34% 38% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2002 2005 2008 2012 2015

(6)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 6

Votar faz a diferença?

As mesmas tendências são evidentes nas percepções dos Moçambicanos sobre a forma como as eleições servem os fins a que se destinam. Os inquiridos estão igualmente divididos sobre a forma como as eleições funcionam para garantir que a Assembleia da República reflecte as opiniões dos eleitores: 42% dizem que cumprem esta função "bem" ou "muito bem" (desceu de 56% em 2005), enquanto 42% dizem que o fazem "não muito" ou "nada" bem – mais do dobro do nível de percepções negativas há 10 anos atrás (Imagem 6).

Similarmente, a percepção de que as eleições funcionam "bem" ou "muito bem" de forma a permitirem às pessoas comuns retirarem os líderes com mau desempenho do seu gabinete diminuiu de 48% para 32% ao longo da última década (Imagem 7). Novamente, a visão oposta duplicou desde 2005, de 25% para 50%.

Imagem 6: As eleições asseguram que a Assembleia da República reflecte as

opiniões dos eleitores? | Moçambique | 2005-2015

Foi perguntado aos inquiridos: Pense como funcionam, na prática, as eleições neste país. Até que ponto as eleições: Garantem que os deputados da Assembleia da República defendem os pontos de vista dos eleitores?

Imagem 7: As eleições permitem aos eleitores retirar líderes do poder?

| Moçambique | 2005-2015

Foi perguntado aos inquiridos: Pense como funcionam, na prática, as eleições neste país. Até que ponto as eleições:Possibilitam aos eleitores retirar do poder os líderes que não fazem o que o povo quer?

56% 51% 42% 20% 18% 42% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2005 2008 2015

Bem/Muito bem De todo/Não muito bem

48% 42% 32% 25% 25% 50% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2005 2008 2015

(7)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 7

O declínio da confiança nas eleições é uma ameaça para a democracia?

Se menos cidadãos virem as eleições como uma forma justa e eficiente de expressarem as suas exigências políticas, o governo de Moçambique corre o risco de perder a legitimidade? Dois terços (65%)dos Moçambicanos ainda apoiam as eleições como melhor forma de escolherem os seus líderes, mas este nível de apoio é 10% inferior a 2012 (Imagem 8).

Mais assustadoramente, menos de metade dos Moçambicanos sentem que a democracia é sempre preferível a outros tipos de regimes. Após um aumento lento, ao longo de uma década (de 54% em 2002 para 63% em 2012), o apoio à democracia caiu 18%, para 45% em 2015 (Imagem 9). Este é o segundo nível mais baixo de apoio à democracia entre os 36 países Africanos inquiridos em 2014/2015 (Imagem 10).

Imagem 8: Escolha dos líderes através de eleições ou outros métodos?

| Moçambique | 2002-2015

Foi perguntado aos inquiridos: Qual das seguintes declarações está mais próxima da sua opinião? Declaração 1: Devíamos escolher os nossos dirigentes neste país por meio de eleições regulares, abertas e honestas.

Declaração 2: Porque as eleições às vezes produzem maus resultados, devíamos adoptar outros métodos para escolher os dirigentes deste país.

Imagem 9: Apoio à democracia | Moçambique | 2002-2015

Foi perguntado aos inquiridos: Qual destas três declarações está mais próxima da sua opinião pessoal? Declaração 1: A democracia é preferível a qualquer outra forma de governo.

Declaração 2: Em algumas circunstâncias, um governo não democrático pode ser preferível. Declaração 3: Para uma pessoa como eu, não importa o tipo de governo que se tem.

74% 80% 71% 75% 65% 18% 14% 19% 17% 27% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2002 2005 2008 2012 2015

Escolhe os líderes através de eleições

Escolhe os líderes através de outros métodos

54% 56% 59% 63% 45% 16% 11% 15% 11% 18% 10% 9% 12% 12% 13% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2002 2005 2008 2012 2015

A democracia é sempre preferível

Por vezes, as alternativas não democráticas são preferíveis Não importa

(8)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 8

Imagem 10: Apoio à democracia | 36 países | 2014/2015

Foi perguntado aos inquiridos: Qual destas três declarações está mais próxima da sua opinião pessoal?

Declaração 1: A democracia é preferível a qualquer outra forma de governo.

Declaração 2: Em algumas circunstâncias, um governo não democrático pode ser preferível. Declaração 3: Para uma pessoa como eu, não importa o tipo de governo que se tem.

(% dos que dizem que a democracia é preferível)

44% 45% 45% 46% 50% 50% 51% 53% 57% 59% 64% 64% 64% 65% 66% 66% 67% 67% 67% 68% 68% 71% 71% 73% 73% 74% 74% 75% 78% 81% 81% 81% 82% 82% 83% 85% 86% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Sudão Moçambique Suazilândia Argélia Lesoto Madagáscar São Tomé e Príncipe Egipto Tanzânia Serra Leoa África do Sul Marrocos Uganda Quénia Nigéria Tunísia Média Camarões Libéria Gabão Gana Malaui Niger Zimbábue Togo Namibia Zâmbia Mali Benim Costa do Marfim Cabo Verde Burkina Faso Guiné Maurícias Botsuana Senegal Burundi

(9)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 9 Não só os Moçambicanos estão menos apoiantes da democracia do que a maior parte dos outros países, como também se tornaram menos opositores a alternativas não democráticas. Embora a rejeição das alternativas não democráticas tenha aumentado entre 2002 e 2008, tornou-se menos comum desde então. Metade ou menos dos Moçambicanos em 2015 “desaprovam” ou “desaprovam fortemente” o regime unipartidário (50%), o regime autocrático (35%), e o regime militar (43%) – todos níveis de rejeição substancialmente inferiores a 2012 (Imagem 11).

Dado as tendências de diminuição do apoio à democracia e do aumento da aceitação de alternativas não democráticas, talvez não seja surpreendente que o número de

Moçambicanos que dizem que estão satisfeitos com a forma como a democracia funciona no seu país continue a diminuir. Menos de um em cada quatro (23%) dizem que estão "razoavelmente" ou "muito" satisfeitos – menos de metade da proporção dos que expressaram satisfação em 2002 (54%) (Imagem 12).

De facto, menos de metade dos Moçambicanos (42%) consideram o seu país "uma democracia total" ou "uma democracia, com pequenos problemas - uma queda de 15 pontos percentuais desde 2012 (57%) e 25% menos que em 2002 (67%).

Adicionalmente, embora dois terços (65%) dos Moçambicanos considerem "importante obedecer ao governo no poder, independentemente do sentido de voto,” um número crescente discorda: A proporção de inquiridos que dizem que "não é necessário obedecer às leis de um governo no qual não votaram” duplicou desde 2008, de 12% para 27% (Imagem 13).

Imagem 11: Rejeição de alternativas não democráticas | Moçambique | 2002-2015

Foi perguntado aos inquiridos:Há várias maneiras de governar um país. Você desaprovaria ou aprovaria as seguintes alternativas?

- Apenas um partido político é autorizado a concorrer em eleições e a governar.

- As eleições e a Assembleia da República são extintas para que o presidente decida tudo.

- O exército governa o país.

(% de inquiridos que respondem “desaprovo” ou “desaprovo fortemente”)

42% 52% 51% 56% 50% 21% 42% 59% 57% 35% 33% 57% 62% 59% 43% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2002 2005 2008 2012 2015

(10)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 10

Imagem 12: Extensão da, e satisfação com a democracia | Moçambique

| 2002-2015

Foi perguntado aos inquiridos:

- Na sua opinião, que grau de democracia existe hoje em Moçambique?

- Na generalidade, em que grau se sente satisfeito/a com a maneira como está a funcionar a democracia em Moçambique?

Imagem 13: Obedecer sempre ao governo vs. obedecer apenas se tiver votado

nele | Moçambique | 2002-2015

Foi perguntado aos inquiridos: Qual das seguintes declarações está mais próxima da sua opinião? Declaração 1: É importante obedecer ao governo que está no poder, sem ter em conta em quem você votou.

Declaração 2: Não é necessário obedecer às leis de umgoverno em quem eu não votei. (% que “concorda” ou “concorda fortemente” com cada declaração)

67% 63% 59% 57% 42% 54% 48% 46% 35% 23% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2002 2005 2008 2012 2015

Uma democracia completa/Uma democracia, com pequenos problemas Muito satisfeito/Bastante satisfeito

81% 77% 65% 12% 12% 27% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2005 2008 2015

Obedecer sempre ao governo

(11)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 11

A percepção da qualidade das eleições tem impacto na participação dos

eleitores?

As avaliações cada vez mais negativas dos Moçambicanos sobre as suas eleições marcam um contraste com o aumento da participação dos eleitores e uma percepção disseminada de que o voto é um dever cívico. A participação eleitoral auto-relatada aumentou de 60% em 2008 para 76% nas eleições nacionais mais recentes (2014) (Imagem 14). E mais de três quartos (78%) dos inquiridos dizem que o voto é algo que um bom cidadão numa

democracia deve fazer sempre (Imagem 15).

Imagem 14: Votou na eleição nacional mais recente | Moçambique | 2005-2015

Foi perguntado aos inquiridos: Algumas pessoas não conseguiram votar nas últimas eleições gerais em 2014. Qual das seguintes situações corresponde ao seu caso pessoal: Votou nas eleições?

Imagem 15: Os bons cidadãos votam? | Moçmbique | 2015

Foi perguntado aos inquiridos: Para cada uma das seguintes acções, por favor, me diga se você acha que isso é algo que um bom cidadão numa democracia deve sempre fazer, não fazer, ou fazer apenas se ele quiser: Votar nas eleições?

80% 60% 71% 76% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2005 2008 2012 2015 78% 16% 3% 0% 20% 40% 60% 80% 100%

(12)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 12

Conclusão

As respostas ao inquérito sugerem uma deterioração problemática na percepção pública das eleições e da democracia em Moçambique. Cada vez mais cidadãos vêem as eleições como menos livres e justas e duvidam da garantia de representação das opiniões dos

votantes nas eleições. O apoio popular à democracia e a satisfação com a sua

implementação caíram de forma alarmante. Ainda assim, a maioria vêem o voto como um bom dever dos cidadãos - talvez uma indicação de que apesar dos elevados níveis actuais de insatisfação, os Moçambicanos não desistiram totalmente da democracia.

Faça a sua própria análise dos dados do Afrobarómetro – sobre

qualquer questão, para qualquer país e ronda de inquéritos. É fácil

(13)

Direitos reservados ©Afrobarómetro 2017 13

Referências

Bertelsen, B. E. (2016). Violent becomings: State formation, sociality, and power in Mozambique.

New York, Oxford: Berghahn Books.

Azevedo-Harman, E. (2015). Patching things up in Mozambique. Journal of Democracy, 26(2), 139-150.

Pitcher, M. A. (2006). Forgetting from above and memory from below: Strategies of legitimation and

struggle in postsocialist Mozambique. Africa, 76(1), 88-112.

Thomas Isbell é candidato a doutoramento na Universidade de Cape Town, África do Sul.

Email: Thomas.isbell@gmx.de.

O Afrobarómetro é produzido de forma colaborativa por cientistas sociais de mais de 30 países Africanos. A coordenação é fornecida pelo Centro para o Desenvolvimento

Democrático (CDD) no Gana, pelo Instituto para Justiça e Reconciliação (IJR) na África do Sul, pelo Instituto para Estudos Sobre Desenvolvimento (IDS) na Universidade de Nairóbi no Quénia e pelo Instituto para a Investigação Empírica em Economia Política (IREEP) no Benim. A Universidade Estatal do Michigan (MSU) e a Universidade de Cape Town (UCT) prestam apoio técnico à rede.

O apoio nuclear às Rondas 5 e 6 do Afrobarómetro foi prestado pelo Departamento para o Desenvolvimento Internacional (DFID) do Reino Unido, pela Fundação Mo Ibrahim, Pela Agência Sueca para a Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (SIDA), pela Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e pelo Banco Mundial.

Os donativos ajudam o Projecto Afrobarómetro a dar voz aos cidadãos Africanos. Considere efectuar um donativo (em www.afrobarometer.org) ou contacte Aba Kittoe

(akittoe@afrobarometer.org) para discutir a possibilidade de financiamento institucional. Para mais informações visite www.afrobarometer.org.

Referências

Documentos relacionados

Para aguçar seu intelecto, para tomar-se mais observador, para aperfeiçoar-se no poder de concentração de espí­ rito, para obrigar-se â atençOo, para desenvolver o espírito

É com imenso prazer que a Confederação Nacional de Municípios (CNM), o Congresso de Intendentes do Uruguai e o Comitê Binacional de Fronteira de Intendentes e Prefeitos apresentam

 Não  posso  deixar  de  ressaltar  a  ajuda  prestada  e  material   compartilhado  por  vários  co-­‐voluntários  de  Caxias  do  Sul,  que  junto

Com a realização da Ficha de Diagnóstico, o professor deve averiguar as aprendizagens dos alunos já realizadas sobre números racionais não negativos – operações e propriedades.

Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome Joanna de Ângelis , e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de Joanna de Cusa

Existem quatro armários na sala, um que serve para arrumar livros e materiais utilizados pela educadora, outros dois que servem de apoio aos adultos da sala e

(2019) Pretendemos continuar a estudar esses dados com a coordenação de área de matemática da Secretaria Municipal de Educação e, estender a pesquisa aos estudantes do Ensino Médio

Quando contratados, conforme valores dispostos no Anexo I, converter dados para uso pelos aplicativos, instalar os aplicativos objeto deste contrato, treinar os servidores